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RCC 08 Carolina Ferreira “Um adolescente de 17 anos chega ao serviço de emergência (SE) após ter desenvolvido manifestação aguda de uma dor intensa no testículo direito, há cerca de 4 horas, enquanto jogava futebol. O paciente nega ter sofrido traumatismo recente na área, febre, disúria ou secreção peniana. Embora ele esteja nauseado, não há dor abdominal nem vômito. Ao exame, sua temperatura é de 37,5oC, a pressão arterial está 138/84 mmHg, a frequência cardíaca é de 104 bpm e a frequência respiratória é de 22 mpm. O paciente apresenta desconforto agudo em consequência da dor. Sua condição abdominal é benigna. À inspeção visual, o paciente apresenta inchaço e eritema escrotal de lado direito, na ausência de secreções ou lesões penianas. Devido à sensibilidade escrotal intensa e difusa, é difícil examinar a região de forma mais detalhada. Entretanto, não ocorre subida testicular quando a porção interna da coxa do paciente é golpeada. O exame de urina mostrou a presença de 3 a 5 leucócitos sanguíneos/campo de maior aumento (CMA).” “Um menino não circuncisado de 6 meses de idade é trazido à clínica pediátrica com história de 24 horas de edema peniano. Os pais observaram que estava difícil retrair o prepúcio. Durante o banho na noite anterior, a mãe finalmente conseguiu retrair o prepúcio por completo. Na clínica, o prepúcio permanece retraído atrás da glande, que está edematosa e ingurgitada. O lactente parece sentir dor quando o pênis é manipulado” PONTOS IMPORTANTES -Adolescente, 17 anos chega ao SE, manifestação aguda de uma dor intensa no testículo direito, há cerca de 4 horas, enquanto jogava futebol→Escroto agudo? -À inspeção visual, o paciente apresenta inchaço e eritema escrotal de lado direito, na ausência de secreções ou lesões penianas→Torção testicular? -Entretanto, ñ ocorre subida testicular quando a porção interna da coxa do paciente é golpeada→Redux testis? -O exame de urina mostrou a presença de 3 a 5 leucócitos sanguíneos/campo de > (CMA)→ -Menino ñ circuncisado de 6 meses de idade, vem a clínica pediátrica c/ história de 24 horas de edema peniano→Parafimose? -Os pais observaram que estava difícil retrair o prepúcio→ sinais do exame físico da parafimose -Na clínica, o prepúcio permanece retraído atrás da glande, que está edematosa e ingurgitada→parafimose? -O lactente parece sentir dor quando o pênis é manipulado.→Sinais de parafimose LISTA DE PROBLEMAS 1. Dor aguda intensa no testículo direito há cerca de 4 horas 2. Nega trauma, febre, disuria e secreção peniana 3. Na inspeção apresenta inchaço e eritema escrotal de lado direito 4. Ñ ocorre subida testicular quando a porção interna da coxa do paciente é golpeada 1. Menino, ñ circuncidado, 6 meses, apresenta 24 horas de edema peniano 2. Dificuldade em retrair o prepúcio e o lactante parece sentir dor quando o pênis é manipulado 3. O prepúcio permanece retraído atrás da glande, que está edematosa e ingurgitada HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS 1. Parafimose? 2. Torção testicular? 3. Escroto agudo? FIMOSE -É a incapacidade de realizar a retração do prepúcio, impedindo a exposição da glande, por aderências balanoprepuciais ou estenose do meato prepucial. -Embriologia: a formação do prepúcio ocorre a partir do 3º mês de gestação nos sentidos distal e ventral, encerrando em torno do 5º mês, após o fechamento da uretra glandular. Após, inicia-se uma epitelização da glande, que acarreta a separação da glande do prepúcio, e que geralmente se completa após o nascimento. RCC 08 Carolina Ferreira -Epidemiologia: nos RN, o prepúcio é retrátil somente em 4%, aos 6 meses, em 20%, aos 3 anos, em 90% e, aos 17 anos, em 99% -Basicamente, são 2 entidades: a congênita e a adquirida, com base na idade e na fisiopatologia. Ambas se referem à dificuldade ou à incapacidade de retrair o prepúcio distal sobre a glande, esta última em decorrência de repetidos episódios de infecção local (postites) ou ferimentos secundários associados à retração prepucial forçada. -Classificação: • Fisiológica: ocorre em meninos RNs até 4 anos de idade sem complicações, em que há persistência das aderências balanoprepuciais • Ñ fisiológica: acontece por estenose do meato prepucial, sendo complicada quando ocorre balanite, balanopostite, obstrução urinária, infecção urinária e parafimose.Pode ser complicada ou ñ complicada -Classificação de Kayaba et al.: 1. Grau I: leve retração sem que se veja a glande; 2. Grau II: exposição apenas do meato uretral; 3. Grau III: exposição da glande até sua parte média; 4. Grau IV: exposição da glande até sulco coronal; 5. Grau V: exposição total da glande. -Diagnóstico:é feito pelo exame físico -Diagnóstico diferencial: aderência balanoprepucial e de prepúcio redundante. -Tratamento clínico: até os 4 anos, se o paciente ñ apresentar nenhuma complicação, ñ há indicação p/ se realizar retração forçada do prepúcio, fato que pode provocar lesões com consequentes fibrose e fimose permanente. A higiene adequada é a única conduta até os 4 anos. Após essa idade, ou em casos c/ complicações, o tratamento clínico pode ser adotado c/ uso de cremes de esteroides tópicos por 1-2 meses. Existem, à disposição, cremes c/ betametasona a 0,05%, hidrocortisona a 1 ou 2% ou triancinolona a 0,1-1%. Nos pacientes refratários ao uso de corticoides tópicos, é necessária intervenção cirúrgica, c/ realização de postoplastia ou postectomia. -Tratamento cirúrgico: denominado postectomia, deve ser considerado eletivamente p/ casos de fimose persistente após os 3 anos de vida. Consiste na retirada total ou parcial do prepúcio. Na reduzida, opta-se pela retirada da porção do prepúcio que contém o anel fimótico, mantendo-se a glande parcialmente encoberta pelo prepúcio. Já na postectomia clássica, ou circuncisão, todo o prepúcio é removido, expondo, assim, permanentemente, o sulco balanoprepucial. Esse último procedimento é indicado nos pacientes c/ infecção urinária. Na cirurgia, podem ser utilizados dispositivos p/ facilitar a técnica cirúrgica, tais como Plastibell, Gomco e Mogen. Pacientes que apresentam parafimose na Urgência ñ devem ser operados imediatamente, deve-se sempre diminuir o grau de inflamação local e as lesões. Crianças c/ balanopostites recorrentes ou infecção do trato urinário de repetição c/ anomalia do trato urinário têm indicação de tratamento cirúrgico em qualquer idade Postoplastia é a incisão longitudinal do anel prepucial estreitado com sutura transversal da pele, realizando-se, assim, um “relaxamento” da estenose do meato prepucial. Sua indicação é reservada para pacientes com anel estreito e para aqueles que se mostram cooperativos em realizar higiene diária após a cirurgia. É a técnica indicada nos casos de parafimose. RCC 08 Carolina Ferreira -Complicações: são as + variadas possíveis. As agudas são sangramento, remoção excessiva de pele, amputação peniana, necrose peniana, lesão uretral, infecções, retenção urinária e deiscência de sutura. As tardias são fístula uretrocutânea, estenose meatal e pênis embutido. PARAFIMOSE -Parafimose é uma doença que ocorre quando o prepúcio do pênis ñ circuncisado é retraído e permanece atrás da glande, causando ingurgitamento vascular e edema da glande distal. É uma emergência médica quando identificada agudamente e requer tratamento imediato e eficaz p/ impedir a perda da glande distal -Epidemiologia: a incidência é desconhecida. Só existem relatos de casos isolados na literatura. Ela pode ocorrer em qualquer idade,mas é + comum em crianças e idosos -Etiologia: a + comum segue a retração do prepúcio de um pênis ñ circuncisado por um profissional de saúde durante exame físico, cateterismo ou cistoscopia peniana, que então se esquece de recolocar o prepúcio por cima da glande. Os meninos, ou seus pais, devem ter sido orientados a retrair o prepúcio c/ fimose fisiológica para realizar a higiene.A coexistência de higiene deficiente e surtos recorrentes de infecção bacteriana (balanite) tornam a doença + provável. Outras causas de parafimose incluem relação sexual em homem ñ circuncisado c/ fimose (abertura estreita do prepúcio), práticas sexuais que causam constrição do prepúcio, piercing peniano, infestações parasitárias, líquen escleroso, circuncisão inadequada ou hemangiomas do pênis -Fisiopatologia: a retração do prepúcio atrás da glande (na presença de prepúcio fimótico) causa constrição da glande distal pelo anel fimótico. Isso causa ingurgitamento vascular, pois os fluxos linfático e venoso do anel constritor estão prejudicados. Isso resulta em edema secundário. As consequências são comprometimento vascular adicional, pois o fluxo arterial está prejudicado, e possível isquemia do pênis distal ao anel fimótico. Pode-se observar eventual necrose da glande.Em outros casos, a pele da glande se torna espessa e seca, causando a forma crônica da parafimose -Fatores de risco:ausência de circuncisão, cateterismo urinário, dependência de um cuidador p/ higiene diária, prepúcio apertado, fimose, higiene precária, infecção bacteriana e parasitária, diabetes, piercing peniano, hemangiomas do pênis, doença vascular periférica e circuncisão inadequada -Quadro clínico: dor no pênis, faixa constritiva de tecido do prepúcio retraído atrás da glande (comum), glande edemaciada, eritema Parafimose c/ edema de mucosa e infecção secundária pela perda de fluxo à glande Parafimose c/ edema de mucosa e infecção secundária pela perda de fluxo à glande, c/ 5 dias de evolução -História:pacientes adultos geralmente se queixam de dor no pênis. Pacientes pediátricos podem se apresentar c/ sintomas obstrutivos de micção (sensação de esvaziamento incompleto, esforço à micção e fluxo urinário reduzido). É importante determinar a duração do episódio de parafimose, pois a redutibilidade manual pode estar comprometida em pacientes c/ evolução prolongada RCC 08 Carolina Ferreira -Exame físico: a glande está e congestionada c/ um colar de prepúcio edematoso. Uma faixa constritiva de tecido pode ser observada diretamente atrás da cabeça do pênis. O restante da haste peniana não apresenta nada digno de nota. A glande e o prepúcio devem ser avaliados quanto a sinais precoces de necrose. Uma glande mole, rosada e maleável é tranquilizadora quanto à presença de fluxo sanguíneo. Áreas escuras, ou a presença de uma glande ñ maleável, são preocupações quanto à presença de necrose precoce. Em crianças, a parafimose pode se apresentar como obstrução urinária aguda. -Diagnóstico: é baseado na história e no exame físico -Diagnóstico diferencial: reações alérgicas, picadas de inseto, síndrome de Tourniquet, estrangulação por laço de cabelo -Tratamento: a conduta na parafimose consiste na tentativa de redução manual ou incisão dorsal do prepúcio, geralmente sob algum grau de anestesia, caso ñ haja sinais de necrose do pênis. Se já existem sinais de isquemia ou se a redução manual ñ é efetiva, o paciente deve ser encaminhado à cirurgia p/ a postectomia (A) Incisão na área de constrição e (B) pele prepucial em posição normal após redução (A) Parafimose; (B) compressão manual; (C) pressão da glande peniana e redução de pele prepucial -Prevenção primária: a circuncisão é preventiva p/ o desenvolvimento de parafimose. Além disso, é necessário orientar o homem ñ circuncisado ou seus cuidadores de que, depois que o prepúcio for retraído, ele deve ser devolvido à posição anterior, por cima da glande. Deve-se evitar a retração forçada do prepúcio fimótico. Anéis compressores, etc. devem ser evitados. -Prevenção secundária: o uso de práticas sexuais ou de saúde que deixam o prepúcio retraído deve ser evitado. Pacientes que tiveram parafimose decorrente de piercing corporal devem ser instruídos a ñ recolocar o piercing. Aqueles que tiveram a condição em decorrência de uma reação alérgica devem evitar o alérgeno. -Complicação: necrose da glande e/ou do prepúcio -Prognóstico: após a redução imediata da parafimose, a maioria dos pacientes se recupera completamente. O edemaciamento do prepúcio ao longo dos dias seguintes. Dependendo da etiologia, recomenda-se orientação apropriada do paciente e/ou seus cuidadores. Pacientes c/ evidência de fimose devem ser aconselhados sobre a conveniência da circuncisão. ESCROTO AGUDO -A dor escrotal aguda pode ser causada por torção testicular, torção do apêndice testicular ou epididimite. O grande desafio é a dificuldade de diferenciar esses diagnósticos, uma vez que os achados ñ são exuberantes e o dano espermatogênico secundário à torção de testículo inicia c/ 6 horas de evolução. RCC 08 Carolina Ferreira -Define-se como quadro doloroso súbito c/ de volume da bolsa testicular, geralmente unilateral, c/ edema e rubor, podendo ser acompanhado por manifestações gerais como febre, sudorese, náuseas e vômitos. -Torção testicular: corresponde à torção do cordão espermático sobre o testículo, interrompendo seu aporte sanguíneo, o que pode levar à necrose. -Torção do apêndice testicular: corresponde à torção dos restos embrionários da regressão dos ductos de Muller e Wolff. -Epididimite: é o processo inflamatório ou infeccioso do epidídimo, que pode também afetar o testículo (orquite/orquiepididimite). -Etiologia: a conduta terapêutica a ser instituída depende do diagnóstico etiológico correto. Várias doenças podem se apresentar sob esse diagnóstico sindrômico. -Epidemiologia: a torção testicular é responsável por 50-60% dos casos de escroto agudo em adolescentes e por 25-30% de todos os casos pediátricos. A torção do apêndice testicular é + comum entre 7 e 10 anos, e a distribuição é a mesma entre os 2 lados. A epididimite é causa de 20% dos casos em adolescentes e menos de 1% em meninos pré-púberes. -Quadro clínico: nos casos de torção testicular, o paciente apresenta-se c/ dor súbita, sendo que a indicação do local pode ser precisa. Ñ há relatos de sintomas urinários ou corrimento uretral. Quando ocorre a torção do apêndice testicular, usualmente a dor também é súbita, mas o paciente localiza a dor em apenas um ponto específico do testículo, que normalmente é no seu ápice. Ñ se acompanha de náuseas ou vômitos. Já nos pacientes c/ epididimite, o início da dor geralmente é insidioso. Nos adolescentes sexualmente ativos, usualmente há uma infecção sexualmente transmissível associada. Nesses casos, são comuns o corrimento uretral e sintomas urinários. Quando não há infecção associada, o diagnóstico fica prejudicado. Não costuma apresentar-se com náuseas ou vômitos. -Exame físico: evidencia-se o testículo elevado em relação ao contralateral, e ausência do reflexo cremastérico. O paciente geralmente encontra-se desconfortável e sem posição de repouso, podendo apresentar vômitos. Nos pacientes c/ torção do apêndice testicular no exame físico, encontramos esse ponto de dor localizado e, na transiluminação, evidencia-se uma “mancha azulada”, que corresponde ao apêndice testicular torcido.O exame físico do paciente c/ epididimite, no estágio inicial, evidencia uma massa e macia posterior ao testículo. C/ a evolução, torna-se + difícil diferenciar o epidídimo do testículo, ficando, assim, muito semelhante à apresentação da torção testicular. -Examesde imagem: um exame comum de urina geralmente é normal no paciente c/ torção testicular, assim como no paciente c/ torção do apêndice testicular; já no paciente c/ epididimite c/ causa infecciosa, pode haver numerosos leucócitos. Nesses casos, um cultural também pode auxiliar. É muito importante esclarecer o fluxo testicular p/ se diferenciar entre torção testicular e epididimite. Existem dois exames capazes de aferir o fluxo testicular: a ecografia testicular c/ Doppler a cores e a cintilografia testicular. Quando a realização dos exames retardar a cirurgia, ultrapassando o prazo de risco de lesão testicular, eles ñ devem ser realizados. Durante a ecografia testicular c/ Doppler a cores, podem ser diferenciados os 2 tipos de torção. -Diagnóstico: preciso e rápido deve ser realizado p/ que o procedimento terapêutico permita preservar o órgão. RCC 08 Carolina Ferreira -Diagnóstico diferencial: é feito a partir de orquite aguda, orquiepididimite aguda, torção do cordão espermático, torção dos apêndices testiculares, hérnia inguinoescrotal encarcerada, hidrocele e tumor testicular, apesar de esses 2 últimos ñ se classificarem como urgências. -Tratamento: quando houver o diagnóstico de torção testicular, pode-se realizar uma manobra de distorção manual antes da cirurgia p/ alívio dos sintomas, mesmo assim a cirurgia está indicada. Essa manobra consiste em rotar o testículo no sentido medial p/ lateral, quantas vezes forem necessárias p/ o alívio dos sintomas. Em casos de dúvidas sobre a causa da dor testicular, a exploração testicular está indicada, c/ o intuito de preservar o testículo. A exploração testicular é realizada por incisão na rafe escrotal, c/ abordagem inicial do lado torcido, realizando-se a destorção e aquecendo-se o testículo c/ compressas mornas. Se, após 30 minutos, o testículo ñ se recuperar, deve ser realizada a orquiectomia. Quando há recuperação, deve-se fixar esse testículo c/ fio ñ absorvível. Independentemente disso, é necessária a fixação do testículo contralateral. Nos casos de torção do apêndice testicular, em geral o uso de analgésicos e anti-inflamatórios, e algumas vezes de antibiótico, é suficiente. Em casos + avançados, a exploração testicular pode ser indicada p/ diferenciar da torção testicular. Em pacientes c/ epididimite, também o uso de analgésicos e anti-inflamatórios é suficiente. Nos adolescentes sexualmente ativos ou quando há diagnóstico etiológico, é indicado tratar a causa específica. Um suspensório escrotal pode ajudar no alívio dos sintomas. Epididimite, orquite orquiepididimite aguda : -A epididimite aguda é a causa + comum, no adulto, de escroto agudo, sendo sua etiologia possivelmente viral, bacteriana e idiopática. Comumente, seu quadro clínico é de início insidioso, uni e, + raramente, bilateral, com sinais flogísticos, de volume do conteúdo da bolsa testicular, sendo o epidídimo doloroso e espesso. Frequentemente, após 24 horas, existe participação do testículo, causando o que se denomina orquiepididimite. -A inflamação aguda do testículo: isolada, é pouco frequente, sendo a orquite pós-parotidite (caxumba), de etiologia viral, a mais habitual. Atinge os adultos jovens em até 30% dos casos. Comumente, os sintomas aparecem de maneira insidiosa, 7 dias após a parotidite, unilateral em cerca de 70%. A evolução é autolimitada, podendo levar a atrofia testicular em cerca de 50% e, quando atinge os testículos bilaterais, a esterilidade (10%). -A orquiepididimite aguda é o processo inflamatório + comum da bolsa testicular, podendo ser evolução da epididimite, e é comumente de etiologia bacteriana, sendo, em pacientes c/ menos de 40 anos, Chlamydia e Neisseria gonorrhoeae as bactérias + comuns e, acima de 40 anos, as Gram negativas, sendo a via de contaminação + comum a retrógrada (uretra prostática). -Diagnóstico: é feito pela história clínica, pelo exame físico e pelos exames laboratoriais e de imagem, como hemograma, urinálise + cultura e US c/ Doppler -Diagnóstico diferencial: torção de cordão espermático e hérnia encarcerada. -Tratamento: recomendam-se medidas gerais, que visem à melhora dos sintomas, como repouso relativo, gelo, suspensão escrotal, analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos adequados (ciprofloxacino por 10 a 14 dias), direcionadas ao diagnóstico etiológico específico. Convém lembrar que a melhora pode ser lenta, mesmo c/ tratamento adequado, e que o restabelecimento completo pode levar até 1 mês. -Complicações: abscesso escrotal e infarto testicular; consequentemente, ocorre infertilidade em níveis de 42%, quando bilateral, e 23%, quando unilateral. Orquiepididimite aguda (aspecto de bolsa testicular) RCC 08 Carolina Ferreira Orquiepididimite aguda (aspecto de testículo e epidídimo) Torção de cordão espermático: -Em um quadro de escroto agudo, deve ser levantada a hipótese de torção de cordão espermático, até que se prove o contrário, principalmente em crianças e adolescentes. -Tipos de torções: 1. Extravaginais: ocorrem em testículos ñ descidos, exclusivas no período intrauterino ou em recém-nascidos, quando as fixações da túnica vaginal e do gubernáculo ao músculo dartos são frouxas. Correspondem a 10% de todas as torções; 2. Intravaginais: ocorrem em qualquer idade, c/ pico de incidência na puberdade, por uma anomalia de fixação do testículo, que permite que ele e o epidídimo flutuem livremente dentro da túnica vaginal, tal qual um “badalo de sino”. São defeitos anatômicos congênitos. Correspondem a cerca de 88 a 90% dos casos Escroto agudo: torção em adolescente, c/ de volume de bolsa testicular à direita Torção de cordão espermático -Quadro clínico: a dor é de início súbito, de grande intensidade, e pode estar acompanhada de náuseas e vômitos, sem relação c/ traumas e exercícios físicos. O sintoma predominante é a dor, em + de 90% dos casos, de início abrupto e intenso, referida ao longo do cordão espermático e/ou no baixo abdome, podendo ser acompanhada de náuseas e vômitos. Em RN, o quadro consiste em de volume do testículo, c/ bom estado geral -Exame fisico:o epidídimo pode mostrar-se anteriorizado, porém, caso esteja em sua posição normal, ñ afasta a hipótese de torção, pois pode estar torcido 360 °. Outro sinal que chama a atenção ao exame físico é a elevação do testículo na bolsa (redux testis), em cerca de 1 terço dos pacientes. Edema, eritema, dor à palpação e endurecimento são achados comuns, que podem confundir o diagnóstico. P/ diferenciar torção de cordão de orquiepididimite, 2 sinais são importantes a serem analisados: o sinal de Angell (paciente em pé e testículo contralateral horizontalizado) e o sinal de Prehn (piora ou manutenção da dor c/ a elevação do testículo na torção testicular e melhora da dor na orquiepididimite – sinal positivo). RCC 08 Carolina Ferreira -Diagnóstico: deve ser feito de maneira precisa e rápida, p/ um tratamento cirúrgico na tentativa de salvar o testículo, pois o tempo de isquemia pode alterar a viabilidade deste. A torção pode ser de 90 a 180 °, acreditando-se que, quanto > o nº de torção, pior o prognóstico. O tempo de isquemia e comprometimento testicular é de 80% de viabilidade nas primeiras 5 horas e 20% de viabilidade após 10 horas. Alterações no leucograma e febre são raras. -Exames de imagem: o exame que fecha o diagnóstico da torção do testículo é a US do escroto c/ Doppler colorido, ela aponta a anatomia do cordão e o fluxo sanguíneo, que, nos casos de torção, está reduzido ou ausente. A cintilografia escrotal c/ o tecnécio-99m demonstra, também c/ precisão, a irrigação dos testículos,porém demanda + tempo e ñ está disponível na maioria dos serviços de urgência. O diagnóstico por imagem indicado, que não deve atrasar o tratamento cirúrgico, é a US de bolsa testicular com Doppler, que demonstra a ausência de vascularização. US c/ Doppler de torção de cordão c/ ausência de vascularização à esquerda -Tratamento: o objetivo é a revascularização do testículo pelo destorcimento do cordão espermático. Como cerca de 2 terços das torções ocorrem de lateral p/ medial, a tentativa de destorcer manualmente pode ser feita de maneira inversa, sempre visando manter a vitalidade do testículo. A correção cirúrgica está indicada mesmo quando, manualmente, consegue-se destorcê-lo, e é feita sempre a orquipexia bilateral, pois o defeito anatômico que permitiu a torção de um lado, em geral, existe bilateralmente. A orquiectomia pode ser realizada em caso de comprometimento da vitalidade do(s) testículo(s). Torção testicular(apêndice testiculares): -A torção testicular é uma emergência urológica resultante da torção do testículo no cordão espermático, causando uma constrição no suprimento vascular e isquemia tempo dependente e/ou necrose do tecido testicular -Os apêndices testiculares são estruturas remanescentes do desenvolvimento embriológico. A extremidade cranial do ducto mülleriano persiste como appendix testis. -São 4 os apêndices testiculares: appendix testis (apêndice testicular), appendix epididymis (apêndice epididimário), paradidimys (paradídimo – órgão de Giraldès) e vasa berrans (ducto aberrante – órgão de Haller), sendo o appendix testis o + comumente encontrado e torcido. -Epidemiologia: tem uma distribuição bimodal, sendo que a torção extravaginal afeta neonatos no período perinatal, e a torção intravaginal afeta homens de qualquer idade, mas ocorre c/ + frequência em adolescentes. Geralmente ñ é uma doença que afeta os idosos -Etiologia:a deformidade em badalo de sino é o defeito anatômico + comum associado ao desenvolvimento da torção testicular intravaginal. Outras etiologias incluem trauma. A etiologia exata da torção extravaginal é desconhecida e ñ se identifica um defeito anatômico RCC 08 Carolina Ferreira -Fisiopatologia: normalmente, o testículo passa pelo canal inguinal coberto por uma camada de peritônio. Essa camada, a túnica vaginal, prende-se naturalmente à parede posterior, na parte inferior e na região superior do testículo. Se as 2 fixações da túnica vaginal ocorrerem na parte superior do testículo, a deformidade se desenvolverá em badalo de sino, o que a probabilidade de torção porque o testículo se move livremente dentro da túnica. Quando ocorre a torção, o tempo p/ destorção determinará a extensão da viabilidade testicular. A morte das células germinativas testiculares ocorre secundariamente ao suprimento de oxigênio reduzido, depleção da energia celular e formação de um metabólito tóxico. Os mecanismos p/ lesão por reperfusão/isquemia que pode afetar os 2 testículos foram sugeridos, incluindo mecanismos inflamatórios e/ou formação de radicais livres de oxigênio. Nº de rotações, que pode variar de 180° a 720°,e a duração da isquemia determinam o grau de viabilidade do tecido. Se o tratamento for iniciado até 4 a 6 horas após o início dos sintomas, os testículos provavelmente permanecerão viáveis. Se os testículos continuarem torcidos por + de 10 a 12 horas, provavelmente haverá isquemia e dano irreversível ao testículo. Após 12 horas, muito provavelmente terá ocorrido necrose. -Classificação: • Torção intravaginal: é o tipo + comum de torção testicular. Ela ocorre por causa de uma fixação anormalmente alta da túnica vaginal ao cordão espermático, que permite a rotação do testículo dentro da bolsa. Durante o desenvolvimento anatômico normal, o testículo passa pelo canal inguinal coberto por uma camada de peritônio. Essa camada, a túnica vaginal, prende-se à parede escrotal posterior, na parte inferior posterior do testículo e na região testicular superior. Se as 2 fixações da túnica vaginal ocorrerem na parte superior do testículo, se formará a deformidade em badalo de sino, o que a probabilidade de torção porque o testículo se move livremente dentro da túnica. • Torção extravaginal: é uma entidade rara. Ela ocorre durante o período perinatal quando o testículo desce e gira em torno do cordão espermático antes de fixar-se à parede escrotal posterior. • Mesórquio longo: o mesórquio é uma faixa densa de tecido conjuntivo que fixa os dúctulos eferentes do epidídimo à parede posterolateral dos testículos. Quando alongado, pode permitir que os testículos se torçam, e o epidídimo permaneça fixo -Diagnóstico: se dá pela clínica de dor, que pode ser de leve a forte intensidade, também de instalação súbita, comumente no polo superior do testículo, acompanhada ou ñ de edema e hiperemia da bolsa. A US é o exame indicado, e, feito o diagnóstico, o tratamento pode ser conservador, c/ analgésicos e anti-inflamatórios. -Prevenção primária: pacientes c/ uma história de criptorquidia devem ser encaminhados p/ correção. Um paciente c/ episódios de dor testicular intermitente que remite espontaneamente pode ter torção intermitente, que está associada a torção testicular subsequente e, por isso, esses pacientes devem ser encaminhados p/ uma avaliação urológica em tempo adequado. -Rastreamento: o exame de todos os neonatos do sexo masculino deve incluir um exame testicular p/ excluir criptorquidia e qualquer outra anormalidade da genitália, como a entidade rara de torção extravaginal. Em caso de criptorquidia, o lactente corre alto risco de apresentar torção. Dor abdominal regular ou inguinal de início súbito pode indicar a presença de torção, exigindo avaliação e intervenção urológica de urgência. -Prevenção secundária: durante a exploração, o testículo contralateral é fixo na parede posterior p/ evitar a torção testicular bilateral assíncrona. A torção recorrente pode desenvolver-se muitos anos depois em pacientes c/ uma história prévia de fixação testicular, independentemente do uso de suturas absorvíveis ou ñ absorvíveis.É importante um nível elevado de suspeita p/ esses pacientes p/ evitar o dano testicular. CRIPTORQUIDIA/DISTOPIA TESTICULAR -A criptorquidia, ou testículo ñ descido, ocorre quando um ou ambos os testículos ñ estão presentes na porção dependente do saco escrotal RCC 08 Carolina Ferreira -Distopia testicular é o posicionamento congênito do testículo fora do escroto, por falha de sua migração a partir de seu local de origem embrionário abdominal até a bolsa testicular, existem os termos “criptorquidia” ou “criptorquidismo”, e os testículos são denominados distópicos, criptórquidos ou criptorquídicos. -Epidemiologia: a prevalência de criptorquidia em neonatos a termo é de 2% a 8% em todo o mundo. Esse índice p/ 1% a 2% após os 1º meses de vida, pois a criptorquidia congênita pode remitir espontaneamente c/ o pico neonatal de testosterona aos 3 meses. 2/3 dos casos são unilaterais; os casos restantes são bilaterais. O lado direito é + afetado -Etiologia: é desconhecida. No entanto, vários fatores etiológicos foram sugeridos: • Hormonal: os pacientes podem apresentar anormalidades nas vias/sinalização da testosterona, substância inibidora mülleriana, hormônio 3 semelhante à insulina ou seu receptor LGR8, fator de crescimento epidérmico e/ou estrogênios • Toxinas ambientais ou maternas: organoclorados, estrogênios ambientais, ésteres de ftalatos e pesticidas foram associados ao do risco de criptorquidia • Consumo materno de bebidas alcoólicas, de analgésicos e tabagismo foram associados a um do risco • Diabetes gestacional e/ou a obesidade estão relacionados c/ o desenvolvimentode criptorquidia • Genético: até 23% dos casos foram associados a agrupamento hereditário, o que sugere uma mutação genética subjacente como etiologia nestes pacientes. Mutações específicas incluem as que envolvem o fator 3 semelhante à insulina e seu receptor, LGR8, e as repetições CAG/ GGC nos genes do receptor de androgênio. • Mecânicos: problemas c/ o desenvolvimento do gubernáculo ou fibras do músculo cremastérico, um conduto peritoniovaginal patente ou pressão intra-abdominal prejudicada • Neuromuscular: anormalidades do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina do nervo genitofemoral ou do núcleo cremastérico foram postuladas como causadoras de criptorquidia. -Fisiopatologia: acredita-se que a fisiopatologia subjacente seja a migração incompleta do testículo durante a embriogênese da posição retroperitoneal original próxima aos rins até sua posição final no escroto. Isso ocorre em ambas as fases androgênio-dependente e androgênioindependente.De forma menos comum, a etiologia subjacente pode ser um testículo ausente ou um testículo gravemente atrófico (pequeno caroço), geralmente considerado secundário à malformação ou resultado de torção testicular -Classificação: os testículos podem ser classificados, ainda, em: • Testículo ñ descido, palpável, idade acima de 6 meses: ▪ Testículo retrátil: pode ser puxado p/ dentro do escroto e permanecer aí após a liberação da tração ▪ Testículo c/ criptorquidia: ñ pode ser puxado p/ dentro do escroto ou retorna rapidamente p/ a posição superior após ser puxado p/ dentro do escroto • Testículo unilateralmente ñ palpável: ñ é possível localizar o testículo, apesar do exame físico completo. • Testículos bilateralmente ñ palpáveis: associado a um pênis normal; e associado a um micropênis ou hipospádia: encaminhar imediatamente p/ uma investigação de distúrbio do desenvolvimento sexual (DDS). 1. Palpáveis: de 80 a 90%, podendo ser intracanaliculares, extracanaliculares, ectópicos (acima do saco de Denis-Browne, períneo, região pré-pubiana, raiz peniana, hemiescroto contralateral), retráteis, deslizantes, reascendidos; 2. Não palpáveis: de 10 a 20%, podendo ser intra-abdominais, atróficos ou ausentes (evanescente, agenesia). -Rastreamento do neonato: o exame de testículo também deve ser realizado em todos os meninos neonatos. Testículo(s) ñ descido(s) pode(m) ser observado(s) em até 8% dos neonatos nascidos a termo e existe uma incidência ainda > em bebês prematuros. A presença ou ausência, o tamanho e a posição de cada testículo devem ser observados. Um paciente c/ testículo ñ palpável em 1 ou ambos os lados, em conjunto c/ hipospádia, deve ser encaminhado imediatamente p/ avaliação de um possível distúrbio de diferenciação sexual. -Rastreamento contínuo: devem ser realizados exames dos testículos em cada exame de rastreamento dos bebês e depois anualmente. O encaminhamento a um cirurgião especializado adequado deve ser feito se a descida testicular ñ tiver ocorrido aos 6 meses RCC 08 Carolina Ferreira (corrigidos p/ a IG). Os testículos provavelmente ñ descerão depois disso. O risco relativo de câncer de testículo significativamente entre aqueles que passam por orquiopexia após a puberdade. -Criptorquidia adquirida: pode ocorrer em pacientes c/ posição testicular normal previamente documentada. Esses pacientes posteriormente apresentam testículos ascendentes p/ a porção superior do escroto ou do canal inguinal. Meninos c/ testículos descidos nos 1º meses de vida podem apresentar > risco. Os testículos retráteis estão localizados em uma posição supraescrotal, mas podem ser puxados, de forma indolor, p/ o escroto e permanecer aí mesmo após a liberação da tração. Essa é considerada uma variante de posição normal devido ao reflexo cremastérico, e esses pacientes geralmente ñ são submetidos a tratamento, mas devem ser acompanhados -História: é geralmente observada em exame físico de rotina, mas o paciente e/ou os pais devem ser questionados sobre a história de testículos palpáveis em exames prévios, presença dos testículos nos momentos em que o paciente está relaxado, como quando está no banho (pode indicar reflexo cremastérico excessivo ou testículos retráteis) e cirurgia inguinal prévia (criptorquidia iatrogênica). Pode haver história familiar -Exame físico: deve ser realizado em posição supina. O paciente deve estar aquecido e o + relaxado possível. A presença ou ausência dos testículos, e a posição e o tamanho de cada testículo, deve ser observada, bem como a presença de um escroto assimétrico ou hipoplásico e qualquer cicatriz cirúrgica na região inguinal ou escrotal. Um testículo retrátil é um testículo localizado em uma posição supraescrotal mas que pode ser puxado p/ baixo, de forma indolor, p/ o escroto, e permanecer aí mesmo após a liberação da tração. Essa é considerada uma variante de posição normal, e esses pacientes geralmente ñ são submetidos a tratamento, mas devem ser acompanhados p/ detectar criptorquidia adquirida e/ou volume testicular reduzido, o que poderia exigir o tratamento imediato. Um testículo c/ criptorquidia palpável ñ pode ser puxado p/ dentro do escroto ou retorna rapidamente p/ a posição superior após ser puxado p/ dentro do escroto -Diagnóstico: a palpação em decúbito horizontal e na posição ortostática permite a identificação do testículo distópico em 90%. A laparoscopia é padrão-ouro p/ o diagnóstico de alterações do descenso testicular quando ñ se consegue palpar ou identificar c/ segurança, por métodos de imagem, o testículo a ser tratado. Sua acurácia na localização do testículo ñ palpado aproxima-se de 100%. Pode ser realizada avaliação cromossômica (testículo impalpável bilateral + hipospádia). A avaliação hormonal alternativa compreende FSH basal, testosterona, MIS (substância inibidora das estruturas müllerianas) e dosagem de inibina B. Tipos de distopia testicular, (A) testículo abdominal; (B) testículo puboescrotal; (C) testículo femoral; (D) testículo perineal. Nos casos de difícil identificação testicular, deve-se suspeitar de testículo intra-abdominal ou anorquia, em que o teste c/ gonadotrofina coriônica (< 5 anos, 2.500 UI; > 5 anos, 5.000 UI) por 3 dias consecutivos deve provocar elevação nos níveis de testosterona sérica acima de 20 ng/100 mL. -Exames de imagem: USG, TC, RM e flebografia também são utilizadas no diagnóstico, mas ñ são essenciais. -Diagnóstico diferencial: distúrbio do desenvolvimento sexual(DDS) RCC 08 Carolina Ferreira -Tratamento: deve ser iniciado aos 6 meses de vida, pois após essa data raramente os testículos descem à bolsa escrotal. O tratamento deve visar descer o testículo até a bolsa escrotal até 12 a 18 meses de vida. Exames histológicos evidenciam perda de células de Leydig se o descenso for realizado após essa idade. Se o testículo for palpável, recomenda-se a orquidopexia entre 6 e 12 meses, podendo ser realizada por via inguinal ou escrotal. Se o testículo ñ for palpável, mesmo após anestesia, deve-se indicar laparoscopia, sendo os achados: 40%, vasos espermáticos entrando no canal inguinal; 40%, testículo intra-abdominal, 10%, testículo retrátil; e 10%, vasos espermáticos acabando em fundo cego. Se o testículo estiver a + de 2 cm do canal interno, opta-se pela cirurgia de Fowler-Stephens em 2 tempos. O tratamento hormonal p/ descenso testicular não é recomendado pelo guideline da European Association of Urology (2016 – nível de evidência 4, grau de recomendação C). Criptorquidia -Complicações: a atrofia testicular é uma complicação cirúrgica. A relação de alterações do descenso testicular c/ neoplasia é de 10 a 20%. Quanto à espermatogênese, acredita-se que as alterações funcionais sejam reversíveis,desde que a correção da anomalia se dê até o 2º ano de vida. Há, ainda, risco de torção testicular . FASCITE NECROSANTE/SÍNDROME DE FOURNIER -A síndrome ou gangrena de Fournier é uma doença polimicrobiana (Gram negativas e positivas, e anaeróbias) da genitália/períneo altamente progressiva e que, se ñ combatida severamente, pode levar à morte. Ela se espalha pelas fáscias locais, ocorrendo endarterite obliterante de vasos da superfície corpórea, levando à necrose da pele e do subcutâneo -Epidemiologia: acomete + homens que mulheres, 10:1, c/ + frequência após os 50 anos e c/ prevalência de 1:7.500 a 1:750.000. Pode levar à sepse em algumas horas. -Fatores de risco: são diabetes (20 a 70% dos casos), etilismo, trauma local, HIV, neoplasia maligna ou doenças renais ou hepáticas (todos fatores que cursam c/ imunodepressão). -Diagnóstico: é clínico e os exames laboratoriais são sugestivos de quadro infeccioso sistêmico. -Tratamento: deve ser agressivo e instituído c/ urgência, c/ reposição volêmica agressiva c/ ou sem drogas vasoativas, antibioticoterapia de amplo espectro (que cubra todas as 3 classes de bactérias), e também tratamento cirúrgico, com debridamento da área necrosada e drenagem dos tecidos infectados/abscedidos.A oxigenoterapia hiperbárica deve, se possível, ser instituída em conjunto, pois auxilia no combate à infecção e na cicatrização local São contraindicações ao procedimento: pneumotórax, uso de doxorrubicina ou cisplatina. Você sabe diferenciar uma emergência urológica de uma urgência? Qual é a importância desta diferenciação? Como em qualquer cenário na Medicina, as emergências são quadros + graves, que necessitam de tratamento imediato, sendo que a demora em estabelecer a conduta correta está interferindo na vitalidade de algum órgão (por exemplo, o testículo em uma torção testicular) ou até mesmo causando um risco iminente de morte (choque séptico de foco urinário em um paciente c/ pielonefrite obstrutiva). Por outro lado, as urgências são casos em que o paciente necessita de uma assistência médica em até 24 horas (por exemplo, cólica ureteral refratária).
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