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Climatério e Menopausa: Conceito e Fisiologia

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PRISCILA FAGUNDES 
CLIMATÉRIO 
CONCEITO 
 
O climatério é a fase de transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da mulher, caracterizado por 
uma gama de modificações endócrinas, biológicas e clínicas, compreendendo parte da menacme até a menopausa. 
Menopausa - Essa, por sua vez, é definida como o último período menstrual, identificado retrospectivamente após 12 
meses de amenorreia. O intervalo, do início dos sintomas de irregularidade menstrual até o final do primeiro ano após a 
menopausa, é chamado de perimenopausa. 
 
A menopausa é um evento fisiológico e inevitável que ocorre devido ao envelhecimento ovariano e sua 
consequente perda progressiva de função. 
Usualmente, ocorre de forma natural no final da quarta e início da quinta década de vida, com variações devidas a 
diferenças étnicas, regionais, ambientais e comportamentais, como o tabagismo. Conforme dados de uma metanálise 
envolvendo os seis continentes mundiais, a idade média geral da menopausa no mundo foi descrita como 48,78 anos, 
variando entre 46 e 52 anos. 
A menopausa que ocorre antes dos 40 anos de maneira espontânea ou artificial é chamada menopausa precoce. 
 
FATORES DE RISCO 
A idade da menopausa não se correlaciona com a idade da 1a menstruação e, sim, com a idade com que a mãe e 
as irmãs da paciente entraram em menopausa. Há fatores que antecipam discretamente a menopausa em um ano 
como: fumo, laqueadura tubária e histerectomia. 
A nicotina também contém um componente chamado vasopressina, que aumenta a pressão sanguínea e reduz o 
estrogênio. Os baixos níveis de estrogênio aumentam o ressecamento. 
Por outro lado, a menopausa precoce também pode ter causas externas como cirurgia retirando ovários ou grande 
parte deles, radiação, quimioterapia, além de causas internas. 
Nesse caso, as principais são as genéticas, ligadas a alterações no cromossoma X (Síndrome de Turner e suas 
variantes), e autoimunes, associadas a problemas de tireoide, como a Tireoidite de Hashimoto e a Doença de Graves. 
--- Uma outra causa seria a Síndrome de X Frágil, uma condição genética em que portadoras da alteração, em grau leve, 
teriam menopausa precoce, podendo haver casos na família de crianças com deficiência mental, que seriam os portadores 
da alteração plena. Assim, Menopausa Precoce é indicação precisa de terapia de reposição hormonal, uma vez que essas 
mulheres têm risco 4 x maior de doenças cardíacas e 7x maior de osteoporose. 
PATOGENIA 
 
Primeiramente - atresia fisiológica dos folículos primordiais; mas também a menopausa, apesar de poder ser 
influenciada pelo eixo hipotálamo hipofisário, é um evento ovariano. É um processo natural ou artificial, após 
procedimentos clínicos ou cirúrgicos que levam à parada da produção hormonal ovariana. 
A produção de folículos ovarianos pelas mulheres se inicia a partir da oitava semana de vida intrauterina por meio da rápida 
multiplicação mitótica das células germinativas. 
Já o envelhecimento do sistema reprodutivo inicia-se pouco tempo depois, ativando o processo de apoptose celular 
após atingir o número máximo de folículos primordiais – cerca de 7 milhões –, por volta da vigésima semana de gestação. 
Até o nascimento, cerca de 70% do pool folicular será perdido por meio desse processo, e ao chegar à puberdade, fase em 
que os ovários se tornarão funcionalmente ativos, restarão em média 300 a 500 mil folículos. 
Até que seu número se esgote na pós-menopausa, os folículos crescem e sofrem atresia de forma contínua. Esse processo 
é irrecuperável e ininterrupto, independentemente de situações como gravidez ou de períodos de anovulação. 
RESUMINDO - VIDA INTRAUTERINA - Dos milhões de folículos formados na vida intraútero, apenas 400 terão seu 
crescimento resultando em ovulação durante o menacme; o restante é perdido pelo processo de atresia. O declínio paralelo 
da quantidade e qualidade dos folículos contribui para a diminuição da fertilidade. Além disso, o consumo do pool folicular 
com o passar dos anos determina alterações hormonais importantes, responsáveis pelas alterações fisiológicas 
características do período peri e pós-menopáusico. 
 
FISIOLOGIA DA TRANSIÇÃO MENOPAUSAL - A transição menopausal é caracterizada pela irregularidade do ciclo menstrual 
devido à variabilidade hormonal e ovulação inconstante. A diminuição maciça do número de folículos ovarianos resulta na 
queda gradual da inibina B, que, por sua vez, desativa o feedback negativo sobre a hipófise, liberando a secreção de FSH na 
tentativa de aumentar o recrutamento folicular. O resultado dos níveis elevados de FSH é a aceleração da depleção folicular 
até o seu esgotamento. 
IMPORTANTE - Enquanto houver folículos suficientes, a ovulação ainda é mantida e os níveis de estradiol permanecerão 
dentro da normalidade. A contínua perda da reserva folicular diminui os níveis de estradiol que não são mais suficientes 
para estimular o pico de hormônio luteinizante (LH), encerrando, assim, os ciclos ovulatórios. 
 
AMENORREIA - Sem a ovulação propriamente dita, não há produção de corpo lúteo e consequentemente de progesterona, 
além de os níveis de estradiol não serem suficientes para estimular o endométrio, levando à amenorreia. 
 
NA PÓS-MENOPAUSA, na tentativa de estimular uma adequada produção de estradiol pelos ovários, a hipófise é ativada 
por picos de hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) e secreta grandes quantidades de gonadotrofinas, levando as 
mulheres a um estado de hipogonadismo hipergonadotrófico. Devido à redução da resposta ovariana às gonadotrofinas, 
os níveis de FSH e LH são marcadamente elevados nos primeiros anos após a menopausa, decrescendo com o 
envelhecimento. 
O AMH, marcador do número de folículos ovarianos em crescimento, diminui para níveis indetectáveis na pós-menopausa 
(Broer et al., 2014). Em estudos recentes, o AMH tem-se mostrado um ótimo preditor do envelhecimento ovariano. 
 
Com a diminuição da massa folicular, ocorre relativo aumento no estroma ovariano, porção responsável pela produção de 
testosterona e androstenediona. 
ESTEREOIDES ANDROGÊNICOS DIMINUIDOS - De maneira geral, a síntese dos esteroides androgênicos está diminuída, 
porém a produção remanescente é suficiente para manter os ovários ativos. Esses androgênios, principalmente a 
androstenediona, servem como substrato para a aromatização periférica. 
A mulher pós-menopáusica não é totalmente desprovida de estrogênio, que segue sendo sintetizado em níveis 
muito menores. No ovário, a produção de estradiol é quase nula. Já, por meio da aromatização periférica da 
androstenediona no tecido adiposo, a produção da estrona é mantida e, mesmo em pequenas concentrações circulantes, 
passa a ser o principal estrogênio na pós-menopausa. Quanto à progesterona, não há mais produção. 
 
O diagnóstico do climatério é clínico, não havendo necessidade de dosagens hormonais para confirmá-lo quando 
há irregularidade menstrual ou amenorreia e quadro clínico compatível. Porém, níveis de FSH acima de 40 mUI/mL e 
estradiol (E2) menores do que 20 pg/mL são característicos do período pós-menopáusico. 
 
CONSEQUÊNCIAS DO HIPOESTROGENISMO 
Receptores estrogênicos existem em diferentes concentrações em vários locais do organismo – como pele, ossos, 
vasos, coração, diversas regiões do cérebro, mama, útero, vagina, uretra e bexiga – e a redução nos níveis de estrogênio 
circulante gera efeitos diferentes para cada mulher. As características individuais determinam perfis diferentes de 
biodisponibilidade de estrogênios com repercussões próprias no metabolismo e quadro clínico-laboratorial de cada 
paciente, podendo resultar no comprometimento da qualidade de vida. Apenas em torno de 15% das mulheres não 
apresentarão sintomas no período do climatério. 
 
Figura 53.2. Visão geral dos sistemas afetados pelo hipoestrogenismo e seus sintomas. 
Alterações no ciclo menstrual – Intensidade, duração, frequência e padrão da menstruação alterados 
A queixa mais frequente na transição menopausalé a irregularidade menstrual, com alteração na intensidade do 
fluxo, na duração ou frequência da menstruação. Essa irregularidade reflete os ciclos anovulatórios cada vez mais comuns 
e, por consequência, as alterações no padrão de secreção tanto do estrogênio quanto da progesterona tendem a se iniciar 
com encurtamento dos ciclos e progredir para períodos de amenorreia cada vez mais longos até a parada total. 
 
AMENORREIA - A amenorreia prolongada é característica da deficiência de estrogênio. 
SANGRAMENTO AUMENTADO - O padrão de fluxo menstrual também pode variar, sendo comum ocorrer sangramento 
aumentado. 
Nessa fase, o desenvolvimento de patologias orgânicas como miomas e pólipos é favorecido e, nos casos de sangramento 
uterino intenso, é mandatória a investigação e exclusão de patologias endometriais, com atenção às hiperplasias 
endometriais e ao carcinoma de endométrio. 
 
Sintomas vasomotores 
Compreende os episódios de fogachos e suores noturnos, resultando no sintoma mais comum da transição menopausal e 
pós-menopausa inicial, sendo referido por mais de 80% dessas mulheres. 
 
FOGACHO - O fogacho se manifesta como uma súbita sensação de calor intenso que se inicia na face, pescoço, parte 
superior dos troncos e braços, e se generaliza; além disso, é seguida por enrubecimento da pele e subsequente sudorese 
profusa. Observa-se aumento do fluxo sanguíneo cutâneo, taquicardia, aumento da temperatura da pele devido à 
vasodilatação e, eventualmente, palpitações. 
Além do impacto negativo na qualidade de vida, os sintomas vasomotores parecem estar associados ao aumento de risco 
cardiovascular, ósseo e cognitivo. 
Sabe-se que a redução dos níveis séricos estrogênicos provoca alterações em neurotransmissores cerebrais causando 
instabilidade no centro termorregulador hipotalâmico, tornando-o mais sensível a pequenos aumentos da temperatura 
corporal relacionados a alterações intrínsecas e ambientais. 
Outros fatores parecem estar relacionados, entre eles as alterações nas concentrações hormonais e nos sistemas 
serotoninérgico, noradrenérgico, opioide, adrenal e autonômico. 
 
Cada episódio dura aproximadamente de 2 a 4 minutos e ocorre diversas vezes no decorrer do dia. É particularmente 
comum à noite, prejudicando a qualidade do sono e contribuindo para irritabilidade, cansaço durante o dia e diminuição 
na capacidade de concentração. Sabe-se que 87% das mulheres sintomáticas têm episódios diários de fogachos, e 33% 
delas apresentam mais de 10 episódios por dia. 
A duração média dos sintomas vasomotores a partir da transição menopausal é de 7,4 anos, e 4,5 anos desse total 
são vivenciados no período pós-menopáusico. O tempo varia conforme a etnia, e o melhor preditor independente para a 
duração dos sintomas vasomotores e tempo de sintomas pós-menopausa é o início dos fogachos em estágios precoces da 
transição menopausal. 
FATORES DE RISCO PARA A MAIOR DURAÇÃO DOS SINTOMAS - Também está relacionado à maior duração dos 
sintomas: índice de massa corporal (IMC) elevado, tabagismo, grau de sensibilidade aos sintomas, ansiedade, percepção 
de estresse e sintomas depressivos. 
 
Alterações no sono 
Distúrbios do sono, incluindo menor duração, aumento nos episódios de despertar noturno e menor eficácia do 
sono, estão presentes em até metade das mulheres na pós-menopausa, com ênfase ao período perimenopáusico, devido 
às flutuações 
Hormonais. 
Sabe-se que os fogachos têm papel definido no quadro clínico, pois os episódios noturnos aumentam o número de 
despertares noturnos, contribuindo para um sono de menor qualidade. Porém, além da percepção das alterações no sono, 
há evidências objetivas por meio da polissonografia comprovando alterações no padrão sonográfico dessas mulheres. 
A menor duração do sono é responsável por sequelas orgânicas como aumento da prevalência de hipertensão e diabetes 
mellitus. Além disso, consequências psicológicas são evidentes, acarretando cansaço e prejudicando as atividades diárias. 
Depressão e ansiedade também estão correlacionadas. 
Alterações do humor 
Os sintomas depressivos são relatados por 65% a 89% das mulheres que buscam atendimento no período do 
climatério. O mecanismo responsável pelo aumento do risco ainda é desconhecido, porém a variação dos níveis séricos de 
estrogênio parece estar mais associada com efeitos depressivos do que com a própria concentração hormonal absoluta. 
As mudanças evidentes desse período, a perda da capacidade reprodutiva e o próprio envelhecimento propiciam distúrbios 
psicológicos associados, que também podem contribuir para o quadro depressivo ou ansiolítico. 
 
Alterações cognitivas 
Durante a transição menopausal, há marcado aumento nas queixas referentes ao declínio das funções cognitivas, 
com ênfase nas queixas de diminuição da atenção e alterações da memória. 
Na perimenopausa, 44% das mulheres reportam esquecimento; curiosamente. 
Na perimenopausa tardia e na fase pós-menopausal esse percentual cai para 41%. No menacme, 31% das mulheres 
apresentam essa queixa. 
--- Também há queixas de piora na perda de memória verbal, processamento rápido das informações e demência. 
Modificações no âmbito cognitivo são mais prevalentes com o passar dos anos. 
Contudo, o envelhecimento de forma isolada não explica as alterações percebidas no período peri e pós-menopáusico de 
forma completa. 
 
FISIOLOGIA DESSA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA 
Sabe-se que o estrogênio tem papel modulatório nos sistemas neurotransmissores, influenciando o desempenho 
nas tarefas de aprendizagem e memória. Sua ação no hipocampo e lobo temporal também já é conhecida. Apesar de o 
hipoestrogenismo estar intimamente relacionado a essas alterações, a fase de transição – caracterizada por oscilações nos 
níveis hormonais – parece ser a mais sintomática, já que, após o período de piora da performance cognitiva na 
perimenopausa, se observa o retorno da capacidade usual no período pósmenopausa. 
 
DEFEITOS NÃO PERMANENTES DA MEMÓRIA E COGNITIVOS - Parece que o efeito da deficiência estrogênica na memória e 
outras funções cognitivas não são permanentes nas mulheres após menopausa natural. Para aquelas que sofreram 
menopausa artificial, devido à queda abrupta níveis séricos dos hormônios ovarianos (incluindo androgênios), os efeitos na 
cognição são mais importantes e parecem responder à TH quando iniciada no momento da ooforectomia. 
. 
Alterações em pele e fâneros 
 
O ganho de peso costuma ser erroneamente associado à menopausa, enquanto as mudanças hormonais estão, na 
verdade, relacionadas ao aumento da circunferência e da gordura abdominal e total, mesmo em mulheres magras. 
Janssen et al., 2008). O padrão de distribuição da gordura passa de ginecoide para androide, propiciando o acúmulo na 
região abdominal. 
 A quantidade de gordura visceral também aumenta. A circunferência abdominal retrata a quantidade de gordura 
visceral e subcutânea e se correlaciona com o risco de doença cardiovascular e dislipidemia. 
A pele também sofre alterações devidas à deficiência estrogênica. Os anos de menopausa se correlacionam de 
forma altamente significativa com o declínio do colágeno e espessura da pele, com ênfase para os primeiros cinco anos 
após a menopausa, resultando no aumento da flacidez e das rugas e diminuição da elasticidade da pele. A pele seca é 
condicionada ao envelhecimento. 
O cabelo passa a ser mais fino e pode aumentar o padrão de queda relacionada à transição menopausal e o status 
pós-menopáusico (Sobrac/NAMS, 2015). 
Em relação a alterações oculares, uma das queixas mais comuns associada à menopausa é a síndrome do olho seco, 
caracterizada por irritação ocular, secura, pressão, sensação de corpo estranho, aspereza e queimação, assim como 
fotofobia; esses sintomas parecem estar relacionados tanto à redução dos níveis de estrogênio, quanto à de androgênios. 
A transição menopausal também parece atuar de forma importante no desencadeamento do declínio auditivo 
relacionado à idade em mulheres saudáveis. 
 
Alteraçõesatróficas 
 
A síndrome geniturinária da menopausa (SGM), também conhecida por atrofia vulvovaginal (AVV), compreende 
alterações histológicas e físicas da vulva, vagina e trato urinário baixo devidas à deficiência estrogênica. É uma condição 
comum que 
acomete quase metade das mulheres na menopausa (Nappi e Palacios, 2014) e tem caráter progressivo se o tratamento 
adequado não for imposto, afetando a saúde, a sexualidade e a qualidade de vida das mulheres acometidas. O quadro 
atrófico decorre dos baixos níveis sistêmicos do estrogênio. O envelhecimento também parece contribuir para o quadro, 
porém seu papel ainda não está bem claro. 
A vulva perde tecido adiposo dos grandes lábios e a pele está mais fina e plana, com rarefação dos pelos. Os 
pequenos lábios perdem tecido e pigmentação; quando intensa, a atrofia pode resultar em coalescência labial. 
A vagina passa a ser mais curta e estreita, diminuindo suas rugosidades, principalmente na ausência de atividade 
sexual. 
O epitélio vaginal torna-se fino, e a lubrificação resultante de estímulo sexual está prejudicada em decorrência da 
diminuição da secreção glandular. Também se apresenta bastante friável, com sangramento ao toque e vulnerável a 
traumas. 
O pH vaginal está alcalino, reduzindo o número de lactobacilos na flora, propiciando infecções e vaginite atrófica. 
URETRA - A uretra é hiperemiada e proeminente. 
 
RESULTAM EM SINTOMAS GENITAIS ESSAS ALTERAÇÕES - Essas alterações anatômicas resultam em 
- Sintomas genitais (ressecamento, ardência e irritação), 
- Sintomas sexuais (ausência de lubrificação, desconforto ou dor – dispareunia, piora da função sexual) e 
- Sintomas urinários (urgência miccional, disúria, infecções recorrentes do trato urinário, piora da incontinência urinária 
preexistente). 
Reflexo dos quadros de dispareunia e ressecamento vaginal. A vascularização vaginal é reduzida e a lubrificação 
não é efetiva. Apesar do papel fundamental na fisiopatologia, o hipoestrogenismo não é fator isolado na causa das 
disfunções sexuais da mulher climatérica. Efeitos psicológicos também são comuns. 
Devido à deficiência estrogênica, o agravamento das distopias genitais é facilitado (Palacios, 2009). 
 
ALTERAÇÕES ÓSSEAS E ARTICULARES 
A osteoporose é uma doença sistêmica caracterizada pela diminuição da densidade óssea e alterações em sua 
microarquitetura, levando à fragilidade e predispondo a fraturas por baixo impacto. 
O equilíbrio entre formação e reabsorção óssea está afetado, resultando em perda de massa óssea de forma acelerada. O 
hipoestrogenismo tem papel importante nesse mecanismo (NIH, 2001). 
SUA IMPORTÂNCIA ESTÁ NA ALTÍSSIMA FREQUÊNCIA EM QUE OCORRE E NAS GRAVES CONSEQUÊNCIAS RELACIONADAS 
ÀS FRATURAS OSTEOPORÓTICAS – altos custos, dor crônica, deformidades, limitações na mobilidade, consequências 
psicológicas e morte. 
- Aos 50 anos, 1/3 das mulheres terão uma fratura. Sua prevalência e incidência aumentam de forma exponencial com a 
idade. 
FATORES DE RISCO NESSA ALTERAÇÃO ÓSSEA - Existem outros fatores de risco envolvidos além do status 
menopausal: sexo feminino, idade avançada, etnia branca ou oriental, baixo IMC, história pessoal ou familiar de fratura, 
baixa densidade mineral óssea (DMO), uso de glicocorticoide oral, tabagismo, abuso de bebidas alcoólicas, sedentarismo e 
baixa ingestão de cálcio. 
FRATUREAS MAIS COMUNS PÓS-MENOPAUSA - As fraturas mais comuns nas mulheres pós-menopáusicas são do rádio 
distal (fratura de Colles), coluna vertebral e do fêmur proximal. 
 
ALTERAÇÃO ARTICULAR - Além das alterações ósseas, as alterações articulares fazem parte das queixas comuns das 
mulheres de meia-idade. Cerca de 50% a 60% das mulheres nesse período referem dor ou rigidez articular, porém parece 
que os sintomas são relacionados ao status menopausal. 
 
RECETORES DE ESTROGÊNIO NESSAS REGIÕES - Receptores de estrogênio foram isolados nas articulações e sabe-
se que sua ação nesses tecidos protege a estrutura biomecânica, porém ainda é controversa a associação da insuficiência 
estrogênica com a evolução das doenças que envolvem as cartilagens e as articulações. Evidências sugerem que o 
estrogênio exerce efeitos positivos sobre o metabolismo dos ossos, dos músculos e da sinóvia, que, em conjunto, melhoram 
a saúde das articulações. 
 
ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES E METABÓLICAS 
Doenças cardiovasculares (DCV), especialmente o infarto do miocárdio (IM), são as principais causas de morte em 
mulheres com mais de 50 anos no Brasil e no mundo. 
Os principais fatores de risco para DCV incluem a presença de aterosclerose de grandes vasos, história familiar de DCV, 
hipertensão arterial (HAS), tabagismo, diabetes e a chamada síndrome metabólica (SM) – obesidade central, resistência à 
insulina, hipertrigliceridemia e dislipidemia (Lobo, 2008). 
 
NA PÓS-MENOPAUSA - No período pós-menopáusico, devido ao hipoestrogenismo, o perfil hormonal das mulheres 
passa a ser androgênico e a prevalência da SM aumenta, o que pode explicar de forma parcial o aumento da incidência de 
DCV após a menopausa. 
PERDE-SE ATIVIDADE PROTETORA DO ESTROGÊNIO - Devido ao novo perfil hormonal, perde-se a atividade protetora do 
estrogênio para eventos endoteliais e há o desenvolvimento de componentes da SM. 
 --- Observa-se aumento da adiposidade central (intra-abdominal), mudança para um perfil lipídico e lipoproteico mais 
aterogênico, com o aumento da concentração de colesterol total à custa da lipoproteína de baixa densidade (LDL), dos 
triglicerídeos (TG) e da redução de lipoproteína de alta densidade (HDL), o principal preditor para eventos isquêmicos 
cardíacos. Também se observa aumento da glicemia e dos níveis de insulina. 
 
A transição menopáusica por si só é fator de risco para a síndrome, independentemente de idade, hábitos de vida e 
composição corporal. 
 
DIAGNÓSTICO – 
EXAMES COMPLEMENTARES 
A avaliação inicial da paciente deve incluir anamnese e exame físico detalhado, não se focando apenas na história 
ginecológica. Os exames complementares solicitados nesse período têm função preventiva (prevenção secundária), e 
alguns podem auxiliar o diagnóstico em casos atípicos. A seguir são descritos os exames que devem ser solicitados e suas 
finalidades. 
 
Dosagens hormonais: FSH, LH, progestagênio e estradiol. O primeiro hormônio a apresentar aumento significativo 
nos seus níveis circulantes é o FSH, pela baixa resposta dos ovários para manter o mesmo nível circulante inicial de 
estrogênio. A seguir, eleva-se o LH e, por último, o estrogênio começa a cair. Essas dosagens devem ser reservadas para 
casos de dúvidas diagnósticas. 
Beta-HCG: crucial na avaliação de pacientes em amenorreia que têm potencial, apesar de pequeno, de engravidar. 
Glicemia de jejum: triagem para diabetes, mais incidente nessa faixa etária. 
Hemograma completo: avaliação de anemia, que pode ser clinicamente assintomática. 
Perfil lipídico: aqui devem ser pedidas as frações de colesterol e triglicérides, importantes na avaliação do risco de 
doenças cardiovasculares e decisões terapêuticas. 
Colpocitologia oncótica: utilizada no screening do câncer de colo uterino, na menopausa pode ser avaliado também 
o índice de maturação celular, que se encontra diminuído (aumento de células parabasais) pelo hipoestrogenismo. 
Colposcopia e vulvoscopia: importante na avaliação de queixas vulvovaginais e, quando há alteração da 
colpocitologia oncótica, podem ser utilizados também para guiar biópsias. 
Mamografia bilateral: fundamental na prevenção secundária do câncer de mama; entre os 40 e 50 anos de idade, 
deve ser realizada bianualmente e, após os 50 anos, anualmente. Deve ser realizada obrigatoriamente naquelas mulheres 
passíveis de TRH. 
Ultrassonografia pélvica e transvaginal: realizada para avaliar patologias uterinas e ovarianas, e, principalmente 
nesse período, avaliar a espessura endometrial na triagem do carcinoma endometrial. 
PROPEDÊUTICA PARA ESPESSAMENTO ENDOMETRIAL - Na presença de espessamento endometrial(> 5 mm), a 
propedêutica deve se estender com o teste da progestagênio, histeroscopia (visualização do endométrio) e coleta de 
material endometrial por meio de aspiração ou biópsia dirigida. 
PESQUISA DE SANGUE OCULTO NAS FEZES: rastreamento para o câncer colorretal. 
DENSITOMETRIA ÓSSEA: importante na avaliação, em longo prazo, da massa óssea e da influência sofrida pelo 
hipoestrogenismo, permitindo detecção e tratamento precoces da osteopenia grave e osteoporose, impedindo a 
ocorrência de complicações mais graves como fraturas patológicas; obrigatória para pacientes com fatores de risco (ingesta 
inadequada de cálcio, dieta rica em fosfatos, uso prolongado de corticoides ou heparina, hiperparatireoidismo, insuficiência 
renal crônica, alcoolismo, sedentarismo, entre outros) para osteoporose. 
IMPORTANTE - Convém solicitá-la no diagnóstico de menopausa e 2 anos após, a fim de estabelecer o padrão de perda 
óssea da paciente. 
TSH, T4 livre: importantes na avaliação do hipotireoidismo, que tem sua incidência aumentada nessa faixa etária e 
pode apresentar sintomas muito parecidos com os da menopausa. 
 
ÍNDICES 
O diagnóstico de climatério é eminentemente clínico, associando-se faixa etária da paciente, alterações menstruais 
e outros sintomas da deprivação hormonal. Porém, para avaliar a sintomatologia, a necessidade de tratamento e seu 
acompanhamento, foram criados alguns índices que permitem avaliar, com certa praticidade, a intensidade da síndrome 
climatérica. 
Na avaliação da intensidade da síndrome do climatério, é útil o emprego de índices baseados na sintomatologia. Os 
índices mais utilizados são o de Hauser e o de Kupperman, os números obtidos servem para caracterizar objetivamente o 
quadro clínico e sua evolução com o tratamento, quando prescrito. 
 
ÍNDICE DE HAUSER 
 
Para a obtenção do índice de Hauser, a paciente deve dar notas de 0 a 10 para cada um dos sintomas listados, sendo 
0 = ausência do sintoma e 10 = sintoma muito exacerbado. Ao final, somam-se todas as notas e divide-se por 10. Considera-
se o índice elevado quando acima de 7, a diminuição do índice ao longo do tratamento é um marcador de boa resposta 
terapêutica. 
 
ÍNDICE DE KUPPERMAN 
A obtenção do índice de Kupperman é mais complexa e consiste em atribuir graus de intensidade aos sintomas 
listados, da seguinte forma: ausente (0), leve (1), moderado (2) e grave (3). Cada sintoma tem um coeficiente de 
importância, sendo 4 para sintomas vasomotores, 2 para insônia, parestesia e nervosismo e 1 para melancolia, vertigem, 
astenia, artralgia, cefaleia, palpitação e formigamento. Devem-se multiplicar os coeficientes de intensidade e importância 
de cada sintoma e somá-los posteriormente. Classificam-se os casos como: 
 
 leves: índice < 20; 
 moderados: índice entre 20 e 34; 
 graves: índice > 34. 
 
 
 
TERAPÊUTICA HORMONAL: BENEFÍCIOS, RISCOS E REGIMES TERAPÊUTICOS INTRODUÇÃO 
 
A terapêutica hormonal (TH) da menopausa envolve uma gama de hormônios, diferentes vias de administração e 
doses e esquemas diversos. Na última década, apesar das inúmeras controvérsias, a TH é considerada o tratamento mais 
eficaz para os sintomas vasomotores decorrentes da falência ovariana, e os benefícios superam os riscos para a maioria 
das mulheres sintomáticas com menos de 60 anos de idade ou dentro do período de 10 anos da pós-menopausa. 
 
Os riscos e benefícios da TH diferem entre as mulheres durante a transição da menopausa em comparação com 
aquelas mais velhas. O início da TH em mulheres com mais de 10 anos de pós-menopausa pode associar-se ao aumento no 
risco de 
doença cardiovascular (DCV). Entretanto, se iniciada na peri e pósmenopausa inicial, a TH pode diminuir o risco 
cardiovascular, conceito conhecido como “janela de oportunidade”. A prescrição da TH exige a existência da clara indicação 
e a ausência de contraindicações.

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