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Saúde Coletiva - Super Material - SanarFlix

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SUMÁRIO
1. Medidas de saúde coletiva ..................................... 3
2. Indicadores de saúde .............................................11
3. O sistema único de saúde (sus) .........................21
4. Lei orgânica da saúde 8080/90 
e princípios do sus ........................................................50
5. Lei orgânica da saúde 8142/90 e 
participação social ........................................................63
Referências bibliográficas ........................................67
3SAÚDE COLETIVA
1. MEDIDAS DE SAÚDE 
COLETIVA
Transição demográfica
A teoria da transição demográfica, 
proposta nas primeiras décadas do 
século XX, relaciona o crescimen-
to populacional com o desenvolvi-
mento sócio-econômico. Segundo 
essa teoria, com o desenvolvimento 
econômico e o processo de moderni-
zação, as sociedades, que eram rurais 
e tinham altas taxas de natalidade 
e mortalidade, se tornariam urba-
nas e teriam essas respectivas taxas 
diminuídas. 
Ainda segundo a teoria da transi-
ção demográfica, essa mudança não 
aconteceria rapidamente, existindo 
um processo de transição, com um 
desequilíbrio demográfico e um des-
compasso entre as taxas de mortali-
dade e natalidade. Esse desequilíbrio 
é devido a uma redução precoce da 
primeira em relação à segunda, acar-
retando em um ritmo acelerado de 
crescimento populacional. O equilí-
brio seria retomado apenas em um 
momento posterior, com a redução da 
taxa de natalidade, provocando então 
uma redução no ritmo de crescimento 
populacional.
Essa teoria se mostrou verdadeira, 
ainda que hoje tenha sido constata-
do que a transição demográfica não 
ocorra da mesma maneira em todas 
as sociedades, pois múltiplos fatores 
podem influenciar nas taxas supraci-
tadas, fazendo com que o equilíbrio 
demográfico seja alcançado em sé-
culos ou em décadas apenas.
A transição demográfica brasileira 
iniciou na segunda metade do sécu-
lo XX, mais especificamente entre as 
décadas de 50 e 60, com o descenso 
da mortalidade combinado com a ma-
nutenção de níveis elevados de nata-
lidade e de fecundidade, resultando 
nas taxas de crescimento populacio-
nal mais elevadas na história do país: 
3,1 e 2,9% ao ano, respectivamente. 
Nesse momento, a pirâmide etária 
não sofreu muita transformação: a 
população permaneceu muito jovem, 
com idade média de 18 anos.
4SAÚDE COLETIVA
A partir de 1970, o Brasil experimen-
ta uma verdadeira revolução demo-
gráfica com uma diminuição nos indi-
cadores de natalidade e fecundidade 
(ainda que tenham se mantido muito 
altos). Os níveis de mortalidade con-
tinuaram em queda e observou-se o 
início do processo de envelhecimen-
to populacional: a idade mediana au-
mentou para 19 anos e a proporção 
de idosos superou 5,0%. 
A pirâmide populacional de 1990 
revelou grandes mudanças, com 
uma diminuição drástica nos indica-
dores de natalidade, fecundidade e 
mortalidade. Nesse período, a estru-
tura etária continuou seu processo de 
envelhecimento, conforme mostrou 
o Censo de 1991: a idade mediana 
aumentou para 22 anos e o índice 
de envelhecimento alcançou 20,9%, 
duas vezes maior do que o valor ob-
servado em 1950. 
Em 2010, a idade mediana aumen-
tou para 27 anos, apenas 1 em cada 
4 habitantes tinham idade inferior a 
15 anos e 10,8% tinham 60 anos ou 
mais de idade. O índice de envelhe-
cimento aumentou para 44,8%: para 
cada 100 jovens, havia 45 idosos.
PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA
1950 - 1960
Figura 1. Fonte: www.populationpyramid.net
5SAÚDE COLETIVA
SAIBA MAIS! CENSO DEMOGRÁFICO 
O censo demográfico é a principal fonte de referência para o conhecimento das condições 
de vida da população em todos os municípios do país e em seus recortes territoriais internos, 
tendo como unidade de coleta a pessoa residente, na data de referência, em domicílio do 
Território Nacional. Ele tem como objetivo contar os habitantes do território nacional, identifi-
car suas características e revelar como vivem os brasileiros, produzindo informações impres-
cindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões de investimentos da 
iniciativa privada ou de qualquer nível de governo. 
A periodicidade da pesquisa é decenal, excetuando-se os anos de 1910 e 1930, em que o 
levantamento foi suspenso, 1990, quando a operação foi adiada para 1991 e em 2020, que 
ele acaba de ser adiado para 2021 devido a pandemia de COVID-19.
generalizados, entretanto as regiões 
Sul e Sudeste sempre estavam “um 
passo à frente” das demais regiões 
praticamente em uma década, con-
forme pode-se perceber com a tabela 
abaixo. 
PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA
1990-2010
Figura 2. Fonte: www.populationpyramid.net
Ainda que na década de 70 todas 
as regiões brasileiras se encontras-
sem em processo de transição, essa 
transição não foi uniforme. A queda 
dos níveis de mortalidade (especial-
mente infantil) e o consequente au-
mento da esperança de vida eram 
6SAÚDE COLETIVA
Indicadores de estrutura etária, fecundidade e mortalidade nas grandes regiões. Brasil, 1970 a 2010. Fonte: VAS-
CONCELOS, Ana Maria Nogales; GOMES, Marília Miranda Forte. Transição demográfica: a experiência brasileira. 
Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 21, n. 4, p. 539-548, 2012. 
7SAÚDE COLETIVA
Analisando então as pirâmides etá-
rias de 1950 até 2010, podemos 
perceber que o Brasil teve seu per-
fil demográfico totalmente trans-
formado: de uma sociedade majo-
ritariamente rural e tradicional, com 
famílias numerosas e risco de morte 
na infância elevado, à uma sociedade 
predominantemente urbana, com ar-
ranjos familiares diversos e com risco 
de morte na infância reduzido. 
As mudanças continuam acontecen-
do e, certamente, no Censo de 2021, 
teremos a confirmação da projeção 
do IBGE, com uma pirâmide com a 
base mais estreita do que as demais 
e a expectativa de vida crescente.
Transição epidemiológica
As mudanças que ocorrem em uma 
sociedade normalmente ocorrem em 
conjunto, ou seja, não se muda as ca-
racterísticas econômicas de uma po-
pulação sem mudar o seu modo de 
pensar e de se organizar. 
Por isso, a transição demográfica, ex-
plicada acima, geralmente está asso-
ciada a uma transição epidemiológica, 
ou seja, existem também nessa so-
ciedade modificações nos padrões 
de morbidade, invalidez e morte. 
Wood & Carvalho, em 1988, escre-
veram que “os modos de produção 
econômica e de reprodução humana 
interagem para determinar a estru-
tura econômica e demográfica (fer-
tilidade, mortalidade e migração) de 
uma população. Além disso, fatores 
ambientais e sócio-culturais devem 
ser considerados, não sendo possível, 
portanto, separar o nível de mortali-
dade de sua estrutura e de sua rela-
ção com fatores históricos, sócio-eco-
nômicos, demográficos e ambientais”.
Nos últimos 60 anos, a população 
brasileira tem experimentado a tran-
sição epidemiológica, onde ela está 
saindo de um perfil de alta mortalida-
de por doenças infecciosas para um 
outro onde predominam os óbitos por 
doenças cardiovasculares, neopla-
sias, causas externas e outras doen-
ças crônico-degenerativas.
No Brasil, a taxa geral de mortalida-
de decresceu de 18/1000, em 1940, 
PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA
2020
Figura 3. Fonte: www.ibge.gov.br
8SAÚDE COLETIVA
para uma taxa de 6/1000 em 2015, 
segundo o IBGE. Já a expectativa de 
vida ao nascer, que era de apenas 
45,5 anos em 1940, subiu para 76 
anos em 2017.
TAXA BRUTA DE MORTALIDADE POR MIL HABITANTES
2000-2015
EXPECTATIVA DE VIDA AO NASCER (EM ANOS)
1940-2017
Figura 4. Fonte: IBGE, Projeção da População do Brasil - 2013.
Figura 4. Fonte: IBGE
A quantidade de crianças, a cada mil, 
que nasceram vivas mas morreram 
antes de completar um ano (taxa de 
mortalidade infantil), também mudou 
bastante de 1940 à 2017: 146,6 e 
12,8 respectivamente.
9SAÚDE COLETIVA
Em 1930, as doenças infecciosas 
e parasitárias (DIP) representavam 
45,7% do total de óbitos ocorridos no 
país, entretanto, em 1999, esse per-
centual caiu para apenas 5,9% dos 
óbitos com causas definidas. Enquan-
to isto, as DoençasCardiovasculares 
(DCV), seguindo uma tendência in-
versa, aumentaram sua participação 
de 11,8% para 31,3% do total dos 
óbitos ocorridos no mesmo período, 
corroborando com a teoria da transi-
ção epidemiológica.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL
1940-2017
Figura 5. Fonte: IBGE
EVOLUÇÃO DA MORTALIDADE POR CAUSA
1930-1999
Figura 6. Fonte: CARMO, Eduardo Hage; BARRETO, Maurício Lima; SILVA JR, Jarbas Barbosa da. Mudanças nos 
padrões de morbimortalidade da população brasileira: os desafios para um novo século. Epidemiologia e serviços de 
saúde, v. 12, n. 2, p. 63-75, 2003.
10SAÚDE COLETIVA
Mortalidade por causas
As estatísticas de mortalidade cons-
tituem instrumento fundamental em 
saúde pública, representando uma 
das principais fontes de informações 
para numerosos tipos de estudos epi-
demiológicos. Tendo em vista essa 
informação, o Ministério da Saúde de-
senvolveu em 1975 o Sistema de In-
formação Sobre Mortalidade (SIM), 
produto da unificação de mais de 40 
modelos de instrumentos utilizados, 
ao longo dos anos, para coletar dados 
sobre mortalidade no país. 
Os óbitos podem ser analisados quan-
to ao número e em relação a algumas 
variáveis, dentre outras, sexo, idade, lo-
cal, tempo etc., constituindo, entretanto, 
a sua causa o aspecto mais importante.
No Brasil, segundo o Departamento 
de Análise de Saúde e Vigilância de 
Doenças não Transmissíveis, da Se-
cretaria de Vigilância em Saúde, as 
principais causas de óbito são a do-
ença isquêmica do coração, seguida 
pela doença cerebrovascular e, em 
terceiro lugar, a Doença de Alzhei-
mer e outras demências (os dados 
mais atuais datam do ano de 2016). 
MORTALIDADE POR CAUSAS
2000-2016
Figura 7. Fonte: http://svs.aids.gov.br/dantps/
Ao compararmos os dados de 2000 
com os de 2016, percebemos uma 
variação grande no escore das cau-
sas, onde a Doença de Alzheimer e 
outras demências, que ocupavam o 
8º lugar, subiram para 3º. Já as compli-
cações neonatais no parto pré-termo, 
que se encontravam na 9ª colocação, 
não se encontram mais entre as 10 
causas que mais matam no Brasil.
As neoplasias vêm ocupando espaço 
no ranking geral de mortalidade do 
ano de 2016, com as neoplasias de tra-
queia, brônquios e pulmão em 10º lugar, 
que não apareciam em 2000. De acor-
do com o site do Instituto Nacional do 
Câncer (INCA), no ano de 2018, o cân-
cer matou 117.477 homens e 107.235 
mulheres e a mortalidade de acordo 
11SAÚDE COLETIVA
com a localização primária do tumor 
está demonstrada nas tabelas abaixo.
MORTALIDADE CONFORME LOCALIZAÇÃO PRI-
MÁRIA DO TUMOR (2018) - SEXO MASCULINO
Localização Primária Óbitos %
Traqueia, brônquios e pulmões 16.371 13,9
Próstata 15.576 13,3
Cólon e Reto 9.608 8,2
Estômago 9.387 8,0
Esôfago 6.756 5,8
Fígado e vias biliares 
intra-hepáticas
6.181 5,3
Pâncreas 5.497 4,7
Cavidade Oral 4.974 4,2
Sistema Nervoso Central 4.803 4,1
Laringe 3.859 3,3
Todas as neoplasias 117.477 100
Tabela 1. Fonte: MS / SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de 
Informação sobre Mortalidade, 2020. MS / INCA / Coor-
denação de Prevenção e Vigilância / Divisão de Vigilân-
cia e Análise de Situação, 2020
MORTALIDADE CONFORME LOCALIZAÇÃO PRI-
MÁRIA DO TUMOR (2018) - SEXO FEMININO
Localização Primária Óbitos %
Mama 17.572 16,4
Traqueia, brônquios e pulmões 12.346 11,5
Cólon e Reto 9.995 9,3
Colo do útero 6.526 6,1
Pâncreas 5.601 5,2
Estômago 5.374 5,0
Sistema Nervoso Central 4.506 4,2
Fígado e vias biliares 
intra-hepáticas
4.369 4,1
Ovário 3.984 3,7
Leucemias 3.316 3,1
Todas as neoplasias 107.235 100
Tabela 2. Fonte: MS / SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de 
Informação sobre Mortalidade, 2020. MS / INCA / Coor-
denação de Prevenção e Vigilância / Divisão de Vigilân-
cia e Análise de Situação, 2020
A incidência estimada conforme loca-
lização primária do tumor, ainda se-
gundo o INCA, segue o mesmo pa-
drão da mortalidade, conforme o sexo, 
estando nas três posições, no sexo 
masculino, próstata, cólon e reto e 
traqueia, brônquios e pulmões res-
pectivamente. Já no sexo feminino, 
as três neoplasias mais incidentes 
são: mama, cólon e reto e colo do 
útero.
SE LIGA! Os gráficos e tabelas do INCA 
não levam em consideração o câncer 
de pele não melanoma, pois essa é a 
neoplasia mais incidente em ambos 
os sexos, mas apresenta uma baixa 
morbimortalidade.
2. INDICADORES DE 
SAÚDE
Os indicadores de saúde são medi-
das-síntese que contêm informação 
relevante sobre determinados atri-
butos e dimensões do estado de 
saúde, bem como do desempenho 
do sistema de saúde. 
Quando analisados em conjunto, os 
indicadores devem refletir a situação 
sanitária de uma população e servir 
para a vigilância das condições de 
saúde, além de auxiliar a distribuição 
de renda entre os Estados e Municí-
pios. A construção de um indicador é 
um processo cuja complexidade pode 
variar desde a simples contagem di-
reta de casos de determinada doença, 
12SAÚDE COLETIVA
até o cálculo de proporções, razões, 
taxas ou índices mais sofisticados.
A capacidade de medir o que se pre-
tende (validade) e a capacidade de 
se reproduzir os mesmos resultados 
quando aplicado em condições simi-
lares (confiabilidade) medem o grau 
de excelência de um indicador. E a 
validade geralmente é determinada 
pela sensibilidade e especificidade.
CONCEITO: Sensibilidade: capacidade 
de detectar o fenômeno analisado.
Especificidade: capacidade de detectar 
apenas o fenômeno analisado.
Ademais, espera-se que os indica-
dores possam ser analisados e inter-
pretados com facilidade por qualquer 
usuário da informação.
Indicadores de morbimortalidade
Tendo em vista que os indicadores re-
fletem as situações demográfica, so-
cial e sanitária de uma população, os 
indicadores de morbidade e mor-
talidade traduzem diretamente as 
condições de saúde (ou falta dela).
Coeficientes são as medidas do 
tipo proporção em que, em geral, 
os eventos do numerador repre-
sentam um risco de ocorrência em 
relação ao denominador (numerador 
≠ denominador). 
SE LIGA! Os coeficientes de morbimor-
talidade expressam a probabilidade de 
adoecer ou morrer por determinada cau-
sa em uma determinada população em 
um espaço de tempo definido.
Esses eventos podem ser detectados 
em duas perspectivas diferentes: a 
primeira, em um momento e com base 
numa única aferição: a prevalência. 
A segunda corresponde à detecção 
da ocorrência de eventos ou mudan-
ças de status ao longo de períodos 
variáveis de tempo de observação 
ou acompanhamento, implicando, às 
vezes, mais de duas mensurações: a 
incidência.
Em ambos os casos, o resultado da 
divisão representa uma quantia adi-
mensional que corresponde à fração 
de indivíduos com o atributo do nu-
merador, que pode ser expressa de 
várias maneiras - em percentual, por 
mil, por cem mil etc. - dependendo da 
frequência do evento. 
Em epidemiologia, podemos elabo-
rar dois tipos de indicadores, utili-
zando coeficientes para mensura-
ção de eventos de prevalência e de 
incidência.
13SAÚDE COLETIVA
SE LIGA! A incidência e a prevalência 
são diretamente proporcionais, ou seja, 
quanto mais casos novos de uma doen-
ça eu tenho, mais casos dessa doença 
eu tenho no total. 
Fatores que alteram a prevalência
Entre os fatores que influenciam a 
prevalência de um agravo à saúde, 
excluída a migração, estão a incidên-
cia, as curas e os óbitos.
CASOS NOVOS
(INCIDÊNCIA)
CURAS
ÓBITOS
CASOS EXISTENTES
(PREVALÊNCIA)
A incidência “alimenta” a prevalência, 
ou seja, quanto mais casos novos de 
um determinado agravo, mais casos 
se tem no total. Por outro lado, depen-
dendo do agravo à saúde, as pesso-
as podem se curar ou morrer. Quanto 
maior e mais rápida a cura, ou quan-
to maior e mais rápida a mortalidade, 
mais se diminui a prevalência.
Agora, com relação à migração, a pre-
valência aumenta quando imigram 
mais pessoas com uma determinada 
doença; entretanto, a prevalência di-
minui quando emigram mais pessoas 
com determinada doença.
Coeficientes 
de Morbidade
Probabilidade de adoecer Prevalência Incidência
14SAÚDE COLETIVACoeficiente de letalidade
É a proporção entre o número de óbi-
tos de uma determinada doença e o 
número total de doentes que sofrem 
dessa doença, ao longo de um deter-
minado período de tempo. Esse co-
eficiente define o impacto que essa 
doença tem na sociedade.
COEFICIENTE DE 
LETALIDADE
Define o impacto que essa 
doença tem na sociedade.
Nº de óbitos por doença 
Total de doentes
Coeficiente de mortalidade
Diferente do coeficiente de letalida-
de, o de mortalidade não considera 
as pessoas doentes, mas sim a po-
pulação em geral. É uma medida do 
número total de óbitos (geral ou por 
uma causa específica) em uma deter-
minada população em um período de 
tempo.
COEFICIENTE DE 
MORTALIDADE
Permite comparar o 
nível de saúde de diferentes 
regiões ao longo do tempo. 
Nº de óbitos (geral ou 
por causa específica)
População
Coeficiente de mortalidade 
materna
Morte materna, segundo o CID-10, 
é a “morte de uma mulher durante a 
gestação ou até 42 dias após o térmi-
no da gestação, independente da du-
ração ou da localização da gravidez, 
devida a qualquer causa relacionada 
com ou agravada pela gravidez ou 
por medidas em relação a ela, porém 
não devida a causas acidentais ou 
incidentais”.
Esse coeficiente estima a frequência 
de óbitos femininos em idade fértil 
atribuídos às causas ligadas a gra-
videz, parto e puerpério, em relação 
ao total de gestações. Ele reflete a 
qualidade da assistência à saúde da 
mulher.
15SAÚDE COLETIVA
Taxas elevadas desse coeficiente es-
tão associadas a uma prestação de 
serviços insatisfatórios a esse grupo.
Morte materna tardia tem o mesmo 
conceito de morte materna, entretan-
to, ocorre após 42 dias e em menos 
de 1 ano do parto. A morte materna 
por sequela de causa obstétrica dire-
ta é aquela que ocorre em um ano ou 
mais após o parto.
avaliação dos níveis de saúde e de 
desenvolvimento sócio econômico da 
população.
Assim como a mortalidade materna, 
a mortalidade nos recém nascidos e 
bebês também é dividida em mortali-
dade neonatal precoce, neonatal tar-
dia e pós neonatal.
COEFICIENTE DE 
MORTALIDADE 
MATERNA
Reflete a qualidade da 
assistência à saúde da mulher
Nº total de óbitos 
por causas maternas
Nascidos vivos
Coeficiente de mortalidade infantil
Esse coeficiente estima o risco de um 
indivíduo morrer em seu primeiro ano 
de vida, tem o potencial de subsidiar 
processos de planejamento, ges-
tão e avaliação de políticas e ações 
da atenção ao pré-natal e ao parto, 
sendo um indicador utilizado para a 
1
Coeficiente de 
mortalidade materna Morte materna tardia
Morte materna por sequela 
de causa obstétrica direta
Morte de uma mulher 
durante a gestação ou até 
42 dias após o término da 
gestação, independente da 
duração ou da localização da 
gravidez, devida a qualquer 
causa relacionada com ou 
agravada pela gravidez ou 
por medidas em relação a ela, 
porém não devida a causas 
acidentais ou incidentais.
Apresenta o mesmo conceito 
de morte materna, entretanto, 
ocorre após 42 dias e em 
menos de 1 ano do parto.
É aquela que ocorre em um 
ano ou mais após o parto, 
porém não é devido a causas 
acidentais ou incidentais, mas 
sim a causas diretamente 
ligadas ao parto ou pós parto.
2 3
16SAÚDE COLETIVA
SAIBA MAIS! 
Há consistente tendência de redução da mortalidade infantil em todas as regiões brasilei-
ras, o que reflete a melhoria nas condições de vida, o declínio da fecundidade e o efeito de 
intervenções públicas nas áreas de saúde, saneamento e educação da mãe, entre outros as-
pectos. Os dados mais recentes de mortalidade infantil por causa no Brasil datam de 2015 e 
apontam que prematuridade é a principal causa de óbito em menores de cinco anos há, pelo 
menos, 15 anos. As anomalias congênitas correspondem à segunda causa de morte nesse 
período, seguido por asfixia e traumas no nascimento.
COEFICIENTE DE 
MORTALIDADE 
INFANTIL
Reflete as condições de 
desenvolvimento socioeconômico e 
infraestrutura ambiental e o acesso e 
a qualidade dos recursos disponíveis 
para atenção à saúde materna e da 
população infantil.
Nº total de óbitos em 
menores de 1 ano
Nascidos vivos
1
Morte neonatal precoce Morte neonatal tardia Morte pós neonatal
Acontece entre 0 e 
6 dias de vida.
Acontece entre 7 e 
27 dias de vida.
Acontece entre 28 e 
364 dias de vida.
2 3
17SAÚDE COLETIVA
2015
MUDANÇA 
% (TAXAS)POSIÇÃO - CAUSA DO ÓBITO N
TAXA POR 
1.000 NV
1 Prematuridade 9.588 3,18 -72
2 Anomalias congênitas 9.242 3,06 -7
3 Asfixia e trauma no nascimento 5.834 1,93 -49
4 Septicemia e outras infecções neonatais 5.112 1,69 -34
5 Insfecções do trato respiratório inferior 4.677 1,55 -81
6 Outras desordens neonatais 4.405 1,46 36
7 Doenças diarreicas 1.761 0,58 -95
8 Meningite 945 0,31 -79
9 Desnutrição 938 0,31 -87
10 Aspiração de corpo estranho 806 0,27 -34
11 Acidentes de trânsito 734 0,24 -63
12 Afogamento 417 0,14 -61
13 Homícidio 401 0,13 -40
14 Desordens endócrinas, metabólicas, sanguíneas e imunes 396 0,13 18
15 Cardiomiopatia e miocardite 371 0,12 -50
16 HIV/aids 368 0,12 29
17 Leucemia 322 0,11 -18
18 Outras doenças cardiovasculares 307 0,10 -56
19 Síndrome da morte súbita infantil 258 0,09 53
20 Outras neoplasias 235 0,08 -39
25 Doenças cerebrovasculares 211 0,07 -73
26 Sífilis 208 0,07 -87
27 Doenças hemolíticas e outras icterícias neonatais 199 0,07 -77
30 Queimaduras 170 0,06 -79
40 Coqueluche 80 0,03 -95
74 Sarampo 3 0,00 -100
Tabela 3. Ordenação segundo taxas das principais causas de mortalidade em menores de 5 anos por 1.000 
nascidos vivos (NV). Brasil, 2015. Fonte: FRANÇA, Elisabeth Barboza et al. Principais causas da mortalidade 
na infância no Brasil, em 1990 e 2015: estimativas do estudo de Carga Global de Doença. Revista brasileira 
de epidemiologia, v. 20, p. 46-60, 2017.
Já as principais causas de mortalidade perinatal estão associadas à prematuridade, à asfixia, 
às infecções intra-uterinas, à toxemia gravídica e às malformações múltiplas. Essas causas 
diferem das referidas ao período neonatal, cujas principais são as infecções agudas intra-u-
terinas, os problemas respiratórios, as malformações, a prematuridade e a infecção pós-natal. 
18SAÚDE COLETIVA
Índices
Os índices são medidas do tipo “pro-
porção”, ou seja, todas as unidades do 
numerador estão contidas em um deno-
minador mais amplo, isto é, o numera-
dor é um subconjunto do denominador.
Ora o termo índice é usado como si-
nônimo de indicador, ora com uma 
conotação mais abrangente expondo 
situações multidimensionais do pro-
blema estudado e incorporando em 
uma medida única, diferentes aspec-
tos ou diferentes indicadores.
Índice de envelhecimento
Um forma de aferir quantitativamente 
o envelhecimento populacional é por 
meio do Índice de Envelhecimento (IE), 
que mede a relação entre o número 
de pessoas de 60 e mais anos de 
idade, para cada 100 pessoas me-
nores de 15 anos de idade, na popu-
lação residente em determinado espa-
ço geográfico, no ano considerado. O 
processo de envelhecimento caminha 
a passos largos no Brasil e no mundo, 
conforme afirma a revisão de 2019 da 
Divisão de População da ONU. 
Essa mesma revisão informa que, glo-
balmente, o número de idosos, que 
atualmente é de 703 milhões, deverá 
mais do que dobrar nos próximos 30 
anos, atingindo 1,5 bilhão de pesso-
as em 2050. Como parcela da popu-
lação mundial, o número de pesso-
as com 65 anos ou mais e projetada 
para aumentar de 6% hoje para 16% 
até 2050. Regiões que se espera tes-
temunhar o maior número relativo
O aumento do número de idosos in-
clui o norte da África e a Ásia Ociden-
tal (+ 230%), a África Subsaariana (+ 
220%), Oceania (+ 190%), Ásia Cen-
tral e do Sul (+ 180%), América Latina 
e Caribe (+ 160%) e Leste e Sudeste 
da Ásia (+ 120%).
Esse índice, ao refletir o envelhecimento 
populacional, auxilia a formulação, ges-
tão e avaliação de políticas públicas nas 
áreas de saúde e de previdência social. 
Valores elevados desse índice indicam 
que a transição demográfica encontra-
-seem estágio avançado. 
ÍNDICE DE 
ENVELHECIMENTO
Reflete o envelhecimento 
populacional, auxiliando a 
formulação, gestão e avaliação 
de políticas públicas nas áreas de 
saúde e de previdência social. 
População ≥ 60 anos
População < 15 anos
Razão de dependência
Razão entre o segmento etá-
rio da população definido como 
economicamente depen-
dente (os menores de 15 
anos de idade e os de 60 
e mais anos de idade) e o 
segmento etário poten-
cialmente produtivo (entre 
19SAÚDE COLETIVA
15 e 59 anos de idade), na população 
residente em determinado espaço 
geográfico, no ano considerado. 
A razão de dependência pode ser cal-
culada, separadamente, para as duas 
faixas etárias identificadas como popu-
lação dependente e mede a participa-
ção relativa do contingente populacio-
nal potencialmente inativo, que deveria 
ser sustentado pela parcela da popula-
ção potencialmente produtiva.
Valores elevados indicam que a popula-
ção em idade produtiva deve sustentar 
uma grande proporção de dependentes, 
o que significa consideráveis encargos 
assistenciais para a sociedade. 
RAZÃO DE 
DEPENDÊNCIA
Mede a participação relativa 
do contingente populacional 
potencialmente inativo, que deveria 
ser sustentado pela parcela da 
população potencialmente produtiva. 
População 0-14 anos e ≥ 60 anos
População 15-59 anos
SAIBA MAIS! Índice de Swaroop-Uemura.
Em 1952, a ONU convocou um Comitê de Peritos com o fim de elaborar a maneira mais ade-
quada para medir os “níveis de vida”, que sugeriu uma série de doze componentes, figurando 
dentre eles “saúde, incluindo condições demográficas”.
O primeiro indicador criado para medir “saúde, incluindo condições demográficas” foi o de 
SWAROOP & UEMURA, a Razão de Mortalidade Proporcional.
Esse índice compara dois grupos de países que classificados como “desenvolvidos” e “sub-
desenvolvidos”, e calcula, pela técnica da função discriminante linear, os valores da distância 
quadrática generalizada de Mahalanobis (D2) referentes às percentagens de óbitos contadas 
a partir de cada um dos limites dos grupos etários usuais. Com isso, Swaroop e Uemura ve-
rificaram, assim, que o maior valor de D2 era obtido quando a percentagem de óbitos cor-
respondia ao grupo de 50 
anos ou mais. Mesmo iso-
ladamente ou em combi-
nações, outros indicadores 
(Coeficiente de Mortalida-
de Infantil, Esperança de 
Vida e Coeficiente de Mor-
talidade Geral Bruto) não 
forneciam valores maiores.
Esse índice também refle-
te a situação de saúde dos 
países analisados.
ÍNDICE DE 
SWAROOP-
UEMURA
Mede a situação de saúde 
de uma população, com base 
na idade da população de 
maior mortalidade.
Mortalidade ≥ 50 anos
Mortalidade
20SAÚDE COLETIVA
Curvas de Nelson Moraes
No ano de 1957, após a publicação da 
ONU, com os indicadores criados para 
medir “saúde, incluindo condições de-
mográficas”, incluindo o de Swaroop 
e Uemura, foram publicadas também 
sugestões sobre a realização de estu-
dos sobre a mortalidade proporcional 
em determinadas idades (outras que 
não a de 50 anos ou mais).
Nelson Moraes, em 1959, estudando 
a mortalidade proporcional para as 
idades: menores de 1 ano, 1 a 4, 5 a 
19, 20 a 49 e 50 anos e mais, propôs 
um novo indicador, a Curva de Mor-
talidade Proporcional. 
Este indicador apresenta uma sé-
rie de vantagens: dispensa os dados 
de população, é fácil de calcular, in-
clui o indicador de Swaroop e Uemu-
ra, e além disso, permite visualiza-
ção da situação pois é representado 
graficamente.
CURVAS DE NELSON MORAES
Variações da curva de mortalidade proporcional
Figura 10. Fonte: Laurenti et al, 1985
CURVAS DE NELSON MORAES
Variações da curva de mortalidade proporcional
Figura 11. Fonte: Laurenti et al, 1985
21SAÚDE COLETIVA
Interpretação das curvas:
• Tipo I - Nível de saúde muito bai-
xo: Observa-se nessa curva uma 
grande mortalidade infantil, segui-
da por uma grande mortalidade de 
adultos jovens e a população não 
chega a envelhecer. Esse país está 
em crise, pois a mortalidade infantil 
está alta, mas a de adultos jovens 
também, ou seja, pode estar exis-
tindo muita violência (que acomete 
mais essa faixa etária) ou guerras.
• Tipo II - Nível de saúde baixo: Ob-
serva-se nessa curva que a mor-
talidade infantil e muito alta e a 
população não chega a envelhe-
cer, não existindo então um outro 
pico de mortalidade (na população 
idosa).
• Tipo III - Nível de saúde regu-
lar: Observa-se nessa curva que 
a mortalidade infantil é relativa-
mente elevada, seguida por uma 
baixa mortalidade em adultos jo-
vens e a mortalidade cresce nova-
mente com o envelhecimento da 
população.
• Tipo IV - Nível de saúde elevado: 
Observa-se nessa curva que há 
pouca mortalidade infantil, prati-
camente nenhuma mortalidade 
em adultos jovens e a mortalidade 
cresce com o envelhecimento da 
população.
3. O SISTEMA ÚNICO DE 
SAÚDE (SUS)
A história do sus
Do descobrimento ao império
O período colonial brasileiro durou 
quase três séculos e, durante esse 
período, o país conviveu com precá-
rios serviços de saúde e uma qua-
se absoluta ausência de atuação do 
Estado nesse campo. As doenças in-
fecto-contagiosas eram frequentes e 
dizimavam a população por causa da 
falta total de saneamento básico. A 
medicina que se empregava na épo-
ca era o curandeirismo, com jesuítas 
e índios atuando dessa forma para a 
população como um todo. Apenas a 
pequena parcela da população que ti-
nha dinheiro, conseguia atendimento 
médico especializado.
SE LIGA! Como ainda não existia ne-
nhuma faculdade de medicina no Brasil, 
os médicos que aqui estavam eram pou-
cos e os medicamentos eram escassos, 
pois não eram fabricados no Brasil.
As primeiras instituições de saúde fo-
ram criadas apenas com a chegada da 
Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, 
no início do século XIX, mas somen-
te no século XX, com a introdução e 
consolidação da medicina científica 
no país, que iniciamos a formulação 
e execução de políticas e de serviços 
técnicos de saúde. 
22SAÚDE COLETIVA
Brasil república
Ao final do Império e início da Primei-
ra República, o Estado começou a se 
especializar na atenção a segmentos 
populacionais marginalizados ou que 
pudessem ameaçar a saúde pública 
– os loucos e os portadores de doen-
ças infecto-contagiosas e as Santas 
Casas assumiram o cuidado dos po-
bres e as comunidades de imigrantes. 
A medicina liberal ocupava-se da-
queles que podiam pagar.
As doenças infecciosas continuaram 
dizimando a população brasileira: fe-
bre amarela, sarampo, tuberculose, 
sífilis etc.
SAIBA MAIS! A REVOLTA DA VACINA
A vacina contra varíola foi declarada obrigatória para a população brasileira em 1837 e 1846 
para crianças e adultos respectivamente. Como a produção da vacina era pequena, o governo 
não “fazia questão” de cumprir com a resolução, porém, em 1904, Oswaldo Cruz motivou o 
governo a enviar ao Congresso um projeto para reinstaurar a obrigatoriedade da vacinação 
em todo o território nacional, de modo que apenas os indivíduos que comprovassem ser va-
cinados conseguiriam contratos de trabalho, matrículas em escolas, certidões de casamento, 
autorização para viagens etc.
E foi a aprovação dessa lei o estopim para o episódio conhecido como Revolta da Vacina, que 
não foi um movimento somente contra a vacinação obrigatória, mas também contra a forma 
com que a lei foi aplicada e contra as reformas urbanas e sanitárias que mudaram a geografia 
da cidade e o cotidiano de sua população.
Durante esse período, o Ministério 
da Saúde ainda não existia, ficando 
a cargo do Ministério da Justiça as 
questões referentes à saúde da po-
pulação brasileira. Foi durante a Re-
pública Velha que a economia base-
ada na cana de açúcar foi perdendo 
força, o que fez com que pessoas do 
país inteiro migrassem para o Sudes-
te, superpopulando uma região que 
ainda tinha um saneamento básico 
precário.
As caixas de aposentadoria e 
pensões (CAPs)
Nas décadas de 1920 e 1930 a in-
dústria cresceu bastante e, juntamen-
te com ela, as greves e as questões 
referentes àlegislações trabalhistas 
e previdenciárias. Em resposta a um 
longo processo de luta dos traba-
lhadores por melhores condições 
de vida e de trabalho, passou a se 
constituir um sistema previdenciário, 
caracterizado, inicialmente, pela cria-
ção das CAPS, pelas empresas para 
seus empregados, e que incluíam as 
assistências médica e farmacêutica 
entre os benefícios oferecidos.
23SAÚDE COLETIVA
SE LIGA! A lei de criação das Caixas de 
Aposentadorias e Pensões, de 1923, é 
considerada a primeira lei de previdên-
cia social. Também conhecida como Lei 
Elói Chaves, nome do autor do projeto, 
ela concedia aos trabalhadores associa-
dos às Caixas ajuda médica, aposenta-
doria, pensões para dependentes e au-
xílio funerário.
A criação das CAPs não era uma ini-
ciativa pensando na saúde pública. O 
grande exemplo disso é quando pen-
samos nos primeiros beneficiários: 
portuários e marítimos. Essas cate-
gorias eram essenciais, com isso, pre-
cisávamos deles saudáveis para que 
os produtos fossem exportados cor-
retamente, ou seja, era uma iniciativa 
econômica. 
Dada a insuficiência de recursos para 
a instalação e manutenção de redes 
próprias de serviços de saúde, as cai-
xas passaram, desde cedo, a comprar 
serviços da iniciativa privada, estimu-
lando o desenvolvimento de um setor 
empresarial médico. 
CAPS
Aposentadoria Ajuda médica Auxílio funerário Pensões para dependentes
Concedia aos 
trabalhadores 
associados
Criadas pela 
Lei Elói Chaves
Os primeiros 
beneficiários foram os 
portuários e marítimos
SE LIGA! Na República Velha, a população que não tinha 
acesso às Caixas de Aposentadoria e Pensões deixava a 
sua saúde à cargo das Santas Casas de Misericórdia e da 
Medicina Liberal, que ainda estava em vigor no país.
O Estado, nesse momento, era responsável pela vacinação 
da população e estava realizando o Saneamento do Porto 
de Santos, a diminuir a propagação de doenças nessa lo-
calização e, consequentemente, melhorar a economia.
24SAÚDE COLETIVA
Institutos de aposentadorias e 
pensões (IAPs)
A partir de 1930, durante o processo 
de centralização política e adminis-
trativa do primeiro Governo Vargas e 
do Estado Novo, o Estado começou a 
participar diretamente da saúde pú-
blica, ao criar os IAPs, que absorveram 
as CAPs. Diferentemente dos CAPs, 
que eram de empresas específicas, 
os IAPs eram relativos a categorias. 
Dessa forma, foi criado o Instituto de 
Aposentadoria e Pensões dos Marí-
timos (IAPM) em junho de 1933, ao 
qual se seguiram o dos Comerciários 
(IAPC) em maio de 1934, o dos Ban-
cários (IAPB) em julho de 1934, o dos 
Industriários (IAPI) em dezembro de 
1936, e os de outras categorias pro-
fissionais nos anos seguintes. Em fe-
vereiro de 1938, foi criado o Instituto 
de Previdência e Assistência aos Ser-
vidores do Estado (IPASE).
SE LIGA! Como a expectativa de vida 
da população ainda era baixa, muitos 
dos contribuintes dos IAPs morriam 
ainda jovens, fazendo com que esses 
Institutos não tivessem muitos gastos 
com aposentadorias. Com o acúmulo de 
dinheiro, muitos IAPs criaram hospitais 
para atender as categorias, objetivando 
apenas a cura das doenças e manuten-
ção dos trabalhadores saudáveis sem a 
perda de mão de obra.
Após 1945, os Institutos de Aposen-
tadoria e Pensões expandiram suas 
áreas de atuação, que passaram a 
incluir serviços na área de alimenta-
ção, habitação e saúde. Essa amplia-
ção de funções, porém, não foi acom-
panhada da necessária reformulação 
da sua gestão financeira, o que acar-
retou sérios problemas posteriormen-
te. A falta de um planejamento central 
foi também responsável por graves 
disparidades na qualidade do atendi-
mento oferecido às diversas catego-
rias profissionais. Nesse período, as 
pessoas que não tinham acesso aos 
IAPs novamente ficavam a mercê das 
Santas Casas de Misericórdia. 
A saúde pública ainda estava foca-
da no combate às doenças trans-
missíveis, mas em 1953 é formado 
o Ministério da Saúde, dando uma 
maior esperança para a população 
necessitada. 
Instituto nacional de previdência 
social (INPS)
Em novembro de 1966, com a refor-
ma previdenciária, todos institutos 
que atendiam aos trabalhadores do 
setor privado (dos marítimos (IAPM), 
dos comerciários (IAPC), dos bancá-
rios (IAPB), dos industriários (IAPI), 
dos empregados em transportes e 
cargas (IAPETEC) e o dos ferroviá-
rios e empregados em serviços pú-
blicos (IAPFESP)) foram unificados 
no Instituto Nacional de Previdência 
Social (INPS). Todos os trabalhado-
res formais dessas categorias, que 
contribuíam, tinham acesso ao fundo 
25SAÚDE COLETIVA
do INPS; já os trabalhadores que não 
eram dessas categorias, só teriam 
acesso ao fundo do INPS se contribu-
íssem de forma dobrada.
Os benefícios do INPS consistiam em 
aposentadorias (por invalidez, ve-
lhice ou tempo de serviço), pensões, 
auxílios (natalidade, doença, funeral 
etc.), abonos, pecúlios, salários-fa-
mília, salários-maternidade e segu-
ros por acidente de trabalho.
Desde o seu início, o INPS apresentou 
uma política de assistência médica 
com prioridade para a contratação de 
serviços de terceiros, em detrimen-
to dos serviços médicos próprios da 
previdência social. O funcionamento 
dessa política privilegiava o setor pri-
vado, a partir do momento que eles fi-
nanciavam a construção de hospitais 
privados, credenciavam esses hospi-
tais para a compra de serviços pelo 
INPS e estabeleciam convênios com 
empresas, através do qual o INPS 
lhes devolvia parte de sua contribui-
ção previdenciária desde que elas as-
sumissem os encargos de assistência 
médica de seus empregados. 
A grande movimentação financei-
ra em torno do Estado e setor priva-
do resultou em investimentos fora 
da educação, como a construção da 
ponte Rio-Niteroi, além de diversos 
escândalos de fraude.
SAIBA MAIS! 
Foi somente com a constituição de 1988, ao destinar um orçamento próprio para a Segurida-
de Social, que a Assembleia Constituinte assegurou proteção jurídica contra a utilização de 
seus recursos para outros fins, impedindo assim o desvio de recursos destinados à Previdên-
cia Social.
“Artigo 167 / VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orça-
mentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, 
fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º”
Nestes termos, a Constituição Federal de 1988, proibiu a utilização de recursos da Segurida-
de Social para outros fins, salvo se houver, nesse caso, autorização do Congresso Nacional e, 
ainda assim, desde que não sejam utilizados recursos provenientes das contribuições sociais 
efetuadas pelas empresas sobre a folha de salários e pelos empregados.
26SAÚDE COLETIVA
INPS
Surgiram com a reforma 
previdenciária
Resultado da 
unificação dos IAPs
Concedia aos 
trabalhadores associados
Tinham acesso ao fundo Política de assistência médica priorizando o setor privado
Aposentadorias e pensões
Salário-família e 
salário-maternidade
Auxílios natalidade, 
doença, funeral etc.
Seguros por 
acidente de trabalho
Financiamento 
para a construção de 
hospitais privados
Credenciamento desses 
hospitais para a compra de 
serviços pelo INPS
Convênio com 
empresas privadas para 
troca de serviços
Trabalhadores formais 
das categorias atendidas
Trabalhadores formais de 
outras categorias
Contribuindo de 
forma dobrada
27SAÚDE COLETIVA
O instituto nacional de assistência 
médica da previdência social 
(INAMPS)
Com o desmembramento do Insti-
tuto Nacional de Previdência Social 
(INPS), que hoje é o Instituto Nacional 
de Seguridade Social (INSS), surgiu o 
INAMPS. O Instituto dispunha de es-
tabelecimentos próprios, mas a maior 
parte do atendimento era realizado 
pela iniciativa privada e os convê-
nios estabeleciam a remuneração 
por procedimento.
SE LIGA! O INAMPS representava uma 
política de saúde com viés econômico, 
que não visava o bem estar do cidadão 
brasileiro, já que ele surgiu, como os ou-
tros sistemas de saúdeaté então, a par-
tir da pressão de indústrias e grandes 
empresas do país para que seus funcio-
nários não perdessem dias de trabalho 
e que, caso doentes, pudessem retornar 
ao serviço com mais agilidade.
INAMPS
Modelo assistencialista Política de atendimento
Excludente
Hospitalocêntrico e curativista
Centralizado
Possuíam 
estabelecimentos próprios
Muitos atendimentos eram 
realizados através do setor privado
Estabeleciam convênios que 
remuneravam por procedimentos
Cada procedimento tinha 
um preço e um código
Realizavam pacotes 
de procedimentos
Utilizavam os códigos de 
procedimentos mais caros
O governo fazia pacotes de proce-
dimentos, por exemplo, ele poderia 
pagar por uma determinada quan-
tidade de radiografias e outra quan-
tidade de apendicectomias e esses 
procedimentos eram “lançados” no 
sistema através de um código. Esse 
tipo de sistema dava lugar a fraudes, 
onde um procedimento era realiza-
do, mas se utilizava o código de outro 
que o governo pagava um valor mais 
elevado.
Até esse momento, a atuação do Minis-
tério da Saúde se resumia às atividades 
de promoção de saúde e prevenção de 
doenças (por exemplo, campanhas de 
vacinação e controle de epidemias), re-
alizadas em caráter universal, e à assis-
tência médico-hospitalar para poucas 
28SAÚDE COLETIVA
doenças. Ou seja, não existia uma polí-
tica de saúde que atendia a população 
que não tinha acesso ao atendimen-
to pelo Instituto Nacional de Assis-
tência Médica da Previdência Social 
(INAMPS), criado em 1974, já que esse 
Instituto atendia somente a população 
formada por aqueles que trabalhavam 
em empregos formais e contribuíam 
com a Previdência Social.
SE LIGA! Em 1984, as pessoas desem-
pregadas representavam 7,1% da po-
pulação economicamente ativa. Essas 
pessoas não tinham acesso aos servi-
ços oferecidos pelo INAMPS e tinham 
que recorrer ao sistema privado ou aos 
poucos serviços municipais, estaduais 
e de instituições assistencialistas, como 
Santas Casas de Misericórdia ou hospi-
tais universitários.
Nessa época, Municípios e Estados 
que possuíam capacidade orçamen-
tária podiam atender a população 
por meio de seus próprios postos de 
saúde ou hospitais, além dos serviços 
básicos. Aqueles com menos dinhei-
ro ficavam limitados às campanhas 
financiadas pelo Governo Federal. 
A reforma sanitária brasileira
O movimento da Reforma Sanitária bra-
sileira se iniciou no início da década de 
70, como forma de oposição ao regime 
militar, no meio acadêmico, mas se es-
tendendo por outros setores da socie-
dade, incluindo o partido de oposição 
da época — o Movimento Democrático 
Brasileiro (MDB), atual Partido do Movi-
mento Democrático Brasileiro (PMDB). 
A crise do financiamento da previdên-
cia social repercutiu no INAMPS, que 
começou o seu declínio no final da dé-
cada de 80, especialmente por consti-
tuir um sistema com inúmeros casos 
de corrupção e fraudes de prestado-
res privados. Ao longo dessa década, 
o Instituto passou por sucessivas mu-
danças, com democratização e univer-
salização progressiva do atendimento, 
já em uma transição para o SUS.
Figura 12. Fonte: http://politicasemfake.blogspot.
com/2017/01/governo-itamar-franco.html
29SAÚDE COLETIVA
SE LIGA! As modificações ocorridas no INAMPS no 
final da década de 80 advinham da compreensão de 
que mesmo a população que não tem carteira assi-
nada paga impostos, com isso, essas pessoas devem 
ter acesso aos serviços públicos.
REFORMA 
SANITÁRIA
Movimento com ampla 
participação popular
Buscavam um novo 
modelo de saúde
Profissionais de saúde
Estudantes
Políticos
Universal
Visa a cura, mas 
também a prevenção
Descentralizado
Ampla participação popular
Saúde como um 
direito de todos
Cada região tem 
as suas demandas
Onde os usuários têm voz
O INAMPS foi extinto em 1993, com 
a Lei n° 8.689, em meio a um pro-
cesso gradual de implementação da 
saúde pública integral e universal que 
vinha sendo construída antes mesmo 
da criação do SUS.
8ª Conferência nacional 
de saúde
Figura 13. Fonte: http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/
oitava-conferencia-nacional-de-saude-o-sus-ganha-forma
A 8ª Conferência Nacio-
nal de Saúde (CNS) ocor-
reu entre 17 e 21 de mar-
ço de 1986, no mandato 
do presidente José Sarney, 
primeiro presidente do pós 
ditadura, sendo um marco 
importante na história do 
SUS e na propagação do 
movimento da Reforma 
Sanitária Brasileira.
30SAÚDE COLETIVA
SE LIGA! O relatório final da 8ª CNS 
aponta a importante conclusão de que 
as mudanças necessárias para a melho-
ria do sistema de saúde brasileiro não 
seriam alcançadas apenas com uma 
reforma administrativa e financeira. Era 
preciso que se ampliasse o conceito de 
saúde e se fizesse uma revisão da legis-
lação. Em outras palavras, era preciso 
implantar uma Reforma Sanitária.
Durante a 8ª CNS foram debatidos 
três temas principais: ‘A saúde como 
dever do Estado e direito do cida-
dão’, ‘A reformulação do Sistema 
Nacional de Saúde’ e ‘O financia-
mento setorial’; e o seu resultado foi 
a implantação do Sistema Unificado 
e Descentralizado de Saúde (SUDS), 
um convênio entre o INAMPS e os 
governos estaduais. Além disso, foi 
durante a conferência que foi criada a 
Comissão Nacional da Reforma Sani-
tária (CNRS), que funcionou de agos-
to de 1986 a maio de 1987, com a 
função de trabalhar tecnicamente em 
um documento para ser entregue à 
Assembleia Nacional Constituinte.
Foi através da CNRS que foi elabora-
do o documento com todo o arcabou-
ço técnico sobre a criação do SUS, 
que foi enviado à Comissão da Ordem 
Social e, de lá, foi para a Comissão de 
Sistematização, que era responsável 
por elaborar o projeto final da Consti-
tuição de 1988. 
A CONSTITUIÇÃO DE 1988
O direito à saúde foi inserido na 
Constituição Federal de 1988 no seu 
Art. 6º, onde ela estabelece a saúde 
como direito social fundamental:
“Art. 6º: São direitos sociais a educa-
ção, a saúde, a alimentação, o traba-
lho, a moradia, o transporte, o lazer, 
a segurança, a previdência social, a 
proteção à maternidade e à infância, 
a assistência aos desamparados, na 
forma desta Constituição.”
Em seguida, no Art. 196, a Consti-
tuição Federal de 1988 reconhece a 
saúde como direito de todos e de-
ver do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que 
visem à redução do risco de doença 
e de outros agravos e ao acesso uni-
versal e igualitário às ações e servi-
ços para sua promoção, proteção e 
recuperação.
Os artigos 197 e 198 também confir-
mam a criação do sistema público de 
saúde de que dispomos hoje. O Arti-
go 197 declara serem de relevância 
pública essas ações e serviços, ca-
bendo ao poder público dispor sobre 
sua regulamentação, execução e fis-
calização; e o Artigo 198 determina 
a organização das ações e serviços 
públicos de saúde por meio de uma 
rede regionalizada e hierarquizada, 
constituindo um sistema único, sob 
diretrizes de descentralização, aten-
dimento integral e participação da 
comunidade. 
31SAÚDE COLETIVA
SE LIGA! Através do site abaixo você 
terá acesso a toda a Constituição Bra-
sileira: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/constituicao/constituicao.htm
O sus hoje
Hoje, mais de 30 anos após a criação 
do SUS, temos um sistema de prote-
ção social de grande impacto; um dos 
maiores e mais complexos sistemas 
de saúde pública do mundo, abran-
gendo desde o simples atendimen-
to para avaliação da pressão arterial, 
por meio da Atenção Primária, até o 
transplante de órgãos, garantindo 
acesso integral, universal e gratuito 
para toda a população do país.
O seu impacto tem relação com a 
atenção integral à saúde, e 
não somente aos cuidados 
assistenciais; com o foco na 
saúde com qualidade de vida; 
com a prevenção e promoção 
de saúde e com o seu caráter 
universal, sendo um direito de 
todos os brasileiros.
O Programa Nacional de 
Imunização (PNI), reconheci-
do internacionalmente, é res-
ponsável por 98% do merca-
do de vacinas do país. O Brasil 
garante à população acesso gratuitoa todas as vacinas recomendadas 
pela Organização Mundial de Saúde 
(OMS), disponibilizando 17 vacinas 
para combater mais de 20 doenças, 
em diversas faixas etárias, na rede 
pública de todo o país. Há ainda ou-
tras 10 vacinas especiais para grupos 
em condições clínicas específicas, 
como portadores de HIV, disponíveis 
nos Centros de Referência para Imu-
nobiológicos Especiais (CRIE).
Entretanto, falta de leitos hospitalares, 
insatisfação dos profissionais com as 
condições de trabalho, insatisfação 
da população com a dificuldade do 
acesso e escassez de recursos cons-
tituem o cenário de grande parte do 
Sistema Único de Saúde. 
O SUS, assim como outros setores, é 
passível de fraudes e corrupção que 
permitem esse cumprimento desfa-
vorável dos direitos assegurados pela 
Constituição brasileira.
Figura 14. Fonte: https://www.acritica.com/channels/cotidiano/
news/consultas-e-exames-pelo-sus-criam-filas-virtuais
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
32SAÚDE COLETIVA
Atenção primária
Através da Portaria nº 2.436, de 21 
de setembro de 2017, o Ministério da 
Saúde aprova a Política Nacional de 
Atenção Básica - PNAB, com vis-
tas à revisão da regulamentação de 
implantação e operacionalização vi-
gentes, no âmbito do Sistema Único 
de Saúde (SUS), estabelecendo-se as 
diretrizes para a organização do com-
ponente Atenção Básica, na Rede de 
Atenção à Saúde (RAS).
Figura 15. Fonte: http://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2013/03/medica-do-samu-e-detida-com-
-seis-dedos-de-silicone-em-ferraz.html
33SAÚDE COLETIVA
CONCEITO: Os termos Atenção Básica 
(AB) e Atenção Primária à Saúde (APS) 
são termos equivalentes!
ATENÇÃO 
BÁSICA
Conjunto de ações de saúde 
individuais, familiares e coletivas
Práticas de cuidado integrado
Gestão através de uma 
equipe multiprofissional
Política de territorialização
Visam a
Promoção
Prevenção
Proteção
Diagnóstico
Tratamento
Reabilitação
Redução de danos
Cuidados paliativos
Vigilância em saúde
Segundo a portaria, a Atenção Básica 
é o “conjunto de ações de saúde indivi-
duais, familiares e coletivas que envol-
vem promoção, prevenção, proteção, 
diagnóstico, tratamento, reabilitação, 
redução de danos, cuidados paliativos 
e vigilância em saúde, desenvolvida 
por meio de práticas de cuidado inte-
grado e gestão qualificada, realizada 
com equipe multiprofissional e dirigida 
à população em território definido, so-
bre as quais as equipes assumem res-
ponsabilidade sanitária.”
A Atenção Básica orienta-se pe-
los princípios e diretrizes do SUS, 
a partir dos quais assume funções e 
características específicas. Considera 
as pessoas em sua singularidade e 
inserção sociocultural, buscando pro-
duzir a atenção integral, por meio da 
promoção da saúde, da prevenção de 
doenças e agravos, do diagnóstico, do 
tratamento, da reabilitação e da redu-
ção de danos ou de sofrimentos que 
possam comprometer sua autonomia.
Princípios da atenção básica
São três os princípios da atenção bá-
sica e eles são os mesmos do SUS e 
da RAS:
• Universalidade: corresponde ao 
princípio que possibilita o acesso 
34SAÚDE COLETIVA
universal e contínuo a serviços de 
saúde de qualidade e resolutivos. 
A atenção básica é a principal por-
ta de entrada e centro de comu-
nicação da RAS, com o caráter de 
acolher a população sem distinção 
de idade, gênero, raça/cor, etnia, 
crença, nacionalidade, orientação 
sexual, identidade de gênero, es-
tado de saúde, condição socioe-
conômica, escolaridade, limitação 
física, intelectual, funcional etc. 
• Equidade: corresponde a oferta de 
cuidado, entendendo que todo ser 
humano é único, com suas diferen-
ças de condições de vida e saúde, 
sendo assim apresentam neces-
sidades diferentes. Esse princípio 
considera que o direito à saúde 
passa pelas diferenciações sociais 
e deve atender à diversidade, a fim 
de minimizar desigualdades, evi-
tar exclusão social de grupos que 
possam vir a sofrer estigmatização 
ou discriminação; de maneira que 
impacte na autonomia e na situa-
ção de saúde.
• Integralidade: esse princípio exis-
te para que não esqueçamos que o 
indivíduo é um ser biopsicossocial 
e integral, ou seja, ele precisa ser 
atendido não somente para tratar 
doenças físicas, mas sim ter um 
atendimento que cubra as suas 
necessidades biológicas, psico-
lógicas, ambientais e sociais. Ou 
seja, corresponde ao conjunto de 
serviços executados pela equipe 
de saúde que atendam às neces-
sidades da população adscrita nos 
campos do cuidado, da promoção 
e manutenção da saúde, da pre-
venção de doenças e agravos, da 
cura, da reabilitação, redução de 
danos e dos cuidados paliativos. 
PRINCÍPIOS 
DA ATENÇÃO 
BÁSICA
Universalidade Equidade Integralidade
A saúde é um direito de 
cidadania de todas as pessoas 
e cabe ao Estado assegurar 
este direito, sendo que o acesso 
às ações e serviços deve ser 
garantido a todas as pessoas, 
independentemente de sexo, raça, 
ocupação ou outras características 
sociais ou pessoais.
Apesar de todas as pessoas 
possuírem direito aos serviços, 
as pessoas não são iguais e, por 
isso, têm necessidades distintas. 
Em outras palavras, equidade 
significa tratar desigualmente os 
desiguais, investindo mais onde a 
carência é maior.
Este princípio considera 
as pessoas como um todo, 
atendendo a todas as suas 
necessidades. Para isso, é 
importante a integração de 
ações, incluindo a promoção da 
saúde, a prevenção de doenças, o 
tratamento e a reabilitação.
35SAÚDE COLETIVA
Diretrizes da atenção básica
• Regionalização e Hierarquiza-
ção: como dito anteriormente, a 
atenção básica é a principal porta 
de entrada e comunicação da RAS. 
As regiões de saúde são um recor-
te espacial estratégico para fins de 
planejamento, organização e ges-
tão de redes de ações e serviços de 
saúde em determinada localidade, 
e a hierarquização como forma de 
organização de pontos de atenção 
da RAS entre si, com fluxos e refe-
rências estabelecidos.
ALTA 
COMPLEXIDADE
MÉDIA 
COMPLEXIDADE
ATENÇÃO 
BÁSICA
• Territorialização e Adstrição: cor-
responde à demarcação de limites 
das áreas de atuação dos serviços, 
reconhecimento do ambiente, po-
pulação e dinâmica social de forma 
a permitir o planejamento, a pro-
gramação descentralizada e o de-
senvolvimento de ações setoriais e 
intersetoriais com foco em um ter-
ritório específico, com impacto na 
situação, nos condicionantes e de-
terminantes da saúde das pesso-
as e coletividades que constituem 
aquele espaço e estão, portanto, 
adstritos a ele. Território é então 
uma unidade geográfica única, 
de construção descentralizada do 
SUS na execução das ações es-
tratégicas destinadas à vigilância, 
promoção, prevenção, proteção e 
recuperação da saúde. 
• População Adscrita: população 
que está presente no território da 
UBS, de forma a estimular o de-
senvolvimento de relações de vín-
culo e responsabilização entre as 
equipes e a população, garantindo 
a continuidade das ações de saúde 
e a longitudinalidade do cuidado e 
com o objetivo de ser referência 
para o seu cuidado.
36SAÚDE COLETIVA
SAIBA MAIS! As diferenças entre UBS, ESF e UPA!
As Unidades Básicas de Saúde (UBS), popularmente conhecidas como postos de saúde, 
são locais onde o cidadão pode receber os atendimentos gratuitos essenciais em saúde da 
criança, da mulher, do adulto e do idoso, além de odontologia, requisições de exames por 
equipes multiprofissionais e acesso a medicamentos. Na UBS, o clínico geral também pode 
marcar consultas para procedimentos eletivos e exames mais específicos com especialistas 
da rede pública ou em clínicas credenciadas à Prefeitura por meio de licitação.
As Unidades de Saúde da Família (USF) tem seu atendimento voltado para a atenção pri-
mária, assim como na UBS e realiza acompanhamento de pessoas com doenças crônicas, 
como diabetes e hipertensão. Uma USF realiza estratégias de promoção de saúde com gru-
pos de moradoresde cada território, por meio de agentes comunitários e assistentes sociais. 
As UBS e USF, juntas, resolvem grande parte dos problemas de saúde da população do zo-
neamento que está sob sua responsabilidade. 
As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) reorganizam a urgência e a emergência dos 
hospitais do SUS, sendo responsáveis por prestar atendimento de média complexidade. Em 
uma UPA, um paciente consegue ter, muitas vezes, atendimento sem a necessidade de en-
caminhamento ao pronto-socorro hospitalar. Nessas unidades, o usuário é avaliado de acor-
do com a classificação de risco, podendo ser liberado ou permanecer em observação por até 
24 horas ou, se preciso, ser referenciado ao hospital de referência.
Figura 17. Fonte: https://www.novohamburgo.rs.gov.br/noticia/entenda-diferencas-ubsusf-upa
conduz o paciente para um trata-
mento mais adequado, deixando 
então o sistema de saúde mais 
eficiente, reduzindo filas desne-
cessárias nos estabelecimentos de 
saúde. Os governantes, profissio-
nais de saúde e outros profissio-
nais buscam melhorar a qualidade 
• Cuidado Centrado na Pessoa: 
significa que os serviços da saú-
de devem estar voltados para as 
necessidades específicas de cada 
um, trazendo benefícios como agi-
lidade para estabelecer a sua saú-
de. O profissional da saúde tem 
agilidade no seu atendimento, 
37SAÚDE COLETIVA
dos serviços ofertados. O cuidado 
centrado na pessoa auxilia essas 
pessoas a desenvolverem os co-
nhecimentos, aptidões, competên-
cias e a confiança necessária para 
gerir e tomar decisões embasa-
das sobre sua própria saúde e seu 
cuidado de saúde de forma mais 
efetiva. 
• Resolutividade: a Atenção básica 
deve ser capaz de resolver a gran-
de maioria dos problemas de saú-
de da população, coordenando o 
cuidado do usuário em outros pon-
tos da RAS, quando necessário. O 
sistema deve articular diferentes 
tecnologias de cuidado individual 
e coletivo, por meio de uma clínica 
ampliada capaz de construir víncu-
los positivos e intervenções clínica 
e sanitariamente efetivas, centra-
da na pessoa, na perspectiva de 
ampliação dos graus de autonomia 
dos indivíduos e grupos sociais.
• Longitudinalidade do cuidado: 
pressupõe a continuidade da rela-
ção de cuidado, com construção de 
vínculo e responsabilização entre 
profissionais e usuários ao longo 
do tempo e de modo permanente 
e consistente, acompanhando os 
efeitos das intervenções em saú-
de e de outros elementos na vida 
das pessoas, evitando a perda de 
referências e diminuindo os riscos 
de iatrogenia que são decorrentes 
do desconhecimento das histórias 
de vida e da falta de coordenação 
do cuidado.
Cuidado
Profissional 
de Saúde
Pessoa e 
Família
Longitudinalidade 
do cuidado
• Coordenar o cuidado: A Atenção 
Básica atua como o centro de co-
municação entre os diversos pon-
tos de atenção, responsabilizando-
-se pelo cuidado dos usuários em 
qualquer destes pontos através de 
uma relação horizontal, contínua e 
integrada, com o objetivo de pro-
duzir a gestão compartilhada da 
atenção integral. Tem a missão de 
elaborar, acompanhar e organizar 
o fluxo dos usuários entre os pon-
tos de atenção das RAS.
• Ordenar as redes: reconhecer as 
necessidades de saúde da popu-
lação sob sua responsabilidade, 
organizando as necessidades des-
ta população em relação aos ou-
tros pontos de atenção à saúde, 
38SAÚDE COLETIVA
contribuindo para que o plane-
jamento das ações, assim como, 
a programação dos serviços de 
saúde, parta das necessidades de 
saúde das pessoas.
• Participação da comunidade: es-
timular a participação das pesso-
as, a orientação comunitária das 
ações de saúde na Atenção Básica 
e a competência cultural no cui-
dado, como forma de ampliar sua 
autonomia e capacidade na cons-
trução do cuidado à sua saúde e 
das pessoas e coletividades do 
território. 
POPULAÇÃO ADSCRITA
LONGITUDINALIDADE
DO CUIDADO
CUIDADO CENTRADO
NA PESSOA
COORDENAÇÃO
DO CUIDADO
RESOLUTIVIDADE
REGIONALIZAÇÃO
E HIERARQUIZAÇÃO
ORDENAÇÃO DA REDE PARTICIPAÇÃODA COMUNIDADE
TERRITORIALIZAÇÃO
DIRETRIZES
Características da atenção básica
A Atenção Básica é conhecida pelo 
seu trabalho multidisciplinar, 
onde cada unidade tem uma equipe 
estabelecida.
• Equipe de Saúde da Família 
(eSF) e equipe de Atenção Bási-
ca (eAB): são equipes compostas, 
no mínimo, por médico (preferen-
cialmente da especialidade me-
dicina de família e comunidade), 
enfermeiro (preferencialmente es-
pecialista em saúde da família), au-
xiliar e/ou técnico de enfermagem 
e agente comunitário de saúde 
(ACS) (cada equipe é responsável 
por por uma média de 2000-3500 
pessoas). Podendo fazer parte da 
equipe o agente de combate às 
endemias (ACE) e os profissionais 
de saúde bucal: cirurgião-dentis-
ta (preferencialmente especialista 
em saúde da família) e auxiliar ou 
técnico em saúde bucal. O núme-
ro de ACS por equipe deverá ser 
definido de acordo com base po-
pulacional, critérios demográficos, 
epidemiológicos e socioeconômi-
cos, de acordo com definição local 
39SAÚDE COLETIVA
(cada ACS não pode ultrapassar o 
número de 750 pessoas).
• Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os 
profissionais de saúde bucal que 
compõem as equipes de Saúde da 
Família (eSF) e de Atenção Básica 
(eAB) e de devem estar vinculados 
à uma UBS ou a Unidade Odonto-
lógica Móvel, podendo se organi-
zar nas seguintes modalidades:
◊ Modalidade I: Cirurgião-den-
tista e auxiliar em saúde bu-
cal (ASB) ou técnico em saúde 
bucal (TSB) e;
◊ Modalidade II: Cirurgião-den-
tista, TSB e ASB, ou outro TSB.
• Equipe do Núcleo Ampliado de 
Saúde da Família e Atenção Bá-
sica (Nasf-AB): é formada por 
diferentes ocupações (profissões 
e especialidades) da área da saú-
de, atuando de maneira integrada 
para dar suporte (clínico, sanitário 
e pedagógico) aos profissionais 
das equipes de Saúde da Família 
(eSF) e de Atenção Básica (eAB).
Núcleo ampliado de saúde da 
família e atenção básica (Nasf-AB)
Os Nasf-AB não se constituem como 
serviços com unidades físicas inde-
pendentes ou especiais e não são 
de livre acesso para atendimento 
individual ou coletivo (estes, quan-
do necessários, devem ser regulados 
pelas equipes que atuam na Atenção 
Básica). Devem, a partir das deman-
das identificadas no trabalho conjun-
to com as equipes, atuar de forma in-
tegrada à Rede de Atenção à Saúde 
e seus diversos pontos de atenção, 
além de outros equipamentos so-
ciais públicos/privados, redes sociais 
e comunitárias.
SE LIGA! O Nasf-AB não é porta de en-
trada para a Rede de Atenção à Saúde!
Competências do Nasf-AB:
• Participar do planejamento con-
junto com as equipes que atuam 
na Atenção Básica à que estão 
vinculadas.
• Contribuir para a integralidade do 
cuidado aos usuários do SUS prin-
cipalmente por intermédio da am-
pliação da clínica, auxiliando no au-
mento da capacidade de análise e 
de intervenção sobre problemas e 
necessidades de saúde, tanto em 
termos clínicos quanto sanitários.
• Realizar discussão de casos, aten-
dimento individual, compartilhado, 
interconsulta, construção conjunta 
de projetos terapêuticos, educa-
ção permanente, intervenções no 
território e na saúde de grupos po-
pulacionais de todos os ciclos de 
vida, e da coletividade, ações in-
tersetoriais, ações de prevenção e 
promoção da saúde, discussão do 
40SAÚDE COLETIVA
processo de trabalho das equipes 
dentre outros, no território.
Poderão compor os Nasf-AB: Mé-
dico Acupunturista; Assistente Social; 
Profissional/Professor de Educação 
Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; 
Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/
Obstetra; Médico Homeopata; Nutri-
cionista; Médico Pediatra; Psicólogo; 
Médico Psiquiatra; Terapeuta Ocu-
pacional; Médico Geriatra; Médico 
Internista (clinica médica), Médico do 
Trabalho, Médico Veterinário, profis-
sional com formação em arte e edu-
cação (arte educador) e profissional 
de saúde sanitarista.
SAÚDE MENTAL
SAÚDE DA CRIANÇA, 
ADOLESCENTE E JOVEM
SAÚDE DA MULHER
ATIVIDADES FÍSICAS E 
PRÁTICAS CORPORAIS
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
PRÁTICASINTEGRATIVAS E 
PRÁTICAS COMPLEMENTARES
REABILITAÇÃO SERVIÇO SOCIAL
ASSISTÊNCIA 
FARMACÊUTICA
NASF-AB
Financiamento da atenção 
básica
O financiamento da Atenção Bási-
ca é tripartite, com detalhamento 
apresentado pelo Plano Municipal 
de Saúde garantido nos instru-
mentos conforme especificado no 
Plano Nacional, Estadual e Munici-
pal de gestão do SUS. 
No âmbito federal, o montante de 
recursos financeiros destinados à 
viabilização de ações de Atenção 
Básica à saúde compõe o bloco de 
financiamento de Atenção Básica.
ESTADO
FINANCIAMENTO 
DA ATENÇÃO BÁSICA 
(TRIPARTITE)
01
0203
MUNICÍPIO UNIÃO
41SAÚDE COLETIVA
Os repasses dos recursos da Atenção 
Básica aos municípios são efetuados 
em conta aberta especificamente 
para este fim, de acordo com a nor-
matização geral de transferências de 
recursos fundo a fundo do Ministério 
da Saúde com o objetivo de facilitar 
o acompanhamento pelos Conselhos 
de Saúde no âmbito dos municípios, 
dos estados e do Distrito Federal.
O financiamento federal para as 
ações de Atenção Básica deverá ser 
composto por:
• Recursos per capita, que levem em 
consideração aspectos sociode-
mográficos e epidemiológicos: são 
transferido mensalmente, de for-
ma regular e automática, do Fun-
do Nacional de Saúde aos Fundos 
Municipais de Saúde e do Distrito 
Federal com base num valor multi-
plicado pela população do Municí-
pio (definida pelo IBGE).
• Recursos que estão condiciona-
dos à implantação de estratégias e 
programas da Atenção Básica: os 
valores dos incentivos financeiros 
para as equipes de toda a Atenção 
Básica serão prioritários e superio-
res, transferidos a cada mês, tendo 
como base o número de equipes 
registrados no sistema de Cadas-
tro Nacional vigente no mês ante-
rior ao da respectiva competência 
financeira.
• Recursos condicionados à abran-
gência da oferta de ações e 
serviços.
• Recursos condicionados ao de-
sempenho dos serviços de Aten-
ção Básica com parâmetros, apli-
cação e comparabilidade nacional, 
tal como o Programa de Melhoria 
de Acesso e Qualidade.
• Recursos de investimento.
SAIBA MAIS! 
Densidade tecnológica versus Complexidade tecnológica
Quando estamos lidando com as RAS, costumamos definir a Atenção Básica como uma rede 
de baixa complexidade e a Atenção Terciária, como de alta complexidade.
Isso é um erro, tendo em vista o conceito do termo “complexidade”, que significa, “conheci-
mento necessário” para realizar alguma tarefa.
Como na Atenção Básica o atendimento é realizado de crianças à idosos, o “conhecimento 
necessário”, a complexidade, é alta! O que difere essas duas redes são as suas densidades 
tecnológicas.
A densidade é um termo utilizado para se referir à equipamentos tecnológicos que a unidade 
dispõe. Com isso, o que a Atenção Terciária tem de diferente da Atenção Primária é a densi-
dade tecnológica.
42SAÚDE COLETIVA
Ferramentas de gestão clínica
Correspondem a um conjunto de tec-
nologias de microgestão do cuidado 
destinado a promover uma atenção à 
saúde de qualidade. Para a utilização 
dessas ferramentas, deve-se con-
siderar a clínica centrada nas pes-
soas, que seja efetiva, estruturada 
com base em evidências científi-
cas, segura, eficiente, oportuna e 
equitativa.
São exemplos dessas ferramentas 
protocolos e diretrizes clínicas, planos 
de ação, linhas de cuidado, projetos 
terapêuticos singulares, genograma, 
ecomapa, gestão de listas de espera, 
auditoria clínica, indicadores de cui-
dado, entre outras. 
Genograma: facilita a visualização 
do contexto familiar e de suas princi-
pais características, reunindo maiores 
possibilidades de detecção dos as-
pectos psicossociais. Nele são regis-
trados dados de importância para o 
indivíduo, tais como separações, do-
enças, mortes, acidentes, cirurgias e 
internações. Um cronograma familiar, 
com uma lista de eventos importan-
tes que se deseja destacar é coloca-
do ao lado do genograma, para evitar 
excesso de dados no gráfico. Como 
uma radiografia, o genograma permi-
te a leitura rápida e abrangente da or-
ganização familiar em uma única fo-
lha de papel, facilitando a percepção 
da situação psicossocial pelos profis-
sionais de saúde.
SÍMBOLOS UTILIZADOS NO GENOGRAMA
Figura 18. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022009000100010
43SAÚDE COLETIVA
Figura 18. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022009000100010
LINHAS DE RELACIONAMENTO E MORADIA
LINHAS DE RELACIONAMENTO E MORADIA
Figura 19. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022009000100010
44SAÚDE COLETIVA
Ecomapa: é um desenho complemen-
tar ao genograma na compreensão 
da composição e estrutura relacional 
da família. Consiste na representação 
gráfica dos contatos dos membros da 
família com os outros sistemas so-
ciais, incluindo a rede de 
suporte sócio-sanitário.
Pode representar a pre-
sença ou ausência de re-
cursos sociais, culturais e 
econômicos, sendo emi-
nentemente, um retrato 
de um determinado mo-
mento na vida dos mem-
bros da família e, portanto, 
dinâmico.
Entende-se que uma família que tem 
poucas conexões com a comunida-
de, e também entre seus membros, 
necessita de maior investimento 
da enfermagem, para melhorar seu 
bem-estar.
EXEMPLO DE GENOGRAMA E SUA LEITURA INTERPRETATIVA
Figura 20. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022009000100010
SERVIÇOS DA 
COMUNIDADE
INDIVÍDUO 
OU FAMÍLIA
CENTRO DE SAÚDE
RELAÇÕES 
SIGNIFICATIVAS
TRABALHO
GRUPOS SOCIAIS
FAMÍLIA EXTENSA LAZER
45SAÚDE COLETIVA
Financiamento do sus
O SUS tem uma clientela potencial de 
quase 200 milhões de pessoas, ten-
do em vista a consagração do acesso 
gratuito à saúde para toda a popula-
ção, através da Constituição de 1988. 
Hoje sabemos que em torno de 70% 
da população brasileira depende 
do SUS como único meio de acesso 
aos serviços de Saúde, cabendo ao 
setor privado atender os outros 30%.
O tamanho da clientela nos dá a di-
mensão da responsabilidade social do 
SUS e, ao mesmo tempo, do desafio de 
financiar o sistema. Desde 1988, o sis-
tema de Saúde brasileiro experimen-
tou diversos mecanismos de financia-
mento, entretanto ainda persistem as 
dificuldades para atingir o volume de 
recursos necessários à melhoria dos 
serviços ofertados à população. Nesse 
período, o sistema conviveu com per-
da de recursos e graves crises.
O Artigo 198 da Constituição de 
1988, parágrafos (§) 1 e 2, discorrem 
sobre o financiamento do SUS, con-
forme descrito abaixo:
§ 1º O sistema único de saúde será 
financiado, nos termos do art. 195, 
com recursos do orçamento da segu-
ridade social, da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios, 
além de outras fontes.
§ 2º A União, os Estados, o Distri-
to Federal e os Municípios aplicarão, 
anualmente, em ações e serviços 
públicos de saúde recursos mínimos 
derivados da aplicação de percentu-
ais calculados sobre:
I - no caso da União, a receita corren-
te líquida do respectivo exercício fi-
nanceiro, não podendo ser inferior a 
15% (quinze por cento);
II - no caso dos Estados e do Distrito 
Federal, o produto da arrecadação dos 
impostos a que se refere o art. 155 e 
dos recursos de que tratam os arts. 157 
e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, de-
duzidas as parcelas que forem trans-
feridas aos respectivos Municípios;
III - no caso dos Municípios e do Dis-
trito Federal, o produto da arrecada-
ção dos impostos a que se refere o art. 
156 e dos recursos de que tratam os 
arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.
Financiamento 
do SUS
Seguridade Social
Estados
Distrito Federal
Municípios
Outras Fontes
União
O que isso tudo quer dizer? Resumida-
mente, significa que o financiamento 
46SAÚDE COLETIVA
das ações e serviços públicos de saú-
de é de responsabilidade das três es-
feras de gestão do Sistema Único 
de Saúde que, de um orçamento total, 
com todos os gastos, existe um per-
centual que deve ser destinado para a 
saúde. Por exemplo, a União: de tudoaquilo que a união gasta, pelo menos 
15% deve ser gasto com a saúde.
Fonte de recursos
• Contribuição Provisória so-
bre Movimentação Financeira 
(CPMF): foi um imposto que inci-
diu sobre todas as movimentações 
bancárias (exceto nas negocia-
ções de ações na Bolsa, saques de 
aposentadorias, seguro-desem-
prego, salários e transferências 
entre contas correntes de mesma 
titularidade) e vigorou no Brasil por 
11 anos, sendo extinto em 1994. 
Uma parcela desse valor reco-
lhido era destinada ao SUS.
• Contribuição para o Financia-
mento da Seguridade Social 
(COFINS): é um tributo federal 
que incide sobre a receita bruta 
das empresas e pessoas jurídicas. 
Criado em 1991, o imposto surgiu 
com o objetivo de financiar o siste-
ma de seguridade social brasileiro.
• Contribuição Social sobre o 
Lucro Líquido das Empresas 
(CSLL): é um tributo federal que 
incide sobre todas as Pessoas Ju-
rídicas (PJ) domiciliadas no Brasil. 
Seu objetivo é o de apoiar finan-
ceiramente a Seguridade Social.
• Seguridade Social: Conjunto de 
políticas sociais cujo fim é amparar 
e assistir o cidadão e a sua família 
em situações como a velhice, a do-
ença e o desemprego, e cujo princí-
pio fundamental é a solidariedade.
FONTE DE 
RECURSOS
CPMF CSLL Seguridade Social COFINS
Tributo federal 
que incidiu sobre 
quase todas as 
movimentações 
bancárias e 
vigorou no Brasil 
por 11 anos, sendo 
extinto em 1994.
 Criado em 1991, é 
um tributo federal que 
incide sobre a receita 
bruta das empresas e 
pessoas jurídicas.
Tributo federal que 
incide sobre todas as 
Pessoas Jurídicas (PJ) 
domiciliadas no Brasil.
Conjunto de políticas 
sociais cujo fim é 
amparar e assistir o 
cidadão e a sua família 
em situações como a 
velhice, a doença e o 
desemprego, e cujo 
princípio fundamental é 
a solidariedade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidad%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Velhice
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desemprego
47SAÚDE COLETIVA
Como devem ser aplicados os 
recursos
A Portaria nº 3.992, de 28 de dezem-
bro de 2017, dispõe sobre o financia-
mento e a transferência dos recursos 
federais para as ações e os serviços 
públicos de saúde do Sistema Único 
de Saúde, onde informa que os re-
cursos do Fundo Nacional de Saúde, 
destinados a despesas com ações e 
serviços públicos de saúde, a serem 
repassados na modalidade fundo a 
fundo aos Estados, ao Distrito Federal 
e aos Municípios serão organizados e 
transferidos na forma de blocos de 
financiamento.
Esses blocos são divididos em:
• Bloco de Custeio das Ações e 
Serviços Públicos de Saúde: são 
recursos transferidos de forma re-
gular e automática para uma conta 
específica, para a manutenção das 
ações dos serviços que estão em 
funcionamento. 
É vedado utilizar esses recursos 
para:
◊ Servidores ou gratificações, a 
menos que esses servidores 
tenham sido contratados ex-
clusivamente para as ações e 
serviços e que isso esteja no 
plano de saúde do Município. 
◊ Assessorias ou consultorias
◊ Obras
• Bloco de Investimento na Rede 
de Serviços Públicos de Saúde: 
são recursos que devem ser apli-
cados em ações e serviços públi-
cos de saúde relacionados ao pró-
prio bloco, como a construção de 
novos investimentos, a realização 
de obras.
É vedado utilizar esses recursos 
para:
◊ Órgãos e unidades voltadas 
para atividades administrativas
◊ Assessorias ou consulto
SE LIGA! Essa portaria modificou o que 
ocorria antes, que eram vários blocos 
diferentes. Por exemplo, o município re-
cebia recursos para aplicar em locais es-
pecíficos, não podendo modificar o pla-
nejamento. Planejamento esse que era 
feito sem levar em consideração as ne-
cessidades de cada Município. Ou seja, 
essa portaria leva em conta a descentra-
lização, um dos princípios do SUS.
Lei Complementar nº141, de 13 de 
Janeiro de 2012
É a lei que, entre outras ações, regu-
lamenta o § 3o do art. 198 da Cons-
tituição Federal para dispor sobre os 
valores mínimos a serem aplicados 
anualmente pela União, Estados, Dis-
trito Federal e Municípios em ações 
e serviços públicos de saúde e es-
tabelece os critérios de rateio dos 
recursos de transferências para a 
saúde e as normas de fiscalização, 
avaliação e controle das despesas 
48SAÚDE COLETIVA
com saúde nas 3 (três) esferas de 
governo.
• Ela estabelece que a União deve-
rá aplicar anualmente, em ações 
e serviços públicos de saúde, o 
montante correspondente ao valor 
empenhado no exercício financeiro 
anterior, acrescido de, no mínimo, 
o percentual correspondente à va-
riação nominal do Produto Interno 
Bruto (PIB) ocorrida no ano ante-
rior ao da lei orçamentária anual.
• Os Estados e o Distrito Federal 
deverão aplicar anualmente, em 
ações e serviços públicos de saú-
de, no mínimo, 12% da arrecada-
ção dos impostos a que se refere 
o art. 155 e dos recursos de que 
tratam o art. 157, a alínea “a” do 
inciso I e o inciso II do caput do 
art. 159, todos da Constituição 
Federal, deduzidas as parcelas que 
forem transferidas aos respectivos 
Municípios.
• Os Municípios e o Distrito Fede-
ral deverão aplicar anualmente em 
ações e serviços públicos de saú-
de, no mínimo, 15% da arrecada-
ção dos impostos a que se refere o 
art. 156 e dos recursos de que tra-
tam o art. 158 e a alínea “b” do in-
ciso I do caput e o § 3º do art. 159, 
todos da Constituição Federal. 
• O Distrito Federal aplicará, anual-
mente, em ações e serviços públi-
cos de saúde, no mínimo, 12% do 
produto da arrecadação direta dos 
impostos que não possam ser se-
gregados em base estadual e em 
base municipal. 
LEI C
OMPLEMENTAR 141
União
Estados
Distrito Federal
Municípios
Nas três esferas 
de governo
 Valor do exercício financeiro 
anterior + percentual 
correspondente à variação do 
PIB ocorrida no ano anterior
12% da arrecadação de 
impostos pré-estabelecidos
Mesmos percentuais do 
Estado + Municípios + 
12% de impostos que não 
tenham sido contemplados
15% da arrecadação de 
impostos pré-estabelecidos
Em ações e 
serviços em saúde
Dispõe sobre 
valores mínimos 
a serem aplicados 
anualmente por
Regulamenta as 
normas de fiscalização, 
avaliação e controle das 
despesas com saúde
Estabelece os critérios 
de rateio dos recursos 
de transferências para a 
saúde
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art155
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art157
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ia
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ia
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art156
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art158
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ib
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159ib
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art159%C2%A73
49SAÚDE COLETIVA
Essa lei também informa que não 
constituirão despesas com ações e 
serviços públicos de saúde, aquelas 
decorrentes de: 
• Pagamento de aposentadorias e 
pensões.
• Pessoal ativo da área de saúde 
quando em atividade alheia à re-
ferida área. 
• Assistência à saúde que não aten-
da ao princípio de acesso universal. 
• Merenda escolar e outros progra-
mas de alimentação, ainda que 
executados em unidades do SUS 
(exceto o disposto no inciso II do 
art. 3º
• Saneamento básico.
• Limpeza urbana e remoção de 
resíduos.
• Preservação e correção do meio 
ambiente.
• Ações de assistência social.
• Obras de infraestrutura.
• Ações e serviços públicos de saú-
de custeados com

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