Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Direito Internacional Público Otávio Bravo Relação entre o direito internacional e o direito interno Problema teórico: há hierarquia? Problema prático: Estado aplica regra de direito interno quando há norma de direito internacional • Dualismo: dois sistemas distintos Solução do problema prático: • No plano interno: aplica-se o direito interno • No plano internacional: responsabilidade do Estado OU porque não incorporou o tratado OU porque criou lei que revogou a lei anterior oriunda do tratado 2 • Monismo: sistema jurídico é um só Regras de direito internacional Regras de direito interno • Monismo: sistema jurídico é um só Solução do problema prático: • No plano interno: nulidade da norma jurídica interna porque OU foi revogada pelo tratado OU porque é inconstitucional • No plano internacional: responsabilidade do Estado OU porque aplicou norma revogada pelo tratado OU porque editou norma contrária ao tratado • Com prevalência do direito internacional: • Monismo: sistema jurídico é um só Solução do problema prático: • No plano interno: aplica-se a lei ou o tratado (o que veio depois) – se houve apreensão do barco, supõe-se que a lei é posterior • No plano internacional: responsabilidade do Estado OU porque aplicou norma revogada pelo tratado OU porque editou norma contrária ao tratado • Sem prevalência (monismo moderado) 3 • Monismo: sistema jurídico é um só Solução do problema prático: • No plano interno: aplica-se o direito interno • No plano internacional: responsabilidade do Estado OU porque aplicou norma revogada pelo tratado OU porque editou norma contrária ao tratado • Com prevalência do direito interno: 4 Constituição da República Islâmica do Tedestão: Art. 19. São consideradas lei populares: I. As leis originárias de projeto legislativo, desde que votadas pelo Parlamento em maioria de dois terços, sendo desnecessária a sanção presidencial; II. As leis originárias de projeto legislativo, desde que votadas pelo Parlamento em maioria simples, sendo necessária a sanção presidencial; III. As outorgadas pelo Conselho dos Imames em matéria de religião e costumes; IV. As outorgadas pelo Presidente da República em matéria de segurança interna e externa, bem como em estado de sítio; V. As demais leis populares previstas nesta Constituição. Constituição da República Islâmica do Tedestão: (...) Art. 21. Os pactos firmados pela República e ratificados pelo Presidente da República serão imediatamente considerados lei do povo. § 1º. No conflito entre leis populares prevalecerão: I. As leis outorgadas pelo Conselho dos Imames sobre todas as demais; II. As leis outorgadas pelo Presidente da República sobre as leis votadas pelo Parlamento; III. As leis votadas e aprovadas pelo Parlamento sobre as demais leis populares, salvo em matéria de relações diplomáticas e política externa de segurança. § 2º No caso do inciso III do parágrafo anterior, as leis populares oriundas de pactos internacionais firmados pela República prevalecerão sobre as leis votadas pelo Parlamento. PROBLEMA: O Reino da Alvícia e a República Islâmica do Tedestão firmam, em 23.out.92, tratado para a construção de um gasoduto no território tedestanês. No tratado, fica estabelecido que a Alvícia se compromete a fornecer a tecnologia necessária à construção do gasoduto e, em troca, o Tedestão outorga a concessão da exploração do gás, por dez anos, à empresa ‘Gasoil’, na qual o governo da Alvícia tem participação majoritária. O tratado é ratificado por ambos os países em dezembro de 1992. O gasoduto fica pronto em março de 1995. 5 Em 15 de abril de 1999, pressionado pela opinião pública, em razão de tensões fronteiriças, o Parlamento tedestanês aprova lei revogando a concessão da Gasoil, que tem suas instalações nacionalizadas. Alguns meses depois, a Gasoil propõe uma ação de indenização na Justiça do Tedestão. O governo da Alvícia, por sua vez, decide levar o problema à Corte Internacional de Justiça, conforme estabelecido no tratado ratificado em 1992 (“qualquer controvérsia oriunda do descumprimento de normas inscritas no presente instrumento deverá ser solucionada pela Corte Internacional de Justiça”). Pergunta-se: como deveriam se pronunciar a Justiça tedestanesa e a Corte Internacional de Justiça? Por que?
Compartilhar