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Joëlle Moreira - Turma 05 Curso de doenças e agravos não transmissíveis Diabete� Mellitu� INTRODUÇÃO: O DM é um distúrbio de metabolismo intermediário caracterizado por hiperglicemia persistente, decorrente de deficiência na produção de insulina e/ou na sua ação. É uma doença multifatorial. EPIDEMIOLOGIA: ● É uma das principais doenças na prática médica e conta com uma prevalência que vem aumentando com o tempo. ● Acomete mais de 415 milhões de pessoas em todo o mundo. Desses, cerca de 80% se encontram em países em desenvolvimento. ● O Brasil conta com mais de 12 milhões de pessoas acometidas. ● Estima-se que a DM pode aumentar em 30-50% o risco do paciente desenvolver outras doenças ● A DM é a 6a maior causa de internações hospitalares e a principal causa de cegueira adquirida e de amputação de MMII. ● É responsável por 26% das diálises FISIOLOGIA: A insulina é um hormônio produzido nas células beta das ilhotas pancreáticas e parte da sua produção é liberada constantemente (em níveis basais) na circulação sanguínea. No entanto, sempre que se faz uma refeição, a taxa desse hormônio no sangue aumenta muito, formando um pico de insulina (estado pós-prandial). Isso acontece porque a glicose entra nas células beta do pâncreas através de uma proteína conhecida como GLUT-2, que estimula a secreção de insulina. Junto a isso, após cada refeição, são produzidas as incretinas, que são 2 peptídeos gastrointestinais, o GLP-1 (Glucose-Like Peptide 1) e o GIP (Glucose-dependent Insulinotropic Peptide), que são capazes de aumentar a resposta pancreática à glicose, liberando mais insulina. - Insulina ⤍ ⇣níveis de glicose no sangue (inclusive a produção endógena) - Glucagon ⤍ promove a produção endógena de glicose Diabetes tipo 2: >> Fatores externos (ganho de peso, sedentarismo, aumento da circunferência abdominal) ⤍ resistência à insulina ⤍ compensação pancreática ⤍ ⇡⇡⇡⇡produção de insulina ⤍ falência pancreática⤍ ⇣produção de insulina ⤍ ⇡produção de glucagon + ⇡reabsorção de sódio e glicose nos rins ● Tecido adiposo: Nesse tecido, a insulina promove a lipogênese. Num paciente com resistência à insulina temos a promoção da lipólise e, consequentemente, a liberação de ácidos graxos livres e glicerol. Ao entrar nas células, esse ácido graxo livre dificulta a sinalização intracelular da insulina. Além disso, ele também é captado pelo fígado e pode induzir a doença hepática gordurosa não alcoólica, presente em 80% dos pacientes com DM. ● Fígado: Há um aumento na produção hepática de glicose devido à resistência periférica à insulina. Isso faz com que haja um aumento na produção do glucagon. Além disso, o fígado do paciente com DM2 é mais sensível a essa glucagon, havendo um estímulo maior a produção hepática de glicose. ● Músculo: É o tecido que mais capta glicose dentro do corpo humano. Assim, a resistência à insulina dificulta essa captação, o que faz com que a glicose permaneça em circulação no sangue. ● Cérebro: A resistência à insulina no cérebro tem o efeito de aumento do apetite A diabetes só se instala no paciente quando a produção de insulina pelo pâncreas torna-se muito menor do que o necessário para se controlar os valores de glicose sérica no sangue. Dessa forma, mesmo que já se tenha resistência à insulina, o paciente só é considerado diabético quando há a falência pancreática. Esse quadro decorre de um mecanismo multifatorial, tais quais: ● Apoptose de células beta ● Lipotoxicidade ● Envelhecimento Alguns pesquisadores apontam esse aumento do glucagon como o principal desencadeador da DM. Esses hormônios são responsáveis por estimular a produção de insulina e inibir a produção de glucagon. Entretanto, no paciente com DM2 há uma redução desses peptídeos, principalmente o GLP1, havendo um estímulo menor a produção de insulina e um aumento na liberação do glucagon Nos rins existe o SGLT2, um co-transportador de sódio e glicose, que promove a reabsorção dessas moléculas. No paciente com DM2, esse mecanismo está hiperativado, promovendo o aumento da reabsorção de sódio e glicose nos rins. DIAGNÓSTICO: A maioria dos pacientes com DM2 são assintomáticos e acabam descobrindo a doença através de exames de rotina. Os sintomáticos apresentam: ❏ Poliúria ❏ Polifagia ❏ Polidipsia ❏ Perda ponderal ❏ Adinamia, fraqueza e anorexia ❏ Turvação visual >> Os "4Ps" sinalizam a falência pancreática (normalmente não têm resistência à insulina) Joëlle Moreira - Turma 05 Curso de doenças e agravos não transmissíveis TRATAMENTO: Decisão terapêutica: American Diabetes Association American Association of Clinical Endocrinologists - Tratamento Não Farmacológico: Está indicado para todos os pacientes diabéticos ou pré-diabéticos e envolve: ● Alimentação com dietas de baixo nível calórico ● Atividade física (150min/sem) ● Cessação do tabagismo - Tratamento Farmacológico: 1. Sensibilizadores à Insulina Biguanidas Metformina: É o medicamento de ● Ação: O efeito principal é sobre o fígado, reduzindo a gliconeogênese hepática, que é a maior responsável pelos altos níveis glicêmicos no paciente diabético. primeira escolha Nome comercial: Glifage Dose máxima: 2500 mg. ● Não acarreta hipoglicemia ● Tem baixo custo ● Promove perda de peso ● Tem alta eficácia ● Não há comprovação de proteção cardiovascular Ela também retarda a absorção intestinal de carboidratos e aumenta a translocação de GLUT-4 na periferia (especialmente em células musculares), o que diminui a resistência insulínica. ● Contraindicações: TFG < 30 ml/min/1,73m2; insuficiência cardíaca descompensada; doença hepática; aumento do risco de acidose lática (sepse. doenças críticas, choque), DPOC descompensada e as demais doenças crônicas descompensadas ● Efeitos adversos: Gastrointestinais (Dor abdominal, diarreia, empachamento, náuseas, vômitos, distensão abdominal); Acidose lática; Má absorção de vitamina e B12. ● Indicações para descontinuação transitória: Cirurgias, exames radiológicos com contraste e admissão hospitalar por doença grave Glitazonas ou Tiazolidinadiona (TZD) Pioglitazona (actos, pioglit, stanglit): 15 mg, 30 mg e 45 mg É usado em associação com a metformina, cobrindo, então, todos os mecanismo causadores da DM. ● Não causa hipoglicemia ● É eficaz ● Aumenta o ganho de peso (⇣gordura visceral e ⇡subcutânea) ● ⇣ risco CV É a segunda opção de droga quando o paciente tem contraindicação ou não respondeu bem à Metformina. ● Ação: Atua na resistência periférica à insulina principalmente no tecido adiposo e músculo. Essa droga possui um efeito genômico (sua ação só ocorre depois de 2 semanas) sobre o receptor nuclear PPAR-gama (t. adiposo e músculo) ● Contraindicações: ICC classes III e IV, doença hepática ativa e gravidez ● Efeitos adversos: Retenção hídrica, ganho de peso e fraturas ósseas >> Interessante associar com análogo de GLP1 ou inibidor de SGLT2 (controle do peso) Não necessita de ajuste da dose em pacientes com IR 2. Secretagogos independentes da glicose Sulfonilureias Tolbutamida Gliclazida Glibenclamida Glimepirida ● Causa hipoglicemia ● É eficaz ● ⇡ ganho de peso ● Tem baixo custo ● Efeito neutro no risco CV ● Ação: O efeito desses medicamentos é sobre as células beta do pâncreas. Basicamente, o que eles fazem é bloquear os canais de K+, o que leva a uma despolarização da membrana plasmática e consequente abertura dos canais de Ca+2. O influxo de cálcio, então, favorece a degranulação das vesículas com insulina, liberando o hormônio no meio externo. Utilizada em pacientes magros que não têm resistência à insulina (4Ps). ● Contraindicações: Insuficiência renal grave, gravidez, insuficiência hepática, cirurgias e infecções ● Efeitos adversos: Hipoglicemia e ganho de peso Glinidas Repaglinida Nateglinida ● Em desuso As glinidas atuam apenas sobre os momentos de pico de insulina, mas não sobre o nível basal desse hormônio, de modo que essas ● Ação: promovem a secreção de insulina pelo mesmo mecanismo de ação das sulfoniluréias. A diferença entre elas é apenas o tempo de meia vida das drogas,que é bem menor no caso das glinidas. Dessa forma, o seu uso deve ser sempre antes de alguma refeição, para que ela consiga reduzir a glicemia pós-prandial - é por isso que a sua principal indicação é em casos de pacientes que não tem horário fixo para Joëlle Moreira - Turma 05 Curso de doenças e agravos não transmissíveis drogas não podem ser utilizadas isoladamente. as refeições. ● Contraindicações: Gravidez ● Efeitos adversos: Hipoglicemia e ganho de peso 3. Secretagogos dependentes da glicose Inibidores de DPP4 Vildagliptina Sitagliptina Saxagliptina ● Não causam hipoglicemia ● São eficazes ● Têm efeito neutro na perda de peso ● Têm alto custo ● Têm efeito neutro na proteção CV ● Ação: Se baseia em inibir a enzima DPP4, cuja função é degradar as incretinas que foram liberadas após a alimentação. ● Contraindicações: Gravidez, lactação e ajustar dose para pacientes com IR ● Efeitos adversos (raros): Faringite, náuseas, cefaleia Alogliptina (maior afinidade pela DPP4) Linagliptina (não precisa de ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal) Análogos da GLP-1 ● Dulaglutida (Trulicity): 1,5 mg (semanal) ● Semaglutida (Ozempic): 0,25/ 0,5/ 1 mg (semanal) ● Liraglutida (Victosa): 0,6 / 1,2 / 1,8 (diário) ● Promove perda de peso, ⇣PA e proteção renal ● Traz proteção cardiovascular ● Tem alto custo mensal ● Não causam hipoglicemia ● É eficaz São medicações injetáveis (subcutânea) que podem ser de uso diário (liraglutida) ou semanal (dulaglutida e semaglutida). São as segundas drogas de escolha. ● Ação: Atuam nos receptores de GLP-1, aumentando insulina e diminuindo glucagon. Também diminuem o apetite e retardando o esvaziamento do estômago (mais tempo de saciedade), fatores que promovem a perda de peso. ● Contraindicações: Diabetes tipo 1; TFG < 30 ml/min/1,73m2; ICC classe III e IV; Gravidez e lactação ● Efeitos adversos: Náuseas, vômitos, diarreia e pancreatite Seu efeito depende dos níveis de glicose (não tem efeito se a glicose estiver baixa) 4. Outros Inibidores de SGLT-2 Canagliflozina (Invokana) Empagliflozina (Jardiance) Dapagliflozina (Forxiga) Dapagliflozina + metformina (Xigduo) ● ⇣ HbA1c ● ⇣ peso ● ⇣ Pressão arterial ● Tem proteção CV ● ⇣ do risco de ou início ou piora da nefropatia diabética ● ⇣de diálise ● Não causa hipoglicemia ● Alto custo ● Ação: Bloqueiam o co-transportador de sódio e glicose nos rins, acarretando em glicosúria e natriurese. Ele também faz com que chegue mais sódio na mácula densa, fazendo com que ele seja eliminado na urina e tenha uma vasoconstrição da arteríola aferente e, consequentemente, haja uma ⇣da pressão intraglomerular e a taxa de filtração glomerular, mecanismos que trazem proteção renal. ● Contraindicações: TFG < 45 ml/min/1,73m2 para cana e dapa; TFG < 30 ml/min/1,73m2 para empa; diabetes tipo 1; gravidez ● Efeitos adversos: Infecção genital, infecção urinária, hipotensão arterial, amputação (canagliflozina) e poliúria Inibidores de α-Glicosidases Acarbose ● Em desuso ● Ação: Atua impedindo a ação da enzima α-glicosidase, que atua no intestino quebrando as moléculas de carboidrato para facilitar a sua absorção. Assim, sem o efeito dessas enzimas, a absorção de açúcar é retardada e a glicemia, ao invés de fazer um pico pós--prandial, vai se alargar e aí esse padrão se aproxima da capacidade de secreção de insulina dos pacientes diabéticos (que é mais tardia e menos intensa). ● Contraindicações: Gravidez e doença inflamatória intestinal ● Efeitos adversos: Flatulência, distensão abdominal e dor abdominal 5. Insulinoterapia Na DM2, só usaremos insulina quando o paciente já está sendo medicado com 3 classes de medicamentos diferentes, mas não tem bom controle glicêmico ou que está sintomático e tem HbA1c > 9% e glicemia > 300 mg/dl. Nesse tipo de diabetes, a insulinoterapia deve ser associada aos medicamentos. CONTROLE GLICÊMICO:
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