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Direitos Reais I Caracteristicas dos Direitos Reais • Inflexão: É a linha invisível que vincula o titular à coisa, e pode ser formada por direito ou fato (podendo se tornar, posteriormente, direito). É o PODER que o titular tem sobre a coisa. • Sequela: É o direito de perseguir a coisa onde quer que ela esteja. • Direito Erga Omnes: É imposto a TODOS (vizinhos, estranhos, parentes). • Amplo e Ilimitado (também é consequência): Um titular de Direito Real desfruta de uso, fruição e disposição/alienação, tendo mais direitos do que quem possui Direito Obrigacional (ex.: proprietário x locatário). • Absoluto: Desde que respeitadas as normas de Direito Público. Art. 1882 Código Civil e Comercial da Argentina → define Direito Real, tratando de persecução e preferência (CC/02 não traz nenhuma definição). "El derecho real es el poder jurídico, de estructura legal, que se ejerce directamente sobre su objeto, en forma autónoma y que atribuye a su titular las facultades de persecución y preferencia, y las demás previstas en este Código." ❋ Posse Arts. 1196 a 1224 CC/02 → Fora de Direitos Reais, mas Direito das Coisas = Direitos Reais, com exceção de uma espécie de posse que é OBRIGACIONAL! ↳ A Posse é DIREITO → exercício de poderes possessórios inerentes à propriedade. Art. 1909 → Código Argentino (Lorenzetti): Há posse quando uma pessoa, por si ou através de outra, exerce poder de fato sobre uma coisa, comportando-se como titular de um direito real, seja ou não. Art. 2255 → Código Civil Frances (Redação L561/08) “Posse é um direito subjetivo real em que o titular exerce um conjunto de atos materiais tendentes a conservar a coisa própria ou alheia, para dela usar e fruir.” - Sérvio Túlio Obs.: Nem sempre a posse e a propriedade surgem de um contrato! ❋ Teorias da Posse Dois juristas alemães foram precursores → Savigny e Ihering. • Teoria Subjetiva (Savigny): Para haver posse de verdade é necessário que estejam presentes 2 elementos: Corpus e Animus. ⪢ Corpus: objeto, contato com a coisa; ⪢ Animus: intenção de ter a coisa como sua, ter para si; ⪢ Essa teoria não representa importância conceitual para definir a posse. • Teoria Objetiva (Ihering): Para haver posse, basta o corpus, ou seja, o poder de fato e de direito sobre a coisa e a inflexão (teoria adotada pelo CC/O2). ⪢ O Animus (intenção) não é necessária, mas pode estar presente mesmo que de forma implícita. Art. 1196 CC/02 → “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.” Obs.: Direitos Inerentes à propriedade - Art. 1228 → Uso, Fruição e Disposição/Alienação. Possuidor é aquele que tem, pelo menos, um dos direitos inerentes à propriedade. → O fato de usarmos a Teoria Objetiva não significa que a outra não possui relevância alguma! Ex.: A alugou uma casa para B. C invade a casa com a intenção de possuí-la. B entra com uma ação possessória, porque é quem ESTÁ na posse. ❋ Classificacao da Posse 1) Direta e Indireta Art. 1197 → A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. • Essa classificação trata dos desdobramentos da posse. Por força de um contrato, o possuidor (não diz proprietário), por exemplo, loca um imóvel para outra pessoa e se torna possuidor indireta da coisa; • O desdobramento da posse em Direta e Indireta também pode ser chamado de Posse Subordinada, Contratual, Dependente, Derivada ou Acessória; • Sem contrato (escrito ou verbal) NÃO há desdobramento da posse! Se o Possuidor Direto não cumprir com as obrigações contratuais, o Possuidor Indireto pode rescindir o contrato; • Obs.: Quando se tratar de LOCAÇÃO (Art. 5º Lei 8.245/91), toda ação para rescisão de contrato é Ação de Despejo! É a única hipótese onde não cabe Reintegração de Posse, nem Manutenção da Posse; • Antes da posse ser reintegrada, é necessário rescindir o contrato; • O final do artigo 1197, que permite ação de manutenção da posse, mostra que o legislador protege o Possuidor Direto de eventuais perturbações da posse. 2) Jurídica e Natural Art. 1198 → “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.” • Posse Jurídica: É aquela legalmente protegida, pois aquele indivíduo é, de fato, possuidor; • Posse Natural: É a exercida pelo detentor, que não a conserva em seu nome, nem toma decisões → Serviente da Posse. Ex.: Caseiro, Caixa de Banco, Empregada Doméstica; • Posse Natural NÃO configura usucapião! Mas se o detentor morre e seu descendente não tem nenhuma relação com o possuidor e passa a deter a posse, pode configurar usucapião; 3) Exclusiva e Composse Art. 1199 → “Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.” • Somente 1 Possuidor: Exclusiva; • 2 ou mais Possuidores: Composse; • NÃO é Condomínio! • Nessa classificação, não se fala em desdobramento da posse, porque são Possuidores que estão do mesmo lado; 4) Justa e Injusta Art. 1200 → “É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.” • Posse Injusta: Esbulho Possessório → Fundamento para Ação de Reintegração de Posse; • Precária: não devolução da coisa; • Violenta: tomada de frente; • Clandestina: tomada “pelas costas”; Art. 1208 → “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.” Obs.: A precariedade não é contemplada pelo Artigo 1208 porque ela NUNCA cessa! • Se quem tomou o que era posse de outro, tiver a coisa tomada, pode entrar com ação possessória, por ser possuidor protegido; • Quando se tratar de Locação, e não houver devolução, não se trata de Esbulho Possessório, mas sim de infração contratual; 5) De Boa-Fé e de Má-Fé • Má-Fé: a pessoa conhece a posse e o possuidor e a toma, conhece o vício; • Pode configurar usucapião; • Em áreas rurais é comum a transferência da posse por instrumento particular → Possuidor de boa-fé; • Tradens: quem transmite a posse; • Accipiens: quem adquire a posse; • A boa-fé termina quando o possuidor é citado para devolver a coisa; • Arts. 1201, 1202 e 1203 CC/02; • Justo Título: “É necessário que se entenda como todo e qualquer documento escrito, revestido de certas formalidades que demonstre qe quem exerce posse sobre o bem pode justificar a razão do poder de fato e de direito e a investidor do possuidor. Se ele desconhece o vício que o impede de adquirir a coisa, bem como justificar o exercício da posse com um documento, é possuidor de boa-fé. Eventual prazo para transformar posse em propriedade pela usucapião é reduzido quando se tratar de possuidor de boa-fé, assim presumido, assim por ser portador de Justo Título (Art. 1242). Além disso, tem direito à indenização por acessões e benfeitorias, persecução de frutos e direito de retenção pelas benfeitorias necessárias e úteis. Grande parte da doutrina conceitua o Justo Título como “o título hábil a transferir um domínio e que realmente o transferiria, se emanando do proprietário verdadeiro.”. Contudo, não se está tratando de propriedade, mas sim de posse; • Há posse de boa-fé com ou sem Justo Título; • Acessões: Construção com incorporação natural ou artificial; • Indenização por benfeitorias engloba acessões; 6) Nova e Velha • Não tem no CC; • Art. 558 CPC; • Após 1 ano e 1 dia do esbulho (turbação), é Posse Velha, e a Nova é a anterior a esse período. Isso significa que se o Possuidor Turbado (molestado, sem perder a posse), querfazer cessar a turbação ou fazer recuperar a posse e obter a liminar na ação correspondente, terá que intentá-la no prazo de 1 ano e 1 dia. Se não fizer, terá direito a proteção possessória, não mais fazendo jus, entretanto, a obter a manutenção da posse; • Classificação de índole PROCESSUAL; 7) Ad Interdicta e Ad Usucapionem • Ad Interdicta: posse protegida pelas ações possessórias (Interditos Possessórios), sem que dê origem à usucapião; • Ad Usucapionem: posse hábil a ser transformada em propriedade porque tem características para tanto. Além de ser protegida pelas ações possessórias e exercida com a intenção de ser transformada em propriedade através da usucapião; • Toda posse ad usucapionem é ad interdicta, mas nem toda ad interdita é ad usucapionem; • Art. 2261 Código Civil Francês 8) Jus Possidendi e Jus Possessioni • Jus Possidendi (Posse máxima, direitos previstos no Artigo 1228) decorre da propriedade; • Jus Possessioni decorre da posse; 9) Originária, Derivada e Hereditária • Originária se origina com o próprio possuidor, ninguém transmite pra ele; • Derivada se origina quando se adquire do possuidor; • Hereditária é quando se herda a posse (Art. 1784, 1206 e 1207); ❋ Graduacao da Posse → De acordo com a relevância da posse e sua proteção, o exercício confere a seu titular real, ou aparente, direitos e obrigações. Assim, a posse pode ser graduada em: • Jus Possidendi; • Ad usucapionem; • Ad Interdicta; • Jus Possessionis; • Direta; • Natural. Obs.: Posse ad interdicta ainda não tem reunidos todos os requisitos para ser exercida a posse usucapionem, nem para transformá-la em propriedade (prazo não teve início). ❋ Aquisicao e Perda da Posse Art. 1204 → "Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.” • Nome próprio (Se fosse outro, seria natural); • Posse independente; Art. 1207 → • Sucessor universal: Herdeiro que participa de todo testamento; • Obs.: Pacta Corvina → Contrato pós morte: inválido (Art. 426); Art. 1208 → • Mera permissão ou tolerância. Não é comodato, mas pode durar algum tempo; • Quando não devolve: posse injusta; • Não há interdicta contra o proprietário (não é posse); • "Poder provisório”, não cabe proteção caso o proprietário peça de volta (mora); +Arts. 2262 e 2263 do Código Civil Francês Aquisicao da Posse i. Modos originários de aquisição da posse i.a Apreensão da coisa móvel (pesca); i.b [COMPLETAR] ii. Modos derivados de aquisição da posse → Tradição: aquisição da posse e da propriedade das coisas móveis e da posse das coisas imóveis; • As coisas imóveis têm modos diferentes de aquisição; • A tradição se divide em 3 tipos: a. Real ou efetiva → É aquela em que há a entrega efetiva da coisa, adquire a posse e a propriedade (só móvel); b. Ficta ou simbólica → É aquela que se dá por um representativo da coisa (coisa móvel e imóvel); → Ex.: Chave de carro; c. Consensual ou subentendida (Art. 1267 p. único) → É aquela que se dá pela mudança do caráter possessório; → Pode ser: • Traditu brevi manu: transforma a posse que era em nome alheio para posse em nome próprio; • Constitutium possessorium: o inverso; Perda da Posse → Ausência dos elementos corpus e animus • Quando se verifica abandono/tradição; • Não tem a intenção de ter a coisa para si; → Ausência de corpus • O possuidor tem a intenção de continuar tendo a coisa; • Perda ou destruição da coisa; • Esbulho possessório; • Coisa posta fora do comércio; • Coisa apreendida; • Desapropiação; • Execução fiscal; → Ausência de animus • Constituto possessório; ❋ Efeitos da Posse 1) Faculdade de invocar os interditos possessórios Art. 1210 caput → • Manutenção da posse em caso de turbação; • Turbação: sequência de fatos; Art. 560 CPC → • Restituído no caso de esbulho; Art. 567 CPC → • Segurado de violência iminente; • Ex.: caso você more em um lugar e estejam ocorrendo várias invasões, você pode entrar com uma ação para prevenir; Sérvio Túlio: “A faculdade de invocar os interditos e o direito de propor as ações possessórias para a proteção do direito real em estudo. É o segundo maior efeito da posse. Tanto o Código Civil quanto o CPC enumeram as ações possessórias, reconhecendo-as a proteger da turbação, esbulho ou ameaça de turbação ou esbulho. Ambos os diplomas mencionados não reconhecem outras ações que venham a proteger a posse. Surge, destarte, a classificação das ações possessórias em puras/por excelência e impuras/por extensão.” 1.1) Ações Possessórias Puras → Só levam em conta a POSSE! I) Manutenção da posse • Em Roma se chamava interdictum retinendar possessionis = ação de força nova turbativa; • Art. 561 CPC → o que o autor deve provar na PI; • Art. 562 CPC → é a ação adequada para a manutenção da posse; • Art. 555 → para cessar a turbação; • “A palavra turbação é sinônimo de perturbação ou molestação da posse. A doutrina classifica turbação em: a) de fato/de direito (quando você perturba de fato/contesta a posse do outro (judicial ou não); e b) direta/indireta (indireta: ex.: vizinho que fica dizendo pra ninguém alugar a casa do outro); II) Reintegração de posse • Interdictum recuperandar possessionis = ação de força nova espoliativa; • Fruto de posse injusta, esbulho (pressuposto); • Art. 560 CPC → O possuidor tem direito a ser reintegrado em caso de esbulho; • Esbulho leve: não devolver a coisa após o término do contrato; III) Interdito proibitório • Quando não há nem esbulho nem turbação, mas sim ameaça; 1.2) Ações Impuras → levam em conta outros direitos mais que baseiam indiretamente a posse; I) Imissão • Ação para quem quer se investir pela primeira vez na posse e não tem título de propriedade; • Não existe mais no CPC; • A imissão serve para um titular de direito real se investir pela primeira vez na posse de um bem, em regra, recentemente prometido/cedido por instrumento escrito e levado a registro imobiliário. Se a aquisição se dá por meio definitivo, deve ser ação reivindicatória; • A ação de imissão ainda sobrevive em favor daquele que arremata imóvel em leilão, cujo devedor não efetuou o pagamento das prestações; Aspectos processuais das ações possessórias Art. 554 CPC → A ação pode ser “transformada” em curso, se provados os pressupostos (ex.: ameaça que vira posse); Art. 556 CPC → Caráter dúplice; Art. 557 CPC → Alegação de domínio • É a defesa do proprietário na ação possessória com um lastro no direito de propriedade. Também é alegação de domínio a propositura de ação de reintegração de posse pelo proprietário que nunca exerceu posse. Trata-se de desvirtuamento da proteção possessória, pois a parte que alega domínio não está fundamentando a pretensão de Direito Real de Posse, e sim de Direito Real de Propriedade. A ação de reintegração, como foi visto, tem como pressuposto principal o esbulho praticado pelo réu. Se não há esbulho (posse injusta), não pode haver reintegração. O proprietário sem posse deve-se socorrer da ação reivindicatória. A alegação de domínio só prevalece quando a posse está sendo disputada com base na propriedade, como é o caso de que o autor ou o réu ingressa com uma ação possessória sendo cessionária do proeminente devedor e a outra se apresenta e comprova que é proprietária, sendo o exercício da posse duvidosa. Art. 1210 p.2º CC, 557 p.único CPC e Súmula 487 STF. Direitos Reais I
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