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CENTRO UNIVERSITÁRIO INGÁ CURSO DE BIOMEDICINA BIOQUÍMICA CLÍNICA ESTUDO DE CASO PROFESSORA DRA. SANDRA SAYURI NAKAMURA DE VASCONCELOS ACADÊMICA: ANA PAULA INOE TOMAZINI MARINGÁ - PR 2021 O Diabetes mellitus (DM) constitui um problema de saúde mundial sendo a hiperglicemia o terceiro fator, em importância, de mortalidade, superada apenas pelo tabagismo e hipertensão arterial, segundo a Organização Mundial da Saúde. O DM afeta 7,6% da população com idade entre 30 e 69 anos e 0,3% das gestantes. O DM engloba um grupo de alterações metabólicas que culminam em hiperglicemia persistente, em consequência de alterações na secreção e/ou na ação da insulina. Os sintomas da hiperglicemia incluem principalmente a poliúria/ polidipsia, polifagia, emagrecimento e visão nebulosa. Suas complicações podem levar a risco de morte devido a cetoacidose diabética e a síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica. Nos casos crônicos, a hiperglicemia pode levar a disfunção, lesões e até falência de órgãos, destacando-se rins, coração, nervos, olhos e vasos sanguíneos. O controle glicêmico adia o surgimento das complicações na microcirculação, sem reduzir a mortalidade por afecções cardiovasculares. Durante a instalação da doença, ocorrem distúrbios fisiopatológicos que se iniciam muitos anos antes do diagnóstico da doença. O pré-diabetes é uma condição na qual os valores de glicemia encontram-se entre os valores de referência e valores diagnósticos de DM. Ocorre resistência à insulina e caso não sejam tomadas medidas de combate aos fatores de risco, haverá a manifestação clínica da doença. Nos casos de pré-diabetes, ou diabetes, o diagnóstico é feito com exames laboratoriais, ou seja, nas alterações da glicemia de jejum ou após teste oral de tolerância à glicose (TOTG). A medida da hemoglobina glicada é empregada para diagnosticar o DM, pois não tem acurácia diagnóstica. Glicemia em jejum: a partir do sangue periférico após jejum calórico de no mínimo 8 horas; TOTG: determina-se a glicemia em jejum, previamente à ingestão de 75 g de glicose dissolvida em água; após 2 h coleta-se outra amostra. O teste possibilita avaliar a glicemia após a sobrecarga, que pode ser a única alteração inicial no DM, detecta a perda da secreção de insulina inicial; Hemoglobina glicada (HbA1c): reflete níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses, sofre menor variabilidade dia a dia e não requer jejum para sua determinação. É uma medida indireta da glicemia e sofre interferência de situações, como hemoglobinopatias, uremia e anemias. A etnia e a idade, também podem interferir no resultado da HbA1c. Para confirmar o diagnóstico de DM, os exames alterados devem ser confirmados em um dia subseqüente, com uma segunda amostra de sangue quando não houverem sintomas hiperglicemia. A confirmação não é necessária em um paciente com sintomas típicos de hiperglicemia (poliúria/ polidipsia, polifagia e emagrecimento)e com medida de níveis de glicose plasmática aleatória ≥ 200 mg/dL. A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) adota valores de normalidade e critérios diagnósticos para pré-diabetes e DM conforme Quadro 1. Quadro 1. Critérios para diagnóstico de normoglicemia, pré-diabetes e DM, adotados pela SBD. Glicose em jejum (mg/dl) Glicose 2 horas após sobrecarga de 75 g de glicose (g/dl) Glicose ao acaso (mg/dl) HbA1c (%) Observações Normoglicemia <100 <140 - <5,7 OMS usa valor de corte de 110 mg/dl para glicose em jejum normal Pré-diabetes ou risco aumentado para DM ≥ 100 e> 126 ≥ 140 e >200 - ≥5,7 4 < 6,5 Positividade de qualquer dos parâmetros confirma diagnóstico de pré-diabetes. DM estabelecido ≥126 ≥200 ≥ 200 com sintomas inequívocos de hiperglicemia ≥ 6,5 Positividade de qualquer dos parâmetros confirma diagnóstico de DM. Método de HbA1c deve ser o padronizado. Na ausência de sintomas de hiperglicemia, é necessário confirmar o diagnóstico pela repetição de testes Associação Americana de Diabetes propôs critérios diagnósticos fossem fundamentados na medida da glicose plasmática de jejum como método par o diagnóstico do DM, uma vez que o TOTG possui algumas desvantagens na sua realização e variabilidade . A Organização Mundial da Saúde definiu o diagnóstico de diabetes baseado na glicose plasmática de jejum 140mg/dl e/ou glicose plasmática 2h após sobrecarga oral de 75g de glicose 200mg/dl pois tais valores estão associados com a complicações microvasculares específicas do diabetes. Conforme informado, a paciente em questão apresenta glicemia de jejum de 150 mg/dl. Com base apenas neste parâmetro, a paciente poderia ser diagnosticada com DM1 segundo a orientação da SBD e ADA. Contudo, outras informações como a presença ou ausência de sintomas de hiperglicemia, valores de TOTG podem auxiliar na confirmação do diagnóstico. A repetição do exame no dia subsequente é indicada para confirmar o diagnóstico na ausência de sintomas. Bibliografia Consultada: American Diabetes Association. Gestational diabetes mellitus. Clinical Practice Recommendations 2001. Diabetes Care 2001;24(Suppl 1):S77-9. MALERBI, D, FRANCO L. Multicenter study of the prevalence of diabetes mellitus and impaired glucose tolerance in the urban Brazilian population aged 30-69 yr. Diabetes Care 1992;15:1509-16. SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020. Clannad, 2019. 419p. VASCONCELOS, S.S.N. Bioquímica Clínica. Maringá, 2021. World Health Organization. Diabetes mellitus: Report of a WHO study group Geneva: WHO, 1985 Technical Report Series 727
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