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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO 
INFANTIL
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Fundamentos da Educação Infantil – Profª. Drª. Lucimary Bernabé Pedrosa de Andrade e 
Profª. Drª. Tatiana Noronha de Souza
Olá! Meu nome é Lucimary Bernabé Pedrosa de Andrade. Sou 
doutora pelo Programa de Pós-graduação em Serviço Social 
da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – 
Unesp, campus de Franca. Na mesma universidade, obtive o 
título de mestre em 2003, pesquisando as creches da Unesp. 
Sou licenciada em Pedagogia e bacharel em Serviço Social, além 
de ter a formação no magistério. Atuo como supervisora de uma 
instituição de educação infantil e na docência universitária, no 
curso de Pedagogia. Minha formação e experiência profissional 
sempre estiveram ligadas à educação das crianças pequenas, 
e espero partilhar com você algumas das reflexões que venho realizando sobre esse 
período tão especial da educação do ser humano, que é a educação infantil.
e-mail: lucimarypandrade@yahoo.com.br
Olá! Meu nome é Tatiana Noronha de Souza. Sou pedagoga, 
com Mestrado (2003) e Doutorado (2007) em Psicologia pela 
Universidade de São Paulo – USP, campus de Ribeirão Preto, com 
trabalhos de pesquisa na área da qualidade do atendimento em 
instituições infantis. Tenho experiência na área da educação 
infantil, com ênfase na avaliação de sistemas, instituições, 
planos e programas educacionais, atuando, especialmente, 
na formação inicial e continuada de professores e de gestores 
educacionais. Desde 2007, atuo no Centro Universitário 
Claretiano (Claretiano) de Batatais, nos cursos de Licenciatura 
em Pedagogia, Educação Física e Filosofia. Desde 2010, atuo 
como docente de disciplinas pedagógicas na Universidade 
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Unesp, campus de 
Jaboticabal, no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Desejo que você apreenda, 
ao máximo, os conhecimentos presentes neste Caderno de Referência de Conteúdo, 
para poder, com ela, utilizar as referências citadas para aprofundar seus conhecimentos 
acerca do assunto. Bons estudos!
e-mail: tatianasouza@claretiano.edu.br
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO 
INFANTIL
Caderno de Referência de Conteúdo
Lucimary Bernabé Pedrosa de Andrade
Tatiana Noronha de Souza
Batatais
Claretiano
2013
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
372 A565f
 Andrade, Lucimary Bernabé Pedrosa de
 Fundamentos da educação infantil / Lucimary Bernabé Pedrosa de Andrade, 
 Tatiana Noronha de Souza – Batatais, SP : Claretiano, 2013.
 201 p.
 ISBN: 978-85-67425-96-2
 
1. História social da criança e da família. 2. Concepção de infância, desenvolvimento 
e aprendizagem, políticas de atendimento à infância no Brasil: história, instituições e 
legislações 3. A organização curricular na educação infantil: tempo, espaço e rotina. 
4. Profissionais na educação infantil. 5. Diretrizes nacionais curriculares da educação 
infantil. 6. Relação instituição e família. I. Souza, Tatiana Noronha de. II. Fundamentos 
da educação infantil.
 
 
 CDD 372 
 
 
 
 
 
 
 
 
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu 
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária 
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Claretiano - Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REfERêNCIA DE CONTEúDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO ..................................................................... 10
UnidAdE 1 – DESENVOLVIMENTO, APRENDIzAGEM E CONSTRUÇÃO DO 
CONHECIMENTO NA INFâNCIA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 33
2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 34
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 34
4 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 38
5 UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA DA INFâNCIA ................................................ 39
6 PRECURSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................................... 44
7 A CRIANÇA E A EDUCAÇÃO INFANTIL: ALGUNS PONTOS PARA DEBATE ..... 51
8 DESENVOLVIMENTO E APRENDIzAGEM NA INFâNCIA ................................. 54
9 VISÃO DE ALGUNS TEÓRICOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO E A 
APRENDIzAGEM INFANTIL .............................................................................. 56
10 O PAPEL DO BRINQUEDO NO DESENVOLVIMENTO E NA 
APRENDIzAGEM INFANTIL .............................................................................. 65
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 71
12 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 72
13 E-REfERênCiAS ............................................................................................... 73
14 REfERênCiAS BiBliogRáfiCAS ...................................................................... 73
UnidAdE 2 – LEGISLAÇÕES E POLíTICAS DE ATENDIMENTO à INFâNCIA 
NO BRASIL
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 75
2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 75
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 76
4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ............................................................................... 76
5 POLíTICAS PúBLICAS PARA A INFâNCIA NO BRASIL: A HERANÇA 
ASSISTENCIALISTA............................................................................................ 77
6 A INFâNCIA NO ESTADO NOVO ....................................................................... 82
7 OS MOVIMENTOS POPULARES E A DEFESA DA CIDADANIA 
DA INFâNCIA ..................................................................................................... 83
8 ORDENAMENTO LEGAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................ 84
9 POLíTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL: PRINCíPIOS 
E DIRETRIzES .................................................................................................... 101
Claretiano - Centro Universitário
10 DIRETRIzES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL ..... 104
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 119
12 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 121
13 E-REfERênCiAS ................................................................................................ 122
14 REfERênCiAS BiBiliogRáfiCAS ..................................................................... 122
UnidAdE 3 – A PROPOSTA PEDAGÓGICA E O CURRíCULO NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 125
2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 126
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 126
4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ............................................................................... 128
5 A PROPOSTA PEDAGÓGICA E O CURRíCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...... 128
6 CUIDAR E EDUCAR NO CURRíCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ..................... 144
7 CONTEúDOS CURRICULARES NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................... 147
8 ORGANIzAÇÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........... 161
9 A ORGANIzAÇÃO DO TEMPO NAS CRECHES E PRÉ-ESColAS .................... 163
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 168
11 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 170
12 REfERênCiAS BiBliogRáfiCAS ...................................................................... 171
UnidAdE 4 – AS INSTITUIÇÕES, OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 
INFANTIL E A RELAÇÃO COM AS FAMíLIAS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 173
2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 173
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 174
4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ............................................................................... 175
5 AS CRECHES ...................................................................................................... 175
6 A PRÉ-ESColA ................................................................................................... 180
7 OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................ 184
8 FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL ........................ 189
9 A RELAÇÃO COM AS FAMíLIAS ........................................................................ 192
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 197
11 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 198
12 REfERênCiAS BiBliogRáfiCAS ...................................................................... 199
13 13. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 200
1
EA
D
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
História social da criança e da família. Concepção de infância, desenvolvimento 
e aprendizagem, políticas de atendimento à infância no Brasil: história, institui-
ções e legislações. A organização curricular na educação infantil: tempo, espaço 
e rotina. Profissionais na educação infantil. Diretrizes nacionais curriculares da 
educação infantil. Relação instituição e família.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
É um prazer contar com você no estudo de Fundamentos da 
Educação Infantil. Nesta seção, chamada Caderno de Referência de 
Conteúdo, você encontrará o conteúdo básico das quatro unidades 
que compõem este estudo.
Com este estudo, você irá conhecer aspectos importantes 
da educação infantil e de sua contribuição para o processo de de-
senvolvimento e aprendizagem das crianças. Além disso, irá tomar 
contato com a trajetória das políticas de atendimento à infância 
no país, com o contexto em que as primeiras instituições surgiram 
e com os discursos e as práticas pedagógicas propagadas por elas.
© Fundamentos da Educação Infantil8
No decorrer das unidades, você também irá estudar as legis-
lações que regem a educação infantil, sua importância no sistema 
educacional e a necessidade de uma educação infantil de qualida-
de para a formação das crianças brasileiras.
Com o apoio dos conteúdos e a realização das atividades e 
das interatividades, poderemos perceber a importância da elabo-
ração de uma proposta curricular na educação infantil que consi-
dere a criança um sujeito ativo na construção do conhecimento.
Nesse sentido, você irá compreender que o cuidar e o educar 
são funções integrantes da educação infantil, como também refle-
tir sobre as implicações da organização do tempo e do espaço para 
um trabalho de qualidade nas creches e nas pré-escolas.
Ao final deste nosso percurso, esses conhecimentos irão aju-
dar você a ter uma atuação profissional sob a perspectiva de uma 
educação infantil que respeite mais a criança como sujeito de di-
reitos e que a coloque como protagonista do processo educacio-
nal. Nesse sentido, atente-se ao texto a seguir, de Loris Malaguzzi, 
que traz uma reflexão sobre o trabalho com as crianças.
Ao contrário, as cem existem –––––––––––––––––––––––––––
A criança é feita de cem.
A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar, de jogar e 
de falar.
Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar.
Cem alegrias para cantar e compreender.
Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar.
Cem mundos para sonhar.
A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem), mas roubaram-lhe 
noventa e nove.
A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo.
Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não 
falar,
De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Na-
tal.
Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e de cem, roubaram-lhe noventa 
e nove.
Claretiano - Centro Universitário
9© Caderno de Referência de Conteúdo
Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imagi-
nação,
O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas.
Dizem-lhe: que as cem não existem.
A criança diz: ao contrário, as cem existem. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Os pensamentos sobre o atendimento de crianças na educa-
ção infantil têm refletido em grande parte das discussões políticas. 
Contudo, muito ainda deve ser feito para que as crianças peque-
nas tenham os seus direitos educacionais reconhecidos.
A distância entre a realidade e o que tem sido proposto nas 
políticas e nos documentos oficiais do Ministério da Educação 
pode ser atribuída, em sua grande parte, à falta de comprometi-
mento dos gestores públicos municipais, que são os responsáveis 
pelo atendimento à educação infantil. 
O que é a educação infantil? Essa questão traz consigo ou-
tras reflexões necessariamente ligadas a ela: como se ensina? Para 
que a educação infantil? 
Na educação infantil,a produção é recente; assim, torna-
-se imprescindível que os educadores pesquisem os documentos 
disponibilizados gratuitamente pelo Ministério da Educação e que 
busquem livros e revistas que possam aumentar o seu repertório 
de trabalho. Não podemos perpetuar as práticas conservadoras e 
superadas aprendidas no "antigo magistério", que importa o mo-
delo escolarizante para a educação infantil.
A educação infantil deve ser um espaço de criação e de opor-
tunidade de livre expressão da criança, e não um espaço discipli-
nador do corpo e do pensamento, tal como faz a escola tradicional.
Para superar essas práticas equivocadas e arcaicas, torna-se 
extremamente necessário que a formação continuada dos edu-
cadores supere o formato tradicional, fazendo que eles possam 
se apropriar de novos instrumentos de trabalho. Somente uma 
transformação nas práticas de formação inicial e continuada dos 
educadores poderá fazer que as práticas educativas para a infância 
sejam renovadas.
© Fundamentos da Educação Infantil10
Após esta breve introdução sobre algumas questões funda-
mentais deste Caderno de Referência de Conteúdo, apresentamos, 
a seguir, no tópico Orientações para estudo, algumas instruções de 
caráter motivacional, além de dicas e estratégias de aprendizagem 
que poderão facilitar o seu estudo.
2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO
Abordagem Geral
Neste item, apresenta-se uma visão geral do que será estuda-
do neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará em 
contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve 
e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no es-
tudo de cada unidade.
Esta abordagem geral visa fornecer-lhe o conhecimento bási-
co necessário para que você possa construir um referencial teórico 
com base sólida – científica e cultural –, para que, no futuro exer-
cício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, 
ética e responsabilidade social. Vamos começar a nossa aventura 
pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que funda-
mentam este Caderno de Referência de Conteúdo.
Iniciaremos os nossos estudos sobre os fundamentos da edu-
cação infantil sem nos esquecermos de reconhecer a criança como 
sujeito socio-histórico cultural, portadora de direitos e deveres e 
merecedora de uma atenção especial da família, dos profissionais 
que trabalham com a educação infantil e do Estado.
Iremos começar a Unidade 1 com o estudo de alguns aspec-
tos relativos à história da infância. Você verá que os dados histó-
ricos mostram que a noção de infância nem sempre existiu e que 
ela varia de acordo com os diferentes momentos históricos e os 
valores sociais vigentes.
É importante termos a clareza de que a ideia de infância 
não está relacionada, somente, a uma infância em geral, mas às 
diferentes infâncias que existem num mesmo momento histórico, 
como, por exemplo, crianças ricas e pobres.
Claretiano - Centro Universitário
11© Caderno de Referência de Conteúdo
Será que essas crianças são vistas e, consequentemente, tra-
tadas de forma igualitária? Por que é que a população, muitas ve-
zes, não vê problema em uma criança pobre trabalhar? Por que as 
crianças oriundas das classes mais favorecidas não são submetidas 
a isso? A resposta a essas questões nos mostra que, historicamen-
te (e infelizmente), existem várias infâncias, tratadas de maneiras 
diferentes.
No estudo desta unidade, você verá que, na sociedade me-
dieval europeia, a criança não era percebida como diferente do 
adulto. Dessa forma, participava, intensamente, do mundo do tra-
balho, das vivências culturais etc. Nessa mesma época, os altos 
índices de mortalidade infantil mostravam o descuido quanto aos 
cuidados e à atenção às crianças pequenas.
Somente após o século 17, essa ideia passou a ser superada, 
e a sociedade, a ter consciência da particularidade infantil e da 
diferença entre as crianças e os adultos. Nesse momento, a escola 
se constituiu como instituição destinada à educação das crianças, 
separando-as da vida adulta; desde então, temos visto as modifi-
cações relativas a esse conceito influenciando as práticas educati-
vas cotidianas com as crianças. 
Essa questão se liga ao fato de que temos várias infâncias, 
que variam de acordo com as situações sociais, econômicas e cul-
turais. Portanto, é fundamental que os professores de educação 
infantil discutam a infância na atualidade, de forma a não vê-la 
como uma infância idealizada.
Considerando a infância na atualidade, autores como Post-
man (1999) alegam que a mídia tem causado um desaparecimento 
da infância, que pode ser visto de diversas formas. Um dos princi-
pais indicadores vem de dados dos meios de comunicação, quan-
do vemos a busca pela "fusão" entre gostos de crianças e adultos. 
Outro indicador forte é o aumento do uso de drogas, alcoolismo, 
atividade sexual e criminalidade no mundo infantil.
© Fundamentos da Educação Infantil12
São questões fundamentais de serem refletidas quando tra-
balhamos ou convivemos com crianças, pois é importante cons-
truirmos um olhar crítico diante dessa nova realidade, tendo em 
vista que podemos decidir qual é a educação que queremos dar a 
nossa infância, mesmo com tantas influências externas.
Nesse caso, não falamos em isolar a criança dessas influên-
cias, mas em fazê-la lidar com elas criticamente, oferecendo es-
paços de reflexão acerca da realidade. Para que isso seja feito, é 
necessário que, antes de tudo, o adulto também reconheça e com-
preenda essa realidade – quais são os aspectos positivos e negati-
vos para o seu desenvolvimento.
Ainda na primeira unidade, você verá que a mudança da con-
cepção de infância contou com o suporte teórico de vários pensa-
dores. Com a expansão da industrialização e o reconhecimento da 
criança como sujeito diferenciado do adulto, esses teóricos favore-
ceram a construção da história da educação infantil.
Vamos ver alguns deles?
1) João Amós Comênio, que escreveu a Didática Magna 
com a intenção de ensinar tudo a todos.
2) Jean-Jacques Rousseau, que foi um dos precursores da 
educação pré-escolar e que contribuiu para romper a vi-
são de criança como adulto em miniatura e combater o 
autoritarismo.
3) Johann Heinrich Pestalozzi, que acreditava que a bonda-
de e o amor eram forças vitais da educação e que foi um 
dos primeiros a adaptar os métodos de ensino ao nível 
de desenvolvimento dos alunos.
4) Friedrich Froebel, considerado o criador dos jardins de 
infância, que enfatizava o valor das atividades manuais 
e que propunha atividades educativas que incluíam con-
versas, poesias, cultivo de hortas etc.
5) Ovide Decroly, que destacou a importância de um traba-
lho com as sensações, de forma a desenvolver o intelec-
to. Ele defendia que o ensino deveria considerar os in-
teresses e as necessidades do grupo social em que vive.
Claretiano - Centro Universitário
13© Caderno de Referência de Conteúdo
6) O americano John Dewey, que apontava a importância 
do método científico para subsidiar o trabalho em sala 
de aula, preparando a criança para a vida.
7) Maria Montessori, que elaborou materiais específicos à 
exploração sensorial pelas crianças, além de requisitar a 
diminuição do tamanho do mobiliário usado pelas crian-
ças nas pré-escolas.
8) Célestin Freinet, que enfatizava que a educação das 
crianças deveria extrapolar os limites da sala de aula e 
entregar-se às experiências vividas por elas em seu meio 
social. Esse autor apresentou uma série de estratégias 
de ensino; nessa concepção, uma das mais conhecidas 
foram as “aulas-passeio”.
Todos esses teóricos possuíam uma visão de desenvolvimen-
to infantil. É essa visão que norteia a construção das propostas 
educativas.
Dessa forma, no trabalho com a infância, vemos várias con-
cepções de desenvolvimento presentes, fundamentando as prá-
ticas educativas. Muitos professores/educadores não possuem a 
consciência de que as suas práticas são fundamentadas em uma 
dessas visões que devem ser revistas, tais como: 
• Concepção inatista:destaca a preponderância dos fato-
res hereditários e o papel da maturação no processo de 
desenvolvimento humano. É ela que fundamenta os dis-
cursos "filho de peixe, peixinho é", "pau que nasce torto, 
morrerá torto” etc. Se levarmos ao "pé da letra" esses dis-
cursos, qual seria o papel da educação?
• Concepção ambientalista: aqui, o ambiente é fator pre-
ponderante para o desenvolvimento humano. Nesse caso, 
entenderíamos a criança como uma tábula rasa, na qual o 
ambiente “inscreveria” seus “ensinamentos”.
• Concepção interacionista: contrapondo as duas visões 
anteriores sobre o desenvolvimento infantil, temos a con-
cepção interacionista, a qual concebe o desenvolvimento 
© Fundamentos da Educação Infantil14
humano como resultante de trocas recíprocas, ao longo 
de toda a vida, entre o indivíduo e o meio, nas quais am-
bos se influenciam e se modificam. Características físicas 
e ambientais (físicas, históricas e culturais) dariam curso 
ao desenvolvimento humano.
Como representantes dessa concepção, mas possuidores de 
várias diferenças quanto aos aspectos preponderantes sobre o de-
senvolvimento humano, temos Piaget e Vygotsky.
Jean Piaget elaborou uma teoria do conhecimento, a epis-
temologia genética, que explica como ocorre a construção do co-
nhecimento nos campos social, afetivo biofisiológico e cognitivo. 
É importante destacar que ele não propõe um método de ensino, 
porém, ao elaborar uma teoria do conhecimento, ele subsidiará a 
ação de psicólogos e pedagogos.
Além de Piaget, temos Lev Semenovich Vygotsky, que é con-
siderado um dos maiores representantes dos pressupostos sócio-
históricos ou sociointeracionistas. Para ele, a construção do pensa-
mento e da subjetividade é um processo cultural.
Tratando, agora, da Unidade 2, veremos as políticas públicas 
para a educação infantil e o que as influenciam. Inicialmente, você 
poderá constatar que temos uma herança assistencialista, que, por 
vezes, ainda insiste em aparecer.
Essas influências remontam desde o início do século 20, e 
elas revelaram seu caráter assistencial e custodial (de guarda, de 
proteção, de cuidado) – voltado ao atendimento das crianças e das 
famílias empobrecidas. As práticas apresentavam elementos que 
marcaram a história da instituição na sociedade por longos anos, 
como, por exemplo, o seu caráter beneficente, a especificidade da 
faixa etária e a qualidade das mães como pobres e trabalhadoras.
Com a implantação da industrialização no país, na segunda 
metade do século 19, vimos o aumento do número de mulheres 
nas fábricas. Nesse caso, aquelas que eram mães se depararam 
Claretiano - Centro Universitário
15© Caderno de Referência de Conteúdo
com o desafio de encontrar alguém ou algum lugar para "olhar" os 
seus filhos. Esse desafio fez que, no início do século 20, o atendi-
mento aos filhos das operárias passasse ser discutido.
Isso ocorreu porque os imigrantes europeus, que, inicial-
mente, tinham ido para o campo, foram absorvidos nas fábricas. 
Nesse momento, eles passaram a se organizar, protestando contra 
as péssimas condições de trabalho oferecidas. Dentre as várias rei-
vindicações feitas, uma delas era a das “creches” para os filhos dos 
empregados.
Com o objetivo de diminuir a força do movimento operário, 
os donos das fábricas passaram a ceder a algumas exigências, de 
forma a procurar controlar o comportamento do operário dentro 
da fábrica.
Desde então, o movimento pela expansão da educação in-
fantil no Brasil vem acontecendo em função das pressões sociais. 
Essas pressões conseguiram fazer que culminasse, na Constituição 
de 1988, uma primeira grande vitória da educação infantil.
A Constituição de 1988 estabeleceu a responsabilidade do 
Estado pela educação infantil em creches e em pré-escolas, con-
forme o Artigo 280, Inciso IV. Além disso, elas instituiu o direito 
aos trabalhadores (homens e mulheres) em terem assegurada a 
assistência gratuita aos seus filhos e dependentes, isso desde o 
nascimento até os cinco anos, em creches e em pré-escolas, de 
acordo com o Artigo 7º, Inciso XXV. Isso não significa que, tendo 
a lei, as vagas na educação infantil já seriam garantidas, porém, 
é mais um instrumento que dá força à população para lutar pelo 
aumento do número de vagas.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reforça os dis-
positivos constitucionais quanto à responsabilidade do Estado no 
oferecimento das vagas na educação infantil, e a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (LDBEN) traz a educação infantil como 
a primeira etapa da Educação Básica, indicando que ela será ofe-
recida em creches ou em entidades equivalentes, para crianças de 
© Fundamentos da Educação Infantil16
zero a três anos de idade, e pré-escolas, para crianças de quatro a 
seis anos.
Além disso, a LDBEN traz, em seu Artigo 31, um aspecto para 
o qual devemos estar atentos:
Art. 31 − na Educação infantil a avaliação far-se-á mediante acom-
panhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de 
promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. 
Assim, a educação infantil tem a sua especificidade, e ela 
não pode sofrer a "invasão" das práticas educativas do ensino fun-
damental.
Desde então, temos acompanhado um esforço de várias en-
tidades governamentais e não governamentais para a profissiona-
lização dos trabalhadores da educação infantil, bem como docu-
mentos que orientam as práticas educativas realizadas.
Alguns importantes documentos sobre a educação infantil 
estão acessíveis ao público no site do Ministério da Educação. Es-
ses documentos também são apresentados neste Material Didá-
tico Mediacional, podendo ser acessados por você. Destacamos 
que a leitura desses documentos é fundamental para uma melhor 
compreensão das linhas de trabalho que estão sendo adotadas 
nas orientações nacionais para a educação infantil.
Dos documentos que podem ser acessados, ressaltamos, 
aqui, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil. As 
primeiras foram publicadas no ano 1999, e, dez anos depois, em 
2009, tivemos uma revisão e a atualização dessas diretrizes.
Tratam-se de diretrizes, princípios, fundamentos e procedi-
mentos que devem orientar as instituições de educação infantil 
quanto à organização, à articulação, ao desenvolvimento e à ava-
liação de suas propostas pedagógicas.
Essas diretrizes curriculares apontam que as instituições de 
educação infantil, as creches e pré-escolas, são espaços de cons-
trução da cidadania infantil, onde as ações cotidianas com as crian-
ças devem assegurar, sobretudo, os seus direitos fundamentais.
Claretiano - Centro Universitário
17© Caderno de Referência de Conteúdo
Os espaços institucionais devem ser acolhedores, seguros e 
estimuladores, oportunizando aprendizagens e experiências múlti-
plas, respeitando as crianças em suas capacidades e necessidades 
e contribuindo para o desenvolvimento de suas potencialidades.
Depois de estudar as diretrizes, entraremos na Unidade 3, 
que tratará, mais detidamente, da proposta pedagógica e curricu-
lar na instituição de educação infantil.
Inicialmente, precisamos ressaltar que toda instituição de 
educação infantil deve construir sua proposta pedagógica junta-
mente com toda a comunidade educacional – gestores, professo-
res, pais e crianças. Essa questão precisa ser destacada, uma vez 
que ainda estamos atrasados com relação à construção da propos-
ta pedagógica coletiva, que reflita a identidade da escola.
Grande parte das escolas não possui a proposta pedagógica 
coletiva e nem sabe como construí-la. Daquelas que já possuem, 
muitas são copiadas de outras escolas ou são construídas, unica-
mente, por seus gestores, e não pela comunidade educativa.
Ao construir a proposta pedagógica, o grupo educativo pre-
cisa ler as orientações nacionais, atualizar-se com a literatura da 
área e optar por uma organização que trabalhe com os objetivos 
que julga mais importante. É necessário elaborar um discurso que 
oriente as rotas para concretizar um currículopara as crianças, e 
essa rota precisa deixar claro como será o cotidiano escolar duran-
te o ano.
Essa construção também deve ser realizada em cima da ob-
servação e da reflexão do cotidiano infantil e de seu meio social, 
pois o educador nunca poderá se esquecer de que tem um papel 
político de transformação na sociedade. 
Como mencionamos, é preciso ter presente que sempre ha-
verá uma concepção de educação educativa implícita no ato edu-
cativo, mesmo que os membros da comunidade escolar não te-
nham a plena consciência dele. Essa questão precisa ser discutida 
e esclarecida para que equívocos sejam evitados.
© Fundamentos da Educação Infantil18
Assim, vemos que as propostas pedagógicas devem apresen-
tar as suas concepções de desenvolvimento e aprendizagem infan-
tis. Muitas propostas concebem o desenvolvimento da criança por 
meio de processos inatos (ou seja, das características que nascem 
com elas) ou ambientalistas (que veem a criança como uma tabula 
rasa que será totalmente influenciada pelo ambiente).
São essas concepções que constroem os modelos pedagó-
gicos, como, por exemplo, os "jardins de infância", que advogam 
pela necessidade de proporcionar um ambiente no qual a criança 
"desabroche". Também temos modelos compensatórios, que vi-
sam “suprir” as supostas “carências” no desenvolvimento em fun-
ção das condições de pobreza.
Em outras situações, verificamos que há programas voltados 
aos menores de três anos, que, em geral, se baseiam em manu-
ais de Puericultura e que, na grande parte das vezes, tratam es-
sas crianças como um corpo que deve ser alimentado, cuidado e 
limpo. É uma visão que descuida, completamente, do desenvolvi-
mento social, afetivo, linguístico, cognitivo e físico motor, presen-
tes desde o início da vida da criança.
Essas visões podem ser interpretadas nas ações cotidianas 
dos educadores, expressas no currículo. Então, é necessário nos 
atualizarmos e refletirmos para poder superar essas perspectivas 
equivocadas e assumir novas perspectivas de ação, que serão de-
monstradas nos currículos.
Veremos que o termo “currículo” nos remete às concepções 
de trajetória, de roteiro, de aprendizagens e de experiências ope-
racionalizadas por etapas ao longo de toda a vida. Na educação 
infantil, pensar no currículo requer que tenhamos clara a concep-
ção de criança como um sujeito do processo educacional, e a das 
instituições de educação infantil, as creches e pré-escolas, como 
espaços institucionais que cuidam, educam e promovem a apren-
dizagem.
Claretiano - Centro Universitário
19© Caderno de Referência de Conteúdo
Nessa perspectiva, o currículo pode contribuir ou não para 
o processo de aprendizagem: ele pode favorecer atitudes mais 
passivas ou ativas das crianças na construção dos conhecimentos, 
isso mediante o significado que os adultos envolvidos no processo 
educacional das crianças dão à educação infantil e à construção da 
proposta pedagógica nessas instituições.
Quando uma instituição constrói o currículo, ela deve res-
ponder a algumas questões básicas:
• A qual criança ele se destina e como ela aprende.
• Em qual nível de desenvolvimento a criança está e o que 
ela já sabe.
• Qual é a concepção de educação presente na comunida-
de educativa.
A organização curricular faz a mediação da realidade cotidia-
na com a realidade social mais ampla, ou seja, as atividades de-
vem ter sentido para que sejam culturalmente significativas: “para 
que serve?”, “com o que da vida concreta ela se liga?” (OLIVEIRA, 
2002).
Oliveira (2002) apresenta alguns indicadores que devem ser 
levados em consideração na organização de um currículo, no sen-
tido de promover:
1) A organização de contextos ricos que proporcionem di-
versas aprendizagens.
2) A ampliação da noção do professor sobre a constituição 
do meio de desenvolvimento, ligando-o às práticas coti-
dianas, tendo em vista que o desenvolvimento/aprendi-
zagem infantil se dá no conjunto das atividades que as 
crianças vivem.
3) A estruturação de atividades estimuladoras e significa-
tivas, interagindo com as crianças e apresentando-lhes 
novos signos e novas formas de significar e de se relacio-
nar com o mundo, isto é, de compreendê-lo.
4) Superar a dicotomia de escolher entre as áreas de co-
nhecimento (como linguagem, matemática, artes) e as 
© Fundamentos da Educação Infantil20
áreas do desenvolvimento (motor, linguístico, social, 
afetivo, cognitivo), trabalhando-as de forma integrada.
Os indicadores mostram-nos que o currículo não é uma lis-
ta de conteúdos a serem trabalhados, mas, sim, um documento 
que apresenta a organização das experiências das crianças e que 
resulta da reflexão sobre a realidade à sua volta e a realidade da 
instituição. 
Uma forma atual de organização do currículo, que já vem 
sendo praticada por várias instituições, é o trabalho pedagógico 
com múltiplas linguagens. Nessa forma de trabalho, permeiam os 
outros organizadores do currículo, como o jogo infantil e as várias 
áreas em que o conhecimento é elaborado em uma cultura.
As linguagens corporais e plásticas são objetos do trabalho 
pedagógico; assim, aprender a representar algo usando o corpo, o 
desenho, a modelagem, a escultura ou outras manifestações am-
plia as competências infantis, exigindo-lhes novas habilidades.
No caso do desenvolvimento da linguagem oral, sabemos 
que, desde pequenas, as crianças podem avançar no processo de 
letramento, tendo em vista que estão imersas em um mundo le-
trado, no qual estão presentes sistemas simbólicos diversos. Desde 
que inseridas em um ambiente propício, vão se apropriando dos 
principais canais de comunicação característicos de nossa cultura. 
Já não se discute mais se a educação infantil deve ou não ensinar a 
ler, mas, sim, como ela o fará.
Ao organizarmos um currículo, não podemos perder de vista 
as tipologias de conteúdo, que envolvem todo processo de apren-
dizagem. Vejamos algumas delas:
• Conteúdos conceituais: relacionados aos fatos, aos con-
ceitos e princípios na educação infantil, como, por exem-
plo, o conhecimento das cores, do nome, do esquema 
corporal, entre outros.
Claretiano - Centro Universitário
21© Caderno de Referência de Conteúdo
• Conteúdos procedimentais: referem-se ao "saber fazer", 
como, por exemplo, recortar, memorizar canções, cons-
truir com blocos de madeira etc.
• Conteúdos atitudinais: as crianças devem saber responder 
com determinados critérios e comportamentos diante das 
pessoas, das coisas etc. Esse aprendizado ocorrerá por meio 
dos conteúdos atitudinais, como, por exemplo, aprender a 
ter cuidado com os livros, a respeitar o outro etc.
Todos os conteúdos são construídos em um ambiente que 
também deve ser considerado espaço de aprendizagem. Vários 
estudos têm demonstrado que o fator ambiente físico exerce in-
fluência determinante na ação pedagógica, por permitir ou não 
uma maior interação das crianças com seus pares, com os adultos 
e com os objetos ao seu redor.
É importante reconhecer que a forma como o espaço físi-
co é organizado traz implícita uma compreensão de criança e de 
educação infantil, ou seja, comunica mensagens simbólicas sobre 
a intenção e os valores das pessoas que organizam o espaço desti-
nado às crianças.
Ao construirmos uma proposta pedagógica e considerarmos 
o espaço componente curricular, devemos responder às seguintes 
questões: como os ambientes das creches e pré-escolas podem ser 
promotores do desenvolvimento das crianças? Qual a importância 
da organização do espaço físico no planejamento das atividades 
pedagógicas?
Além da organização dos ambientes e do uso do tempo, a 
proposta pedagógica deve explicitar a concepção de cuidado que 
o grupo educativo possui, assim como deve estar explícito no cur-
rículo como o "cuidar" faz parte da rotina diária.
O cuidar significa favorecer e contribuir para que o outro se 
desenvolva como ser humano; implica compromisso e afeto com o 
outro. Para que o professor possa cuidar, é necessário estar com-
© Fundamentos daEducação Infantil22
prometido com a sua singularidade e as suas necessidades, sendo 
solidário e acreditando na capacidade das crianças.
Esse cuidado colabora para a construção do vínculo afetivo, 
tão importante para a relação de ensino-aprendizagem. Conside-
rando a legislação atual, as atividades de cuidado/educação são 
indissociáveis, e isso implica que a prática do professor também 
inclui as práticas de cuidado físico (que educam). Dessa forma, as 
instituições que separam as atividades de cuidado/educação, co-
locando profissionais diferentes para executar tais funções, não 
estão cumprindo com a indicação de indissociabilidade.
Cumprir a indissociabilidade é romper um paradigma de que 
o professor deve tratar das questões intelectuais e que as ques-
tões relacionadas ao "corpo" são menores, devendo ser tratadas 
por pessoas com formação acadêmica inferior. Educar na primeira 
infância é saber articular o cuidado com o corpo às práticas educa-
tivas cotidianas. Devemos compreender, também, que os vínculos 
afetivos são essenciais ao processo de desenvolvimento e aprendi-
zagem das crianças e não desqualifica o trabalho profissional, mas, 
sim, o torna mais humano.
Para compreender um pouco mais sobre a história das prá-
ticas na educação infantil, você verá, na Unidade 4, que serão 
retomados alguns aspectos acerca do surgimento das creches e 
pré-escolas, bem como as visões que permeavam as práticas pe-
dagógicas cotidianas.
Além das questões relativas às práticas historicamente cons-
truídas, você irá estudar um tópico sobre os profissionais da edu-
cação infantil. Como deve ser? O que ele deve saber? Não temos 
todas as respostas, e é por isso que é de extrema importância que 
o profissional da educação infantil leia constantemente e atualize 
os seus conhecimentos acerca dos avanços da área.
Uma das características principais é a polivalência. Polivalen-
te é o professor capaz de desenvolver uma gama de conteúdos 
que possam atender desde os cuidados básicos até a construção 
Claretiano - Centro Universitário
23© Caderno de Referência de Conteúdo
de conhecimentos de várias áreas do saber, garantindo, sobretu-
do, o desenvolvimento pleno das crianças.
Para isso, é preciso uma ampla formação profissional com 
um aperfeiçoamento constante, um trabalho interdisciplinar com 
os demais profissionais da instituição e a integração com as famí-
lias das crianças atendidas.
A formação continuada do profissional também requer uma 
constante reflexão sobre o trabalho, exercício fundamental para 
a qualidade do projeto educacional, que deverá ocorrer por meio 
da observação, do registro, do planejamento e da avaliação da 
prática profissional.
Repensar o papel dos profissionais da educação infantil sig-
nifica compreender a sua atuação no âmbito do "cuidar” e do 
“educar”, devendo estes terem um compromisso com os direitos 
fundamentais das crianças, oferecendo a elas espaços acolhe-
dores e seguros, oportunidades de aprendizagem e experiências 
múltiplas. Além disso, é preciso respeitar suas capacidades e suas 
necessidades e contribuir para o desenvolvimento de suas poten-
cialidades.
Com relação à formação do professor de educação infantil, 
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, no Arti-
go 62, dispõe que a formação do profissional de educação infantil 
aconteça em nível superior ou médio. Já no Artigo 61, são esta-
belecidos os princípios básicos para essa formação, tais como o 
atendimento aos objetivos dos diferentes níveis e das diferentes 
modalidades de ensino e das características de cada fase do de-
senvolvimento do educando, tendo como fundamento a associa-
ção entre as teorias e as práticas mediante a capacitação em servi-
ço e o aproveitamento da formação e das experiências anteriores 
em instituições de ensino e em outras atividades. O último tópico 
da Unidade 4 trata da relação entre a da instituição de educação 
infantil e a família.
© Fundamentos da Educação Infantil24
Esta se trata de uma das questões mais complexas e pro-
blemáticas da educação infantil, uma vez que vemos que há uma 
concorrência desnecessária instalada entre essas duas instituições 
– família e creche/pré-escola. Entretanto, destacamos a respon-
sabilidade dos profissionais de educação infantil em aproximar a 
família do trabalho institucional, reconhecendo que a qualidade 
na educação da criança pequena virá com o reconhecimento da 
educação compartilhada.
Finalizamos, aqui, a apresentação desta abordagem, espe-
rando que você tenha tido uma visão geral acerca da caminhada 
que faremos no Caderno de Referência de Conteúdo Fundamentos 
da Educação Infantil.
Glossário de Conceitos
Este glossário permite a você uma consulta rápida e precisa 
das definições conceituais aqui trabalhadas, possibilitando-lhe um 
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de 
conhecimento dos temas tratados no Caderno de Referência de 
Conteúdo Fundamentos da Educação Infantil.
Portanto, veja, a seguir, a definição de tais conceitos:
1) Ambiente: espaço físico, composto por cores, odores, 
texturas, sons e relações sociais. Não diz respeito, so-
mente, aos aspectos físicos (móveis, paredes e objetos).
2) Currículo: para Libâneo (2008), o projeto pedagógico 
trata-se de um elemento nuclear, que viabiliza o proces-
so de ensino e aprendizagem. Assim, o currículo é um 
desdobramento do projeto pedagógico, que materiali-
za as intenções e orientações previstas nos projetos em 
objetivos e conteúdos. É uma orientação da prática da 
ação. O projeto pedagógico e o currículo definem o que 
ensinar, para que ensinar, como ensinar e as formas de 
avaliação. 
3) família: uma das definições de família encontradas no 
dicionário eletrônico Aurélio, trata de "pessoas aparen-
tadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particular-
mente o pai, a mãe e os filhos”. Pessoas unidas por laços 
Claretiano - Centro Universitário
25© Caderno de Referência de Conteúdo
de parentesco pelo sangue ou por aliança. Essa definição 
abre o leque de opções das configurações familiares, o 
que reforça as discussões atuais de que não podemos 
ter um modelo de família estereotipado, mas, sim con-
cebermos vários desenhos familiares.
4) formação continuada do educador: aquela realizada 
dentro da instituição, que tem como conteúdo a reflexão 
sobre a prática.
5) formação inicial do educador: aquela realizada em nível 
de Graduação ou Médio (magistério).
6) Infância: no dicionário, a palavra infância é definida como 
o período de crescimento do ser humano que vai do nas-
cimento até a puberdade. Segundo o Estatuto da Criança 
e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990), a 
criança é a pessoa de até 12 anos de idade incompletos, 
e o adolescente, aquele entre 12 e 18 anos. Etimologica-
mente, a palavra “infância” refere-se a limites mais estrei-
tos: oriunda do latim, significa a incapacidade de falar. 
Oliveira (2002) afirma que o termo "infância" tem o senti-
do de "não fala", porém, a criança, desde o nascimento, já 
recorre às tentativas de comunicar-se por meio de choros, 
sorrisos e gestos.
7) Proposta pedagógica ou projeto político pedagógico: 
segundo Libâneo (2008), é um documento que deta-
lha objetivos, diretrizes e ações do processo educativo 
a ser desenvolvido nas instituições. Expressa exigências 
sociais e legais do sistema de ensino e da comunidade 
escolar.
8) Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil 
(RCNEI): pode ser compreendido como um guia de refle-
xão de cunho educacional sobre os objetivos, conteúdos 
e orientações didáticas destinadas aos profissionais que 
atuam junto às crianças de zero a seis anos, respeitando 
os seus estilos pedagógicos e a diversidade cultural bra-
sileira.
9) Zona de Desenvolvimento Proximal: refere-se à distân-
cia entre o nível de desenvolvimento atual do indivíduo 
e a capacidade de responder, orientado por indicações 
© Fundamentos da Educação Infantil26
externas a ele. A aquisição da linguagem dá forma aopensamento e reorganiza as funções psicológicas da 
criança, sua atenção, memória e imaginação. Você estu-
dará, detalhadamente, a zona de Desenvolvimento Pro-
ximal em outros Cadernos de Referência de Conteúdo, 
como Psicologia da Educação.
Esquema dos Conceitos-chave
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú-
do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de 
conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício 
é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican-
do as informações a partir de suas próprias percepções. 
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais 
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você 
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de 
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-
-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em 
esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co-
nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-
dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza-
gem. 
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas 
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos 
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, 
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem 
pontos de ancoragem. 
Claretiano - Centro Universitário
27© Caderno de Referência de Conteúdo
Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure 
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez 
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados. 
 Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é 
você o principal agente da construção do próprio conhecimento, 
por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações in-
ternas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por ob-
jetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o 
seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, 
estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de co-
nhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo 
(adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/eduto-
ols/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 
11 mar. 2010). 
© Fundamentos da Educação Infantil28
 
Instituições de 
educação infantil 
 
(creche e pré-
escolas) 
 
 
Proposta 
Pedagógica e 
Curricular 
Família – várias 
configurações 
possíveis. 
 
Comunidade 
Rotina 
Organização 
do tempo e 
espaço 
Formação 
continuada 
Legislação, 
Diretrizes Nacionais, 
Literatura e 
documentos do MEC 
Conceito de 
infância e 
aprendizagem 
Atividades 
Culturalmente 
significativas 
Cuidar/ 
educar 
Figura 1 Esquema dos conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Fundamentos 
da Educação Infantil.
Como você pode observar, esse esquema dá a você, como 
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre 
um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu 
Claretiano - Centro Universitário
29© Caderno de Referência de Conteúdo
processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, o conceito de 
proposta pedagógica curricular está no centro do mapa, pois é 
dele que partiremos para organizar as experiências das crianças 
nas instituições. Ligado à proposta pedagógica, estão algumas das 
dimensões que a compõem e que foram trabalhadas no Caderno 
de Referência de Conteúdo.
Família e comunidade estão ligadas à proposta pedagógica 
e à instituição pela razão de que a construção da proposta deve 
contar com as sugestões e as expectativas das famílias e da comu-
nidade, que também devem fazer parte do trabalho institucional.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de 
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como 
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EAD, 
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem 
ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis-
sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas 
como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles 
que exigem uma resposta determinada, inalterada. 
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como 
relacioná-las com a prática do ensino de Pedagogia pode ser uma 
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se 
preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, 
essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos 
e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. 
© Fundamentos da Educação Infantil30
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari-
to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões 
autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas).
As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação 
pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a 
elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o 
seu tutor ou com seus colegas de turma.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte in-
tegrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilus-
trativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados 
no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os 
conteúdos do Caderno de Referência de Conteúdo, pois relacionar 
aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma 
boa formação intelectual. 
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida 
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo 
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente 
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes 
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas 
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se 
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele 
à maturidade. 
Claretiano - Centro Universitário
31© Caderno de Referência de Conteúdo
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade 
EAD e futuro profissional da educação, necessita de uma forma-
ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com 
a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da 
interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o 
seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. 
É importante, ainda, que você anote as suasreflexões em 
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discu-
ta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoau-
las. 
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com 
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.
Claretiano - Centro Universitário
1
EA
D
Desenvolvimento, 
Aprendizagem e Construção 
do Conhecimento 
na Infância
1. OBjETIVOS
• Identificar os processos de desenvolvimento e de apren-
dizagem infantil como referências fundamentais ao plane-
jamento de estratégias de atuação no âmbito da infância, 
sobretudo nas creches e nas pré-escolas.
• Demonstrar como a cultura determina a construção dos 
conhecimentos das crianças.
• Desenvolver uma reflexão crítica por meio do debate so-
bre a importância de experiências pedagógicas de quali-
dade na educação infantil para a promoção do desenvol-
vimento e da aprendizagem das crianças.
• Conhecer e caracterizar diferentes reflexões teóricas por 
meio dos diferentes autores que trataram da questão da 
educação e do desenvolvimento infantil.
© Fundamentos da Educação Infantil34
2. CONTEúDOS
• Desenvolvimento humano.
• Precursores da educação infantil.
• Visão de alguns teóricos sobre o desenvolvimento e a 
aprendizagem infantil.
• O papel dos brinquedos no desenvolvimento e na apren-
dizagem infantil.
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes de dar início ao estudo desta unidade, é importante 
que você leia as orientações a seguir:
1) Sempre tenha em mãos os significados dos conceitos ex-
plicitados no Glossário de Conceitos e as suas ligações 
pelo Esquema de Conceitos-chave para o estudo de não 
apenas esta unidade, mas também de todas as unidades 
deste Caderno de Referência de Conteúdo. Isto poderá 
facilitar muito a sua aprendizagem e o seu desempe-
nho.
2) Iniciaremos nosso estudo com um olhar sobre a história 
da infância e apontaremos alguns aspectos relacionados 
à construção de seu conceito; assim, é muito importante 
que você se utilize de outras fontes para compreender 
melhor essa construção. Os livros citados nas referências 
bibliográficas desta unidade são demonstrações de ricas 
fontes de conhecimento sobre o tema.
3) Posteriormente, também apresentamos uma breve ideia 
a respeito das propostas dos precursores da educação 
infantil; dessa maneira, seria muito interessante se você 
aprofundasse seus estudos em, pelo menos, um desses 
autores, pois todos eles possuem suas obras traduzidas 
para o Português.
4) Fique atento aos conteúdos acerca da evolução da edu-
cação infantil até os dias atuais. Você verá que, atual-
mente, as crianças são consideradas sujeitos de direitos, 
Claretiano - Centro Universitário
35© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construção do Conhecimento na Infância
titulares de direitos e obrigações, na medida em que po-
dem responder sobre elas. Além dos direitos fundamen-
tais inerentes a toda pessoa, são portadoras de direitos 
especiais em virtude da sua condição peculiar de pessoa 
em desenvolvimento.
5) O desenvolvimento e a aprendizagem também serão de-
batidos; logo, procure aprofundar seus estudos nessas 
questões a fim de que você possa adotar um referencial 
teórico que guie o seu olhar sobre o desenvolvimento e 
a aprendizagem das crianças. Além disso, atente-se para 
as questões que são relativas à afetividade, pois algumas 
atividades diárias nas instituições de educação infantil 
podem favorecer a construção da autoestima e da au-
tonomia, como, por exemplo, os horários para higiene 
pessoal e para alimentação.
6) No décimo tópico desta unidade, temos uma explanação 
acerca do papel dos brinquedos no desenvolvimento e 
na aprendizagem infantil. Assim, gostaríamos de desta-
car que há uma extensa bibliografia a respeito desse as-
sunto, mas que é necessário fazer uma análise criteriosa 
para a seleção dessas bibliografias. Para isso, existe um 
órgão do MEC, denominado Coordenação de Aperfei-
çoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que faz 
avaliações acerca da confiabilidade do conteúdo cientí-
fico presente nas revistas. O site desse órgão está dispo-
nível no seguinte endereço: <http://qualis.capes.gov.br/
webqualis/ConsultaPeriodicos.faces>. Além disso, o Cla-
retiano também possui, em seu acervo, materiais sobre 
o papel dos brinquedos na educação infantil.
7) É importante que você busque outras informações a res-
peito dessa questão, a fim de fortalecer sua formação 
inicial no trabalho com a educação infantil.
8) Antes de iniciarmos os estudos desta unidade, é inte-
ressante que você conheça alguns dos pensadores cujas 
ideias norteiam o estudo deste Caderno de Referência 
de Conteúdo. Assim, eles serão apresentados a seguir, 
e, para você saber um pouco mais sobre eles, acesse os 
sites indicados.
© Fundamentos da Educação Infantil36
Comênio
Imagem: disponível em: <http://www.smec.salvador.ba.gov.
br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-praxis-pedagogi-
cas/GRANDES%20MESTRES/comenio.pdf>. Acesso em: 12 
ago. 2010.
Rousseau
Imagem: disponível em: <http://www.culturabrasil.pro.br/
rousseau.htm>. Acesso em: 12 ago. 2006.
Pestalozzi
Imagem: disponível em: <http://www.pestalozzi.org.br/aspx/
historia_pestalozzi.aspx>. Acesso em: 12 ago. 2006.
Froebel
Imagem: disponível em: <http://germanhistorydocs.ghi-dc.
org/sub_image.cfm?image_id=2321>. Acesso em: 12 ago. 
2010.
Claretiano - Centro Universitário
37© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construção do Conhecimento na Infância
Decroly
Imagem: disponível em: <http://www.educacaomoral.org.br/
reconstruir/os_educadores_edicao_76_jean_ovide_decroly.
htm>. Acesso em: 12 ago. 2010.
Dewey
Imagem: disponível em: <http://www.consciencia.org/banco-
deimagens/displayimage.php?album=search&cat=0&pid=67
#top_display_media>. Acesso em: 12 ago. 2006.
Maria Montessori
Imagem: disponível em: <http://www.montdiscovery.org/
about.shtml>. Acesso em: 12 ago. 2006.
Freinet
Imagem: disponível em: <http://www.fae.ufmg.br/neppcom/>. 
Acesso em: 12 ago. 2006.
© Fundamentos da Educação Infantil38
Piaget
Imagem: disponível em: <http://www.pedagogiaespirita.org/
escola_virtual/pedagogia/vygotsky/aula3.htm>. Acesso em: 
12 ago. 2006.
Vygotsky
Imagem: disponível em: <http://www.aejhp.org.br/main.
asp?cat=artigos&id_artigo=54>. Acesso em: 12 ago. 2006.
4. INTRODUÇÃO à UNIDADE
Vamos iniciar os nossos estudos sobre a educação infantil 
ressaltando a importância de reconhecermos a criança como su-
jeito sócio-histórico cultural, que tem direitos e deveres e que me-
rece uma atenção especial da família, dos profissionais que traba-
lham com a educação infantil e do Estado.
A visão que hoje temos da infância e o reconhecimento do 
lugar que a criança ocupa na sociedade são frutos de uma longa 
construção histórica. Por isso, nesta unidade, compreenderemos 
como foi desenvolvido o conceito de “infância”, historicamente 
determinado pelas modificações nos modos de organização da 
sociedade, e sua influência nas formas de educação das crianças. 
Também discutiremos o desenvolvimento das crianças de até seis 
anos e como elas aprendem e constroem conhecimentos acerca 
da realidade social.
Claretiano - Centro Universitário
39© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construçãodo Conhecimento na Infância
Para que iniciemos o estudo de Caderno de Referência de 
Conteúdo Fundamentos da Educação Infantil, propomos uma dis-
cussão à seguinte questão: como a criança se tornou esse sujeito 
sócio-histórico cultural? Quais os aspectos que são importantes 
para compreender o seu desenvolvimento e como ela aprende e 
constrói conhecimentos acerca da realidade social?
Para o começo de nossa conversa, vamos compreender a in-
fância como uma categoria social. Vamos lá?!
5. UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA DA INfÂNCIA
Em O desaparecimento da infância, Postman (1999, p. 11) 
afirma que “as crianças são mensagens vivas que enviamos a um 
tempo que não veremos”. O autor aponta que, ultrapassado o pri-
meiro ano de sua vida, a criança torna-se um “artefato” social, e 
não somente biológico. Como prova para esse argumento, ele de-
monstra com dados históricos que a ideia de infância nem sempre 
existiu; ela varia de acordo com a história, incluindo-se os valores 
sociais.
Nesse caso, devemos pensar: a sociedade atribui o mesmo 
valor para as crianças da elite e para as crianças pobres?
Como exemplo, Postman (1999) cita que, em 1890, escolas 
secundárias americanas selecionavam, apenas, 7% dos jovens de 
idade entre 14 e 17 anos para estudar. As crianças e os jovens não 
selecionados trabalhavam como adultos, do nascer ao pôr do sol, 
nas grandes cidades.
A ideia de infância mais próxima da ideia atual surgiu na Re-
nascença. Posteriormente é que se reconheceu essa infância como 
uma estrutura social de condição psicológica peculiar.
Na sociedade medieval europeia, a criança não era perce-
bida como diferente do adulto. Ela participava do universo adulto 
intensamente, isto tanto nas atividades relacionadas ao trabalho 
© Fundamentos da Educação Infantil40
quanto nas vivências culturais, por meio dos jogos, das brincadei-
ras e histórias. Os altos índices de mortalidade infantil nessa época 
revelam certa promiscuidade quanto aos cuidados e à atenção às 
crianças pequenas.
A família não exercia função afetiva, mas de conservação dos 
bens. As trocas afetivas e as comunicações sociais eram realizadas 
fora da família, no ambiente de criados, de amigos etc.
Com o desenvolvimento da sociedade industrial no século 
17, ocorreu a separação da criança do mundo adulto, resultante 
do movimento de moralização da sociedade promovido pelos re-
formadores católicos ou protestantes ligados à Igreja e ao Estado. 
A família tornou-se o lugar de afeição e passou a se organizar em 
torno da criança, e a mulher assumiu os papéis de mãe e educado-
ra responsável pela educação da sua prole. Assim, desenvolvem-se 
a ideologia do “amor materno” e o “sentimento da infância”.
A obra clássica de Phillippe Ariès (1981), A história social da 
criança e da família, identifica a ausência de um sentimento da 
infância até o final do século 17. Esse sentimento surgiu quando 
a sociedade passou a ter consciência da particularidade infantil 
e da diferença entre as crianças e os adultos. A escola apareceu 
como instituição destinada à educação das crianças, separando-as 
da vida adulta. O “sentimento da infância” desenvolveu-se, para-
lelamente, ao “sentimento da família”, que passou a ser o lugar 
de afeição entre os cônjuges e entre os pais e seus filhos. Esse 
sentimento se desenvolveu, inicialmente, nas camadas superiores 
da sociedade.
Dessa forma, podemos concluir que a ideia de infância e de 
criança se modifica no tempo e no espaço; ela é uma construção 
histórica e cultural resultante das mudanças na organização da so-
ciedade e de suas estruturas econômicas e sociais.
Segundo Kramer (1982), a ideia de infância apareceu com 
a sociedade capitalista urbano-industrial, quando se modificou o 
papel social desempenhado pela criança na comunidade.
Claretiano - Centro Universitário
41© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construção do Conhecimento na Infância
Para essa autora:
A idéia da infância, não existiu sempre e da mesma maneira. Ao con-
trário, ela aparece com a sociedade capitalista, urbano-industrial, na 
medida que mudam a inserção e o papel social da criança na comuni-
dade. Se, na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo, 
assim que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade 
burguesa, ela passa a ser alguém que precisa ser cuidada, escolariza-
da e preparada para uma atuação futura. Esse conceito de infância 
é, pois, determinado historicamente pela modificação nas formas de 
organização da sociedade (KRAMER apud goUVêA, 2002, p. 14).
Infância ou infâncias
Pode-se afirmar que cada criança vive a experiência infantil 
no interior de uma determinada cultura; por isso, a infância não se 
constitui numa categoria universal. Por exemplo, temos que uma 
criança indígena desenvolve padrões de comportamentos e de co-
nhecimentos diferenciados dos de uma criança de cultura ociden-
tal urbana.
Assim, a concepção de criança é historicamente construída, 
e, consequentemente, ela se altera ao longo dos tempos, não se 
apresentando homogênea nem mesmo em uma mesma época e 
sociedade.
O fato de que cada criança vivencia a experiência infantil 
numa determinada cultura delimita os padrões de seu desenvolvi-
mento, seus saberes, seus valores e suas práticas sociais.
No Brasil, historicamente falando, as vivências da infância 
ocorreram a partir do pertencimento sociorracial e de gênero.
Assim é que, por exemplo, a criança escrava, exercia seu aprendiza-
do para a vida adulta através do trabalho, iniciado já aos seis, sete 
anos de idade. O menino branco da elite tinha sua formação nos 
colégios, onde adquiria sua instrução intelectual ao mesmo tempo 
que se preparava para o exercício do mando. Já as meninas bran-
cas da elite, tinham um aprendizado mais restrito, voltado para a 
aquisição de saberes tidos como femininos’. As vivências da infân-
cia eram radicalmente diferenciadas, definidas pela sua inserção 
social, por pertencimentos raciais e de gênero. Isso determinava 
diferentes processos e conteúdos de aprendizagem em instâncias 
distintas, o colégio no caso, da criança de elite, ou o trabalho, no 
© Fundamentos da Educação Infantil42
caso da criança pobre ou escrava (goUVêA, 2002, p. 14).
Na sociedade atual, o padrão de infância é determinado 
pelo modelo infantil da criança da classe burguesa, o que acaba 
acarretando a marginalização e a exclusão das crianças de outros 
segmentos sociais. Por isso, é importante que os profissionais da 
educação reconheçam esse aspecto e considerem as diferentes 
culturas e as diferentes infâncias que se entrelaçam no contexto 
escolar.
A infância na atualidade
É imprescindível que os professores da educação infantil dis-
cutam sobre a infância na atualidade, de forma a não vê-la como 
uma infância idealizada.
Postman (1999) alega que a mídia tem causado a “expulsão 
da infância”. Esse desaparecimento da infância pode ser visto de 
diversas formas, e um dos indicadores disto vem de dados dos 
meios de comunicação, quando vemos a busca de uma “fusão” 
entre gostos de crianças e adultos. O aumento do uso de drogas, 
do alcoolismo, da atividade sexual e da criminalidade também é 
um indicador de que a infância, como visto anteriormente, está 
desaparecendo.
Nessa direção, Castro (1998), ao tratar da infância e da ado-
lescência na cultura do consumo, discute a pedagogia da televisão, 
que vem, a cada dia, ganhando mais força por meio dos progra-
mas de TV, do computador, de joguinhos etc. A autora ainda afir-
ma que:
Uma outra pedagogia se instala: a da televisão, que por meio da 
imagem e do som, da sedução estética, da provocação, da esti-
mulação sensitiva, bate e rebate em temas de relevância atual: a 
violência, o amor, a sexualidade, a amizade, a traição, o desejo, a 
ganância e o sucesso (CASTRO, 1998, p. 11). 
Outro aspecto a se destacar na infância atual é sua solidão. 
As crianças encontram-se cada vez mais solitárias em companhia 
Claretiano - Centro Universitário
43© U1 - Desenvolvimento, Aprendizageme Construção do Conhecimento na Infância
de seus pares, pois uma grande parte destes está sempre ocupada 
com sua própria vida, pela necessidade de ganhar dinheiro e não 
perder tempo. Entretanto, essa realidade vai à contramão do que 
muitos dos especialistas indicam: o aumento do diálogo entre as 
famílias e suas crianças. 
Esse é um problema que recai sobre as infâncias das várias 
classes sociais, mas algo caracteriza, em particular, a infância não 
pobre: torna-se esta, cada vez mais, consumidora de produtos 
apresentados pelas mídias como objetos de desejo. Para Castro 
(1998, p. 14):
As condições de vida contemporânea estabelecem novos parâme-
tros para a relação entre adulto e criança/adolescente, realinhando 
as posições que, em geral, tem predominado entre estes parceiros, 
tais como, a de educador e a de educando, a de experiente e a de 
não-experiente, a de ser maduro e a de ser imaturo, respectiva-
mente. Distante do convívio com o adulto, hoje, mais do que há al-
gumas décadas atrás, em casa solitariamente assistindo à tevê, ou 
em bandos de pares perambulando pelas ruas, nos shoppings, nos 
lugares de lazer e divertimento, a criança e o jovem transitam nes-
tes espaços estabelecendo sua inserção no modo de vida urbano. 
É fundamental pensar nessas questões quando se trabalha 
ou convive com crianças, e é necessário construir um olhar crítico 
diante dessa nova realidade, tendo em vista que podemos decidir 
qual é a educação que queremos dar para nossa infância mesmo 
com tantas influências externas. Não significa que tenhamos de 
isolar a criança dessas influências, mas, sim, fazê-la lidar com elas 
criticamente, oferecendo espaços de reflexão acerca da realidade 
e aumentando seu repertório cultural.
Para que isso seja feito, é necessário que, antes de tudo, o 
adulto também reconheça e compreenda essa realidade; quais 
são os aspectos positivos e negativos para seu desenvolvimento. 
Ele deve estar consciente de o quanto está “condicionado” por 
essa realidade e se também é movido pelas influências da mídia, 
pois só assim poderá transformar sua realidade e educar as suas 
crianças em uma direção mais crítica.
© Fundamentos da Educação Infantil44
Ao ser questionado sobre se irá haver instituições sociais 
suficientemente fortes e empenhadas para resistir ao desapareci-
mento da infância, Postman (1999) afirma que somente duas insti-
tuições se interessam por essa questão: a família e a escola.
Essas instituições se enfraqueceram quando os adultos per-
deram o controle sobre o ambiente informacional das crianças. A 
mídia enfraqueceu o papel da família e da escola, fazendo muitos 
pais e professores perderem a confiança em sua capacidade de 
educar as suas crianças. Essa situação de conflito faz que pais e 
escola recorram a especialistas de diversas áreas para comparti-
lhar – e, muitas vezes, assumir – a responsabilidade pela educação 
da criança.
O que ocorre em grande parte das vezes é a invasão da auto-
ridade parental e a perda da intimidade, da dependência e da le-
aldade, que, durante tanto tempo, caracterizaram a relação entre 
pais e filhos. Postman (1999) aponta que alguns autores acreditam 
que, atualmente, essa relação é essencialmente neurótica e que as 
crianças são mais bem educadas pelas instituições do que por suas 
respectivas famílias.
Essa postura é um grande equívoco, uma vez que devería-
mos encarar a educação da criança como compartilhada, tendo 
a instituição e os pais o papel de juntos buscarem os melhores 
caminhos para a educação das crianças. Caso essa parceria não 
aconteça, será instalada uma competição, o que trará grandes pre-
juízos às crianças.
6. PRECURSORES DA EDUCAÇÃO INfANTIL
Como vimos, a infância é uma construção histórica.
Com o desenvolvimento, no século 17, da industrialização nos 
países europeus, a educação foi preconizada como fundamental 
para o desenvolvimento social e para a inserção da criança no mun-
do adulto. Nesse período, a criança passou a ser reconhecida como 
Claretiano - Centro Universitário
45© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construção do Conhecimento na Infância
um sujeito diferenciado do adulto, o que determinou a história do 
discurso pedagógico das instituições de atendimento à infância.
Agora, conheceremos a contribuição de vários teóricos que 
favoreceram a construção da história da educação infantil.
joão Amós Comênio (1592-1670)
Educador e bispo protestante checo, João Amós Comênio é 
considerado o maior educador do século 17. Em um dos capítulos 
de sua obra Didática Magna, descreveu um “programa para a pré-
escola”, esboçando o que a criança deveria conhecer:
1) metafísica;
2) ciências físicas;
3) óptica;
4) astronomia, geografia e cronologia;
5) história;
6) aritmética, geometria e estatística;
7) artes;
8) mecânica;
9) gramática, retórica, poesia e música;
10) economia doméstica;
11) política, moral, religião e piedade.
Comênio escreveu um livro, intitulado O informador da escola 
materna, dedicado às mães, enfatizando que o nível inicial do ensi-
no era o colo das mães e que isto deveria ocorrer dentro dos lares.
jean-jacques Rousseau (1712-1778)
Jean-Jacques Rousseau exerceu grande influência sobre a 
educação, podendo ser considerado um dos precursores da edu-
cação pré-escolar. Foi com base em suas contribuições para o re-
conhecimento da infância que as crianças deixaram de ser vistas 
como “adultos em miniaturas” e foram compreendidas como se-
res de ideias próprias, diferentes das dos adultos.
© Fundamentos da Educação Infantil46
Rousseau combatia o autoritarismo de todas as instituições 
sociais que violentassem a liberdade característica da natureza. 
Sua concepção de educação destaca a natureza como o ambiente 
apropriado para o desenvolvimento infantil.
Para ele, a educação do homem inicia-se com o seu nasci-
mento, orientada pelos sentidos; depois, pela fantasia e, poste-
riormente, pela razão. Uma das grandes obras de Rousseau foi 
Emílio, publicada em 1762.
johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827)
Educador suíço influenciado pelas ideias de Rousseau, Jo-
hann Heinrich Pestalozzi concebia como pressuposto básico da 
educação da infância a aquisição dos primeiros elementos do sa-
ber de forma natural e intuitiva. Enfatizava como forças vitais da 
educação a bondade e o amor.
Dentre os aspectos enfatizados por Pestalozzi na educação, 
podemos destacar:
1) Educação metodicamente ordenada para os sentidos.
2) Continuação da ideia de prontidão e a da organização 
graduada do conhecimento, ou seja, do mais simples ao 
mais complexo.
3) A escola deveria treinar a força de vontade e desenvol-
ver as atitudes morais dos alunos.
4) Adaptação de métodos de ensino ao nível de desenvol-
vimento dos alunos por meio de atividades de música, 
artes, soletração, geografia e aritmética, além de muitas 
outras linguagens orais e do contato com a natureza.
5) Conceito de disciplina baseado na boa vontade recípro-
ca e na interação entre o professor e o aluno.
friedrich froebel (1782-1852)
Educador protestante alemão, Friedrich Froebel pode ser 
considerado criador dos kindergartens (jardins de infância), local 
onde as crianças e os adolescentes eram tidos como pequenas se-
mentes a serem adubadas.
Claretiano - Centro Universitário
47© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construção do Conhecimento na Infância
Apresentamos estes aspectos da proposta educacional de 
Froebel:
1) Reconhecimento dos aspectos educativos do brinquedo 
e das atividades lúdicas no processo de desenvolvimen-
to da infância.
2) Autoeducação pelo jogo, contribuindo para o desenvol-
vimento físico, intelectual e moral.
3) Destaque à importância do contato estreito da criança 
com a natureza.
4) Enfoque no valor da atividade manual, confecção de 
brinquedos para a aprendizagem da aritmética e da ge-
ometria e proposta para que as atividades educativas 
incluíssem conversas, poesias e o cultivo da horta pelas 
crianças.
Ovide Decroly (1871-1932)
Médico psiquiatra belga e contrário aos seus

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