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SUMÁRIO 1. Medidas de saúde coletiva ..................................... 3 2. Indicadores de saúde .............................................11 3. O sistema único de saúde (sus) .........................21 4. Lei orgânica da saúde 8080/90 e princípios do sus ........................................................50 5. Lei orgânica da saúde 8142/90 e participação social ........................................................63 Referências bibliográficas ........................................67 3SAÚDE COLETIVA 1. MEDIDAS DE SAÚDE COLETIVA Transição demográfica A teoria da transição demográfica, proposta nas primeiras décadas do século XX, relaciona o crescimen- to populacional com o desenvolvi- mento sócio-econômico. Segundo essa teoria, com o desenvolvimento econômico e o processo de moderni- zação, as sociedades, que eram rurais e tinham altas taxas de natalidade e mortalidade, se tornariam urba- nas e teriam essas respectivas taxas diminuídas. Ainda segundo a teoria da transi- ção demográfica, essa mudança não aconteceria rapidamente, existindo um processo de transição, com um desequilíbrio demográfico e um des- compasso entre as taxas de mortali- dade e natalidade. Esse desequilíbrio é devido a uma redução precoce da primeira em relação à segunda, acar- retando em um ritmo acelerado de crescimento populacional. O equilí- brio seria retomado apenas em um momento posterior, com a redução da taxa de natalidade, provocando então uma redução no ritmo de crescimento populacional. Essa teoria se mostrou verdadeira, ainda que hoje tenha sido constata- do que a transição demográfica não ocorra da mesma maneira em todas as sociedades, pois múltiplos fatores podem influenciar nas taxas supraci- tadas, fazendo com que o equilíbrio demográfico seja alcançado em sé- culos ou em décadas apenas. A transição demográfica brasileira iniciou na segunda metade do sécu- lo XX, mais especificamente entre as décadas de 50 e 60, com o descenso da mortalidade combinado com a ma- nutenção de níveis elevados de nata- lidade e de fecundidade, resultando nas taxas de crescimento populacio- nal mais elevadas na história do país: 3,1 e 2,9% ao ano, respectivamente. Nesse momento, a pirâmide etária não sofreu muita transformação: a população permaneceu muito jovem, com idade média de 18 anos. 4SAÚDE COLETIVA A partir de 1970, o Brasil experimen- ta uma verdadeira revolução demo- gráfica com uma diminuição nos indi- cadores de natalidade e fecundidade (ainda que tenham se mantido muito altos). Os níveis de mortalidade con- tinuaram em queda e observou-se o início do processo de envelhecimen- to populacional: a idade mediana au- mentou para 19 anos e a proporção de idosos superou 5,0%. A pirâmide populacional de 1990 revelou grandes mudanças, com uma diminuição drástica nos indica- dores de natalidade, fecundidade e mortalidade. Nesse período, a estru- tura etária continuou seu processo de envelhecimento, conforme mostrou o Censo de 1991: a idade mediana aumentou para 22 anos e o índice de envelhecimento alcançou 20,9%, duas vezes maior do que o valor ob- servado em 1950. Em 2010, a idade mediana aumen- tou para 27 anos, apenas 1 em cada 4 habitantes tinham idade inferior a 15 anos e 10,8% tinham 60 anos ou mais de idade. O índice de envelhe- cimento aumentou para 44,8%: para cada 100 jovens, havia 45 idosos. PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA 1950 - 1960 Figura 1. Fonte: www.populationpyramid.net 5SAÚDE COLETIVA SAIBA MAIS! CENSO DEMOGRÁFICO O censo demográfico é a principal fonte de referência para o conhecimento das condições de vida da população em todos os municípios do país e em seus recortes territoriais internos, tendo como unidade de coleta a pessoa residente, na data de referência, em domicílio do Território Nacional. Ele tem como objetivo contar os habitantes do território nacional, identifi- car suas características e revelar como vivem os brasileiros, produzindo informações impres- cindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões de investimentos da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo. A periodicidade da pesquisa é decenal, excetuando-se os anos de 1910 e 1930, em que o levantamento foi suspenso, 1990, quando a operação foi adiada para 1991 e em 2020, que ele acaba de ser adiado para 2021 devido a pandemia de COVID-19. generalizados, entretanto as regiões Sul e Sudeste sempre estavam “um passo à frente” das demais regiões praticamente em uma década, con- forme pode-se perceber com a tabela abaixo. PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA 1990-2010 Figura 2. Fonte: www.populationpyramid.net Ainda que na década de 70 todas as regiões brasileiras se encontras- sem em processo de transição, essa transição não foi uniforme. A queda dos níveis de mortalidade (especial- mente infantil) e o consequente au- mento da esperança de vida eram 6SAÚDE COLETIVA Indicadores de estrutura etária, fecundidade e mortalidade nas grandes regiões. Brasil, 1970 a 2010. Fonte: VAS- CONCELOS, Ana Maria Nogales; GOMES, Marília Miranda Forte. Transição demográfica: a experiência brasileira. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 21, n. 4, p. 539-548, 2012. 7SAÚDE COLETIVA Analisando então as pirâmides etá- rias de 1950 até 2010, podemos perceber que o Brasil teve seu per- fil demográfico totalmente trans- formado: de uma sociedade majo- ritariamente rural e tradicional, com famílias numerosas e risco de morte na infância elevado, à uma sociedade predominantemente urbana, com ar- ranjos familiares diversos e com risco de morte na infância reduzido. As mudanças continuam acontecen- do e, certamente, no Censo de 2021, teremos a confirmação da projeção do IBGE, com uma pirâmide com a base mais estreita do que as demais e a expectativa de vida crescente. Transição epidemiológica As mudanças que ocorrem em uma sociedade normalmente ocorrem em conjunto, ou seja, não se muda as ca- racterísticas econômicas de uma po- pulação sem mudar o seu modo de pensar e de se organizar. Por isso, a transição demográfica, ex- plicada acima, geralmente está asso- ciada a uma transição epidemiológica, ou seja, existem também nessa so- ciedade modificações nos padrões de morbidade, invalidez e morte. Wood & Carvalho, em 1988, escre- veram que “os modos de produção econômica e de reprodução humana interagem para determinar a estru- tura econômica e demográfica (fer- tilidade, mortalidade e migração) de uma população. Além disso, fatores ambientais e sócio-culturais devem ser considerados, não sendo possível, portanto, separar o nível de mortali- dade de sua estrutura e de sua rela- ção com fatores históricos, sócio-eco- nômicos, demográficos e ambientais”. Nos últimos 60 anos, a população brasileira tem experimentado a tran- sição epidemiológica, onde ela está saindo de um perfil de alta mortalida- de por doenças infecciosas para um outro onde predominam os óbitos por doenças cardiovasculares, neopla- sias, causas externas e outras doen- ças crônico-degenerativas. No Brasil, a taxa geral de mortalida- de decresceu de 18/1000, em 1940, PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA 2020 Figura 3. Fonte: www.ibge.gov.br 8SAÚDE COLETIVA para uma taxa de 6/1000 em 2015, segundo o IBGE. Já a expectativa de vida ao nascer, que era de apenas 45,5 anos em 1940, subiu para 76 anos em 2017. TAXA BRUTA DE MORTALIDADE POR MIL HABITANTES 2000-2015 EXPECTATIVA DE VIDA AO NASCER (EM ANOS) 1940-2017 Figura 4. Fonte: IBGE, Projeção da População do Brasil - 2013. Figura 4. Fonte: IBGE A quantidade de crianças, a cada mil, que nasceram vivas mas morreram antes de completar um ano (taxa de mortalidade infantil), também mudou bastante de 1940 à 2017: 146,6 e 12,8 respectivamente. 9SAÚDE COLETIVA Em 1930, as doenças infecciosas e parasitárias (DIP) representavam 45,7% do total de óbitos ocorridos no país, entretanto, em 1999, esse per- centual caiu para apenas 5,9% dos óbitos com causas definidas. Enquan- to isto, as DoençasCardiovasculares (DCV), seguindo uma tendência in- versa, aumentaram sua participação de 11,8% para 31,3% do total dos óbitos ocorridos no mesmo período, corroborando com a teoria da transi- ção epidemiológica. TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL 1940-2017 Figura 5. Fonte: IBGE EVOLUÇÃO DA MORTALIDADE POR CAUSA 1930-1999 Figura 6. Fonte: CARMO, Eduardo Hage; BARRETO, Maurício Lima; SILVA JR, Jarbas Barbosa da. Mudanças nos padrões de morbimortalidade da população brasileira: os desafios para um novo século. Epidemiologia e serviços de saúde, v. 12, n. 2, p. 63-75, 2003. 10SAÚDE COLETIVA Mortalidade por causas As estatísticas de mortalidade cons- tituem instrumento fundamental em saúde pública, representando uma das principais fontes de informações para numerosos tipos de estudos epi- demiológicos. Tendo em vista essa informação, o Ministério da Saúde de- senvolveu em 1975 o Sistema de In- formação Sobre Mortalidade (SIM), produto da unificação de mais de 40 modelos de instrumentos utilizados, ao longo dos anos, para coletar dados sobre mortalidade no país. Os óbitos podem ser analisados quan- to ao número e em relação a algumas variáveis, dentre outras, sexo, idade, lo- cal, tempo etc., constituindo, entretanto, a sua causa o aspecto mais importante. No Brasil, segundo o Departamento de Análise de Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis, da Se- cretaria de Vigilância em Saúde, as principais causas de óbito são a do- ença isquêmica do coração, seguida pela doença cerebrovascular e, em terceiro lugar, a Doença de Alzhei- mer e outras demências (os dados mais atuais datam do ano de 2016). MORTALIDADE POR CAUSAS 2000-2016 Figura 7. Fonte: http://svs.aids.gov.br/dantps/ Ao compararmos os dados de 2000 com os de 2016, percebemos uma variação grande no escore das cau- sas, onde a Doença de Alzheimer e outras demências, que ocupavam o 8º lugar, subiram para 3º. Já as compli- cações neonatais no parto pré-termo, que se encontravam na 9ª colocação, não se encontram mais entre as 10 causas que mais matam no Brasil. As neoplasias vêm ocupando espaço no ranking geral de mortalidade do ano de 2016, com as neoplasias de tra- queia, brônquios e pulmão em 10º lugar, que não apareciam em 2000. De acor- do com o site do Instituto Nacional do Câncer (INCA), no ano de 2018, o cân- cer matou 117.477 homens e 107.235 mulheres e a mortalidade de acordo 11SAÚDE COLETIVA com a localização primária do tumor está demonstrada nas tabelas abaixo. MORTALIDADE CONFORME LOCALIZAÇÃO PRI- MÁRIA DO TUMOR (2018) - SEXO MASCULINO Localização Primária Óbitos % Traqueia, brônquios e pulmões 16.371 13,9 Próstata 15.576 13,3 Cólon e Reto 9.608 8,2 Estômago 9.387 8,0 Esôfago 6.756 5,8 Fígado e vias biliares intra-hepáticas 6.181 5,3 Pâncreas 5.497 4,7 Cavidade Oral 4.974 4,2 Sistema Nervoso Central 4.803 4,1 Laringe 3.859 3,3 Todas as neoplasias 117.477 100 Tabela 1. Fonte: MS / SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2020. MS / INCA / Coor- denação de Prevenção e Vigilância / Divisão de Vigilân- cia e Análise de Situação, 2020 MORTALIDADE CONFORME LOCALIZAÇÃO PRI- MÁRIA DO TUMOR (2018) - SEXO FEMININO Localização Primária Óbitos % Mama 17.572 16,4 Traqueia, brônquios e pulmões 12.346 11,5 Cólon e Reto 9.995 9,3 Colo do útero 6.526 6,1 Pâncreas 5.601 5,2 Estômago 5.374 5,0 Sistema Nervoso Central 4.506 4,2 Fígado e vias biliares intra-hepáticas 4.369 4,1 Ovário 3.984 3,7 Leucemias 3.316 3,1 Todas as neoplasias 107.235 100 Tabela 2. Fonte: MS / SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2020. MS / INCA / Coor- denação de Prevenção e Vigilância / Divisão de Vigilân- cia e Análise de Situação, 2020 A incidência estimada conforme loca- lização primária do tumor, ainda se- gundo o INCA, segue o mesmo pa- drão da mortalidade, conforme o sexo, estando nas três posições, no sexo masculino, próstata, cólon e reto e traqueia, brônquios e pulmões res- pectivamente. Já no sexo feminino, as três neoplasias mais incidentes são: mama, cólon e reto e colo do útero. SE LIGA! Os gráficos e tabelas do INCA não levam em consideração o câncer de pele não melanoma, pois essa é a neoplasia mais incidente em ambos os sexos, mas apresenta uma baixa morbimortalidade. 2. INDICADORES DE SAÚDE Os indicadores de saúde são medi- das-síntese que contêm informação relevante sobre determinados atri- butos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde. Quando analisados em conjunto, os indicadores devem refletir a situação sanitária de uma população e servir para a vigilância das condições de saúde, além de auxiliar a distribuição de renda entre os Estados e Municí- pios. A construção de um indicador é um processo cuja complexidade pode variar desde a simples contagem di- reta de casos de determinada doença, 12SAÚDE COLETIVA até o cálculo de proporções, razões, taxas ou índices mais sofisticados. A capacidade de medir o que se pre- tende (validade) e a capacidade de se reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condições simi- lares (confiabilidade) medem o grau de excelência de um indicador. E a validade geralmente é determinada pela sensibilidade e especificidade. CONCEITO: Sensibilidade: capacidade de detectar o fenômeno analisado. Especificidade: capacidade de detectar apenas o fenômeno analisado. Ademais, espera-se que os indica- dores possam ser analisados e inter- pretados com facilidade por qualquer usuário da informação. Indicadores de morbimortalidade Tendo em vista que os indicadores re- fletem as situações demográfica, so- cial e sanitária de uma população, os indicadores de morbidade e mor- talidade traduzem diretamente as condições de saúde (ou falta dela). Coeficientes são as medidas do tipo proporção em que, em geral, os eventos do numerador repre- sentam um risco de ocorrência em relação ao denominador (numerador ≠ denominador). SE LIGA! Os coeficientes de morbimor- talidade expressam a probabilidade de adoecer ou morrer por determinada cau- sa em uma determinada população em um espaço de tempo definido. Esses eventos podem ser detectados em duas perspectivas diferentes: a primeira, em um momento e com base numa única aferição: a prevalência. A segunda corresponde à detecção da ocorrência de eventos ou mudan- ças de status ao longo de períodos variáveis de tempo de observação ou acompanhamento, implicando, às vezes, mais de duas mensurações: a incidência. Em ambos os casos, o resultado da divisão representa uma quantia adi- mensional que corresponde à fração de indivíduos com o atributo do nu- merador, que pode ser expressa de várias maneiras - em percentual, por mil, por cem mil etc. - dependendo da frequência do evento. Em epidemiologia, podemos elabo- rar dois tipos de indicadores, utili- zando coeficientes para mensura- ção de eventos de prevalência e de incidência. 13SAÚDE COLETIVA SE LIGA! A incidência e a prevalência são diretamente proporcionais, ou seja, quanto mais casos novos de uma doen- ça eu tenho, mais casos dessa doença eu tenho no total. Fatores que alteram a prevalência Entre os fatores que influenciam a prevalência de um agravo à saúde, excluída a migração, estão a incidên- cia, as curas e os óbitos. CASOS NOVOS (INCIDÊNCIA) CURAS ÓBITOS CASOS EXISTENTES (PREVALÊNCIA) A incidência “alimenta” a prevalência, ou seja, quanto mais casos novos de um determinado agravo, mais casos se tem no total. Por outro lado, depen- dendo do agravo à saúde, as pesso- as podem se curar ou morrer. Quanto maior e mais rápida a cura, ou quan- to maior e mais rápida a mortalidade, mais se diminui a prevalência. Agora, com relação à migração, a pre- valência aumenta quando imigram mais pessoas com uma determinada doença; entretanto, a prevalência di- minui quando emigram mais pessoas com determinada doença. Coeficientes de Morbidade Probabilidade de adoecer Prevalência Incidência 14SAÚDE COLETIVACoeficiente de letalidade É a proporção entre o número de óbi- tos de uma determinada doença e o número total de doentes que sofrem dessa doença, ao longo de um deter- minado período de tempo. Esse co- eficiente define o impacto que essa doença tem na sociedade. COEFICIENTE DE LETALIDADE Define o impacto que essa doença tem na sociedade. Nº de óbitos por doença Total de doentes Coeficiente de mortalidade Diferente do coeficiente de letalida- de, o de mortalidade não considera as pessoas doentes, mas sim a po- pulação em geral. É uma medida do número total de óbitos (geral ou por uma causa específica) em uma deter- minada população em um período de tempo. COEFICIENTE DE MORTALIDADE Permite comparar o nível de saúde de diferentes regiões ao longo do tempo. Nº de óbitos (geral ou por causa específica) População Coeficiente de mortalidade materna Morte materna, segundo o CID-10, é a “morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o térmi- no da gestação, independente da du- ração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais”. Esse coeficiente estima a frequência de óbitos femininos em idade fértil atribuídos às causas ligadas a gra- videz, parto e puerpério, em relação ao total de gestações. Ele reflete a qualidade da assistência à saúde da mulher. 15SAÚDE COLETIVA Taxas elevadas desse coeficiente es- tão associadas a uma prestação de serviços insatisfatórios a esse grupo. Morte materna tardia tem o mesmo conceito de morte materna, entretan- to, ocorre após 42 dias e em menos de 1 ano do parto. A morte materna por sequela de causa obstétrica dire- ta é aquela que ocorre em um ano ou mais após o parto. avaliação dos níveis de saúde e de desenvolvimento sócio econômico da população. Assim como a mortalidade materna, a mortalidade nos recém nascidos e bebês também é dividida em mortali- dade neonatal precoce, neonatal tar- dia e pós neonatal. COEFICIENTE DE MORTALIDADE MATERNA Reflete a qualidade da assistência à saúde da mulher Nº total de óbitos por causas maternas Nascidos vivos Coeficiente de mortalidade infantil Esse coeficiente estima o risco de um indivíduo morrer em seu primeiro ano de vida, tem o potencial de subsidiar processos de planejamento, ges- tão e avaliação de políticas e ações da atenção ao pré-natal e ao parto, sendo um indicador utilizado para a 1 Coeficiente de mortalidade materna Morte materna tardia Morte materna por sequela de causa obstétrica direta Morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais. Apresenta o mesmo conceito de morte materna, entretanto, ocorre após 42 dias e em menos de 1 ano do parto. É aquela que ocorre em um ano ou mais após o parto, porém não é devido a causas acidentais ou incidentais, mas sim a causas diretamente ligadas ao parto ou pós parto. 2 3 16SAÚDE COLETIVA SAIBA MAIS! Há consistente tendência de redução da mortalidade infantil em todas as regiões brasilei- ras, o que reflete a melhoria nas condições de vida, o declínio da fecundidade e o efeito de intervenções públicas nas áreas de saúde, saneamento e educação da mãe, entre outros as- pectos. Os dados mais recentes de mortalidade infantil por causa no Brasil datam de 2015 e apontam que prematuridade é a principal causa de óbito em menores de cinco anos há, pelo menos, 15 anos. As anomalias congênitas correspondem à segunda causa de morte nesse período, seguido por asfixia e traumas no nascimento. COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL Reflete as condições de desenvolvimento socioeconômico e infraestrutura ambiental e o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materna e da população infantil. Nº total de óbitos em menores de 1 ano Nascidos vivos 1 Morte neonatal precoce Morte neonatal tardia Morte pós neonatal Acontece entre 0 e 6 dias de vida. Acontece entre 7 e 27 dias de vida. Acontece entre 28 e 364 dias de vida. 2 3 17SAÚDE COLETIVA 2015 MUDANÇA % (TAXAS)POSIÇÃO - CAUSA DO ÓBITO N TAXA POR 1.000 NV 1 Prematuridade 9.588 3,18 -72 2 Anomalias congênitas 9.242 3,06 -7 3 Asfixia e trauma no nascimento 5.834 1,93 -49 4 Septicemia e outras infecções neonatais 5.112 1,69 -34 5 Insfecções do trato respiratório inferior 4.677 1,55 -81 6 Outras desordens neonatais 4.405 1,46 36 7 Doenças diarreicas 1.761 0,58 -95 8 Meningite 945 0,31 -79 9 Desnutrição 938 0,31 -87 10 Aspiração de corpo estranho 806 0,27 -34 11 Acidentes de trânsito 734 0,24 -63 12 Afogamento 417 0,14 -61 13 Homícidio 401 0,13 -40 14 Desordens endócrinas, metabólicas, sanguíneas e imunes 396 0,13 18 15 Cardiomiopatia e miocardite 371 0,12 -50 16 HIV/aids 368 0,12 29 17 Leucemia 322 0,11 -18 18 Outras doenças cardiovasculares 307 0,10 -56 19 Síndrome da morte súbita infantil 258 0,09 53 20 Outras neoplasias 235 0,08 -39 25 Doenças cerebrovasculares 211 0,07 -73 26 Sífilis 208 0,07 -87 27 Doenças hemolíticas e outras icterícias neonatais 199 0,07 -77 30 Queimaduras 170 0,06 -79 40 Coqueluche 80 0,03 -95 74 Sarampo 3 0,00 -100 Tabela 3. Ordenação segundo taxas das principais causas de mortalidade em menores de 5 anos por 1.000 nascidos vivos (NV). Brasil, 2015. Fonte: FRANÇA, Elisabeth Barboza et al. Principais causas da mortalidade na infância no Brasil, em 1990 e 2015: estimativas do estudo de Carga Global de Doença. Revista brasileira de epidemiologia, v. 20, p. 46-60, 2017. Já as principais causas de mortalidade perinatal estão associadas à prematuridade, à asfixia, às infecções intra-uterinas, à toxemia gravídica e às malformações múltiplas. Essas causas diferem das referidas ao período neonatal, cujas principais são as infecções agudas intra-u- terinas, os problemas respiratórios, as malformações, a prematuridade e a infecção pós-natal. 18SAÚDE COLETIVA Índices Os índices são medidas do tipo “pro- porção”, ou seja, todas as unidades do numerador estão contidas em um deno- minador mais amplo, isto é, o numera- dor é um subconjunto do denominador. Ora o termo índice é usado como si- nônimo de indicador, ora com uma conotação mais abrangente expondo situações multidimensionais do pro- blema estudado e incorporando em uma medida única, diferentes aspec- tos ou diferentes indicadores. Índice de envelhecimento Um forma de aferir quantitativamente o envelhecimento populacional é por meio do Índice de Envelhecimento (IE), que mede a relação entre o número de pessoas de 60 e mais anos de idade, para cada 100 pessoas me- nores de 15 anos de idade, na popu- lação residente em determinado espa- ço geográfico, no ano considerado. O processo de envelhecimento caminha a passos largos no Brasil e no mundo, conforme afirma a revisão de 2019 da Divisão de População da ONU. Essa mesma revisão informa que, glo- balmente, o número de idosos, que atualmente é de 703 milhões, deverá mais do que dobrar nos próximos 30 anos, atingindo 1,5 bilhão de pesso- as em 2050. Como parcela da popu- lação mundial, o número de pesso- as com 65 anos ou mais e projetada para aumentar de 6% hoje para 16% até 2050. Regiões que se espera tes- temunhar o maior número relativo O aumento do número de idosos in- clui o norte da África e a Ásia Ociden- tal (+ 230%), a África Subsaariana (+ 220%), Oceania (+ 190%), Ásia Cen- tral e do Sul (+ 180%), América Latina e Caribe (+ 160%) e Leste e Sudeste da Ásia (+ 120%). Esse índice, ao refletir o envelhecimento populacional, auxilia a formulação, ges- tão e avaliação de políticas públicas nas áreas de saúde e de previdência social. Valores elevados desse índice indicam que a transição demográfica encontra- -seem estágio avançado. ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO Reflete o envelhecimento populacional, auxiliando a formulação, gestão e avaliação de políticas públicas nas áreas de saúde e de previdência social. População ≥ 60 anos População < 15 anos Razão de dependência Razão entre o segmento etá- rio da população definido como economicamente depen- dente (os menores de 15 anos de idade e os de 60 e mais anos de idade) e o segmento etário poten- cialmente produtivo (entre 19SAÚDE COLETIVA 15 e 59 anos de idade), na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. A razão de dependência pode ser cal- culada, separadamente, para as duas faixas etárias identificadas como popu- lação dependente e mede a participa- ção relativa do contingente populacio- nal potencialmente inativo, que deveria ser sustentado pela parcela da popula- ção potencialmente produtiva. Valores elevados indicam que a popula- ção em idade produtiva deve sustentar uma grande proporção de dependentes, o que significa consideráveis encargos assistenciais para a sociedade. RAZÃO DE DEPENDÊNCIA Mede a participação relativa do contingente populacional potencialmente inativo, que deveria ser sustentado pela parcela da população potencialmente produtiva. População 0-14 anos e ≥ 60 anos População 15-59 anos SAIBA MAIS! Índice de Swaroop-Uemura. Em 1952, a ONU convocou um Comitê de Peritos com o fim de elaborar a maneira mais ade- quada para medir os “níveis de vida”, que sugeriu uma série de doze componentes, figurando dentre eles “saúde, incluindo condições demográficas”. O primeiro indicador criado para medir “saúde, incluindo condições demográficas” foi o de SWAROOP & UEMURA, a Razão de Mortalidade Proporcional. Esse índice compara dois grupos de países que classificados como “desenvolvidos” e “sub- desenvolvidos”, e calcula, pela técnica da função discriminante linear, os valores da distância quadrática generalizada de Mahalanobis (D2) referentes às percentagens de óbitos contadas a partir de cada um dos limites dos grupos etários usuais. Com isso, Swaroop e Uemura ve- rificaram, assim, que o maior valor de D2 era obtido quando a percentagem de óbitos cor- respondia ao grupo de 50 anos ou mais. Mesmo iso- ladamente ou em combi- nações, outros indicadores (Coeficiente de Mortalida- de Infantil, Esperança de Vida e Coeficiente de Mor- talidade Geral Bruto) não forneciam valores maiores. Esse índice também refle- te a situação de saúde dos países analisados. ÍNDICE DE SWAROOP- UEMURA Mede a situação de saúde de uma população, com base na idade da população de maior mortalidade. Mortalidade ≥ 50 anos Mortalidade 20SAÚDE COLETIVA Curvas de Nelson Moraes No ano de 1957, após a publicação da ONU, com os indicadores criados para medir “saúde, incluindo condições de- mográficas”, incluindo o de Swaroop e Uemura, foram publicadas também sugestões sobre a realização de estu- dos sobre a mortalidade proporcional em determinadas idades (outras que não a de 50 anos ou mais). Nelson Moraes, em 1959, estudando a mortalidade proporcional para as idades: menores de 1 ano, 1 a 4, 5 a 19, 20 a 49 e 50 anos e mais, propôs um novo indicador, a Curva de Mor- talidade Proporcional. Este indicador apresenta uma sé- rie de vantagens: dispensa os dados de população, é fácil de calcular, in- clui o indicador de Swaroop e Uemu- ra, e além disso, permite visualiza- ção da situação pois é representado graficamente. CURVAS DE NELSON MORAES Variações da curva de mortalidade proporcional Figura 10. Fonte: Laurenti et al, 1985 CURVAS DE NELSON MORAES Variações da curva de mortalidade proporcional Figura 11. Fonte: Laurenti et al, 1985 21SAÚDE COLETIVA Interpretação das curvas: • Tipo I - Nível de saúde muito bai- xo: Observa-se nessa curva uma grande mortalidade infantil, segui- da por uma grande mortalidade de adultos jovens e a população não chega a envelhecer. Esse país está em crise, pois a mortalidade infantil está alta, mas a de adultos jovens também, ou seja, pode estar exis- tindo muita violência (que acomete mais essa faixa etária) ou guerras. • Tipo II - Nível de saúde baixo: Ob- serva-se nessa curva que a mor- talidade infantil e muito alta e a população não chega a envelhe- cer, não existindo então um outro pico de mortalidade (na população idosa). • Tipo III - Nível de saúde regu- lar: Observa-se nessa curva que a mortalidade infantil é relativa- mente elevada, seguida por uma baixa mortalidade em adultos jo- vens e a mortalidade cresce nova- mente com o envelhecimento da população. • Tipo IV - Nível de saúde elevado: Observa-se nessa curva que há pouca mortalidade infantil, prati- camente nenhuma mortalidade em adultos jovens e a mortalidade cresce com o envelhecimento da população. 3. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) A história do sus Do descobrimento ao império O período colonial brasileiro durou quase três séculos e, durante esse período, o país conviveu com precá- rios serviços de saúde e uma qua- se absoluta ausência de atuação do Estado nesse campo. As doenças in- fecto-contagiosas eram frequentes e dizimavam a população por causa da falta total de saneamento básico. A medicina que se empregava na épo- ca era o curandeirismo, com jesuítas e índios atuando dessa forma para a população como um todo. Apenas a pequena parcela da população que ti- nha dinheiro, conseguia atendimento médico especializado. SE LIGA! Como ainda não existia ne- nhuma faculdade de medicina no Brasil, os médicos que aqui estavam eram pou- cos e os medicamentos eram escassos, pois não eram fabricados no Brasil. As primeiras instituições de saúde fo- ram criadas apenas com a chegada da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, no início do século XIX, mas somen- te no século XX, com a introdução e consolidação da medicina científica no país, que iniciamos a formulação e execução de políticas e de serviços técnicos de saúde. 22SAÚDE COLETIVA Brasil república Ao final do Império e início da Primei- ra República, o Estado começou a se especializar na atenção a segmentos populacionais marginalizados ou que pudessem ameaçar a saúde pública – os loucos e os portadores de doen- ças infecto-contagiosas e as Santas Casas assumiram o cuidado dos po- bres e as comunidades de imigrantes. A medicina liberal ocupava-se da- queles que podiam pagar. As doenças infecciosas continuaram dizimando a população brasileira: fe- bre amarela, sarampo, tuberculose, sífilis etc. SAIBA MAIS! A REVOLTA DA VACINA A vacina contra varíola foi declarada obrigatória para a população brasileira em 1837 e 1846 para crianças e adultos respectivamente. Como a produção da vacina era pequena, o governo não “fazia questão” de cumprir com a resolução, porém, em 1904, Oswaldo Cruz motivou o governo a enviar ao Congresso um projeto para reinstaurar a obrigatoriedade da vacinação em todo o território nacional, de modo que apenas os indivíduos que comprovassem ser va- cinados conseguiriam contratos de trabalho, matrículas em escolas, certidões de casamento, autorização para viagens etc. E foi a aprovação dessa lei o estopim para o episódio conhecido como Revolta da Vacina, que não foi um movimento somente contra a vacinação obrigatória, mas também contra a forma com que a lei foi aplicada e contra as reformas urbanas e sanitárias que mudaram a geografia da cidade e o cotidiano de sua população. Durante esse período, o Ministério da Saúde ainda não existia, ficando a cargo do Ministério da Justiça as questões referentes à saúde da po- pulação brasileira. Foi durante a Re- pública Velha que a economia base- ada na cana de açúcar foi perdendo força, o que fez com que pessoas do país inteiro migrassem para o Sudes- te, superpopulando uma região que ainda tinha um saneamento básico precário. As caixas de aposentadoria e pensões (CAPs) Nas décadas de 1920 e 1930 a in- dústria cresceu bastante e, juntamen- te com ela, as greves e as questões referentes àlegislações trabalhistas e previdenciárias. Em resposta a um longo processo de luta dos traba- lhadores por melhores condições de vida e de trabalho, passou a se constituir um sistema previdenciário, caracterizado, inicialmente, pela cria- ção das CAPS, pelas empresas para seus empregados, e que incluíam as assistências médica e farmacêutica entre os benefícios oferecidos. 23SAÚDE COLETIVA SE LIGA! A lei de criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões, de 1923, é considerada a primeira lei de previdên- cia social. Também conhecida como Lei Elói Chaves, nome do autor do projeto, ela concedia aos trabalhadores associa- dos às Caixas ajuda médica, aposenta- doria, pensões para dependentes e au- xílio funerário. A criação das CAPs não era uma ini- ciativa pensando na saúde pública. O grande exemplo disso é quando pen- samos nos primeiros beneficiários: portuários e marítimos. Essas cate- gorias eram essenciais, com isso, pre- cisávamos deles saudáveis para que os produtos fossem exportados cor- retamente, ou seja, era uma iniciativa econômica. Dada a insuficiência de recursos para a instalação e manutenção de redes próprias de serviços de saúde, as cai- xas passaram, desde cedo, a comprar serviços da iniciativa privada, estimu- lando o desenvolvimento de um setor empresarial médico. CAPS Aposentadoria Ajuda médica Auxílio funerário Pensões para dependentes Concedia aos trabalhadores associados Criadas pela Lei Elói Chaves Os primeiros beneficiários foram os portuários e marítimos SE LIGA! Na República Velha, a população que não tinha acesso às Caixas de Aposentadoria e Pensões deixava a sua saúde à cargo das Santas Casas de Misericórdia e da Medicina Liberal, que ainda estava em vigor no país. O Estado, nesse momento, era responsável pela vacinação da população e estava realizando o Saneamento do Porto de Santos, a diminuir a propagação de doenças nessa lo- calização e, consequentemente, melhorar a economia. 24SAÚDE COLETIVA Institutos de aposentadorias e pensões (IAPs) A partir de 1930, durante o processo de centralização política e adminis- trativa do primeiro Governo Vargas e do Estado Novo, o Estado começou a participar diretamente da saúde pú- blica, ao criar os IAPs, que absorveram as CAPs. Diferentemente dos CAPs, que eram de empresas específicas, os IAPs eram relativos a categorias. Dessa forma, foi criado o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marí- timos (IAPM) em junho de 1933, ao qual se seguiram o dos Comerciários (IAPC) em maio de 1934, o dos Ban- cários (IAPB) em julho de 1934, o dos Industriários (IAPI) em dezembro de 1936, e os de outras categorias pro- fissionais nos anos seguintes. Em fe- vereiro de 1938, foi criado o Instituto de Previdência e Assistência aos Ser- vidores do Estado (IPASE). SE LIGA! Como a expectativa de vida da população ainda era baixa, muitos dos contribuintes dos IAPs morriam ainda jovens, fazendo com que esses Institutos não tivessem muitos gastos com aposentadorias. Com o acúmulo de dinheiro, muitos IAPs criaram hospitais para atender as categorias, objetivando apenas a cura das doenças e manuten- ção dos trabalhadores saudáveis sem a perda de mão de obra. Após 1945, os Institutos de Aposen- tadoria e Pensões expandiram suas áreas de atuação, que passaram a incluir serviços na área de alimenta- ção, habitação e saúde. Essa amplia- ção de funções, porém, não foi acom- panhada da necessária reformulação da sua gestão financeira, o que acar- retou sérios problemas posteriormen- te. A falta de um planejamento central foi também responsável por graves disparidades na qualidade do atendi- mento oferecido às diversas catego- rias profissionais. Nesse período, as pessoas que não tinham acesso aos IAPs novamente ficavam a mercê das Santas Casas de Misericórdia. A saúde pública ainda estava foca- da no combate às doenças trans- missíveis, mas em 1953 é formado o Ministério da Saúde, dando uma maior esperança para a população necessitada. Instituto nacional de previdência social (INPS) Em novembro de 1966, com a refor- ma previdenciária, todos institutos que atendiam aos trabalhadores do setor privado (dos marítimos (IAPM), dos comerciários (IAPC), dos bancá- rios (IAPB), dos industriários (IAPI), dos empregados em transportes e cargas (IAPETEC) e o dos ferroviá- rios e empregados em serviços pú- blicos (IAPFESP)) foram unificados no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Todos os trabalhado- res formais dessas categorias, que contribuíam, tinham acesso ao fundo 25SAÚDE COLETIVA do INPS; já os trabalhadores que não eram dessas categorias, só teriam acesso ao fundo do INPS se contribu- íssem de forma dobrada. Os benefícios do INPS consistiam em aposentadorias (por invalidez, ve- lhice ou tempo de serviço), pensões, auxílios (natalidade, doença, funeral etc.), abonos, pecúlios, salários-fa- mília, salários-maternidade e segu- ros por acidente de trabalho. Desde o seu início, o INPS apresentou uma política de assistência médica com prioridade para a contratação de serviços de terceiros, em detrimen- to dos serviços médicos próprios da previdência social. O funcionamento dessa política privilegiava o setor pri- vado, a partir do momento que eles fi- nanciavam a construção de hospitais privados, credenciavam esses hospi- tais para a compra de serviços pelo INPS e estabeleciam convênios com empresas, através do qual o INPS lhes devolvia parte de sua contribui- ção previdenciária desde que elas as- sumissem os encargos de assistência médica de seus empregados. A grande movimentação financei- ra em torno do Estado e setor priva- do resultou em investimentos fora da educação, como a construção da ponte Rio-Niteroi, além de diversos escândalos de fraude. SAIBA MAIS! Foi somente com a constituição de 1988, ao destinar um orçamento próprio para a Segurida- de Social, que a Assembleia Constituinte assegurou proteção jurídica contra a utilização de seus recursos para outros fins, impedindo assim o desvio de recursos destinados à Previdên- cia Social. “Artigo 167 / VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orça- mentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º” Nestes termos, a Constituição Federal de 1988, proibiu a utilização de recursos da Segurida- de Social para outros fins, salvo se houver, nesse caso, autorização do Congresso Nacional e, ainda assim, desde que não sejam utilizados recursos provenientes das contribuições sociais efetuadas pelas empresas sobre a folha de salários e pelos empregados. 26SAÚDE COLETIVA INPS Surgiram com a reforma previdenciária Resultado da unificação dos IAPs Concedia aos trabalhadores associados Tinham acesso ao fundo Política de assistência médica priorizando o setor privado Aposentadorias e pensões Salário-família e salário-maternidade Auxílios natalidade, doença, funeral etc. Seguros por acidente de trabalho Financiamento para a construção de hospitais privados Credenciamento desses hospitais para a compra de serviços pelo INPS Convênio com empresas privadas para troca de serviços Trabalhadores formais das categorias atendidas Trabalhadores formais de outras categorias Contribuindo de forma dobrada 27SAÚDE COLETIVA O instituto nacional de assistência médica da previdência social (INAMPS) Com o desmembramento do Insti- tuto Nacional de Previdência Social (INPS), que hoje é o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), surgiu o INAMPS. O Instituto dispunha de es- tabelecimentos próprios, mas a maior parte do atendimento era realizado pela iniciativa privada e os convê- nios estabeleciam a remuneração por procedimento. SE LIGA! O INAMPS representava uma política de saúde com viés econômico, que não visava o bem estar do cidadão brasileiro, já que ele surgiu, como os ou- tros sistemas de saúdeaté então, a par- tir da pressão de indústrias e grandes empresas do país para que seus funcio- nários não perdessem dias de trabalho e que, caso doentes, pudessem retornar ao serviço com mais agilidade. INAMPS Modelo assistencialista Política de atendimento Excludente Hospitalocêntrico e curativista Centralizado Possuíam estabelecimentos próprios Muitos atendimentos eram realizados através do setor privado Estabeleciam convênios que remuneravam por procedimentos Cada procedimento tinha um preço e um código Realizavam pacotes de procedimentos Utilizavam os códigos de procedimentos mais caros O governo fazia pacotes de proce- dimentos, por exemplo, ele poderia pagar por uma determinada quan- tidade de radiografias e outra quan- tidade de apendicectomias e esses procedimentos eram “lançados” no sistema através de um código. Esse tipo de sistema dava lugar a fraudes, onde um procedimento era realiza- do, mas se utilizava o código de outro que o governo pagava um valor mais elevado. Até esse momento, a atuação do Minis- tério da Saúde se resumia às atividades de promoção de saúde e prevenção de doenças (por exemplo, campanhas de vacinação e controle de epidemias), re- alizadas em caráter universal, e à assis- tência médico-hospitalar para poucas 28SAÚDE COLETIVA doenças. Ou seja, não existia uma polí- tica de saúde que atendia a população que não tinha acesso ao atendimen- to pelo Instituto Nacional de Assis- tência Médica da Previdência Social (INAMPS), criado em 1974, já que esse Instituto atendia somente a população formada por aqueles que trabalhavam em empregos formais e contribuíam com a Previdência Social. SE LIGA! Em 1984, as pessoas desem- pregadas representavam 7,1% da po- pulação economicamente ativa. Essas pessoas não tinham acesso aos servi- ços oferecidos pelo INAMPS e tinham que recorrer ao sistema privado ou aos poucos serviços municipais, estaduais e de instituições assistencialistas, como Santas Casas de Misericórdia ou hospi- tais universitários. Nessa época, Municípios e Estados que possuíam capacidade orçamen- tária podiam atender a população por meio de seus próprios postos de saúde ou hospitais, além dos serviços básicos. Aqueles com menos dinhei- ro ficavam limitados às campanhas financiadas pelo Governo Federal. A reforma sanitária brasileira O movimento da Reforma Sanitária bra- sileira se iniciou no início da década de 70, como forma de oposição ao regime militar, no meio acadêmico, mas se es- tendendo por outros setores da socie- dade, incluindo o partido de oposição da época — o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), atual Partido do Movi- mento Democrático Brasileiro (PMDB). A crise do financiamento da previdên- cia social repercutiu no INAMPS, que começou o seu declínio no final da dé- cada de 80, especialmente por consti- tuir um sistema com inúmeros casos de corrupção e fraudes de prestado- res privados. Ao longo dessa década, o Instituto passou por sucessivas mu- danças, com democratização e univer- salização progressiva do atendimento, já em uma transição para o SUS. Figura 12. Fonte: http://politicasemfake.blogspot. com/2017/01/governo-itamar-franco.html 29SAÚDE COLETIVA SE LIGA! As modificações ocorridas no INAMPS no final da década de 80 advinham da compreensão de que mesmo a população que não tem carteira assi- nada paga impostos, com isso, essas pessoas devem ter acesso aos serviços públicos. REFORMA SANITÁRIA Movimento com ampla participação popular Buscavam um novo modelo de saúde Profissionais de saúde Estudantes Políticos Universal Visa a cura, mas também a prevenção Descentralizado Ampla participação popular Saúde como um direito de todos Cada região tem as suas demandas Onde os usuários têm voz O INAMPS foi extinto em 1993, com a Lei n° 8.689, em meio a um pro- cesso gradual de implementação da saúde pública integral e universal que vinha sendo construída antes mesmo da criação do SUS. 8ª Conferência nacional de saúde Figura 13. Fonte: http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/ oitava-conferencia-nacional-de-saude-o-sus-ganha-forma A 8ª Conferência Nacio- nal de Saúde (CNS) ocor- reu entre 17 e 21 de mar- ço de 1986, no mandato do presidente José Sarney, primeiro presidente do pós ditadura, sendo um marco importante na história do SUS e na propagação do movimento da Reforma Sanitária Brasileira. 30SAÚDE COLETIVA SE LIGA! O relatório final da 8ª CNS aponta a importante conclusão de que as mudanças necessárias para a melho- ria do sistema de saúde brasileiro não seriam alcançadas apenas com uma reforma administrativa e financeira. Era preciso que se ampliasse o conceito de saúde e se fizesse uma revisão da legis- lação. Em outras palavras, era preciso implantar uma Reforma Sanitária. Durante a 8ª CNS foram debatidos três temas principais: ‘A saúde como dever do Estado e direito do cida- dão’, ‘A reformulação do Sistema Nacional de Saúde’ e ‘O financia- mento setorial’; e o seu resultado foi a implantação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), um convênio entre o INAMPS e os governos estaduais. Além disso, foi durante a conferência que foi criada a Comissão Nacional da Reforma Sani- tária (CNRS), que funcionou de agos- to de 1986 a maio de 1987, com a função de trabalhar tecnicamente em um documento para ser entregue à Assembleia Nacional Constituinte. Foi através da CNRS que foi elabora- do o documento com todo o arcabou- ço técnico sobre a criação do SUS, que foi enviado à Comissão da Ordem Social e, de lá, foi para a Comissão de Sistematização, que era responsável por elaborar o projeto final da Consti- tuição de 1988. A CONSTITUIÇÃO DE 1988 O direito à saúde foi inserido na Constituição Federal de 1988 no seu Art. 6º, onde ela estabelece a saúde como direito social fundamental: “Art. 6º: São direitos sociais a educa- ção, a saúde, a alimentação, o traba- lho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” Em seguida, no Art. 196, a Consti- tuição Federal de 1988 reconhece a saúde como direito de todos e de- ver do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso uni- versal e igualitário às ações e servi- ços para sua promoção, proteção e recuperação. Os artigos 197 e 198 também confir- mam a criação do sistema público de saúde de que dispomos hoje. O Arti- go 197 declara serem de relevância pública essas ações e serviços, ca- bendo ao poder público dispor sobre sua regulamentação, execução e fis- calização; e o Artigo 198 determina a organização das ações e serviços públicos de saúde por meio de uma rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único, sob diretrizes de descentralização, aten- dimento integral e participação da comunidade. 31SAÚDE COLETIVA SE LIGA! Através do site abaixo você terá acesso a toda a Constituição Bra- sileira: http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/constituicao/constituicao.htm O sus hoje Hoje, mais de 30 anos após a criação do SUS, temos um sistema de prote- ção social de grande impacto; um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, abran- gendo desde o simples atendimen- to para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. O seu impacto tem relação com a atenção integral à saúde, e não somente aos cuidados assistenciais; com o foco na saúde com qualidade de vida; com a prevenção e promoção de saúde e com o seu caráter universal, sendo um direito de todos os brasileiros. O Programa Nacional de Imunização (PNI), reconheci- do internacionalmente, é res- ponsável por 98% do merca- do de vacinas do país. O Brasil garante à população acesso gratuitoa todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), disponibilizando 17 vacinas para combater mais de 20 doenças, em diversas faixas etárias, na rede pública de todo o país. Há ainda ou- tras 10 vacinas especiais para grupos em condições clínicas específicas, como portadores de HIV, disponíveis nos Centros de Referência para Imu- nobiológicos Especiais (CRIE). Entretanto, falta de leitos hospitalares, insatisfação dos profissionais com as condições de trabalho, insatisfação da população com a dificuldade do acesso e escassez de recursos cons- tituem o cenário de grande parte do Sistema Único de Saúde. O SUS, assim como outros setores, é passível de fraudes e corrupção que permitem esse cumprimento desfa- vorável dos direitos assegurados pela Constituição brasileira. Figura 14. Fonte: https://www.acritica.com/channels/cotidiano/ news/consultas-e-exames-pelo-sus-criam-filas-virtuais http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 32SAÚDE COLETIVA Atenção primária Através da Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017, o Ministério da Saúde aprova a Política Nacional de Atenção Básica - PNAB, com vis- tas à revisão da regulamentação de implantação e operacionalização vi- gentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecendo-se as diretrizes para a organização do com- ponente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde (RAS). Figura 15. Fonte: http://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2013/03/medica-do-samu-e-detida-com- -seis-dedos-de-silicone-em-ferraz.html 33SAÚDE COLETIVA CONCEITO: Os termos Atenção Básica (AB) e Atenção Primária à Saúde (APS) são termos equivalentes! ATENÇÃO BÁSICA Conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas Práticas de cuidado integrado Gestão através de uma equipe multiprofissional Política de territorialização Visam a Promoção Prevenção Proteção Diagnóstico Tratamento Reabilitação Redução de danos Cuidados paliativos Vigilância em saúde Segundo a portaria, a Atenção Básica é o “conjunto de ações de saúde indivi- duais, familiares e coletivas que envol- vem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado inte- grado e gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população em território definido, so- bre as quais as equipes assumem res- ponsabilidade sanitária.” A Atenção Básica orienta-se pe- los princípios e diretrizes do SUS, a partir dos quais assume funções e características específicas. Considera as pessoas em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando pro- duzir a atenção integral, por meio da promoção da saúde, da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do tratamento, da reabilitação e da redu- ção de danos ou de sofrimentos que possam comprometer sua autonomia. Princípios da atenção básica São três os princípios da atenção bá- sica e eles são os mesmos do SUS e da RAS: • Universalidade: corresponde ao princípio que possibilita o acesso 34SAÚDE COLETIVA universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos. A atenção básica é a principal por- ta de entrada e centro de comu- nicação da RAS, com o caráter de acolher a população sem distinção de idade, gênero, raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, es- tado de saúde, condição socioe- conômica, escolaridade, limitação física, intelectual, funcional etc. • Equidade: corresponde a oferta de cuidado, entendendo que todo ser humano é único, com suas diferen- ças de condições de vida e saúde, sendo assim apresentam neces- sidades diferentes. Esse princípio considera que o direito à saúde passa pelas diferenciações sociais e deve atender à diversidade, a fim de minimizar desigualdades, evi- tar exclusão social de grupos que possam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de maneira que impacte na autonomia e na situa- ção de saúde. • Integralidade: esse princípio exis- te para que não esqueçamos que o indivíduo é um ser biopsicossocial e integral, ou seja, ele precisa ser atendido não somente para tratar doenças físicas, mas sim ter um atendimento que cubra as suas necessidades biológicas, psico- lógicas, ambientais e sociais. Ou seja, corresponde ao conjunto de serviços executados pela equipe de saúde que atendam às neces- sidades da população adscrita nos campos do cuidado, da promoção e manutenção da saúde, da pre- venção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação, redução de danos e dos cuidados paliativos. PRINCÍPIOS DA ATENÇÃO BÁSICA Universalidade Equidade Integralidade A saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado assegurar este direito, sendo que o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. Este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. 35SAÚDE COLETIVA Diretrizes da atenção básica • Regionalização e Hierarquiza- ção: como dito anteriormente, a atenção básica é a principal porta de entrada e comunicação da RAS. As regiões de saúde são um recor- te espacial estratégico para fins de planejamento, organização e ges- tão de redes de ações e serviços de saúde em determinada localidade, e a hierarquização como forma de organização de pontos de atenção da RAS entre si, com fluxos e refe- rências estabelecidos. ALTA COMPLEXIDADE MÉDIA COMPLEXIDADE ATENÇÃO BÁSICA • Territorialização e Adstrição: cor- responde à demarcação de limites das áreas de atuação dos serviços, reconhecimento do ambiente, po- pulação e dinâmica social de forma a permitir o planejamento, a pro- gramação descentralizada e o de- senvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com foco em um ter- ritório específico, com impacto na situação, nos condicionantes e de- terminantes da saúde das pesso- as e coletividades que constituem aquele espaço e estão, portanto, adstritos a ele. Território é então uma unidade geográfica única, de construção descentralizada do SUS na execução das ações es- tratégicas destinadas à vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde. • População Adscrita: população que está presente no território da UBS, de forma a estimular o de- senvolvimento de relações de vín- culo e responsabilização entre as equipes e a população, garantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado. 36SAÚDE COLETIVA SAIBA MAIS! As diferenças entre UBS, ESF e UPA! As Unidades Básicas de Saúde (UBS), popularmente conhecidas como postos de saúde, são locais onde o cidadão pode receber os atendimentos gratuitos essenciais em saúde da criança, da mulher, do adulto e do idoso, além de odontologia, requisições de exames por equipes multiprofissionais e acesso a medicamentos. Na UBS, o clínico geral também pode marcar consultas para procedimentos eletivos e exames mais específicos com especialistas da rede pública ou em clínicas credenciadas à Prefeitura por meio de licitação. As Unidades de Saúde da Família (USF) tem seu atendimento voltado para a atenção pri- mária, assim como na UBS e realiza acompanhamento de pessoas com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Uma USF realiza estratégias de promoção de saúde com gru- pos de moradoresde cada território, por meio de agentes comunitários e assistentes sociais. As UBS e USF, juntas, resolvem grande parte dos problemas de saúde da população do zo- neamento que está sob sua responsabilidade. As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) reorganizam a urgência e a emergência dos hospitais do SUS, sendo responsáveis por prestar atendimento de média complexidade. Em uma UPA, um paciente consegue ter, muitas vezes, atendimento sem a necessidade de en- caminhamento ao pronto-socorro hospitalar. Nessas unidades, o usuário é avaliado de acor- do com a classificação de risco, podendo ser liberado ou permanecer em observação por até 24 horas ou, se preciso, ser referenciado ao hospital de referência. Figura 17. Fonte: https://www.novohamburgo.rs.gov.br/noticia/entenda-diferencas-ubsusf-upa conduz o paciente para um trata- mento mais adequado, deixando então o sistema de saúde mais eficiente, reduzindo filas desne- cessárias nos estabelecimentos de saúde. Os governantes, profissio- nais de saúde e outros profissio- nais buscam melhorar a qualidade • Cuidado Centrado na Pessoa: significa que os serviços da saú- de devem estar voltados para as necessidades específicas de cada um, trazendo benefícios como agi- lidade para estabelecer a sua saú- de. O profissional da saúde tem agilidade no seu atendimento, 37SAÚDE COLETIVA dos serviços ofertados. O cuidado centrado na pessoa auxilia essas pessoas a desenvolverem os co- nhecimentos, aptidões, competên- cias e a confiança necessária para gerir e tomar decisões embasa- das sobre sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais efetiva. • Resolutividade: a Atenção básica deve ser capaz de resolver a gran- de maioria dos problemas de saú- de da população, coordenando o cuidado do usuário em outros pon- tos da RAS, quando necessário. O sistema deve articular diferentes tecnologias de cuidado individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de construir víncu- los positivos e intervenções clínica e sanitariamente efetivas, centra- da na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus de autonomia dos indivíduos e grupos sociais. • Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a continuidade da rela- ção de cuidado, com construção de vínculo e responsabilização entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo permanente e consistente, acompanhando os efeitos das intervenções em saú- de e de outros elementos na vida das pessoas, evitando a perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia que são decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da falta de coordenação do cuidado. Cuidado Profissional de Saúde Pessoa e Família Longitudinalidade do cuidado • Coordenar o cuidado: A Atenção Básica atua como o centro de co- municação entre os diversos pon- tos de atenção, responsabilizando- -se pelo cuidado dos usuários em qualquer destes pontos através de uma relação horizontal, contínua e integrada, com o objetivo de pro- duzir a gestão compartilhada da atenção integral. Tem a missão de elaborar, acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pon- tos de atenção das RAS. • Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde da popu- lação sob sua responsabilidade, organizando as necessidades des- ta população em relação aos ou- tros pontos de atenção à saúde, 38SAÚDE COLETIVA contribuindo para que o plane- jamento das ações, assim como, a programação dos serviços de saúde, parta das necessidades de saúde das pessoas. • Participação da comunidade: es- timular a participação das pesso- as, a orientação comunitária das ações de saúde na Atenção Básica e a competência cultural no cui- dado, como forma de ampliar sua autonomia e capacidade na cons- trução do cuidado à sua saúde e das pessoas e coletividades do território. POPULAÇÃO ADSCRITA LONGITUDINALIDADE DO CUIDADO CUIDADO CENTRADO NA PESSOA COORDENAÇÃO DO CUIDADO RESOLUTIVIDADE REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO ORDENAÇÃO DA REDE PARTICIPAÇÃODA COMUNIDADE TERRITORIALIZAÇÃO DIRETRIZES Características da atenção básica A Atenção Básica é conhecida pelo seu trabalho multidisciplinar, onde cada unidade tem uma equipe estabelecida. • Equipe de Saúde da Família (eSF) e equipe de Atenção Bási- ca (eAB): são equipes compostas, no mínimo, por médico (preferen- cialmente da especialidade me- dicina de família e comunidade), enfermeiro (preferencialmente es- pecialista em saúde da família), au- xiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS) (cada equipe é responsável por por uma média de 2000-3500 pessoas). Podendo fazer parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentis- ta (preferencialmente especialista em saúde da família) e auxiliar ou técnico em saúde bucal. O núme- ro de ACS por equipe deverá ser definido de acordo com base po- pulacional, critérios demográficos, epidemiológicos e socioeconômi- cos, de acordo com definição local 39SAÚDE COLETIVA (cada ACS não pode ultrapassar o número de 750 pessoas). • Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB) e de devem estar vinculados à uma UBS ou a Unidade Odonto- lógica Móvel, podendo se organi- zar nas seguintes modalidades: ◊ Modalidade I: Cirurgião-den- tista e auxiliar em saúde bu- cal (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e; ◊ Modalidade II: Cirurgião-den- tista, TSB e ASB, ou outro TSB. • Equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Bá- sica (Nasf-AB): é formada por diferentes ocupações (profissões e especialidades) da área da saú- de, atuando de maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB). Núcleo ampliado de saúde da família e atenção básica (Nasf-AB) Os Nasf-AB não se constituem como serviços com unidades físicas inde- pendentes ou especiais e não são de livre acesso para atendimento individual ou coletivo (estes, quan- do necessários, devem ser regulados pelas equipes que atuam na Atenção Básica). Devem, a partir das deman- das identificadas no trabalho conjun- to com as equipes, atuar de forma in- tegrada à Rede de Atenção à Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros equipamentos so- ciais públicos/privados, redes sociais e comunitárias. SE LIGA! O Nasf-AB não é porta de en- trada para a Rede de Atenção à Saúde! Competências do Nasf-AB: • Participar do planejamento con- junto com as equipes que atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas. • Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do SUS prin- cipalmente por intermédio da am- pliação da clínica, auxiliando no au- mento da capacidade de análise e de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos quanto sanitários. • Realizar discussão de casos, aten- dimento individual, compartilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuticos, educa- ção permanente, intervenções no território e na saúde de grupos po- pulacionais de todos os ciclos de vida, e da coletividade, ações in- tersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, discussão do 40SAÚDE COLETIVA processo de trabalho das equipes dentre outros, no território. Poderão compor os Nasf-AB: Mé- dico Acupunturista; Assistente Social; Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/ Obstetra; Médico Homeopata; Nutri- cionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Médico Psiquiatra; Terapeuta Ocu- pacional; Médico Geriatra; Médico Internista (clinica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário, profis- sional com formação em arte e edu- cação (arte educador) e profissional de saúde sanitarista. SAÚDE MENTAL SAÚDE DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E JOVEM SAÚDE DA MULHER ATIVIDADES FÍSICAS E PRÁTICAS CORPORAIS ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO PRÁTICASINTEGRATIVAS E PRÁTICAS COMPLEMENTARES REABILITAÇÃO SERVIÇO SOCIAL ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NASF-AB Financiamento da atenção básica O financiamento da Atenção Bási- ca é tripartite, com detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de Saúde garantido nos instru- mentos conforme especificado no Plano Nacional, Estadual e Munici- pal de gestão do SUS. No âmbito federal, o montante de recursos financeiros destinados à viabilização de ações de Atenção Básica à saúde compõe o bloco de financiamento de Atenção Básica. ESTADO FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA (TRIPARTITE) 01 0203 MUNICÍPIO UNIÃO 41SAÚDE COLETIVA Os repasses dos recursos da Atenção Básica aos municípios são efetuados em conta aberta especificamente para este fim, de acordo com a nor- matização geral de transferências de recursos fundo a fundo do Ministério da Saúde com o objetivo de facilitar o acompanhamento pelos Conselhos de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e do Distrito Federal. O financiamento federal para as ações de Atenção Básica deverá ser composto por: • Recursos per capita, que levem em consideração aspectos sociode- mográficos e epidemiológicos: são transferido mensalmente, de for- ma regular e automática, do Fun- do Nacional de Saúde aos Fundos Municipais de Saúde e do Distrito Federal com base num valor multi- plicado pela população do Municí- pio (definida pelo IBGE). • Recursos que estão condiciona- dos à implantação de estratégias e programas da Atenção Básica: os valores dos incentivos financeiros para as equipes de toda a Atenção Básica serão prioritários e superio- res, transferidos a cada mês, tendo como base o número de equipes registrados no sistema de Cadas- tro Nacional vigente no mês ante- rior ao da respectiva competência financeira. • Recursos condicionados à abran- gência da oferta de ações e serviços. • Recursos condicionados ao de- sempenho dos serviços de Aten- ção Básica com parâmetros, apli- cação e comparabilidade nacional, tal como o Programa de Melhoria de Acesso e Qualidade. • Recursos de investimento. SAIBA MAIS! Densidade tecnológica versus Complexidade tecnológica Quando estamos lidando com as RAS, costumamos definir a Atenção Básica como uma rede de baixa complexidade e a Atenção Terciária, como de alta complexidade. Isso é um erro, tendo em vista o conceito do termo “complexidade”, que significa, “conheci- mento necessário” para realizar alguma tarefa. Como na Atenção Básica o atendimento é realizado de crianças à idosos, o “conhecimento necessário”, a complexidade, é alta! O que difere essas duas redes são as suas densidades tecnológicas. A densidade é um termo utilizado para se referir à equipamentos tecnológicos que a unidade dispõe. Com isso, o que a Atenção Terciária tem de diferente da Atenção Primária é a densi- dade tecnológica. 42SAÚDE COLETIVA Ferramentas de gestão clínica Correspondem a um conjunto de tec- nologias de microgestão do cuidado destinado a promover uma atenção à saúde de qualidade. Para a utilização dessas ferramentas, deve-se con- siderar a clínica centrada nas pes- soas, que seja efetiva, estruturada com base em evidências científi- cas, segura, eficiente, oportuna e equitativa. São exemplos dessas ferramentas protocolos e diretrizes clínicas, planos de ação, linhas de cuidado, projetos terapêuticos singulares, genograma, ecomapa, gestão de listas de espera, auditoria clínica, indicadores de cui- dado, entre outras. Genograma: facilita a visualização do contexto familiar e de suas princi- pais características, reunindo maiores possibilidades de detecção dos as- pectos psicossociais. Nele são regis- trados dados de importância para o indivíduo, tais como separações, do- enças, mortes, acidentes, cirurgias e internações. Um cronograma familiar, com uma lista de eventos importan- tes que se deseja destacar é coloca- do ao lado do genograma, para evitar excesso de dados no gráfico. Como uma radiografia, o genograma permi- te a leitura rápida e abrangente da or- ganização familiar em uma única fo- lha de papel, facilitando a percepção da situação psicossocial pelos profis- sionais de saúde. SÍMBOLOS UTILIZADOS NO GENOGRAMA Figura 18. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022009000100010 43SAÚDE COLETIVA Figura 18. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022009000100010 LINHAS DE RELACIONAMENTO E MORADIA LINHAS DE RELACIONAMENTO E MORADIA Figura 19. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022009000100010 44SAÚDE COLETIVA Ecomapa: é um desenho complemen- tar ao genograma na compreensão da composição e estrutura relacional da família. Consiste na representação gráfica dos contatos dos membros da família com os outros sistemas so- ciais, incluindo a rede de suporte sócio-sanitário. Pode representar a pre- sença ou ausência de re- cursos sociais, culturais e econômicos, sendo emi- nentemente, um retrato de um determinado mo- mento na vida dos mem- bros da família e, portanto, dinâmico. Entende-se que uma família que tem poucas conexões com a comunida- de, e também entre seus membros, necessita de maior investimento da enfermagem, para melhorar seu bem-estar. EXEMPLO DE GENOGRAMA E SUA LEITURA INTERPRETATIVA Figura 20. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022009000100010 SERVIÇOS DA COMUNIDADE INDIVÍDUO OU FAMÍLIA CENTRO DE SAÚDE RELAÇÕES SIGNIFICATIVAS TRABALHO GRUPOS SOCIAIS FAMÍLIA EXTENSA LAZER 45SAÚDE COLETIVA Financiamento do sus O SUS tem uma clientela potencial de quase 200 milhões de pessoas, ten- do em vista a consagração do acesso gratuito à saúde para toda a popula- ção, através da Constituição de 1988. Hoje sabemos que em torno de 70% da população brasileira depende do SUS como único meio de acesso aos serviços de Saúde, cabendo ao setor privado atender os outros 30%. O tamanho da clientela nos dá a di- mensão da responsabilidade social do SUS e, ao mesmo tempo, do desafio de financiar o sistema. Desde 1988, o sis- tema de Saúde brasileiro experimen- tou diversos mecanismos de financia- mento, entretanto ainda persistem as dificuldades para atingir o volume de recursos necessários à melhoria dos serviços ofertados à população. Nesse período, o sistema conviveu com per- da de recursos e graves crises. O Artigo 198 da Constituição de 1988, parágrafos (§) 1 e 2, discorrem sobre o financiamento do SUS, con- forme descrito abaixo: § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da segu- ridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. § 2º A União, os Estados, o Distri- to Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentu- ais calculados sobre: I - no caso da União, a receita corren- te líquida do respectivo exercício fi- nanceiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento); II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, de- duzidas as parcelas que forem trans- feridas aos respectivos Municípios; III - no caso dos Municípios e do Dis- trito Federal, o produto da arrecada- ção dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. Financiamento do SUS Seguridade Social Estados Distrito Federal Municípios Outras Fontes União O que isso tudo quer dizer? Resumida- mente, significa que o financiamento 46SAÚDE COLETIVA das ações e serviços públicos de saú- de é de responsabilidade das três es- feras de gestão do Sistema Único de Saúde que, de um orçamento total, com todos os gastos, existe um per- centual que deve ser destinado para a saúde. Por exemplo, a União: de tudoaquilo que a união gasta, pelo menos 15% deve ser gasto com a saúde. Fonte de recursos • Contribuição Provisória so- bre Movimentação Financeira (CPMF): foi um imposto que inci- diu sobre todas as movimentações bancárias (exceto nas negocia- ções de ações na Bolsa, saques de aposentadorias, seguro-desem- prego, salários e transferências entre contas correntes de mesma titularidade) e vigorou no Brasil por 11 anos, sendo extinto em 1994. Uma parcela desse valor reco- lhido era destinada ao SUS. • Contribuição para o Financia- mento da Seguridade Social (COFINS): é um tributo federal que incide sobre a receita bruta das empresas e pessoas jurídicas. Criado em 1991, o imposto surgiu com o objetivo de financiar o siste- ma de seguridade social brasileiro. • Contribuição Social sobre o Lucro Líquido das Empresas (CSLL): é um tributo federal que incide sobre todas as Pessoas Ju- rídicas (PJ) domiciliadas no Brasil. Seu objetivo é o de apoiar finan- ceiramente a Seguridade Social. • Seguridade Social: Conjunto de políticas sociais cujo fim é amparar e assistir o cidadão e a sua família em situações como a velhice, a do- ença e o desemprego, e cujo princí- pio fundamental é a solidariedade. FONTE DE RECURSOS CPMF CSLL Seguridade Social COFINS Tributo federal que incidiu sobre quase todas as movimentações bancárias e vigorou no Brasil por 11 anos, sendo extinto em 1994. Criado em 1991, é um tributo federal que incide sobre a receita bruta das empresas e pessoas jurídicas. Tributo federal que incide sobre todas as Pessoas Jurídicas (PJ) domiciliadas no Brasil. Conjunto de políticas sociais cujo fim é amparar e assistir o cidadão e a sua família em situações como a velhice, a doença e o desemprego, e cujo princípio fundamental é a solidariedade https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidad%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Velhice https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Desemprego 47SAÚDE COLETIVA Como devem ser aplicados os recursos A Portaria nº 3.992, de 28 de dezem- bro de 2017, dispõe sobre o financia- mento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do Sistema Único de Saúde, onde informa que os re- cursos do Fundo Nacional de Saúde, destinados a despesas com ações e serviços públicos de saúde, a serem repassados na modalidade fundo a fundo aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios serão organizados e transferidos na forma de blocos de financiamento. Esses blocos são divididos em: • Bloco de Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde: são recursos transferidos de forma re- gular e automática para uma conta específica, para a manutenção das ações dos serviços que estão em funcionamento. É vedado utilizar esses recursos para: ◊ Servidores ou gratificações, a menos que esses servidores tenham sido contratados ex- clusivamente para as ações e serviços e que isso esteja no plano de saúde do Município. ◊ Assessorias ou consultorias ◊ Obras • Bloco de Investimento na Rede de Serviços Públicos de Saúde: são recursos que devem ser apli- cados em ações e serviços públi- cos de saúde relacionados ao pró- prio bloco, como a construção de novos investimentos, a realização de obras. É vedado utilizar esses recursos para: ◊ Órgãos e unidades voltadas para atividades administrativas ◊ Assessorias ou consulto SE LIGA! Essa portaria modificou o que ocorria antes, que eram vários blocos diferentes. Por exemplo, o município re- cebia recursos para aplicar em locais es- pecíficos, não podendo modificar o pla- nejamento. Planejamento esse que era feito sem levar em consideração as ne- cessidades de cada Município. Ou seja, essa portaria leva em conta a descentra- lização, um dos princípios do SUS. Lei Complementar nº141, de 13 de Janeiro de 2012 É a lei que, entre outras ações, regu- lamenta o § 3o do art. 198 da Cons- tituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Dis- trito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde e es- tabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas 48SAÚDE COLETIVA com saúde nas 3 (três) esferas de governo. • Ela estabelece que a União deve- rá aplicar anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, o montante correspondente ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente à va- riação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no ano ante- rior ao da lei orçamentária anual. • Os Estados e o Distrito Federal deverão aplicar anualmente, em ações e serviços públicos de saú- de, no mínimo, 12% da arrecada- ção dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam o art. 157, a alínea “a” do inciso I e o inciso II do caput do art. 159, todos da Constituição Federal, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios. • Os Municípios e o Distrito Fede- ral deverão aplicar anualmente em ações e serviços públicos de saú- de, no mínimo, 15% da arrecada- ção dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tra- tam o art. 158 e a alínea “b” do in- ciso I do caput e o § 3º do art. 159, todos da Constituição Federal. • O Distrito Federal aplicará, anual- mente, em ações e serviços públi- cos de saúde, no mínimo, 12% do produto da arrecadação direta dos impostos que não possam ser se- gregados em base estadual e em base municipal. LEI C OMPLEMENTAR 141 União Estados Distrito Federal Municípios Nas três esferas de governo Valor do exercício financeiro anterior + percentual correspondente à variação do PIB ocorrida no ano anterior 12% da arrecadação de impostos pré-estabelecidos Mesmos percentuais do Estado + Municípios + 12% de impostos que não tenham sido contemplados 15% da arrecadação de impostos pré-estabelecidos Em ações e serviços em saúde Dispõe sobre valores mínimos a serem aplicados anualmente por Regulamenta as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde Estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art155 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art157 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ia http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ia http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art156 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art158 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ib http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ib http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159%C2%A73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159%C2%A73 49SAÚDE COLETIVA Essa lei também informa que não constituirão despesas com ações e serviços públicos de saúde, aquelas decorrentes de: • Pagamento de aposentadorias e pensões. • Pessoal ativo da área de saúde quando em atividade alheia à re- ferida área. • Assistência à saúde que não aten- da ao princípio de acesso universal. • Merenda escolar e outros progra- mas de alimentação, ainda que executados em unidades do SUS (exceto o disposto no inciso II do art. 3º • Saneamento básico. • Limpeza urbana e remoção de resíduos. • Preservação e correção do meio ambiente. • Ações de assistência social. • Obras de infraestrutura. • Ações e serviços públicos de saú- de custeados com
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