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RESUMO BÁSICO DO SISTEMA ARTICULAR Por Bibiana Onuki @medicinahiperativa As articulações são uniões ou junções entre dois ou mais ossos ou partes rígidas do esqueleto. As articulações exibem várias formas e funções. Algumas articulações não têm movimento, como as lâminas epifisiais entre a epífise e a diáfise de um osso longo em crescimento; outras permitem apenas pequeno movimento, como os dentes em seus alvéolos; e outras têm mobilidade livre, como a articulação do ombro. CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES Nas articulações sinoviais, os ossos são unidos por uma cápsula articular (formada por uma camada fibrosa externa revestida por uma membrana sinovial serosa) que transpõe e reveste a cavidade articular. O periósteo que reveste os ossos na parte externa à articulação funde-se com a camada fibrosa da cápsula articular. Nas articulações fibrosas (dura), os ossos são unidos por tecido fibroso. Na maioria dos casos, o grau de movimento em uma articulação fibrosa depende do comprimento das fibras que unem os ossos. As suturas do crânio são exemplos de articulações fibrosas. A sindesmose, um tipo de articulação fibrosa, une os ossos com uma lâmina de tecido fibroso, que pode ser um ligamento ou uma membrana fibrosa. Consequentemente, esse tipo de articulação tem mobilidade parcial. Nas articulações cartilagíneas, as estruturas são unidas por cartilagem hialina ou fibrocartilagem (média). Nas sincondroses ou articulações cartilagíneas primárias, os ossos são unidos por cartilagem hialina, o que permite leve curvatura no início da vida. As articulações cartilagíneas primárias geralmente são uniões temporárias, como as existentes durante o desenvolvimento de um osso longo, nas quais a epífise e a diáfise são unidas por uma lâmina epifisial. As sincondroses permitem o crescimento do osso no comprimento. As sínfises ou articulações cartilagíneas secundárias são articulações fortes, ligeiramente móveis, unidas por fibrocartilagem. Os discos intervertebrais fibrocartilagíneos existentes entre as vértebras são formados por tecido conjuntivo que une as vértebras. As articulações sinoviais, o tipo mais comum de articulação, permitem livre movimento entre os ossos que unem; são articulações de locomoção, típicas de quase todas as articulações dos membros. As articulações sinoviais geralmente são reforçadas por ligamentos acessórios separados (extrínsecos) ou são um espessamento de parte da cápsula articular. Os seis principais tipos de articulações sinoviais são classificados de acordo com o formato das faces articulares e/ou o tipo de movimento que permitem: 1. As articulações planas permitem movimentos de deslizamento no plano das faces articulares. As superfícies opostas dos ossos são planas ou quase planas, com movimento limitado por suas cápsulas articulares firmes. As articulações planas são muitas e quase sempre pequenas. Um exemplo é a articulação acromioclavicular situada entre o acrômio da escápula e a clavícula. 2. Os gínglimos permitem apenas flexão e extensão, movimentos que ocorrem em um plano (sagital) ao redor de um único.eixo transversal; assim, os gínglimos são articulações uniaxiais. A cápsula dessas articulações é fina e frouxa nas partes anterior e posterior onde há movimento; entretanto, os ossos são unidos lateralmente por ligamentos colaterais fortes. A articulação do cotovelo é um exemplo de gínglimo. 3. As articulações selares permitem abdução e adução, além de flexão e extensão, movimentos que ocorrem ao redor de dois eixos perpendiculares; sendo assim, são articulações biaxiais que permitem movimento em dois planos, sagital e frontal. Também é possível fazer esses movimentos em uma sequência circular (circundução). As faces articulares opostas têm o formato semelhante a uma sela (isto é, são reciprocamente côncavas e convexas). A articulação carpometacarpal na base do polegar (1º dedo) é uma articulação selar. 4. As articulações elipsóideas permitem flexão e extensão, além de abdução e adução; sendo assim, também são biaxiais. No entanto, o movimento em um plano (sagital) geralmente é maior (mais livre) do que no outro. Também é possível realizar circundução, mais restrita do que nas articulações selares. As articulações metacarpofalângicas são elipsóideas. 5. As articulações esferóideas permitem movimento em vários eixos e planos: flexão e extensão, abdução e adução, rotação medial e lateral, e circundução; sendo assim, são articulações multiaxiais. Nessas articulações altamente móveis, a superfície esferóidea de um osso move-se na cavidade de outro. A articulação do quadril é uma articulação esferóidea na qual a cabeça do fêmur, que é esférica, gira na cavidade formada pelo acetábulo do quadril. 6. As articulações trocóideas permitem rotação em torno de um eixo central; são, portanto, uniaxiais. Nessas articulações, um processo arredondado de osso gira dentro de uma bainha ou anel. Um exemplo é a articulação atlantoaxial mediana, na qual o atlas (vértebra C I) gira ao redor de um processo digitiforme, o dente do áxis (vértebra C II), durante a rotação da cabeça. VASCULATURA E INERVAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES As articulações são irrigadas por artérias articulares originadas nos vasos ao redor da articulação. Com frequência, há anastomose (comunicação) das artérias para formar redes (anastomoses arteriais periarticulares) e assegurar a irrigação sanguínea da articulação e através dela nas várias posições assumidas. As articulações têm rica inervação propiciada por nervos articulares com terminações nervosas sensitivas na cápsula articular. Nas partes distais dos membros (mãos e pés), os nervos articulares são ramos dos nervos cutâneos que suprem a pele sobrejacente. No entanto, a maioria dos nervos articulares consiste em ramos de nervos que suprem os músculos que cruzam e, portanto, movem a articulação. ARTICULAÇÕES DA PAREDE TORÁCICA Embora os movimentos das articulações da parede torácica sejam frequentes — por exemplo, associados à respiração normal — a amplitude de movimento de cada articulação isoladamente é relativamente pequena. Todavia, todo distúrbio que diminui a mobilidade dessas articulações interfere na respiração. A costela típica forma duas articulações posteriores com a coluna vertebral, as articulações das cabeças das costelas e as articulações costotransversárias. Articulações das cabeças das costelas. A cabeça da costela articula-se com a fóvea costal superior da vértebra correspondente (de mesmo número), a fóvea costal inferior da vértebra superior a ela e o disco IV adjacente que une as duas vértebras. A união das cabeças das costelas aos corpos vertebrais é tão firme que permite apenas leves movimentos de deslizamento nas (hemi)fóveas (girando ao redor do ligamento intra-articular) das articulações das cabeças das costelas; entretanto, até mesmo um pequeno movimento promove excursão relativamente grande da extremidade distal (esternal ou anterior) de uma costela. Articulações costotransversárias. Os abundantes ligamentos laterais às partes posteriores (arcos vertebrais) das vértebras reforçam e limitam os movimentos dessas articulações, que têm apenas cápsulas articulares finas. Um ligamento costotransversário, que segue do colo da costela até o processo transverso, e um ligamento costotransversário lateral, que segue do tubérculo da costela até a extremidade do processo transverso, fortalecem as faces anterior e posterior da articulação, respectivamente. Um ligamento costotransversário superior é uma faixa larga que une a crista do colo da costela ao processo transverso superior a ela. A abertura entre esse ligamento e a vértebra permite a passagem do nervo espinal e do ramo posterior da artéria intercostal. Oligamento costotransversário superior pode ser dividido em uma parte costotransversária anterior forte e uma parte costotransversária posterior fraca. ARTICULAÇÕES E LIGAMENTOS DO CÍNGULO DO MEMBRO INFERIOR As principais articulações do cíngulo do membro inferior são as articulações sacroilíacas e a sínfise púbica. As articulações sacroilíacas unem o esqueleto axial (o esqueleto do tronco, formado pela coluna vertebral nesse nível) e o esqueleto apendicular inferior (esqueleto do membro inferior). As articulações sacroilíacas são compostas, fortes, que sustentam peso, formadas por uma articulação sinovial anterior (entre as faces auriculares do sacro e do ílio, cobertas por cartilagem articular) e uma sindesmose posterior (entre as tuberosidades desses ossos). As faces auriculares dessa articulação sinovial têm elevações e depressões irregulares mas congruentes que se encaixam. As articulações sacroilíacas diferem da maioria das articulações sinoviais porque a mobilidade é limitada, uma consequência de seu papel na transmissão de peso da maior parte do corpo para os ossos do quadril. Os delgados ligamentos sacroilíacos anteriores são apenas a porção anterior da cápsula fibrosa da parte sinovial da articulação. Os amplos ligamentos sacroilíacos interósseos (que estão situados profundamente entre as tuberosidades do sacro e ílio e ocupam uma área de aproximadamente 10 cm2) são as principais estruturas associadas à transferência de peso da parte superior do corpo do esqueleto axial para os dois ílios do esqueleto apendicular. Os ligamentos sacroilíacos posteriores são a continuação externa posterior da mesma massa de tecido fibroso. ARTICULAÇÕES LOMBOSSACRAIS As vértebras LV e SI articulam-se na sínfise intervertebral anterior formada pelo disco L V/S I entre seus corpos e nas duas articulações dos processos articulares posteriores entre os processos articulares dessas vértebras. ARTICULAÇÃO SACROCOCCÍGEA A articulação sacrococcígea é uma articulação cartilagínea secundária com um disco intervertebral. A fibrocartilagem e os ligamentos unem o ápice do sacro à base do cóccix. Os ligamentos sacrococcígeos anterior e posterior são longos filamentos que reforçam a articulação. ARTICULAÇÕES DOS CORPOS VERTEBRAIS As articulações dos corpos vertebrais são sínfises (articulações cartilagíneas secundárias) destinadas a sustentação de peso e resistência. As faces articulares das vértebras adjacentes são unidas por discos intervertebrais e ligamentos. O anel fibroso é um anel saliente que consiste em lamelas concêntricas de fibrocartilagem que formam a circunferência do disco intervertebral. O núcleo pulposo é o núcleo central do disco intervertebral. Ao nascimento, esses núcleos pulposos consistem em aproximadamente 88% de água e no início são mais cartilaginosos do que fibrosos. Sua natureza semilíquida é responsável por grande parte da flexibilidade e resiliência do disco intervertebral e da coluna vertebral como um todo. O ligamento longitudinal anterior é uma faixa fibrosa forte e larga que cobre e une as faces anterolaterais dos corpos vertebrais e discos intervertebrais. O ligamento longitudinal posterior é uma faixa muito mais estreita, um pouco mais fraca, do que o ligamento longitudinal anterior. ARTICULAÇÕES DOS ARCOS VERTEBRAIS As articulações dos arcos vertebrais são as articulações dos processos articulares ou zigapofisárias (articulações facetárias). Estas são articulações sinoviais planas entre os processos articulares superiores e inferiores de vértebras adjacentes. Cada articulação é circundada por uma cápsula articular fina. LIGAMENTOS ACESSÓRIOS DAS ARTICULAÇÕES INTERVERTEBRAIS As lâminas de arcos vertebrais adjacentes são unidas por faixas largas e amarelo-claras de tecido elástico, denominadasligamentos amarelos. Esses ligamentos estendem-se quase verticalmente entre a lâmina superior e a lâmina inferior, e os ligamentos de lados opostos encontram-se e fundem-se na linha mediana. ARTICULAÇÕES CRANIOVERTEBRAIS Existem dois grupos de articulações craniovertebrais, as articulações atlantoccipitais, formadas entre o atlas (vértebra C I) e o occipital no crânio, e as articulações atlantoaxiais, entre o atlas e o áxis (vértebra C II). A palavra grega atlanto refere-se ao atlas (vértebra C I). As articulações craniovertebrais são articulações sinoviais que não têm discos intervertebrais. Articulações atlantoccipitais. As articulações situam- se entre as faces articulares superiores das massas laterais do atlas e os côndilos occipitais. Essas articulações permitem acenar com a cabeça, como na flexão e extensão da cabeça indicativa de aprovação. ARTICULAÇÕES DO MEMBRO INFERIOR ARTICULAÇÃO DO QUADRIL A articulação do quadril é a articulação mais forte e mais estável. Essa estabilidade resulta da força mecânica de sua arquitetura em esfera e cavidade (profunda), que permite extenso contato da face articular; da sua forte cápsula articular; e dos seus muitos músculos adjacentes. Os principais movimentos são flexão e extensão, possíveis em uma grande amplitude; rotação medial e lateral com abdução fazem parte de cada passo da marcha bípede normal. ARTICULAÇÃO DO JOELHO O joelho é uma articulação do tipo gínglimo com uma grande amplitude de movimento (basicamente flexão e extensão, sendo a rotação permitida com a flexão progressiva). É a articulação mais vulnerável em razão das faces articulares incongruentes e da desvantagem mecânica acarretada pela sustentação de peso mais impulso ao mesmo tempo que serve como fulcro entre duas longas alavancas. ARTICULAÇÕES TIBIOFIBULARES As articulações tibiofibulares incluem uma articulação sinovial proximal, uma membrana interóssea e uma sindesmose tibiofibular distal, que consiste nos ligamentos tibiofibulares anterior, interósseo e posterior. Juntas, essas articulações constituem um sistema compensatório que permite um pequeno movimento superior da fíbula em razão da expansão transversal forçada do encaixe maleolar durante a dorsiflexão máxima do tornozelo. Todas as conexões tibiofibulares fibrosas descem da tíbia para a fíbula, permitindo esse pequeno movimento para cima enquanto resistem fortemente à tração descendente aplicada à fíbula pela contração de oito dos nove músculos fixados a ela. ARTICULAÇÃO TALOCRURAL A articulação talocrural é composta de um encaixe superior, formado pela face inferior com sustentação de peso da tíbia e os dois maléolos, que recebem a tróclea do tálus. A articulação é mantida medialmente por um ligamento medial forte (deltóideo) e um ligamento lateral, muito mais fraco. ARTICULAÇÕES DO PÉ Do ponto de vista funcional, o pé tem três articulações compostas; a articulação talocalcânea clínica, entre o tálus e o calcâneo, onde ocorrem inversão e eversão em torno de um eixo oblíquo; a articulação transversa do tarso, onde o mediopé e o antepé giram como uma unidade sobre o retropé ao redor de um eixo longitudinal, aumentando a inversão e a eversão; e as demais articulações do pé, que permitem que o pé forme os arcos longitudinal e transversos dinâmicos. ARTICULAÇÕES DO MEMBRO SUPERIOR O movimento do cíngulo do membro superior inclui as articulações esternoclavicular, acromioclavicular e do ombro, que geralmente se movimentam ao mesmo tempo. Distúrbios funcionais em qualquer uma das articulações comprometem os movimentos do cíngulo do membro superior. ARTICULAÇÃO ESTERNOCLAVICULAR A articulação esternoclavicular (EC) é sinovial selar, mas funciona como esferóidea. A articulação EC é dividida em dois compartimentos por um disco articular. O disco está firmemente fixado aos ligamentos esternoclaviculares anterior e posterior, espessamentos da membrana fibrosa dacápsula articular, e também ao ligamento interclavicular. A extremidade esternal da clavícula articula-se com o manúbrio e a 1ª cartilagem costal. As faces articulares são cobertas por fibrocartilagem. A articulação EC é suprida pelas artérias torácica interna e supraescapular. ARTICULAÇÃO ACROMIOCLAVICULAR A articulação acromioclavicular (articulação AC) é sinovial plana, localizada 2 a 3 cm distante da “ponta” do ombro formada pela parte lateral do acrômio. A extremidade acromial da clavícula articula-se com o acrômio da escápula. As faces articulares, cobertas por fibrocartilagem, são separadas por um disco articular cuneiforme incompleto. LIGAMENTOS DA ARTICULAÇÃO ACROMIOCLAVICULAR O ligamento acromioclavicular é uma faixa fibrosa que se estende do acrômio até a clavícula e fortalece a articulação AC superiormente. No entanto, a integridade da articulação é mantida por ligamentos extrínsecos, distantes da articulação propriamente dita. O ligamento coracoclavicular consiste em um forte par de faixas que unem o processo coracoide da escápula à clavícula, fixando a clavícula ao processo coracoide. O ligamento coracoclavicular é constituído de dois ligamentos, conoide e trapezoide, que não raro são separados por uma bolsa. O ligamento conoide vertical é um triângulo invertido (cone), cujo ápice situa-se inferiormente, onde está fixado à raiz do processo coracoide. A fixação larga (base do triângulo) situa-se no tubérculo conoide na face inferior da clavícula. O ligamento trapezoide, quase horizontal, está fixado à face superior do processo coracoide e estende-se lateralmente até a linha trapezoide na face inferior da clavícula. Além de aumentar a articulação AC, o ligamento coracoclavicular é o meio pelo qual a escápula e o membro livre são (passivamente) suspensos pelo suporte clavicular. ARTICULAÇÃO DO OMBRO A articulação do ombro é sinovial do tipo esferóidea que permite grande amplitude de movimento; sua mobilidade, porém, torna-a relativamente instável. ARTICULAÇÃO DO COTOVELO A articulação do cotovelo, uma articulação sinovial do tipo gínglimo, está situada 2 a 3 cm inferior aos epicôndilos do úmero. ARTICULAÇÃO RADIULNAR PROXIMAL A articulação radiulnar proximal (superior) é sinovial, trocóidea e permite movimento da cabeça do rádio sobre a ulna. ARTICULAÇÃO RADIULNAR DISTAL A articulação radiulnar distal (inferior) é sinovial e trocóidea. O rádio move-se ao redor da extremidade distal relativamente fixa da ulna. ARTICULAÇÃO RADIOCARPAL A articulação radiocarpal (punho) é um tipo elipsóideo de articulação sinovial. A posição aproximada da articulação é indicada por uma linha que une os processos estiloides do rádio e da ulna, ou pela prega proximal do punho. O punho (carpo), o segmento proximal da mão, é um complexo de oito ossos carpais, que se articulam na região proximal com o antebraço através da articulação radiocarpal e na região distal com os cinco ossos metacarpais.
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