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A sobrecarga hormonal, mecânica e psíquica experimentada pela gestante induz importantes modificações no seu organismo O obstetra deve orientar a mãe e corrigir, quando necessário, atitudes de sua rotina e seus hábitos de vida Náuseas, acompanhadas ou não de vômitos, podem ocorrem em 50-90% de todas as gestações e são chamadas de êmese gravídica ➔ sintomas começam entre 5 e 6 semanas de gestação, com pico em torno de 9 semanas, e declinam por volta de 16 a 18 semanas o Em 15-20% das gestantes, os sintomas podem persistir até o terceiro trimestre, e em 5% até o parto Uma pequena porcentagem das gestantes apresenta vômitos incoercíveis, levando a desidratação e desequilíbrio acidobásico e hidroeletrolítico, perda de peso, e disfunção hepática e renal, além de hemorragia retiniana e distúrbios nutricionais e neurológicos (encefalopatia de Wernicke) ➔ a apresentação mais grave desses sintomas requer hospitalização ➔ HIPERÊMESE GRAVÍDICA o Se caracteriza pela persistência de vômitos acompanhada de perda de peso maior que 5% da massa corporal pré-gravídica e cetonuria, sem outras causas – Náuseas e vômitos: Uma das intercorrências mais comuns na gravidez Vômito ou êmese: expulsão do conteúdo gástrico pela boca o Ocorre contração forte e sustentada da musculatura da parede torácica e abdominal Naúsea: sensação desagradável da necessidade de vomitar o Acompanhada de sintomas autonômicos: sudorese fria, sialorreia, hipotonia gástrica e refluxo do conteúdo intestinal para o estômago Prevalência de náuseas e de vômitos na gestação: 85% o Desses, 25% dos casos apresentam apenas náusea matinal Período de incidência: entre 5 e 9 semanas em 90% das gestações, relacionada com a atuação do bHCG Torna-se ocasional após 20 semanas, se persistir, é obrigatório a avaliação de outros fatores associados que estariam relacionados com a persistência de náuseas e vômitos Apenas em 10% das gestações há necessidade de tratamento farmacológico Hiperêmese gravídica: quadros mais graves de vômitos o Representa 1,1% de todos os quadros de NVG Condições pré-gestacionais Enxaqueca Pirose retroesternal, doença do refluxo gastroesofágico Náuseas e vômitos prévios Ausência de uso de polivitamínicos no período periconcepcional Condições gestacionais Gestação múltipla Hipertideoidismo gestacional Primiparidade Psiquismo materno Grávidas jovens Gestações não planejadas Gestações de maior risco Outros Infecção pelo Helicobacter pylori Deficiências nutricionais Distúrbios do SNC Distúrbios imunológicos Teoria endócrina Como a hiperêmese é mais prevalente nas primeiras semanas da gestação, período no qual a placenta e o corpo lúteo produzem hormônios como a progesterona e a hCG, esses são normalmente associados a sua gênese Gonadotrofina coriônica ➔ hCG é o principal hormônio associado à hiperêmese gravídica o Produção aumentada: 1. Gestação múltipla 2. Doença trofoblastica gestacional 3. Gestantes com fetos femininos 4. Gestantes com fetos portadores da síndrome de Down o Náuseas diminuem se: ▪ No fim do fenômeno apical de produção do HCG (12 semanas) ▪ Abortamento: cessa o desenvolvimento do ovo Estrogênio e da progesterona o Provoca diminuição do tônus da musculatura lisa do TGI ➔ distensão ➔ estímulos eméticos Hormônios tireoidianos o A glândula tireoide é fisiologicamente estimulada no início da gestação o Produção aumentada com hipertireoidismo transitório (ocorre em 60% das pacientes com hiperêmese gravídica) ➔ provoca náuseas e vômitos o Menor importância clinica O pico dos sintomas está relacionado com o pico do hCG, e os sintomas diminuem com a diminuição sérica do hCG Teoria da infecção pelo helicobacter pylori Infecção por H.pylori 95% das pacientes com hiperêmese testou positivo para H.Pylori Associação: carga bacteriana e a intensidade dos sintomas Teoria genética Taxas mais elevadas de recorrência Falta estudos que identifiquem quais são os genes Teoria psicossomática Processo emético seria a forma de exteriorizar esses conflitos Gravidez não programada Rejeição a maternidade Rejeição ao pai Imaturidade emocional Temor do ganho de peso Situações de violência Pobreza Insegurança Limitações financeiras O quadro clínico é caracterizado por vômitos incoercíveis, que podem levar a alterações do equilíbrio ácido- básico e hidroeletrolítico, desidratação e perda de peso Em alguns casos, ocorrem alterações hepáticas, renais, cerebrais e hemorragia retiniana Pode evoluir para desnutrição e deficiência de vitaminas Em fases avançadas, sintomas de psicose tornam-se presentes, aparecendo alucinações e síndrome de Korsakoff, uma doença crônica neuropsiquiátrica caracterizada por alterações do comportamento associadas a perda de memória (amnésia retrógrada) e do aprendizado (amnésia anterógrada) A síndrome de Wernicke é caracterizada pela tríade: confusão mental, alterações oculares e ataxia o Pode aparecer em pacientes com longo período de hidratação venosa à base de solução glicosilada e sem suplementação de tiamina (vitamina B1) Diagnóstico é clínico Geralmente de exclusão Informação de perda de peso e redução do volume urinário Sangramento genital Aumento uterino Dados familiares: mães e irmãs com o mesmo problema Dados pessoais: seus hábitos, vacinação prévia, estilo de vida, estabilidade conjugal, independência financeira e histórico de violência Excesso de salivação Sinais de desidratação Redução do peso Medir pressão arterial o Hipotensão? Avaliar sangramento genital e aumento do AFU: gestação molar? o Gestação molar: o crescimento do fundo do útero não acompanha o crescimento gestacional Avaliar diagnóstico diferencial, o comprometimento sistêmico e o resultado terapêutico Hemograma, sódio e potássio, teste para sífilis, HIV, toxoplasmose, rubéola e hepatites A,B e C; testes de função renal, testes de função hepática, amilase, TSH/T4 livre, sumário de urina e urocultura USG transvaginal (gravidez inicial, para definir gestação molar ou não) e obstétrica (gêmeos? ➔ aumento de náuseas e vômitos) Pesquisa de Sd. De Down: sangue materno ou líquido amniótico (aumento de náuseas e vômitos em gestantes com feto com sd. De Down) Repetir função hepática e renal Esofagogastroduodenoscopia (perda de peso, vomito com frequência) Pesquisa de infecção por HP Avaliação neurológica: punção liquórica, TC, RNM de crânio internação hospitalar jejum por 24-48h hidratação correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos Não farmacológico Apoio psicoterápico: familiar e profissional (obstetra + psicólogo) Medidas alimentares e mudanças nutricionas: refeições ligeiras e frequentes; alimentos secos (pao, torradas e bolachas) e ricos em carboidratos; evitar líquidos nas primeiras 2h do dia; evitar frituras, condimentos e alimentos que causem aversão Terapia não convencionais ou complementares o Acupressao (pressão em ponto das mãos), aromoterapia (florais de Bach), acupuntura, hidroginástica o Uso de vitaminas com ação anti-náuseas (piridoxina – vitamina B6), ingestão de gengibre Farmacológico O fármaco pode ser usado em associação, caso já tenha atingido o limite da primeira medicação e não houve melhora, ou pode até mesmo trocar a medicação Antieméticos Antagonista da dopamina (Metoclopramida – Plasil) o 10mg (comprimido, VO, a cada 8 horas o 10mg (ampola de 2mL), IV, a cada 8 horas Anti-histamínicos(bloqueadores H1) o Dimenidrinato ▪ 100mg (comprimido), VO, até a cada 6 horas ▪ 50mg (ampola de 1mL), IM, até a cada 4 horas ▪ 30mg (ampola de 10mL), IV, até a cada 4 horas o Prometazina ▪ 25mg (comprimido), VO, a cada 4 horas ▪ 50 mg (ampola de 2mL), IM, a cada 8 horas Anatagonista do receptor de 5- hidroxitriptamina o Ondansetrona (Vonau Flash) ▪ 4 mg (ampola de 2mL), IV, a cada 12 horas ▪ Usado em pacientes que apresentam quadro grave de náuseas e vômitos e refratários à terapia inicial ▪ Efeitos colaterais: cefaleia, fadiga, obstipação e sonolência. Pode prolongar o intervalo QT. Monitorar ECG e eletrólitos Sedativos Usados em casos não repsonsivos aos antieméticos ou em casos graves Fenotiazídicos o Levomepromazina (Neozine) ▪ 3mg (solução 4% - 3 gotas), VO, a cada 8 horas ▪ Paciente pode ser sensação de dormência, sonolência ▪ Mesma droga utilizada da doença hipertensiva da gestante Benzodiazepínicos o Diazepam ▪ 5mg, VO, a cada 8 horas ▪ 10mg (ampola de 2mL), IV, a cada 8 horas Corticosteroide o Metilprednisolona ▪ 16mg (ampola de 1mL), IV, a cada 8 horas Fazer associação de duas sou mais drogas Quando a gestante tem vômitos persistentes, associados a pelo menos 1 dos seguintes critérios o Perda acima de 5% do peso corporal pré-gravídico o Desidratação o Distúrbio hidroeletrolítico Pode ocorrer: o Hipotensão postural o Alterações laboratoriais4sialorreia4lesoa hepática ou renal o Hemorragia retinaina o Distúrbios nutricionais ou neurológicos (ultima etapa da hiperêmese gravídica, indicando grande gravidade Fase de desidratação Náusea e ptialismo intensos, vômitos fortes Desidratação Diminuição do turgor e da elasticidade da pele, olhos encovados, mucosas secas e pegajosas, língua áspera taquicardia, hipotensão e hipotermia Distúrbios hidroeletrolíticos (sódio alto, cloro e potássio um pouco diminuídos Hematócrito: um pouco aumentado Fase metabólica Somam-se distúrbios nutricionais (perda de peso >5%) Alterações da função hepática: elevação de enzimas e bilirrubinas Cetoacidose Cetonuria 2 ou 3+ Hipoalbunimeia, hiponatremia e hipopotassemia Hipoglicemia Hipotermia torpor Fase neurológica comprometimento oftálmico (lesões retinianas) alterações neurológicas (decorrente de hiporreflexia e mialgia) ➔ interstício critico de Briquet: período que precede de 1 semana a forma seguinte ➔ fase da psicose de Wernicke- Korsakoff paciente que evolui para a fase neurológica, há interrupção imediata da gravidez ➔ benefício materno Fase de psicose de Wernicke-Korskoff encefalopatia amoniacal instabilidade hemodinâmica de difícil contorle alucinações coma É irreversível na maioria das vezes Internação hospitalar obrigatória! Jejum por 24-48h Hidratação: solução isotônica (ringer ou solução salina) ➔ até 4000mL em 24h (cuidado com sobrecarga hídrica) Vitamina B6, C, K e Tiamina, se hidratação prolongada Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e acido-básico: sódio, potássio Medicamentoso: usar plasil, ondasetrona, metilprednisolona Nutrição parenteral em casos de difícil controle Vitamina B1 e B6: sempre associadas as medicações para proteção do SNC Farmacológico Dimenidrato: anti-histamínico, 50mg, EV, 6/6h Metoclopramida: antagonista da dopamina, 10mg, EV, 8/8h Ondansetrona: antagonista da serotonina, 4 a 8mg EV 8/8h Levopromazina: solução 4%, fenotiazídico, 3mg (3 gotas), VO, 8/8h Diazepam: benzodiazepínico, 5mg, VO, 8/8h o 10mg, EV, 8/8h Prednisona: glicocortidoide, VO o 40mg/dia por 1 dia o Seguido por 20mg/dia durante 3 dias o Seguido de 10mg/dia VO por 3 dias o Seguida de 5mg/dia VO por 7 dias Metilprednisolona: glicocorticoide, 50mg, EV, 12/12h, por 24 a 48h Encefalopatia de Wernicke o Espoliação de tiamina (vitamina B1 o Diminuição do nível de consciência e memória, oftalmoplegia, nsitagmo, ataxia, neuropatia periférica o Não é comum Síndrome de Mallory-Weiss o Casos recorrentes nos quais não foram empregados protetores da mucosa gástrica (ranitidina ou bloqueadores da bomba de prótons) o Laceração da junção esofagogástrica secundária a vômitos incoercíveis Rotura de esôfago com pneumomediastino o raríssima
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