Buscar

APS - TRABALHO

Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS CURSO DE DIREITO
APS - PROCESSO DO TRABALHO
Professora:
Aluno:
RA:
SÃO PAULO
(2020)
Pergunta-se:
1)Agiu corretamente o Magistrado na distribuição do ônus da prova no acaso acima apresentado? Fundamente sua opção de forma completa, inclusive abordando brevemente a questão da inversão do ônus da prova no processo do trabalho.
FUNDAMENTO: O juiz não distribuiu o ônus da prova corretamente, pois segundo a doutrina do jurista Gustavo Filipe Barbosa Garcia, “cabe ao juiz o exame da questão em cada caso concreto, fazendo incidir o ônus da prova sobre a parte que tem melhores condições, especialmente técnicas, demonstrar o fato, o que muitas vezes resultaria na inversão do ônus da prova, passando a incidir sobre o empregador.” Sendo assim, o Magistrado deveria ter invertido o ônus da prova para o Reclamado e não para o Reclamante, já que este tem menos recursos para provar o alegado, como por exemplo, a demissão por justa causa. Para a distribuição do ônus probatório, dispõe a CLT: “Art. 818. O ônus da prova incumbe: I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante” Sendo assim, via de regra compete à parte demonstrar o fato por si alegado. 
O pedido do reclamante de descaracterização da justa causa, decorrente de término do contrato de trabalho por iniciativa do empregador, nos termos da súmula 212 do TST, o ônus de provar os motivos da rescisão e, no caso a demonstração da prática de concorrência desleal por parte do autor, recai neste caso sobre o reclamado, e com relação ao pedido de pagamento de horas extras, em razão da anotação relativa a atividade externa, conforme prevê a CLT no “Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados;”. Ainda que, via de regra, seja competência do empregador o controle da jornada de trabalho de seus empregados, em razão da exceção aplicável em decorrência da atividade externa, o ônus de comprovar, portanto, a existência de um controle irregular de jornada que afaste tal anotação recai sobre o reclamante. Assim, diante das explicações acima, agiu corretamente o magistrado no caso.
2) Qual a finalidade do protesto apresentado pelo advogado do autor?
FUNDAMENTO: O protesto se faz necessário para que conste em Ata de Audiência a indignação do advogado do autor pelo fato do juiz de 1º grau ter ouvido a testemunha do Réu, não levando em conta o interesse na solução da demanda, tendo em vista que este era diretor comercial com participação acionária na empresa. E também para que em um possível Recurso Ordinário, a Turma julgadora aprecie tal “lesão”.
Verifica-se na justiça do trabalho, no art. 893, § 1º, da CLT, o princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias, que, junto com o princípio da concentração dos atos processuais, coadunam-se a fim de propiciar celeridade à Justiça do Trabalho. “Art. 893 - Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: [...] § 1º - Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva”. Ao contrário do que se observa do Processo Civil, não caberá Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória, será adotado, conforme adequadamente utilizado no caso, o protesto verbal através do qual a parte impugna decisão interlocutória proferida quando em audiência requerendo seu registro em ata para que, sendo a sentença a si desfavorável, esteja afastada a preclusão.
3) O juiz poderia dispensar o interrogatório das partes?
FUNDAMENTO: 
Sim, desde que fundamente a decisão, como exige o art. 93, IX, da CF. e o art. 11, do CPC. O advogado requerente, diante do indeferimento, deve, por extrema cautela, protestar de argumento do art. 795, da CLT. Além disso, deve pleitear a exposição, em ata de audiência, da fundamentação judicial para a exoneração do interrogatório. 
Nesse sentido, o Art. 848 da CLT acrescenta que poderia, mas de acordo com o entendimento do TRT o referido artigo deverá ser observado em consonância com o Art. 820 da CLT que trata consolidação e os princípios da ampla defesa e do contraditório, previstos no inciso LV do art. 5º da CF, não sendo, por tanto, considerado uma mera faculdade do juiz o interrogatório das partes. 
4) Explique à luz da doutrina, legislação e jurisprudência os fundamentos que deveriam ser utilizados pelo advogado de Genivaldo ao formular a contradita.
FUNDAMENTO: Tal impugnação deve ser feita logo após o término da qualificação e pode ser concernente aos suspeitos Art. 447, 3º, CPC das testemunhas. Observa-se que o próprio CPC, exige para validade do testemunho, a qualificação da testemunha, o que é sempre cumprido de ofício pelo juiz, conforme prevê o Art. 457. Destarde a Súmula 357 do TST, trás que a contradita tem um momento oportuno para ser utilizada, antes do depoimento da testemunha, impedindo que ocorra sua oitiva. Através dela podem ser alegadas a parcialidade, a suspeição ou a inidoneidade de uma testemunha.
5) Explique o que são razões finais remissivas? Se hipoteticamente os advogados optassem por razões finais orais, quais as cautelas que deveriam ser observadas?
FUNDAMENTO: São razões finais remissivas, aquelas em que o advogado se remete aos termos da inicial ou defesa, falando ao juiz eu reitero tudo o que já disse durante a petição inicial. O advogado deve estar atento a apresentar: As motivações da ação, Resumo dos procedimentos anteriores, Detalhe das alegações já realizadas, Detalhe da audiência de instrução, e Exposição dos fatos e fundamentos. Na Justiça do Trabalho a regra é a da oralidade. Assim, na teoria você tem que se manifestar ao final da audiência em 10 minutos (artigo 850, da CLT). Assim, ao final deverá reiterar os termos da inicial e pedir a procedência da ação, se for advogado do reclamante, ou de reiterar os termos da contestação e pedir a improcedência da ação, se for advogado da reclamada.
6) Agiu corretamente o juiz ao arbitrar os honorários sucumbências no percentual de 20% a ser calculado considerando o valor da causa?
FUNDAMENTO: No caso, a reforma trabalhista alterou a regra dos honorários sucumbências, no que se refere à legislação trabalhista, está por sua vez, através da Lei 13.467/17, modificou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e trouxe no escopo do seu texto normativo várias alterações, dentre as quais a previsão quanto a cobrança dos honorários de sucumbência, previsão esta que está nos termos do Art. 791-A da Lei 13.467/17 “Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.”
Sendo assim, o Magistrado não agiu corretamente, pois se baseou pelo o art. 85, §2, CPC, que assevera os honorários de sucumbências serão fixadas entre o mínimo de 10% e o máximo de 20% sobre o valor da condenação.
7) Qual a medida processual utilizada pelo autor para o exame dos pontos omissos da sentença? Qual o prazo? Se tivesse sido acolhida a medida quais os seus efeitos?
FUNDAMENTO: A medida processual utilizada pelo autor foram os Embargos de Declaração no prazo de 5 dias úteis. No artigo 897-A da CLT diz: “Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de 5 (cinco) dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no examedos pressupostos extrínsecos do recurso.” Caso fossem acolhidos os Embargos de Declaração o juiz teria deferido à justiça gratuita e como consequência a ação julgada improcedente, passaria a ser julgada parcialmente procedente. Sendo assim, o autor não precisaria recolher custas para interposição de Recurso Ordinário.
8) Qual a medida processual apresentada pelo autor após o indeferimento da medida processual em relação à omissão? Qual o prazo e o marco inicial desse prazo? Quais os seus pressupostos genéricos?
FUNDAMENTO: A medida processual que deverá ser apresentada pelo autor após o indeferimento dos Embargos de Declaração deverá ser o Recurso Ordinário, nos termos do Art. 895 da CLT - Cabe recurso ordinário para a instância superior: I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; o reclamado inconformado interpôs Recurso Ordinário, no prazo de 08 dias úteis contados da publicação da sentença que indeferir os embargos opostos, cujos pressupostos consistem em preparo, capacidade, legitimidade, interesse recursal, adequação, recorribilidade, tempestividade e representação. 
9) Qual a medida judicial cabível da denegação da medida judicial referida no item 8? Quais as obrigações da parte que avia essa medida? Qual o juízo de interposição? Qual o juízo de conhecimento? Qual o objetivo dessa medida?
FUNDAMENTO: O Agravo de Instrumento visa destrancar o recurso denegado e deve interposto perante o juízo a quo que proferiu a decisão a ser combatida, no caso em tela a Vara do Trabalho, e o seu conhecimento se dará pelo juízo ad quem, nesta hipótese o TST. Assim, contra a decisão que denegar a interposição de recurso caberá, nos termos do artigo 897, “b”, CLT, Agravo de Instrumento. “Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias [...] b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos.”
10) Considerando-se que o Tribunal deu provimento a medida judicial que combateu a decisão denegatória da medida principal, bem como provimento parcial a própria medida principal reconhecendo o direito às horas extras e o direito de Genivaldo receber valores relacionados ao empréstimo sem apresentar tese explícita o que resta do ponto de vista processual para que Genivaldo possa defender seus interesses com relação a justa causa e a litigância de má fé? Apresente a(s) medida(s), prazo(s), finalidade(s) e pressuposto(s) especifico(s) ao caso concreto.
FUNDAMENTO: Das decisões do TRT, cabe Recurso de Revista (Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando: [...]), na hipótese de não conhecimento do recurso, sob a alegação que falta algum pressuposto a medida judicial cabível é o Agravo de Instrumento (artigo 897, alínea “b” da CLT). Sendo o prazo de 08 dias úteis e no artigo 896, “c”, CLT, o reclamante, poderá ter protestado com finalidade de pré-questionamento a contradita de testemunha indeferida pelo juiz, poderá interpor Recurso de Revista contra o acórdão que não deu provimento ao pagamento de horas extra. 
Assim sendo, competirá ao reclamante inconformado, quando da interposição do recurso de revista e sob pena de não ser este conhecido, deverá cumprir os requisitos previstos nos incisos I a IV do parágrafo primeiro do referido artigo 896, cabendo no caso apresentado simplificadamente a indicação do trecho da decisão recorrida na qual foi realizado o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista interposto, indicar a contrariedade à lei e à Carta Magna, a exposição do pedido de reforma com as respectivas impugnações específicas à decisão recorrida. 
Deverá o autor demonstrar a suspeição do testemunho prestado pelo diretor comercial, por ser este igualmente acionista da empresa ré e, portanto, ter interesse no deslinde da demanda, sendo fundamental ressaltar que as hipóteses de suspeição consubstanciadas no artigo 829 da CLT não constituem rol exaustivo, sendo admissíveis hipóteses não previstas expressamente na lei e que venham a demonstrar a parcialidade da testemunha como interessada no resultado do pleito. 
Assim, ao aceitar testemunho de terceiro interessado, além de descumprido o referido artigo 829, resta ferido o livre convencimento do juiz, por ter-se pautado em testemunho indevido, afrontando-se, por conseguinte, o princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa.
11) Como o Tribunal reformou a sentença com relação ao empréstimo, qual ou quais a medidas que a empresa pode adotar? Qual ou quais os seus prazos, pressupostos, efeitos, juízo de admissibilidade, julgamento e fundamento jurídico?
FUNDAMENTO: O TRT poderá ser acionado (por meio de recurso) sempre que a parte que tenha sentença desfavorável, não se conformar com a decisão proferida pela instância inferior. A empresa poderá adotada, medidas conforme o artigo 896§14, que estabelece que o relator possa denegar seguimento ao recurso de revista caso não estejam presentes todos os pressupostos intrínsecos e extrínsecos, o que já era aplicado na prática, mas não tinha previsão no direito processual trabalhista.
Está previsto o efeito devolutivo em profundidade, prazo de 8 dias úteis, e o juízo de admissibilidade será “a quo”. Em concordância, Nelson Nery Junior justifica tal modalidade, na medida em que a apreciação dos requisitos de admissibilidade, embora condicione a análise do mérito, não possui o condão de interferi-la/influenciá-la quando realizada pelo julgador. São assim, independentes.

Continue navegando