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Resenha 7 - O SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

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OS SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS: uma análise comparativa dos sistemas interamericano, europeu e africano
(Capítulo 2 – O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos)
1) Introdução
O sistema interamericano de direitos humanos é composto por quatro principais instrumentos: a) a Carta da Organização dos Estados Americanos; b) a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem; c) a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica); d) o Protocolo de San Salvador.
Sua origem histórica remonta à proclamação da Carta da Organização dos Estados Americanos – Carta de Bogotá-, de 1948, ocasião em que também se celebrou a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem.
Após a adoção desses dois instrumentos, deflagrou-se um processo gradual de maturação dos mecanismos de proteção dos direitos humanos no sistema interamericano, cujo primeiro passo foi a criação de um órgão especializado de promoção e proteção de direitos humanos no âmbito da OEA: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em 1959. Pela proposta inicial, a Comissão deveria funcionar provisoriamente até a instituição de uma Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos, o que veio ocorrer em San José, Costa Rica, em 1969.
2) Convenção Americana sobre Direitos Humanos
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos atribuiu mais efetividade à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que até então funcionava apenas como órgão da OEA.
A proteção dos direitos humanos prevista na Convenção é coadjuvante ou complementar da que oferece o Direito interno dos seus Estados-partes. Isso significa que não se retira dos Estados a competência primária para amparar e proteger os direitos das pessoas sujeitas à sua jurisdição, mas que nos casos de falta de amparo ou de proteção aquém da necessária, pode o sistema interamericano atuar concorrendo para o objetivo comum de proteger determinado direito que o Estado não garantiu ou preservou menos do que deveria.
Outrossim, é importante observar que a Convenção não estabelece, de forma específica, qualquer direito social, econômico ou cultural, contendo apenas uma previsão genérica sobre tais direitos, mais precisamente no artigo 26. Em razão disso, em 1998, a Assembleia-Geral da OEA adotou o Protocolo Adicional à Convenção Americana, conhecido como Protocolo de San Salvador, que entrou em vigor em 1999.
3) Comissão Interamericana de Direitos Humanos
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é, além de órgão da Organização dos Estados Americanos, também órgão da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. A Corte Interamericana de Direitos Humanos, por sua vez, é tão somente órgão da Convenção Americana. Embora todos os Estados-partes da Convenção Americana sejam obrigatoriamente membros da OEA, a recíproca não é verdadeira, uma vez que nem todos os membros da OEA são parte na Convenção Americana.
Uma das principais competências da Comissão é a de examinar as comunicações de indivíduos ou grupos de indivíduos, ou ainda de entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da OEA, atinentes a violações de direitos humanos constantes na Convenção Americana por Estado que dela seja parte. Assim, os indivíduos, apesar de não terem acesso direto à Corte, também podem dar início ao procedimento de processamento internacional do Estado com a apresentação de petição à Comissão. Trata-se de uma exceção à chamada cláusula facultativa, uma vez que a Convenção permite que qualquer pessoa ou grupo de pessoas (sejam elas nacionais ou não) recorram à Comissão Interamericana independentemente de declaração expressa do Estado reconhecendo essa sistemática.
No entanto, para que uma petição seja admitida, deve preencher os seguintes requisitos: a) que tenham sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna; b) que seja apresentada dentro do prazo de 6 meses, a partir da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva; c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução internacional (ou seja, que não haja litispendência ou coisa julgada internacionais).
No âmbito procedimental, ao receber uma petição, a Comissão Interamericana decide sobre sua admissibilidade, levando em consideração os requisitos, e sendo procedente solicita informações ao governo denunciado. Recebidas as informações ou transcorrido o prazo sem que as tenha recebido, a Comissão verifica se existem ou se subsistem os motivos da petição ou comunicação. Na hipótese de não existirem, manda arquivar o expediente. Se não for arquivado, a Comissão realizará um exame acurado do assunto e, se necessário, realizará uma investigação dos fatos. Se não for alcançada qualquer solução amistosa, a Comissão redigirá um relatório, apresentando os fatos, conclusões e recomendações ao Estado-parte. É importante notar que o relatório é mandatório e deve conter as conclusões da Comissão indicando se o Estado referido violou ou não a Convenção Americana. Esse relatório é encaminhado ao Estado-parte, que tem o prazo de 3 meses para dar cumprimento às recomendações feitas. Durante esse período de 3 meses, o caso pode ser solucionado pelas partes ou encaminhado à Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
4) Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
A Corte Interamericana de Direitos Humanos é o órgão jurisdicional do sistema interamericano que resolve sobre os casos de violação de direitos humanos perpetrados pelos Estados-partes da OEA e que tenham ratificado a Convenção Americana. A Corte não pertence à OEA, mas à Convenção Americana, tendo a natureza de órgão judiciário internacional.
A Corte detém uma competência consultiva (relativa à interpretação das disposições da Convenção, bem como das disposições de tratados concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados Americanos) e uma competência contenciosa, de caráter jurisdicional, própria para o julgamento de casos concretos, quando se alega que um dos Estados-partes na Convenção Americana violou algum de seus preceitos. Contudo, a competência contenciosa da Corte é limitada aos Estados-partes da Convenção que reconheçam expressamente a sua jurisdição. Isso significa que um Estado-parte na Convenção Americana não pode ser demandado perante a Corte se ele próprio não aceitar a sua competência contenciosa. Ocorre que, ao ratificarem a Convenção Americana, os Estados-partes já aceitam automaticamente a competência consultiva da Corte, mas em relação à competência contenciosa, esta é facultativa e poderá ser aceita posteriormente.
Destaca-se que tanto os particulares quanto as instituições privadas estão impedidos de ingressar diretamente à Corte. Ademais, esta não relata casos e não faz qualquer tipo de recomendação no exercício de sua competência contenciosa, mas profere sentenças, que segundo o Pacto de San José da Costa Rica são definitivas e inapeláveis. Ou seja, as sentenças da Corte são obrigatórias para os Estados que reconheceram a sua competência em matéria contenciosa. Quando a Corte declara a ocorrência de violação de direito resguardado pela Convenção, exige a imediata reparação do dano e impõe, se for o caso, o pagamento de justa indenização à parte lesada.
4.1) Eficácia interna das sentenças proferidas pela CIDH (o caso brasileiro)
De acordo com o entendimento de Valério Mazzuoli, as sentenças proferidas por tribunais internacionais dispensam homologação pelo STJ. Isso porque as sentenças proferidas pelos “tribunais internacionais” não se enquadram na roupagem de “sentenças estrangeiras”, como incurso no artigo 483 do CPC. À vista disso, por sentença estrangeira deve-se entender aquela proferida por um tribunal afeto à soberania de determinado Estado, e não a emanada de um próprio tribunal internacional que tem jurisdição sobre os seus próprios Estados-partes, motivo pelo qual não se vinculam à soberania de nenhum Estado.
Em suma, as sentenças da Corte Interamericana têm eficácia imediatana ordem jurídica interna, devendo ser cumpridas de plano pelas autoridades do Estado condenado.

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