Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PARASITOLOGIA HUMANA John Santos Tricomoníase Introdução Tricomoníase é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pelo protozoário Trichomas vaginalis. A Tricomoníase pode afetar homens e mulheres, contudo é mais comum nas mulheres. O Trichomas vaginalis não é grande causador de sequelas. Entretanto, está associado a sérias complicações de saúde: promove a transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV); causa de baixo peso em bebês, bem como de nascimentos prematuros; predispõe mulheres a doença inflamatória pélvica, câncer cervical e infertilidade. Agente Etiológico O Trichomas vaginalis é uma célula tipicamente elipsoide, piriforme (formato de pera) ou oval; trata-se de um protozoário plástico, tendo inclusive a capacidade de formar pseudópodes para capturar alimentos e se fixar em partículas sólidas. O protozoário possui quatro flagelos anteriores, desiguais em tamanho, e uma membrana ondulante que se adere ao corpo pelas costas. Além disso, destaca- se o axóstilo, uma estrutura rígida e hialina, formada por microtúbulos que se projeta pelo centro do organismo, prolongando-se até a extremidade posterior. Outro fato importante é que o Trichomas vaginalis não possui forma cística, somente a trofozoítica. O T. vaginalis é um organismo anaeróbio facultativo. Cresce perfeitamente bem na ausência de oxigênio, em meios de cultura com faixa de pH compreendida entre 5 e 7,5 e em temperaturas entre 20 e 40°C. Figura 1. Trichomas vaginalis. AF: flagelos anteriores; AX: axóstilo; RF: membrana ondulante. Figura 2. Microscopia óptica do Trichomas vaginalis. PARASITOLOGIA HUMANA John Santos Hábitat O T. vaginalis habita o trato genitourinário do homem e da mulher, onde produz a infecção e não sobrevive fora do sistema urogenital. Transmissão O T. vaginalis é transmitido através da relação sexual e pode sobreviver por mais de 1 semana sob o prepúcio do homem sadio após o coito com uma mulher infectada. Nesse sentido, o homem é o vetor da doença. Com a ejaculação, os tricomonas presentes na mucosa da uretra são levados à vagina pelo esperma. A transmissão não-sexual é rara, mas teoricamente pode ocorrer em casos de duchas contaminadas, espéculos ou assento de vasos sanitários. Figura 3. Transmissão do Trichomas vaginalis. Patogenia e Sintomatologia O estabelecimento do Trichomas vaginalis na vagina inicia com o aumento do pH. Tal elevação do pH vaginal promove uma modificações da flora bacteriana vaginal. A aderência e a citotoxicidade exercidas pelo parasito sobre as células do hospedeiro podem ser ditadas pelos fatores de virulência, como adesinas, cisteína-proteinases, integrinas, cell- detaching factor (CDF) e glicosidases. Além dos mecanismos contato- dependentes, os mecanismos contato- independentes estão envolvidos na patogênese, tendo em vista que que produtos secretados pelo parasito, como glicosidases e CDF, em meios de cultura, têm se mostrado altamente tóxicos às células epiteliais. Outrossim, as cisteína- proteinases são citotóxicas e hemolíticas e apresentam capacidade de degradar IgG, IgM e IgA presentes na vagina. QUADRO CLÍNICO NA MULHER Trata-se de uma vaginite caracterizada pelos seguintes sinais: ➝ Leucorreia (corrimento vaginal) de aspecto bolhoso, coloração amarelo- esverdeada, odor vaginal anormal. ➝ Prurido ou irritação vulvovaginal. ➝ pH alcalino: redução de Lactobacillus sp. ➝ Dispareunia. PARASITOLOGIA HUMANA John Santos ➝ Disúria. ➝ Poliúria/Polaciúria. Figura 4. Corrimento bolhoso da infecção por Trichomas vaginalis. QUADRO CLÍNICO NO HOMEM No homem, a Tricomoníase é comumente assintomática. Quanto sintomática, pode apresentar uma uretrite com fluxo leitoso ou purulento, uma leve sensação de prurido na uretra, queimação branda após urinar ou ejacular (emitir esperma). Complicações são raras, mas podem incluir epididimite, infertilidade e prostatite. Diagnóstico O diagnóstico clínico deve ser confirmado com recursos auxiliares que complementem a suspeita clínica. ➝NA MULHER: Pode-se fazer: Coleta de urina após 18- 24h sem higienização; Coleta com swab de fundo de saco vaginal. ➝NO HOMEM Pode-se fazer: Coleta de urina (primeiro jato); Espermograma (menos comum). . Tratamento Os fármacos mais utilizados contra as infecções pelos tricomonas são Metronidazol, tinidazol, ornidazol, nimorazol, carnidazol, Secnidazol e flunidazol. Sendo que o Metronidazol é o tratamento de escolha da Tricomoníase. Profilaxia As medidas mais importantes são: prática do sexo seguro; uso de preservativos; abstinência de contatos sexuais com pessoas infectadas; tratamento imediato, eficaz e simultâneo dos parceiros sexuais. REFERÊNCIAS MACIEL, Gisele de Paiva; TASCA, Tiana; CARLI, Geraldo Attilio de. Aspectos clínicos, patogênese e diagnóstico de Trichomonas vaginalis. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, [s. l], v. 40, n. 3, p. 152-160, jun. 2004. NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. 13. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2016.
Compartilhar