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Treinamento Muscular Respiratório

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Treinamento Muscular Respiratório 
 A adequada manutenção da ventilação pulmonar, exercida pelos músculos do sistema respiratório, é 
fundamental para a preservação da vida humana. Os músculos respiratórios, assim como todos os músculos 
esqueléticos, podem melhorar a sua função com o treinamento muscular. Por outro lado, diferentemente da 
maioria dos músculos corporais, os respiratórios devem contrair-se, repetidamente, cerca de 12 a 20 vezes por 
minuto, durante todos os dias da vida do ser humano. Isso significa que esses músculos não têm a oportunidade 
de repousar, podendo, portanto, tornarem-se fadigados ou enfraquecidos no caso de sobrecarga do sistema 
respiratório. 
Diferentes situações patológicas 
podem acarretar disfunção dos músculos 
respiratórios, o que contribui para 
intolerância ao exercício, para a dispneia, 
e para a própria insuficiência respiratória. 
No caso de pacientes sob ventilação 
mecânica prolongada, o prejuízo na 
função muscular respiratória dificulta a 
retirada definitiva do suporte ventilatório, 
além de prolongar o tempo de hospitalização. 
No caso de redução na eficiência dos músculos respiratórios, a hiperinsuflação pulmonar e o tórax 
instável estão entre os maiores responsáveis. Assim, isoladamente ou associados, ao longo do tempo, esses 
três fatores aumentam a carga sobre o fole ventilatório e podem acarretar fadiga ou fraqueza musculares. 
Entende-se por fadiga muscular a perda da capacidade de gerar força, situação reversível com o 
repouso. Por outro lado, define-se fraqueza muscular, resultante da doença aguda ou crônica, a capacidade 
reduzida de gerar força frente à sobrecarga respiratória normal ou aumentada, associada à patologia 
respiratória. É fundamental observar que o repouso muscular é um componente importante para a 
diferenciação entre fadiga e fraqueza musculares. 
Outro conceito é aquele da endurance muscular, que consiste na capacidade de manutenção de 
atividade de contração muscular ao longo do tempo, e relaciona-se à resistência de um músculo ou grupo 
muscular com o desenvolvimento da fadiga. Embora a força dos músculos respiratórios e a endurance pareçam 
estar intimamente ligadas, em muitas situações a capacidade ventilatória ou as pressões respiratórias máximas 
não predizem a endurance. Além disso, esta pode mudar com o treinamento muscular, com uso de 
medicamentos e com o desuso. 
Em pacientes com fraqueza muscular crônica decorrente de doenças pulmonares e neuromusculares, o 
treinamento muscular tem papel mais esclarecido, pois é por meio dele que são observadas melhoras 
funcionais e fisiológicas nos mesmos, como: uma maior tolerância ao exercício, a redução da hipercapnia e 
da dispneia, a melhora na qualidade do sono e de vida dos indivíduos acometidos por esses males. 
Apesar dos avanços no campo das pesquisas acerca do treinamento muscular respiratório no tratamento 
de pacientes sob ventilação mecânica prolongada, ainda são insuficientes os estudos do qualidade 
metodológica satisfatória para a definição do grau de evidência e recomendação dessa intervenção. O aumento 
da força muscular e do volume corrente em pacientes com desmame difícil são desfechos fisiológicos 
reportados nas pesquisas, entretanto, alguns desfechos clínicos, como a redução do tempo de ventilação 
mecânica, permanecem obscuros. 
Breve revisão do sistema respiratório 
O sistema respiratório tem como principal função atender à demanda de oxigênio (02) corporal, além 
de extrair o gás carbônico (C02), produto do metabolismo celular. Dentre muitos fatores, a troca gasosa está 
relacionada ao volume de ar deslocado no sistema respiratório. Esse volume é resultante das propriedades 
 
 
biomecânicas do fole ventilatório, ou seja, dos músculos respiratórios, do arcabouço torácico e do conteúdo 
abdominal, bem como das propriedades resistivas e elásticas do parênquima pulmonar. Portanto, a atividade 
muscular respiratória constitui apenas uma das partes do complexo funcionamento do sistema ventilatório. 
Os pulmões podem ser expandidos e contraídos de duas maneiras: a primeira pelo movimento do 
diafragma para baixo e para cima, alongando ou encurtando a cavidade torácica. A segunda ocorre pela 
elevação e depressão das costelas, aumentando e diminuindo o díâmetro anteroposterior da cavidade torácica. 
Os principais músculos inspiratórios são: o diafragma, os intercostais externos e os músculos 
acessórios, ou seja, os peitorais, os esternocleidomastóideos, os escalenos, entre outros. 
O diafragma é responsável por 70% da capacidade vital do indivíduo. É constituído por fibras 
musculares que estão assim distribuídas: 
• 50% de fibras do tipo I; 
• 20% de fibras do tipo IIA; 
• 30% de fibras do tipo IIB. 
Essa constituição deve-se principalmente à necessidade de contração contínua do diafragma durante 
as 24 horas do dia, de modo a manter a ventilação pulmonar, vencendo os componentes elásticos e resistivos 
do sistema respiratório. Vale ressaltar que uma das possíveis consequências da imobilidade diafragmática 
seria a transformação da fibra muscular do tipo I, de contração lenta, em fibra do tipo II, cuja contração é 
rápida. 
Já os músculos mais importantes da expiração (forçada) são os da parede abdominal, incluindo: o reto 
do abdome, os oblíquos interno e externo e o transverso do abdome. Quando esses músculos se contraem, a 
pressão intra-abdominal se eleva e o diafragma é empurrado para cima. Os músculos intercostais internos 
auxiliam a expiração ativa, tracionando as costelas para baixo e para dentro, fazendo movimentos opostos à 
ação dos intercostais externos, diminuindo, assim, o volume torácico. Além disso, eles enrijecem os espaços 
intercostais a fim de impedir que estes tornem-se salientes durante o esforço abdominal. 
 
Avaliação geral 
SINAIS E SINTOMAS DA FRAQUEZA MUSCULAR RESPIRATÓRIA 
Os sintomas de disfunção da musculatura respiratória são inespecíficos, sendo que os principais deles 
são a dispneia e a intolerância ao exercício. Dentre os sinais, destacam-se, a tiragem dos músculos intercostais 
e acessórios da inspiração, a cianose, que indica hipoxemia grave, e, em casos mais graves, o rebaixamento 
do nível de consciência e o coma. Também pode produzir alterações no padrão ventilatório toracoabdominal, 
que se caracteriza por desacoplamento entre os movimentos da caixa torácica e do abdome. 
Durante a inspiração paradoxal, observa-se a diminuição do diâmetro laterolateral do tórax inferior. 
Ou seja, a retração do terço inferior do tórax ao invés da expansão, como seria normalmente esperado. Esse 
fenômeno também é conhecido como sinal de Hoover, sendo mais facilmente observado em pacientes 
portadores de hiperinsuflação pulmonar grave, cujo diafragma se mantém retificado e abaixado. 
Vários fatores podem causar o aumento do trabalho respiratório e a fadiga muscular, com a 
consequente diminuição dos movimentos da caixa torácica, da expansão pulmonar e da capacidade pulmonar 
total. 
ASPECTOS METABÓLICOS E NUTRICIONAIS 
 A nutrição adequada desempenha papel fundamental na manutenção da saúde e na recuperação das 
enfermidades. A desnutrição pode ser causada pela ingestão insuficiente ou inadequada de nutrientes, bem 
como por alterações no processo digestivo, na absorção ou no metabolismo dos componentes nutricionais. 
Em pacientes desnutridos, ocorre a perda, preferencialmente, de massa muscular constituída por fibras 
do tipo II, de resposta rápida. Porém, a função de contração muscular torna-se mais prejudicada nas fibras do 
tipo I, de resistência lenta, como por exemplo no músculo diafragma Essa perda de função é potencializada 
por condições de anaerobiose. Portanto, pacientes que se mantêm em regime hipóxico como na DPOC, na 
sepse e em estado de choque estão sujeitos a maior perda de função muscular, o que favorece a insuficiência 
respiratória e necessidade de ventilação mecânica prolongada. 
 
 
A desnutrição pode causartambém a deficiência de eletrólitos, ocasionando uma piora na função 
muscular respiratória. A hipofosfatemia pode, por exemplo, reduzir a função contrátil diafragmática. A 
hipocalcemia, a hipomagnesia e a hipopotassemia também podem comprometer a função muscular 
respiratória. 
EFEITOS DA DESNUTRIÇÃO NA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA 
 O estado nutricional e a função respiratória estão extremamente interligados. A desnutrição afeta a 
função respiratória em virtude da perda de massa muscular e de alterações estruturais do parênquima 
pulmonar, causadas por modificações do drive ventilatório e dos mecanismos imunológicos de defesa do 
pulmão. 
 O controle e a regulagem do centro respiratório são 
extremamente sensíveis às variações no estado nutricional. 
O jejum prolongado e a consequente queda na taxa 
metabólica diminuem a resposta à hipóxia, que é 
plenamente reversível quando se institui um suporte 
nutricional adequado. De forma semelhante, o nível 
proteico influencia na resposta a hipercapnia. 
 A desnutrição pode comprometer a resposta 
imunológica dos pulmões à infecção. Pacientes 
consumidos por carência alimentar têm menor capacidade 
para suspirar, tossir, expectorar e produzir surfactantes, 
comprometendo o clearence mucociliar. 
 Em pacientes desnutridos e com perda de massa 
muscular, há diminuição da capacidade vital (CV), da ventilação voluntária máxima (VVM) e da força 
muscular respiratória. Portanto, antes de iniciar o treinamento muscular é imprescindível considerar o estado 
nutricional do paciente. 
 
Avaliação Específica 
 Os músculos têm apenas duas funções: a de gerar força, expandindo-se, e então a de encurtar-se, ou 
recolher-se. No sistema respiratório, a medida de força é estimada por meio do uso de pressão, e o 
encurtamento muscular por meio de alterações de volume ou deslocamento das estruturas da caixa torácica. 
Portanto, a caracterização quantitativa dos músculos respiratórios tem sido realizadas a partir de medidas de 
pressão, volume e deslocamentos. 
 Convencionalmente, as duas medidas mais frequentes são as pressões respiratórias máximas e de 
capacidade vital. A força diafragmática pode, especificamente, ser estimada por mensurações da pressão 
transdiafragmática, que é a diferença entre as pressões abdominal e pleural. Na prática, equivale à diferença 
entre a pressão gástrica e a pressão esofágica. Entretanto, essa medida é invasiva, pois requer a passagem de 
um balão gástrico e esofágico. Sendo assim, a pressão transdiafragmática tem sido utilizada apenas nas 
investigações clínicas. 
PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS 
 As pressões inspiratórias e expiratórias máximas (PImáx e PEmáx) são uma estimativa da força 
produzida por todos os músculos 
inspiratórios e expiratórios, 
respectivamente. Para realizar essa 
medição, utiliza-se um 
manovacuômetro, disponível no 
mercado de forma digital ou analógica. 
Nesse aparelho, conecta-se um tubo cujo 
comprimento varia de 6,5 a 25cm e o 
diâmetro de 0,5 a 1,5 cm. Na 
 
 
extremidade desse tubo acopla-se uma peça bucal, que pode ser substituída por uma válvula unidirecional de 
três vias, no caso de pacientes intubados, traqueostomizados e/ou pouco colaborativos. Alguns estudos 
sugerem que nesse sistema de mensuração haja um pequeno orifício, ou fuga, de 2mm de diâmetro, para 
dissipar as pressões geradas pela musculatura da face e da orofaringe. 
 
 Devido às relações de tensão-comprimento dos músculos esqueléticos, as pressões inspiratória e 
expiratória variam a partir do volume pulmonar. Dessa forma, e uma vez que a posição do diafragma em 
repouso ou suas alterações patológicas sejam impossíveis de serem determinadas, exceto com a utilização de 
aparelhos sofisticados, clinicamente adota-se os conceitos de volume e capacidade pulmonares na 
padronização da técnica para mensuração das pressões. 
 A PImáx é a medida de pressão negativa obtida por meio de esforço inspiratório a partir do volume 
residual, ou seja, o paciente é orientado a realizar uma expiração máxima seguida de uma inspiração máxima 
contra a via aérea ocluída. Nesse momento, o manômetro do equipamento registrará o valor de pressão 
inspiratória alcançado no ramo negativo da escala. 
 Caso o instrumento de medição utilize um tubo com extremidade distal ocluída, o paciente deverá 
expirar incialmente fora do circuito, e então, após a expiração completa, conectar-se ao bucal para a realização 
da inspiração forçada. Se a extremidade distal do tubo apresentar uma abertura que permita a respiração 
diretamente com o ar do meio-ambiente, toda a manobra respiratória deverá ser executada com o paciente 
conectado ao bucal. Porém, há necessidade de oclusão dessa abertura imediatamente após a expiração 
completa e antes da inspiração forçada para que se faça o registro da pressão negativa. 
 A PEmáx é a medição de pressão positiva gerada pela contração dos músculos expiratórios a patir da 
capacidade pulmonar total, ou seja, o paciente é orientado a realizar uma inspiração máxima seguida de uma 
expiração forçada contra a via aérea ocluída. Nesse caso, o manômetro do equipamento registrará o valor de 
pressão expiratória atingido no ramo positivo da escala. 
Assim como na Plmáx, no caso do tubo com extremidade distal com abertura, toda manobra 
respiratória para obtenção da PEmáx ocorrerá com o paciente respirando acoplado ao bucal. Porém, o 
fisioterapeuta deverá ocluir a abertura do tubo antes da expiração forçada para registro da pressão positiva. 
Caso não haja abertura do tubo, a inspiração máxima que precede a expiração forçada deve ser realizada fora 
do sistema. 
 
Recomendações 
Recomenda-se a utilização de um clipe nasal para a mensuração das pressões, evitando o escape de ar 
pelo nariz, no caso de pacientes em respiração espontânea. Aconselha-se que as medições sejam realizadas 
com o paciente na posição sentada, porém, essa posição pode ser inviável ou contraindicada para pacientes 
em estado crítico, como, por exemplo, com fraturas de quadril. Nesse caso, a medição é tolerada em decúbito 
inferior. 
Como o procedimento é cansativo, normalmente concede-se ao paciente um período de descanso entre 
as medições, que varia de 30 segundos a 1 minuto. As diretrizes para testes de função pulmonar da Sociedade 
Brasileira de Pneumologia, orientam um número máximo de cinco manobras para cada pressão, sendo 3 
manobras aceitáveis (desde que não ocorram vazamentos), pelo menor duas reprodutíveis (a diferença entre 
os valores não pode ultrapassar 10% entre as mensurações) e, então, o maior valor deve ser considerado. 
 
 
Valores de normalidade 
 
 
 
 
Capacidade vital 
 A alteração dos volumes pulmonares mais frequente em pacientes com fraqueza muscular é a queda 
da capacidade vital (CV), que é limitada pelos músculos inspiratórios, que dificultam a insuflação completa, 
e pelos músculos expiratórios, que inibem a pela expiração. 
 Além da redução da força, a perda da complacência pulmonar também resulta em queda da CV. Na 
fraqueza muscular mais grave, a capacidade pulmonar total e a CV estão mais relacionadas à complacência 
do pulmão do que à capacidade de geração de força. Assim, pode-se dizer que a CV reflete a fraqueza dos 
músculos respiratórios e a carga mecânica estática dos pulmões. 
 A vantagem da CV como índice de força muscular 
respiratória é a facilidade em sua mensuração, que consiste na 
verificação do volume expirado após uma inspiração máxima, até 
que o volume residual seja alcançado. Assim, a CV representa a 
soma dos volumes de ar corrente e das reserva inspiratória e 
expiratória. Essa medição pode ser realizada com aparelhos de 
espirometria, um laboratório de função pulmonar, ou com um 
ventilômetro de Wright. 
 Entretanto, a CV é considerada uma medição não especifica, 
pois o resultado pode mostrar-se ineficiente devido a presença de doença pulmonar obstrutiva, restritiva, assim 
como por fatores extrapulmonares(obesidade, ascite) ou intraparenquimatosos. Na fraqueza muscular leve, a 
CV é menos sensível do que as pressões respiratórias máximas, entretanto, a queda de ambos revela uma perda 
funcional mais acentuada. 
 
Índice Pressão-Tempo 
 A endurance tem sido definida como a capacidade de sustentar um nível de ventilação minuto ou um 
determinado valor de pressão inspiratória, ou expiratória, ao longo do tempo. Assim, a partir do ponto de vista 
da energia muscular necessária para o trabalho muscular, recomenda-se que a tensão desenvolvida sobre o 
tempo, isto é, o índice pressão-tempo (IPT) seja utilizado como medida de endurance. 
 Na padronização para o teste de função muscular, de acordo com a American Thoracic Society e a 
European Respiratory Society, o índice pressão-tempo do diafragma (IPTdi) é definido como: 
 Pdi = pressão transdiafragmática 
 Pdi máx = pressão transdiafragmática máxima 
 Ti = tempo inspiratório 
 Ttot = tempo total do ciclo respiratório 
 
 Indivíduos normais sustentam um IPTdi de até aproximadamente 0,18 cmH2O/m-1, enquanto o VC 
permanece aproximadamente em 0,75L. Porém, para a obtenção dessa medida, faz-se necessária a 
monitorização com o cateter de pressão esofágica. Isso, contudo, dificulta a medição na prática clínica à beira 
do leito. Assim, na padronização das sociedades americana e europeia, é possível substituir a Pdi e a Pdi máx 
pela pressão inspiratória (PI) e a PImáx, respectivamente, obtendo-se a avaliação global dos músculos 
 
 
inspiratórios, e não exclusivamente do diafragma. Nesse caso, considerando-se a caixa torácica e os músculos 
inspiratórios, o IPT global normal é de até 0,3 cmH2O/ m-1. 
 
Eletromiografia 
 A contração dos músculos respiratórios depende de sua ativação elétrica. Estimulando tanto pelo imput 
voluntário como pelo involuntário, o impulso elétrico originário nos neurônios respiratórios do tronco cerebral 
é conduzido por meio dos nervos motores, transmitido via junções neuromusculares e propagado ao longo da 
membrana musculares e propagado ao longo da membrana muscular. A falha em qualquer um desses sítios 
pode resultar em falta de coordenação e reversibilidade, ou irreversibilidade, e em fraqueza muscular. 
 Os testes eletrofisiológicos avaliam a integridade desse sistema neuromotor, sendo que a 
eletromiografia (EMG) é um dos principais. Para a avaliação da disfunção dos músculos respiratórios, a EMG 
pode ser empregada no sentido de detectar e diagnosticar a doença neuromuscular. Quando esse processo 
estiver associado aos testes de função mecânica, poderá contribuir ainda na investigação da efetividade da 
contração muscular. A EMG pode ser registrada a partir de eletrodos dispostos na superfície corporal, sobre a 
região de interesse, ou seja, no músculo diafragma, intercostais, escalenos, abdominais, entre outros, ou por 
meio de um eletrodo esofágico. 
 
Dispositivos e recursos para o treinamento 
 A escolha do tipo de treinamento muscular, bem como do dispositivo a ser utilizado, está diretamente 
relacionada a fatores que podem fazer diferença no sucesso do procedimento. Dentre esses fatores estão: 
 A habilidade e o conhecimento do fisioterapeuta a respeito do método de escolha; 
 As condições do paciente, considerando-se a estabilidade hemodinâmica e/ou da doença de base; 
 O estado nutricional do paciente; 
 O nível de consciência, entre outros. 
TRATAMENTO DE ENDURANCE 
Sensibilidade do ventilador mecânico 
 A ventilação mecânica tem por objetivo a manutenção da função respiratória quando esta se mostrar 
comprometida, seja pela presença de doença ou realização de um procedimento cirúrgico. Porém, em algumas 
situações, esse período se prolonga, o que pode gerar déficit da musculatura, levando à fraqueza ou fadiga 
muscular, e impedindo que o paciente assuma novamente suas funções. Nos casos de fraqueza, indica-se no 
início o treinamento muscular. 
 Atualmente, tem-se utilizado a sensibilidade do ventilador mecânico, ou seja, do dispositivo de 
pressão, como um dos recursos de treinamento para pacientes com uma PImáx menor que -20cmH2O. 
 Essa técnica visa oferecer sobrecarga inspiratória ao esforço do paciente para disparar o ventilador, 
gerando assim aumento do trabalho muscular. Para eleger a carga de trabalho a ser ajustada para o treinamento, 
deve-se considerar o valor de 30 a 40% da PImáx no início do treinamento. O tempo em que o paciente 
permanecerá com alteração da sensibilidade será aumentado gradativamente. O processo, que deve ocorrer 2 
vezes ao dia, deve ser iniciado com período de 5 minutos até atingir no máximo 30 minutos. 
 O treinamento utilizando a sensibilidade do ventilador será interrompido quando a PImáx atingir 
valores superiores a 20cmH20, progredindo para o treinamento com nebulização intermitente, ou até o 
desmame da ventilação mecânica. 
Nebulização intermitente 
O treinamento muscular com nebulização intermitente preconiza a retirada gradual do paciente da 
ventilação mecânica, para que o mesmo possa assumir o trabalho ventilatório sem o suporte mecânico. 
Atualmente, é um dos métodos mais utilizados e aceitos na prática clínica, e está indicado para pacientes com 
nível cognitivo diminuído e para aqueles com Plmáx maior que -20 cmH2O (em módulo). 
Essa técnica de treinamento requer monitorização rigorosa dos sinais e sintomas para evitar a fadiga 
muscular. Não há descrição nos estudos da literatura ou padronização quanto ao protocolo de nebulização 
intermitente. O treinamento poderá iniciar com um período de 30 minutos ou inferior, ou ainda até o paciente 
 
 
apresentar sinais de esforço, como a sudorese, o aumento da frequência respiratória e a alteração do padrão 
ventilatório. Com base na monitorização dos sinais e sintomas do paciente, o profissional deverá readaptar o 
paciente à ventilação mecânica para repouso. 
O treinamento será realizado de duas a três vezes ao dia, até o paciente conseguir permanecer sem a 
ventilação mecânica por um período mínimo de 4 horas sem sinais de esforço. Nessas condições, o paciente 
poderá permanecer fora do sper ventilatório. 
 
TREINAMENTO DE FORÇA MUSCULAR INSPIRATÓRIA 
Carga pressórica linear 
 Trata-se de um recurso de treinamento com carga linear 
inspiratória, fluxo-dependente, que utiliza equipamentos com 
resistência de linha. Dos equipamentos disponíveis no 
mercado, o mais utilizado e difundido é o Threshold IMT. Esse 
equipamento é constituído por uma vaga câmara, cuja 
extremidade distal apresenta uma válvula selenoide mantida 
por uma mola interna. A compressão dessa mola dentro da 
câmara permite a graduação de pressão que varia de -7 a -41 
cmH2O. Essa válvula é mantida por uma pressão positiva que 
se abre quando a pressão negativa é gerada com o esforço 
inspiratório do paciente, permitindo a passagem do ar. A carga a ser adaptada para o treinamento varia de 30 
a 70% da PImáx. É aplicada em 3 a 5 séries, com 10 a 15 repetições, três vezes ao dia. 
 
 
Carga pressórica alinear 
 Para o treinamento com carga pressórica alinear o equipamento disponível é o Pflex, que é composto 
por uma válvula bidirecional que permite o ajuste de uma peça com orifícios de 
tamanho variável, responsável por gerar a carga de trabalho a ser imposta no 
treinamento. Portanto, a resistência à entrada de fluxo de ar está diretamente 
relacionada ao tamanho do orifício, e esse sistema é denominado de fluxo-
dependente. 
 No uso desse equipamento a carga a ser utilizada pode variar de 30 a 80% da 
PImáx. Nesse tipo de treinamento, pressupõe-se que quanto maior a carga, o 
paciente deverá desenvolver maior força, resultando em hipertrofia muscular. O 
tempo preconizado para o treinamento é de 15 a 30 minutos, duas vezes ao dia. 
 
 
Cinesioterapia 
 Atualmente o exercício físico é um dos principais recursos no processo de reabilitação que afetam o 
sistema respiratório. Essa reabilitação pode promover uma melhora na endurance,por meio dos exercícios 
aeróbicos, e/ou da força muscular, com uso de peso. 
 Essa técnica consiste na realização de exercícios físicos para incrementar o treinamento dos músculos 
respiratórios. Estudos têm demonstrado os benefícios dos exercícios físicos na performance dos músculos 
respiratórios de pacientes com DPOC, com doenças neuromusculares, idosos, atletas, dentre outros. 
 Geralmente, para o treinamento aeróbico, recomenda-se que o protocolo seja realizado de 3 a 5 vezes 
por semana, por um tempo que varia de 20 a 50 minutos. Deve ser realizado durante um período mínimo de 8 
semanas para que possa produzir a eficácia desejada. 
 Já o treinamento de força pode ser realizado de 2 a 3 vezes por semana, utilizando-se de 1 a 3 séries, 
com um número de 8 a 12 repetições para cada grupo muscular a ser treinado. A intensidade dos exercícios 
deve ser reajustada a cada 3 ou 4 semanas.

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