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Cicatrização em Pequenos Animais A abordagem no tratamento de feridas cutâneas é importante na medicina veterinária devido à alta frequência de atendimentos a animais acometidos por lesões de diferentes tipos e origens. A utilização de soluções antissépticas e antibióticos sobre a ferida é importante para a promoção da cicatrização e proteção da mesma contra infecções bacterianas. Diversos tratamentos demonstram eficácia na cicatrização, proporcionando estimulação do processo de cura e fechamento mais rápido da ferida através da redução do período de epitelização. A cicatrização de ferimentos começa imediatamente após uma lesão ou incisão e corresponde a uma combinação de eventos que restaura um tecido ferido ou o substitui por colágeno, com a finalidade restabelecer a homeostasia tecidual. Este processo é complexo e bem organizado, que envolve o trabalho coordenado de vários tipos celulares, incluindo os queratinócitos, fibroblastos, células endoteliais, macrófagos e plaquetas. A migração, infiltração, proliferação e diferenciação destas células causam uma resposta inflamatória, a qual é essencial à formação de novo tecido e leva ao fechamento da ferida. Neste processo especialmente, a proliferação dos fibroblastos e a sua migração exercem papel importante na formação do tecido de granulação e na cicatrização propriamente dita. As fases da cicatrização de feridas compreendem quatro fases 1. Fase inflamatória: caracterizada basicamente pela presença de células inflamatórias no tecido cicatricial; 2. Fase de desbridamento: ocorre quase simultaneamente com a fase inflamatória. Nesta fase, forma-se um exsudato composto de leucócitos, tecidos mortos e fluidos da ferida; 3. Fase reparativa: caracterizada pela invasão de fibroblastos, pelo elevado acúmulo de colágeno e pela migração e formação de estruturas endoteliais novas no interior da ferida; 4. Fase de maturação: fase final da cicatrização das feridas, durante a qual as fibras de colágeno orientam-se paralelamente às linhas de estresse e tensão e se cruzam de modo a formar uma ligação transversal estável. Cicatrização - Cães e Gatos Existem grandes diferenças microscópicas na anatomia cutânea de gatos quando comparados aos cães, resultando em diferenças significativas na cicatrização cutânea entre estas espécies. A pele íntegra de felinos apresenta menor perfusão que a pele canina. Nas feridas cicatrizadas por primeira intenção, a ferida dos gatos apresenta menor resistência à ruptura em comparação aos cães, permitindo a formulação da hipótese de uma redução significativa na produção de colágeno em gatos. Nas feridas cicatrizadas por segunda intenção são observadas diferenças quantitativas e qualitativas entre as cicatrizações de cães e gatos. Na fase inflamatória, a ferida em cães mostra-se mais exsudativa, edematosa e eritematosa do que feridas idênticas em gatos. A formação do tecido de granulação em gatos é retardada e difere visualmente, apresentando uma coloração mais pálida, quando comparada ao tecido de granulação de cães. Formas de cicatrização Existem três formas pelas quais as feridas podem cicatrizar, e essa escolha poderá ser feita pelo médico veterinário, dependendo de características particulares de cada lesão, da quantidade de tecido perdido ou danificado e da presença ou não de infecção. Primeira intenção (cirúrgica): é a situação ideal para a oclusão das lesões e está associada a feridas limpas, ocorrendo quando há perda mínima de tecido, ausência de infecção e mínimo edema; Segunda intenção: consiste no processo que a aproximação primária dos bordos da ferida não é possível, as feridas são deixadas abertas sendo posteriormente fechadas por meio de contração e epitelização natural; Terceira intenção: ocorre quando há presença de infecção na ferida, que primeiramente deve ser tratada, para então posteriormente ser suturada. Quando as feridas não fecham por cicatrização primária, tratam-se como feridas abertas com o objetivo de reduzir a contaminação tecidular. Para alcançar estes objetivos há que desbridar, lavar e cobrir a ferida. O desbridamento consiste na eliminação de tecido necrosado e desvitalizado, por meio de incisão ou com pensos úmidos a secos. A lavagem consiste em promover a irrigação dos tecidos, eliminando materiais estranhos, exsudatos e a própria contaminação, utilizando soro fisiológico, ou ainda, soluções antissépticas, como clorexidina e iodopovidona pouco concentradas. A cobertura da ferida consiste na colocação de pensos, para evitar a contaminação e promover a reparação do tecido danificado. Antisséptico O antisséptico ideal deve ser bactericida, sem afetar os tecidos em processo de cicatrização. Além disso, deve agir de forma rápida e com atividade residual prolongada após uma única dose, ser atóxico, não carcinogênico ou teratogênico às células do hospedeiro, hipoalergênico, econômico, amplamente disponível, incapaz de promover resistência bacteriana e ter absorção sistêmica mínima. Contudo, se usados por longos períodos e em altas concentrações, os antissépticos podem induzir o atraso na cicatrização.
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