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Fer���d� Ma����s S �a���s EX��� �ÍSI�� ��RA� A sugestão de sequência de realização de exame físico geral é: ● Avaliação do estado geral ● Avaliação do nível de consciência ● Fala e linguagem ● Avaliação do estado de hidratação ● Altura e outras medidas antropométricas ● Peso ● Avaliação do estado de nutrição ● Desenvolvimento físico ● Fácies ● Atitude e decúbito preferido no leito ● Pele, mucosas e fâneros ● Tecido celular subcutâneo e panículo adiposo ● Musculatura ● Movimentos involuntários ● Enfisema subcutâneo ● Exame dos linfonodos ● Veias superficiais ● Circulação colateral ● Edema ● Temperatura corporal ● Postura ou atitude na posição de pé ● Biotipo ou tipo morfológico ● Marcha Avaliaçã� d� estad� gera� É uma avaliação subjetiva com base no conjunto de dados exibidos pelo paciente e interpretados de acordo com a experiência de cada um. Para descrever a impressão obtida, usa-se a seguinte nomenclatura: estado geral bom (BEG); estado geral regular (REG); estado geral ruim (REG). Avaliaçã� d� níve� d� consciênci� A avaliação do nível de consciência e do estado mental implica dois aspectos da mesma questão: a avaliação neurológica e a psiquiátrica. A percepção consciente do mundo exterior e de si mesmo caracteriza o estado de vigília, que é resultante da atividade de diversas áreas cerebrais coordenadas pelo sistema reticulotalâmico. Entre o estado de vigília e o estado de coma grau IV, é possível distinguir diversas fases intermediárias: ● Coma leve, vígil ou grau I/sonolência/letargia: é aquele no qual o comprometimento da consciência é leve, e o paciente é capaz de atender a ordens simples do tipo de abrir e fechar os olhos, levantar os braços e responder a perguntas pessoais. ● Coma de grau médio ou grau II/estupor: a perda da consciência é quase total, estando o paciente com sua perceptividade bastante reduzida. Responde apenas à estimulação dolorosa enérgica e o faz desapropriadamente. ● Coma profundo, carus ou grau III: a perda da consciência é completa, e o paciente não responde às solicitações externas, por mais intensas que sejam. ● Coma depassé ou grau IV: além dos elementos referidos no coma de grau III, aqui há comprometimento inclusive das funções vitais. Para o exame do nível da consciência, deve-se considerar os seguintes fatores: ● Perceptividade: capacidade para responder a perguntas simples ou informar aspectos corriqueiros. ● Reatividade: capacidade de reagir a estímulos inespecíficos, como, por exemplo, desviar os olhos. ● Deglutição: capacidade de levar alimentos à boca e degluti-los. ● Reflexos: resposta às manobras de alguns reflexos. Pode-se usar a escala de Glasgow para fazer a avaliação (RV, AO, RM). Fal� � Linguage� O examinador deve prestar atenção à linguagem do paciente, particularmente na linguagem falada. As alterações da fala classificam-se da seguinte maneira: ● Disfonia ou afonia: fraqueza na musculatura da laringe ou do palato mole. A voz pode torna-se rouca, fanha ou bitonal. ● Dislalia: troca das letras em razão de distúrbios na aquisição da articulação. ● Disartria: fraqueza ou incoordenação dos músculos da articulação da palavra. A voz pode torna-se baixa, monótona e lenta. Típica de pessoas com doença de Parkinson. ● Disfasia ou afasia: alterações corticais na interpretação e/ou expressão da fala; não envolve o órgão fonador e os músculos da fonação. Fer���d� Ma����s S �a���s ● Disritmologia: distúrbio no ritmo da fala. Ex: gagueira e taquilalia. Avaliaçã� d� estad� d� hidrataçã� O estado de hidratação do paciente é avaliado tendo-se em conta os seguintes parâmetros: ● Alteração abrupta do peso ● Alterações da pele quanto a umidade, elasticidade e turgor ● Alterações das mucosas quanto à umidade ● Fontanelas (no caso de crianças) ● Alterações oculares ● Estado geral do paciente Pacientes idosos não têm os critérios de elasticidade da pele avaliados. Existem três graus de desidratação: ● Leve: paciente em alerta, olhos normais ou pouco fundos, boca normal ou pouco seca, pele com sinal da prega ausente e urinando normal ou ligeiramente menos. Os lactentes têm fontanelas normais ou pouco fundas. Perda de peso de até 5%. ● Moderada: paciente irritado, com olhos fundos, boca seca com saliva espessa, pele com sinal da prega discreto e urinando pouco. Os lactentes apresentam as fontanelas fundas. Perda de peso de até 10%. ● Grave: paciente prostrado e com acentuação dos sinais vistos em grau moderado. Perda de peso acima de 10%. Vale lembrar que a desidratação consiste na diminuição de água e eletrólitos e que caracteriza-se, de modo geral, por: sede, diminuição abrupta de peso, mucosas e pele secas, olhos fundos e hipotônicos, fontanelas deprimidas, estado geral comprometido, excitação psíquica ou abatimento e oligúria. Ademais, a desidratação também pode ser classificada pelo sistema de cruzes. Muc�sa� Avalia quanto a coloração em normocoradas, hipocoradas ou hipercoradas; ictérica ou anictérica; cianótica ou acianótica. Avalia a umidade (úmida ou desidratada) e se há lesão. Medida� antropométrica� ● Altura Na prática diária, a única medida rotineira é a planta-vértice, ou seja, a altura total do indivíduo. Determina-se a altura por meio de uma haste milimetrada que acompanha as balanças ou que se afixa a uma parede. Na criança, recomenda-se medir a altura na posição deitada até os 4 anos de idade, usando-se uma fita métrica ou uma régua graduada. Feita a mensuração, deve-se compará-la com os valores tabulados, levando-se em conta a idade e o sexo. ● Envergadura É a distância compreendida entre os extremos dos membros superiores, estando o indivíduo com os braços abertos, em abdução de 90°. Normalmente, a envergadura equivale à altura. ● Distância pubovértice ● Distância puboplantar ● Peso Para os recém-nascidos é necessária uma balança própria, e, para os pacientes impossibilitados de deambular, pode-se usar a cama-balança. Obtido o peso, este é comparado com os valores considerados normais em relação à idade e ao sexo. Peso ideal: são valores estatisticamente estabelecidos a partir dos dados obtidos em grandes grupos da população. Quando não se dispõe de uma tabela, pode-se aplicar a regra simples de Broca: o peso ideal se aproxima do número de centímetros que excede um metro de altura. ● IMC Peso em kg divido pelo quadrado da altura em metros. Um IMC normal está entre 20 e 24,99 kg/m2. ● Circunferência Abdominal A medida da circunferência abdominal logo acima da crista ilíaca é um procedimento simples e útil. O excesso de gordura abdominal está relacionado com alterações metabólicas (síndrome metabólica), incluindo dislipidemias, resistência à insulina, diabetes melito tipo 2, hipertensão arterial e doença arterial coronariana. Homens: até 102cm; Mulheres: até 88 cm. ● Relação cintura-quadril Fer���d� Ma����s S �a���s Para obtê-lo mede-se a circunferência da cintura (C) em um ponto médio entre o final dos arcos costais e a do quadril (Q), no nível das espinhas ilíacas anteriores. Mulheres: RCQ < 0,8; Homens: RCQ < 0,9. OBS: No homem, a gordura em excesso tende a se armazenar na parte superior do corpo ou na região abdominal, configurando a obesidade tipo androide ou central que dá à morfologia corporal a forma de maçã. Na mulher, o acúmulo de gordura predomina nos quadris e nas coxas - obesidade tipo ginecoide ou periférica. OBS: Há correlação entre obesidade androide e acúmulo de gordura visceral, estando diretamente relacionada com distúrbios metabólicos (dislipidemia, tolerância reduzida à glicose) e doenças cardiovasculares (cardiopatia isquêmica e acidente vascular cerebral). OBS: Há dois tipos de magreza: constitucional - não tem relação com qualquer enfermidade e é um traço genético; patológica - ocorre em consequência de doenças, tais como diabetes, hipertireoidismo, neoplasias malignas. Avaliaçã� d� estad� nutriciona� Avaliado pela relação da altura, idade, peso e circunferência abdominal/quadril, correlacionados com estado geral do paciente, aspecto de pele e fâneros, tecido subcutâneoe musculatura. Hiponutrição ou desnutrição é uma condição na qual o peso está abaixo dos valores mínimos normais, a musculatura é hipotrófica e o panículo adiposo escasso, pele seca (xerósica), e rugosa, cabelos e pelos finos, secos e quebradiços, xeroftalmia, fotofobia, dificuldade de acomodação em ambiente pouco iluminado. Ademais, existem três graus de desnutrição. ● 1º grau: perda de peso superior a 10%. ● 2º grau: perda de peso superior a 25%. ● 3º grau: perda de peso superior a 40%. Desenvolviment� físic� Uma determinação exata requer um estudo antropométrico rigoroso. Contudo, na prática, é suficiente uma avaliação simplificada, levando-se em conta a idade e o sexo. Os achados podem ser enquadrados nas seguintes alternativas: • Desenvolvimento normal • Hiperdesenvolvimento: é praticamente sinônimo de gigantismo. • Hipodesenvolvimento: confunde-se com nanismo. Todavia, não são condições absolutamente iguais, havendo entre uns e outros diferenças de grau e qualidade. • Hábito grácil: corresponde à constituição corporal frágil e delgada, caracterizada por ossatura fina, musculatura pouco desenvolvida, juntamente com uma altura e um peso abaixo dos níveis normais. • Infantilismo: refere-se à persistência anormal das características infantis na idade adulta. Fácie� É a resultante dos traços anatômicos mais a expressão fisionômica. Não apenas os elementos estáticos, mas, e principalmente, a expressão do olhar, os movimentos das asas do nariz e a posição da boca. • Fácies normal ou atípica • Fácies hipocrática: olhos fundos, parados e inexpressivos. O nariz afila-se, e os lábios se tornam adelgaçados. "Batimentos das asas do nariz" também costumam ser observados. Palidez cutânea e uma discreta cianose labial completam a fácies hipocrática. • Fácies renal: o elemento característico desse tipo de fácies é o edema que predomina ao redor dos olhos. Completa o quadro a palidez cutânea. É observada nas doenças difusas dos rins, particularmente na síndrome nefrótica e na glomerulonefrite difusa aguda. • Fácies leonina: as alterações que a compõem são produzidas pelas lesões do mal de Hansen. A pele, além de espessa, é sede de grande número de lepromas de tamanhos variados e confluentes. Os supercílios caem, o nariz se espessa e se alarga. Os lábios tornam-se mais grossos e proeminentes. • Fácies adenoidiana: os elementos fundamentais são o nariz pequeno e afilado e a boca sempre entreaberta. Aparece nos indivíduos portadores de hipertrofia das adenoides. • Fácies parkinsoniana: a cabeça inclina-se um pouco para frente e permanece imóvel nesta posição. O olhar fixo, os supercílios elevados e a fronte enrugada conferem ao paciente uma expressão de espanto. • Fácies basedowiana: seu traço mais característico reside nos olhos, que são Fer���d� Ma����s S �a���s salientes (exoftalmia) e brilhantes, destacando-se sobremaneira no rosto magro. Outro elemento que salienta as características da fácies basedowiana é a presença de um bócio. Indica hipertireoidismo. • Fácies mixedematosa: constituída por um rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca, espessada e com acentuação de seus sulcos. Os supercílios são escassos e os cabelos secos e sem brilho. Esse tipo de fácies aparece no hipotireoidismo ou mixedema. • Fácies cushingoide ou de lua cheia: chama a atenção de imediato o arredondamento do rosto, com atenuação dos traços faciais. Secundariamente, deve ser assinalado o aparecimento de acne. Este tipo de fácies é observado nos casos de síndrome de Cushing e em pessoas que fazem uso de corticoides. • Fácies mongoloide: a fenda palpebral é seu elemento característico (é uma prega cutânea - epicanto) que torna os olhos oblíquos. • Fácies de depressão: as características desse tipo de fácies estão na expressividade do rosto. Cabisbaixo, os olhos com pouco brilho e fixos em um ponto distante. Esse tipo de fácies é observado nos transtornos do humor. • Fácies pseudobulbar: tem como principal característica súbitas crises de choro ou riso, involuntárias, mas conscientes, que levam o paciente a tentar contê-las. Aparece geralmente na paralisia pseudobulbar (aterosclerose cerebral). • Fácies da paralisia facial periférica: é bastante comum. Chama a atenção a assimetria da face, com impossibilidade de fechar as pálpebras, repuxamento da boca para o lado. • Fácies miastênica ou fácies de Hutchinson: caracterizada por ptose palpebral bilateral que obriga o paciente a franzir a testa e levantar a cabeça. Ocorre na miastenia gravis. • Fácies etílica: chamam a atenção os olhos avermelhados e certa ruborização da face. • Fácies esclerodérmica: denominada também fácies de múmia, justamente porque sua característica fundamental é a quase completa imobilidade facial. Atitud� � decúbit� preferid� n� leit� Algumas posições são conscientemente procuradas pelo paciente (voluntárias), enquanto outras independem de sua vontade ou são resultantes de estímulos cerebrais (involuntárias). Atitude� voluntária� • Ortopneica: o paciente adota essa posição para aliviar a falta de ar decorrente de insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascites volumosas. Ele permanece sentado à beira do leito com os pés no chão ou em uma banqueta, e as mãos apoiadas no colchão. • Genupeitoral: o paciente posiciona-se de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas, enquanto a face anterior do tórax (peito) põe-se em contato com o solo ou colchão. O rosto descansa sobre as mãos, que também ficam apoiadas no solo ou colchão. Essa posição facilita o enchimento do coração nos casos de derrame pericárdico. • Cócoras: A posição de cócoras (squatting) é observada em crianças com cardiopatia congênita cianótica. Ela proporciona alívio da hipóxia generalizada, que acompanha essas cardiopatias, em decorrência da diminuição do retorno venoso. • Parkinsoniana: o paciente se põe de pé e apresenta semiflexão da cabeça, tronco e membros inferiores e, ao caminhar, parece estar correndo atrás do seu próprio eixo de gravidade. • Decúbito lateral: costuma ser adotada quando há uma dor de origem pleurítica. Por meio dela, o paciente reduz a movimentação dos folhetos pleurais do lado sobre o qual repousa. • Decúbito dorsal: é observado nos processos inflamatórios pelviperitoneais. • Decúbito ventral: comum nos portadores de cólica intestinaL O paciente deita-se de bruços e, às vezes, coloca um travesseiro debaixo do ventre. OBS: decúbitos com variados graus de flexão da coluna são observados nas lombalgias. Atitude� involuntária� • Passiva: quando o paciente fica na posição em que é colocado no leito, sem que haja contratura muscular. É observada nos pacientes inconscientes ou comatosos. • Opistótono: é a atitude decorrente de contratura da musculatura lombar, sendo observada nos casos de tétano e meningite. O Fer���d� Ma����s S �a���s corpo passa a se apoiar na cabeça e nos calcanhares, emborcando-se como um arco. • Emprostótono: é observado no tétano, na meningite e na raiva, é o contrário do opistótono. • Pleurostótono: observado no tétano, na meningite e na raiva. O corpo se curva lateralmente. • Posição em gatilho: encontrada na irritação meníngea. Caracteriza-se pela hiperextensão da cabeça, flexão das pernas sobre as coxas e encurvamento do tronco. • Torcicolo e mão pêndula da paralisia radial Musculatur� Para a investigação semiológica da musculatura, empregam -se a inspeção e a palpação. Assim procedendo, conseguem-se informações quanto à troficidade (corresponde à massa do próprio músculo) e tonicidade (estado de semicontração própria do músculo normal). Quanto a troficidade pode-se classificar em: normal, hipertrófica ou hipotrófica. Quanto à tonicidade pode-se classificar em: normal, hipertonicidade/espasticidade/rigidez ou hipotonicidade/flacidez. Moviment�� involuntári�� • Tremores São movimentos alternantes, mais ou menos rápidos e regulares, de pequena ou média amplitude, que afetam principalmente as partes distais dos membros. Os tremores diferenciam-se em: � Tremor de repouso: surge durante o repousoe desaparece com os movimentos e o sono; é um tremor oscilatório, em regra mais evidente nas mãos. Ocorre no parkinsonismo. � Tremor de atitude ou postura: surge quando o membro é colocado em uma determinada posição, não sendo muito evidente no repouso ou no movimento. Ocorre no pré-coma hepático, quando é designado flapping ou asterix, e na doença de Wilson. � Tremor de ação: é o que surge ou se agrava quando um movimento é executado. Aparece nas doenças cerebelares. � Tremor vibratório: é fino e rápido como se fosse uma vibração. Pode surgir no hipertireoidismo, no alcoolismo e na neurossífilis, mas a grande maioria é de origem emocional. ● Movimentos coreicos São movimentos involuntários, amplos, desordenados, de ocorrência inesperada e arrítmicos, multiformes e sem finalidade. Localizam-se na face, nos membros superiores e inferiores. São encontrados em pacientes com coreia de Sydenham e coreia de Huntington. ● Movimentos atetósicos Movimentos atetósicos (atetose) são movimentos involuntários que ocorrem nas extremidades e apresentam características muito próprias: são lentos e estereotipados, lembrando um movimento reptiforme ou os movimentos dos tentáculos do polvo. Podem ser uni ou bilaterais. Aparece em pessoas com lesões dos núcleos da base ou que tiveram kernicterus. ● Hemibalismo São movimentos abruptos, violentos, de grande amplitude, rápidos e geralmente limitados a uma metade do corpo. Decorrem de lesões extrapiramidais. ● Mioclonias São contrações musculares breves, rítmicas ou arrítmicas, localizadas ou difusas, que acometem um músculo ou um grupo muscular. Devem-se a descargas de neurônios subcorticais, dentre as quais se destaca a epilepsia tipo pequeno mal. ● Mioquinias São contrações fibrilares de tipo ondulatório que surgem em músculos íntegros, principalmente no orbicular das pálpebras, quadríceps e gêmeos. Não apresentam significado patológico. ● Asterix Asterix (jlapping) são movimentos rápidos, de amplitude variável, que ocorrem nos segmentos distais e apresentam certa semelhança com o bater de asas das aves. Este tipo de movimento involuntário é frequente na insuficiência hepática. ● Tiques Fer���d� Ma����s S �a���s São movimentos involuntários que aparecem em determinado grupo muscular, repetindo-se sucessivamente. São domináveis pela vontade, e podem ser funcionais ou orgânicos. Os tiques motores podem ser simples (envolvem grupos musculares isolados, resultando em piscamentos, abertura da boca, balanceio da cabeça) ou complexos (caracterizam-se por padrões elaborados de movimento contrações faciais bizarras, desvios oculares). Os tiques vocais também podem ser simples (incluem-se ato de limpar a garganta, grunhidos, estalos com lábios ou língua) ou complexos (abrangem palavras ou fragmentos de palavras, frases curtas, elementos musicais). ● Convulsões São movimentos musculares súbitos e incoordenados, involuntários e paroxísticos, que ocorrem de maneira generalizada ou apenas em segmentos do corpo. As convulsões podem ser: tônicas (caracterizam-se por serem mantidas permanentes e imobilizarem as articulações), clônicas (são rítmicas, alternando-se contrações e relaxamentos musculares em ritmo mais ou menos rápido) ou tônico-clônicas (soma as características de ambas). ● Tetania É uma forma particular de movimentos involuntários e caracteriza-se por crises exclusivamente tônicas quase sempre localizadas nas mãos e pés, por isso denominadas «espasmos carpopodais". A tetania ocorre nas hipocalcemias e na alcalose respiratória por hiperventilação. Para desencadeá-la, faz-se a compressão do braço com o manguito. O fenômeno em sua totalidade é chamado de sinal de Trousseau e nele verificamos a “mão de parteira”. ● Fasciculações São contrações breves, arrítmicas e limitadas a um feixe muscular. Não devem ser confundidas com as mioquinias. ● Discinesias orofaciais São movimentos rítmicos, repetitivos e bizarros, que comprometem, principalmente, a face, a boca, a mandíbula e a língua. Ocorrem em psicoses de longa evolução, uso prolongado de fenotiazinas e em pessoas idosas, em geral desdentadas. ● Distonias Os movimentos distônicos são parecidos com os atetoides, mas costumam envolver porções maiores do corpo, inclusive tronco, podendo resultar em posturas grotescas e contorcidas. Enfisema subcutâneo A existência de bolhas de ar debaixo da pele recebe a denominação de enfisema subcutâneo. A técnica para reconhecê-lo é apalpação, deslizando-se a mão sobre a região suspeita. Circulaçã� colatera� Do ponto de vista semiológico, significa a presença de circuito venoso anormal visível ao exame da pele. Circulação colateral indica dificuldade ou impedimento do fluxo venoso através dos troncos venosos principais. A circulação colateral deve ser analisada sob os seguintes aspectos: localização, direção do fluxo sanguíneo, existência de frêmito e/ou sopro. Em relação a direção, o fluxo pode ser abdome-tórax, ombro-tórax ou pelve-abdome. A única condição em que se costuma perceber frêmito e/ou sopro é quando há recanalização da veia umbilical. Existem quatro tipos fundamentais de circulação colateral: ● Tipo braquicefálica: caracteriza-se pelo aparecimento de veias superficiais ingurgitadas em ambos os lados da parte superior da face anterior do tórax. ● Tipo cava superior: a rede venosa colateral vai se distribuir na metade superior da face anterior do tórax; às vezes, também na parte posterior, nos braços e no pescoço. A direção do fluxo sanguíneo é toracoabdominal, , indicando que o sangue procura alcançar a veia cava inferior. Esse tipo de circulação colateral se instala quando há compressão extrínseca por neoplasias ou outras alterações mediastinais. ● Tipo porta: o obstáculo pode estar situado nas veias supra-hepáticas (síndrome de Budd-Chiari), no fígado (cirrose hepática) ou na veia porta (pileflebite). A rede venosa vicariante localiza-se na face anterior do tronco, principalmente nas regiões periumbilical, epigástrica e face anterior do tórax. A direção do fluxo sanguíneo será de baixo para cima. Também chamada de circulação do tipo cabeça de medusa. Fer���d� Ma����s S �a���s ● Tipo cava inferior: o obstáculo situa-se na veia cava inferior, e a circulação colateral vai se localizar na parte inferior do abdome, região umbilical, flancos e face anterior do tórax. O sangue fluirá no sentido abdome-tórax à procura da veia cava superior. A causa mais frequente desse tipo de circulação colateral é compressão extrínseca por neoplasias intra-abdominais. Edem� É o excesso de líquido acumulado no espaço intersticial ou no interior das próprias células. Os principais derrames cavitários são: hidrotórax, ascite, hidropericárdio e hidrartrose. A investigação semiológica do edema tem início na anamnese, quando se indaga sobre tempo de duração, localização e evolução. No exame físico completa-se a análise, investigando-se os seguintes parâmetros: ● Localização e distribuição: é importante falar onde o edema está e se o mesmo é localizado ou generalizado. ● Intensidade: é analisada por meio do sinal de cacifo, onde utiliza-se à profundidade da fóvea graduada em cruzes. ● Consistência: edema mole é facilmente depressível e significa que a retenção é de duração não muito longa. Edema duro traduz a existência de proliferação fibroblástica e longa duração. ● Elasticidade: o edema elástico, típico de inflamação, retoma imediatamente à sua situação normal, ou seja, a fóvea perdura pouquíssimo tempo. O edema inelástico é aquele cuja pele comprimida demora a voltar à posição primitiva. ● Temperatura: usa-se o dorso dos dedos ou as costas das mãos. Edema quente significa inflamação. Edema frio significa comprometimento da irrigação sanguínea daquela área. ● Sensibilidade: edema doloroso é inflamatório. ● Outras alterações da pele adjacente: coloração (pode-se notar palidez, cianose ou vermelhidão), textura e espessura (pele lisa e brilhante acompanha o edema recente; pele espessa é vista nos pacientes com edema de longa duração; pele enrugada aparece quandoo edema está sendo eliminado). Fisiopatologi� d� edem� Os mecanismos que levam à formação de edema são: diminuição da pressão osmótica das proteínas, obstrução de vasos linfáticos, aumento da pressão hidrostática, aumento da permeabilidade capilar e retenção de sódio. Outra etapa do raciocínio que leva à compreensão do edema é quando se procura relacionar a causa com o mecanismo de sua formação. As principais causas de edema são: síndrome nefrítica, síndrome nefrótica, pielonefrite, insuficiência cardíaca, cirrose hepática, hepatite crônica, desnutrição proteica, gravidez, obesidade, hipotireoidismo e etc. Qualquer que seja a causa do edema, há sempre participação de dois ou mais mecanismos. Sendo que a retenção de sódio e água constitui fator importante em todo edema generalizado. Edem� Localizad� Os mecanismos de formação dos edemas localizados, é necessário relacionar suas principais causas: varizes, flebites e trombose venosa, processos inflamatórios, afecções dos linfáticos e postura. Temperatur� A temperatura do interior do corpo permanece quase constante, em uma variação de no máximo 0,6°C, mesmo quando exposto a extremos de frio ou de calor. A temperatura da parte externa do corpo, ao contrário, está sujeita às variações das condições ambientais. Os valores térmicos estão aumentados em certas condições, tais como refeições, exercícios físicos intensos, gravidez ou ovulação. O calor gerado no interior do corpo atinge a superfície corporal por meio dos vasos sanguíneos que formam o plexo vascular subcutâneo, mas pouco calor se difunde para a superfície, graças ao efeito isolante da camada do tecido adiposo. A condução de calor para a pele é controlada pelo grau de constrição das arteríolas e das anastomoses arteriovenosas. Locai� d� verificaçã� d� temperatur� � valore� normai� A temperatura corporal é verificada por meio do termômetro clínico. A temperatura corporal pode apresentar variações na dependência do local em que será procedida a sua mensuração. Desse modo, ele Fer���d� Ma����s S �a���s pode ser: axilar, oral, retal, timpânico, arterial pulmonar, esofágico, nasofaringiano e vesical. No Brasil, o local habitual é o axilar. Para utilização correta desse método é necessária a higiene da axila e do termômetro, evitando-se a presença de umidade no local. A mensuração da temperatura na cavidade oral, bastante comum em outros países, é feita pela colocação do termômetro na região sublingual. Para isso, é necessário termômetros individuais. A temperatura retal é feita pela aplicação do termômetro na ampola retal. Temperatura axilar: 35,5 a 37°C; Temperatura bucal: 36 a 37,4°C; Temperatura retal: 36 a 3 7 ,5°C, ou seja, 0,5°C maior que a axilar. Febr� Pode ser causada por transtornos no próprio cérebro ou por substâncias tóxicas que influenciam os centros termorreguladores. As substâncias que causam esse efeito são chamadas de pirogênicas. Os pirogênios são secretados por bactérias ou liberados dos tecidos em degeneração. Cabe ao hipotálamo regular o nível em que a temperatura deve ser mantida. A febre pode ser resultado de infecções, lesões teciduais, processos inflamatórios e neoplasias malignas, além de outras condições. O fator comum a todos é a lesão tecidual. OBS: a febre é mais um sinal de alerta do que um mecanismo de defesa. Característica� semiológica� d� febr� Devem ser analisadas as seguintes características semiológicas da febre: ● Início: súbito ou gradual ● Intensidade: leve/febrícula (até 37,5°C), moderada (até 38,5°C) ou alta (acima de 38,6°C) ● Duração: febre prolongada (tem duração de mais de uma semana) ● Modo de evolução: o Febre contínua: indivíduo permanece sempre febril com temperatura variando até 1°C. Aparece na febre tifoide, endocardite infecciosa e pneumonia. o Febre irregular/séptica: alternância de picos de temperatura elevada com apirexia ou hipotermia. Aparece na sepse, abscessos pulmonares, tuberculose. o Febre remitente: indivíduo permanece sempre febril com temperatura variando mais que 1°C. aparece na septicemia, pneumonia, tuberculose. o Febre intermitente: hipertermia cíclica interrompida por períodos de temperatura normal. Aparece na malária, infecções urinárias, linfomas e septicemia. o Febre recorrente/ondulante: caracteriza-se por período de temperatura normal que dura dias ou semanas até que sejam interrompidos por períodos de temperatura elevada. Acontece na brucelose, doença de Hodgkin. ● Término: crise (desaparece subitamente) e lise (desaparece gradualmente). OBS: hipotermia consiste na diminuição da temperatura corporal abaixo de 35,5°C na região axilar ou de 36°C no reto. P�stur� o� atitud� n� p�siçã� d� p� Uma postura defeituosa pode ser consequência de mau costume ou de afecção da coluna vertebral. Entre as queixas mais comuns na prática médica, estão a dorsalgia e a lombalgia, que, em muitos casos, advêm de má postura. Do ponto de vista semiológico, podemos classificar a postura da seguinte maneira: boa postura, postura sofrível e má postura. Essas posturas guardam certa relação com o biotipo da pessoa. Assim, os longilíneos frequentemente reúnem as características de uma má postura. Biotip� o� tip� morfológic� O biotipo, também denominado tipo morfológico, é o conjunto de características morfológicas apresentadas pelo indivíduo. adotamos a seguinte classificação: • Longilíneo: pescoço longo e delgado, tórax afilado e chato, membros alongados, ângulo de Charpy menor que 90°, musculatura delgada e panículo adiposo pouco desenvolvido, tendência para estatura elevada. • Mediolíneo: equilíbrio entre os membros e o tronco, desenvolvimento harmônico da musculatura e do panículo adiposo, ângulo de Charpy em torno de 90°. Fer���d� Ma����s S �a���s • Brevilíneo: pescoço curto e grosso, tórax alargado e volumoso, membros curtos em relação ao tronco, ângulo de Charpy maior que 90°, musculatura desenvolvida e panículo adiposo espesso, tendência para baixa estatura. March� O modo de andar do paciente poderá ser de grande utilidade diagnóstica, especialmente nas afecções neurológicas. A marcha tem duas fases: de apoio e balanço. Os tipos de marcha são: • Senil: caracteriza-se por aumento da flexão dos cotovelos, cintura e quadril. • Marcha helicópode/ceifante/hemiplégica: a perna se arrasta pelo chão, descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. • Marcha anserina: para caminhar, o paciente acentua a lordose lombar e inclina o tronco para a direita ou para a esquerda, lembrando o andar de um pato. • Marcha parkinsoniana: cabeça fletida e não há movimento dos braços. • Marcha claudicante: ao caminhar, o paciente “manca” para um dos lados. • Marcha escarvante: típica de paciente com neuropatia. • Marcha cerebelar/ébrio: típica de pacientes com acometimento cerebelar como AVC. • Marcha vestibular • Marcha tabética Semiotécnic� respiratóri� Padrã� respiratóri� Pode ser abdominal, tóraco-abdominal ou torácico/costal. Amplitud� d� respiraçã� Podemos observar hiperventilação/hiperpneia, hipoventilação/hipopneia ou apneia. Frequênci� Respiratóri� Muda com a faixa etária. Podemos classificar como bradipneico, taquipneico ou eupneico. A frequência normal entre adultos é de 16 à 20 irpm. Ritm� respiratóri� Avaliamos a sequência, forma e amplitude das incursões. • Respiração de Cheyne-Stokes/Dispneia Periódica: é uma respiração dispneica, superficial e que faz apneia. Pode ser observada na insuficiência cardíaca grave, AVC e TCE. • Respiração de Biot: respiração de amplitude variável com períodos de apneia. Pode ser observada na meningite, neoplasia e hematoma extradural. • Respiração de Kussmaul: inspirações profundas e expirações curtas seguidas de pausas. Pode ser observada na citoacidose diabética e insuficiência renal com uremia. • Respiração Suspirosa: os movimentos respiratórios são interrompidos por suspiros. Pode ser visto na ansiedade e tensão emocional. Pressã� A�teria� A técnica do exame consiste na medida indireta da pressão. São utilizados habitualmente 3 tipos de sistema pararegistro da pressão arterial: coluna de mercúrio, aneroide e eletrônico. Merecem destaque as seguintes particularidades: • Manguito de tamanho adequado: 2/3 do comprimento do braço (80% do comprimento e 40% da circunferência). • Repouso mínimo de 3 min • Local tranquilo e, preferencialmente, sem ruídos que possam interferir com a ausculta. • Posição do paciente • Paciente não pode estar com bexiga cheia, não pode falar durante o procedimento, não ter praticado exercício a pelo menos 1h, não ter ingerido bebidas alcoólicas, café ou alimentos, não ter fumado nos últimos 30 minutos. • Aferir os dois membros: diferença maior que 30 pode indicar comprometimento de vaso/aorta. • Aferir em pé e deitado (verifica se há hipotensão postural). Son� d� Korotko� • Fase I (aparecimento de sons): o primeiro som é claro como uma pancada. • Fase II (batimentos com murmúrio): com a dilatação da artéria pressionada, a Fer���d� Ma����s S �a���s contracorrente reverbera e cria murmúrios na parede dos vasos sanguíneos, • Fase III (murmúrio desaparece): os batimentos passam a ser mais audíveis e mais acentuados. • Fase IV (abafamento dos sons): os batimentos repentinamente tomam-se menos acentuados. • Fase V (desaparecimento de sons): restabelece-se o calibre normal da artéria e o sangue não mais provoca ruídos perceptíveis à ausculta da artéria radial. OBS: Pressão arterial sistólica - aparecimento do primeiro ruído (Fase I); Pressão arterial diastólica - desaparecimento dos sons (Fase V). OBS: Hiato auscultatório - trata-se do desaparecimento dos sons, durante a última parte da Fase I e na Fase II. O modo de evitá-lo é realizar sempre o método palpatório antes do auscultatório. Puls� alternant� É sinal de insuficiência ventricular esquerda. Deve-se ficar atento à intensidade dos ruídos que constituem a fase I de Korotkoff, pois o pulso alternante é reconhecido neste momento pela alternância de um ruído forte e fraco. Pressã� diferencia� É a distinção entre pressão sistólica e diastólica (geralmente fica entre 30 e 60 mmHg). Uma pressão diferencial convergente tem um decréscimo nessa diferença e é comum em quadros de hipotensão arterial aguda, estenose aórtica e derrame pericárdico. Uma pressão diferencial divergente, por sua vez, tem um aumento nessa diferença e pode ser observada no hipertireoidismo, insuficiência aórtica e fístula arteriovenosa OBS: os sinais vitais (FC, FR, PA e Tax) devem ser aferidos no exame físico geral. Referênci� Semiologia Médica - Celmo Celeno Porto - 7ª Edição. 2013. Editora Guanabara Koogan.
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