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Funções do Estado � Separação Funcional de Poderes (artigo 2º CRFB) � Funções típicas (normativa, administrativa e jurisdicional) e funções atípicas exercidas pelos Poderes da República (artigos 52, incisos I e II; 62; 96, inciso I, alíneas “a”, “b” etc). Função Administrativa � Caráter residual � Sentido subjetivo (orgânico: órgãos e entes da Administração Pública) e sentido objetivo (atividade exercida: poder de polícia, intervenção na ordem econômica; intervenção na propriedade) � Governo (fixação dos objetivos e políticas públicas) versus Administração Pública (execução) Descentralização � Descentralização política e federalismo (artigos 1º e 18 da CRFB) � Sistema de repartição de competências (artigos 21 e seguintes, 25, 29, todos da CRFB) � Autonomia dos entes federativos: auto- governo, auto-organização e auto- administração. Descentralização Administrativa � Autoadministração dos entes federativos � Descentralização versus desconcentração � Teoria do órgão: centro de competência � Imputação volitiva � Ausência de personalidade jurídica (artigo 1º, §1º, da Lei n. 9.784/99) � Criação e extinção de órgãos públicos (artigo 48, inciso XI c/c artigo 61, inciso II, alínea “e”) Teoria do Órgão Público � Capacidade processual (artigo 7º do CPC) � Defesa de prerrogativas institucionais � Classificação dos órgãos quanto à posição estatal: (i) independentes; (ii) autônomos; (iii) superiores; (iv) subalternos. Descentralização � Discricionariedade (conveniência e oportunidade) � Fundamento: artigo 10 do Decreto-Lei 200/67 (especialização) � Descentralização legal (Administração Pública Indireta: artigo 37, inciso XIX, CRFB), negocial (concessões e permissões) e social (Organizações Sociais, OSCIP’S etc). Descentralização negocial � Concessões e Permissões de serviços públicos (Lei n. 8987/95) � Parceria Público-Privada (PPP) – Lei n. 11.079/2004 Descentralização Social � Organizações Sociais (Lei n. 9.637/98) – contrato de gestão (artigo 5º); áreas de atuação (artigo 1º) � Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP’s) – Lei n. 9.790/99 (atividades de interesse público: artigo 3º); qualificação junto ao MJ (artigo 5º); termo de parceria (artigo 9º) Administração Pública Indireta � Criação por lei (artigo 37, inciso XIX, CRFB) � Personalidade jurídica própria � Ausência de subordinação hierárquica (controle finalístico) � Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista (artigo 5º do Decreto- Lei n. 200/67 e artigo 77 da CERJ) Autarquias � Personalidade jurídica de direito público � Especialização (objeto) � Autarquia interfederativa (artigo 6º da Lei n. 11.107/2005 – consórcios públicos – artigo 241 da CRFB) � Patrimônio: artigo 98 do CC 2002 � Regime de pessoal: público (estatutário) – flexibilização operada pela EC n. 19 suspensa pelo STF (ADI 2135) Autarquias (cont.) � Competência para litígios judiciais: artigo 109, inciso I, CRFB � Prerrogativas processuais: Fazenda Pública (prazos dilargados, execução fiscal, regime de precatório) � Licitação (Lei n. 8.666/93) � Responsabilidade Civil (artigo 37, §6º, CRFB) Agências Reguladoras � Contextualização: Estado Subsidiário e Programa Nacional de Desestatização � Regulação na CRFB: EC 8/95 – artigos 21, inciso XI (telecomunicações: Lei n. 9.472/97) e 177, §2º, inciso III (petróleo: Lei n. 9.478/97). � Entidade reguladora: autarquia submetida a regime especial (artigo 8º, §2º, Lei n. 9472/97 - ANATEL) Regime Especial das Agências Reguladoras � Poder normativo técnico (deslegalização) - exemplos: artigo 7º, incisos III e IV, L. 9.782/99 (ANVISA); artigo 19, incisos IV, X, XII e XIV, L. 9.472/97 (ANATEL). � Autonomia decisória (função judicante: artigo 19, inciso XVII e XVIII, L. 9.472/97): ausência de subordinação hierárquica. � Independência político-administrativa (nomeação dos dirigentes: ADI 1949 RS e En. 25 do STF) – mandato a termo fixo, não coincidência dos mandatos e quarentena: artigo 11 L. 9.478/97 (ANP). � Autonomia econômico-financeira (instituição de taxa de fiscalização) – exemplo: artigo 18 L. 9.961/00 (ANS). Nomeação e destituição dos dirigentes das agências reguladoras – ADI 1949/RS EMENTA: I. Agências reguladoras de serviços públicos: natureza autárquica, quando suas funções sejam confiadas por lei a entidade personalizada e não, à própria administração direta. II. Separação e independência dos Poderes: submissão à Assembléia Legislativa, por lei estadual, da escolha e da destituição, no curso do mandato, dos membros do Conselho Superior da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul - AGERGS: parâmetros federais impostos ao Estado-membro. 1. Diversamente dos textos constitucionais anteriores, na Constituição de 1988 - à vista da cláusula final de abertura do art. 52, III -, são válidas as normas legais, federais ou locais, que subordinam a nomeação dos dirigentes de autarquias ou fundações públicas à prévia aprovação do Senado Federal ou da Assembléia Legislativa: jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal. 2. Carece, pois, de plausibilidade a argüição de inconstitucionalidade, no caso, do condicionamento à aprovação prévia da Assembléia Legislativa da investidura dos conselheiros da agência reguladora questionada. 3. Diversamente, é inquestionável a relevância da alegação de incompatibilidade com o princípio fundamental da separação e independência dos poderes, sob o regime presidencialista, do art. 8º das leis locais, que outorga à Assembléia Legislativa o poder de destituição dos conselheiros da agência reguladora autárquica, antes do final do período da sua nomeação a termo. 4. A investidura a termo - não impugnada e plenamente compatível com a natureza das funções das agências reguladoras - é, porém, incompatível com a demissão ad nutum pelo Poder Executivo: por isso, para conciliá-la com a suspensão cautelar da única forma de demissão prevista na lei - ou seja, a destituição por decisão da Assembléia Legislativa -, impõe-se explicitar que se suspende a eficácia do art. 8º dos diplomas estaduais referidos, sem prejuízo das restrições à demissibilidade dos conselheiros da agência sem justo motivo, pelo Governador do Estado, ou da superveniência de diferente legislação válida. Empresas Públicas e SEM � Fundamentos: artigo 173, §1º da CRFB; artigo 5º, II e III, do DL 200/67. � Personalidade jurídica (direito privado) � Objeto: atividade econômica (artigo 173, caput: segurança nacional ou relevante interesse coletivo) e prestação de serviços públicos Empresas Públicas e SEM � Diferenças entre os regimes: (i) constituição do capital (artigo 5º DL 200/67) (ii) Forma jurídica (artigo 5º DL 200/67) (iii) Foro para solução de litígios (artigo 109, inciso I, CRFB: empresas públicas federais) Empresas Públicas e SEM � Regime jurídico híbrido comum: (i) Personalidade jurídica de direito privado (artigo 173, §1º, CRFB) (ii) Criação e extinção (artigo 37, inciso XIX, CRFB) – Não se sujeitam à falência (artigo 2º, inciso I, Lei 11.101/05). (iii) Regime jurídico de pessoal (regime celetista, com admissão por concurso público: artigo 37, inciso II, CRFB). Observância de limite máximo de remuneração (artigo 37, §9, CRFB). Empresas Públicas e SEM: licitações e RC � Submissão ao regime licitatório – Lei n. 8.666/93. � Artigo 173, §1º, inciso III, CRFB. � Procedimento simplificado da Petrobrás (artigo 67 da Lei n. 9.47897). � Entendimento do TCU versus Jurisprudência do STF (AC1193/RJ). � Responsabilidade Civil (artigo 37, §6º, CRFB: prestadoras de serviço público). Empresas Públicas e SEM: regime patrimonial � Natureza jurídica dos bens das estatais (artigo 98 do CC02). � Patrimônio e impenhorabilidade de bens (artigo 100 da CRFB?). � Estatais exploradoras de atividade econômica versus estatais prestadoras de serviço público (princípio da continuidade do serviço público). Empresa Brasileira de Correiose Telégrafos (artigo 12 do DL. 509/69) EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. IMPENHORABILIDADE DE SEUS BENS, RENDAS E SERVIÇOS. RECEPÇÃO DO ARTIGO 12 DO DECRETO-LEI Nº 509/69. EXECUÇÃO. OBSERVÂNCIA DO REGIME DE PRECATÓRIO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 100 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. À empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, é aplicável o privilégio da impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços. Recepção do artigo 12 do Decreto-lei nº 509/69 e não-incidência da restrição contida no artigo 173, § 1º, da Constituição Federal, que submete a empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica ao regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias. 2. Empresa pública que não exerce atividade econômica e presta serviço público da competência da União Federal e por ela mantido. Execução. Observância ao regime de precatório, sob pena de vulneração do disposto no artigo 100 da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e provido (RE 225. 011/MG). Impenhorabilidade de bens das estatais – caso do Metrô de SP � O STF suspendeu decisão que, em execução, determinou a penhora dos recursos financeiros da Companhia do Metropolitano de São Paulo até o julgamento de recurso extraordinário. Sustentou o METRO, no recurso extraordinário, que não se lhe aplica o regime jurídico próprio das empresas privadas (CF, art. 173, § 1º, II), porquanto não exerce atividade econômica em sentido estrito, razão pela qual pleiteia a prerrogativa da impenhorabilidade de seus bens, tal como concedida pela Corte à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT no julgamento do RE 220906/DF. Tendo em conta tratar-se de empresa estatal prestadora de serviço público de caráter essencial, qual seja, o transporte metroviário (CF, art. 30, V), e que a penhora recai sobre as receitas obtidas nas bilheterias da empresa que estão vinculadas ao seu custeio, havendo sido reconhecida, nas instâncias ordinárias, a inexistência de outros meios para o pagamento do débito, entendeu-se, com base no princípio da continuidade do serviço público, densa a plausibilidade jurídica da pretensão e presente o periculum in mora. (AC-669)” Fundações Públicas � Conceito (afetação de um patrimônio) e criação (artigo 37, XIX, CRFB). � Personalidade jurídica (controvérsia: artigo 5º, inciso IV, DL 200/67). Natureza jurídica aferida casuisticamente, de acordo com a lei instituidora. � Necessidade de vinculação aos objetivos previstos no artigo 62, p. único, do CC02 ? � Regime jurídico: público (fundação autárquica) ou híbrido (semelhante ao regime das estatais prestadoras de serviços públicos). Princípios que regem a AP � Distinção entre princípios e regras (caráter normativo). � Base normativa: artigo 37, caput, CRFB e artigo 2º, Lei 9.784/99. PRINCÍPIOS X REGRAS Princípios � Estão próximos aos fundamentos do sistema � Inspiram a elaboração legislativa (normogenética) � Suscitam problemas de validade e peso � Expressam um fim; configuram mandados de otimização � Convivem de modo conflitual (admitem colisão) � Chocam-se apenas no plano fático, quando da análise do caso Regras � Não estão próximos aos fundamentos do sistema � São o produto do trabalho legiferante � Suscitam apenas problemas de validade � Expressam uma conduta; configuram prescrições que devem ser cumpridas na exata medida � Não convivem de modo conflitual (são antinômicos e aplicam-se no tudo ou nada) � Chocam-se apenas no plano abstrato, cabendo incidir uma única regra, integralmente, no caso. Princípios Constitucionais � Legalidade: evolução para juridicidade � GUSTAVO BINEMBOJM: “Com a constitucionalização do direito administrativo, a lei deixa de ser o fundamento único e último da atividade administrativa. A Constituição – entendida como sistema de regras e princípios – passa a constituir o cerne da vinculação administrativa à juridicidade. A legalidade, embora ainda muito importante, passa a constituir apenas um princípio do sistema de princípios e regras constitucionais. Passa- se, assim, a falar em um princípio da juridicidade administrativa para designar a conformidade da atuação da Administração Pública ao direito como um todo, e não mais apenas à lei.” Juridicidade (i) segundo a lei, quando esta for constitucional (atividade secundum legem); (ii) mas pode encontrar fundamento direto na Constituição, independente ou para além da lei (atividade praeter legem), ou, eventualmente; (iii) legitimar-se perante o direito, ainda que contra a lei, porém, com fulcro numa ponderação da legalidade com outros princípios constitucionais (atividade contra legem, mas com fundamento em uma otimizada aplicação da Constituição). Juridicidade contra legem � Discussão: pode o administrador público recusar execução a uma lei que repute inconstitucional? ROMS 17.996/RJ (STJ) RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. AGENTE PÚBLICO. DESCUMPRIMENTO DE LEI SOB ALEGAÇÃO DE SUA INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.(...). RECURSO ORDINÁRIO NÃO-PROVIDO. Não é permitido a este egrégio Sodalício criar um controle de inconstitucionalidade a latere não contemplado pelo nosso ordenamento jurídico na medida em que não se deve dar respaldo a que um agente público se negue a cumprir preceito de lei ainda não afastado do nosso ordenamento jurídico. Discussão quanto ao Enunciado n.º 347 do STF Mandado de Segurança n.º 25.888/DF Até o advento da Emenda Constitucional n° 16, de 1965, que introduziu em nosso sistema o controle abstrato de normas, admitia-se como legítima a recusa, por parte de órgãos não- jurisdicionais, à aplicação da lei considerada inconstitucional. No entanto, é preciso levar em conta que o texto constitucional de 1988 introduziu uma mudança radical no nosso sistema de controle de constitucionalidade. Em escritos doutrinários, tenho enfatizado que a ampla legitimação conferida ao controle abstrato, com a inevitável possibilidade de se submeter qualquer questão constitucional ao Supremo Tribunal Federal, operou uma mudança substancial no modelo de controle de constitucionalidade até então vigente no Brasil. Parece quase intuitivo que, ao ampliar, de forma significativa, o círculo de entes e órgãos legitimados a provocar o Supremo Tribunal Federal, no processo de controle abstrato de normas, acabou o constituinte por restringir, de maneira radical, a amplitude do controle difuso de constitucionalidade. A amplitude do direito de propositura faz com que até mesmo pleitos tipicamente individuais sejam submetidos ao Supremo Tribunal Federal mediante ação direta de inconstitucionalidade. Assim, o processo de controle abstrato de normas cumpre entre nós uma dupla função: atua tanto como instrumento de defesa da ordem objetiva, quanto como instrumento de defesa de posições subjetivas. Assim, a própria evolução do sistema de controle de constitucionalidade no Brasil, verificada desde então, está a demonstrar a necessidade de se reavaliar a subsistência da Súmula 347 em face da ordem constitucional instaurada com a Constituição de 1988.” Impessoalidade � Impessoalidade e isonomia (artigo 2º, III, Lei 9.784/99) � Concretizações: teoria da imputação; licitações (artigo 37, inciso XXI); meritocracia (artigo 37, inciso II); regime dos precatórios (artigo 100 CRFB); artigo 37, §1º, CRFB. Moralidade administrativa � Moralidade: atuação pautada na lealdade e boa-fé (artigo 2º, inciso IV, L. 9.784/99). � Súmula Vinculante nº 13: vedação ao nepotismo (ver slide). � Cabimento de ação popular (artigo 5º, inciso LXXIII, CRFB). � Disregard administrativa (ver slide). Moralidade e vedação ao nepotismo (ADC 12/DF) EMENTA: AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE, AJUIZADA EM PROL DA RESOLUÇÃO Nº 07, de 18.10.05, DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. ATO NORMATIVO QUE "DISCIPLINA O EXERCÍCIO DE CARGOS,EMPREGOS E FUNÇÕES POR PARENTES, CÔNJUGES E COMPANHEIROS DE MAGISTRADOS E DE SERVIDORES INVESTIDOS EM CARGOS DE DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO, NO ÂMBITO DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. Os condicionamentos impostos pela Resolução nº 07/05, do CNJ, não atentam contra a liberdade de prover e desprover cargos em comissão e funções de confiança. As restrições constantes do ato resolutivo são, no rigor dos termos, as mesmas já impostas pela Constituição de 1988, dedutíveis dos republicanos princípios da impessoalidade, da eficiência, da igualdade e da moralidade.. Disregard Administrativa � RMS 15166 / BA ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. SANÇÃO DE INIDONEIDADE PARA LICITAR. EXTENSÃO DE EFEITOS À SOCIEDADE COM O MESMO OBJETO SOCIAL, MESMOS SÓCIOS E MESMO ENDEREÇO. FRAUDE À LEI E ABUSO DE FORMA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NA ESFERA ADMINISTRATIVA. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA E DA INDISPONIBILIDADE DOS INTERESSES PÚBLICOS. - A constituição de nova sociedade, com o mesmo objeto social, com os mesmos sócios e com o mesmo endereço, em substituição a outra declarada inidônea para licitar com a Administração Pública Estadual, com o objetivo de burlar à aplicação da sanção administrativa, constitui abuso de forma e fraude à Lei de Licitações Lei n.º 8.666/93, de modo a possibilitar a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica para estenderem-se os efeitos da sanção administrativa à nova sociedade constituída. - A Administração Pública pode, em observância ao princípio da moralidade administrativa e da indisponibilidade dos interesses públicos tutelados, desconsiderar a personalidade jurídica de sociedade constituída com abuso de forma e fraude à lei, desde que facultado ao administrado o contraditório e a ampla defesa em processo administrativo regular. - Recurso a que se nega provimento. Moralidade e criação de cargos em comissão (ADI 4125 - Tocantins) O Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB para declarar a inconstitucionalidade de dispositivos de uma lei do Estado de Tocantins que, ao dispor sobre a organização da estrutura básica do Poder Executivo, criou mais de 35 mil cargos em comissão. Entendeu-se que a norma impugnada teria desrespeitado os princípios da proporcionalidade, ante a evidente desproporção entre número de cargos de provimento em comissão e os de provimento efetivo, e da moralidade administrativa, além de não observar o disposto no art. 37, V, da CF, haja vista que grande parte dos cargos criados referir-se-ia a áreas eminentemente técnicas e operacionais, não se revestindo de natureza de chefia, direção ou assessoramento, o que estaria a burlar, por conseguinte, a exigência constitucional do concurso público (CF, art. 37, II). Moralidade e pagamento de adicional noturno a servidor inativo EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO . ADMINISTRATIVO. ADICIONAL NOTURNO. PAGAMENTO AO SERVIDOR INATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Os princípios constitucionais da legalidade e da moralidade administrativa fundamentam a legitimidade da decisão que conclui ser indevido o pagamento de adicional noturno ao servidor público inativo. Inexistência de violação constitucional passível de impugnação em recurso extraordinário. Agravo regimental a que se nega provimento. Impessoalidade, moralidade e pensão vitalícia a viúva de ex-Prefeito � RE - 405386 � (...) Assim, entendeu que a concessão da pensão vitalícia representa privilégio que viola os princípios contidos no art. 37, caput, da CF, em especial, os da impessoalidade e da moralidade administrativa, esta qualificada, no caso, pela lesividade ao erário municipal, impondo-se a condenação prevista no art. 3º da Lei 7.347/85. Rejeitou, ainda, a alegação de ofensa à imunidade em sentido material dos vereadores (CF, art. 29, VIII), porquanto evidenciada a expedição de ato administrativo autorizativo e não de norma jurídica resultante do exercício das atividades inerentes ao mandato parlamentar, estas compreendidas como as atividades de representação, fiscalização e legislação. Ademais, salientou que essa imunidade parlamentar, assegurada constitucionalmente aos vereadores no plano do direito penal e do civil, destina-se a protegê-los de eventuais crimes contra a honra a eles imputados. Após, o Min. Eros Grau pediu vista dos autos. RE 405386/RJ, rel. Min. Ellen Gracie, 20.6.2006. (RE-405386) Improbidade administrativa � Imoralidade e improbidade administrativa: a improbidade administrativa é considerada a imoralidade administrativa qualificada pela desonestidade de conduta do agente público, mediante a qual este se enriquece ilicitamente, obtém vantagem indevida, para si ou para outrem, ou causa dano ao erário. Previsão constitucional: artigos 14, § 9º; artigo 15, inciso V; artigo 37,§ 4º, todos da CRFB. Lei nº 8.429/92. Tipologia � Enriquecimento ilícito (artigo 9º); � Prejuízo ao erário (artigo 10); � Violação aos princípios da Administração Pública (artigo 11). Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/92) � Sujeito passivo: artigos 1º a 3º (agente público, servidor ou não; qualquer pessoa que concorra para a prática do ato) � Legitimidade ativa: artigo 17 � Sanções: artigo 12 (suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, indisponibilidade de bens e ressarcimento ao erário) Reclamação 2.138/STF � Reclamação contra sentença proferida por juiz federal de primeira instância que, julgando procedente pedido formulado em ação civil pública por improbidade administrativa, condenara o então Ministro-Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República nas penalidades do art. 12 da Lei 8.429/92 e do art. 37, § 4º, da CF, em virtude da solicitação e utilização indevidas de aeronaves da Força Aérea Brasileira - FAB, bem como da fruição de Hotel de Trânsito da Aeronáutica. � STF, por maioria, julgou procedente a reclamação para assentar a competência do STF para julgar o feito e declarar extinto o processo em curso no juízo reclamado. Após fazer distinção entre os regimes de responsabilidade político- administrativa previstos na CF, quais sejam, o do art. 37, § 4º, regulado pela Lei 8.429/92, e o regime de crime de responsabilidade fixado no art. 102, I, c, da CF e disciplinado pela Lei 1.079/50, entendeu-se que os agentes políticos, por estarem regidos por normas especiais de responsabilidade, não respondem por improbidade administrativa com base na Lei 8.429/92, mas apenas por crime de responsabilidade em ação que somente pode ser proposta perante o STF nos termos do art. 102, I, c, da CF. Rcl 2.138 � Vencidos, quanto ao mérito, por julgarem improcedente a reclamação, os Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio, Celso de Mello e Joaquim Barbosa. � IMP!!! O Min. Carlos Velloso, tecendo considerações sobre a necessidade de preservar-se a observância do princípio da moralidade, e afirmando que os agentes políticos respondem pelos crimes de responsabilidade tipificados nas respectivas leis especiais (CF, art. 85, parágrafo único), mas, em relação ao que não estivesse tipificado como crime de responsabilidade, e estivesse definido como ato de improbidade, deveriam responder na forma da lei própria, isto é, a Lei 8.429/92, aplicável a qualquer agente público, concluía que, na hipótese dos autos, as tipificações da Lei 8.429/92, invocadas na ação civil pública, não se enquadravam como crime de responsabilidade definido na Lei 1.079/50 e que a competência para julgar a ação seria do juízo federal de 1º grau. Publicidade � Publicidade (artigo 5º, incisos XXXIII e XXXIV, da CRFB; artigo 2º, p. único, inciso V, L. 9.784/99 � Condição de eficácia dos atos administrativos � Vedação à promoção pessoal (artigo 37, §1º, CRFB) Direito à obtenção de cópias � 0003387-72.2010.8.19.0000- MANDADO DE SEGURANCA DES. VERA MARIA SOARES VAN HOMBEECK - Julgamento: 07/05/2010 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL Mandado de Segurança. Cidadão que pretende obter cópias de contratos e aditivos relativos ao procedimento licitatório da nova sede do Instituto Médico Legal, para instruir Ação Popular. Obra realizada pelo Grupo Executivo do Programa Delegacia Legal, ligado a estrutura da Secretaria de Estado de Obras. Documento não essencial para o ajuizamento da Ação Popular. Ausência de direito liquido e certo. Denegação da ordem. � 0028020-50.2010.8.19.0000 - MANDADO DE SEGURANCA DES. CARLOS EDUARDO MOREIRA SILVA - Julgamento: 10/08/2010 - NONA CAMARA CIVEL Mandado de Segurança. Direito Constitucional. Impetrante que pretende o fornecimento de cópia de inteiro teor de processo administrativo visando a instruir Ação Popular. Direito líquido e certo de qualquer cidadão à obtenção de informações de caráter geral ou coletivo, desde que apresente a indicação dos fins e razões para consegui-las. Art. 5°, XXXIII, da C.F. Imprescindibilidade do conhecimento da legalidade do ato e do contrato administrativo para propositura de ação popular. Garantia de exercício pleno da cidadania. Ordem Concedida. Publicidade e divulgação de remuneração de servidores públicos Servidor público: divulgação de vencimentos e publicidade administrativa (Informativo STF 630) Ao aplicar o princípio da publicidade administrativa, o Plenário desproveu agravo regimental interposto de decisão do Min. Gilmar Mendes, Presidente à época, proferida nos autos de suspensão de segurança ajuizada pelo Município de São Paulo. A decisão questionada suspendera medidas liminares que anularam, provisoriamente, o ato de divulgação da remuneração bruta mensal, com o respectivo nome de cada servidor, em sítio eletrônico da internet, denominado "De Olho nas Contas". Na espécie, o Município impetrante alegava grave lesão à ordem pública, retratada no descumprimento do princípio da supremacia do interesse público sobre interesses particulares. Na impetração originária, de outra monta, sustentara-se violação à intimidade e à segurança privada e familiar dos servidores. Reputou-se que o princípio da publicidade administrativa, encampado no art. 37, caput, da CF, significaria o dever estatal de divulgação de atos públicos. Destacou-se, no ponto, que a gestão da coisa pública deveria ser realizada com o máximo de transparência, excetuadas hipóteses constitucionalmente previstas, cujo sigilo fosse imprescindível à segurança do Estado e da sociedade (CF, art. 5º, XXXIII). Frisou-se que todos teriam direito a receber, dos órgãos públicos, informações de interesse particular ou geral, tendo em vista a efetivação da cidadania, no que lhes competiria acompanhar criticamente os atos de poder. Aduziu-se que a divulgação dos vencimentos brutos de servidores, a ser realizada oficialmente, constituiria interesse coletivo, sem implicar violação à intimidade e à segurança deles, uma vez que esses dados diriam respeito a agentes públicos em exercício nessa qualidade. Afirmou-se, ademais, que não seria permitida a divulgação do endereço residencial, CPF e RG de cada um, mas apenas de seu nome e matrícula funcional. Destacou-se, por fim, que o modo público de gerir a máquina estatal seria elemento conceitual da República. Eficiência � Eficiência e otimização na aplicação de recursos públicos. � Ênfase no resultado / custo-benefício / economicidade (artigo 70 da CRFB). � Instrumentos importantes: avaliação periódica de desempenho (artigo 41,§1º, inciso III) e contratos de gestão (artigo 37, §8º). Autotutela � Enunciados 346 e 473 do STF. � Artigo 80 da CERJ e 53 da Lei 9.784/99. � Poder-dever de anulação de atos ilegais / faculdade de revogação de atos inconvenientes ou inoportunos. � Prazo decadencial (artigo 54 L. 9.784/99). � Modulação dos efeitos temporais da declaração de nulidade (artigo 53, §3º, Lei 5.427/09 do ERJ). Supremacia do interesse público � Interesse público primário (satisfação de necessidades coletivas: justiça, segurança e bem-estar) e interesse público secundário (interesse do erário). � HELY LOPES MEIRELLES: “Com efeito, enquanto o Direito Privado repousa sobre a igualdade das partes na relação jurídica, o Direito Público assenta em princípio inverso, qual seja, o da supremacia do Poder Público sobre os cidadãos, dada a prevalência dos interesses coletivos sobre os individuais. (...) Sempre que entrarem em conflito o direito do indivíduo e o interesse da comunidade, há de prevalecer este, uma vez que o objetivo primacial da Administração é o bem comum”. � Concretizações: poder de polícia, modalidades de intervenção do Estado na propriedade, cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos etc. � Releitura do princípio da supremacia: atuação estatal sempre apoiada em finalidades públicas e exigência de motivação. Motivação � Explicitação dos pressupostos fáticos que fundamentam o ato administrativo. � Artigo 2º, p. único, inciso VII, L. 9784/99. � Motivação obrigatória em todos os atos administrativos? (Artigo 50 da Lei n. 9.784/99). � Teoria dos Motivos Determinantes: importante parâmetro de controle de atos discricionários. � Transparência e controle. Nulidade por falta de motivação � CONCURSO PÚBLICO. EXAME MÉDICO. MOTIVAÇÃO. Foi reconhecida a nulidade por falta de motivação do ato administrativo que desclassificou o impetrante, no exame médico, do concurso público para o cargo de neurocirurgião, após aprovação em prova objetiva, constando do resultado apenas que o candidato era inapto ao serviço público. Dessa forma, é flagrante a nulidade do ato por ausência da devida fundamentação, além da falta de ampla defesa, impossibilitando ao candidato conhecer os motivos que ensejaram a sua desclassificação do certame. Precedente citado: RMS 25.703- MS, DJe 3/8/2009. RMS 26.927-RO, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/8/2011. Continuidade do serviço público � A prestação de serviços públicos deve realizar-se de maneira contínua, obrigatória e ininterrupta. � Aplicação aos concessionários de serviços públicos: artigo 6º da Lei n. 8.987/95 (serviço adequado). � Justifica a impenhorabilidade dos bens das estatais que coloquem em risco a prestação do serviço público. � Justifica a necessidade de disciplina específica para o exercício do direito de greve por servidores públicos (artigo 37, VII, CRFB) � Mandado de Injunção impetrado pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Pará (MI 712/PA): o STF propôs a solução normativa para a omissão legislativa com a aplicação da Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989, no que couber. Razoabilidade � Interpretação da cláusula do devido processo legal substantivo. � Exigência de congruência lógica entre o fato e a atuação concreta da Administração. � Importante parâmetro de controle da atuação administrativa discricionária que limita, restringe ou condiciona direitos. � Lógica do razoável: adequação (aptidão da medida para atender ao resultado pretendido), necessidade (outras medidas, eventualmente mais apropriadas, não estão disponíveis) e proporcionalidade em sentido estrito (inconvenientes da medida em comparação com o resultado a ser alcançado). Razoabilidade � Programas de restrição ao trânsito de veículos automotores (rodízios). � Aplicação de medidas sancionatórias (interdição de estabelecimentos, pena de demissão a servidor público etc). Pagamento de gratificação de férias a servidores inativos AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ESTADUAL QUE CONCEDE GRATIFICAÇÃO DE FERIAS (1/3 DA REMUNERAÇÃO) A SERVIDORES INATIVOS - VANTAGEM PECUNIARIA IRRAZOAVEL E DESTITUIDA DE CAUSA - LIMINAR DEFERIDA. - A norma legal, que concede a servidor inativo gratificação de ferias correspondente a um terço (1/3) do valor da remuneração mensal, ofende o critério da razoabilidade que atua, enquanto projeção concretizadora da cláusula do "substantivedue process of law", como insuperável limitação ao poder normativo do Estado. Incide o legislador comum em desvio ético-jurídico, quando concede a agentes estatais determinada vantagem pecuniária cuja razão de ser se revela absolutamente destituída de causa. (ADI 1.158/AM). ADI 855/PR Ação direta de inconstitucionalidade. Lei 10.248/93, do Estado do Paraná, que obriga os estabelecimentos que comercializem Gás Liquefeito de Petróleo - GLP a pesarem, à vista do consumidor, os botijões ou cilindros entregues ou recebidos para substituição, com abatimento proporcional do preço do produto ante a eventual verificação de diferença a menor entre o conteúdo e a quantidade líquida especificada no recipiente. Violação ao princípio da proporcionalidade e razoabilidade das leis restritivas de direitos. 5. Ação julgada procedente. Segurança das relações jurídicas � Vertente objetiva: artigo 5º, inciso XXXVI, CRFB. � Vertente subjetiva: proteção da confiança legítima e boa-fé (artigo 2º, inciso XIII, L. 9.784/99). � Fixação de prazo decadencial para exercício da autotutela. � Modulação dos efeitos decorrentes da anulação de atos administrativos. � Exigibilidade de regras jurídicas de transição, em caso de mudança de regime jurídico. � Vedação de aplicação retroativa de nova interpretação conferida à norma administrativa. � Debate: Imprescritibilidade das ações de ressarcimento de dano ao erário (artigo 37, §5º, CRFB). Artigo 37, §5º, CRFB (MS 26.210) EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. BOLSISTA DO CNPq. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE RETORNAR AO PAÍS APÓS TÉRMINO DA CONCESSÃO DE BOLSA PARA ESTUDO NO EXTERIOR. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA. I - O beneficiário de bolsa de estudos no exterior patrocinada pelo Poder Público, não pode alegar desconhecimento de obrigação constante no contrato por ele subscrito e nas normas do órgão provedor. II - Precedente: MS 24.519, Rel. Min. Eros Grau. III - Incidência, na espécie, do disposto no art. 37, § 5º, da Constituição Federal, no tocante à alegada prescrição. IV - Segurança denegada. (Ministro Ricardo Lewandowski). Artigo 37, §5º, CRFB (MS 26.210) � Ministro Marco Aurélio: a ressalva não é para determinar a imprescritibilidade, mas sim, para determinar a incidência da regra geral de prescrição de cinco anos para as dívidas passivas da Fazenda Pública. � Ministro Cezar Peluso: imprescritibilidade, apenas, para as ações de ressarcimento por danos ao erário decorrentes de ilícitos de caráter criminal. Ato Administrativo � Manifestação unilateral de vontade, praticada por agente administrativo, atuando nessa qualidade, que tenha por objetivo produzir efeitos jurídicos para terceiros ou na órbita administrativa, com finalidade pública e sob regime jurídico público. � Três pontos fundamentais a serem extraídos do conceito: (i) Vontade emanada de agente da AP; (ii) Conteúdo visando à produção de efeitos com fim público; (iii) Regime de direito público. � Elementos do ato administrativo: artigo 2º da Lei n. 4.717/65 Competência � Medida (limite / círculo) prevista em lei dentro da qual o agente público pode exercer suas atribuições. � Elemento vinculado à lei. � Convalidação ou sanatória (artigo 55 da Lei n. 9.784/99). Finalidade � Satisfação do interesse público – resultado previsto na regra de competência – bem jurídico objetivado pelo ato. � Inobservância: desvio de finalidade (artigo 2º, p. único, alínea “e”, Lei APOP). Forma � Exteriorização da manifestação de vontade, de acordo com a previsão legal (elemento vinculado) � Observância, como regra, do princípio da solenidade (formalização por escrito) – artigo 22, §1º, da Lei n. 9.784/99 � Contratos: artigo 60, parágrafo único, da Lei n. 8.666/93 (pesquisa: prestação de serviços sem cobertura contratual?) Silêncio administrativo � Só produz efeito jurídico (positivo ou negativo) quando assim a lei expressamente determinar. � Artigo 5º, inciso LXXVIII, CRFB – duração razoável do processo administrativo. � Dever de decidir: artigos 48 e 49 da Lei n. 9.784/99. Motivo � Situação / pressuposto de fato e de direito que embasa o ato administrativo – antecede o ato (ao contrário da finalidade, que sucede ao ato). � Motivo versus motivação (dever de indicação, de justificação das razões de fato e de direito que embasaram o ato – artigo 50 da Lei n. 9.784/99). Objeto � Conteúdo do ato administrativo / alteração no mundo jurídico que se pretende por meio da edição do ato. � Exemplos: admissão de um servidor público (nomeação); aquisição da propriedade (desapropriação); multa (aplicação de uma sanção ao infrator) etc. Mérito Administrativo � Impossibilidade de o legislador prever todas as situações que podem ocorrer na realidade da vida em sociedade – atribuição, ao administrador, de certa margem de discricionariedade. � Atividade discricionária, pautada por critérios de conveniência e oportunidade. Atos vinculados e atos discricionários � Superação da dicotomia???? Diferentes graus de vinculação à juridicidade. � Ato vinculado: todos os seus elementos estão previstos na norma que lhe garante validade / uma única solução administrativa possível. � Ato discricionário: margem de liberdade ao administrador público quanto à conveniência e oportunidade da prática do ato (mérito do ato: motivo e objeto não vinculados) / várias soluções possíveis, todas válidas. Aprovação em concurso público e direito à nomeação � Nomeação de candidatos aprovados em concurso público: discricionariedade da Administração Pública? � Enunciado 15 do STF (artigo 37, inciso IV, CRFB) – direito subjetivo à nomeação em caso de preterição da ordem de classificação. � RE 598.099 / MS – reconhecida repercussão geral da matéria (aguarda julgamento). Aprovação em concurso público e direito à nomeação (1ª Turma STF) EMENTA: DIREITOS CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. NOMEAÇÃO DE APROVADOS EM CONCURSO PÚBLICO. EXISTÊNCIA DE VAGAS PARA CARGO PÚBLICO COM LISTA DE APROVADOS EM CONCURSO VIGENTE: DIREITO ADQUIRIDO E EXPECTATIVA DE DIREITO. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. RECUSA DA ADMINISTRAÇÃO EM PROVER CARGOS VAGOS: NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO. ARTIGOS 37, INCISOS II E IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Os candidatos aprovados em concurso público têm direito subjetivo à nomeação para a posse que vier a ser dada nos cargos vagos existentes ou nos que vierem a vagar no prazo de validade do concurso. 2. A recusa da Administração Pública em prover cargos vagos quando existentes candidatos aprovados em concurso público deve ser motivada, e esta motivação é suscetível de apreciação pelo Poder Judiciário. 3. Recurso extraordinário ao qual se nega provimento. (RE 227480/RJ) – 1ª Turma do STF Aprovação em concurso público e nomeação (STJ: ausência de direito líquido e certo) CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. EXPECTATIVA DE DIREITO. NOMEAÇÃO. ATO DISCRICIONÁRIO. PRAZO DE VALIDADE. PRORROGAÇÃO. DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA. ORDEM DENEGADA. 1 - Consoante entendimento doutrinário e jurisprudencial, os concursandos não possuem direito subjetivo à nomeação, mas apenas expectativa. Assim sendo, não há qualquer imposição à Administração de nomear os aprovados dentro do prazo de validade do certame, a menos que tenha havido preterição na ordem classificatória ou contratação a título precário, o que não se verifica na hipótese dos autos. Precedentes. 2 - O surgimento de novas vagas, dentro do prazo de validade do concurso, não impõe à Administração o dever de preenchê-las, porquanto a nomeação dos aprovados sujeita-se ao juízo discricionário da Administração. Precedentes. 3 - A prorrogação do concurso público constitui faculdade outorgada à Administração Pública, que a exerce consoante critérios de conveniência e oportunidade, os quais escapam ao reexame feito peloPoder Judiciário, que está adstrito à verificação da legalidade extrínseca do ato. Precedentes. 4 - Ordem denegada. (ROMS 9909/DF) Aprovação em concurso público e nomeação (STJ: direito líquido e certo para nomeação dentro do número de vagas) RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. DIREITO À NOMEAÇÃO. DUAS RECORRENTES. CANDIDATA APROVADA ENTRE AS VAGAS PREVISTAS NO EDITAL TEM DIREITO LÍQUIDO E CERTO À NOMEAÇÃO. RECORRENTE APROVADA NAS VAGAS REMANESCENTES - MERA EXPECTATIVA DE DIREITO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A aprovação do candidato no limite do número de vagas definido no Edital do concurso gera em seu favor o direito subjetivo à nomeação para o cargo. Entretanto, se aprovado nas vagas remanescentes, além daqueles previstas para o cargo, gera-se, apenas, mera expectativa de direito. 2. As disposições contidas no Edital vinculam as atividades da Administração, que está obrigada a prover os aprovados no limite das vagas previstas. A discricionariedade na nomeação de candidatos só incide em relação aos classificados nas vagas remanescentes. 3. Não é lícito à Administração, no prazo de validade do concurso público, simplesmente omitir-se na prática dos atos de nomeação dos aprovados no limite das vagas ofertadas, em respeito aos investimentos realizados pelos concursantes, em termos financeiros, de tempo e emocionais, bem com às suas legítimas expectativas quanto à assunção do cargo público. Precedentes: RMS 15.034/RS e RMS 10.817/MG. 4. No caso, uma recorrente foi aprovada dentro do número de vagas disposto no Edital e detém direito subjetivo ao provimento no cargo; a outra candidata foi aprovada nas vagas remanescentes e não comprovou a violação da ordem de convocação dos classificados ou a contratação irregular de servidores, detendo, tão somente, mera expectativa de direito à nomeação. 5. Recurso Ordinário parcialmente provido, para determinar a nomeação, exclusivamente, da candidata aprovada dentro do número de vagas previstas no Edital. (ROMS 25957/MS) Teoria dos Motivos determinantes � Vinculação da Administração Pública aos motivos ou pressupostos que serviram de fundamento para o ato. � Aplicação no controle judicial dos atos discricionários da Administração Pública. Discricionariedade e motivação Mandado de Segurança n. 9.944/DF (STJ) ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. INDEFERIMENTO DE AUTORIZAÇÃO PARA FUNCIONAMENTO DE CURSO SUPERIOR. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO. NULIDADE. 1. A margem de liberdade de escolha da conveniência e oportunidade, conferida à Administração Pública, na prática de atos discricionários, não a dispensa do dever de motivação. O ato administrativo que nega, limita ou afeta direitos ou interesses do administrado deve indicar, de forma explícita, clara e congruente, os motivos de fato e de direito em que está fundado (art. 50, I, e § 1º da Lei 9.784/99). Não atende a tal requisito a simples invocação da cláusula do interesse público ou a indicação genérica da causa do ato. 2. No caso, ao fundamentar o indeferimento da autorização para o funcionamento de novos cursos de ensino superior na “evidente desnecessidade do mesmo”, a autoridade impetrada não apresentou exposição detalhada dos fatos concretos e objetivos em que se embasou para chegar a essa conclusão. A explicitação dos motivos era especialmente importante e indispensável em face da existência, no processo, de pareceres das comissões de avaliação designadas pelo próprio Ministério da Educação, favoráveis ao deferimento, além de manifestações no mesmo sentido dos Poderes Executivo e Legislativo do Município sede da instituição de ensino interessada. 3. Segurança parcialmente concedida, para declarar a nulidade do ato administrativo. Controle judicial sobre o mérito administrativo � Princípio da Separação Funcional de Poderes � “O mérito (relativo a juízos de conveniência e oportunidade) pode até não ser diretamente controlável, em si, mas o demérito sempre o será”. (Juarez Freitas) � Parâmetros: razoabilidade, proporcionalidade, realidade, juridicidade. Jurisprudência Tradicional Servidor Público - Policial Militar - Promoção - Bravura - Discricionariedade - Mérito administrativo - Princípio Constitucional da Tripartição de Poderes. Pretensão do Autor de compelir a Administração Pública a promovê-lo, fundado no princípio da igualdade ou isonomia. Hipótese em que participou ele da mesma ação policial que resultou na promoção de outro colega de farda. Critérios de conveniência e oportunidade que não estão sujeitos à análise do Poder Judiciário. O controle judicial dos atos da Administração restringe-se ao controle da legalidade, não alcançando o exame do mérito administrativo. Principio constitucional da tripartição dos poderes que veda a intervenção judicial. Decisão confirmada. (TJRJ – AC 32.269/09) Jurisprudência mais atual DIREITO ADMINISTRATIVO, CONSTITUCIONAL E PROCESSO CIVIL. CANCELAMENTO DE PERMISSÃO PARA EXPOSIÇÃO E VENDA DE PRODUTOS ARTESANAIS. CONTROLE JUDICIAL SOBRE O MÉRITO ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE. Os atos administrativos, mesmo os discricionários podem ser desconstituídos se forem desproporcionais aos fins propostos, praticados com desvio de poder, ou quando os motivos que o ensejaram não forem verdadeiros, suficientes ou adequados. A determinação de cassação de permissão é medida que se revela demasiadamente gravosa para a dignidade do Recorrente, ainda mais porque não se pode deixar de levar em consideração o atual cenário econômico, que não permite que o judiciário chancele o impedimento do exercício de uma atividade que confere sustento ao agravante e à sua família. Contudo, considerando o contexto fático-probatório presente nos autos, em que pese não ser dado ao Judiciário a faculdade de substituir as decisões administrativas, sob pena de violação ao princípio da separação de poderes, lhe é permitido, agir de ofício, de forma a garantir a efetividade jurisdicional. (TJRJ – AC 16.115/2009) Discricionariedade � Discricionariedade simples. � Discricionariedade técnica (agências reguladoras, por exemplo). � Conceitos jurídicos indeterminados (conceitos plurissignificativos como interesse público, notório saber jurídico, bem comum, relevância e urgência etc). Controle da discricionariedade técnica RESP 120.128-PR – Ministro Herman Benjamim (2010). Ação Civil Pública. Pedido de declaração de ilegalidade das tarifas diferenciadas em ligações de telefonia fixa entre terminais localizados em municípios conurbados. STJ entendeu (i) que a delimitação da chamada área local, para configuração do serviço de telefonia e cobrança da respectiva tarifa, leva em conta aspectos predominantemente técnicos, não necessariamente vinculados à divisão política e geográfica do município; e (ii) que descabe ao Judiciário adentrar o mérito das normas e procedimentos regulatórios que inspiraram a configuração das áreas locais – DISCRICIONARIEDADE TÉCNICA. Atributos dos atos administrativos � Presunção de legalidade e legitimidade (presunção relativa): inversão do ônus da prova e da provocação judiciária a quem alega a invalidade. � Coercibilidade ou imperatividade (ato cogente): os comandos são obrigatórios a todos que se enquadrarem na hipótese. � Autoexecutoriedade: execução imediata do ato administrativo, independentemente da aquiescência do particular ou da necessidade de buscar o Poder Judiciário (exceção: atos heteroexecutórios, como desapropriação, execução fiscal etc). Liberação de veículo condicionada ao pagamento de multas Código de Trânsito Brasileiro Art. 262. O veículo apreendido em decorrência de penalidade aplicada será recolhido ao depósito e nele permanecerá sob custódia e responsabilidade do órgão ou entidade apreendedora, com ônus para o seu proprietário, pelo prazo de até trinta dias, conforme critério a ser estabelecido pelo CONTRAN. § 2º A restituição dos veículos apreendidos só ocorrerá mediante o préviopagamento das multas impostas, taxas e despesas com remoção e estada, além de outros encargos previstos na legislação específica. Veículo sem licenciamento e liberação condicionada ao pagamento de multas REsp 1104775 / RS (Recurso Representativo da Controvérsia) MEDIDA ADMINISTRATIVA DE REMOÇÃO DE VEÍCULO. LIBERAÇÃO CONDICIONADA AO PAGAMENTO DE MULTAS JÁ VENCIDAS E DAS DESPESAS COM REMOÇÃO E DEPÓSITO, ESTAS LIMITADAS AOS PRIMEIROS TRINTA DIAS. ART. 262 DO CTB. 1. Liberação do veículo condicionada ao pagamento das multas já vencidas e regularmente notificadas. 2. A autoridade administrativa não pode exigir o pagamento de multas em relação às quais não tenha sido o condutor notificado, pois a exigibilidade pressupõe a regular notificação do interessado, que poderá impugnar a penalidade ou dela recorrer, resguardando, assim, o devido processo legal e a ampla defesa, garantias constitucionalmente asseguradas. 3. Se a multa já está vencida, poderá ser exigida como condição para liberar-se o veículo apreendido, quer por ter-se esgotado o prazo de defesa sem manifestação do interessado, quer por já ter sido julgada a impugnação ou o recurso administrativo. Do contrário, estar-se-ia permitindo que voltasse a trafegar sem o licenciamento, cuja expedição depende de que as multas já vencidas sejam quitadas previamente, nos termos do art. 131, § 2º, do CTB. Desconto em folha de pagamento do servidor público (MS 24182/STF) Hipótese: ressarcimento ao erário por prejuízos causados por servidor público mediante desconto em folha de pagamento, sem sua concordância. A obrigação de indenizar os cofres públicos advém da responsabilidade civil do servidor e poderá até ser resolvida mediante desconto em folha, mas desde que haja a aquiescência do servidor. Caso contrário, cabe à Administração propor ação de indenização contra o responsável. A Lei 8.112/90, ao reportar-se à responsabilidade civil dos servidores públicos da União (artigo 121 e seguintes), disciplina a forma de atuação da Administração, em tais casos, tendo em vista a necessidade de submeter ao Poder Judiciário a confirmação, ou não, do ressarcimento, apurado na esfera administrativa. Sobre a forma de proceder em situações dessa natureza, esclarece mestre Hely Lopes Meirelles ser válido o desconto em folha "inclusive na hipótese prevista no § 6º do artigo 37 da CF, mas, em qualquer caso, é necessária a concordância do responsável, porque a Administração não pode lançar mão dos bens de seus servidores, nem gravar unilateralmente seus vencimentos, para ressarcir-se de eventuais prejuízos. Faltando-lhe esta aquiescência, deverá recorrer às vias judiciais, quer propondo ação de indenização contra o servidor, quer executando a sentença condenatória do juízo criminal ou a certidão da dívida ativa (no caso de alcances e reposições de recebimentos indevidos). Não se aplica, no caso, a autoexecutoriedade do procedimento administrativo. Classificação quanto à formação da vontade administrativa � Ato simples: declaração unitária de vontade. � Ato composto: declaração unitária de vontade dependente de verificação, ratificação ou ciência de outro agente ou órgão para sua operacionalização. � Ato complexo: mais de uma declaração unitária de vontade. Ato complexo, prazo decadencial e contraditório: aposentadoria (artigo 71, inciso III, CRFB) MS N. 24.781-DF (Informativo 618 do STF). Mandado de Segurança. 3. Controle externo de legalidade dos atos concessivos de aposentadorias, reformas e pensões. Inaplicabilidade ao caso da decadência prevista no art. 54 da Lei 9.784/99. 4. Negativa de registro de aposentadoria julgada ilegal pelo TCU. Decisão proferida após mais de 5 (cinco) anos da chegada do processo administrativo ao TCU e após mais de 10 (dez) anos da concessão da aposentadoria pelo órgão de origem. Princípio da segurança jurídica (confiança legítima). Garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Exigência. 5. Concessão parcial da segurança. I – Nos termos dos precedentes firmados pelo Plenário desta Corte, não se opera a decadência prevista no art. 54 da Lei 9.784/99 no período compreendido entre o ato administrativo concessivo de aposentadoria ou pensão e o posterior julgamento de sua legalidade e registro pelo Tribunal de Contas da União – que consubstancia o exercício da competência constitucional de controle externo (art. 71, III, CF). II – A recente jurisprudência consolidada do STF passou a se manifestar no sentido de exigir que o TCU assegure a ampla defesa e o contraditório nos casos em que o controle externo de legalidade exercido pela Corte de Contas, para registro de aposentadorias e pensões, ultrapassar o prazo de cinco anos, sob pena de ofensa ao princípio da confiança – face subjetiva do princípio da segurança jurídica. Precedentes. III – Nesses casos, conforme o entendimento fixado no presente julgado, o prazo de 5 (cinco) anos deve ser contado a partir da data de chegada ao TCU do processo administrativo de aposentadoria ou pensão encaminhado pelo órgão de origem para julgamento da legalidade do ato concessivo de aposentadoria ou pensão e posterior registro pela Corte de Contas. IV – Concessão parcial da segurança para anular o acórdão impugnado e determinar ao TCU que assegure ao impetrante o direito ao contraditório e à ampla defesa no processo administrativo de julgamento da legalidade e registro de sua aposentadoria, assim como para determinar a não devolução das quantias já recebidas. V – Vencidas (i) a tese que concedia integralmente a segurança (por reconhecer a decadência) e (ii) a tese que concedia parcialmente a segurança apenas para dispensar a devolução das importâncias pretéritas recebidas, na forma do que dispõe a Súmula 106 do TCU. Aposentadoria e pensão: ato complexo e segurança jurídica O STF concedeu MS impetrado contra ato do TCU que indeferira o registro de pensão vitalícia concedida à impetrante e determinara a devolução das quantias recebidas, sob o fundamento de má-fé, ante a inexistência de provas da sua condição de companheira do instituidor do benefício. Quanto ao mérito, tendo em conta o longo período em que a pensão vinha sendo concedida (4 anos) e o resultado gravoso do ato impugnado, entendeu-se que a impetrante tinha o direito líquido e certo de ser ouvida, no procedimento administrativo, por força dos princípios do contraditório e da ampla defesa, antes de a autoridade decidir sobre a legalidade ou não da pensão percebida (Informativo 403 do STF). Extinção do ato administrativo � Extinção natural (esgotamento dos efeitos do ato administrativo). � Extinção subjetiva (desaparecimento do beneficiário do ato). � Extinção objetiva (desaparecimento do próprio objeto do ato administrativo). � Caducidade (superveniência de legislação dispondo em sentido contrário). � Cassação (beneficiário do ato administrativo deixa de satisfazer as condições necessárias para sua manutenção) – cunho punitivo. Desfazimento do ato administrativo (anulação) � Anulação (Enunciado 473 do STF / artigo 53 da Lei n. 9.784/99) – teoria das nulidades no direito administrativo (teoria monista versus teoria dualista). � Prazo decadencial: artigo 54 da Lei n. 9.784/99. � Possibilidade de modulação dos efeitos temporais (artigo 52, §3º, da Lei 5427/09 – ERJ). � Convalidação: suprimento da invalidade com efeitos retroativos (artigo 55 da Lei 9.784/99). Convalidação – Lei de Processo do ERJ Art. 52. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. Parágrafo único. Admite-se convalidação voluntária, em especial, nas seguintes hipóteses: I. vícios de competência, mediante ratificação da autoridade competente; II. vício de objeto, quando plúrimo, mediante conversão ou reforma; III. quando, independentemente do vício apurado, se constatar que a invalidação do ato trarámais prejuízos ao interesse público do que a sua manutenção, conforme decisão plenamente motivada. (...). §3º Os Poderes do Estado e os demais órgãos dotados de autonomia constitucional poderão, no exercício de função administrativa, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, restringir os efeitos da declaração de nulidade de ato administrativo ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de determinado momento que venha a ser fixado. Desfazimento do ato administrativo (revogação) � Desfazimento do ato administrativo por razões de conveniência e oportunidade. � Poder discricionário da Administração Pública. � Opera efeitos ex nunc. � Descabimento de revogação de atos vinculados (em ocorrendo, tem-se uma expropriação de direito, como regra indenizável). Poderes da AP � Prerrogativas atribuídas à Administração Pública pelo ordenamento jurídico para o fim de concretizar as atividades que visam a tutelar o interesse público. � Caráter dúplice: poderes-deveres. � Poderes: hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Poder Hierárquico � Poder que se confere ao Estado de distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a a atuação de seus agentes, com o estabelecimento de uma relação de subordinação entre agentes estatais. � Ausência de hierarquia entre Administração Direta e Indireta (não há subordinação, mas supervisão finalística). � Hierarquia na função legislativa e jurisdicional (???). Poder Hierárquico: prerrogativas � Ordenação: dar ordens a agentes subalternos. � Fiscalização das atividades desempenhadas por agentes subalternos. � Delegação de competência: transferência de atribuições de um órgão e seu titular a outro dentro do aparelho administrativo (artigos 12 a 14 da Lei 9.784/99). � Avocação (artigo 15 Lei 9.784/99): chamamento de atribuições originariamente entregues a um subordinado ou recuperação de competência delegada. � Revisão de atos praticados por agentes subalternos (artigos 56 e seguintes Lei 9.784/99). Poder Disciplinar � Poder de apurar infrações e aplicar penalidades aos agentes públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa, observando-se o devido processo legal. � Responsabilidade administrativa dos agentes públicos e independência das instâncias (artigo 123 e seguintes da Lei 8.112/90). � Penalidades disciplinares (artigo 127 da Lei 8.112/90) � Sistema dos tipos abertos (artigos 117 e 132, especialmente incisos V e VI). Poder Regulamentar � Espécie de poder normativo, de cunho secundário (“filling up details”). � Expedição de decretos / regulamentos para fiel execução da lei (artigo 84, inciso IV, CRFB). � Controle do exercício do poder regulamentar: artigo 49, inciso V, CRFB. Poder Regulamentar � Debate quanto aos regulamentos autônomos e independentes (inovam a ordem jurídica sem intermediação do Poder Legislativo). � Regulamentos autônomos: a própria Constituição reserva a matéria ao domínio do regulamento (relação de competência). � Regulamentos independentes: na lacuna da lei, o administrador público regula a matéria (relação de hierarquia). � EC 32/2001: passou a admitir regulamentos autônomos (domínio da administração) para organização interna do funcionamento dos órgãos administrativos (artigo 84, inciso VI, CRFB, com redação da EC 32/01). Polícia Administrativa � Poder de polícia (expressão criticada pela doutrina). � Prerrogativa para restringir, condicionar ou limitar bens, direitos e atividades privados. � Fundamento: tutela dos direitos fundamentais e da democracia. � Base normativa: artigo 145, inciso II, da CRFB e 78 do Código Tributário Nacional. Polícia Administrativa � Artigo 78 do CTN: “Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”. Formas de manifestação da polícia administrativa � Ordem ou comando de polícia. � Fiscalização de polícia. � Consentimento de polícia. � Sanção de polícia. Atos de consentimento � Licença: ato vinculado / natureza declaratória / direito subjetivo. � Permissão: ato discricionário / natureza constitutiva / ausência de direito subjetivo. � Autorização: ato discricionário / eventual e precário. Polícia Administrativa Delegação do poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado? Exemplo: guarda municipal do Rio de Janeiro, que era paraestatal. STJ (RESP 817.534/MG): impossibilidade de delegação sancionatória � Decisão da 2ª Turma do STJ envolvendo a possibilidade de a BHtrans (SEM) emitir licenças para conduzir, fiscalizar o trânsito e multar. � Segunda Turma do STJ decidiu que sociedade de economia mista pode fiscalizar o trânsito, mas não pode aplicar multas. Os ministros entenderam que atividades de consentimento, como emissão de carteiras de habilitação e de fiscalização, podem ser delegadas. Porém, atividades de legislação e sanção não são delegáveis porque derivam da competência de coerção do Poder de Polícia. � RE já admitido pelo STJ. No mérito, a BHTrans alega violação aos artigos 30 e 175 da Constituição. A empresa sustenta que é possível a delegação de execução de serviço público, incluída a atividade de controle de trânsito, à sociedade de economia mista, e que essa delegação, operada de forma legal, concretiza o regular exercício da competência legislativa municipal. Impossibilidade de delegação da polícia sancionátória O poder de polícia é atividade típica do Estado, oriundo do poder soberano estatal e, por isso, indelegável a entes com personalidade jurídica de direito privado. Em havendo delegação, esta só será possível às autarquias uma vez que possuem personalidade jurídica de direito público interno e executam atividades típicas da Administração Pública. As sociedades de economia mista não podem gozar de privilégios não extensivos ao setor privado. Em que pese a divisão hodierna do poder de polícia em ordem de polícia, consentimento de polícia, fiscalização de polícia e sanção, a última permanece no campo das atividades indelegáveis ao ente de direito privado. (9ª CC. TJRJ). Ementário: 02/2010 - N. 18 - 14/01/2010 Possibilidade de delegação da polícia sancionatória APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. COMLURB. DELEGAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA. POSSIBILIDADE. MULTA ADMINISTRATIVA. PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE. Ação de cobrança de multas administrativas aplicadas em virtude de depósito irregular de lixo em terreno da COMLURB. Possibilidade de delegação do poder de polícia a entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado. Precedentes desta Corte. Delegação devidamente outorgada por meio de Lei. Presunção de legalidade dos autos de infração que não foi afastada pelo apelante. Jurisprudência deste Tribunal. Sentença que se mantêm. (14ª CC / TJRJ). Polícia Administrativa: características � Discricionário (forma de fiscalização, atos de comando, permissões etc) / vinculado (dever de fiscalização, licenças, aplicação de sanções etc). � Coercibilidade (imperatividade que autoriza o uso de força policial em caso de resistência) � Autoexecutoriedade (exceção dos atos heteroexecutórios) Deveres Administrativos � Dever de probidade (artigo 37, §4º, CRFB e Lei n. 8.429/92). � Dever de eficiência. � Dever de prestar contas (artigo 15 da Declaração Universal dos Homens e do Cidadão, de 1789). Licitações e Contratos � Base normativa constitucional � artigos 37, inciso XXI; 22, inciso XXVII (competência legislativa); e 173, §1°, todos da CRFB. � Lei n. 8.666/93 e a questão das normas gerais e normas específicas.� Lei 10.520/02 (Pregão). � Finalidade: seleção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública. Questão das normas gerais e normas específicas � Critério definidor: concretização de princípios setoriais para licitações e contratos administrativos. � São gerais / nacionais as normas que dispõem sobre: (i) modalidades; (ii) recursos e prazos; (iii) prazos de publicidade; (iv) patamares de valores – economicidade; (v) contratação direta. � Exemplos de normas específicas (autonomia dos entes): registros cadastrais (artigos 34 a 37); participação de empresas em consórcio (artigo 33); normas procedimentais (exemplo: 43, §2). Quem está obrigado a licitar? � Artigo 1º, parágrafo único, da Lei n. 8.666/93. � A questão das empresas estatais e o artigo 173, §1º, III, CRFB. � A questão das entidades integrantes do “Sistema S”: serviços sociais autônomos (não integram a Administração Pública / não se subordinam à Lei n. 8.666/93 / devem editar seus regulamentos próprios para licitações e contratos). � Entidades privadas que contratam com recursos públicos. Observância da Lei n.º 8.666/93 por entidades particulares em razão de convênio ou subvenção Acórdão n.º 1.070/2003 do TCU determinou a observância dos ditames da Lei n.º 8.666/93 pelas entidades privadas conveniadas (alteração do parágrafo único do artigo 27 da IN/STN 01/97): � Art. 27 (redação original). Quando o convenente integrar a administração pública, de qualquer esfera de governo, deverá, obrigatoriamente, sujeitar-se às disposições da lei nº 8.6663/93, especialmente naquilo que se refira à licitação e contrato. � Parágrafo único. Sendo o convenente entidade privada, não sujeita à Lei nº 8.666/93, deverá, na execução das despesas com os recursos recebidos em transferência, adotar procedimentos análogos aos estabelecidos pela referida lei. � Nova redação do artigo 27: O convenente, ainda que entidade privada, sujeita-se, quando da execução de despesas com os recursos transferidos, às disposições da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, especialmente em relação a licitação e contrato, admitida a modalidade de licitação prevista na Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, nos casos em que especifica. Ajustes a serem licitados � Artigo 2º (“quando contratados com terceiros”). � Artigo 2º, parágrafo único: irrelevância do nome do ajuste. � Contratos versus convênios e instrumentos congêneres (artigo 116). Contratos versus convênios � Contrato: ajuste sinalagmático / estipulação de obrigações recíprocas / não há convergência entre os interesses das partes contratantes. � Convênio: os entes conveniados tem objetivos institucionais comuns e se reúnem, por meio do convênio, para alcançá-los; verifica-se a mútua colaboração, que pode assumir várias formas, como repasse de verbas, uso de equipamentos, de recursos humanos e materiais, de imóveis, de know-how ou outros; por isso mesmo, no convênio não se cogita de preço ou remuneração. Ajustes a serem licitados � Contratos unilaterais em favor da AP quando acompanhados de interesse pessoal indissociável, como, por exemplo, para veicular publicidade (necessidade de licitação, no mínimo, para assegurar a isonomia). � Permissões de uso de bens públicos (permissões qualificadas ou contratualizadas devem ser precedidas de licitação). Princípios setoriais (artigo 3º) � Isonomia (artigo 3º, inciso I; artigo 44, §1º). � Vantajosidade (menor custo e maior benefício). � Competitividade (artigo 3º, inciso I, primeira parte). � Publicidade (artigo 3º, §3º; artigo 21 – publicação de editais; artigo 43, §1º). � Vinculação ao instrumento convocatório, que pode ser edital ou convite (artigo 41): “o edital é a lei interna da licitação”. � Padronização (artigo 15, inciso I, e artigo 7º, §5º): contratos de compras, admitindo, quando tecnicamente justificável, a indicação de marcas ou modelos no instrumento convocatório. � Julgamento objetivo (artigos 44 e 45): tipos de licitação. Tipos de licitação (artigo 45, §1º) � Menor preço (§3º) – por vezes, maior desconto. � Melhor técnica (3 envelopes - artigo 46, §1º). � Técnica e preço (2 envelopes - artigo 46, §2º: o preço é um fator). � Maior lance ou oferta. Contratação direta � Licitação dispensada (artigo 17), dispensável (artigo 24: rol taxativo) e inexigível (artigo 25: inviabilidade de competição – rol exemplificativo). � Procedimento (artigo 26) � Hipóteses mais comuns de dispensa de licitação (valor, emergência, licitação deserta, licitação frustrada, ente da AP, compra ou locação de imóvel, instituição brasileira). Licitação Emergencial – orientação dos órgãos de controle 1. A emergência, a ensejar dispensa de licitação, é um conceito jurídico indeterminado a ser valorado pelo administrador diante das especificidades do caso concreto, observados, em especial, os princípios da razoabilidade, moralidade e eficiência. 2. A emergência decorrente da falta de planejamento, incúria ou desídia do agente público não exclui a incidência do art. 24, inciso IV, da Lei n.° 8.666/93, mas deve ser objeto de rigorosa apuração com vistas à identificação dos responsáveis e aplicação das sanções cabíveis. 3. A contratação direta (art. 24, inciso IV, da Lei n .°8.666/93) deve ser efetivada somente para a aquisição de bens e serviços estritamente necessários ao saneamento da situação emergencial, cabendo à autoridade administrativa iniciar imediatamente o procedimento licitatório, adotando as providências necessárias à regularização da contratação. 4. O prazo do contrato emergencial deve ser dimensionado considerando apenas o tempo necessário para sanar a situação de urgência, limitado este a 180 (cento e oitenta) dias. 5. Se a situação emergencial persistir ao final do contrato e ante a vedação da prorrogação, a solução é a formalização de nova contratação com base no art. 24, inciso IV, da Lei n.° 8.666/93, desde que, justificadamente, não seja possível realizar uma licitação durante o período ou adotar as providências necessárias à regularização da contratação”. Artigo 24, XIII – orientação dos órgãos de controle A contratação de qualquer entidade pública ou privada, com fulcro no art. 24, XIII, da Lei n.º 8.666/93, dar-se-á exclusivamente quando o objeto da contratação estiver relacionado com atividades de pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional, para as quais tenha sido criada a entidade contratada, vedada a contratação de pessoa física com base nesse dispositivo, sendo requisitos para a contratação direta: (i) a previsão estatutária dos serviços, (ii) a notoriedade de atuação da entidade na área relacionada ao objeto do contrato, reconhecida pelo autorizador ou ordenador de despesa, e (iii) a experiência demonstrada nessa área de atuação através de atestados de fornecimentos anteriores Modalidades licitatórias (artigos 22 e 23) � Concorrência � Tomada de preços � Convite � Concurso � Leilão � Pregão (Lei 10.520/02) – bens e serviços comuns Habilitação (artigo 27) (i) habilitação jurídica (artigo 28); (ii) qualificação técnica (artigo 30); (iii) qualificação econômico-financeira (artigo 31); (iv) regularidade fiscal (artigo 29); e (v) artigo 7º, inciso XXXIII, da CRFB (trabalho de menores). Fase final � Homologação � Adjudicação. � Revogação (artigo 49) � Anulação (artigo 59) Contratos administrativos � Noções gerais e cláusulas necessárias (artigo 55) � Duração dos contratos e prorrogação (artigo 57) � Cláusulas exorbitantes do direito privado (artigo 58): (i) Mutabilidade (artigo 65) (ii) Rescisão unilateral (artigo 79, inciso I) (iii) Fiscalização (artigos 66 a 68) (iv) Imposição de sanções (artigo 87) Situações que podem justificar a revisão ou a extinção do contrato (i) força maior - evento humano imprevisível e inevitável, que impede a regular execução do contrato. (i) caso fortuito - evento da natureza imprevisível e inevitável, que impede absolutamente a regular execução do contrato. (i) fato dopríncipe - determinação estatal geral, imprevista e imprevisível, que onera substancialmente a execução do contrato ou impede sua execução, embora atinja reflexamente o contrato (ex. proibição de importação). (i) fato da administração - é toda ação ou omissão do poder público que, incidindo diretamente sobre o contrato, retarda ou impede sua execução (ex. poder público não providencia desapropriação). Equivale à força maior e exige revisão contratual e pagamento de indenização acaso devida. (i) interferências imprevistas - São ocorrências materiais não cogitadas pelas partes na celebração do contrato, mas que surgem na sua execução de modo surpreendente e excepcional, dificultando e onerando extraordinariamente o prosseguimento e conclusão dos trabalhos (ex. solo rochoso onde constava arenoso). Consequências da inexecução culposa (artigo 87) A) RESPONSABILIDADE CIVIL - Gera, em caso de culpa, a obrigação de indenizar, além do pagamento das multas fixadas em cláusula penal. B) RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA - Resulta da infringência de normas da administração. Suas sanções são aplicadas diretamente pela administração, respeitado o devido processo legal e ampla defesa. C) SUSPENSÃO TEMPORÁRIA - do direito de participar de licitação e contratar com a administração. Pode se restringir ao órgão que a decretou ou até mesmo a apenas uma determinada licitação, pois decorre de uma culpa menos grave. D)DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE - Penalidade que impede que o apenado continue contratando com a administração. Decorre de dolo ou culpa grave. Só pode ser aplicada pela autoridade indicada na lei. Exige oportunidade de defesa e admite cancelamento se cessada a causa. Pesquisa Em procedimento licitatório realizado pelo Município do Rio de Janeiro, determinado licitante foi inabilitado sob o fundamento de inidoneidade declarada pelo Estado do Paraná, em decorrência de inexecução parcial de contrato celebrado com aquele ente federativo. Discorra sobre a juridicidade da decisão de inabilitação. Resposta fundamentada. Pesquisa Determinada autarquia federal celebrou convênio de cooperação técnica, mediante inexigibilidade de licitação, com instituição brasileira, sem fins lucrativos, incumbida estatutariamente do desenvolvimento institucional, tendo por objeto a implementação e o gerenciamento de programa de gestão da folha de pagamento dos servidores vinculados à autarquia, mediante o pagamento de uma taxa de administração. Discorra sobre a juridicidade da celebração do convênio. Resposta fundamentada. EXTINÇÃO DO CONTRATO � RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: INEXECUÇÃO, TOTAL OU PARCIAL, DO CONTRATO E CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR (ARTIGO 78, INCISOS I A XII E XVII). � AMIGÁVEL � JUDICIAL: INICIATIVA DO CONTRATADO. Controle da Administração Pública � Função de Controle: faculdade de vigilância, orientação e correção que um Poder, órgão ou autoridade exerce sobre a conduta funcional de outro. � Princípio fundamental da AP: artigo 6º, Decreto-Lei 200/67 Espécies de Controle � Controle administrativo (autotutela: Enunciado n. 473 do STF; artigos 53 e seguintes da Lei n. 9.784/99) � Controle parlamentar (hipóteses autorizadas pela CRFB e Tribunais de Contas) � Controle judicial (jurisdição una: artigo 5º, inciso XXXV, CRFB) Controle Administrativo: autotutela � Enunciados 346 e 473 do STF. � Artigo 80 da CERJ e 53 da Lei 9.784/99. � Poder-dever de anulação de atos ilegais / faculdade de revogação de atos inconvenientes ou inoportunos. � Prazo decadencial (artigo 54 L. 9.784/99). � Modulação dos efeitos temporais da declaração de nulidade (artigo 53, §3º, Lei 5.427/09 do ERJ). Controle Legislativo � Controle externo nos limites da CRFB. � Artigos 49, incisos III, V, IX, X (princípio do colegiado) e 50 da CRFB. � Controle exercido pelos Tribunais de Contas (artigos 70 e seguintes da CRFB). Controle externo e Tribunais de Contas � Natureza jurídica: autonomia e independência (artigos 73 c/c 96 da CRFB) � Composição e princípio da simetria (artigo 73 da CRFB e Enunciado 653 do STF) � Controle externo nos municípios (artigo 31 da CRFB) � Decisões passíveis de revisão de Poder Judiciário (jurisdição una: ressalvas quanto à tecnicidade) � Sistema prioritariamente francês (a posteriori): discussão quanto aos editais de licitação (artigo 113, §2º, Lei n. 8.666/93) Análise global de mérito (artigo 70 da CRFB) � Vetores do controle externo: legalidade, legitimidade e economicidade (artigo 70). � Fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial. � Competências constitucionais (aplicáveis, por simetria, aos TCE’s e aos TCM’s): artigo 75. Competências: artigo 71 da CRFB � Contas anuais: parecer prévio (artigo 31, §2º, CRFB); � Contas dos gestores públicos: julgamento (artigo 71, inciso II); � Registro dos atos de admissão de pessoal e aposentadorias e pensões (ato complexo: artigo 71, inciso III); � Realização de inspeções e auditorias (artigo 71, inciso IV); Competências (artigo 71 da CRFB) � Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de que os entes políticos façam parte de forma direta ou indireta (artigo 71, V); � Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados entre os entes da federação mediante convênio ou instrumento congênere (artigo 71, VI); � Prestar as informações solicitadas pelas Casas Legislativas sobre a fiscalização empreendida, bem assim o resultado de auditorias e inspeções realizadas (artigo 71, VII); Competências � Competência sancionatória: aplicação de multa e outras sanções previstas em lei (eficácia de título extrajudicial); � Competência corretiva (artigo 71, inciso IX a XI); � Exercício do poder geral de cautela; � Sustação de contratos (artigo 71, §§1º e 2º). Controle jurisdicional � Princípio da jurisdição una (artigo 5º, inciso XXXV, CRFB) versus contencioso administrativo � Principais remédios judiciais a) Mandado de segurança (artigo 5º, inciso LXIX, CRFB) b) Ação Civil Pública (artigo 129, inciso III, CRFB e Lei n. 7.347/85) c) Ação popular (artigo 5º, inciso LXXIII, CRFB) d) Mandado de injunção (artigo 5º, inciso LXXI, CRFB) e) Reclamação (artigo 103-A, §3º, CRFB) Parâmetros para o controle jurisdicional de atos discricionários Autocontenção x ativismo judicial em matéria de controle da AP � Grau de restrição a direitos fundamentais (quanto maior, mais intenso o controle); � Grau de tecnicidade da matéria (quanto maior, menos intenso o controle); � Grau de politicidade da matéria (quanto maior, menos intenso o controle); � Grau de participação efetiva e consenso obtido em torno da decisão administrativa (quanto maior, menos intenso o controle). Mandado de Segurança � Individual ou coletivo (artigo 5º, incisos LXIX e LXX, CRFB). � Proteção de direito líquido e certo (demonstração cabal do direito na própria inicial, sem necessidade de dilação probatória). � Atos passíveis de impugnação: administrativos, como regra. Excepcionalmente, decisões judiciais e leis (somente de efeitos concretos) – artigo 5º Lei n. 12.012/2009. � Enunciados importantes: 266, 267, 268, 269, 271, 512, 629, 630 e 632, todos do STF. � Legitimidade ativa de órgãos públicos na defesa de suas prerrogativas. Mandado de segurança � Litisconsórcio ativo superveniente: admitido até o despacho da petição inicial (artigo 10, §2º). � Legitimidade passiva (pessoa jurídica que sofre os efeitos da decisão) e autoridade coatora (informante:agente com poder de decisão). � Suspensão de liminar / segurança (artigo 15 da Lei n. 12.016/2009). � Questões recursais: ROMS e embargos infringentes. Ação Popular (artigo 5º, LXXIII, CRFB e Lei n. 4.717/65) � Anulação de ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. � Tendência doutrinária e jurisprudencial de admitir que cada um dos vícios (ilegalidade e lesividade), separadamente,
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