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Código Florestal e Ambiental

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS COLEGIADO DE DIREITO
COORDENAÇÃO DO CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
CAMILA SOUTO CARNEIRO
HUGO SEIXAS COUTINHO
LUANA CARVALHO
LUCAS FONSECA FREITAS
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E CÓDIGO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE
MACAPÁ-AP
2021
CAMILA SOUTO CARNEIRO
HUGO SEIXAS COUTINHO
LUANA CARVALHO
LUCAS FONSECA FREITAS
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E CÓDIGO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE
Trabalho apresentado à disciplina Direito Ambiental I, do Curso de Bacharelado em Direito da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), sob a orientação do Prof. Dr. Raul Galaad.
MACAPÁ-AP
2021
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 5
2. CONTEXTO HISTÓRICO DO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO..................... 5
2.1. O CÓDIGO FLORESTAL DE 1934.................................................................................. 5
2.2 O CÓDIGO FLORESTAL DE 1965................................................................................... 6
2.3 O CÓDIGO FLORESTAL DE 2012................................................................................... 7
2.3.1 Jurisprudências.............................................................................................................. 8
3. O NOVO CÓDIGO FLORESTAL..................................................................................... 9
3.1 CONCEITOS IMPORTANTES......................................................................................... 10
3.2 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO.......................................................................................... 11
3.3 JURISPRUDÊNCIA PÓS NOVO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO.................... 13
3.3.1 Embate Jurisprudencial.............................................................................................. 14
3.3.2 Jurisprudência do STF................................................................................................ 15
4. O CÓDIGO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE......................................................... 16
4.1. RECORTES IMPORTANTES DO CÓDIGO DE MEIO AMBIENTE ESTADUAL...... 17
4.2. DA INCONSTITUCIONALIDADE DA REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº. 91/2015............................................................................................. 21
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 24
6. REFERÊNCIAS................................................................................................................... 25
RESUMO
O presente artigo objetiva abordar a relevância do Código Florestal Brasileiro, além do Código Estadual do Meio Ambiente do Amapá. Para tanto, adotou-se a metodologia científica bibliográfica. Partindo do contexto histórico de ambos, explana-se sobre a influência da Conferência da ONU, sobre Meio Ambiente em Estocolmo, nas diversas legislações esparsas e nas Constituições Federais vigentes ao longo do tempo, até a instauração dos Códigos. Deu-se especial ênfase aos aspectos relevantes, como conceituações importantes, características, princípios e atualidades a respeito de ambos os Códigos. Por fim, como forma de consolidação do conhecimento, foi utilizado de Jurisprudências exemplificativas dos enfoques apresentados.
Palavras-chaves: Código Florestal Brasileiro. Código Estadual de Meio Ambiente do Amapá. 
ABSTRACT
This article aims to address the relevance of the Brazilian Forest Code, in addition to the State Environmental Code of Amapá. For this purpose, the bibliographical scientific methodology was adopted. Starting from the historical context of both, it explains about the influence of the UN Conference on the Environment in Stockholm, in the various scattered legislations and in the Federal Constitutions in force over time, until the establishment of the Codes. Special emphasis was given to relevant aspects, such as important concepts, characteristics, principles and updates regarding both Codes. Finally, as a form of knowledge consolidation, case law was used to illustrate the approaches presented.
Keywords: Brazilian Forest Code. Amapá State Environmental Code.
1. INTRODUÇÃO
O Direito Ambiental evoluiu dentro do contexto brasileiro ao longo das décadas. Na década de 30, o primeiro Código Florestal Brasileiro tomou forma no universo jurídico, em 1934, sendo ainda um projeto bem originário, seguido pelo Código de 1965, que se mostrou mais atento aos problemas ambientais, porém não tratou de todas questões necessárias e sofreu diversas modificações ao longo dos anos, e posteriormente, pelo Código de 2012, sendo este o mais recente, e fruto de um processo polêmico principalmente pela presença da bancada ruralista que tinha como objetivo defender os interesses dos agropecuaristas e não de realmente preservar o meio ambiente.
Dentro do âmbito estadual, há o chamado Código Ambiental Estadual, no Amapá ele possui o nome de Código de Proteção Ambiental do Amapá, sendo a Lei Complementar Nº. 0005 de 18/08/94, ele é fruto do Programa de Desenvolvimento Sustentável.
2. CONTEXTO HISTÓRICO DO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO
2.1 O CÓDIGO FLORESTAL DE 1934
No Brasil, o Direito Ambiental é regulado por diversas leis. A Constituição Republicana de 1934 trouxe em seu texto uma visão da proteção ambiental ao tratar no artigo 10 que "compete concorrentemente à União e aos Estados III - proteger as belezas naturais e os monumentos de valor histórico ou artístico, podendo impedir a evasão de obras de arte” (BRASIL, 1934), sendo assim, entende-se por belezas naturais as florestas e demais ecossistemas brasileiros.
No mesmo ano, nasceu o Código Florestal Brasileiro. Este sofreu algumas alterações ao longo dos anos: a primeira data é de 1934, quando ele foi criado, décadas depois, ele foi modificado em 1965, e por fim, foi reformulado, em 2012.
O Código Florestal de 1934, instituído pelo Decreto Federal nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934, nasceu em um contexto de exploração cafeeira no país, momento em que as florestas sofreram grandes impactos, pois as plantações de café as afastavam das cidades. Esta situação acarretou no encarecimento dos transportes de lenha e carvão, como explicado pela Organização OEco (2014). Tendo isso em vista, entende-se que este código era voltado para a questão da industrialização do país, mas também focava nos aspectos ambientais, o Código trouxe inovações ao Direito Ambiental, como as classificações de florestas em protetoras, remanescentes, modelo e de rendimento.
O encarecimento citado anteriormente criou a necessidade de buscar proteção aos direitos dos cidadãos, para que não acontecesse uma crise maior. Um dos aspectos deste Código que evidencia isto é a disposição acerca da proibição de explorarem mais que três quartos das vegetações originais, com o intuito que não faltasse carvão ou lenha, evitando assim o agravamento da crise: “Art. 23. Nenhum proprietario de terras cobertas de mattas poderá abater mais de tres quartas partes da vegetação existente, salvo o disposto nos arts. 24, 31 e 52. ” (BRASIL, 1934). Este dispositivo legal também pode ser interpretado como uma espécie de reserva legal.
2.2 O CÓDIGO FLORESTAL DE 1965
Quase três décadas depois, houve a atualização do Código Florestal pela Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, criando assim, o Novo Código Florestal Brasileiro de 1965. Este Código também possui influências da comercialização do café e da cana-de-açúcar da época, um dos motivos de ele atualizar o texto anterior são consequências dos efeitos desse tipo de exploração. Esta é uma das legislações mais conhecidas dentro do Direito Ambiental brasileiro, porém, ela nasceu em um momento histórico onde a legislação ambiental ainda estava criando forma, ou seja, ele trata sobre questões de proteção ao meio ambiente, todavia não no modelo completamente ideal.
No seu artigo primeiro, o Código 1965 dispõe comobens de interesse comum a todos os habitantes do Brasil, as florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação. 
“Art. 1° As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.
Parágrafo único. As ações ou omissões contrárias às disposições deste Código na utilização e exploração das florestas são consideradas uso nocivo da propriedade (art. 302, XI b, do Código de Processo Civil).” (BRASIL, 1965)
Há também a mudança do nome das definições tratadas no Código de 1934 para parque nacional, floresta nacional, áreas de preservação permanente e reserva legal, de acordo com o artigo 44, parágrafo III, inciso 6:
“§ 6o O proprietário rural poderá ser desonerado, pelo período de trinta anos, das obrigações previstas neste artigo, mediante a doação, ao órgão ambiental competente, de área localizada no interior de Parque Nacional ou Estadual, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva Biológica ou Estação Ecológica pendente de regularização fundiária, respeitados os critérios previstos no inciso III deste artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)’ (BRASIL, 1965)
Com o passar dos anos, algumas alterações foram realizadas neste diploma legal. A Lei 7.511/86 aumentou as faixas das Áreas de Preservação Permanente ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'água, de 5 metros para 30 metros (a partir da margem dos rios) e para rios com 200 ou mais metros de largura, o tamanho correspondente passou a ser o limite. Outra lei que alterou o Código, foi Lei 7.803/89, que priorizou a reposição florestal de espécies nativas no caso da exploração de florestas e de formações sucessoras; e novamente o limite das faixas das Áreas de Preservação Permanente ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'água foi alterado, desta vez para contemplar áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.
Outras mudanças nos textos foram decorrentes de várias Medidas Provisórias, como a MP 1.511/96 que ampliou a vedação do corte raso, limitou novas conversões de florestas para a pecuária e agricultura e impôs o manejo sustentável de uso múltiplo. Porém esse regramento mais forte não agradou os grandes agropecuaristas brasileiros, motivo pelo qual houve diversas tentativas de flexibilização do Código e novas Medidas Provisórias foram editadas. 
2.3 O CÓDIGO FLORESTAL DE 2012
Por último, o Código Florestal Brasileiro atual é o de 2012. Ele nasceu de um processo longo e cheio de polêmicas, a presença da bancada ruralista neste contexto foi bem intensa, ela buscava a garantia dos interesses dos grandes latifundiários, tendo em vista que a agropecuária é uma das maiores atividades econômicas do país, então um Código Florestal como o de 1965 não era tão bem visto, por garantir diversas proteção ao meio ambiente, principalmente às florestas.
O processo para a lei ser aprovada durou em torno de 12 anos, diversas alterações foram feitas no texto do projeto original para o novo Código, gerou diversas polêmicas envolvendo a bancada ruralista e os apoiadores da proteção ao meio ambiente. Marcelo Abelha Rodrigues explica que 
“Aliás, a polêmica em torno do novo Código Florestal esteve presente até mesmo no dia de seu nascimento, data em que a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, sancionou o novo Código Florestal com 12 vetos e editou uma Medida Provisória com 32 modificações em relação ao texto aprovado pelo Congresso” (RODRIGUES, 2018)
A Medida Provisória com 32 modificações foi convertida na Lei de 12.727 de outubro de 2012 e o Decreto 7.830 de 17 de outubro de 2012 também modificou o texto do Código dispondo sobre duas das inovações mais importantes do texto legal: o Cadastro Ambiental Rural e os Programas de Regularização Ambiental
2.3.1 JURISPRUDÊNCIA
O Cadastro Ambiental é um registro público online, vinculado ao Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, que possui como intuito a regularização de todas os imóveis rurais brasileiros com o intuito de integrar informações sobre as Áreas de Preservação Permanente - APP, das áreas de Reserva Legal, das florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Uso Restrito e das áreas consolidadas, visando um melhor planejamento de estratégias voltadas ao combate do desmatamento. 
Na jurisprudência brasileira é possível ver este dispositivo, como por exemplo em uma ação na qual o Ministério Público, um dos seus pedidos, desejava que fosse feita a averbação da área de reserva legal do imóvel em questão. A parte ré desse processo entrou com um recurso de apelação argumentando que havia procedido ao Cadastro Ambiental Rural e que por este motivo não havia motivo para a averbação.
“EMENTA: AMBIENTAL - CÓDIGO FLORESTAL - CADASTRO AMBIENTAL RURAL - PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL - RECURSO NÃO PROVIDO - Verifica-se que com a vigência do novo Código Florestal, Lei nº 12.651/12, a obrigação de promover a averbação da reserva legal na matrícula do imóvel deixou de existir, sendo substituída pela inscrição do imóvel no CAR - Tendo as medidas em questão sido tomadas no curso do feito, o fato é de reconhecimento do pedido, o que enseja a procedência dos pedidos iniciais, nos termos do art. 269, inciso II, CPC/73, diploma legal vigente à época - Recurso ao qual se nega provimento.
(TJ-MG - AC: 10521130098275001 Ponte Nova, Relator: Lílian Maciel, Data de Julgamento: 23/02/2017, Câmaras Cíveis / 5ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 07/03/2017)”
No caso em questão, o recurso foi negado por motivos inerentes ao processo (o réu realizou o cadastro durante o curso do processo, ou seja, reconheceu os pedidos feitos na exordial), mas foi reconhecido que a averbação não é mais obrigatória, em casos de regularização no Cadastro Ambiental Rural.
3. O NOVO CÓDIGO FLORESTAL
Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. Parágrafo único. Tendo como OBJETIVO o desenvolvimento sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes PRINCÍPIOS:
· Preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa, biodiversidade, solo, recursos hídricos e integridade do sistema climático, para o bem-estar das gerações presentes e futuras; 
· Função estratégica agropecuária e das florestas e vegetação nativa na sustentabilidade, no crescimento econômico, na melhoria da qualidade de vida da população e na presença do país nos mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia; 
· Ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas, compatibilização e harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação; 
· Responsabilidade comum de todos os entes da Federação, em colaboração com a sociedade civil, na criação de políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas URBANAS e RURAIS;
· Pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa; e
· Incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis.
As obrigações e limitações impostas por esta lei à propriedade transferem-se aos sucessores do imóvel, seja um novo proprietário, um novo possuidor, ou quem quer que seja que esteja utilizando do imóvel, por qualquer título. Isso porque, são obrigações decorrentes de direito real, que recaem, e acompanhamsobre o imóvel, independentemente de quem esteja na sua propriedade, posse ou administração.
3.1 CONCEITOS IMPORTANTES
I – Considera-se Amazônia Legal os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão; 
II - A área rural consolidada é a de imóvel rural com ocupação antrópica [ocupação resultante da ação humana] preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio; 
III – utilidade pública: 
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; 
b) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; 
IV – interesse social - outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal;
V – atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental: 
a) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro; 
b) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores; 
c) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos; 
d) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área; 
e) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área; 
3.2 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
 Para o nosso tema, por ora, interessam as alterações sofridas pelos institutos das Áreas de Preservação. O novo código Florestal utiliza dois tipos: a Reserva Legal e a Área de Preservação Permanente, sendo que as regras do diploma legal são válidas para todas as propriedades com vegetação nativa e original, ou para áreas desmatadas ilegalmente após junho de 2008. Foram as áreas de preservação que tiveram sua dimensão diminuída.
a) Reserva Legal
Trata-se de uma limitação administrativa, gratuita e com finalidade pública, de condicionar o uso da propriedade em prol do interesse social. Na prática, refere-se a porcentagem de cada propriedade que deve ser preservada, variando de acordo com a região localizada.
Serão de:
· 80% em áreas de florestas e vegetação nativa;
· 35% no Cerrado;
· 20% em Campos Gerais;
· 20% em outros biomas do país
Importante destacar que as áreas sujeitas à reserva legal, dos 20% referentes aos demais biomas do país, devem estar localizadas na Amazônia legal.
A alteração na reserva legal é um dos temas mais polêmicos que circundam o novo Código Florestal, porque o legislador diminui restrições existentes no antigo código.
Não se trata de redução percentual, mas sim de hipóteses de dispensa de Reserva Legal onde haja empreendimentos de abastecimento público de água ou tratamento de esgoto; áreas adquiridas ou desapropriadas por determinação de concessão ou autorização para exploração de energia elétrica, ou área adquirida ou desapropriada com intuito de ampliar rodovias. Inclusive, para os fins de cálculo da Reserva Legal, permite-se computar as APPs como reserva legal, o que importa nítida perda na questão de defesa de direitos.
b) Áreas de Preservação Permanente
São áreas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade. Têm a função de preservar locais frágeis como beiras de rios, topos de morros e encostas que não podem ser desmatados. São outros exemplos as margens de rios, as nascentes e os olhos d’água, as veredas, os tabuleiros e as chapadas.
No que tange aos limites da APP, consideram-se o critério técnico e a função ecológica que possuem cada área. O legislador previu duas hipóteses de instituição da APP: pela própria Lei ou por Ato do Poder Executivo.
A alteração, feita pelo novo código em relação ao anterior, é a redução da perda das áreas agricultáveis. Agora, há autorização ao proprietário de compensar as áreas de preservação permanente para calcular o percentual de reserva legal.
Há exceções como a admissão de que, em pequenas propriedades rurais, haja plantio de culturas temporárias e sazonais na faixa de terra que fica exposta no período vazante dos rios, desde que conservada a qualidade de água e do solo e protegida a fauna. A crítica se faz pela função ecológica da APP, independentemente da condição socioeconômica ou do tamanho da terra. Assim afirma o art 7º do Código Florestal:
Art. 7º A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. § 1º Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei. § 2º A obrigação prevista no § 1º tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural. 
Dessa forma, incide sobre as áreas de preservação permanente a obrigação de manter a vegetação e, em caso de supressão, promover a respectiva recomposição. Essa obrigação possui natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência do domínio ou posse do imóvel rural.
Também sabemos que as obrigações de proteção ambiental das áreas de preservação permanente são do tipo propter rem, portanto, recaem sobre a coisa. Assim, mesmo quando o antigo proprietário/possuidor/ocupante tenha sido o responsável pela degradação da área, a obrigação promover a conservação ou recomposição da área recai sobre quem detiver a coisa. 
Desse modo, o adquirente terá obrigação de restaurar a área deteriorada, independentemente de comprovada sua boa-fé, sendo, consequentemente, parte legítima para responder a ação cível com pedido de restauração da área deteriorada.
3.3 JURISPRUDÊNCIA PÓS NOVO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO
AMBIENTAL. RESERVA LEGAL DO IMÓVEL. NOVO CÓDIGO FLORESTAL (LEI 12.651/2012). TEMPUS REGIT ACTUM. ART. 15. IRRETROATIVIDADE. ABORDAGEM INFRACONSTITUCIONAL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. CÔMPUTO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 66. REGULARIZAÇÃO. APLICABILIDADE IMEDIATA. 1. Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma nele prevista (Enunciado Administrativo n. 3). 2. O Superior Tribunal de Justiça, em diversos julgados, tem defendido a tese de que, em matéria ambiental, deve prevalecer o princípio tempus regit actum, de forma a não se admitir a aplicação das disposições do novo Código Florestal a fatos pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental (REsp 1728244/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/12/2018, DJe 08/03/2019, e AgInt no REsp 1709241/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/11/2019, DJe 02/12/2019). 3. A declaração de constitucionalidade de vários dispositivos do novo Código Florestal (Lei n. 12.651/2012) pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 4.901, 4.902 e 4.903 e da ADC 42 (DJE 13/08/2019), não inibe a análise daaplicação temporal do texto legal vigente no plano infraconstitucional, tarefa conferida ao Superior Tribunal de Justiça. 4. Ao apreciar a irretroatividade da norma ambiental, esta Corte, sem conflitar com o decidido pelo STF, não ingressa no aspecto constitucional do novo diploma legal, efetuando leitura de ordem infraconstitucional, mediante juízo realizado em campo cognitivo diverso. 5. O próprio STF considera que a discussão sobre a aplicação do novo Código Florestal a fatos pretéritos demanda análise de legislação infraconstitucional (RE 1170071 AgR, Relator Min. EDSON FACHIN, Segunda Turma, DJe 29/11/2019, e ARE 811441 AgR, Relator Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, DJe 16/09/2016). 6. Nesse prisma, a declaração de constitucionalidade do art. 15 da Lei n. 12.651/2012 não desqualifica a aferição da aplicação imediata desse dispositivo aos casos ocorridos antes de sua vigência. 7. Este Tribunal considera que “o mecanismo previsto no art. 15 do novo Código Florestal acabou por descaracterizar o regime de proteção das reservas legais e, em consequência, violou o dever geral de proteção ambiental. Logo, tem-se que não merece prosperar o acórdão combatido que permitiu o cômputo de Área de Preservação Permanente no percentual exigido para instituição de Área de Reserva Legal” (AgInt no AREsp 894.313/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/09/2018, DJe 17/09/2018). 8. O art. 66 daquele diploma, ao prever hipóteses alternativas para a regularização de área de reserva legal, já traz em seu texto a possibilidade de retroação da norma, pelo que não há como afastar sua aplicação imediata. 9. Recurso especial parcialmente provido.
(STJ - REsp: 1646193 SP 2016/0334601-2, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento: 12/05/2020, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/06/2020)
O artigo 15 do Código Florestal de 2012, que admite o cômputo da área de preservação permanente (APP) no cálculo do percentual de instituição de reserva legal, traz inovação que não deve retroagir para alcançar as situações consolidadas antes de sua vigência, dada a proibição do retrocesso em matéria ambiental, conforme jurisprudência firmada no Superior Tribunal de Justiça.
Com esse entendimento, a 1ª Turma do STJ, por maioria, deu provimento parcial a recurso especial interposto pelo Ministério Público para garantir a incidência do Código Florestal anterior, de 1965, menos benéfico para com os donos de áreas rurais. 
A reserva legal é a área da propriedade que deve ter um percentual mínimo, definido em lei, de vegetação nativa, de modo a auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos. A APP, por sua vez, refere-se à área a ser preservada no entorno de recursos hídricos. Até 2012, APP e reserva legal não se confundiam.
No caso concreto, o imóvel em questão não possuía área de reserva legal, motivo pelo qual foi constatado dano ambiental. Os proprietários assinaram um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministério Público, se comprometendo a regularizar a situação, mas não o cumpriram. Posteriormente, já na vigência do Código Florestal de 2012, venderam o imóvel.
Os novos proprietários pleiteavam incluir a área de proteção permanente na área de reserva legal, conforme o artigo 15 do Código Florestal. Prevaleceu o voto divergente do ministro Gurgel de Faria, segundo o qual a lei mais recente não pode retroagir para infrações que já estavam identificadas sob o manto da legislação anterior.
3.3.1 EMBATE JURISPRUDENCIAL
Para chegar a essa conclusão, o voto vencedor aplicou o princípio do tempus regit actum, no sentido de que os atos jurídicos se regem pela lei da época em que são realizados. Inclusive porque, segundo a Súmula 623 do STJ, as obrigações ambientais têm natureza propter rem, ou seja: são transmitidas, o que permite cobrar do proprietário que comprou o imóvel rural, como no caso.
Ao acompanhar a divergência, a ministra Regina Helena Costa ressaltou que os compradores da fazenda tiveram a oportunidade de celebrar novo termo de ajustamento de conduta, de forma a resolver a questão da reserva legal sem necessidade de ação judicial. Não o fizeram, no entanto.
Ficou vencido o relator, ministro Napoleão Nunes Maia, segundo o qual análise da existência e a recomposição do dano em APP, reserva legal ou outro dos espaços tutelados pelo Novo Código devem se pautar, atualmente, pela totalidade de seu regime. 
A jurisprudência do STJ entende que em caso de dano ambiental, a pretensão de reparação não prescreve porque essa espécie de dano tem natureza continuada permanente. 
3.3.2 JURISPRUDÊNCIA DO STF
A definição da questão ainda passou pelo posicionamento do Supremo Tribunal Federal, que em sede de controle concentrado de constitucionalidade declarou constitucional o artigo 15 do novo Código Florestal. 
Entendeu o Plenário do STF que o rótulo da “proibição ao retrocesso ambiental” não implica imutabilidade ou engessamento da atividade legislativa e não pode se sobrepor ao princípio democrático, “ignorando as diversas nuances que permeiam o processo decisório do legislador”. 
O novo Código Florestal é menos benéfico ao meio ambiente, mas está dentro do legítimo exercício conferido ao legislador, inclusive diante de outros valores constitucionais como o desenvolvimento nacional. No voto vencido do ministro Napoleão Nunes Maia, entender diferente seria consagrar a completa imobilização legislativa para um sem-número de situações.
O entendimento vencedor seguiu linha diferente. Ao entender pela constitucionalidade do artigo 15 do Código Florestal de 2012, o Supremo Tribunal Federal não decidiu sobre a possibilidade de retroagir. Essa análise é da legislação infraconstitucional e que cabe ao STJ, por definição. 
“No caso, a declaração de constitucionalidade do art. 15 da Lei n. 12.651/2012 não desqualifica a aferição da aplicação imediata deste dispositivo aos casos ocorridos antes de sua vigência. Tal compreensão, reitero, não conflita com o decidido pelo STF, porque trata-se de juízos realizados em campos cognitivos diversos”, apontou o ministro Gurgel de Faria.
4. O CÓDIGO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE
No Brasil, após a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo (1972), foi estruturada a Política Nacional de Meio Ambiente, com a Lei nº 6.938, de 1981, sendo um marco inicial para a criação de legislações no país a fora sobre o meio ambiente.
No Amapá, houve a criação do Programa de Desenvolvimento Sustentável, responsável por inserir junto ao desenvolvimento econômico do estado o conceito de sustentabilidade, para a melhor gestão dos recursos naturais com o objetivo de atender as necessidades da presente e futuras gerações.
Como ente federativo, o Amapá passou a ter o dever de proteger meio ambiente (bem comum a todos), com a adoção de medidas imprescindíveis no combate às lesões a sua integridade, de forma a prevenir possíveis ações danosas e riscos provenientes delas e responsabilizar possíveis agentes poluidores.
As futuras leis ambientais do Amapá teriam como função a preocupação com a relação do homem com a natureza, objetivando harmonizá-la de modo que não houvesse nenhum sacrifício entre os dois. 
Por conseguinte, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amapá (SEMA), elaborou, após muito estudo, o que posteriormente viria a se tornar o Código de Proteção Ambiental do Amapá, com o fito regulamentar a ação dos cidadãos com o meio ambiente amapaense, de modo a torná-las mais eficazes e eficientes no que tange aos cuidados e melhor direcionamento dos recursos naturais. De acordo com o prefácio do Código Estadual de Meio Ambiente (1994):
O Código Ambiental foi resultado de alguns anos de trabalho do corpo técnico da antiga Coordenadoria Estadual do Meio Ambiente que assessorado por renomados especialistas nacionais, em conjunto com a competência local e na consulta sociedade civil procurou desenhar um instrumento jurídico que considerasse a especificidades locais com a experiência universal em legislação ambiental na construção deinstrumentos adequados as necessidades do desenvolvimento sustentável local.
Assim, foi criado o Código de Proteção Ambiental do Amapá, através da Lei Complementar Nº. 0005 de 18/08/94, e foi estabelecido o dever para cada cidadão amapaense de cuidar de todas as formas de vida presentes no solo em que vive. Essa proteção presente, mas também futura, dependeria exclusivamente das medidas que são tomadas por cada um.
4.1. RECORTES IMPORTANTES SOBRE O CÓDIGO DE MEIO AMBIENTE ESTADUAL
Instituído pela Lei Complementar 0005, de 18 de agosto de 1994, o Código de Meio Ambiente do Amapá trouxe, em seu corpo, alguns dispositivos que serão mencionados e comentados neste trabalho.
O segundo artigo do Código foi responsável por elencar princípios para a atuação da Política Estadual do Meio Ambiente. Todos os princípios presentes no referido artigo são voltados para balizar as ações estatais na gerência dos recursos naturais, estabelecendo o seu uso de forma consciente. Tais princípios, de acordo com os incisos de I a VII do art. 2º, são:
I - a ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II - exploração e utilização racionais dos recursos naturais de modo a não comprometer o equilíbrio ecológico;
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos naturais;
IV - proteção dos ecossistemas, incluindo a preservação e conservação de espaços territoriais especialmente protegidos e seus componentes representativos, mediante planejamento, zoneamento e controle das atividades potencial ou efetivamente degradadoras;
V - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VI - recuperação das áreas degradadas;
VII - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
VIII - promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino, extensiva à comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Em relação aos objetivos da ação do Estado na política de meio ambiente, estes são no sentido da promoção cada vez maior do cuidado com o meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Estão dispostos no artigo terceiro da LC, quais sejam:
Art. 3 - A Política Estadual do Meio Ambiente terá por objetivos:
I - estabelecer critérios e padrões de qualidade ambiental e normas relativas ao uso e manejo de recursos naturais;
II - compatibilizar o desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
III - definir áreas prioritárias de ação governamental relativas à proteção da qualidade ambiental e a manutenção do equilíbrio ecológico, atendendo as peculiaridades locais em benefício da coletividade envolvida;
IV - assegurar a participação da sociedade civil, no planejamento ambiental, no controle, na fiscalização do meio ambiente e nas situações de interesse ecológico;
V - estabelecer a obrigação de recuperar ou indenizar os danos causados ao meio ambiente, pelo degradador público ou privado, sem prejuízo da aplicação das sanções administrativas e penais cabíveis;
VI - promover e incentivar pesquisas básicas e aplicadas, bem como o desenvolvimento de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais;
VII - exercer o Poder de Polícia Administrativa, para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da manutenção do equilíbrio ecológico.
Ainda no que tange a observância do Código do Meio Ambiente para este referido trabalho, é importante abordar os instrumentos de atuação adotados pelo Amapá na política de cuidado com o meio ambiente. Estes instrumentos estão dispostos no artigo quarto da lei supramencionada e tratam desde o planejamento ambiental até as normas e parâmetros referentes ao manejo dos recursos naturais. É o que dispõe o seguinte artigo: 
Art. 4 – São instrumentos da Política Estadual do Meio Ambiente:
I - o planejamento ambiental;
II - os mecanismos de avaliação de impacto ambiental e Audiência Pública;
III - o licenciamento em suas diversas formas, e, as autorizações ambientais;
IV - o controle, o monitoramento e a fiscalização das atividades, processos e empreendimentos que causem ou possam causar impactos ambientais;
V - os espaços territoriais especialmente protegidos, incluindo as unidades de conservação;
VI - a educação ambiental;
VII - os mecanismos de estímulos e incentivos que promovam a recuperação, preservação e melhoria do meio ambiente;
VIII - o sistema estadual de registros, cadastros e informações ambientais;
IX - a Pesquisa e Tecnologia Ambiental;
X - as penalidades ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;
XI - as normas, padrões, critérios e parâmetros relativos à utilização, exploração, defesa e desenvolvimento dos recursos naturais e à qualidade ambiental.
Ao fazer a leitura do artigo adrede, observa-se que os incisos são minuciosamente trabalhados no decorrer do dispositivo legal até o final do Título III, cabendo a cada capítulo destrinchar um instrumento. Portanto, cada inciso é tratado pelo código, em suma, conforme abordagem a seguir. 
O inciso primeiro fala sobre a necessidade de ser realizado um planejamento ambiental prévio sobre o desenvolvimento social e econômico aliado a proteção ao meio ambiente, atendendo alguns princípios e objetivos pertinentes a atuação estatal. 
O inciso segundo trata dos mecanismos de avaliação de impacto ambiental para possíveis instalações de empreendimentos ou atividades causadoras de degradação ambiental. Para tanto, deverá ser feito um estudo avaliativo sobre os impactos ambientais causados e um respectivo relatório, dando-se a ele publicidade e garantindo a realização de audiências públicas para tratar dessas ações.
O inciso terceiro aborda sobre a necessidade de licença ambiental para construção de empreendimentos ou realização de atividades utilizadoras de recursos ambientais capazes de causar degradação ambiental.
O quarto inciso menciona a realização de controle, monitoramento e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras a serem realizadas por órgãos ou entidades competentes, obedecendo os princípios de sustentabilidade. 
Por sua vez, o quinto inciso colaciona os espaços territoriais protegidos e as unidades de conservação como atribuição do Poder Público de defini-los. Ainda ao Poder Público compete a implantação e a administração desses espaços. Estes espaços serão definidos conforme alguns critérios, quais sejam, proteção de ecossistemas, manutenção da diversidade biológica, proteção de populações tradicionais, manejo de recursos da flora e fauna, incentivo a pesquisas científicas e tecnológicas em matéria ambiental, proteção de espécies raras, endêmicas, vulneráveis ou em perigo de extinção, desenvolvimento de atividades de educação ambiental, lazer, cultura e turismo ecológico.
O sexto instrumento é um dos mais essenciais para real eficácia dos objetivos estabelecidos, a educação ambiental. Essa educação deve ser promovida pelo Estado, por meios pedagógicos, principalmente no ensino fundamental, sendo que o Poder Público e a iniciativa privada são responsáveis pela capacitação de profissionais para tanto. Outro ponto interessante é que além do incentivo pelos órgãos executivos do Sistema Estadual de Meio Ambiente – SIEMA, as empresas com atividade potencialmente danosas, devem estimular e promover essa educação ambiental.
Os incentivos e estímulos do inciso sétimo, são para recuperação, preservação e melhoria do meio ambiente, sendo fornecidos através de vantagens creditícias, apoio técnico, financeiro e operacional a todos aqueles que estiverem atuando em conformidade com a legislação, sendo sustados ou extintos os benefícios em caso de descumprimento.
 O Código de Proteção ao Meio Ambiente, prevê, no inciso oitavo, a guarda obrigatória pelos órgãos do SIEMA de registros e cadastros de atividades com potencial de geração de dano ambiental, bem como de informações de interesse ambiental, inclusivedos indivíduos e empresas envolvidos com a comercialização e consumo de produtos agressivos ao meio ambiente.
 O instrumento nono trata da pesquisa e tecnologia ambiental, que devem ser estimuladas e desenvolvidas pelo Estado. Têm por objetivo a melhora da qualidade de vida, devendo ser utilizadas nos estudos científicos acerca dos ecossistemas. Pode-se afirmar que busca garantir inclusive a viabilidade e execução de forma eficiente e eficaz dos demais instrumentos. É correto acreditar que o inciso IX teria um caráter mais basilar que os demais instrumentos na aplicação da Política Estadual de Meio Ambiente. 
Diferentemente dos demais, o inciso X não é trabalhado no Título III, mas em título próprio, qual seja o VII, que elenca as infrações e penalidades concernentes a elas. Apesar da responsabilidade civil pela degradação ser objetiva, acompanhando o dano em si e não quem deu causa, propter rem, pode-se perceber que o dolo não é completamente descartado, uma vez que é utilizado no art. 104, III, como agravante.
Na mesma linha do inciso anterior, o inciso XI também possui título próprio para tratar com mais cuidado as nuances do instrumento. Todavia há também uma parte no Título III, que compreende a primeira metade do instrumento. Em síntese essa primeira parte do instrumento, aprofundada no Capítulo XI, trata da competência para a criação de normas, padrões, critérios e parâmetros.
Fica fixada a competência do Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA, para definir esses aspectos, não excluindo a competência de outros órgãos do SIEMA, em caráter suplementar e complementar.
Ainda sobre o inciso XI, apesar de estabelecer a competência do COEMA, o próprio código traz a partir do Título IV ao Título VI, uma série de normas, padrões, critérios e parâmetros de utilização dos recursos, restando ao órgão, apenas regular nas lacunas que, porventura, aparecerem, bem como de definir quantitativos, processos, regular o uso de produtos dentre outras questões específicas que permeiem muito mais o âmbito técnico das atividades. 
4.2. DA INCONSTITUCIONALIDADE DA REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº. 91/2015
Uma vez que não é possível no presente trabalho adentrar em todos os aspectos do código, optamos por fazer uma abordagem mais generalista. Perpassando principalmente os aspectos mais conceituais que o embasam.
Nesse aspecto, abordaremos com mais detalhes o recente ajuizamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. Em resumo a Lei Complementar nº. 91, de 06 de outubro de 2015, trouxe mudanças severas ao texto original do código estadual no que tange ao licenciamento, flexibilizando e reduzindo o estabelecimento de quantitativos que pudessem mostrar de forma clara os impactos de determinadas atividades no meio ambiente, mascarando reais prejuízos.
Tendo em vista esse cenário, foi ajuizada Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI nº. 6959. Isso porque, uma vez que o art. 8º, I, da Lei 6.938/1981, estabeleceu o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, como órgão competente para estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidora, a alteração do texto vai de encontro ao que já havia sido estabelecido por esse órgão em âmbito nacional.
Em sua atribuição o CONAMA editou a Resolução 237, de 19 de dezembro de 1997, no qual instituiu 4 tipos de licenciamento: Licenciamento Prévio, Licenciamento de Instalação, Licenciamento de Operação e Licenciamento por Processo Simplificado. Sendo que este último somente valeria para pequenos empreendimentos potencial de impacto ambiental.
Ora, se olharmos de forma atenta à redação da Lei Complementar nº. 91/ 2015, ficará evidente uma tentativa de manobrada pelo legislador de conseguir um licenciamento simplificado, in verbis:
Art. 10-A. A Licença Ambiental será expedida pelo Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial – IMAP, em áreas de pequeno e médio impacto ambiental, para empreendimentos agrosilvopastoril e minerais, com a observância dos critérios fixados na Legislação Federal e nesta Lei Complementar. (Acrescentado pela Lei Complementar nº 91, de 06.10.2015)
§ 1º As atividades agrosilvopastoril e minerais (permissão de lavra garimpeira – PLG) são consideradas de baixo e médio impacto ambiental. (Acrescentado pela Lei Complementar nº 91, de 06.10.2015)
§ 2º As licenças ambientais (licença prévia, licença de instalação, licença de operação, licença ambiental única e/ou autorização ambiental) deverão ser emitidas em até 120 (cento e vinte) dias corridos, a contar da data do pedido protocolado pelo empreendedor no órgão ambiental responsável, desde que cumpridas todas as exigências documentais previstas no § 3º deste artigo. Decorrido o prazo, o Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial – IMAP compulsoriamente emitirá a licença prévia até a conclusão do processo da licença definitiva. (Acrescentado pela Lei Complementar nº 91, de 06.10.2015)
(...)
§ 6º Para análise e expedição da Licença Ambiental Única – LAU, somente são exigidos os documentos previstos nesta Lei Complementar. (Acrescentado pela Lei Complementar nº 91, de 06.10.2015)
(…)
§ 11. São considerados empreendimentos agrosilvopastoril de baixo, médio e alto impacto ambiental, nos termos deste artigo: (Acrescentado pela Lei Complementar nº 91, de 06.10.2015)
I – até 2.500 hectares são consideradas de baixo impacto ambiental; (Acrescentado pela Lei Complementar nº 91, de 06.10.2015)
II – acima de 2.500 hectares são consideradas de médio e alto impacto ambiental. (Acrescentado pela Lei Complementar nº 91, de 06.10.2015)
§ 12. São considerados empreendimentos minerais de baixo impacto ambiental, nos termos deste artigo, a Permissão de Lavra Garimpeira – PLG para pessoa física que deverá obedecer o limite de até 50 hectares. (Acrescentado pela Lei Complementar nº 91, de 06.10.2015)
(…) Art. 12-A. O Presidente do Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial – IMAP, no exercício de sua competência, observados os prazos de validade aqui dispostos, expedirá a Licença ou Autorização Ambiental caracterizada por fases de implantação das atividades ou empreendimentos, conforme segue: (Acrescentado pela Lei Complementar nº 91, de 06.10.2015)
(…)
IV – LICENÇA AMBIENTAL ÚNICA (LAU) expedida com validade de 06 (seis) anos, exclusivamente para as atividades e empreendimentos minerais (Permissão de Lavra Garimpeira – PLG), agrosilvopastoril, tais como: floresta, agricultura, pecuária, avicultura, suinocultura, aquicultura, extrativismo e atividades agroindustriais que poderão ser desenvolvidas em separado ou conjuntamente, sendo necessário para tanto a expedição de uma única licença; (Acrescentado pela Lei Complementar nº 91, de 06.10.2015)
Nota-se que há uma delimitação no texto legal a fim de determinar de forma prévia, quais são áreas de baixo, médio e alto impacto ambiental para empreendimentos agrossilvopastorils e minerais, de forma a dispensar o Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA, que está entre as incumbências do poder público em tema de proteção ambiental, entre as quais impôs a exigência de elaboração do previamente à “instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente” (art. 225, § 1º, IV).
Esse tipo de permissão prévia, fere todo o processo de licenciamento estabelecido previamente pelo CONAMA e pela Carta Magna, bem como o Princípio da proibição do retrocesso, pelo qual não se pode retornar a estágio anterior que implique em menor proteção de direito à legislações pré-estabelecidas.
Ainda não há decisão sobre a ADI, no entanto, são claras as evidências de uma tentativa de contornar o licenciamento que implicam em clara inconstitucionalidade das mudanças legislativas aplicadas ao Código de Proteção ao Meio Ambiente do Estado do Amapá.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os Códigos Florestais brasileiros sempre se encontraram em situação extremamente íntima com o desenvolvimento agropecuário e o extrativismo mineral, sobremaneira com o primeiro. Oprimeiro código, de 1934, surgiu da necessidade de preservação de recursos naturais que eram essenciais ao desenvolvimento; o segundo, de 1965, adotou uma linha mais protecionista ao meio ambiente natural; o terceiro, de 2012, apresentou uma série de retrocessos, muito em razão da participação massiva de legisladores com grande interesse em derrubar o protecionismo anterior.
Apesar disso o Código Florestal de 2012 trouxe diversos institutos interessantes como o Cadastro Ambiental Rural – CAR, não subsistindo a necessidade de outros instrumentos, como averbação da área de reserva legal. Trouxe também alterações importantes acerca das Áreas de Preservação Permanente e das Reservas Legais. O que desencadeou uma discussão interessante acerca do princípio da Proibição do Retrocesso das legislações ambientais, no que diz respeito ao art. 15.
Segundo a jurisprudência do STJ, os imóveis irregulares na vigência da legislação antiga devem ser regidos por suas normas, pelo princípio tempus regit actum e pela obrigação propter rem. O STF determinou que a proibição do retrocesso não significa imutabilidade ou engessamento, podendo o legislador fazer alterações a fim de privilegiar princípios fundamentais.
Quanto ao Código de Proteção ao Meio Ambiente do Estado do Amapá, este trouxe uma série de instrumentos a fim de promover, de maneira prática a política ambiental. Esses instrumentos interrelacionados, perpassam pela educação, tecnologia, normas e padrões, fiscalização, avaliação de impactos, etc.
Apesar da grande proteção do código, recentemente foi ajuizada Ação Direta de Inconstitucionalidade, ADI n°. 6959, no qual o Ministério Público Federal, aponta inconstitucionalidades claras na redação dada pela Lei Complementar nº. 91, onde se busca realizar uma avaliação de impacto prévia de empreendimentos agrossilvopastorils, a fim de burlar o licenciamento. Ainda não há decisão sobre o tema, mas a inconstitucionalidade, mostra-se cristalina. 
REFERÊNCIAS
AMAPÁ. Lei Complementar nº. 0005 de 18/08/94 – Institui o Código de Proteção
Ambiental ao Meio Ambiente do Estado do Amapá e dá outras providências. Disponível em: <http://www.al.ap.gov.br/ver_texto_consolidado.php?iddocumento=5632>
BRASIL. Lei 4.771. Institui o Código Florestal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4771.htm>.
______. Decreto No 23.793, de 23 de janeiro de 1934. Aprova o Código Florestal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d23793.htm>. 
Histórico e evolução do Código Florestal no Brasil. Agosto de 2019. Disponível em: <https://advambiental.com.br/codigo-florestal-lei-ambiental-brasil/>. Acesso em: 17 ago 2021.
Novo Código Florestal: entenda o que mudou. Instituto Brasileiro de Florestas. Disponível em: https://www.ibflorestas.org.br/conteudo/novo-codigo-florestal-entenda-o-que-mudou. Acesso em: 16 de agosto de 2021.
O que é o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Serviço Florestal Brasileiro. Janeiro de 2021. Disponível em: <https://www.florestal.gov.br/inventario-florestal- nacional/?option=com_content&view=article&id=74&Itemid=94>. Acesso em 17 ago 2021.
O que é o Código Florestal. Dicionário Ambiental. ((o))eco, Rio de Janeiro, ago. 2014. Disponível em: <http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28516-o-que-e-um-ecossistema-e-um-bioma/>. Acesso em: 16 ago 2021.
Reinehr, Tatiana. DIREITO AMBIENTAL: Recursos Florestais. Lei n. 12.651/2012. Disponível em: https://www.canalrural.com.br/sites-e-especiais/confira-principais-pontos-relatorio-novo-codigo-florestal-aprovado-senado-3345/. Acesso em: 16 de agosto de 2021.
TJ-MG - AC: 10521130098275001 Ponte Nova, Relator: Lílian Maciel, Data de Julgamento: 23/02/2017, Câmaras Cíveis / 5ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 07/03/2017. Disponível em: <https://tj-g.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/942725169/apelacao-civel-ac-10521130098275001-ponte-nova>. Acesso em: 17 ago 2021.
Vital, Danilo. Código Florestal não retroage para cômputo de APP em reserva legal. Consultoria Jurídica, 2020. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-jun-08/codigo-florestal-nao-retroage-computo-app-reserva-legal. Acesso em: 16 de agosto de 2021.

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