Buscar

METPRODCONHEC

Prévia do material em texto

gestão empresarial
Métodos para produção do ConheCiMento
O que é O 
cOnhecimentO?
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da UA o aluno deverá ser capaz de compreen-
der que a teoria do conhecimento é inerente à produção 
científica e tecnológica.
COmpetênCias 
Compreensão de que o conhecimento é socialmente 
produzido nas relações que temos com o mundo e 
conosco mesmo.
Habilidades 
Saber definir o que é o conhecimento e perceber que o 
sucesso no Curso de Processos Gerenciais dependerá, 
principalmente, da sua postura perante novos conhe-
cimentos e da aceitação dos desafios do processo de 
ensino-aprendizagem
1
Métodos para produção 
do ConheCiMento
O que é O cOnhecimentO?
ApresentAção
O entendimento do conceito da teoria do conhecimen-
to constitui um ponto de partida para a compreensão 
da importância da produção científica e tecnológica. 
 No cotidiano nos deparamos com as novas práticas 
de produção, comercialização e consumo de bens e ser-
viços, bem como de circulação e de valorização do capi-
tal, a partir da maior intensidade no uso de informação 
e conhecimento nesses processos.
Dessa maneira, não há mais como se manter alheio às 
convergências das tecnologias da informação e comuni-
cação, pois no mundo atual, esses artefatos são percebi-
dos como personagens centrais na conformação de uma 
nova economia.
A sociedade deve entender que esse novo papel da 
informação e do conhecimento, nos últimos tempos vem 
provocando modificações substantivas nas relações, for-
ma e conteúdo do trabalho.
Assim, a modificação no trabalho apoia-se em novas 
práticas, que por sua vez ancora-se em novos saberes e 
competências, bem como em novos aparatos instrumen-
tais tecnológicos, tanto como em novas formas de inovar 
e de organizar o processo produtivo.
pArA ComeçAr
O conhecimento implica em escolhas e nunca é uma 
ação unilateral. 
Quem conhece, conhece algo, assim, ele nasce pri-
meiro de uma relação conosco mesmo, depois suces-
sivamente, com as pessoas, com as situações e desa-
fios diários, com o mundo ao nosso redor, ou seja, com 
a vida.
Sua escolha de conhecer por intermédio desta Uni-
versidade e deste curso, certamente tornará todos os 
envolvidos, mais rico no desenvolvimento dessa área 
de atuação.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 01 O Que é o Conhecimento? 4
Nesta Unidade de Aprendizagem você terá oportunidade de perceber 
que problematizar sobre os diferentes assuntos é uma maneira de mobi-
lizar para produzir novos conhecimentos, superando a atitude passiva de 
apenas reproduzir informações. 
As suas dúvidas devem estar se acumulando. Aceite-as, enfrente-as, pois 
se constituem no motor que vai impulsionar na busca do conhecimento. 
FundAmentos
O que é o conhecimento e como é possível assimilá-lo e produzi-lo?
Esta é uma antiga questão ainda não totalmente respondida pelos es-
tudiosos da Epistemologia. Não tem muito como fugir. Quando nos per-
guntamos sobre as origens do conhecimento, deparamo-nos com as ex-
periências dos primeiros povos, já que conhecer é condição inerente da 
vida e do desenvolvimento humano, em especial. 
Os gregos utilizavam a palavra episteme para se referirem ao que en-
tendemos por conhecimento e ciência, assim fica claro que a palavra co-
nhecimento e ciência são muito próximas, entretanto não tomamos ciên-
cia, ficamos cientes de algum fato ou informação. 
É evidente que no mundo moderno e contemporâneo, a ciência foi se 
tornando, cada vez mais, algo que se destacou do conhecer em geral. 
Se episteme quer dizer ciência ou conhecimento e logos quer dizer 
estudo, você pode concluir que epistemologia é o estudo ou teoria 
do conhecimento. 
É possível conhecer o que é o conhecimento, essa relação que nos per-
mite compreender o objeto do nosso olhar, da nossa atenção, do nosso 
interesse. Por isso, não é possível separar conhecimento de interesse. 
Jürgen Habermas (1982), filósofo alemão contemporâneo, afirma que 
não é possível conhecer sem se interessar, sem se comprometer. O su-
jeito do conhecimento precisa se aproximar do objeto do conhecimento, 
e é nessa aproximação interessada que acontece o conhecimento. 
No dia a dia, elaboramos hipóteses sobre aquela situação, problema 
ou objeto que nos interessa e que afeta a nossa sensibilidade. Veja que o 
conhecimento está intimamente ligado às formas como ele ocorre.
Observe que quando desejamos conhecer algo, mobilizamos nossas 
forças físicas e intelectuais em direção ao objeto do conhecimento. Assim, 
como sujeitos do conhecimento, buscamos as respostas possíveis para a 
nossa curiosidade em relação àquele objeto do conhecimento.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 01 O Que é o Conhecimento? 5
ConCeito
Pode-se definir o conhecimento como a relação que se es-
tabelece entre o sujeito que quer conhecer e o objeto a 
ser conhecido.
Peter Drucker (1909-2005), importante pesquisador austríaco e teórico da 
área de Administração, com trabalhados publicados na área de Inovação 
e Empreendedorismo, criou vários conceitos que fundamentaram a con-
cepção contemporânea de gestão. Esse autor afirma que o conhecimento 
é a única riqueza que faz sentido (DRUCKER, 1987). 
Num mundo em que a inovação e a atitude empreendedora são fun-
damentais para a transformação social e o sucesso profissional, você está 
procurando investir na sua formação. Seja esta sua primeira graduação, 
ou não, a aventura do conhecimento é o primeiro desafio que você preci-
sa aceitar. Nunca saberemos tudo sobre tudo e todos. Sócrates, filósofo 
grego, considerado um dos maiores sábios da Antiguidade é o mesmo 
que se celebrou com a frase “Só sei que nada sei”. 
O conhecimento é uma aventura de descobertas e redescobertas per-
manentes. E como é possível o conhecimento? Você deve estar preocupa-
do com a nova situação que se apresenta como graduando (a) no Curso 
de Processos Gerenciais. 
A disciplina Metodologia Científica é eminentemente prática e deve 
estimular os estudantes, neste caso do curso de tecnologia em proces-
sos gerenciais, para que busquem motivações para encontrar respostas 
às suas inquietações. Se tratarmos de um curso de graduação, estamos 
naturalmente nos referindo a uma Academia de Ciência e, como tal, as 
respostas aos problemas de aquisição de conhecimento deveriam ser 
buscadas por meio do rigor científico e apresentadas pelas normas aca-
dêmicas vigentes.
Desse modo, a metodologia científica não é uma disciplina que apenas 
trata o simples conteúdo a ser decorado pelos alunos, para ser verificado 
num dia de prova, trata-se de fornecer aos alunos um instrumental indis-
pensável para que sejam capazes de atingir os objetivos e o desenvolvi-
mento de um trabalho acadêmico científico e neste caso especificamente 
ligado a tecnologia, ou seja, obrigatoriamente uma aplicação prática para 
solucionar um problema empresarial.
Esse estudo e consequentemente a pesquisa a ser desenvolvida deve 
ser conectada com a área do conhecimento no qual este curso está inse-
rido. Trata-se então de se aprender fazendo, como sugere os conceitos 
mais modernos da tecnologia.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 01 O Que é o Conhecimento? 6
As regras definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - 
ABNT, para elaboração de trabalhos científicos devem ser seguidas rigo-
rosamente. Caso alguma regra não esteja sendo cumprida, a responsabi-
lidade é da desatenção do pesquisador, que nesse momento assume o 
papel de autor e que elabora um registro da sua investigação.
Esse critério de elaboração e de autoria promove no estudante a res-
ponsabilidade por sua obra e também a possibilidade de uma implemen-
tação tecnológica, em ambiente empresarial, que pode atuar na sua pro-
moção pessoal e profissional. 
A obra que será elaborada/construída deverá elucidar e dar créditos a 
uma aplicação voltada para os processos gerenciais e também contem-
plar as questões que envolvem a elaboração de um projeto e o relató-
rio da pesquisa, portanto, pode ser entendidacomo uma facilitadora da 
aprendizagem, no qual os estudantes poderão consultar, a qualquer hora, 
para solucionar suas dúvidas quanto aos procedimentos, técnicas e nor-
mas de pesquisa. 
Quando falamos de um curso superior, estamos nos referindo, indire-
tamente, a uma Academia de Ciências, já que qualquer Faculdade nada 
mais é do que o local próprio da busca incessante do saber científico. 
Nesse sentido, esta disciplina tem uma importância fundamental na for-
mação do profissional. Se os alunos procuram a Academia para buscar 
saber, precisamos entender que Metodologia Científica nada mais é do 
que a disciplina que estuda os caminhos do saber, se entendermos que 
método quer dizer caminho, logia quer dizer estudo e ciência que dizer 
saber. Para realizar uma pesquisa é necessário desenvolver o espírito de 
pesquisador, ou seja, incomodado com a prática atual.
Tendo como parâmetro uma investigação pensada e organizada pelo 
pesquisador, poderá ser utilizada diferentes instrumentos de coleta de 
dados para se chegar a uma resposta mais adequada/desejada para o 
desenvolvimento de sua pesquisa.
 O instrumento ideal deverá ser estipulado pelo pesquisador para se 
atingir os resultados ideais. Podemos ainda pensar num exemplo grossei-
ro, por exemplo, eu não poderia buscar apenas no setor de recursos hu-
manos todos os dados para uma pesquisa sobre o modelo de treinamen-
to de uma empresa em franca ascensão no mercado de construção civil. 
Buscar os caminhos que ela percorreu para chegar ao atual procedimento 
de ingresso e treinamento do seu pessoal pode ser uma investigação bem 
mais aprofundada, inclusive em outros departamentos, como por exem-
plo, no setor financeiro.
Da mesma forma, o pesquisador não poderia definir outro tipo de trei-
namento sem entender profundamente os caminhos que essa empresa 
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 01 O Que é o Conhecimento? 7
percorreu para criação do seu modelo atual, por isso, a importância de se 
definir o tipo de pesquisa e da escolha do instrumental ideal a ser utilizado.
O que é o conhecimento que você quer e precisa ter e o que nós de-
vemos proporcionar? Veja que a resposta a essa questão se faz antecipa-
damente em alguns aspectos porque aproveitamos nossas experiências 
anteriores, mas em grande parte, ela se dá no processo de conhecer em 
que, juntos, faremos adaptações e replanejamentos, conforme as neces-
sidades que aparecerem nessa caminhada. 
Numa sociedade como a nossa, o mero acúmulo de informações não 
basta. Segundo Morin (2001):
O conhecimento das informações ou dos dados isolados é insuficiente. É preciso situ-
ar as informações e os dados em seu contexto para que adquiram sentido. Para ter 
sentido a palavra necessita do texto, que é o próprio contexto, e o texto necessita do 
contexto no qual se enuncia. Desse modo, a palavra ‘amor’ muda de sentido no con-
texto religioso e no contexto profano, e uma declaração de amor não tem o mesmo 
sentido de verdade se é enunciada por um sedutor ou um seduzido. 
A complexidade do conhecimento para além do acúmulo de informações 
diz respeito à apropriação e desenvolvimento de uma linguagem que pro-
voque uma reflexão sobre a natureza e origem do conhecimento, seus 
limites e possibilidades no contexto em que ele é produzido e enunciado.
O conhecer envolve operações mentais e físicas. Podemos até dizer 
que o conhecimento só ocorre quando essas operações estão em fun-
cionamento, conjugando-se e gerando um terceiro elemento: o proces-
so formativo em todos os nossos campos de atuação. Portanto, conhe-
cer não é só se informar. É desejar e aceitar que essa informação seja 
processada com suas experiências e expectativas para resultar numa 
ação transformadora. 
Bertrand Russel (1872-1970) foi um filósofo e matemático inglês e gran-
de problematizador do conhecimento. Leia a seguir, algumas de suas in-
teressantes observações sobre o conhecimento:
 → “A vida é demasiado curta para nos permitir interessar-nos por to-
das as coisas, mas é bom que nos interessemos por tantas quantas 
forem necessárias para preencher os nossos dias”.
 → “Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no fato de se-
rem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem 
imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.”
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 01 O Que é o Conhecimento? 8
Ao conhecermos algo, várias operações físicas, psicológicas, sociais e cul-
turais estão em ação. Para conhecer é necessário trilhar um caminho. 
Você a partir de agora, começa um caminho pela Metodologia Científica 
e Tecnológica.
ConCeito 
A palavra metodologia remete a um caminho a ser traçado 
e seguido para quem busca uma resposta para uma questão 
de ordem prática. 
antena 
pArAbóliCA
Não pense que só agora você vai começar a conhecer os 
Processos Gerenciais. Você passa, a partir deste momen-
to, a se integrar ao saber especializado e sistematizado 
sobre o tema. Você já tem alguns pressupostos que fo-
ram construídos, pelo menos, a partir das suas experi-
ências como pessoa, cidadão, trabalhador e estudante. 
Vejamos: analise o que é para você, o termo “proces-
so”? E o termo “gerencial”. Você tem algumas hipóteses 
certamente que talvez sejam até um pouco distantes do 
conteúdo das suas UAs nesta Graduação, mas, tenho 
certeza, de alguma forma, relacionados.
Por exemplo: você já parou para observar o funciona-
mento de um chão de fábrica? Já prestou atenção como 
os diferentes setores de uma loja de departamentos es-
tão integrados? Você já reparou na hierarquia no seu lar, 
na escola, no seu trabalho, nas ruas e já percebeu como 
as relações hierárquicas se estabelecem, se mantém e 
se transformam? 
Você, certamente, já esteve na situação de organizar, 
gerenciar, coordenar ações, situações, pessoas e, porque 
não dizer, a sua própria vida. 
Se você não gerenciasse seu tempo, por exemplo, não 
estaria lendo este texto agora, nem pensando junto co-
migo a respeito do que por ora tratamos, não é mesmo?
e AgorA, José?
Você é capaz de criar uma definição própria de proces-
sos gerenciais? Arrisque. Construa, a sua maneira, sem 
se preocupar em demonstrar sabedoria e conhecimen-
tos prévios. Uma das formas primeiras e que nos acom-
panha por toda vida, que é a base de todo conhecimento 
científico e sistematizado, é o senso comum, ou seja, o 
conhecimento que até sem perceber, temos e aplicamos 
nas mais variadas situações.
Na Unidade de Aprendizagem seguinte você terá 
oportunidade de reconhecer a importância das experi-
ências do cotidiano para a produção de conhecimento, 
mas considerando a necessidade, para objetivos cien-
tíficos e tecnológicos, de uma pesquisa e demonstra-
ção sistematizadas. 
Vamos, então, na sequência, tentar compreender os 
limites e as possibilidades do chamado senso comum. 
glossário
Epistemologia ou Teoria do Conhecimento: 
Área da filosofia ligada a todas as pesquisas 
científicas e tecnológicas ao postular ques-
tões fundamentais acerca do conhecimen-
to. Dedica-se às seguintes questões, entre 
outras: O que é conhecimento? Quais são as 
formas de conhecimento? Como conhece-
mos? Em que consiste propriamente o tra-
balho do cientista? Qual é o papel da experi-
ência na pesquisa científica? 
reFerênCiAs
BENOIT, H. �Sócrates e o nascimento da razão 
negativa, Coleção Logos. São Paulo: Edito-
ra Moderna, 2006.
DRUCKER, P. �Inovação e espírito empreende-
dor. São Paulo: Editora Pioneira, 1987.
 HABERMAS, J. �Conhecimento e interesse. Rio 
de Janeiro: Zahar Editores, 1982.
 MORIN, E. �Os sete saberes necessários à educa-
ção do futuro. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
RUSSEL, B. �Problemas de Filosofia. Problemas 
de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
 SILVA, S. L. �Gestão do conhecimento: uma re-
visão crítica orientada pela abordagem da 
criação do conhecimento. Disponível em 
<www.scielo.br/pdf/ci/v33n2/a15v33n2.
pdf> Acesso em ago. 2011. 
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 01 O Queé o Conhecimento? 11
gestão empresarial
Métodos para produção do ConheCiMento
O sensO cOmum
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da UA o aluno deverá ser capaz de, reconhecer 
a importância das experiências do cotidiano para a pro-
dução de conhecimento, considerando a necessidade 
de uma pesquisa e demonstrações sistematizadas, para 
objetivos científicos e tecnológicos.
COmpetênCias 
O aluno deverá identificar os conhecimentos produ-
zidos socialmente, valorizando-os e buscando a sua 
superação através dos elementos que o estudo siste-
mático proporciona.
Habilidades 
O aluno deverá iniciar o seu interesse pela construção 
sistemática de seus conhecimentos.
2
Métodos para produção 
do ConheCiMento
O sensO cOmum
ApresentAção
O senso comum também chamado de conhecimento 
empírico, diz respeito ao cotidiano, às nossas crenças, às 
verdades pragmáticas, à sabedoria popular. 
Na sabedoria popular encontramos inúmeros ditados 
os quais recorremos nas horas difíceis e mesmo nos mo-
mentos em que precisamos de uma explicação simplifi-
cada e ao mesmo tempo profunda. 
Nesta Unidade de Aprendizagem discorremos mais 
amiúde sob o assunto, e assim você terá maior clareza 
sobre esse tipo de conhecimento, que é muito importan-
te, entretanto possui limitações pela ausência da com-
provação científica.
pArA ComeçAr
Esperamos que a partir da UA anterior, você tenha se 
dado conta de como o conhecimento é fundamental nas 
nossas vidas e que, quase sempre conhecemos sem per-
ceber como isso se dá, quase sempre assimilando infor-
mações sem muitos questionamentos porque a pratici-
dade do dia a dia assim exige.
Ao longo dessa caminhada você poderá levantar hipó-
teses e testar a sua capacidade reflexiva. Para esse cur-
so que você está fazendo é muito importante que você 
considere a relevância dos seus conhecimentos prévios 
e espero que você tenha percebido que não são poucos 
e nem desprezíveis.
É sobre essa experiência cotidiana de conhecimento, 
que nem sempre sabemos explicar e definir, que abor-
daremos nessa UA: o senso comum.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 02 O Senso Comum 4
FundAmentos
Você poderá encontrar estudos que têm conhecimento popular como 
sinônimo de senso comum. É o caso de Lakatos e Marconi (1911) quan-
do, de maneira resumida, descrevem as características do conhecimento 
popular ou senso comum da seguinte forma:
 → Acrítico - verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conheci-
mentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica.
 → Assistemático - a organização da experiência não visa a uma siste-
matização das ideias, nem da forma de adquiri-las nem na tentativa 
de validá-las.
 → Sensitivo - referente a vivências, estados de ânimo e emoções da 
vida diária.
 → Subjetivo - é o próprio sujeito que organiza suas experiências e 
conhecimentos.
 → Superficial - conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode 
comprovar simplesmente estando junto das coisas.
Nessa Unidade de Aprendizagem vamos prestar mais atenção nos fun-
damentos dessa caracterização, aprofundando conceitos sobre o senso 
comum que não pode ser avaliado sem se considerar a sua relação com 
outras formas de conhecimento. 
atenção
O senso comum refere-se àquelas ideias elaboradas no coti-
diano, aceitas por boa parte das pessoas, que se tornam até 
naturais e chegamos a acreditar que são eternas. 
O senso comum se manifesta nos conselhos da mãe ao sairmos de casa, 
na maneira como reagimos a gestos e palavras das pessoas, nas expli-
cações tão simples do dia a dia que nem paramos para pensar de onde 
elas vêm. De maneira assistemática, traduz verdades que são úteis para 
as mais variadas situações. São quase sempre preceitos que indicam 
atitudes desejáveis ou indesejáveis.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 02 O Senso Comum 5
atenção
O senso comum é conhecimento que se produz a partir das 
nossas experiências e das experiências dos outros ao lon-
go do tempo, de tal forma que não temos consciência de 
suas origens. 
Uma fórmula que expressa bem como o senso comum funciona em 
nossas vidas é o provérbio ou ditado popular. Mas pense um pouco. A 
oralidade e a tradição, ao longo da história da humanidade foram sendo 
incrementadas por observações mais sistemáticas, mais demonstráveis 
e seguras. Você não precisa conhecer os princípios ativos presentes no 
guaco, conhecida erva medicinal, para tomar um chá e se sentir aliviado 
com as tosses. 
Porém, é o conhecimento sistematizado e demonstrável sobre os prin-
cípios ativos dessa planta que permitiu que pudéssemos adquiri-la em 
qualquer farmácia, associada com outros elementos medicinais, como 
o própolis. 
Esse tema será ampliado em nossas próximas UAs: as diferentes for-
mas de conhecimento. Uma delas você já sabe e pode confiar nela como 
ponto de partida: o senso comum.
Na UA anterior, você teve a oportunidade de saber o significado de 
episteme. Retomando aquela discussão, lembramos que este termo pode 
ser traduzido por ciência ou conhecimento.
atenção
Historicamente, o termo episteme foi sendo associado ao 
conhecimento demonstrável e sistematizado a que chama-
mos conhecimento científico. Platão já fazia distinção entre 
episteme e doxa. Doxa seria o saber popular, ainda não 
formalizado pela episteme. A doxa relaciona-se à opinião. 
A episteme constrói conceitos. Dentro dos limites da nossa 
UA, podemos afirmar que doxa (opinião) fundamenta o sen-
so comum. (Coleção os pensadores, 1975)
ConCeito
Tanto Locke (1632-1704) quanto Hume (1711-1776) par-
tem do princípio de que as nossas ideias são originárias das 
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 02 O Senso Comum 6
nossas impressões, isto é, dos dados empíricos. David Hume 
é um autor bastante controverso que destaca a importância 
do hábito mesmo nas explicações ditas científicas. 
Immanuel Kant, filósofo alemão do século XVIII, considerava que todo 
o conhecimento humano começa com intuições, passando daí aos con-
ceitos e terminando com ideias. Há pensadores racionalistas como René 
Descartes que entendem o conhecimento como fundamentalmente inato 
e apriori (COLEÇÃO OS PENSADORES, 1975). 
Pensador fundamental para o pensamento científico. René Descar-
tes (1596-1650) é autor da célebre frase, “Penso, logo existo”. É res-
ponsável pela elaboração de preceitos metodológicos que fundaram a 
ciência moderna. 
Mas também há os empiristas como David Hume e John Locke que 
afirmam que a experiência é a base de todo conhecimento e as ideias 
nascem, obrigatoriamente, dos hábitos e experimentações ao longo da 
vida. De qualquer forma, não é possível negar que não precisamos de 
grandes reflexões a cada passo que damos e boa parte do que conhe-
cemos refere-se a crenças não necessariamente comprovadas (PENSA-
DORES, 1975). 
O senso comum também chamado de conhecimento empírico, como 
você já sabe, diz respeito ao cotidiano, às nossas crenças, às verdades 
pragmáticas, à sabedoria popular. 
Na sabedoria popular encontramos inúmeros ditados que resgatamos 
da memória da nossa infância, as quais recorremos nas horas difíceis e 
mesmo nos momentos em que precisamos de uma explicação simplifica-
da e ao mesmo tempo profunda. Quem nunca ouviu ou falou os ditados 
populares citados abaixo:
 → A pressa é inimiga da perfeição;
 → Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come; 
 → Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura;
 → Águas passadas não movem moinho;
 → Antes só do que mal acompanhado;
 → Uma andorinha só não faz verão;
 → Antes tarde do que nunca;
 → Deus ajuda quem madruga. 
O senso comum, via de regra, não se detém nas causas dos acontecimen-
tos, respondendo simplesmente a seus efeitos. Através do senso comum, 
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 02 O Senso Comum 7
percebemos que onde há fumaça, há fogo. Mas para sabermos a origem 
desse fogo, é necessário verificação para superarmos a ingenuidade ou a 
ignorância inicial.
Os autores que têm escrito sobre métodos de produção de conheci-mento e a sua relação com a sociedade e suas transformações têm busca-
do diferentes formas de caracterizar o senso comum. Citemos, por exem-
plo, as reflexões de Martins (1998 p. 3-4):
O senso comum é comum não porque seja banal ou mero e exterior conhecimento. 
Mas porque é conhecimento compartilhado entre os sujeitos da relação social. Nela 
o significado a precede, pois é condição de seu estabelecimento e ocorrência. Sem 
significado compartilhado não há interação. Além disso, não há possibilidade de que 
os participantes da interação se imponham significados, já que o significado é reci-
procamente experimentado pelos sujeitos. A significação da ação é, de certo modo, 
negociada por eles.
Faz parte do senso comum não a banalização, mas a experimentação 
dos sujeitos e mais do que isso: compartilhamento destas experimen-
tações e negociações quanto aos diferentes significados dados a es-
sas experimentações. 
Sem significado compartilhado, afirma Martins (1998), não há intera-
ção, ou seja, é necessário procurar no senso comum essa rede de intera-
ções e negociações que dizem à lógica dessa forma de visão do mundo, 
experenciável coletivamente e fundamental na construção de formais sis-
tematizadas de produção de conhecimento. 
O conhecimento adquirido através do senso comum permite a solu-
ção de problemas imediatos e não requer planejamento. É produzido de 
maneira espontânea e instintiva. Ele é muito útil para iniciar em estudos 
mais profundos. 
O potencial do senso comum, a espontaneidade, também estabelece 
seus limites. Para Michel Porter (2005), o pensamento estratégico, essen-
cial para a construção de processos gerenciais, raramente ocorre de for-
ma espontânea. Isso quer dizer que, num ambiente corporativo, o senso 
comum, para que seja fundamento de uma ação estratégica deve passar 
por um processo de gestão das informações e práticas cotidianas. 
É preciso, portanto, discutir sobre os limites do senso comum, o que 
não significa minimizar a sua importância. Souza Santos (1987, p. 21) ao 
levar a sério a análise dos limites e possibilidades do senso comum con-
sidera que:
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 02 O Senso Comum 8
O senso comum é superficial porque desdenha das estruturas que estão para além 
da consciência, mas, por isso mesmo, é exímio em captar a profundidade horizontal 
das relações conscientes entre pessoas e entre pessoas e coisas. O senso comum é 
indisciplinar e imetódico; não resulta de uma prática especificamente orientada para 
o produzir; reproduz-se espontaneamente no suceder quotidiano da vida. O senso 
comum aceita o que existe tal como existe; privilegia a ação que não produza rup-
turas significativas no real. Por último, o senso comum é retórico e metafísico; não 
ensina, persuade. 
Deixado a si mesmo, o senso comum é conservador e pode legitimar prepotên-
cias, mas interpenetrado pelo conhecimento científico pode estar na origem de uma 
nova racionalidade.
antena 
pArAbóliCA
Preste atenção no seu dia a dia: quanto você recorre ao 
senso comum para conversar com alguém, para tirar 
conclusões apressadamente, para resolver problemas 
que aparecem de maneira inesperada. Perceba quanto 
a sua intuição, os sentidos, os hábitos familiares e a opi-
nião da maioria interferem nas suas decisões cotidianas. 
e AgorA, José?
Nessa Unidade trabalhamos um tipo de conhecimento 
eminentemente prático que, mesmo postulando algu-
mas situações abstratas, parte do concreto, do vivido, 
das primeiras impressões acerca das coisas. 
Mas para questões relativas à vida e à morte, a existên-
cia como um todo, à nossa essência corporal e espiritual? 
Embora o senso comum expresse ideias sobre isso, o 
aprofundamento para essas questões se dá no nível te-
ológico e filosófico, como veremos na Unidade seguinte. 
glossário
A priori: expressão em latim que significa antes, 
antecipadamente. Diz respeito ao conheci-
mento que se tem, sem passar por algum 
tipo de experiência. 
Empírico: tudo que se refere à empiria. Empiria é 
uma palavra latina que quer dizer experiência. 
Empirismo: teoria do conhecimento que inter-
preta a origem das nossas ideias e dos nos-
sos conhecimentos a partir da experiência
Racionalismo: teoria do conhecimento que 
interpreta a origem de nossas idéias e dos 
nossos conhecimentos, inicialmente, a partir 
da nossa capacidade de pensar, havendo co-
nhecimento que são inatos. 
Verdade pragmática: é comum que con-
sideremos verdade aquilo que funciona, 
mesmo que essa verdade não possa ser 
comprovada de imediato. A verdade prag-
mática nasce da observação, do hábito e 
da percepção que temos da relação entre 
um fenômeno e outro. Por exemplo: sabe-
mos que depois do relâmpago vem o tro-
vão, mas só cientificamente conseguimos 
explicar este fato.
reFerênCiAs
 Coleção os pensadores. São Paulo, Abril Cul-
tural, 1975.
DESCARTES, R. Discurso do Método. Coleção Os 
Pensadores. São Paulo, Nova Cultural, 1988.
HUME, D. Investigações sobre o entendimento 
humano e os princípios da moral. São Pau-
lo: Editora UNESP, 2003.
LAKATOS, E., MARCONI, M. A. Metodologia Cien-
tífica. São Paulo: Editora Atlas, 1991.
LOCKE, J. Ensaio acerca do entendimento hu-
mano. Coleção Os Pensadores. São Paulo: 
Nova Cultural, 1988. 
MARTINS, J. S. O senso comum e a vida cotidia-
na. Revista Tempo Social. São Paulo, 10(1): 
1-8, maio de 1998.
PORTER, M. E. Estratégia Competitiva. São 
Paulo, Campus Ed., 2005.
SOUSA SANTOS, B. Um discurso sobre as ciên-
cias. Porto, Ed. Afrontamento, 1987.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 02 O Senso Comum 10
gestão empresarial
Métodos para produção do ConheCiMento
Tipos de ConheCimenTo: 
TeológiCo e filosófiCo
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da UA o aluno deverá ser capaz de conhecer 
genericamente os tipos de conhecimento.
COmpetênCias 
O aluno deverá desenvolver a percepção das exigências 
dos tipos de conhecimentos fundamentais para a apren-
dizagem dos Métodos para Produção de Conhecimento.
Habilidades 
O aluno deverá compreender que o conhecimento cien-
tífico é base das pesquisas e inovações no âmbito da 
ciência e tecnologia.
3
Métodos para produção 
de ConheCiMento
Tipos de ConheCimenTo: 
TeológiCo e filosófiCo
ApresentAção
Nessa UA você terá oportunidade de entrar em conta-
to com conhecimentos importantes, capazes de fazê-lo 
refletir para se tornar-se um Ser Humano diferenciado, 
que têm preocupações com resultados que vão além 
dos econômicos.
O conteúdos que serão abordados fornecerão subsí-
dios para estabelecer diferenciações entre os conheci-
mentos filosófico e teológicos. Curioso para começar?
Bons estudos!
pArA ComeçAr
Numa forma bastante simplificada da realidade, é co-
mum se pensar que na prática, a teoria é outra. Via de 
regra, separamos conhecimento teórico e conhecimento 
empírico, ou seja, aquele que conquistamos nas nossas 
experiências diárias. Mas o fato é que não há conheci-
mento sem experiência. 
O conhecimento que adquirimos passa necessaria-
mente pela nossa experiência corporal e social. O homem 
tem se colocado ao longo da história como sujeito do co-
nhecimento. Assim como há diferentes formas de perce-
ber a realidade, há também diferentes formas de conhe-
cimento. Todos são válidos e necessários.
O conhecimento é uma relação que se estabelece entre 
o sujeito que conhece e o objeto que é conhecido. Nessa 
relação, o próprio objeto do conhecimento nos obriga a 
uma abordagem diferenciada. Por exemplo: diante dos 
fenômenos que não conseguimos explicar pelas leis da 
natureza comprovadas e testadas, procuramos uma ex-
plicação pelo maravilhoso e pelo sobrenatural. 
Nessa Unidade você poderá aprofundar nos diferen-
tes tipos de conhecimento e observar que, para a prática 
profissional, os métodos para produção do conhecimen-
to, os princípios elementares do conhecimento científico 
são os predominantes.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 03 Tipos de Conhecimento: Teológicoe Filosófico 4
FundAmentos
A partir de Lakatos e Marconi (1991), é possível construir o quadro sinópti-
co das características dos conhecimentos teológico e filosófico (Tabela 1), 
abaixo:
ConheCiMento 
teológiCo
Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência 
dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o 
do conhecimento filosófico e de seus enunciados, na evidência 
lógica, fazendo com que em ambos os modos de conhecer deve 
a evidência resultar da pesquisa dos fatos, ou da análise dos 
conteúdos dos enunciados, no caso do conhecimento teológico 
o fiel não se detém nelas à procura de evidência, mas da causa 
primeira, ou seja, da revelação divina. Procura sistematizar 
a explicação sobre a origem, o significado, a finalidade e 
o destino do mundo como obra de um criador divino.
ConheCiMento 
filosófiCo
Caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os 
problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, 
unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana. 
O objeto de análise da filosofia são ideias, relações conceptuais, 
exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais 
e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial 
direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida 
pela ciência experimental. Emprega o método racional, no qual 
prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não 
exige confirmação experimental, mas somente coerência lógica. 
A filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, 
interessando-se pela formulação de uma concepção unificada 
e unificante do universo. Para tanto, procura responder às 
grandes indagações do espírito humano e, até, busca as leis mais 
universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.
Nesta Unidade vamos aprofundar essa caracterização e comparação com 
o objetivo mais amplo de introduzir na próxima Unidade as discussões 
sobre o conhecimento científico. Galliano (1995) afirma que nós, seres hu-
manos, somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento 
de maneira planejada, desenvolvendo a capacidade de aplicar o resultado 
de nossa aprendizagem, criando os meios para tal, num processo cons-
tante de mudança, quer destes meios, quer da situação em nosso entor-
no, quer da própria mudança que este processo provoca em nós.
Estabelecemos um código de comunicação, a linguagem, que é polissê-
mica. Somos capazes de transmitir esse conhecimento ao longo do tempo 
e é por isso que é possível falar em civilização.
Embora utilizemos a palavra transmitir e receber para falarmos da con-
quista do conhecimento, o que temos, na realidade, é a produção do co-
nhecimento. Assim incorporar conceitos novos ou criá-los demanda uma 
Tabela 1. 
Características dos 
Conhecimentos 
teológico e filosófico.
Fonte: Adaptado de 
Faraco Jr. (2001).
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 03 Tipos de Conhecimento: Teológico e Filosófico 5
relação com o outro, com o objeto do conhecimento e conosco mesmo 
que é muito singular. 
Ainda para Galliano (1995), o conhecimento não nasce do vazio e sim 
das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana, através de ex-
periências, dos relacionamentos interpessoais, mas também das leituras 
de livros e artigos diversos. Mas, e o que dizer do momento atual em que 
a virtualidade passou a fazer parte do rol das nossas experiências cotidia-
nas? O homem, a cada dia, reinventa as formas de se obter conhecimento, 
de produzi-lo e de comunicá-lo. 
Essa característica é o que nos permite dizer que somos diferentes dos 
gatos, dos cães, dos macacos e dos leões, por exemplo. Além do desen-
volvimento de uma linguagem natural a partir dos recursos que a natu-
reza proporciona, nós humanos desenvolvemos uma linguagem artificial, 
como a matemática, para compreendermos o mundo em que vivemos.
Por isso Aristóteles pôde afirmar que todos os animais têm alguma 
forma de linguagem. Apenas o ser humano tem o logos (a palavra). Ao 
criarmos os mais variados sistemas de símbolos, através da evolução da 
espécie humana, permitimo-nos também pensar e, por consequência, or-
denar e prever os fenômenos que nos cerca. 
atenção
O Conhecimento é uma relação que se estabelece entre o su-
jeito que conhece e o objeto ou fenômeno alvo da pesquisa.
Depois das nossas primeiras UAs sobre o conhecimento em geral e, espe-
cificamente, o senso comum, iremos nos aprofundar nas diversas formas 
de conhecimento a fim de compará-las e discernir entre elas as que são 
mais úteis para os Métodos de Produção de Conhecimento.
Os livros de Metodologia Científica caracterizam os tipos de conheci-
mento em quatro:
 → senso comum;
 → conhecimento científico;
 → conhecimento teológico;
 → conhecimento filosófico.
Todos estão relacionados entre si, mas têm diferenças importantes. 
O conhecimento filosófico e o conhecimento teológico são valorati-
vos, ou seja, dizem respeito a valores e a questões existenciais. Questões 
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 03 Tipos de Conhecimento: Teológico e Filosófico 6
como a alma, a existência de Deus e o sentido da vida humana são ques-
tões pertinentes ao conhecimento teológico e ao conhecimento filosófico.
O conhecimento teológico, próprio das religiões adota um código, um 
texto sagrado e estabelece a partir dele a compreensão universal das 
questões existenciais, já o conhecimento filosófico deixa em aberto estas 
questões, problematizando-as a partir de argumentos racionais e lógicos.
A diferença fundamental entre essas duas formas de conhecimento 
a partir da qual as características se mostram tão díspares, é a oposição 
entre fé e razão. Dizer que o conhecimento filosófico é racional e o conhe-
cimento teológico é inspiracional significa afirmar que a fé, sem necessa-
riamente exigências de ordem racional, basta às explicações religiosas. 
O conhecimento teológico depende da adesão moral e à subjetividade 
dos indivíduos. O conhecimento filosófico só se estabelece através de de-
monstrações argumentativas.
O argumento fundamental do conhecimento teológico (teologia, como 
você sabe é o estudo de Deus) é a fé daqueles que não precisam ver para 
crer. O conhecimento teológico procura ir além da constatação dos senti-
dos e do raciocínio lógico. 
O conhecimento teológico é sistemático, ou seja, baseia-se em doutri-
nas e em textos que fundam e preservam o seu campo doutrinário, mas 
o rigor com os textos é muito diferente daquele desenvolvido pelo conhe-
cimento filosófico. 
Por buscar a infalibilidade, e a exatidão, ou seja, a verdade imutável, o 
conhecimento teológico trabalha com textos sagrados, inquestionáveis e 
com conceitos que dificilmente se transformam ao longo do tempo, são 
os dogmas a serem seguidos e não questionados. 
Disso decorre, no conhecimento teológico, o surgimento de inúmeras 
igrejas, seitas e tendências religiosas que se distinguem por pequenas, 
mas fundamentais diferenças que resultam do afastamento ou não da 
interpretação tradicional dos textos sagrados. 
Ao contrário dos textos filosóficos, os textos sagrados exigem uma in-
terpretação alegórica, ou seja, das imagens e símbolos que mais revelam 
que informam o leitor devoto. Sua linguagem costuma ser imperativa e 
atemporal. O líder religioso fala para todos de todas as épocas.
O imaginário popular permite as mais variadas associações que não 
têm uma coerência interna ou uma lógica evidente. Por exemplo, quando 
alguém acha que a dor do calo do pé significa que vai chover, do ponto 
de vista do conhecimento teológico ou religioso, poderíamos apelar para 
uma oração, imposição de mãos ou alguma palavra sacramental para que 
a dor desapareça, já do ponto de vista filosófico, a associação entre dor 
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 03 Tipos de Conhecimento: Teológico e Filosófico 7
no calo do pé e chuva é absurda porque não há associação lógica entre os 
dois acontecimentos.
ConCeito
De forma geral, o conhecimento teológico ou religioso pode 
ser definidocomo um “produto da fé humana na existência 
de uma ou mais entidades divinas [...] Ele provém das reve-
lações, do mistério, do oculto, por algo que é interpretado 
como mensagem ou manifestação divina” (GALLIANO, 1995). 
O conhecimento teológico foi, duran-
te milênios, a única fonte de conhe-
cimento sistematizado de inúmeras 
civilizações. O exemplo da civilização 
ocidental são os Dez Mandamentos, 
as tábuas da lei, recebidas por Moi-
sés, como ilustra a figura à esquerda.
O texto sagrado diz respeito à 
compreensão da organização física 
do mundo e do homem, aos códigos 
de prática pública e individual e à his-
tória daquela civilização. À medida 
que houve a especialização crescente 
do conhecimento, o texto sagrado fi-
cou restrito às explicações religiosas 
do mundo e pode ser lido como do-
cumento histórico. Mas não só isso, 
o conhecimento teológico propicia ao homem continuar refletindo para 
além dos limites das outras formas de conhecimento.
ConCeito
O Conhecimento Filosófico é fruto do raciocínio e da reflexão 
humana. É o conhecimento especulativo sobre fenômenos, 
gerando conceitos que podem se tornar objeto de demons-
tração científica.
Figura 1. Moisés 
de Michelangelo 
(século XVI).
Fonte: GTS 
Production / 
Shutterstock.com
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 03 Tipos de Conhecimento: Teológico e Filosófico 8
Pode-se afirmar que o conhecimento filosófico, a partir da formulação de 
perguntas perante o desconhecido, sem aceitar explicações extra huma-
nas, é o que impulsiona o conhecimento científico. Quando uma questão 
filosófica é objeto de pesquisa, ela se transforma em um problema cientifi-
co. O conhecimento filosófico busca dar sentido aos fenômenos gerais da 
existência humana. Vários conceitos científicos tiveram origem na reflexão 
filosófica. Os primeiros filósofos foram também os primeiros matemáticos, 
astrônomos, físicos, biólogos, geógrafos. 
O conhecimento filosófico surgiu do humanismo grego que defendia o 
homem e a sua razão como medida de todas as coisas. Por isso, até hoje o 
conhecimento filosófico mantêm um distanciamento crítico em relação ao 
conhecimento teológico que apela a forças extra-humanas. O conhecimen-
to filosófico busca suas explicações na razão. Esse é o seu alcance e o seu 
limite. Onde a razão humana não pode alcançar, o conhecimento filosófico 
silencia. Nesse sentido, o conhecimento filosófico se aproxima mais do co-
nhecimento científico do que parece numa primeira análise. 
Entre os primeiros filósofos, tivemos os primeiros cientistas, como eter-
nizou Sanzio (século XVI ), na obra Escola de Atenas, representando os di-
versos filósofos da Antiguidade fundadores de vários princípios que foram 
verificados pelo conhecimento científico posterior:
Figura 2. Escola de 
Atenas, de Rafael 
Sanzio, século XVI. 
Fonte: Viacheslav 
Lopatin / 
Shutterstock.com
antena 
pArAbóliCA
Para fins didáticos, estabelecemos nessa Unidade, a dife-
renciação entre conhecimento filosófico e conhecimento 
teológico. E de fato, o conhecimento filosófico, embora 
aborde muitas das questões que os teólogos também 
abordam, tem se aproximado muito mais da busca pela 
racionalidade própria do conhecimento científico. Expli-
cações não logicamente demonstráveis, via de regra, são 
recusadas pela tradição filosóficas como bem exempli-
fica o seguinte trecho do diálogo Eutifron adaptado por 
Baggini (2006):
E o Senhor disse para o filósofo:
— Eu sou o Senhor teu Deus, e sou a fonte de todo o bem. Por que 
a filosofia moral secular me ignora?
E o filósofo disse para o Senhor:
— Para responder preciso, primeiro, Lhe fazer algumas pergun-
tas. O Senhor nos manda fazer o que é bom. Mas é bom porque o 
Senhor ordena, ou o Senhor ordena porque é bom?
— Er... — disse o Senhor. — É bom porque eu ordeno.
— Resposta errada, sem dúvida, ó Todo-poderoso! Se o bem é 
bem apenas porque o Senhor diz que é, então o Senhor poderia, 
se desejasse, fazer com que torturar crianças fosse bom. Mas isso 
seria absurdo, não seria?
— Claro! — respondeu o Senhor. — Eu o testei, e você me agra-
dou. Qual era mesmo a outra opção?
— O Senhor escolheu o que é bom porque é bom. Mas isso mostra 
com bastante clareza que a bondade não depende do Senhor em 
nada. Então não precisamos estudar Deus para estudar o bem.
— Mesmo assim — disse o Senhor —, você tem de admitir que 
escrevi alguns bons livros sobre o assunto...
Observe no diálogo que, o habilidoso filósofo, utilizan-
do princípios lógicos, coloca Deus em contradição. Mas 
até que ponto os princípios lógicos explicam tudo? Per-
ceba, também no seu cotidiano, que há situações em 
que a lógica e as explicações estritamente racionais são 
fundamentais e há outros momentos em que esta for-
ma de explicar a realidade torna-se bastante limitada. 
Tanto a filosofia quanto a teologia buscam ultrapassar 
esses limites. Algo que o conhecimento científico não 
pode fazer.
e AgorA, José?
Agora que você já entendeu bem os vários tipos de co-
nhecimentos chegou a hora de aprender mais sobre o 
conhecimento científico. Essa é a temática da nossa pró-
xima Unidade.
Bons estudos!
reFerênCiAs
BAGGINI, J. �O porco filósofo. Cem experiências 
de pensamento para a vida cotidiana. São 
Paulo, Ediouro, 2006.
CHARLOT, B. �Da relação com o saber: elemen-
tos para uma teoria. Trad. B. Magne. Porto 
Alegre: Artmed, 2000.
CHAUÍ, M. �Primeira filosofia: aspectos da 
história da filosofia. São Paulo: Brasilien-
se, 1987.
CYRINO, H.; PENHA, C. �Filosofia hoje. 2. ed. 
Campinas: Papirus, 1992.
FARACO JR., A. L. A. �Metodologia Científica. Dis-
ponível em <www.politicacomciencia.com>. 
Acesso em 17 ago. 2011
GALLIANO, A. G. �Método Cientifico. São Paulo. 
Ed. Harbra, 1995 
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia 
Científica. São Paulo: Editora Atlas, 1991.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 03 Tipos de Conhecimento: Teológico e Filosófico 11
gestão empresarial
Métodos para produção do ConheCiMento
Tipo de conhecimenTo: 
cienTífico
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da UA o aluno deverá ser capaz de diferenciar os 
métodos empregados no conhecimento científico.
COmpetênCias 
Nesse contexto, uma das grandes dificuldades para a 
efetivação do conhecimento sobre os diferentes méto-
dos e consequentemente as suas implicações na pes-
quisa devem ser destaque nesta Unidade de ensino.
Habilidades 
Desenvolver habilidade de pesquisa /pesquisadores que 
atuem de modo a esclarecer e propor algumas pistas 
de reflexão.
4
Métodos para produção 
do ConheCiMento
Tipo de conhecimenTo: 
cienTífico
ApresentAção
O desenvolvimento do conhecimento científico está in-
trinsecamente relacionado com a motivação, a curiosida-
de e a intuição do pesquisador para investigar problemas 
conhecidos e ainda não solucionados. Além disso, propi-
cia investigar novos caminhos a fim de aprimorar a tec-
nologia existente e criar outras originais.
Com esse olhar, nesta Unidade de Aprendizagem você 
terá oportunidade de conhecer os pressupostos do co-
nhecimento científico, e assim compreender sua impor-
tância para a produção de conhecimento científico. 
Bons estudos!
pArA ComeçAr
A curiosidade é um impulso humano que se manifesta 
desde a infância. É através dela que o homem busca o 
constante aperfeiçoamento e a compreensão do mundo 
que o rodeia por meio de ações sistemáticas, analíticas 
e críticas.
Você viu nas Unidades anteriores que elaboramos 
diferentes formas de conhecer o mundo e a nós mes-
mos. Dependendo da finalidade e do alcance das nossas 
questões e dos instrumentais que temos para formular 
as respostas, várias áreas do conhecimento vão se con-
solidando e se fortalecendo. O conhecimento científico, 
dentro de seus limites e possibilidades, busca a explica-
ção dos fenômenos e sua relação com o meio.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 04 Tipo de Conhecimento: Científico 4
FundAmentos
O conhecimento científico procura delimitar o objeto alvo, buscando o 
rigor da exatidão,que, via de regra, é temporária, porém comprovada 
pelos recursos disponíveis em cada época. Ele busca sua comprovação 
com clareza e precisão, elaborando leis universalmente válidas para todos 
os fenômenos da mesma natureza, até que outros estudos superem as 
teorias que se mostraram mais consistentes. 
Isso quer dizer que o conhecimento científico está sempre sob júdi-
ce, sendo analisado e avaliado constantemente pela comunidade cien-
tifica e pelos que, de alguma forma, são influenciados ou atingidos por 
esse conhecimento. 
O conhecimento científico, portanto, é revisado ou reformulado a qual-
quer tempo, desde que se possa provar sua ineficácia. Por exemplo, um 
experimento laboratorial deve se apoiar em normas conhecidas, pois só 
dessa forma poderá ser reproduzido. Havendo novas descobertas quanto 
a procedimentos metodológicos não há motivos racionais para continuar 
com uma estratégia comprovadamente ultrapassada.
A Ciência, por meio da evolução de seus conceitos, está dividida por 
áreas do conhecimento. Desse modo, temos conhecimento das Ciências 
Humanas, Sociais, Biológicas, Exatas, entre outras. Mesmo essas divisões 
já sofreram subdivisões para contemplar outras áreas do conhecimento 
que foram incorporadas ao longo da evolução da própria ciência. As Ciên-
cias Sociais, por exemplo, pode ser dividida em Direito, História, Sociologia 
e as diversas áreas vinculadas à administração, no nosso caso proces-
sos gerenciais.
atenção
Ao contrário da experiência empírica, que fornece um en-
tendimento superficial e imediato dos fenômenos, o co-
nhecimento científico busca a explicação do fenômeno e 
suas relações com o meio.
O conhecimento científico passou por várias etapas sempre questionan-
do a maneira de obtenção do saber, ou seja, o Método. De origem grega, 
a palavra método, segundo Ruiz (1996), significa o conjunto de etapas e 
processos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou 
na procura da verdade.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 04 Tipo de Conhecimento: Científico 5
Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que 
se devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no 
processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à inves-
tigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomeno-
lógico (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 2000).
diCa
Devido a seu caráter individual, cada método se presta com 
maior ou menor eficiência a um tipo de pesquisa ou ciência.
Você agora vai conhecer, em detalhe, os diversos tipos de métodos 
científicos.
1. métOdO dedUtivO
Este método foi proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leib-
niz (Coleção os pensadores, 1975) e pressupõe que só a razão é capaz 
de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo é próprio da 
explicação científica e tem o objetivo de explicar o conteúdo das premis-
sas que, quando verdadeiras, levarão inevitavelmente a conclusões ver-
dadeiras. Através de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, 
de análise do geral para o particular, chega-se a uma conclusão. Ou seja, 
a resposta já estava dentro da pergunta.
Essa forma de raciocínio é chamada silogismo, construção lógica que a 
partir de duas premissas, retira uma terceira logicamente decorrente das 
duas primeiras, denominada de conclusão (GIL, 1999; LAKATOS; MARCO-
NI, 2000). Veja exemplo clássico de raciocínio dedutivo:
 todo homem é mortal. pedro é homem. logo, pedro é mortal.
premissa maior premissa menor conclusão
O método dedutivo possui duas características básicas, descritas na caixa 
de conceito:
ConCeito
Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é ver-
dadeira.
(...) Toda a informação ou conteúdo da conclusão já estava 
implicitamente nas premissas. (Coleção os pensadores,1975)
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 04 Tipo de Conhecimento: Científico 6
As formulações citadas anteriormente foram sistematizadas pelo filósofo 
Aristóteles, que na Grécia Antiga escreveu uma obra chamada Organon, 
que significa ferramenta (COLEÇÃO OS PENSADORES, 1975). Aristóteles 
concebeu os princípios lógicos para que uma explicação científica fosse 
válida. Assim, pode-se afirmar que a contribuição de Aristóteles permane-
ce até os dias atuais ao considerarmos, por exemplo, os princípios lógicos 
do trabalho científico.
2. métOdO indUtivO
A indução já existia desde Sócrates, entretanto seus expoentes moder-
nos são os empiristas Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Locke e David 
Hume (COLEÇÃO OS PENSADORES, 1975). A indução é uma forma de ra-
ciocínio que se baseia inicialmente na experiência. 
Assim como no método dedutivo, na indução o raciocínio é fundamen-
tado em premissas, contudo, diferentemente do anterior, premissas ver-
dadeiras levam a conclusões provavelmente verdadeiras.
No raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos 
da realidade concreta que, observados sistematicamente, podem revelar 
uma lei geral. Pode-se, segundo Lakatos e Marconi (2000), determinar três 
etapas fundamentais para toda a indução:
atenção
a. Observação dos fenômenos;
b. Descoberta da relação entre eles;
c. Generalização da relação.
Veja um exemplo clássico de raciocínio indutivo:
ouvi um trovão. ouvi dois trovões. vai chover.
a) observação dos 
fenômenos
b) descoberta da 
relação entre eles
c) generalização 
da relação
Outro exemplo:
carlos é mortal.
ora, antônio, joão e 
carlos são homens.
logo, todos os 
homens são mortais.
a) observação dos 
fenômenos
b) descoberta da 
relação entre eles
c) generalização 
da relação
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 04 Tipo de Conhecimento: Científico 7
Sobre o método dedutivo que acabamos de mencionar é:
 → uma cadeia de raciocínio em ordem descendente,
 → de análise do geral para o para o particular, chega-se a uma con-
clusão. 
 → a resposta já estava dentro da pergunta.
Observe agora a comparação entre o método dedutivo e o método indu-
tivo de raciocinar e conhecer:
méTodo deduTivo méTodo induTivo
Ordem descendente. Ex: feita uma 
declaração sobre algo auxilia a 
demonstrar a lógica desta declaração
Ordem crescente: Não parte de uma 
verdade estabelecida, mas acumula 
exemplos para encontrar um 
principio geral
Tem um caráter formal para explicar 
uma constatação da realidade
Parte da experiência concreta para, 
a partir desta experiência, criar uma 
teoria que explique a realidade
É uma análise do geral para o particular É uma análise do particular para o geral
É uma demonstração de prova para o 
que já se sabe
Indica novos caminhos de raciocínios 
e descobertas 
papo téCniCo
Dependendo do tipo de pesquisa a se desenvolver o méto-
do de conhecimento empregado na investigação também 
pode variar.
3. métOdO HipOtétiCO-dedUtivO
O método Hipotético-Dedutivo confronta as duas escolas anteriores, ou 
seja, racionalismo versus empirismo no que diz respeito à maneira de se 
obter conhecimento. Ambos buscam o mesmo objetivo, mas enquanto 
os racionalistas apoiam-se na razão e intuição concebida aos homens, os 
empiristas partem da experiência dos sentidos, a verdade da natureza. 
São inúmeras as críticas aos dois métodos, partindo inclusive de seus 
próprios defensores, contudo, foi a partir de Sir Karl Raymund Popper que 
foram lançadas as bases do método hipotético-dedutivo. 
Segundo Popper (1975) o método hipotético-dedutivo é o único real-
mente científico, por não se basear em especulações, mas sim na tentati-
va de eliminação de erros.
Tabela 1. Comparativo 
Método dedutivo 
e Indutivo
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 04 Tipo de Conhecimento: Científico 8
atenção
Toda discussão científica deve partir de um problema ao qual 
se oferece uma solução provisória, passando-se a criticá-la, 
na tentativa de se eliminar o erro.
4. métOdO dialétiCO
Desde a Grécia antiga, o conceito de dialética sofreu muitas alterações, 
absorvendo as concepções de vários pensadores daquela época. Para Pla-
tão, por exemplo, a dialética era o exercícioda argumentação capaz de 
fazer os interlocutores superarem opiniões iniciais e particulares e chega-
rem aos conceitos. 
Aristóteles, contrariando os princípios da dialética platônica, conside-
rava-a como um modo de conhecer e de se construir argumentos para a 
disputa política (CHAUÌ, 2000).
Segundo Lakatos e Marconi (2000), existe primeiramente o espírito que 
descobre o universo, pois esta é a ideia materializada. Assim se pode afir-
mar que a dialética é um método de interpretação dinâmica e totalizante da 
realidade. Este método é aplicado em pesquisa qualitativa.
5. métOdO fenOmenOlógiCO
Este método não é nem indutivo e nem dedutivo. Preocupa-se com a 
descrição fiel da experiência. A realidade não é única, pois depende de 
como é interpretada. Este método também é empregado em pesqui-
sa qualitativa.
antena 
pArAbóliCA
Você já prestou atenção como dependemos das explica-
ções científicas para pensarmos sobre situações do coti-
diano? Os telejornais sempre apresentam o trabalho de 
inúmeros pesquisadores na tentativa de dar respostas 
objetivas e racionais para problemas que atingem, em 
todo mundo, milhares de pessoas. Observe o quanto na 
programação televisiva há espaço para o discurso de es-
pecialistas que, a partir dos mais diferentes referenciais 
teóricos e métodos de pesquisa, traduzem para nós a 
complexidade das práticas de laboratório, das pesquisas 
de opinião, da observação do comportamento de seres 
humanos e animais.
A partir de nossos estudos nessas primeiras Unida-
des você poderá até identificar os diferentes métodos de 
pesquisa utilizados, compreendendo que os resultados 
divulgados surgem do esforço de indivíduos, grupos de 
pesquisa, instituições privadas e públicas na busca do 
avanço cientifico e tecnológico. 
e AgorA, José?
Agora que você já entendeu bem os vários tipos de co-
nhecimentos chegou a hora de aprender mais sobre a 
relação entre o conhecimento científico e tecnologia, ob-
jeto da próxima Unidade. 
glossário
Delimitar: Fixar os limites de, demarcar: deli-
mitar um terreno. / Circunscrever, restringir, 
limitar: delimitar um assunto.
Pesquisa: Ato ou efeito de pesquisar; busca, in-
vestigação, recolhimento de dados. / Exame 
de laboratório.
reFerênCiAs
CHAUÍ, M. �Convite à Filosofia. São Paulo, Áti-
ca, 2000.
�Coleção os pensadores. São Paulo, Ed. Abril 
Cultural, 1975
GIL, A. C. �Métodos e técnicas em pesquisa so-
cial. São Paulo: Atlas, 1999
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. �Metodologia 
científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
POPPER, K. S. �A Lógica da pesquisa científica. 
2. ed. São Paulo: Cultrix, 1975.
RUIZ, J. A. �Metodologia científica. 3. ed. São 
Paulo: Atlas, 1996.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 04 Tipo de Conhecimento: Científico 10
gestão empresarial
Métodos para produção do ConheCiMento
A relAção entre 
ciênciA e tecnologiA
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da Unidade o aluno deverá ser capaz de relacio-
nar ciência e tecnologia a partir de suas definições.
COmpetênCias 
Ao final da Unidade o aluno deverá entender que existe 
uma relação profunda entre a produção científica e tec-
nológica.
Habilidades 
O aluno deverá entender o que é ciência e tecnologia 
e qual a relação entre ambas para o desenvolvimento 
das organizações.
5
Métodos para produção 
do ConheCiMento
A relAção entre 
ciênciA e tecnologiA
ApresentAção
Nessa Unidade será discutida a relação estreita entre a 
ciência e a tecnologia, bem como a importância da utili-
zação dos métodos para a aquisição de conhecimentos. 
A integração entre ciência e tecnologia tem papel pre-
ponderante no desenvolvimento da sociedade como um 
todo, e em particular para as organizações, pois é reser-
vada a elas a responsabilidade por tangibilizar o que foi 
um dia idealizado e perseguido pelos cientistas, razão 
pela qual existe uma relação profunda entre produção 
científica e tecnológica.
Por tudo isso, cada vez mais o mercado demanda 
por gestores melhores qualificadas para atuação na so-
ciedade, conscientes de seus compromissos para com 
as transformações de seu contexto, que valoriza o ser 
humano e permite a expressão da criatividade, pois o 
avanço tecnológico depende do progresso da ciência, 
uma vez que a tecnologia é a aplicação prática da ciência.
pArA ComeçAr
Para fazermos ciência precisamos de um método, ou 
seja, um conjunto de procedimentos previamente es-
tabelecidos a partir de um projeto, que vão determinar 
os principais passos que vamos seguir para alcançar os 
nossos objetivos. Isso significa que durante a execução 
desse projeto iremos ter controle de todo o processo.
Essa forma de agir chama-se fazer uma experiência, 
que pode ser realizada em um laboratório, com vários 
instrumentos ou numa biblioteca com vários livros que 
contém as ideias que preciso para entender e realizar 
minha experiência científica. Ou seja, para você ser um 
cientista, ou aquele que faz ciência, você precisa estu-
dar bastante para adquirir muito conhecimento, ter uma 
ideia, ou objetivo, fazer um projeto, e em um laboratório 
ou biblioteca desenvolver essa ideia.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 05 A Relação entre Ciência e Tecnologia 4
Desse modo atualmente a relação entre ciência e tecnologia é cada 
vez mais estreita, pois não existe avanço tecnológico sem o progresso da 
ciência. Isso significa que a ciência fornece os fundamentos necessários 
para o desenvolvimento da tecnologia.
As empresas cada vez mais utilizam a tecnologia para o desenvolvi-
mento e produção de seus produtos, assim, essa relação praticamente 
é a que move a competitividade e o crescimento dos diversos mercados 
internacionais. Isso é o que vamos discutir nessa Unidade.
FundAmentos
Quando, a partir de um método, incorporamos determinado tipo de co-
nhecimento e o colocamos em prática em um laboratório ou numa folha 
de papel já estamos fazendo ciência. Essa prática é o que chamamos de 
experiência, portanto quando fazemos uma experiência científica possuí-
mos um conhecimento do que estamos manipulando.
Essa situação de controle, isto é, de manipulação, significa também que 
temos o controle sobre o processo que estamos realizando. A ciência é, 
portanto, o controle e a manipulação a partir da experiência de algum 
conhecimento previamente adquirido.
É importante destacar que esse conhecimento é adquirido no campo 
da teoria, ou seja, é um conhecimento teórico. Assim, a ciência é cons-
tituída por um imenso conjunto de conhecimentos teóricos que podem 
ser manipulados experimentalmente em um laboratório universitário ou 
industrial; essa prática é a prática científica ou Ciência.
A tecnologia é a aplicação prática da ciência em algum setor econômico 
ou científico, ou seja, fazemos tecnologia quando usamos os nossos co-
nhecimentos teóricos, desenvolvidos na forma de ciência, para construir 
coisas, sejam estes aparelhos eletrônicos, aviões, prédios, brinquedos etc. 
Por conseguinte esses objetos possuem em sua composição elementos 
da ciência, que foram aplicados na forma de tecnologia que foram utiliza-
dos para o seu desenvolvimento.
Fazer tecnologia é algo mais complicado, pois além de todos os requi-
sitos necessários para fazer ciência, ou seja, estudo, conhecimento, pes-
quisa e experiência, são necessárias também instalações mais complexas 
como as indústrias para levar adiante a realização da tecnologia. Todo 
avanço tecnológico demanda estudo e pesquisa que, na maioria das ve-
zes, levam séculos para amadurecerem e resultarem em inovações. Veja 
por exemplo, o trem-bala.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 05 A Relação entre Ciência e Tecnologia 5
Em resumo, quando fazemos ciência descobrimos coisas, leis. Quan-
do fazemos tecnologia utilizamos esses descobrimentos para intervir na 
realidade e dessa maneira, podemos transformar o mundo em que vive-
mos construindo, fabricando coisas novas, e isso é feito, sobretudo, no 
setor industrial.
De tudo o que falamos até agora podemos concluir que a relaçãoentre 
ciência e tecnologia nos dias de hoje é cada vez mais íntima, pois como 
vimos não existe tecnologia sem ciência.
Em seus estudos, Santos e Mortimer (2002) analisam que, nas relações 
entre ciência, tecnologia e sociedade, pode-se constatar que:
 → A disponibilidade dos recursos tecnológicos limitará ou ampliará os 
progressos científicos.
 → A produção de novos conhecimentos tem estimulado mudanças 
tecnológicas.
 → A tecnologia disponível a um grupo humano influencia sobremanei-
ra o estilo de vida desse grupo.
 → O desenvolvimento de teorias científicas pode influenciar a ma-
neira como as pessoas pensam sobre si próprias e sobre proble-
mas e soluções.
 → Por meio de investimentos e outras pressões, a sociedade influencia 
a direção da pesquisa científica.
 → Pressões públicas e privadas podem influenciar a direção em que 
os problemas são resolvidos e, em conseqüência, promover mu-
danças tecnológicas.
Esse processo, portanto, não se dá sem contradições e conflitos e entre 
ciência e tecnologia não há simplesmente uma relação de causa e efeito.
No mundo contemporâneo, quando se pensa em gestão ambiental é 
necessário considerar os princípios científicos e os aparatos tecnológicos 
que propiciem melhor qualidade de vida. O conceito de desenvolvimento 
sustentável é um conceito que procura integrar ciência, tecnologia e de-
senvolvimento a favor da vida. Novas formas de produzir e de gerir pes-
soas também faz parte desse processo quando se considera a amplitude 
do conceito de sustentabilidade. 
Um dos maiores desafios da atualidade é a aproximação entre pesqui-
sa científica, produção tecnológica e a transferência de tecnologias para 
os mais diversos setores da sociedade, conforme as necessidades locais 
de desenvolvimento. A capacidade de realizar de maneira satisfatória essa 
articulação é o que se tem chamado de inteligência organizacional.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 05 A Relação entre Ciência e Tecnologia 6
atenção
Inteligência organizacional é a capacidade da organização 
de reunir informação, criar novos conhecimentos, atuando 
a partir dos conhecimentos por ela gerados.
Assim, políticas, procedimentos e tecnologias capazes de coletar, distribuir 
e utilizar o conhecimento motivador e mobilizador deve ser concebido e 
viabilizado para que haja, de fato, um ambiente organizacional favorável 
ao desenvolvimento do capital humano e intelectual, maior riqueza das 
corporações.
Para Tarapanoff (2001), a Gestão do Conhecimento é um conjunto de ati-
vidades que busca desenvolver e controlar todo tipo de conhecimento em 
uma organização, com vistas a utilizá-lo na consecução de seus objetivos, 
influenciando os processos decisórios em todos os níveis.
atenção
O conceito de Gestão do Conhecimento surgiu no início da 
década de 1990 e, segundo SVEIBY (1998, p. 3), “é funda-
mental para o desenvolvimento das organizações”.
Um pOUCO de História
Engenheiro e um dos maiores matemáticos da história, Arquimedes (287-
212 a.C), foi um dos principais pensadores e cientistas gregos da Antigui-
dade a ter dado contribuições duradouras e significativas à mecânica. 
Seu particular interesse para a ciência nos dias de hoje se prende ao fato 
de ter usado a experiência, ou a invenção, para testar a teoria e ter reco-
nhecido que os princípios básicos, que podem ser descritos matematica-
mente, devem ser bem conhecidos antes de se analisar fenômenos físicos.
Arquimedes exerceu, juntamente com Euclides e com Lucrécio, uma 
influência forte sobre a física moderna representada por Galileo Galilei e 
Isaac Newton (CHAUÍ, 2000). O princípio de Arquimedes, a famosa lei so-
bre a flutuação, foi discutido em Sobre os Corpos Flutuantes. O princípio 
diz que quando um corpo é submerso em um fluído, fica sujeito a uma 
força vertical de flutuação, igual ao peso do fluido que foi deslocado.
Uma pequena pedra pesará mais do que o pouco peso do volume de 
água deslocado por ela, e afunda. Mas um grande navio se mantém na 
superfície devido ao tremendo peso de água deslocado, e portanto flutua.
antena 
pArAbóliCA
Algumas descobertas científicas e tecnológicas criaram 
questões importantes para a reflexão.
No campo da biologia, a engenharia genética trouxe a 
questão das células-tronco, do uso de embriões huma-
nos e outros desafios. Na área da física e da química o 
desafio são as novas fontes de energia; o descarte cada 
vez maior de aparelhos eletrônicos é um desafio para a 
sustentabilidade da vida no planeta.
Quando você pesquisar, ler, estudar esses assuntos 
pense nesses desafios que são os mais importantes para 
nossa sobrevivência na atualidade.
e AgorA, José?
Sem a utilização articulada entre ciência e tecnologia, as 
chances competitivas da organização ficam diminuídas. 
Não se trata apenas de importar de outras organizações 
este conhecimento científico e tecnológico. É necessário 
levar bastante a sério as ações e mesmo a criação de um 
departamento de pesquisa e desenvolvimento para que 
a organização produza também os conhecimentos mais 
adequados à realidade que enfrenta e visa transformar.
Você já sabe o que é ciência, tecnologia e a sua rela-
ção, agora chegou a hora de conhecer, de maneira mais 
específica, a articulação entre os saberes científicos, tec-
nológicos e empresariais.
Nossa próxima Unidade buscará mais elementos 
para compreender a necessidade e a possibilidade 
dessa articulação.
reFerênCiAs
CHAUÍ, M. �Convite à Filosofia. São Paulo, Áti-
ca, 2000.
LADRIERE, J. �Os desafios da racionalidade: o 
desafio da ciência e da tecnologia às cul-
turas. Petrópolis: Vozes, 1979.
TARAPANOFF, K. (ORg.) �Inteligência organiza-
cional e competitiva. Brasília: Editora Uni-
versidade de Brasília, 2001.
SANTOS, W. L. P.;MORTIMER, E. F. �Uma análise 
de pressupostos teóricos da abordagem 
C-T-S (Ciência – Tecnologia – Sociedade) 
no contexto da educação brasileira Re-
vista. Ensaio. Brasília, Volume 02, numero 
02, dez. de 2002.
SVEIBY, K. E. �A nova riqueza das organizações. 
Rio de Janeiro: Campus, 1998.
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 05 A Relação entre Ciência e Tecnologia 8
gestão empresariaL
Métodos para produção do ConheCiMento
A ArticulAção entre 
os sAberes científicos, 
tecnológicos e empresAriAis
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da Unidade o aluno deverá ser capaz de articu-
lar com coerência os saberes científicos, tecnológicos 
e empresariais e compreender que não há desenvolvi-
mento científico e tecnológico sem pesquisa permanente.
COmpetênCias 
O aluno poderá verificar a integração necessária para o 
desenvolvimento das empresas com a ciência e a tecno-
logia, além de desenvolver o espírito da pesquisa e a aber-
tura para a inovação e a formação permanente.
Habilidades 
O aluno deve se introduzir nos campos da pesquisa e 
desenvolvimento no que se refere aos processos gerenciais 
e será capaz de compreender que sem o estudo das diver-
sas ciências e da sua aplicação na tecnologia as empresas 
não são capazes de desenvolver ou criar novos produtos.
6
Métodos para produção 
do ConheCiMento
A ArticulAção entre 
os sAberes científicos, 
tecnológicos e 
empresAriAis
ApresentAção
Nessa unidade você vai compreender que sem o estudo das 
diversas ciências e da sua aplicação na tecnologia as empre-
sas não são capazes de desenvolver ou criar novos produ-
tos, e sem inovação não há desenvolvimento.
Necessário também, além do estudo, é a articulação des-
ses saberes, que nada mais é do que a relação entre esses 
campos, pois não haverá produção, difusão, transformação 
e gestão adequada do conhecimento, em qualquer organi-
zação, se não houver a articulação permanente entre os sa-
beres científicos, tecnológicos e empresariais.
Assim, agora você está convidado a conhecer um pouco 
mais sobre tais conceitos, bem com entrará em contato com 
Lei de Inovação, legislação que tem papel fundamental nes-
sa articulação. 
pArA ComeçAr
Trataremos agora da articulação entre os saberes científicos,tecnológicos e empresariais. Em primeiro lugar devemos es-
clarecer que podemos entender esses saberes como conhe-
cimentos fundamentados ou já estabelecidos dessas áreas. 
Quanto à sua articulação, ela significa a relação entre es-
ses campos, que hoje em dia é não só próximo como cada 
vez mais necessários.
Para que você tenha uma compreensão completa dos 
assuntos que serão tratados aqui é importante que as de-
finições e relações estudadas na Unidade anterior estejam 
sempre presentes em seus estudos. 
Você já deve ter ouvido falar e mesmo pensado em di-
ferentes situações que na prática a teoria é outra. O mais 
comum é considerarmos que há uma separação ou, no mí-
nimo, uma falta de comunicação entre teoria e prática. O 
fato é que essa forma de produzir e difundir conhecimento 
pouco acrescenta num contexto de constantes transforma-
ções. Se você imagina que é possível aprender inúmeros 
conceitos para posteriormente aplicá-los na prática, talvez 
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 06 A Articulação entre os Saberes Científicos, Tecnológicos e Empresariais 4
sofra com a decepção de ver estes conceitos já obsoletos frente à realida-
de em que pretende atuar.
Nesta Unidade, você terá a oportunidade de perceber que não haverá 
produção, difusão, transformação e gestão adequada do conhecimento, 
em qualquer organização, se não houver a articulação permanente entre 
os saberes científicos, tecnológicos e empresariais.
FundAmentos
Vamos começar pelos saberes ou conhecimentos empresariais. Desde o 
início da industrialização no século XVIII, primeiro na Inglaterra e depois, 
no século XIX na Alemanha, França, Japão e Estados Unidos, as organi-
zações empresarias estiveram sempre preocupadas em buscar métodos 
cada vez mais eficientes de controle das pessoas e da produção, isso alia-
do ao aparecimento e utilização constante de novas máquinas e equipa-
mentos (DRUCKER, 1987). 
Essa preocupação e busca por métodos levou os empresários a procurar 
nas universidades, cientistas e pesquisadores de diversas áreas do conhe-
cimento para auxiliá-los na busca por um aperfeiçoamento constante na 
utilização dessas máquinas e pessoas envolvidas na produção.
O resultado desse processo foi a entrada dos saberes científicos na 
empresa. As áreas foram das mais diversas: psicologia, física, química, 
matemática, biologia. Esses campos foram a sustentação teórica para 
a solução de problemas práticos que cresciam conforme a industria 
se desenvolvia. 
As necessidades práticas necessitavam, no entanto, não somente de 
soluções teóricas ou científicas, mas também práticas, ou técnicas, e aí 
entraram em cena os engenheiros que, utilizando suas bases de conheci-
mento científico, ou saberes científicos, criaram soluções para os proble-
mas que apareceram.
Essas soluções técnicas ou tecnológicas, criadas por engenheiros re-
presentam a articulação em entre os saberes científicos, tecnológicos e 
empresariais. Nesse sentido, o desenvolvimento da pesquisa industrial 
organizada foi iniciado durante os anos 1870 por empresas da indústria 
química alemã.
Contudo, empresas industriais de produtos químicos e de outros ra-
mos dos EUA rapidamente emularam esse desenvolvimento e, já por volta 
dos anos 1920, as firmas norte-americanas tornaram-se coletivamente 
os principais empregadores industriais de cientistas e engenheiros (MO-
WERY; ROSENBERG, 2005, p. 23).
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 06 A Articulação entre os Saberes Científicos, Tecnológicos e Empresariais 5
papo téCniCo
David C. Mowery é professor na Haas School of Business, 
Universidade da Califórnia é especialista na área de pesquisa 
e desenvolvimento. Nathan Rosenberg é professor de Eco-
nomia na Universidade de Stanford suas obras abrangem os 
principais debates contemporâneos da tecnologia.
Na atualidade essa situação continua, e com mais intensidade, pois como 
foi afirmado na Unidade anterior a tecnologia não existe sem a ciência, e 
como as empresas utilizam cada vez mais tecnologia para criar os seus 
produtos, e esses produtos são cada vez mais tecnológicos, ou carregam 
em si muita tecnologia e, essa relação entre tecnologia e empresa, é um 
diferencial de qualidade na competição global que vivemos, logo, a articu-
lação desses três campos é cada vez mais intensa.
Acima falamos da participação dos engenheiros na solução de proble-
mas, hoje temos o tecnólogo que também, a partir de seus conhecimen-
tos, ou saberes científicos e tecnológicos são cada vez mais solicitados 
pelas empresas em busca da Inovação. 
Você sabia que já existe a Lei da Inovação? (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA 
E TECNOLOGIA, 2011). Pois então, para que haja a efetiva articulação 
que estamos problematizando o governo brasileiro criou em 2004 a Lei 
10.973, titulada Lei da Inovação, que dispõe sobre incentivos à inovação 
e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá ou-
tras providências. 
ConCeito
Inovação é a introdução de novidade ou aperfeiçoamento no 
ambiente produtivo ou social que resulte em novos produ-
tos, processos ou serviços.
Pretende-se estabelecer no país uma cultura de inovação amparada na 
constatação de que a produção de conhecimento e a inovação tecnoló-
gica passaram a ditar crescentemente as políticas de desenvolvimento 
dos países.
A Lei da Inovação surgiu para contribuir com o que Callon et. al. (1992) 
chamaram de rede tecnoeconômica, a saber,
um conjunto coordenado de atores heterogêneos, envolvendo laboratórios públicos, 
centros de pesquisa técnica, firmas industriais, organizações financeiras, usuários e 
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 06 A Articulação entre os Saberes Científicos, Tecnológicos e Empresariais 6
autoridades públicas - que participam coletivamente no desenvolvimento e difusão das 
inovações, e que, mediante numerosas interações, organizam as relações entre a pes-
quisa científico-tecnológica e o mercado. Essas redes evoluem ao longo do tempo, e sua 
geometria varia com a identidade dos atores que a compõem.
A Lei da Inovação foi concebida em três vertentes (Ministério da ciência e 
tecnologia, 2011)
 → Vertente I — Constituição de ambiente propício às parcerias 
estratégicas entre as universidades, institutos tecnológicos e 
empresas: nessa linha a lei contempla diversos mecanismos de 
apoio e estímulo à constituição de alianças estratégicas e ao de-
senvolvimento de projetos cooperativos entre:
 → Universidades;
 → Institutos tecnológicos; 
 → Empresas nacionais. 
O objetivo dessas alianças estratégicas é fomentar a estruturação de 
redes e projetos internacionais de pesquisa tecnológica; as ações de 
empreendedorismo tecnológico e a criação de incubadoras e par-
ques tecnológicos.
 → Vertente II — Estímulo à participação de instituições de ciência 
e tecnologia no processo de inovação: os pesquisadores vincula-
dos às instituições científicas e tecnológicas (ICTs), quando envol-
vidos nas atividades de prestação de serviços empreendidas por 
suas instituições, poderão, em casos específicos, beneficiar-se do 
resultado financeiro dos serviços prestados, independentemente 
da remuneração percebida em face do vínculo com a instituição. 
Da mesma forma, enquanto criador ou inventor, o pesquisador 
poderá fazer jus a uma parcela dos ganhos pecuniários auferidos 
por sua ICT, quando da exploração comercial de sua criação.
 → Vertente III — Incentivo à inovação na empresa: os dispositivos 
legais explicitados nessa vertente buscam estimular uma maior 
contribuição do setor produtivo em relação a alocação de recurso 
financeiros na promoção da inovação.
O apoio à realização de atividades de pesquisa e desenvolvimen-
to, que envolvam risco tecnológico, para solução de problema técni-
co específico ou obtenção de produto ou processo inovador também 
Métodos para Produção do Conhecimento / UA 06 A Articulação entre os Saberes Científicos, Tecnológicos e Empresariais 7
está contemplado, assim como a implementação pelas agências de 
fomento, de programas

Continue navegando