Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES BANCÁRIAS CONCURSO DE ANALISTA DO BANCO CENTRAL JOSÉ AMÉRICO PEREIRA ANTUNES JOSÉ ROBERTO NUNES PIRES ÍNDICE Ranking de Assuntos 2 Introdução 4 CAPÍTULO 1 - REVISÃO DE CONTABILIDADE 20 Exercícios 25 CAPÍTULO 2 - O PLANO DE CONTAS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS – COSIF/DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 26 Exercícios 35 Normas Básicas 37 CAPÍTULO 3 - OPERAÇÕES DE CRÉDITO 47 Exercícios 55 Normas Básicas 57 CAPÍTULO 4 - TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS 62 Exercícios 68 Normas Básicas 70 CAPÍTULO 5 - OPERAÇÕES INTERFINANCEIRAS DE LIQUIDEZ 73 Exercícios 78 Normas Básicas 79 CAPÍTULO 6 - DERIVATIVOS 81 Exercícios 99 Normas Básicas 102 CAPÍTULO 7 - ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO (Leasing) 106 Exercícios 120 Normas Básicas 121 CAPÍTULO 8 - CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E CONTINGÊNCIAS 124 Exercícios 135 Normas Básicas 136 CAPÍTULO 9 - ATIVO PERMANENTE/CONSOLIDAÇÃO/PATRIMÔNIO LÍQUIDO 138 Exercícios 147 Normas Básicas 148 CAPÍTULO 10: DEPÓSITOS E REPASSES / RELAÇÕES INTERFINANCEIRAS E INTERDEPENDÊNCIAS - Normas Básicas 160 GABARITO 165 2 Assunto Qtde Questões % Normas Básicas Seção Item do Programa Princípios Gerais (Capítulo 2) 13,2 18% 1 1. Plano contábil das instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF): normas básicas. 2. Escrituração. 3. Exercício social. 4.Elenco de contas. Classificação de contas. Livros de escrituração. Regimes de competência. Critérios de avaliação dos ativos e de registro dos passivos.Conciliação e análise de contas: importância da documentação suporte para a contabilidade. 9. Contas de compensação. 16. Princípios fundamentais de contabilidade. Demonstrações Financeiras (Capítulo 2) 2 3% 22 10. Demonstrações contábeis: balanço/balancete. 11.Demonstração de resultados. 12. Demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR). 13. Demonstrações das mutações do patrimônio líquido e de lucros ou prejuízos acumulados. 14. Notas explicativas. 15. Relatório da administração. Operações de Crédito (Capítulo 3) 3,6 5% 6 7.Constituição de provisões. 21.Conceito, funções e registro de operações ativas: operações de crédito: empréstimo, financiamento, desconto. Cessão de Créditos e Instrumentos Financeiros (Capítulo 3) 2 3% 8, 35 Não há TVMs (Capítulo 4) 6 8% 4, itens 1, 2 e 6 20. Marcação a mercado. 21. Conceito, funções e registro de operações ativas: títulos e valores mobiliários Operações Interfinanceiras (Capítulo 5) 5 7% 4, item 3 21. Conceito, funções e registro de operações ativas: operações interfinanceiras de liquidez Derivativos (Capítulo 6) 18,2 25% 4, itens 4, 5 e 6 20. Marcação a mercado; 24. Derivativos: termo, futuro, opção e swap, derivativos de crédito. Funções dos derivativos hedge, arbitragem, especulação, captação e aplicação. Arrendamento Mercantil (Capítulo 7) 4 5% 7 21. Conceito, funções e registro de operações ativas: arrendamento mercantil Crédito Tributário (Capítulo 8) 3 4% 9, item 6 6. Registro do crédito tributário: decorrentes de prejuízos fiscais e diferenças temporárias. Ativo Permanente / Consolidação (Capítulo 9) 4 5% 11, 21 8. Ativo permanente; 17. Avaliação de Investimentos. 18. Consolidação de balanços. Patrimônio Líquido (Capítulo 9) 4 5% 16 8. Patrimônio líquido 3 Assunto Qtde Questões % Normas Básicas Seção Item do Programa Depósitos e Repasses (Capítulo 10) 5 7% 12 21. Conceito, funções e registro de operações ativas: repasses; 22. Conceito, funções e registro de operações passivas: depósitos à vista, a prazo e de poupança, operações interfinanceiras, debêntures, captações externas, repasses. Outros (Capítulo 10) 0 0% 5 5. Relações interfinanceiras e interdependências. 23. Operações de câmbio. 25. Operações acessórias. Gestão de Riscos 2 3% Não Aplicável 26. Gestão de riscos no mercado financeiro. Risco de mercado. Risco de moedas. Risco de taxas de juros. Risco de Preços. Risco de crédito. Risco de liquidez. Risco operacional. Risco Legal. Análise de Balanços 2 3% Não Aplicável 19. Análise de demonstrações contábeis voltada para instituições financeiras: estrutura patrimonial, liquidez e resultado. 4 INTRODUÇÃO: CONCEITOS INICIAIS RELACIONADOS AO MERCADO FINANCEIRO E À DINÂMICA DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS A INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA Para se entender o funcionamento de uma INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, é fundamental entender, primariamente, o seu negócio básico, a INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA. Sim, porque de forma análoga às empresas comerciais, as instituições financeiras são intermediários. A diferença básica é que, enquanto as empresas comerciais fazem intermediação de mercadorias, as instituições financeiras fazem intermediação de disponibilidade de recursos financeiros. Por basearem seu negócio na intermediação financeira, as instituições financeiras também são chamadas de INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS. As INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS têm um papel fundamental no MERCADO FINANCEIRO. Mas o que é intermediação financeira e por que o mercado financeiro demanda a existência dos intermediários financeiros? A resposta a essas perguntas vem do entendimento dos principais conceitos e da dinâmica do mercado financeiro. Em qualquer economia, os agentes podem encontrar-se em duas situações distintas, no que tange à disponibilidade de recursos financeiros em um determinado momento. Esqueçamos, por enquanto, as instituições financeiras: (a) AGENTES ECONÔMICOS SUPERAVITÁRIOS (também chamados de APLICADORES, INVESTIDORES ou, mais vulgarmente, DOADORES): São agentes econômicos que, em dado momento, possuem recursos financeiros disponíveis e disposição para aplicar tais recursos por um determinado prazo, auferindo renda por essa aplicação. Podem encontrar-se nessa situação entidades como FAMÍLIAS, EMPRESAS ou GOVERNOS. Tradicionalmente, uma classe especial de investidores é referida na literatura, os chamados INVESTIDORES INSTITUCIONAIS. São assim chamados quaisquer entidades que, por característica inerente à sua principal atividade, agreguem grande quantidade de recursos financeiros (poupança), os quais são carreados para o mercado financeiro. Exemplos típicos são as entidades de previdência privada (conhecidas como fundos de pensão). Também são exemplos dessa classe, os fundos de investimento, as companhias seguradoras e as companhias de capitalização. (b) AGENTES ECONÔMICOS DEFICITÁRIOS (também referidos como TOMADORES ou DEVEDORES): São agentes econômicos que, em dado momento, necessitam captar recursos financeiros de terceiros por um determinado prazo, a fim de financiar, no presente, consumo, investimento ou capital de giro para os quais, ou não possuem recursos financeiros disponíveis, ou, por uma decisão financeira (alavancagem, por exemplo), optem por utilizar-se de recursos de terceiros. Podem enquadrar-se nessa situação também FAMÍLIAS, EMPRESAS ou GOVERNOS. É a existência dessas duas situações que geram a oferta e a demanda, condições básicas para a formação de qualquer mercado. No caso, o objeto da oferta e da demanda é a DISPONIBILIDADE DE 5 RECURSOS FINANCEIROS POR UM DETERMINADO PRAZO. Os agentes econômicos superavitários são os OFERTANTES enquanto os DEFICITÁRIOS são os DEMANDANTES. Como em qualquer mercado, isso tem um preço. Esse preço é o que chamamos de JUROS ou, de uma forma mais abrangente, de ENCARGOS FINANCEIROS. Assim, um aplicador opta por disponibilizar recursos financeiros a um tomador por um determinado prazo com o intuito de auferir RENDA, decorrente desses JUROS ou ENCARGOS FINANCEIROS. O seguinte esquema ilustra a base do mercado financeiro:As transações do mercado financeiro são formalizadas através de INSTRUMENTOS FINANCEIROS, ou seja, CONTRATOS que vinculam os agentes envolvidos e detalham os aspectos relativos aos prazos, encargos financeiros e demais condições, como garantias, por exemplo. Alguns desses contratos podem transformar-se em TÍTULOS, por um processo chamado SECURITIZAÇÃO que visa, sobretudo, facilitar a troca de agentes envolvidos, permitindo o surgimento de um MERCADO SECUNDÁRIO, o que dá LIQUIDEZ às posições, aumentando a dinâmica do mercado. Por ora, restrinjamos nossas atenções ao chamado MERCADO PRIMÁRIO, deixando os conceitos de securitização e demais conceitos relacionados ao mercado secundário para detalhamento mais adiante. Mas no mercado financeiro, como nos demais mercados, o fluxo entre ofertantes e demandantes não é tão simples e direto. No caso das mercadorias, normalmente os fatores que levam à necessidade de intermediários no fluxo entre os produtores (ofertantes) e os consumidores (demandantes) estão normalmente relacionados a questões de logística, especialização e compatibilização de quantidades (varejo/atacado). No caso do mercado financeiro há fatores mais complexos que geram a necessidade de intermediários no fluxo de recursos financeiros dos agentes econômicos superavitários para os deficitários. Examinemos esses fatores, basicamente intuitivos, que podem ser resumidos nos seguintes itens, que detalharemos adiante: (a) CONFIANÇA, (b) ESPECIALIZAÇÃO, (c) COMPATIBILIZAÇÃO DE PRAZOS e; (d) COMPATIBILIZAÇÃO DE VALORES. (a) CONFIANÇA: Costuma-se brincar que a parte mais sensível do ser humano é o “bolso”, ou seja, nenhuma perda dói mais que a perda de dinheiro. Exageros à parte, é intuitivo que nenhum ser humano racional aplicaria seu dinheiro sem uma formalização adequada ou tendo como contraparte um $+ $- $ JUROS ou ENCARGOS FINANCEIROS 6 tomador no qual não confie que os recursos retornarão. Isso não elimina o RISCO, conceito sobre o qual discorreremos mais adiante, mas é fato que os investidores racionais buscam, em suas decisões, maximizar o retorno associado ao risco de seu investimento. Em um SISTEMA FINANCEIRO REGULAMENTADO, ou seja, onde exista uma estrutura regulatória governamental para as transações do mercado financeiro, essa questão da confiança torna-se mais complexa. Imaginemos o Brasil: Como detalharemos em tópico específico, no sistema financeiro brasileiro, que chamaremos de SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL, não é livre aos agentes econômicos a emissão de instrumentos financeiros para captar recursos diretamente dos investidores. No mercado privado, apenas as COMPANHIAS ABERTAS ou SOCIEDADES ANÔNIMAS DE CAPITAL ABERTO, além do próprio governo podem fazê-lo. Assim, aos demais agentes econômicos, a captação de recursos financeiros depende necessariamente dos intermediários financeiros. Esse fator, portanto, é uma restrição mais relacionada aos TOMADORES. (b) ESPECIALIZAÇÃO: A aplicação de dinheiro no mercado financeiro demanda conhecimento e análises relativas aos riscos e perspectivas de retorno esperado associadas às alternativas disponíveis. Nem sempre os pequenos investidores têm conhecimento adequado ou acesso às informações necessárias para uma tomada de decisão acerca de onde investir seu dinheiro. Pode até não compensar, dependendo do volume de recursos disponíveis para aplicar, a “perda de tempo” com coleta de informações e análises para tal. Assim, pequenos investidores tendem a “delegar” a aplicação de seu dinheiro a intermediários financeiros. (c) COMPATIBILIZAÇÃO DE PRAZOS: Ainda que fatores como confiança e especialização sejam superados, para que haja uma transação no mercado financeiro, há a necessidade de que as expectativas de prazo dos agentes sejam “casadas”. Por exemplo, suponha que uma pessoa necessite de R$ 100 mil reais para a compra de um apartamento, tendo condição de retornar esse valor em 15 anos. Sem intermediários financeiros, essa pessoa precisaria encontrar um outro agente econômico com esse dinheiro disponível por esse prazo, além de disposição para uma aplicação tão longa e sem liquidez. (d) COMPATIBILIZAÇÃO DE VALORES: De forma semelhante aos PRAZOS, é requisito para as transações que as expectativas de valores sejam “casadas” entre os agentes. Poupanças individuais são normalmente ínfimas se comparadas às demandas de projetos de grande porte, como hidrelétricas, por exemplo. Projetos desse porte só teriam como ser financiados com a existência de intermediários que tenham a capacidade de agregar poupanças individuais. Assim, podemos dizer que os INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS têm como função básica na economia a criação de instrumentos que facilitem o fluxo de recursos entre os AGENTES ECONÔMICOS SUPERAVITÁRIOS (ofertantes) e os DEFICITÁRIOS (demandantes). Ou seja, são basicamente ALOCADORES DE RECURSOS. Como intermediários, tal qual ocorre com as empresas comerciais, as INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS “compram” e “vendem” algo, fazendo seu resultado justamente pela diferença de “preço” que pagam aos seus “fornecedores” e o que cobram dos seus “clientes”. Fazendo a analogia 7 com as empresas comerciais, a “mercadoria” das IFs é a DISPONIBILIDADE DE RECURSOS FINANCEIROS POR UM DETERMINADO PRAZO. O “preço” corresponde aos JUROS e demais ENCARGOS FINANCEIROS cobrados dos seus “clientes”, no caso, os TOMADORES ou AGENTES ECONÔMICOS DEFICITÁRIOS ou pagos aos seus “fornecedores” no caso, os APLICADORES ou AGENTES SUPERAVITÁRIOS ou DEPOSITANTES. A “margem” das IFs é chamada de “SPREAD”. Ou seja, chamamos de “SPREAD BANCÁRIO” ou, simplesmente, “SPREAD” a diferença entre os juros ou encargos cobrados dos TOMADORES e aqueles pagos aos DEPOSITANTES. É a base da formação do RESULTADO DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA, análogo ao lucro bruto na Demonstração do Resultado das empresas comerciais. A INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA consiste, portanto, na CAPTAÇÃO DE RECURSOS por um determinado prazo e a um determinado custo (juros e demais encargos) junto aos agentes econômicos superavitários e a APLICAÇÃO DE tais RECURSOS por um determinado prazo ao custo de captação, acrescido do “SPREAD”, em operações contratadas com os agentes econômicos superavitários. Os INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS, para tal, têm à sua disposição, INSTRUMENTOS FINANCEIROS de CAPTAÇÃO e de APLICAÇÃO de recursos, que podem ser chamados, respectivamente, OPERAÇÕES PASSIVAS e OPERAÇÕES ATIVAS. A maior parte dos instrumentos financeiros permitidos aos INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS para a sua atividade fim não são permitidos aos demais agentes econômicos não caracterizados como INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. Por exemplo, somente INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS podem captar recursos via DEPÓSITOS (à vista, à prazo, de poupança, etc.) e aplicar recursos via OPERAÇÕES DE CRÉDITO (empréstimos, desconto de títulos e financiamentos). As OPERAÇÕES PASSIVAS geram despesas para as INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, em função dos JUROS e demais ENCARGOS FINANCEIROS pagos aos seus DEPOSITANTES, despesas essas denominadas DESPESAS DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA. Por outro lado, as OPERAÇÕES ATIVAS geram receitas para as instituições financeiras, decorrentes dos JUROS e demais ENCARGOS FINANCEIROS cobrados dos seus TOMADORES, receitas essas denominadas de RECEITAS DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA. O confronto das RECEITAS e DESPESAS da INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA forma o RESULTADO BRUTO DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA, linha da DRE que podemos dizer que equivale ao LUCRO BRUTO das INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. Como dissemos antes, existe o “SPREAD”, ou seja, as INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS cobram juros e demais encargos financeiros dos seus tomadores superiores aos pagos aos seus depositantes. Porém, a simples existência de “SPREAD” não garante um RESULTADO BRUTO DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA POSITIVO. Isso porque tal resultado é ainda impactado pelos riscos inerentes às operaçõesativas como, por exemplo, o RISCO DE CRÉDITO, cujo reflexo contábil é dado pela constituição de PROVISÃO PARA RISCO DE CRÉDITO ou PCLD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa). 8 Para o entendimento da Contabilidade das Instituições Financeiras, é importante analisar o FATO GERADOR das DESPESAS e RECEITAS da INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA. O que são as OPERAÇÕES PASSIVAS e ATIVAS? Nada mais do que INSTRUMENTOS FINANCEIROS, ou seja, por tais operações as Instituições Financeiras, respectivamente, CAPTAM e APLICAM recursos financeiros por um determinado prazo. Suas despesas e receitas são decorrentes dos juros e encargos financeiros pagos ou cobrados de seus depositantes ou tomadores. Tais juros e encargos financeiros são função do VALOR dos INSTRUMENTOS FINANCEIROS, das TAXAS e INDEXADORES e do PRAZO. O FATO GERADOR, para fins de apropriação dessas despesas e receitas ao resultado, segundo o chamado REGIME DE COMPETÊNCIA, é a FLUÊNCIA DO PRAZO. É importante uma reflexão rudimentar sobre como as INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS definem o PREÇO de suas OPERAÇÕES ATIVAS, ou seja, os fatores que consideram para a definição dos JUROS e DEMAIS ENCARGOS a serem cobrados de seus tomadores. Como vimos, esse preço será, basicamente, o custo de captação mais o “SPREAD”. Mas o que deve ser considerado para a definição do “SPREAD”? Primeiramente, deve ser suficiente para cobrir os custos administrativos (salários, luz, aluguéis, depreciação de seus equipamentos, etc.) e tributários. Mas não só isso. A atividade das INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS implica necessariamente na assunção de RISCOS FINANCEIROS, os quais afetam significativamente o seu resultado. Assim, é fundamental que as instituições financeiras sejam capazes de estimar tais riscos e que tais estimativas sejam embutidas no “SPREAD”. Em outras palavras, é fundamental que as instituições financeiras tenham um eficiente GERENCIAMENTO DE RISCOS. Os RISCOS FINANCEIROS serão discutidos em tópico específico, mais adiante. SINKEY JR. 1 coloca com clareza 6 funções básicas de um sistema financeiro, como ALOCADOR DE RECURSOS, que podem ser relacionadas aos fatores que justificam a sua existência no mercado financeiro (confiança, especialização, compatibilização de prazos e valores), citados anteriormente: 1. Provêem e operacionalizam um SISTEMA DE PAGAMENTOS, que permite as diversas transações na economia; 2. COMPATIBILIZAM PRAZOS e VALORES; 3. TRANSFEREM RECURSOS ECONÔMICOS através do tempo, espaço e dos diferentes setores da economia; 4. ACUMULAM, PROCESSAM e DISSEMINAM INFORMAÇÕES para fins de tomada de decisão dos agentes econômicos; 5. Provêem meios para GERENCIAMENTO e CONTROLE de RISCOS e INCERTEZAS; 6. Proveem meios para reduzir o problema da ASSIMETRIA DE INFORMAÇÕES inerente aos negócios financeiros. 1 SINKEY JR., Joseph F. Commercial Bank Financial Management. 5.ed. New Jersey: Prentice Hall, 1998, p. 5 9 ORIGEM HISTÓRICA DOS BANCOS Uma pequena retrospectiva histórica ajuda a entender um pouco o negócio das Instituições Financeiras, ou simplesmente BANCOS. A origem dos bancos remonta à antiguidade, pois na Babilônia já existiam pessoas que emprestavam, tomavam emprestado e guardavam dinheiro de outros. Tendo certo caráter sagrado, o dinheiro era confiado aos sacerdotes nos templos. Mas, segundo estudiosos de arqueologia, foram os fenícios os primeiros a realizar operações bancárias. Os romanos deram o nome hoje universal à instituição: "BANCO" vem do italiano, significando a mesa que os cambistas utilizavam para suas operações monetárias. Na época a principal ocupação dos bancos era a troca de moedas, mas também aceitavam depósitos e faziam empréstimos. A expressão "bancarrota" derivou do fato de que, quando o negócio não prosperava, era costume quebrar a mesa. Foi a busca de lucro que determinou o desenvolvimento do sistema bancário, e este processo pode ser melhor ilustrado pela história dos ourives medievais. Embora a atividade específica dos ourives fosse a de trabalhar os metais preciosos, eles também exerciam a função de recebê-los para que fossem guardados. Prestavam este serviço aos viajantes, mercadores e elites da época em troca de uma pequena taxa de serviço. Quando as pessoas depositavam jóias, por exemplo, naturalmente lhes eram devolvidos os mesmos objetos; mas quando os depósitos eram na forma de barras e moedas de ouro, não havia necessidade de receber o mesmo objeto de volta, conquanto que o objeto reposto tivesse o mesmo valor. Após algum tempo o ourives percebe que uma quantia considerável permanecia em estoque, pois as retiradas dos clientes não ocorriam de uma só vez, além do que sempre haviam novos depósitos. Assim, toma a decisão de emprestar uma parcela do estoque de ouro: o ourives emprestaria ouro e receberia em troca o valor correspondente em notas promissórias nas quais eram especificados a taxa de juros e o período de resgate das mesmas. Neste momento, sua atividade deixa de ser a de uma simples casa de penhores para transformar-se na de um banco comercial, como o conhecemos hoje. Na Idade Média, em muitos locais, era considerada ilegal a atividade dos que emprestavam dinheiro cobrando juros. Como a Igreja desaprovava esta prática, os cristãos abstinham-se de exercê-la, fato que, segundo alguns autores, explica a preponderância de judeus no ramo. A partir do século VI, já estando formadas grandes fortunas comerciais, surgem os primeiros banqueiros, que vão substituir os cambistas como fonte de crédito. Em vez de se limitarem a emprestar dinheiro, os banqueiros italianos passarão a aceitar depósitos, descontar títulos e manter correspondentes em outras praças. Esses empreendimentos eram principalmente familiares até meados do século XV, e apenas com a evolução da contabilidade, é que surgiram verdadeiras empresas bancárias. A própria queda do feudalismo e da monarquia é associada, por alguns autores, ao enriquecimento dos banqueiros. Através da aquisição de terras - por compra ou recebendo-as como pagamento de dívidas dos senhores feudais - eles se tornaram uma classe poderosa, influindo na mudança do regime monárquico para o regime republicano. 10 OS INSTRUMENTOS FINANCEIROS A partir de agora, discutiremos alguns conceitos importantes acerca dos INSTRUMENTOS FINANCEIROS que, como vimos, representam a base do negócio das INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS e são, em última análise, a formalização de todas as transações do mercado financeiro. Todo INSTRUMENTO FINANCEIRO é um CONTRATO, ou seja, um acordo entre partes que gera direitos e obrigações, no caso, de natureza financeira ou patrimonial. A parte detentora dos direitos é o que chamamos de INVESTIDOR ou APLICADOR Os INSTRUMENTOS FINANCEIROS, tanto os de utilização exclusiva de INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS (depósitos, operações de crédito, etc.) quanto os disponíveis aos agentes econômicos em geral (debêntures, ações, títulos públicos, etc.) podem ser classificados quanto ao tipo de remuneração, primariamente, como instrumentos de RENDA FIXA ou de RENDA VARIÁVEL. Caracterizam-se como de RENDA FIXA os instrumentos com PRAZO DETERMINADO de vencimento e REMUNERAÇÃO CONTRATUALMENTE ESTABELECIDA. Como exemplos de INSTRUMENTOS FINANCEIROS DE RENDA FIXA temos os depósitos, as operações de crédito, os títulos públicos, as debêntures, etc. Já os INSTRUMENTOS FINANCEIROS DE RENDA VARIÁVEL caracterizam-se pelo PRAZO INDETERMINADO e pela REMUNERAÇÃO VARIÁVEL, ou seja, não estabelecida entre as partes, sendo exemplo clássico, as ações. Obviamente, a não existência de uma remuneração contratualmente estabelecida não significa que os aplicadores em instrumentos de renda variável não esperem obter renda com os mesmos. Só que tal renda é função do RESULTADO do emissor, ou seja, quem aplica em um instrumento dessa natureza torna-se SÓCIO do emissor. É exatamenteo caso das ações. Ajuda a entender a diferenciação relacionando esses conceitos aos conceitos contábeis de PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO, considerando a ótica do agente tomador. Os instrumentos de RENDA FIXA são contabilizados no PASSIVO do tomador, enquanto os de RENDA VARIÁVEL no PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Os INSTRUMENTOS DE RENDA FIXA ainda são classificados em PRÉ-FIXADOS ou PÓS- FIXADOS. São PRÉ aqueles onde, a qualquer momento, é possível saber o montante em REAIS no vencimento, ou seja, não possuem qualquer indexador, taxa pós-fixada ou referência em moeda estrangeira. Por exemplo, um instrumento que estabeleça como remuneração simplesmente uma taxa de 10% a.a.. No caso dos títulos públicos federais, são exemplos de instrumentos PRÉ as LTN’s (Letras do Tesouro Nacional), que caracterizam-se como títulos que prometem pagar ao detentor R$ 1.000,00 no vencimento. Por outro lado, são PÓS aqueles que possuem algum tipo de indexador, taxa pós-fixada ou referência em moeda estrangeira. Outra diferenciação importante em relação aos INSTRUMENTOS FINANCEIROS diz respeito à existência ou não de MERCADO SECUNDÁRIO. Chamamos de MERCADO PRIMÁRIO o momento em que surge o instrumento financeiro. Como todo instrumento financeiro é, por característica, um contrato que gera DIREITOS e OBRIGAÇÕES, a transação de MERCADO PRIMÁRIO ocorre 11 quando surge essa relação. Por outro lado, as transações de MERCADO SECUNDÁRIO ocorrem quando o detentor de algum DIREITO decorrente de um INSTRUMENTO FINANCEIRO vende esse direito a outro investidor. Normalmente, há MERCADO SECUNDÁRIO para aqueles instrumentos financeiros onde o CONTRATO é representado originalmente por um TÍTULO ou, em alguns casos, transformado em tal num momento posterior ao contrato, processo esse chamado de SECURITIZAÇÃO. Como será visto ao longo do curso, a diferenciação dos INSTRUMENTOS FINANCEIROS quanto à existência ou não de MERCADO SECUNDÁRIO é condição fundamental para a definição dos CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO, no caso de operações ativas. Quando não há MERCADO SECUNDÁRIO, caso típico das OPERAÇÕES DE CRÉDITO, prevalece o CUSTO HISTÓRICO ACRESCIDO DAS RENDAS APROPRIADAS PRO RATA TEMPORIS EM RAZÃO DA FLUÊNCIA DO PRAZO, não fazendo sentido ajustes a valor de mercado, ou MARCAÇÃO A MERCADO. Para esses, o ajuste é apenas a constituição de PROVISÃO PARA RISCO DE CRÉDITO (ou PCLD – Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa), o reflexo contábil do RISCO DE CRÉDITO. Operações passivas não sofrem ajustes, via de regra, sendo avaliadas pelo CUSTO HISTÓRICO ACRESCIDO DAS DESPESAS APROPRIADAS PRO RATA TEMPORIS EM RAZÃO DA FLUÊNCIA DO PRAZO. Nos referiremos muitas vezes ao CUSTO HISTÓRICO ACRESCIDO DAS RENDAS ou DESPESAS APROPRIADAS PRO RATA TEMPORIS EM RAZÃO DA FLUÊNCIA DO PRAZO, SEGUNDO O REGIME DE COMPETÊNCIA como VALOR DA CURVA, em referência à curva de juros e demais encargos financeiros histórica. Essa será sempre a base da avaliação contábil de qualquer instrumento financeiro, seja ele ativo ou passivo, independentemente da existência ou não de mercado secundário. Em cima dessa base de valor é que são efetuados ajustes, dependendo do caso. Avançando um pouco mais os conceitos, a evolução dos mercados financeiros produziu ainda os chamados INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS, que se caracterizam por ter seu preço DERIVADO de algum outro preço de ativo (ações ou mercadorias, por exemplo), taxa (DI, SELIC, US$, por exemplo) ou índices (IBOVESPA, por exemplo). São derivativos clássicos os TERMOS, FUTUROS, OPÇÕES e SWAP´s. Os agentes econômicos recorrem a esses instrumentos por diferentes motivações, como para proteger-se de riscos (HEDGE), para aproveitar distorções temporárias de preços em diferentes segmentos do mercado financeiro (ARBITRAGEM) ou mesmo para simples ESPECULAÇÃO. Os DERIVATIVOS implicam, na maior parte das vezes, em uma exposição ao risco muito superior ao que é refletido no Balanço Patrimonial. Por isso, são chamados de OPERAÇÕES FORA DE BALANÇO (OFF-BALANCE SHEET). Outras operações comuns à atividade das Instituições Financeiras possuem característica de “FORA DE BALANÇO”, como as GARANTIAS PRESTADAS (FIANÇA, por exemplo). Como veremos ao longo do curso, é fundamental o exame das operações “FORA DE BALANÇO” para a avaliação da situação de uma Instituição Financeira. 12 Assim, as INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS baseiam seu negócio em INSTRUMENTOS FINANCEIROS ATIVOS ou OPERAÇÕES ATIVAS e INSTRUMENTOS FINANCEIROS PASSIVOS ou OPERAÇÕES PASSIVAS. O Balanço Patrimonial das Instituições Financeiras no Brasil tem a seguinte configuração genérica: INSTITUIÇÃO FINANCEIRA – ESTRUTURA GENÉRICA DO BALANÇO 1 – ATIVO CIRCULANTE E REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 4 – PASSIVO CIRCULANTE E EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 2 - ATIVO PERMANENTE 5 – RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS 6 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO OPERAÇÕES PRINCIPAIS X OPERAÇÕES ACESSÓRIAS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS A arquitetura do Sistema Financeiro Nacional (SFN), estabelecida pela Lei 4.595/64, é inspirada no modelo norte americano de especialização das instituições, que previa a existência de instituições financeiras especializadas em determinados nichos. Por exemplo, Bancos Comerciais, são aqueles que baseiam sua atividade em operações de curto e médio prazos. Bancos de Investimento são aqueles que fazem operações de médio e longo prazos, com tendência ao atacado. SCFI’s (ou “Financeiras”) são as que operam com Crédito Direto ao Consumidor, etc.. Entretanto, alguns fatos, como o surgimento dos bancos múltiplos, além da evolução do próprio mercado levou a uma situação de grande concentração. Hoje, em lugar de pequenas instituições especializadas em determinados nichos da intermediação financeira, temos grandes conglomerados financeiros que, além de operar em todos os segmentos da intermediação financeira, expandiram suas atividades para diversos negócios, não exatamente enquadráveis como intermediação financeira propriamente dita, mas com evidente sinergia, tais como: - Administração e Gestão de Recursos de Terceiros; - Cobrança; - Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários; - Research – Pesquisa em Mercado Financeiro; - Administração de Cartões de Crédito; - Seguros e Capitalização; - Previdência; Algumas dessas atividades são conduzidas por empresas específicas ligadas às Instituições Financeiras. Outras, como a Administração de Recursos de Terceiros e a Cobrança (prestações de serviços) são normalmente conduzidas pelas próprias instituições, porém o resultado auferido com tais atividades 13 não integra o resultado bruto da intermediação financeira, sendo classificados em linhas de outras receitas/despesas operacionais como receitas de prestação de serviços. A Administração de Recursos de Terceiros (normalmente, via Fundos de Investimento) gera muitas vezes confusão com outras operações que integram a atividade de Intermediação Financeira, propriamente dita. Os Fundos de Investimentos são entidades com personalidade jurídica (CNPJ) e patrimônio próprios, independentes de seu administrador. FUNDOS DE INVESTIMENTO – Estrutura Genérica do Balanço ATIVO PASSIVO Aplicações vinculadas ao regulamento do Fundo Não são autorizados a captar depósitos PATRIMÔNIO LÍQUIDO Dividido em COTAS, adquiridas pelos quotistas, no momento da aplicação no fundo. OS RISCOS DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA A atividade de INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA implica em RISCOS para as Instituições Financeiras, sendo o GERENCIAMENTO DE RISCOS um dos principais pilares da atividade bancária. A literatura da área não apresenta uma terminologia totalmente uniforme para referir-se a tais riscos. O nosso objetivo, nesse estágio, é apresentar da forma mais genérica e simples os conceitos de tais riscos, os quais serão aprofundados ao longo do curso. Falaremos sobre RISCO DE CRÉDITO, RISCO DE MERCADO, RISCO DE LIQUIDEZ e RISCOOPERACIONAL. Alguns desses riscos como o de crédito e o de mercado, referem-se diretamente aos INSTRUMENTOS FINANCEIROS. Os demais são decorrentes da atividade dos Intermediários Financeiros como um todo, nem sempre sendo associáveis a um instrumento financeiro em particular. O RISCO DE CRÉDITO é o principal e, por isso mesmo, o mais intuitivo da atividade bancária. Podemos conceituá-lo como o risco de perda decorrente do inadimplemento da contraparte de algum instrumento financeiro no cumprimento de alguma obrigação prevista no mesmo. O risco de crédito é inerente a todo instrumento financeiro, visto que decorre da sua própria definição, ou seja, do fato de tratar-se de um contrato onde são previstos direitos e obrigações. É função tanto do risco do devedor, ou seja, do RISCO DA CONTRAPARTE, como de características da operação, ou seja, do RISCO DA OPERAÇÃO. Embora inerente a todo instrumento financeiro, em alguns casos, de tão ínfimo, é considerado RISCO NULO como, por exemplo, nos direitos contra o Banco Central ou o Governo Federal onde as Instituições Financeiras estão localizadas, situação onde se enquadram, no Brasil, os TÍTULOS PÚBLICOS FEDERAIS. O GERENCIAMENTO DO RISCO DE CRÉDITO vem sofrendo ultimamente uma extraordinária evolução passando, cada vez mais, de arte a ciência, com o desenvolvimento de sofisticados modelos que se utilizam, muitas vezes, de complexas ferramentas estatísticas. Com isso, as Instituições 14 Financeiras são capazes de mensurar com uma precisão cada vez maior o risco de crédito ao qual estão expostas. Exigências normativas recentes no Brasil e no mundo, tais como a Resolução CMN 2.682/99 e o modelo IRB de Basiléia II vêm obrigando as Instituições Financeiras a formalizar suas ferramentas, a fim de que as mesmas sejam passíveis de verificação acerca de sua consistência pelos órgãos reguladores (supervisão bancária), auditores independentes e outros entes externos (tais como agências classificadoras de rating). A história mostra diversos casos de quebras de Instituições Financeiras em função do mau gerenciamento do risco de crédito tendo alguns exemplos relevantes no Brasil, sobretudo após a estabilização decorrente do Plano Real, como foram os casos dos Bancos Nacional e Econômico e, mais recentemente, do Banco Santos. Como já foi dito antes, o RISCO DE CRÉDITO é refletido na contabilidade através da constituição da PROVISÃO PARA RISCO DE CRÉDITO ou PCLD. O RISCO DE MERCADO refere-se à possibilidade de perdas em função da variação em alguma condição de mercado, tais como, preços de ativos, taxas de juros, taxas de câmbio. Principalmente com o advento dos Instrumentos Financeiros Derivativos, as instituições dispõem de instrumentos capazes de mitigar, ou até mesmo de eliminar, a exposição ao Risco de Mercado (“HEDGE”). No entanto, dependendo da política ou do plano de negócios da instituição, pode ser desejável um certo grau de exposição às diversas “faces” do Risco de Mercado, desde que adequadamente gerenciado. Isso porque a exposição, se por um lado gera possibilidade de perda, também gera possibilidade de ganhos. Por exemplo, uma Instituição que possua ações de determinada empresa em seu ativo, sem característica de investimento permanente e sem nenhum tipo de hedge (uma venda a termo, por exemplo) está exposta ao risco de sofrer uma perda se o valor de mercado dessa ação cair. Mas também pode lucrar se o preço dessa ação subir. Outro exemplo, diz respeito à EXPOSIÇÃO CAMBIAL. Instituições que contratam operações ativas ou passivas indexadas a alguma moeda estrangeira, embora disponham de instrumentos de hedge (tais como swaps) cambiais, podem optar por manter algum nível de descasamento com o intuito de poder auferir algum tipo de lucro, no caso de valorização da moeda na qual esteja comprada. O RISCO DE MERCADO será objeto de discussão mais aprofundada em Contabilidade de Instituições Financeiras II, quando se falar em TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS e INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS. Seu reflexo contábil é a MARCAÇÃO A MERCADO de TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS e de INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS, introduzida respectivamente pelas Circulares do BACEN 3.068 e 3.082. O RISCO DE LIQUIDEZ tem duas “faces” distintas. A primeira, muito relacionada ao risco de mercado, diz respeito à possibilidade de que um agente precise vender um ativo numa velocidade maior do que a oferecida pelo respectivo mercado. Apenas para ilustrar, podemos citar a seguinte situação: Suponha que você seja o proprietário de um apartamento na Lagoa, cujo valor de mercado seja de R$ 1 milhão. Para conseguir esse valor de mercado, provavelmente, esse apartamento precisaria permanecer à venda por, pelo menos, um mês. Se você precisar vendê-lo em uma semana, é provável 15 até que consiga, mas muito provavelmente terá que se contentar com um deságio em cima do suposto valor de mercado, vendendo, por exemplo, por R$ 800 mil. No entanto, a “face” mais relevante do RISCO DE LIQUIDEZ decorre dos descasamentos de prazos inerentes à intermediação financeira. As instituições estimam seus fluxos de caixa diários, estimando variáveis como saques, novos depósitos, retorno de operações de crédito, etc.. Com base nessas estimativas, mantém em caixa e outras disponibilidades o mínimo possível visto que, via de regra, não obtém rendas em cima de valores disponíveis. Eventuais deficiências de caixa podem ser cobertas recorrendo ao Banco Central (operações de REDESCONTO) ou a outras instituições do sistema (OPERAÇÕES INTERFINANCEIRAS DE LIQUIDEZ). No entanto, deficiências muito severas de caixa num determinado dia podem quebrar uma Instituição Financeira, visto que são obrigadas a honrar seus depósitos, não sendo a elas permitido qualquer tipo de postergação no pagamento de suas obrigações. Relacionado ao RISCO DE LIQUIDEZ, cabe mencionar também o RISCO DE REPUTAÇÃO ou de IMAGEM. Qualquer evento que, de alguma forma, leve os depositantes a perderem a confiança em alguma instituição específica ou ao sistema como um todo pode levar a uma corrida de saques. É fato que nenhuma Instituição Financeira do mundo, por mais forte e sólida que seja, tem a capacidade de resistir a uma severa corrida de saques. Em outras palavras, se todos acharem que um banco vai quebrar, ele quebra... É um exemplo de “profecia auto-realizável”. Por fim, o RISCO OPERACIONAL, cada vez mais merecedor de atenção dos supervisores bancários no mundo, bem como dos responsáveis pelo gerenciamento de riscos das Instituições. Uma das faces desse risco relaciona-se à dependência, cada vez mais intensa, de recursos de Tecnologia da Informação (TI). Falando de uma forma mais simples, imaginem que houvesse uma pane generalizada nos sistemas ou nas comunicações de uma grande Instituição. Não é difícil de concluir que seria impossível o seu funcionamento durante essa pane, o que certamente acarretaria prejuízos que, em última instância, poderiam levá-la à quebra. Outra “face” de riscos operacionais relaciona-se ao RISCO DE FRAUDES como, por exemplo, o risco de efetuar um pagamento indevido. Pode ainda ser considerado, em algumas terminologias, como um “desdobramento” do risco operacional, o RISCO LEGAL, que consiste no risco de que a instituição sofra perda em função de questões legais em suas operações. A ALAVANCAGEM VERSUS O RISCO – O PAPEL DO CAPITAL E A REGULAMENTAÇÃO PRUDENCIAL (“Acordo de Basiléia”) Como visto até o momento, a atividade de INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA baseia-se na utilização de RECURSOS DE TERCEIROS. Na terminologia de FINANÇAS, isso é chamado de ALAVANCAGEM e aumenta o retorno esperado do capital investido pelos proprietários. A idéia é simples e vale para qualquer empresa: se há em sua atividade opções de investimentos com retorno esperado superior ao custo de opções de financiamento via capital de terceiros às quais a empresa tenhaacesso, o retorno desses investimentos tende a ser capaz de pagar o custo do passivo, sobrando um 16 lucro para o proprietário. Ou seja, a ALAVANCAGEM possibilita a MAXIMIZAÇÃO DO RETORNO ESPERADO DO ACIONISTA. Quando se fala em “tende a ser capaz” é porque o retorno de qualquer investimento está sujeito a RISCO, ou seja, pode apenas ser ESTIMADO, por isso, falamos em RETORNO ESPERADO. Por outro lado, o custo da utilização do capital de terceiros é certo. Em outras palavras, a ALAVANCAGEM se, por um lado, maximiza o retorno esperado do proprietário, por outro, aumenta o risco da empresa, não só para o proprietário, mas como para os seus diversos credores. A atividade de INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA (ou ATIVIDADE BANCÁRIA) demanda, provavelmente mais que qualquer outra atividade econômica, regulamentação e supervisão governamental. Isso ocorre justamente por conta da alavancagem, ou seja, pelo fato de que as INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS obtém funding (ou origem de recursos) para suas aplicações, através de captação junto a terceiros, os DEPOSITANTES. Uma parcela significativa dos ativos dos diferentes agentes econômicos está, direta ou indiretamente, DEPOSITADA nas Instituições Financeiras. Dessa forma, problemas no Sistema Financeiro (entendido como o conjunto das Instituições Financeiras) podem gerar uma reação em cadeia causando perdas significativas para diversos agentes econômicos. É para evitar problemas desse tipo que os países devem montar uma estrutura de SUPERVISÃO BANCÁRIA, capaz de monitorar e fiscalizar as atividades das Instituições Financeiras, criando mecanismos que protejam os depositantes dos riscos inerentes à atividade bancária. Como já foi explicado anteriormente, o RISCO é inerente a todo instrumento financeiro e, conseqüentemente, à atividade bancária. A GESTÃO DE RISCOS é, basicamente, o MONITORAMENTO e a MENSURAÇÃO desses riscos. Através das diferentes ferramentas de gestão de riscos, as Instituições Financeiras mensuram suas estimativas de PERDAS ESPERADAS (EL- Expected Loss). Tais perdas esperadas são consideradas na formação do PREÇO de seus produtos. Por exemplo, a inadimplência esperada em uma determinada carteira de crédito é considerada na definição dos encargos financeiros que serão cobrados do tomador. Por serem consideradas nesse preço, do ponto de vista contábil, essas expectativas influenciam as RECEITAS DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA. Seguindo a lógica do regime de competência, tais estimativas de perdas devem ser reconhecidas tempestivamente como despesas, a fim de ajustar o impacto que as mesmas têm sobre as receitas. São exemplos de ajustes contábeis dessa natureza, que serão estudados ao longo do curso, a constituição de PCLD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa) sobre as OPERAÇÕES DE CRÉDITO e a Mtm (Ajuste a Valor de Mercado) de Títulos e Valores Mobiliários e dos Instrumentos Financeiros Derivativos. Como são consideradas na formação do PREÇO e na contabilidade, a ocorrência de perdas nas operações das Instituições Financeiras dentro dos níveis estimados, ou seja, nos níveis das EL, não causam prejuízo às mesmas ou, mais precisamente, não afetam a expectativa de lucro das Instituições Financeiras e, dessa forma, não afetam os depositantes. Mas, por se tratarem de estimativas, é sempre 17 possível que tais perdas ultrapassem os níveis de EL, seja por má estimativa (problemas na gestão de riscos), ou em função de problemas conjunturais da economia, não passíveis de previsão por ocasião da formação dos preços. Quando o nível de perdas supera as PERDAS ESPERADAS, têm-se as chamadas PERDAS NÃO ESPERADAS (UL-Unexpected Loss). Essas perdas sim, tendem a causar redução no lucro esperado das Instituições Financeiras, ou até mesmo prejuízo às mesmas. Dependendo da magnitude, podem afetar e causar prejuízos aos depositantes. O gráfico seguinte ilustra as definições de EL e UL: Mas, em que nível as perdas não esperadas deixam de ser, simplesmente, causadoras de prejuízos aos acionistas das instituições financeiras e passam a oferecer riscos aos depositantes? Isso ocorre a partir do momento em que a magnitude de tais perdas consuma o CAPITAL PRÓPRIO (o Patrimônio Líquido) das Instituições Financeiras. Em outras palavras, o CAPITAL pode ser entendido como um colchão, devendo ser capaz de absorver PERDAS NÃO ESPERADAS, antes que essas atinjam os depositantes da Instituição. Logo, a EXIGÊNCIA DE NÍVEIS MÍNIMOS DE CAPITAL para as Instituições Financeiras é um eficiente instrumento da SUPERVISÃO BANCÁRIA para a consecução de seu objetivo maior, ou seja, a proteção dos depositantes. Essa percepção foi o centro da discussão entre representantes da supervisão bancária dos países do G- 10 (países ricos, grupo do qual o Brasil não faz parte), que culminou em 1988 com o que ficou conhecido com “Acordo da Basiléia” (em referência à cidade da Basiléia, na Suíça, onde está situado o Comitê de Supervisão Bancária). O desafio para a definição de capital é a seguinte questão, aparentemente dicotômica: Quanto maior a exigência de capital (ou seja, a redução do potencial de alavancagem), mais seguro tende a ser o Sistema Financeiro, para seus depositantes. Por outro lado, a exigência demasiada de capital, justamente por reduzir o potencial de alavancagem, tende a reduzir o retorno esperado do negócio Intermediação Financeira. Logo, as Instituições Financeiras tendem a compensar isso cobrando encargos mais altos de seus tomadores. Ou seja, a exigência de capital em níveis demasiados tem um impacto desastroso, pois atrapalha a função básica dos Intermediários Financeiros na economia: facilitar o fluxo de recursos financeiros entre os agentes econômicos superavitários e os deficitários. Em resumo: Por um lado, exigir capital de menos torna o sistema financeiro frágil, expondo os depositantes, e conseqüentemente, toda a economia de um país, a riscos 18 não desejáveis. Por outro, exigir capital demais tende a prejudicar a função básica dos Intermediários Financeiros na economia, impactando inclusive as taxas de juros, efeito não menos desejável, além de reduzir o retorno esperado dos banqueiros. Apresentação da DELOITTE sobre Basiléia II na 10 a Semana de Contabilidade do Bacen Desafios da alocação de capital • Pouco Capital: – Impossibilidade de lidar com a volatilidade (“risco”) dos negócios. – Possibilidade de falência no caso de eventos graves. – Classificação baixa das agências de rating. – Clientes procuram por segurança. • Muito Capital: – Utilização ineficiente do capital. – Baixo retorno do capital para investidores. – Possibilidade de se arriscar em um negócio indesejável para justificar os níveis de capital. – Saída/Perda de capital: • Instituições públicas: fraca performance de ações. • Instituições privadas: investidores irão querer vender ações da instituição ou mudar sua administração. Solução? Exigir capital das Instituições Financeiras em níveis ótimos. Muito se evoluiu desde o Acordo de 1988. O Acordo de 1988 foi algo simples e embrionário. Considerou-se apenas o Risco de Crédito, desprezando os demais riscos. Os ativos foram divididos entre três categorias de risco: risco nulo, risco reduzido/calculado e risco normal. Na categoria de risco nulo, enquadravam-se os direitos contra o governo central do país onde a Instituição Financeira possua sede ou contra o governo central de países ricos (países da OECD). Na categoria de risco normal, enquadravam-se quaisquer créditos contra o setor privado. Na categoria intermediária, enquadravam-se créditos contra outros governos nacionais ou avalizados por governos nacionais. Os ativos classificados como de risco normal, deveriam ser ponderados em 100%. Os ativos de risco reduzido, em percentuais que variavam entre 10%, 20% ou 50%. Os de risco nulo, ponderados em 0%, ou seja, desconsiderados. Aplicando-se essespercentuais de ponderação sobre os saldos contábeis das rubricas representativas desses ativos, chega- se a um APR – Ativo Ponderado pelo Risco. O capital deve ser um percentual desse APR. À época, estabeleceu-se um capital mínimo de 8% do APR. Ou seja, para cada $ 1,00 de PL, a Instituição Financeira poderia se alavancar em $ 12,50 (1 / 0,08) em ativos ponderados em 100%. Isso é a mesma 19 coisa que dizer que, para cada $ 1,00 de PL, a Instituição Financeira poderia captar até $ 11,50 de depositantes, considerando que tais recursos sejam aplicados em ativos ponderados a 100%. O “Comitê da Basiléia” não tem poder legal sobre nenhum país. Ou seja, o “Acordo da Basiléia” é apenas o que o nome diz, uma convergência, um consenso internacional sobre normas prudenciais para um sistema financeiro mais seguro. Os países adotam seus princípios apenas se quiserem. Em resumo, o Acordo, por si só, não tem o chamado enforcement. Mas porque aderir aos princípios? Simples. A solidez do sistema financeiro de um país é, certamente, um dos principais fatores avaliados por um investidor antes de decidir investir naquele país. Se os 10 países economicamente mais importantes do mundo chegam a um consenso sobre regras prudenciais mínimas que assegurem um sistema financeiro sólido, aderir e comprovar que tais regras são seguidas é uma importante sinalização aos investidores para se inserir numa economia globalizada. Nessa linha, o Brasil veio a aderir aos princípios de “Basiléia” em 1994, tendo como marco a Resolução CMN 2.099. E de forma mais conservadora. Aqui, exigiu-se capital mínimo de 11%, o que reduzia o potencial de alavancagem para 9 vezes o PL (1 / 0,11), contra os 12,5 do “Acordo de Basiléia”. A abordagem de 1988 era claramente simplória e, justamente por isso, alvo de críticas. Alguns autores a definiam como “política de tamanho único” por não diferenciar os créditos contra o setor privado, independentemente do risco do tomador e das características das operações. Outras críticas focavam no fato de que somente era considerado o risco de crédito. Desde o passo inicial dado pelo Acordo de Capital de 1988, muito se evoluiu. Posteriormente, foram incorporados os riscos de mercado e de liquidez. O passo mais importante foi a divulgação, em junho de 2004, conhecido como “Basiléia II”. Na busca de um nível de exigência de capital ótimo, o cerne de “Basiléia II”, muito mais complexo que o Acordo de 1988, foca na possibilidade de, alternativamente a abordagens padronizadas, utilizar modelagens internas das Instituições Financeiras para determinação dos níveis mínimos de capital. Para tal, a estrutura de “Basiléia II” foi dividida em três pilares: pilar I – exigências de capital mínimo, pilar II – processo de revisão do órgão supervisor e pilar III – disciplina de mercado. É ressaltada a importância dos pilares II e III como complementares ao pilar I. A idéia básica é que os bancos avaliem sua adequação de capital da forma mais sensível ao risco possível, inclusive com a adoção de modelos internos (pilar I). Para que essa avaliação seja eficaz, é necessário que a mesma seja revisada pelas autoridades de supervisão (pilar II) e que o mercado também tenha condições de avaliar as estimativas das instituições e, conseqüentemente, o nível de capital, mediante uma estrutura de divulgação que dê transparência a essas estimativas (pilar III). 20 CAPÍTULO 1. REVISÃO DE CONTABILIDADE O propósito deste tópico é apresentar aos alunos os elementos básicos de contabilidade necessários ao desenvolvimento do curso. Não é nosso objetivo esgotar o assunto, mas tão somente comentá-los de maneira sintética. Finalidade da Contabilidade A finalidade da contabilidade é capturar os eventos econômicos e traduzi-los para uma linguagem universal. Sejam complexos, sejam triviais, esses eventos serão processados e reduzidos a suas partes elementares, permitindo que qualquer usuário minimamente preparado seja capaz de acessá-los e compreender sua substância econômica. E como isto é feito? Contas e Plano de Contas Por meio de elementos contábeis denominados contas ou rubricas contábeis. Tais elementos serão sensibilizados quantitativamente quando os eventos econômicos forem processados contabilmente. Dessa forma, é fundamental que uma entidade possua tantas contas quantas forem necessárias para expressar seu universo de possibilidades de eventos econômicos. A esse conjunto de contas, denomina- se Plano de Contas. O Plano de Contas, portanto, é o conjunto de contas, diretrizes e normas que disciplinam o uso das contas contábeis e uniformizam seus registros; o Plano de Contas descreve a função e o uso de cada conta da empresa, estruturando e organizando a contabilidade. Voltando às contas, estas se agrupam em três tipos distintos, a saber: - Contas Patrimoniais: o Ativo: bens e direitos; o Passivo: obrigações ou recursos de terceiros; o Patrimônio Líquido: resíduo do confronto entre ativos e passivos. Recursos dos sócios. - Resultado: o Receita: pode ser a consequência de um aumento do ativo ou de uma redução do passivo; o Despesa: Pode ser a consequência de uma redução do ativo ou de aumento do passivo. - Compensação: utilizam-se Contas de Compensação para registro de quaisquer atos administrativos que possam transformar-se em direito, ganho, obrigação, risco ou ônus efetivos, decorrentes de acontecimentos futuros, previstos ou fortuitos. o Ativa; o Passiva. Dinâmica das contas A sensibilização das contas é feita por meio de um mecanismo denominado lançamento. O lançamento obedece ao método das partidas dobradas, cujo premissa é a de que a todo débito corresponde um crédito de igual valor. Isto significa que o lançamento se manifesta por meio de débitos e créditos e 21 ambos devem ser iguais. No entanto, para compreendermos melhor a dinâmica das contas e o lançamento contábil é fundamental conhecermos a natureza das contas. A convenção adotada define duas naturezas opostas para as contas: devedoras e credoras. Dessa forma, cada tipo de conta terá uma determinada natureza e sua sensibilização por meio do lançamento ocorrerá da seguinte maneira: lançamentos da mesma natureza da conta aumentam seu saldo, enquanto lançamentos de natureza oposta reduzem o saldo da conta. O quadro abaixo apresenta os tipos de contas, sua natureza e dinâmica de funcionamento: Demonstrações Contábeis O passo seguinte é organizar as contas para apresentação. Há várias maneiras de organizá-las, e cada uma dessa maneiras corresponde a um determinado ponto de vista sobre a situação econômico- financeira da entidade. A maneira mais simples de arranjar as contas para apresentação é o balancete de verificação, o qual consiste em listar todas as contas de uma entidade, ordenadas segundo o grupo patrimonial ou de resultado a que pertençam, apresentando seus respectivos saldos. O propósito do balancete de verificação é checar a consistência dos lançamentos realizados no período, ou seja, a igualdade entre o total de saldos devedores e credores, autorizando o uso das contas na preparação das demais demonstrações contábeis. A figura abaixo apresenta um exemplo de balancete de verificação. Ex. Balancete de Verificação do Banco do Brasil – junho/2009 (Em R$ milhões) 22 O balaço patrimonial é a demonstração contábil que se presta a apresentar o saldo das contas patrimoniais no encerramento do período, ou seja, apresenta todos os bens e direitos da empresa (ativos), assim como as obrigações (passivos) e o patrimônio líquido, em determinada data. A figura abaixo apresenta um exemplo de balanço patrimonial. Ex. Balanço patrimonial do Banco do Brasil – junho/2009 (Em R$ milhões) A demonstração de resultado do exercício (DRE) é a demonstração que detalha o resultado da entidade, confrontando as receitas e despesas. O produto da DRE é o lucro ou o prejuízo do exercício. A figuraabaixo apresenta um exemplo de DRE. Ex. Demonstração de Resultado do Exercício do Banco do Brasil – dezembro/2008 (Em R$ milhões) 23 Eventos Econômicos e Reflexos Contábeis Listamos a seguir alguns exemplos de eventos econômicos próprios de instituições financeiras e suas manifestações contábeis. a) Um cliente efetua um depósito em sua conta-corrente, no valor de $100, em dinheiro. Lançamento: D – ACRLP – Disponibilidades $100 C – PCELP – Depósitos à vista $100 b) A Instituição Financeira compra um Título Público Federal, no valor de $100, utilizando recursos de sua reserva bancária. Lançamento: D – ACRLP – Títulos e Valores Mobiliários $100 C – ACRLP – Disponibilidades $100 c) Um cliente solicita a aplicação de $100 dos recursos disponíveis em sua conta-corrente em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) da Instituição: Lançamento: D – PCELP – Depósitos à vista $100 C – PCELP – Depósitos a Prazo $100 d) A Instituição concede um financiamento de $100, liberando os recursos na conta do fornecedor do cliente, em outra Instituição Financeira: Lançamento: D – ACRLP – Operações de Crédito $100 C – ACRLP – Disponibilidades $100 e) A Instituição apropria rendas de $50, em razão da fluência do prazo, de um empréstimo concedido: Lançamento: D – ACRLP – Operações de Crédito $50 C – RESULTADO – Rendas de Oper de Crédito $50 f) Seguindo as regras do COSIF, a Instituição constitui Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa no montante das perdas estimadas para sua carteira de crédito, no valor de $20: 24 Lançamento: D – RESULTADO – Despesas de Provisão $20 C – ACRLP – Provisão p/ Operações de Crédito $20 g) Seguindo as regras do COSIF, a Instituição apropria despesas de $10 referentes à sua captação de Poupança, em razão da fluência do prazo: Lançamento: D – RESULTADO – Despesas de Dep Poupança $10 C – PCELP – Depósitos de Poupança $10 h) A Instituição concede um empréstimo de $100 a um cliente, liberando os recursos na conta- corrente que o mesmo mantém na própria Instituição: Lançamento: D – ACRLP – Operações de Crédito $100 C – PCELP – Depósitos à vista $100 i) Os acionistas da Instituição integralizam aumento de capital de $100 com recursos que estavam disponíveis em suas contas-correntes na própria Instituição: Lançamento: D – PCELP – Depósitos à vista $100 C – PL – Capital Social $100 j) Um cliente saca $100 de sua conta-corrente: Lançamento: D – PCELP – Depósitos à vista $100 C – ACRLP – Disponibilidades $100 l) A Instituição compra por $1000 um imóvel para instalação de uma agência sua, pagando o antigo proprietário através de um depósito em conta-corrente na própria Instituição: Lançamento: D – AP– Imobilizado de Uso $1000 C – PCELP – Depósitos à vista $1000 m) A Instituição investe em uma empresa, adquirindo $100 em debêntures da mesma, com recursos de sua reserva bancária: Lançamento: D – ACRLP – Títulos e Valores Mobiliários $100 C – ACRLP – Reservas Livres $100 n) Um cliente saca $100 de sua caderneta de poupança: Lançamento: D – PCELP – Depósitos de poupança $100 C – ACRLP – Disponibilidades $100 25 Exercícios: 1 - (BACEN2006) No momento em que um banco concede empréstimo a um cliente, os grupos de contas dos seus demonstrativos financeiros terão os seguintes impactos: (a) diminuição do Passivo e diminuição do Ativo. (b) aumento do Ativo e aumento do Patrimônio Líquido (via resultado). (c) aumento do Ativo e aumento do Passivo. (d) aumento da Receita e diminuição de Despesas, porém o resultado é positivo. (e) diminuição do Passivo e aumento do Patrimônio Líquido. 2 - (BACEN2006) –. No momento em que há um aumento do nível de depósito compulsório que um banco mantém no Banco Central, o seu balanço patrimonial sofrerá as seguintes mudanças: (A) aumento de uma conta do Passivo e diminuição de outra conta do Passivo, sendo que o valor do Passivo Total fica inalterado. (B) aumento de uma conta do Ativo e diminuição de outra conta do Ativo, ficando o valor do Ativo Total inalterado. (C) aumento do Ativo e aumento do Passivo. (D) diminuição do Ativo e diminuição do Passivo. (E) aumento do Passivo e diminuição do Patrimônio Líquido. 3. Assinale Certo ou Errado: ( ) Operações passivas são aquelas efetuadas pelas instituições financeiras mediante a captação de recursos junto aos agentes econômicos superavitários (poupadores). ( ) As instituições financeiras não devem seguir os Princípios Fundamentais de Contabilidade, visto que têm obrigação de adotar o COSIF; 4. (BC – 2006) - O Banco BHK registra a contrapartida das contas de provisão em contas de: a) Reservas. b) Ativo. c) Receita. d) Passivo. e) Despesa. 5. No momento em que um banco capta recursos via depósito a prazo, os grupos de contas dos seus demonstrativos financeiros terão os seguintes impactos: a) aumento da Receita e diminuição de Despesas, porém o resultado é negativo. b) aumento do Ativo e aumento do Patrimônio LIquido. c) diminuição do Passivo e diminuição do Ativo. d) aumento do Ativo e aumento do Passivo. e) diminuição do Passivo e aumento do Patrimônio Líquido. 6 - No momento em que há uma diminuição do nível de depósito compulsório que um banco mantém no Banco Central, o balanço patrimonial desse banco sofrerá as seguintes mudanças: a) aumento de uma conta do Passivo e diminuição de outra conta do Passivo, ficando o valor do Passivo Total inalterado. b) aumento de uma conta do Ativo e diminuição de outra conta do Ativo, ficando o valor do Ativo Total inalterado. c) aumento de uma conta do Ativo e aumento de uma conta do Passivo. d) diminuição de uma conta do Ativo e diminuição de uma conta do Passivo. e) aumento de uma conta do Passivo e diminuição de uma conta do Patrimônio LIquido. 7 - No momento em que um banco reduz a provisão sobre sua carteira de operações de crédito, os demonstrativos financeiros desse banco terão os seguintes impactos: a) diminuição da Receita e aumento de Despesas, porém o resultado é negativo. b) aumento do Passivo e diminuição do Ativo (via reversão de provisão). c) aumento do Ativo e aumento do Patrimônio Liquido (via resultado). d) aumento do Passivo e diminuição do Patrimônio Líquido (via resultado). e) diminuição do Ativo e aumento do Passivo. 8 - No momento em que um banco melhora a classificação de crédito de um empréstimo concedido de C para B (dentro da escala do Banco Central de AA – H), os demonstrativos financeiros desse banco terão os seguintes impactos: a) diminuição da Receita e aumento de Despesas, porém o resultado é negativo. b) aumento do Passivo e diminuição do Ativo (via reversão de provisão). c) aumento do Ativo e aumento do Patrimônio Liquido (via resultado). d) aumento do Passivo e diminuição do Patrimônio Líquido (via resultado). e) diminuição do Ativo e aumento do Passivo. 26 CAPÍTULO 2. O PLANO DE CONTAS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS – COSIF / DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS O Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional, Cosif, tem como objetivo “uniformizar os registros contábeis dos atos e fatos administrativos praticados, racionalizar a utilização de contas, estabelecer regras, critérios e procedimentos necessários à obtenção e divulgação de dados, possibilitar o acompanhamento do sistema financeiro, bem como a análise, a avaliação do desempenho e o controle, de modo que as demonstrações financeiras elaboradas, expressem, com fidedignidade e clareza, a real situação econômico-financeira da instituição e conglomerados financeiros”. Cabe ressaltar que a possibilidade de acompanhar o sistema financeiro, avaliar o desempenho e elaborar análises comparativassomente é possível diante do fato que as normas e procedimentos, bem como o uso das demonstrações financeiras padronizadas é de uso obrigatório para todas as instituições que estão sob a égide do Banco Central do Brasil. O Cosif está dividido em três capítulos: Normas Básicas, Elenco de Contas e Documentos. O capítulo 1 (Normas Básicas) descreve os procedimentos contábeis específicos que devem ser observados pelas instituições, destacando-se as principais considerações sobre cada grupo de contas do balanço. O capítulo Normas Básicas divide-se em: 1. Princípios Gerais; 2. Incorporação, Fusão e Cisão; 3. Disponibilidades; 4. Operações Interfinanceiras de Liquidez, Operações com Títulos e Valores Mobiliários e Derivativos; 5. Relações Interfinanceiras e Interdependências; 6. Operações de Crédito; 7. Operações de Arrendamento Mercantil; 8. Operações de Cessão de Direitos Creditórios; 9. Outros Créditos; 10. Outros Valores e Bens; 11. Ativo Permanente; 12. Recursos de Depósitos, Aceites Cambiais, Letras Imobiliárias e Hipotecárias, Debêntures, Empréstimos e Repasses; 13. Recebimentos de Tributos, Encargos Sociais e Outros; 14. Outras Obrigações; 15. Resultados de Exercícios Futuros; 16. Patrimônio Líquido; 17. Receitas e Despesas; 18. Contas de Compensação; 19. Estatística Econômico-Financeira; 20. Levantamento de Balancetes e de Balanços, Apuração e Distribuição de Resultados; 27 21. Consolidação Operacional das Demonstrações Financeiras; 22. Elaboração e Publicação das Demonstrações Financeiras; 23. Documentação; 24. Agências de Bancos Brasileiros no Exterior; 25. Fundos de Investimentos; 26. Consórcios; 27. Formatação de Registros em Meio Magnético; 28. Câmbio; 29. Empresas em Liquidação Extrajudicial; 30. Cooperativas de Crédito; 31. Sociedades de Crédito ao Microempreendedor; 32. Consolidado Econômico-Financeiro – CONEF; 33. Informações Financeiras Trimestrais IFT; e 34. Auditoria; 35. Instrumentos Financeiros. No entanto, para uma melhor alocação do tempo de estudo, consulte a tabela no início da apostila para verificar quais as seções do normas básicas são mais solicitadas no concurso, pois a maior parte delas não costuma ser exigida. Escrituração O Cosif estabelece que “a escrituração deve ser completa, mantendo-se em registros permanentes todos os atos e fatos administrativos que modifiquem ou venham a modificar, imediatamente ou não, sua composição patrimonial”. Logo, efetuar apenas o registro contábil não constitui elemento suficiente e nem comprobatório, já que a escrituração deverá ser fundamentada em comprovantes hábeis para a perfeita validade dos atos e fatos administrativos. A par das disposições legais e das exigências regulamentares específicas atinentes à escrituração, observam-se, ainda, os princípios fundamentais de contabilidade, cabendo à instituição: a) adotar métodos e critérios uniformes no tempo, sendo que as modificações relevantes devem ser evidenciadas em notas explicativas, quantificando os efeitos nas demonstrações financeiras, quando aplicável; b) registrar as receitas e despesas no período em que elas ocorrem e não na data do efetivo ingresso ou desembolso, em respeito ao regime de competência; c) fazer a apropriação mensal das rendas, inclusive mora, receitas, ganhos, lucros, despesas, perdas e prejuízos, independentemente da apuração de resultado a cada seis meses; d) apurar os resultados em períodos fixos de tempo, observando os períodos de 1º de janeiro a 30 de junho e 1º de julho a 31 de dezembro, sendo que para fins de publicação observam-se outros critérios, dentre eles o prazo de 1º de janeiro a 31 de dezembro; 28 e) proceder às devidas conciliações dos títulos contábeis com os respectivos controles analíticos e mantê-las atualizadas, conforme determinado nas seções próprias deste Plano, devendo a respectiva documentação ser arquivada por, pelo menos, um ano. A forma de classificação contábil de quaisquer bens, direitos e obrigações não altera, de forma alguma, as suas características para efeitos fiscais e tributários, que se regem por regulamentação própria. O COSIF tem por objetivo uniformizar os registros contábeis dos atos e fatos administrativos praticados, racionalizar a utilização de contas, estabelecer regras, critérios e procedimentos necessários à obtenção e divulgação de dados, possibilitar o acompanhamento do sistema financeiro, bem como a análise, a avaliação do desempenho e o controle, de modo que as demonstrações financeiras elaboradas, expressem, com fidedignidade e clareza, a real situação econômico-financeira da instituição e conglomerados financeiros. As normas e procedimentos, bem como as demonstrações financeiras padronizadas previstas no COSIF, são de uso obrigatório para: Bancos comerciais; Bancos de desenvolvimento; Caixas econômicas; Bancos de investimentos; Sociedades de crédito, financiamento e investimento; Sociedade de crédito imobiliário e associações de poupança e empréstimo; Sociedade de arrendamento mercantil; Sociedade corretoras de títulos e valores mobiliários; Cooperativas de crédito; Administradoras de consórcios; Bancos múltiplos; Fundos de investimentos; Agências de fomento ou desenvolvimento; Instituições em liquidação extrajudicial; Companhias hipotecárias; Sociedades de crédito ao micro empreendedor. No entanto, costuma ser mais útil no concurso saber quais as entidades que não são reguladas pelo Banco Central e que, portanto, não estão obrigadas a utilizar o Cosif. São elas: sociedades de fomento mercantil (factorings), administradoras de cartão de crédito, fundos de pensão (entidades abertas e fechadas de previdência privada); seguradoras ou sociedades de capitalização e Planos de saúde. Exercício social O exercício social tem duração de um ano e a data de seu término, 31 de dezembro, deve ser fixada no estatuto ou contrato social. Distribuição das Rubricas: CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DOS ATIVOS E DE REGISTRO DOS PASSIVOS Operações com Taxas Prefixadas: 29 a) as operações ativas e passivas contratadas com rendas e encargos prefixados contabilizam-se pelo valor presente, registrando-se as rendas e os encargos a apropriar em subtítulo de uso interno do próprio título ou subtítulo contábil utilizado para registrar a operação; b) as rendas e os encargos dessas operações são apropriados mensalmente, a crédito ou a débito das contas efetivas de receitas ou despesas, conforme o caso, em razão da fluência de seus prazos, admitindo- se a apropriação em períodos inferiores a um mês; c) as rendas e os encargos proporcionais aos dias decorridos no mês da contratação da operação devem ser apropriados dentro do próprio mês, "pro rata temporis", considerando-se o número de dias corridos; d) a apropriação das rendas e dos encargos mensais dessas operações faz-se mediante a utilização do método exponencial, admitindo-se a apropriação segundo o método linear naquelas contratadas com cláusula de juros simples. 30 Exemplo de apropriação de renda em operações prefixadas: 31 Operações com Taxas Pós-fixadas ou Flutuantes: a) as operações ativas e passivas contratadas com rendas e encargos pós-fixados ou flutuantes contabilizam-se pelo valor do principal, a débito ou a crédito das contas que as registram. Essas mesmas contas acolhem os juros e os ajustes mensais decorrentes das variações da unidade de correção ou dos encargos contratados, no caso de taxas flutuantes; b) as rendas e os encargos dessas operações são apropriados mensalmente, a crédito ou a débito das contas efetivas de receitas ou despesas, conforme o caso, em razão da fluência de seus prazos, admitindo- se a apropriação em períodos inferiores a um mês; c) as rendas e os encargos proporcionais aos dias decorridos no mês da contratação da operação devem ser apropriados dentro do próprio mês, "pro rata temporis", considerando-seo número de dias corridos; d) a apropriação das rendas e dos encargos mensais dessas operações faz-se mediante a utilização do método exponencial, admitindo-se a apropriação segundo o método linear naquelas contratadas com cláusula de juros simples, segundo o indexador utilizado para correção do mês seguinte em relação ao mês corrente, "pro rata temporis" no caso de operações com taxas pós-fixadas, ou com observância às taxas contratadas, no caso de operações com encargos flutuantes; e) as operações ativas e passivas contratadas com cláusula de reajuste segundo a variação da Unidade Padrão de Capital (UPC), atualizam-se mensalmente, "pro rata temporis", com base na variação da OTN. Caso ocorram liquidações no transcorrer do trimestre, a instituição deve proceder aos estornos pertinentes. 32 Exemplo de apropriação de renda em operações pós-fixadas: 33 Operações com Correção Cambial: a) as operações ativas e passivas contratadas com cláusula de reajuste cambial contabilizam-se pelo seu contravalor em moeda nacional, principal da operação, a débito ou a crédito das contas que as registrem. Essas mesmas contas acolhem, mensalmente, os ajustes decorrentes de variações cambiais, calculados com base na taxa de compra ou de venda da moeda estrangeira, de acordo com as disposições contratuais, fixada por este Órgão, para fins de balancetes e balanços, bem como os juros do período; b) as rendas e os encargos dessas operações, inclusive o Imposto de Renda, são apropriados mensalmente, a crédito ou a débito das contas efetivas de receitas ou despesas, conforme o caso, em razão da fluência de seus prazos, admitindo-se a apropriação em períodos inferiores a um mês; c) as rendas e os encargos proporcionais aos dias decorridos no mês da contratação da operação devem ser apropriados dentro do próprio mês, "pro rata temporis", considerando-se o número de dias corridos; d) a apropriação das rendas e dos encargos mensais dessas operações faz-se mediante a utilização do método exponencial, admitindo-se a apropriação segundo o método linear naquelas contratadas com cláusula de juros simples. Operações do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) - além das disposições previstas nos três itens anteriores, as receitas e despesas incidentes sobre os saldos dos contratos contabilizam-se em períodos mensais, cabendo: a) considerar o cálculo "pro rata" dia, com base no vencimento mensal das parcelas; b) aplicar o índice de atualização previsto regulamentarmente; c) destacar as receitas e despesas decorrentes dessas atualizações em títulos específicos, até que sejam incorporados à nova representação dos direitos e obrigações a que se referirem. Informações Adicionais As rendas e despesas a apropriar, decorrentes, respectivamente, de operações ativas e passivas com remuneração prefixada, devem ser registradas em subtítulo de uso interno do próprio título ou subtítulo contábil utilizado para registrar a operação. No cálculo de encargos de operações ativas e passivas, para efeito do regime de competência, deve ser incluído o dia do vencimento e excluído o dia da operação. A apropriação contábil de receitas e despesas decorrentes das operações ativas e passivas deve ser realizada pro rata temporis, considerando-se o número de dias corridos. Para fins de ajuste de operações ativas e passivas contratadas com cláusula de variação monetária, entende-se como "dia do aniversário" aquele correspondente ao dia do vencimento, em qualquer mês, do título ou obrigação. Nos casos em que o dia da liberação for menor ou maior do que o "dia do aniversário", deve ser efetuado o cálculo complementar referente ao número de dias compreendido entre o "dia do aniversário" e o da liberação, complementando ou reduzindo a apropriação efetuada no primeiro mês. 34 Para efeito de elaboração de balancetes mensais e balanços, as receitas e despesas devem ser computadas até o último dia do mês ou semestre civil, independentemente de ser dia útil ou não, data que prevalecerá no preenchimento das demonstrações financeiras. 35 Exercícios: 1- (BACEN2002) Conforme destacado no Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF), as normas ali consubstanciadas têm por objetivo, exceto: a) uniformizar os registros contábeis dos atos e fatos administrativos praticados. b) racionalizar a utilização de contas. c) possibilitar a fiscalização por parte da Secretaria da Receita Federal. d) possibilitar o acompanhamento do sistema financeiro, bem como a análise, a avaliação do desempenho e o controle. e) estabelecer regras, critérios e procedimentos necessários à obtenção e divulgação de dados. 2- (BACEN2002) As normas e procedimentos, bem como as demonstrações financeiras padronizadas previstas no COSIF, são de uso obrigatório para as seguintes entidades, exceto: a) sociedades de crédito imobiliário. b) sociedades corretoras de câmbio. c) sociedades de arrendamento mercantil. d) companhias hipotecárias. e) sociedades de fomento mercantil. 3- (BACEN2002) Abaixo são apresentadas assertivas relacionadas aos procedimentos específicos previstos no COSIF, relativos à escrituração. Assinale a opção que contém a afirmativa incorreta. a) Adotar métodos e critérios uniformes no tempo, sendo que as modificações relevantes devem ser evidenciadas em notas explicativas, quantificando os efeitos nas demonstrações financeiras, quando aplicável. b) Apurar os resultados em períodos fixos de tempo, observando os períodos de 1º de janeiro a 31 de março, de 1º de abril a 30 de junho, de 1º de julho a 30 de setembro, e de 1º de outubro a 31 de dezembro. c) Fazer a apropriação mensal das rendas, inclusive mora, receitas, ganhos, lucros, despesas, perdas e prejuízos, independentemente da apuração de resultado a cada seis meses. d) Registrar as receitas e despesas no período em que elas ocorrem e não na data do efetivo ingresso ou desembolso, em respeito ao regime de competência. e) Proceder às devidas conciliações dos títulos contábeis com os respectivos controles analíticos e mantê-las atualizadas, devendo a respectiva documentação ser arquivada por, pelo menos, um ano. 4- (BACEN2002) Relativamente aos critérios para avaliação e apropriação contábil nas operações com taxas prefixadas, avalie o acerto das afirmações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas, em seguida, marque a opção correta. ( ) As rendas e os encargos dessas operações são apropriados mensalmente, a crédito ou a débito das contas efetivas de receitas ou despesas, conforme o caso, em razão da fluência de seus prazos, admitindo-se a apropriação em períodos inferiores a um mês. ( ) As rendas e os encargos proporcionais aos dias decorridos no mês da contratação da operação devem ser apropriados dentro do próprio mês, pro rata temporis, considerando-se o número de dias corridos. ( ) A apropriação das rendas e dos encargos mensais dessas operações faz-se mediante a utilização do método exponencial, admitindo-se a apropriação segundo o método linear naquelas contratadas com cláusula de juros simples. a) F, V, V; b) V, V, F; c) V, F, F; d) V, V ,V; e) F, F, V 5- (BACEN2002) Relativamente aos critérios que devem ser observados para avaliação e apropriação contábil das operações com taxas pós-fixadas ou flutuantes, assinale o acerto das afirmações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas, em seguida, marque a opção correta. ( ) As operações ativas e passivas contratadas com rendas e encargos pós-fixados ou flutuantes contabilizam-se pelo valor do principal, a débito ou a crédito das contas que as registram. Essas mesmas contas acolhem os juros e os ajustes mensais decorrentes das variações da unidade de correção ou dos encargos contratados, no caso de taxas flutuantes. ( ) As rendas e os encargos proporcionais
Compartilhar