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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Fundamentos da Educação Infantil – Profª. Drª. Lucimary Bernabé Pedrosa de Andrade e Profª. Drª. Tatiana Noronha de Souza Olá! Meu nome é Lucimary Bernabé Pedrosa de Andrade. Sou doutora pelo Programa de Pós-graduação em Serviço Social da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Unesp, campus de Franca. Na mesma universidade, obtive o título de mestre em 2003, pesquisando as creches da Unesp. Sou licenciada em Pedagogia e bacharel em Serviço Social, além de ter a formação no magistério. Atuo como supervisora de uma instituição de educação infantil e na docência universitária, no curso de Pedagogia. Minha formação e experiência profissional sempre estiveram ligadas à educação das crianças pequenas, e espero partilhar com você algumas das reflexões que venho realizando sobre esse período tão especial da educação do ser humano, que é a educação infantil. e-mail: lucimarypandrade@yahoo.com.br Olá! Meu nome é Tatiana Noronha de Souza. Sou pedagoga, com Mestrado (2003) e Doutorado (2007) em Psicologia pela Universidade de São Paulo – USP, campus de Ribeirão Preto, com trabalhos de pesquisa na área da qualidade do atendimento em instituições infantis. Tenho experiência na área da educação infantil, com ênfase na avaliação de sistemas, instituições, planos e programas educacionais, atuando, especialmente, na formação inicial e continuada de professores e de gestores educacionais. Desde 2007, atuo no Centro Universitário Claretiano (Claretiano) de Batatais, nos cursos de Licenciatura em Pedagogia, Educação Física e Filosofia. Desde 2010, atuo como docente de disciplinas pedagógicas na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Unesp, campus de Jaboticabal, no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Desejo que você apreenda, ao máximo, os conhecimentos presentes neste Caderno de Referência de Conteúdo, para poder, com ela, utilizar as referências citadas para aprofundar seus conhecimentos acerca do assunto. Bons estudos! e-mail: tatianasouza@claretiano.edu.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Caderno de Referência de Conteúdo Lucimary Bernabé Pedrosa de Andrade Tatiana Noronha de Souza Batatais Claretiano 2013 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP) Versão: dez./2013 372 A565f Andrade, Lucimary Bernabé Pedrosa de Fundamentos da educação infantil / Lucimary Bernabé Pedrosa de Andrade, Tatiana Noronha de Souza – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 201 p. ISBN: 978-85-67425-96-2 1. História social da criança e da família. 2. Concepção de infância, desenvolvimento e aprendizagem, políticas de atendimento à infância no Brasil: história, instituições e legislações 3. A organização curricular na educação infantil: tempo, espaço e rotina. 4. Profissionais na educação infantil. 5. Diretrizes nacionais curriculares da educação infantil. 6. Relação instituição e família. I. Souza, Tatiana Noronha de. II. Fundamentos da educação infantil. CDD 372 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Rita Cristina Bartolomeu Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REfERêNCIA DE CONTEúDO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO ..................................................................... 10 UnidAdE 1 – DESENVOLVIMENTO, APRENDIzAGEM E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NA INFâNCIA 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 33 2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 34 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 34 4 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 38 5 UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA DA INFâNCIA ................................................ 39 6 PRECURSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................................... 44 7 A CRIANÇA E A EDUCAÇÃO INFANTIL: ALGUNS PONTOS PARA DEBATE ..... 51 8 DESENVOLVIMENTO E APRENDIzAGEM NA INFâNCIA ................................. 54 9 VISÃO DE ALGUNS TEÓRICOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO E A APRENDIzAGEM INFANTIL .............................................................................. 56 10 O PAPEL DO BRINQUEDO NO DESENVOLVIMENTO E NA APRENDIzAGEM INFANTIL .............................................................................. 65 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 71 12 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 72 13 E-REfERênCiAS ............................................................................................... 73 14 REfERênCiAS BiBliogRáfiCAS ...................................................................... 73 UnidAdE 2 – LEGISLAÇÕES E POLíTICAS DE ATENDIMENTO à INFâNCIA NO BRASIL 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 75 2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 75 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 76 4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ............................................................................... 76 5 POLíTICAS PúBLICAS PARA A INFâNCIA NO BRASIL: A HERANÇA ASSISTENCIALISTA............................................................................................ 77 6 A INFâNCIA NO ESTADO NOVO ....................................................................... 82 7 OS MOVIMENTOS POPULARES E A DEFESA DA CIDADANIA DA INFâNCIA ..................................................................................................... 83 8 ORDENAMENTO LEGAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................ 84 9 POLíTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL: PRINCíPIOS E DIRETRIzES .................................................................................................... 101 Claretiano - Centro Universitário 10 DIRETRIzES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL ..... 104 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 119 12 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 121 13 E-REfERênCiAS ................................................................................................ 122 14 REfERênCiAS BiBiliogRáfiCAS ..................................................................... 122 UnidAdE 3 – A PROPOSTA PEDAGÓGICA E O CURRíCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 125 2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 126 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 126 4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ............................................................................... 128 5 A PROPOSTA PEDAGÓGICA E O CURRíCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...... 128 6 CUIDAR E EDUCAR NO CURRíCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ..................... 144 7 CONTEúDOS CURRICULARES NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................... 147 8 ORGANIzAÇÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........... 161 9 A ORGANIzAÇÃO DO TEMPO NAS CRECHES E PRÉ-ESColAS .................... 163 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 168 11 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 170 12 REfERênCiAS BiBliogRáfiCAS ...................................................................... 171 UnidAdE 4 – AS INSTITUIÇÕES, OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E A RELAÇÃO COM AS FAMíLIAS 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 173 2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 173 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 174 4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ............................................................................... 175 5 AS CRECHES ...................................................................................................... 175 6 A PRÉ-ESColA ................................................................................................... 180 7 OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................ 184 8 FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL ........................ 189 9 A RELAÇÃO COM AS FAMíLIAS ........................................................................ 192 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 197 11 CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 198 12 REfERênCiAS BiBliogRáfiCAS ...................................................................... 199 13 13. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 200 1 EA D CRC Caderno de Referência de Conteúdo Ementa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– História social da criança e da família. Concepção de infância, desenvolvimento e aprendizagem, políticas de atendimento à infância no Brasil: história, institui- ções e legislações. A organização curricular na educação infantil: tempo, espaço e rotina. Profissionais na educação infantil. Diretrizes nacionais curriculares da educação infantil. Relação instituição e família. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO É um prazer contar com você no estudo de Fundamentos da Educação Infantil. Nesta seção, chamada Caderno de Referência de Conteúdo, você encontrará o conteúdo básico das quatro unidades que compõem este estudo. Com este estudo, você irá conhecer aspectos importantes da educação infantil e de sua contribuição para o processo de de- senvolvimento e aprendizagem das crianças. Além disso, irá tomar contato com a trajetória das políticas de atendimento à infância no país, com o contexto em que as primeiras instituições surgiram e com os discursos e as práticas pedagógicas propagadas por elas. © Fundamentos da Educação Infantil8 No decorrer das unidades, você também irá estudar as legis- lações que regem a educação infantil, sua importância no sistema educacional e a necessidade de uma educação infantil de qualida- de para a formação das crianças brasileiras. Com o apoio dos conteúdos e a realização das atividades e das interatividades, poderemos perceber a importância da elabo- ração de uma proposta curricular na educação infantil que consi- dere a criança um sujeito ativo na construção do conhecimento. Nesse sentido, você irá compreender que o cuidar e o educar são funções integrantes da educação infantil, como também refle- tir sobre as implicações da organização do tempo e do espaço para um trabalho de qualidade nas creches e nas pré-escolas. Ao final deste nosso percurso, esses conhecimentos irão aju- dar você a ter uma atuação profissional sob a perspectiva de uma educação infantil que respeite mais a criança como sujeito de di- reitos e que a coloque como protagonista do processo educacio- nal. Nesse sentido, atente-se ao texto a seguir, de Loris Malaguzzi, que traz uma reflexão sobre o trabalho com as crianças. Ao contrário, as cem existem ––––––––––––––––––––––––––– A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar, de jogar e de falar. Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar. Cem alegrias para cantar e compreender. Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar. A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem), mas roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo. Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não falar, De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Na- tal. Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e de cem, roubaram-lhe noventa e nove. Claretiano - Centro Universitário 9© Caderno de Referência de Conteúdo Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imagi- nação, O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas. Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário, as cem existem. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Os pensamentos sobre o atendimento de crianças na educa- ção infantil têm refletido em grande parte das discussões políticas. Contudo, muito ainda deve ser feito para que as crianças peque- nas tenham os seus direitos educacionais reconhecidos. A distância entre a realidade e o que tem sido proposto nas políticas e nos documentos oficiais do Ministério da Educação pode ser atribuída, em sua grande parte, à falta de comprometi- mento dos gestores públicos municipais, que são os responsáveis pelo atendimento à educação infantil. O que é a educação infantil? Essa questão traz consigo ou- tras reflexões necessariamente ligadas a ela: como se ensina? Para que a educação infantil? Na educação infantil,a produção é recente; assim, torna- -se imprescindível que os educadores pesquisem os documentos disponibilizados gratuitamente pelo Ministério da Educação e que busquem livros e revistas que possam aumentar o seu repertório de trabalho. Não podemos perpetuar as práticas conservadoras e superadas aprendidas no "antigo magistério", que importa o mo- delo escolarizante para a educação infantil. A educação infantil deve ser um espaço de criação e de opor- tunidade de livre expressão da criança, e não um espaço discipli- nador do corpo e do pensamento, tal como faz a escola tradicional. Para superar essas práticas equivocadas e arcaicas, torna-se extremamente necessário que a formação continuada dos edu- cadores supere o formato tradicional, fazendo que eles possam se apropriar de novos instrumentos de trabalho. Somente uma transformação nas práticas de formação inicial e continuada dos educadores poderá fazer que as práticas educativas para a infância sejam renovadas. © Fundamentos da Educação Infantil10 Após esta breve introdução sobre algumas questões funda- mentais deste Caderno de Referência de Conteúdo, apresentamos, a seguir, no tópico Orientações para estudo, algumas instruções de caráter motivacional, além de dicas e estratégias de aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo. 2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Neste item, apresenta-se uma visão geral do que será estuda- do neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no es- tudo de cada unidade. Esta abordagem geral visa fornecer-lhe o conhecimento bási- co necessário para que você possa construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural –, para que, no futuro exer- cício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar a nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que funda- mentam este Caderno de Referência de Conteúdo. Iniciaremos os nossos estudos sobre os fundamentos da edu- cação infantil sem nos esquecermos de reconhecer a criança como sujeito socio-histórico cultural, portadora de direitos e deveres e merecedora de uma atenção especial da família, dos profissionais que trabalham com a educação infantil e do Estado. Iremos começar a Unidade 1 com o estudo de alguns aspec- tos relativos à história da infância. Você verá que os dados histó- ricos mostram que a noção de infância nem sempre existiu e que ela varia de acordo com os diferentes momentos históricos e os valores sociais vigentes. É importante termos a clareza de que a ideia de infância não está relacionada, somente, a uma infância em geral, mas às diferentes infâncias que existem num mesmo momento histórico, como, por exemplo, crianças ricas e pobres. Claretiano - Centro Universitário 11© Caderno de Referência de Conteúdo Será que essas crianças são vistas e, consequentemente, tra- tadas de forma igualitária? Por que é que a população, muitas ve- zes, não vê problema em uma criança pobre trabalhar? Por que as crianças oriundas das classes mais favorecidas não são submetidas a isso? A resposta a essas questões nos mostra que, historicamen- te (e infelizmente), existem várias infâncias, tratadas de maneiras diferentes. No estudo desta unidade, você verá que, na sociedade me- dieval europeia, a criança não era percebida como diferente do adulto. Dessa forma, participava, intensamente, do mundo do tra- balho, das vivências culturais etc. Nessa mesma época, os altos índices de mortalidade infantil mostravam o descuido quanto aos cuidados e à atenção às crianças pequenas. Somente após o século 17, essa ideia passou a ser superada, e a sociedade, a ter consciência da particularidade infantil e da diferença entre as crianças e os adultos. Nesse momento, a escola se constituiu como instituição destinada à educação das crianças, separando-as da vida adulta; desde então, temos visto as modifi- cações relativas a esse conceito influenciando as práticas educati- vas cotidianas com as crianças. Essa questão se liga ao fato de que temos várias infâncias, que variam de acordo com as situações sociais, econômicas e cul- turais. Portanto, é fundamental que os professores de educação infantil discutam a infância na atualidade, de forma a não vê-la como uma infância idealizada. Considerando a infância na atualidade, autores como Post- man (1999) alegam que a mídia tem causado um desaparecimento da infância, que pode ser visto de diversas formas. Um dos princi- pais indicadores vem de dados dos meios de comunicação, quan- do vemos a busca pela "fusão" entre gostos de crianças e adultos. Outro indicador forte é o aumento do uso de drogas, alcoolismo, atividade sexual e criminalidade no mundo infantil. © Fundamentos da Educação Infantil12 São questões fundamentais de serem refletidas quando tra- balhamos ou convivemos com crianças, pois é importante cons- truirmos um olhar crítico diante dessa nova realidade, tendo em vista que podemos decidir qual é a educação que queremos dar a nossa infância, mesmo com tantas influências externas. Nesse caso, não falamos em isolar a criança dessas influên- cias, mas em fazê-la lidar com elas criticamente, oferecendo es- paços de reflexão acerca da realidade. Para que isso seja feito, é necessário que, antes de tudo, o adulto também reconheça e com- preenda essa realidade – quais são os aspectos positivos e negati- vos para o seu desenvolvimento. Ainda na primeira unidade, você verá que a mudança da con- cepção de infância contou com o suporte teórico de vários pensa- dores. Com a expansão da industrialização e o reconhecimento da criança como sujeito diferenciado do adulto, esses teóricos favore- ceram a construção da história da educação infantil. Vamos ver alguns deles? 1) João Amós Comênio, que escreveu a Didática Magna com a intenção de ensinar tudo a todos. 2) Jean-Jacques Rousseau, que foi um dos precursores da educação pré-escolar e que contribuiu para romper a vi- são de criança como adulto em miniatura e combater o autoritarismo. 3) Johann Heinrich Pestalozzi, que acreditava que a bonda- de e o amor eram forças vitais da educação e que foi um dos primeiros a adaptar os métodos de ensino ao nível de desenvolvimento dos alunos. 4) Friedrich Froebel, considerado o criador dos jardins de infância, que enfatizava o valor das atividades manuais e que propunha atividades educativas que incluíam con- versas, poesias, cultivo de hortas etc. 5) Ovide Decroly, que destacou a importância de um traba- lho com as sensações, de forma a desenvolver o intelec- to. Ele defendia que o ensino deveria considerar os in- teresses e as necessidades do grupo social em que vive. Claretiano - Centro Universitário 13© Caderno de Referência de Conteúdo 6) O americano John Dewey, que apontava a importância do método científico para subsidiar o trabalho em sala de aula, preparando a criança para a vida. 7) Maria Montessori, que elaborou materiais específicos à exploração sensorial pelas crianças, além de requisitar a diminuição do tamanho do mobiliário usado pelas crian- ças nas pré-escolas. 8) Célestin Freinet, que enfatizava que a educação das crianças deveria extrapolar os limites da sala de aula e entregar-se às experiências vividas por elas em seu meio social. Esse autor apresentou uma série de estratégias de ensino; nessa concepção, uma das mais conhecidas foram as “aulas-passeio”. Todos esses teóricos possuíam uma visão de desenvolvimen- to infantil. É essa visão que norteia a construção das propostas educativas. Dessa forma, no trabalho com a infância, vemos várias con- cepções de desenvolvimento presentes, fundamentando as prá- ticas educativas. Muitos professores/educadores não possuem a consciência de que as suas práticas são fundamentadas em uma dessas visões que devem ser revistas, tais como: • Concepção inatista:destaca a preponderância dos fato- res hereditários e o papel da maturação no processo de desenvolvimento humano. É ela que fundamenta os dis- cursos "filho de peixe, peixinho é", "pau que nasce torto, morrerá torto” etc. Se levarmos ao "pé da letra" esses dis- cursos, qual seria o papel da educação? • Concepção ambientalista: aqui, o ambiente é fator pre- ponderante para o desenvolvimento humano. Nesse caso, entenderíamos a criança como uma tábula rasa, na qual o ambiente “inscreveria” seus “ensinamentos”. • Concepção interacionista: contrapondo as duas visões anteriores sobre o desenvolvimento infantil, temos a con- cepção interacionista, a qual concebe o desenvolvimento © Fundamentos da Educação Infantil14 humano como resultante de trocas recíprocas, ao longo de toda a vida, entre o indivíduo e o meio, nas quais am- bos se influenciam e se modificam. Características físicas e ambientais (físicas, históricas e culturais) dariam curso ao desenvolvimento humano. Como representantes dessa concepção, mas possuidores de várias diferenças quanto aos aspectos preponderantes sobre o de- senvolvimento humano, temos Piaget e Vygotsky. Jean Piaget elaborou uma teoria do conhecimento, a epis- temologia genética, que explica como ocorre a construção do co- nhecimento nos campos social, afetivo biofisiológico e cognitivo. É importante destacar que ele não propõe um método de ensino, porém, ao elaborar uma teoria do conhecimento, ele subsidiará a ação de psicólogos e pedagogos. Além de Piaget, temos Lev Semenovich Vygotsky, que é con- siderado um dos maiores representantes dos pressupostos sócio- históricos ou sociointeracionistas. Para ele, a construção do pensa- mento e da subjetividade é um processo cultural. Tratando, agora, da Unidade 2, veremos as políticas públicas para a educação infantil e o que as influenciam. Inicialmente, você poderá constatar que temos uma herança assistencialista, que, por vezes, ainda insiste em aparecer. Essas influências remontam desde o início do século 20, e elas revelaram seu caráter assistencial e custodial (de guarda, de proteção, de cuidado) – voltado ao atendimento das crianças e das famílias empobrecidas. As práticas apresentavam elementos que marcaram a história da instituição na sociedade por longos anos, como, por exemplo, o seu caráter beneficente, a especificidade da faixa etária e a qualidade das mães como pobres e trabalhadoras. Com a implantação da industrialização no país, na segunda metade do século 19, vimos o aumento do número de mulheres nas fábricas. Nesse caso, aquelas que eram mães se depararam Claretiano - Centro Universitário 15© Caderno de Referência de Conteúdo com o desafio de encontrar alguém ou algum lugar para "olhar" os seus filhos. Esse desafio fez que, no início do século 20, o atendi- mento aos filhos das operárias passasse ser discutido. Isso ocorreu porque os imigrantes europeus, que, inicial- mente, tinham ido para o campo, foram absorvidos nas fábricas. Nesse momento, eles passaram a se organizar, protestando contra as péssimas condições de trabalho oferecidas. Dentre as várias rei- vindicações feitas, uma delas era a das “creches” para os filhos dos empregados. Com o objetivo de diminuir a força do movimento operário, os donos das fábricas passaram a ceder a algumas exigências, de forma a procurar controlar o comportamento do operário dentro da fábrica. Desde então, o movimento pela expansão da educação in- fantil no Brasil vem acontecendo em função das pressões sociais. Essas pressões conseguiram fazer que culminasse, na Constituição de 1988, uma primeira grande vitória da educação infantil. A Constituição de 1988 estabeleceu a responsabilidade do Estado pela educação infantil em creches e em pré-escolas, con- forme o Artigo 280, Inciso IV. Além disso, elas instituiu o direito aos trabalhadores (homens e mulheres) em terem assegurada a assistência gratuita aos seus filhos e dependentes, isso desde o nascimento até os cinco anos, em creches e em pré-escolas, de acordo com o Artigo 7º, Inciso XXV. Isso não significa que, tendo a lei, as vagas na educação infantil já seriam garantidas, porém, é mais um instrumento que dá força à população para lutar pelo aumento do número de vagas. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reforça os dis- positivos constitucionais quanto à responsabilidade do Estado no oferecimento das vagas na educação infantil, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) traz a educação infantil como a primeira etapa da Educação Básica, indicando que ela será ofe- recida em creches ou em entidades equivalentes, para crianças de © Fundamentos da Educação Infantil16 zero a três anos de idade, e pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos. Além disso, a LDBEN traz, em seu Artigo 31, um aspecto para o qual devemos estar atentos: Art. 31 − na Educação infantil a avaliação far-se-á mediante acom- panhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. Assim, a educação infantil tem a sua especificidade, e ela não pode sofrer a "invasão" das práticas educativas do ensino fun- damental. Desde então, temos acompanhado um esforço de várias en- tidades governamentais e não governamentais para a profissiona- lização dos trabalhadores da educação infantil, bem como docu- mentos que orientam as práticas educativas realizadas. Alguns importantes documentos sobre a educação infantil estão acessíveis ao público no site do Ministério da Educação. Es- ses documentos também são apresentados neste Material Didá- tico Mediacional, podendo ser acessados por você. Destacamos que a leitura desses documentos é fundamental para uma melhor compreensão das linhas de trabalho que estão sendo adotadas nas orientações nacionais para a educação infantil. Dos documentos que podem ser acessados, ressaltamos, aqui, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil. As primeiras foram publicadas no ano 1999, e, dez anos depois, em 2009, tivemos uma revisão e a atualização dessas diretrizes. Tratam-se de diretrizes, princípios, fundamentos e procedi- mentos que devem orientar as instituições de educação infantil quanto à organização, à articulação, ao desenvolvimento e à ava- liação de suas propostas pedagógicas. Essas diretrizes curriculares apontam que as instituições de educação infantil, as creches e pré-escolas, são espaços de cons- trução da cidadania infantil, onde as ações cotidianas com as crian- ças devem assegurar, sobretudo, os seus direitos fundamentais. Claretiano - Centro Universitário 17© Caderno de Referência de Conteúdo Os espaços institucionais devem ser acolhedores, seguros e estimuladores, oportunizando aprendizagens e experiências múlti- plas, respeitando as crianças em suas capacidades e necessidades e contribuindo para o desenvolvimento de suas potencialidades. Depois de estudar as diretrizes, entraremos na Unidade 3, que tratará, mais detidamente, da proposta pedagógica e curricu- lar na instituição de educação infantil. Inicialmente, precisamos ressaltar que toda instituição de educação infantil deve construir sua proposta pedagógica junta- mente com toda a comunidade educacional – gestores, professo- res, pais e crianças. Essa questão precisa ser destacada, uma vez que ainda estamos atrasados com relação à construção da propos- ta pedagógica coletiva, que reflita a identidade da escola. Grande parte das escolas não possui a proposta pedagógica coletiva e nem sabe como construí-la. Daquelas que já possuem, muitas são copiadas de outras escolas ou são construídas, unica- mente, por seus gestores, e não pela comunidade educativa. Ao construir a proposta pedagógica, o grupo educativo pre- cisa ler as orientações nacionais, atualizar-se com a literatura da área e optar por uma organização que trabalhe com os objetivos que julga mais importante. É necessário elaborar um discurso que oriente as rotas para concretizar um currículopara as crianças, e essa rota precisa deixar claro como será o cotidiano escolar duran- te o ano. Essa construção também deve ser realizada em cima da ob- servação e da reflexão do cotidiano infantil e de seu meio social, pois o educador nunca poderá se esquecer de que tem um papel político de transformação na sociedade. Como mencionamos, é preciso ter presente que sempre ha- verá uma concepção de educação educativa implícita no ato edu- cativo, mesmo que os membros da comunidade escolar não te- nham a plena consciência dele. Essa questão precisa ser discutida e esclarecida para que equívocos sejam evitados. © Fundamentos da Educação Infantil18 Assim, vemos que as propostas pedagógicas devem apresen- tar as suas concepções de desenvolvimento e aprendizagem infan- tis. Muitas propostas concebem o desenvolvimento da criança por meio de processos inatos (ou seja, das características que nascem com elas) ou ambientalistas (que veem a criança como uma tabula rasa que será totalmente influenciada pelo ambiente). São essas concepções que constroem os modelos pedagó- gicos, como, por exemplo, os "jardins de infância", que advogam pela necessidade de proporcionar um ambiente no qual a criança "desabroche". Também temos modelos compensatórios, que vi- sam “suprir” as supostas “carências” no desenvolvimento em fun- ção das condições de pobreza. Em outras situações, verificamos que há programas voltados aos menores de três anos, que, em geral, se baseiam em manu- ais de Puericultura e que, na grande parte das vezes, tratam es- sas crianças como um corpo que deve ser alimentado, cuidado e limpo. É uma visão que descuida, completamente, do desenvolvi- mento social, afetivo, linguístico, cognitivo e físico motor, presen- tes desde o início da vida da criança. Essas visões podem ser interpretadas nas ações cotidianas dos educadores, expressas no currículo. Então, é necessário nos atualizarmos e refletirmos para poder superar essas perspectivas equivocadas e assumir novas perspectivas de ação, que serão de- monstradas nos currículos. Veremos que o termo “currículo” nos remete às concepções de trajetória, de roteiro, de aprendizagens e de experiências ope- racionalizadas por etapas ao longo de toda a vida. Na educação infantil, pensar no currículo requer que tenhamos clara a concep- ção de criança como um sujeito do processo educacional, e a das instituições de educação infantil, as creches e pré-escolas, como espaços institucionais que cuidam, educam e promovem a apren- dizagem. Claretiano - Centro Universitário 19© Caderno de Referência de Conteúdo Nessa perspectiva, o currículo pode contribuir ou não para o processo de aprendizagem: ele pode favorecer atitudes mais passivas ou ativas das crianças na construção dos conhecimentos, isso mediante o significado que os adultos envolvidos no processo educacional das crianças dão à educação infantil e à construção da proposta pedagógica nessas instituições. Quando uma instituição constrói o currículo, ela deve res- ponder a algumas questões básicas: • A qual criança ele se destina e como ela aprende. • Em qual nível de desenvolvimento a criança está e o que ela já sabe. • Qual é a concepção de educação presente na comunida- de educativa. A organização curricular faz a mediação da realidade cotidia- na com a realidade social mais ampla, ou seja, as atividades de- vem ter sentido para que sejam culturalmente significativas: “para que serve?”, “com o que da vida concreta ela se liga?” (OLIVEIRA, 2002). Oliveira (2002) apresenta alguns indicadores que devem ser levados em consideração na organização de um currículo, no sen- tido de promover: 1) A organização de contextos ricos que proporcionem di- versas aprendizagens. 2) A ampliação da noção do professor sobre a constituição do meio de desenvolvimento, ligando-o às práticas coti- dianas, tendo em vista que o desenvolvimento/aprendi- zagem infantil se dá no conjunto das atividades que as crianças vivem. 3) A estruturação de atividades estimuladoras e significa- tivas, interagindo com as crianças e apresentando-lhes novos signos e novas formas de significar e de se relacio- nar com o mundo, isto é, de compreendê-lo. 4) Superar a dicotomia de escolher entre as áreas de co- nhecimento (como linguagem, matemática, artes) e as © Fundamentos da Educação Infantil20 áreas do desenvolvimento (motor, linguístico, social, afetivo, cognitivo), trabalhando-as de forma integrada. Os indicadores mostram-nos que o currículo não é uma lis- ta de conteúdos a serem trabalhados, mas, sim, um documento que apresenta a organização das experiências das crianças e que resulta da reflexão sobre a realidade à sua volta e a realidade da instituição. Uma forma atual de organização do currículo, que já vem sendo praticada por várias instituições, é o trabalho pedagógico com múltiplas linguagens. Nessa forma de trabalho, permeiam os outros organizadores do currículo, como o jogo infantil e as várias áreas em que o conhecimento é elaborado em uma cultura. As linguagens corporais e plásticas são objetos do trabalho pedagógico; assim, aprender a representar algo usando o corpo, o desenho, a modelagem, a escultura ou outras manifestações am- plia as competências infantis, exigindo-lhes novas habilidades. No caso do desenvolvimento da linguagem oral, sabemos que, desde pequenas, as crianças podem avançar no processo de letramento, tendo em vista que estão imersas em um mundo le- trado, no qual estão presentes sistemas simbólicos diversos. Desde que inseridas em um ambiente propício, vão se apropriando dos principais canais de comunicação característicos de nossa cultura. Já não se discute mais se a educação infantil deve ou não ensinar a ler, mas, sim, como ela o fará. Ao organizarmos um currículo, não podemos perder de vista as tipologias de conteúdo, que envolvem todo processo de apren- dizagem. Vejamos algumas delas: • Conteúdos conceituais: relacionados aos fatos, aos con- ceitos e princípios na educação infantil, como, por exem- plo, o conhecimento das cores, do nome, do esquema corporal, entre outros. Claretiano - Centro Universitário 21© Caderno de Referência de Conteúdo • Conteúdos procedimentais: referem-se ao "saber fazer", como, por exemplo, recortar, memorizar canções, cons- truir com blocos de madeira etc. • Conteúdos atitudinais: as crianças devem saber responder com determinados critérios e comportamentos diante das pessoas, das coisas etc. Esse aprendizado ocorrerá por meio dos conteúdos atitudinais, como, por exemplo, aprender a ter cuidado com os livros, a respeitar o outro etc. Todos os conteúdos são construídos em um ambiente que também deve ser considerado espaço de aprendizagem. Vários estudos têm demonstrado que o fator ambiente físico exerce in- fluência determinante na ação pedagógica, por permitir ou não uma maior interação das crianças com seus pares, com os adultos e com os objetos ao seu redor. É importante reconhecer que a forma como o espaço físi- co é organizado traz implícita uma compreensão de criança e de educação infantil, ou seja, comunica mensagens simbólicas sobre a intenção e os valores das pessoas que organizam o espaço desti- nado às crianças. Ao construirmos uma proposta pedagógica e considerarmos o espaço componente curricular, devemos responder às seguintes questões: como os ambientes das creches e pré-escolas podem ser promotores do desenvolvimento das crianças? Qual a importância da organização do espaço físico no planejamento das atividades pedagógicas? Além da organização dos ambientes e do uso do tempo, a proposta pedagógica deve explicitar a concepção de cuidado que o grupo educativo possui, assim como deve estar explícito no cur- rículo como o "cuidar" faz parte da rotina diária. O cuidar significa favorecer e contribuir para que o outro se desenvolva como ser humano; implica compromisso e afeto com o outro. Para que o professor possa cuidar, é necessário estar com- © Fundamentos daEducação Infantil22 prometido com a sua singularidade e as suas necessidades, sendo solidário e acreditando na capacidade das crianças. Esse cuidado colabora para a construção do vínculo afetivo, tão importante para a relação de ensino-aprendizagem. Conside- rando a legislação atual, as atividades de cuidado/educação são indissociáveis, e isso implica que a prática do professor também inclui as práticas de cuidado físico (que educam). Dessa forma, as instituições que separam as atividades de cuidado/educação, co- locando profissionais diferentes para executar tais funções, não estão cumprindo com a indicação de indissociabilidade. Cumprir a indissociabilidade é romper um paradigma de que o professor deve tratar das questões intelectuais e que as ques- tões relacionadas ao "corpo" são menores, devendo ser tratadas por pessoas com formação acadêmica inferior. Educar na primeira infância é saber articular o cuidado com o corpo às práticas educa- tivas cotidianas. Devemos compreender, também, que os vínculos afetivos são essenciais ao processo de desenvolvimento e aprendi- zagem das crianças e não desqualifica o trabalho profissional, mas, sim, o torna mais humano. Para compreender um pouco mais sobre a história das prá- ticas na educação infantil, você verá, na Unidade 4, que serão retomados alguns aspectos acerca do surgimento das creches e pré-escolas, bem como as visões que permeavam as práticas pe- dagógicas cotidianas. Além das questões relativas às práticas historicamente cons- truídas, você irá estudar um tópico sobre os profissionais da edu- cação infantil. Como deve ser? O que ele deve saber? Não temos todas as respostas, e é por isso que é de extrema importância que o profissional da educação infantil leia constantemente e atualize os seus conhecimentos acerca dos avanços da área. Uma das características principais é a polivalência. Polivalen- te é o professor capaz de desenvolver uma gama de conteúdos que possam atender desde os cuidados básicos até a construção Claretiano - Centro Universitário 23© Caderno de Referência de Conteúdo de conhecimentos de várias áreas do saber, garantindo, sobretu- do, o desenvolvimento pleno das crianças. Para isso, é preciso uma ampla formação profissional com um aperfeiçoamento constante, um trabalho interdisciplinar com os demais profissionais da instituição e a integração com as famí- lias das crianças atendidas. A formação continuada do profissional também requer uma constante reflexão sobre o trabalho, exercício fundamental para a qualidade do projeto educacional, que deverá ocorrer por meio da observação, do registro, do planejamento e da avaliação da prática profissional. Repensar o papel dos profissionais da educação infantil sig- nifica compreender a sua atuação no âmbito do "cuidar” e do “educar”, devendo estes terem um compromisso com os direitos fundamentais das crianças, oferecendo a elas espaços acolhe- dores e seguros, oportunidades de aprendizagem e experiências múltiplas. Além disso, é preciso respeitar suas capacidades e suas necessidades e contribuir para o desenvolvimento de suas poten- cialidades. Com relação à formação do professor de educação infantil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, no Arti- go 62, dispõe que a formação do profissional de educação infantil aconteça em nível superior ou médio. Já no Artigo 61, são esta- belecidos os princípios básicos para essa formação, tais como o atendimento aos objetivos dos diferentes níveis e das diferentes modalidades de ensino e das características de cada fase do de- senvolvimento do educando, tendo como fundamento a associa- ção entre as teorias e as práticas mediante a capacitação em servi- ço e o aproveitamento da formação e das experiências anteriores em instituições de ensino e em outras atividades. O último tópico da Unidade 4 trata da relação entre a da instituição de educação infantil e a família. © Fundamentos da Educação Infantil24 Esta se trata de uma das questões mais complexas e pro- blemáticas da educação infantil, uma vez que vemos que há uma concorrência desnecessária instalada entre essas duas instituições – família e creche/pré-escola. Entretanto, destacamos a respon- sabilidade dos profissionais de educação infantil em aproximar a família do trabalho institucional, reconhecendo que a qualidade na educação da criança pequena virá com o reconhecimento da educação compartilhada. Finalizamos, aqui, a apresentação desta abordagem, espe- rando que você tenha tido uma visão geral acerca da caminhada que faremos no Caderno de Referência de Conteúdo Fundamentos da Educação Infantil. Glossário de Conceitos Este glossário permite a você uma consulta rápida e precisa das definições conceituais aqui trabalhadas, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados no Caderno de Referência de Conteúdo Fundamentos da Educação Infantil. Portanto, veja, a seguir, a definição de tais conceitos: 1) Ambiente: espaço físico, composto por cores, odores, texturas, sons e relações sociais. Não diz respeito, so- mente, aos aspectos físicos (móveis, paredes e objetos). 2) Currículo: para Libâneo (2008), o projeto pedagógico trata-se de um elemento nuclear, que viabiliza o proces- so de ensino e aprendizagem. Assim, o currículo é um desdobramento do projeto pedagógico, que materiali- za as intenções e orientações previstas nos projetos em objetivos e conteúdos. É uma orientação da prática da ação. O projeto pedagógico e o currículo definem o que ensinar, para que ensinar, como ensinar e as formas de avaliação. 3) família: uma das definições de família encontradas no dicionário eletrônico Aurélio, trata de "pessoas aparen- tadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particular- mente o pai, a mãe e os filhos”. Pessoas unidas por laços Claretiano - Centro Universitário 25© Caderno de Referência de Conteúdo de parentesco pelo sangue ou por aliança. Essa definição abre o leque de opções das configurações familiares, o que reforça as discussões atuais de que não podemos ter um modelo de família estereotipado, mas, sim con- cebermos vários desenhos familiares. 4) formação continuada do educador: aquela realizada dentro da instituição, que tem como conteúdo a reflexão sobre a prática. 5) formação inicial do educador: aquela realizada em nível de Graduação ou Médio (magistério). 6) Infância: no dicionário, a palavra infância é definida como o período de crescimento do ser humano que vai do nas- cimento até a puberdade. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990), a criança é a pessoa de até 12 anos de idade incompletos, e o adolescente, aquele entre 12 e 18 anos. Etimologica- mente, a palavra “infância” refere-se a limites mais estrei- tos: oriunda do latim, significa a incapacidade de falar. Oliveira (2002) afirma que o termo "infância" tem o senti- do de "não fala", porém, a criança, desde o nascimento, já recorre às tentativas de comunicar-se por meio de choros, sorrisos e gestos. 7) Proposta pedagógica ou projeto político pedagógico: segundo Libâneo (2008), é um documento que deta- lha objetivos, diretrizes e ações do processo educativo a ser desenvolvido nas instituições. Expressa exigências sociais e legais do sistema de ensino e da comunidade escolar. 8) Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI): pode ser compreendido como um guia de refle- xão de cunho educacional sobre os objetivos, conteúdos e orientações didáticas destinadas aos profissionais que atuam junto às crianças de zero a seis anos, respeitando os seus estilos pedagógicos e a diversidade cultural bra- sileira. 9) Zona de Desenvolvimento Proximal: refere-se à distân- cia entre o nível de desenvolvimento atual do indivíduo e a capacidade de responder, orientado por indicações © Fundamentos da Educação Infantil26 externas a ele. A aquisição da linguagem dá forma aopensamento e reorganiza as funções psicológicas da criança, sua atenção, memória e imaginação. Você estu- dará, detalhadamente, a zona de Desenvolvimento Pro- ximal em outros Cadernos de Referência de Conteúdo, como Psicologia da Educação. Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es- quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú- do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican- do as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en- tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende- -se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co- nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe- dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza- gem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Claretiano - Centro Universitário 27© Caderno de Referência de Conteúdo Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações in- ternas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por ob- jetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de co- nhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/eduto- ols/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). © Fundamentos da Educação Infantil28 Instituições de educação infantil (creche e pré- escolas) Proposta Pedagógica e Curricular Família – várias configurações possíveis. Comunidade Rotina Organização do tempo e espaço Formação continuada Legislação, Diretrizes Nacionais, Literatura e documentos do MEC Conceito de infância e aprendizagem Atividades Culturalmente significativas Cuidar/ educar Figura 1 Esquema dos conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Fundamentos da Educação Infantil. Como você pode observar, esse esquema dá a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu Claretiano - Centro Universitário 29© Caderno de Referência de Conteúdo processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, o conceito de proposta pedagógica curricular está no centro do mapa, pois é dele que partiremos para organizar as experiências das crianças nas instituições. Ligado à proposta pedagógica, estão algumas das dimensões que a compõem e que foram trabalhadas no Caderno de Referência de Conteúdo. Família e comunidade estão ligadas à proposta pedagógica e à instituição pela razão de que a construção da proposta deve contar com as sugestões e as expectativas das famílias e da comu- nidade, que também devem fazer parte do trabalho institucional. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EAD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento. Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis- sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do ensino de Pedagogia pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re- solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. © Fundamentos da Educação Infantil30 Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari- to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas). As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte in- tegrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilus- trativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos do Caderno de Referência de Conteúdo, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui- lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce- bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Claretiano - Centro Universitário 31© Caderno de Referência de Conteúdo Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EAD e futuro profissional da educação, necessita de uma forma- ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suasreflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discu- ta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoau- las. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. Claretiano - Centro Universitário 1 EA D Desenvolvimento, Aprendizagem e Construção do Conhecimento na Infância 1. OBjETIVOS • Identificar os processos de desenvolvimento e de apren- dizagem infantil como referências fundamentais ao plane- jamento de estratégias de atuação no âmbito da infância, sobretudo nas creches e nas pré-escolas. • Demonstrar como a cultura determina a construção dos conhecimentos das crianças. • Desenvolver uma reflexão crítica por meio do debate so- bre a importância de experiências pedagógicas de quali- dade na educação infantil para a promoção do desenvol- vimento e da aprendizagem das crianças. • Conhecer e caracterizar diferentes reflexões teóricas por meio dos diferentes autores que trataram da questão da educação e do desenvolvimento infantil. © Fundamentos da Educação Infantil34 2. CONTEúDOS • Desenvolvimento humano. • Precursores da educação infantil. • Visão de alguns teóricos sobre o desenvolvimento e a aprendizagem infantil. • O papel dos brinquedos no desenvolvimento e na apren- dizagem infantil. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de dar início ao estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Sempre tenha em mãos os significados dos conceitos ex- plicitados no Glossário de Conceitos e as suas ligações pelo Esquema de Conceitos-chave para o estudo de não apenas esta unidade, mas também de todas as unidades deste Caderno de Referência de Conteúdo. Isto poderá facilitar muito a sua aprendizagem e o seu desempe- nho. 2) Iniciaremos nosso estudo com um olhar sobre a história da infância e apontaremos alguns aspectos relacionados à construção de seu conceito; assim, é muito importante que você se utilize de outras fontes para compreender melhor essa construção. Os livros citados nas referências bibliográficas desta unidade são demonstrações de ricas fontes de conhecimento sobre o tema. 3) Posteriormente, também apresentamos uma breve ideia a respeito das propostas dos precursores da educação infantil; dessa maneira, seria muito interessante se você aprofundasse seus estudos em, pelo menos, um desses autores, pois todos eles possuem suas obras traduzidas para o Português. 4) Fique atento aos conteúdos acerca da evolução da edu- cação infantil até os dias atuais. Você verá que, atual- mente, as crianças são consideradas sujeitos de direitos, Claretiano - Centro Universitário 35© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construção do Conhecimento na Infância titulares de direitos e obrigações, na medida em que po- dem responder sobre elas. Além dos direitos fundamen- tais inerentes a toda pessoa, são portadoras de direitos especiais em virtude da sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 5) O desenvolvimento e a aprendizagem também serão de- batidos; logo, procure aprofundar seus estudos nessas questões a fim de que você possa adotar um referencial teórico que guie o seu olhar sobre o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças. Além disso, atente-se para as questões que são relativas à afetividade, pois algumas atividades diárias nas instituições de educação infantil podem favorecer a construção da autoestima e da au- tonomia, como, por exemplo, os horários para higiene pessoal e para alimentação. 6) No décimo tópico desta unidade, temos uma explanação acerca do papel dos brinquedos no desenvolvimento e na aprendizagem infantil. Assim, gostaríamos de desta- car que há uma extensa bibliografia a respeito desse as- sunto, mas que é necessário fazer uma análise criteriosa para a seleção dessas bibliografias. Para isso, existe um órgão do MEC, denominado Coordenação de Aperfei- çoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que faz avaliações acerca da confiabilidade do conteúdo cientí- fico presente nas revistas. O site desse órgão está dispo- nível no seguinte endereço: <http://qualis.capes.gov.br/ webqualis/ConsultaPeriodicos.faces>. Além disso, o Cla- retiano também possui, em seu acervo, materiais sobre o papel dos brinquedos na educação infantil. 7) É importante que você busque outras informações a res- peito dessa questão, a fim de fortalecer sua formação inicial no trabalho com a educação infantil. 8) Antes de iniciarmos os estudos desta unidade, é inte- ressante que você conheça alguns dos pensadores cujas ideias norteiam o estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo. Assim, eles serão apresentados a seguir, e, para você saber um pouco mais sobre eles, acesse os sites indicados. © Fundamentos da Educação Infantil36 Comênio Imagem: disponível em: <http://www.smec.salvador.ba.gov. br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-praxis-pedagogi- cas/GRANDES%20MESTRES/comenio.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2010. Rousseau Imagem: disponível em: <http://www.culturabrasil.pro.br/ rousseau.htm>. Acesso em: 12 ago. 2006. Pestalozzi Imagem: disponível em: <http://www.pestalozzi.org.br/aspx/ historia_pestalozzi.aspx>. Acesso em: 12 ago. 2006. Froebel Imagem: disponível em: <http://germanhistorydocs.ghi-dc. org/sub_image.cfm?image_id=2321>. Acesso em: 12 ago. 2010. Claretiano - Centro Universitário 37© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construção do Conhecimento na Infância Decroly Imagem: disponível em: <http://www.educacaomoral.org.br/ reconstruir/os_educadores_edicao_76_jean_ovide_decroly. htm>. Acesso em: 12 ago. 2010. Dewey Imagem: disponível em: <http://www.consciencia.org/banco- deimagens/displayimage.php?album=search&cat=0&pid=67 #top_display_media>. Acesso em: 12 ago. 2006. Maria Montessori Imagem: disponível em: <http://www.montdiscovery.org/ about.shtml>. Acesso em: 12 ago. 2006. Freinet Imagem: disponível em: <http://www.fae.ufmg.br/neppcom/>. Acesso em: 12 ago. 2006. © Fundamentos da Educação Infantil38 Piaget Imagem: disponível em: <http://www.pedagogiaespirita.org/ escola_virtual/pedagogia/vygotsky/aula3.htm>. Acesso em: 12 ago. 2006. Vygotsky Imagem: disponível em: <http://www.aejhp.org.br/main. asp?cat=artigos&id_artigo=54>. Acesso em: 12 ago. 2006. 4. INTRODUÇÃO à UNIDADE Vamos iniciar os nossos estudos sobre a educação infantil ressaltando a importância de reconhecermos a criança como su- jeito sócio-histórico cultural, que tem direitos e deveres e que me- rece uma atenção especial da família, dos profissionais que traba- lham com a educação infantil e do Estado. A visão que hoje temos da infância e o reconhecimento do lugar que a criança ocupa na sociedade são frutos de uma longa construção histórica. Por isso, nesta unidade, compreenderemos como foi desenvolvido o conceito de “infância”, historicamente determinado pelas modificações nos modos de organização da sociedade, e sua influência nas formas de educação das crianças. Também discutiremos o desenvolvimento das crianças de até seis anos e como elas aprendem e constroem conhecimentos acerca da realidade social. Claretiano - Centro Universitário 39© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construçãodo Conhecimento na Infância Para que iniciemos o estudo de Caderno de Referência de Conteúdo Fundamentos da Educação Infantil, propomos uma dis- cussão à seguinte questão: como a criança se tornou esse sujeito sócio-histórico cultural? Quais os aspectos que são importantes para compreender o seu desenvolvimento e como ela aprende e constrói conhecimentos acerca da realidade social? Para o começo de nossa conversa, vamos compreender a in- fância como uma categoria social. Vamos lá?! 5. UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA DA INfÂNCIA Em O desaparecimento da infância, Postman (1999, p. 11) afirma que “as crianças são mensagens vivas que enviamos a um tempo que não veremos”. O autor aponta que, ultrapassado o pri- meiro ano de sua vida, a criança torna-se um “artefato” social, e não somente biológico. Como prova para esse argumento, ele de- monstra com dados históricos que a ideia de infância nem sempre existiu; ela varia de acordo com a história, incluindo-se os valores sociais. Nesse caso, devemos pensar: a sociedade atribui o mesmo valor para as crianças da elite e para as crianças pobres? Como exemplo, Postman (1999) cita que, em 1890, escolas secundárias americanas selecionavam, apenas, 7% dos jovens de idade entre 14 e 17 anos para estudar. As crianças e os jovens não selecionados trabalhavam como adultos, do nascer ao pôr do sol, nas grandes cidades. A ideia de infância mais próxima da ideia atual surgiu na Re- nascença. Posteriormente é que se reconheceu essa infância como uma estrutura social de condição psicológica peculiar. Na sociedade medieval europeia, a criança não era perce- bida como diferente do adulto. Ela participava do universo adulto intensamente, isto tanto nas atividades relacionadas ao trabalho © Fundamentos da Educação Infantil40 quanto nas vivências culturais, por meio dos jogos, das brincadei- ras e histórias. Os altos índices de mortalidade infantil nessa época revelam certa promiscuidade quanto aos cuidados e à atenção às crianças pequenas. A família não exercia função afetiva, mas de conservação dos bens. As trocas afetivas e as comunicações sociais eram realizadas fora da família, no ambiente de criados, de amigos etc. Com o desenvolvimento da sociedade industrial no século 17, ocorreu a separação da criança do mundo adulto, resultante do movimento de moralização da sociedade promovido pelos re- formadores católicos ou protestantes ligados à Igreja e ao Estado. A família tornou-se o lugar de afeição e passou a se organizar em torno da criança, e a mulher assumiu os papéis de mãe e educado- ra responsável pela educação da sua prole. Assim, desenvolvem-se a ideologia do “amor materno” e o “sentimento da infância”. A obra clássica de Phillippe Ariès (1981), A história social da criança e da família, identifica a ausência de um sentimento da infância até o final do século 17. Esse sentimento surgiu quando a sociedade passou a ter consciência da particularidade infantil e da diferença entre as crianças e os adultos. A escola apareceu como instituição destinada à educação das crianças, separando-as da vida adulta. O “sentimento da infância” desenvolveu-se, para- lelamente, ao “sentimento da família”, que passou a ser o lugar de afeição entre os cônjuges e entre os pais e seus filhos. Esse sentimento se desenvolveu, inicialmente, nas camadas superiores da sociedade. Dessa forma, podemos concluir que a ideia de infância e de criança se modifica no tempo e no espaço; ela é uma construção histórica e cultural resultante das mudanças na organização da so- ciedade e de suas estruturas econômicas e sociais. Segundo Kramer (1982), a ideia de infância apareceu com a sociedade capitalista urbano-industrial, quando se modificou o papel social desempenhado pela criança na comunidade. Claretiano - Centro Universitário 41© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construção do Conhecimento na Infância Para essa autora: A idéia da infância, não existiu sempre e da mesma maneira. Ao con- trário, ela aparece com a sociedade capitalista, urbano-industrial, na medida que mudam a inserção e o papel social da criança na comuni- dade. Se, na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo, assim que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade burguesa, ela passa a ser alguém que precisa ser cuidada, escolariza- da e preparada para uma atuação futura. Esse conceito de infância é, pois, determinado historicamente pela modificação nas formas de organização da sociedade (KRAMER apud goUVêA, 2002, p. 14). Infância ou infâncias Pode-se afirmar que cada criança vive a experiência infantil no interior de uma determinada cultura; por isso, a infância não se constitui numa categoria universal. Por exemplo, temos que uma criança indígena desenvolve padrões de comportamentos e de co- nhecimentos diferenciados dos de uma criança de cultura ociden- tal urbana. Assim, a concepção de criança é historicamente construída, e, consequentemente, ela se altera ao longo dos tempos, não se apresentando homogênea nem mesmo em uma mesma época e sociedade. O fato de que cada criança vivencia a experiência infantil numa determinada cultura delimita os padrões de seu desenvolvi- mento, seus saberes, seus valores e suas práticas sociais. No Brasil, historicamente falando, as vivências da infância ocorreram a partir do pertencimento sociorracial e de gênero. Assim é que, por exemplo, a criança escrava, exercia seu aprendiza- do para a vida adulta através do trabalho, iniciado já aos seis, sete anos de idade. O menino branco da elite tinha sua formação nos colégios, onde adquiria sua instrução intelectual ao mesmo tempo que se preparava para o exercício do mando. Já as meninas bran- cas da elite, tinham um aprendizado mais restrito, voltado para a aquisição de saberes tidos como femininos’. As vivências da infân- cia eram radicalmente diferenciadas, definidas pela sua inserção social, por pertencimentos raciais e de gênero. Isso determinava diferentes processos e conteúdos de aprendizagem em instâncias distintas, o colégio no caso, da criança de elite, ou o trabalho, no © Fundamentos da Educação Infantil42 caso da criança pobre ou escrava (goUVêA, 2002, p. 14). Na sociedade atual, o padrão de infância é determinado pelo modelo infantil da criança da classe burguesa, o que acaba acarretando a marginalização e a exclusão das crianças de outros segmentos sociais. Por isso, é importante que os profissionais da educação reconheçam esse aspecto e considerem as diferentes culturas e as diferentes infâncias que se entrelaçam no contexto escolar. A infância na atualidade É imprescindível que os professores da educação infantil dis- cutam sobre a infância na atualidade, de forma a não vê-la como uma infância idealizada. Postman (1999) alega que a mídia tem causado a “expulsão da infância”. Esse desaparecimento da infância pode ser visto de diversas formas, e um dos indicadores disto vem de dados dos meios de comunicação, quando vemos a busca de uma “fusão” entre gostos de crianças e adultos. O aumento do uso de drogas, do alcoolismo, da atividade sexual e da criminalidade também é um indicador de que a infância, como visto anteriormente, está desaparecendo. Nessa direção, Castro (1998), ao tratar da infância e da ado- lescência na cultura do consumo, discute a pedagogia da televisão, que vem, a cada dia, ganhando mais força por meio dos progra- mas de TV, do computador, de joguinhos etc. A autora ainda afir- ma que: Uma outra pedagogia se instala: a da televisão, que por meio da imagem e do som, da sedução estética, da provocação, da esti- mulação sensitiva, bate e rebate em temas de relevância atual: a violência, o amor, a sexualidade, a amizade, a traição, o desejo, a ganância e o sucesso (CASTRO, 1998, p. 11). Outro aspecto a se destacar na infância atual é sua solidão. As crianças encontram-se cada vez mais solitárias em companhia Claretiano - Centro Universitário 43© U1 - Desenvolvimento, Aprendizageme Construção do Conhecimento na Infância de seus pares, pois uma grande parte destes está sempre ocupada com sua própria vida, pela necessidade de ganhar dinheiro e não perder tempo. Entretanto, essa realidade vai à contramão do que muitos dos especialistas indicam: o aumento do diálogo entre as famílias e suas crianças. Esse é um problema que recai sobre as infâncias das várias classes sociais, mas algo caracteriza, em particular, a infância não pobre: torna-se esta, cada vez mais, consumidora de produtos apresentados pelas mídias como objetos de desejo. Para Castro (1998, p. 14): As condições de vida contemporânea estabelecem novos parâme- tros para a relação entre adulto e criança/adolescente, realinhando as posições que, em geral, tem predominado entre estes parceiros, tais como, a de educador e a de educando, a de experiente e a de não-experiente, a de ser maduro e a de ser imaturo, respectiva- mente. Distante do convívio com o adulto, hoje, mais do que há al- gumas décadas atrás, em casa solitariamente assistindo à tevê, ou em bandos de pares perambulando pelas ruas, nos shoppings, nos lugares de lazer e divertimento, a criança e o jovem transitam nes- tes espaços estabelecendo sua inserção no modo de vida urbano. É fundamental pensar nessas questões quando se trabalha ou convive com crianças, e é necessário construir um olhar crítico diante dessa nova realidade, tendo em vista que podemos decidir qual é a educação que queremos dar para nossa infância mesmo com tantas influências externas. Não significa que tenhamos de isolar a criança dessas influências, mas, sim, fazê-la lidar com elas criticamente, oferecendo espaços de reflexão acerca da realidade e aumentando seu repertório cultural. Para que isso seja feito, é necessário que, antes de tudo, o adulto também reconheça e compreenda essa realidade; quais são os aspectos positivos e negativos para seu desenvolvimento. Ele deve estar consciente de o quanto está “condicionado” por essa realidade e se também é movido pelas influências da mídia, pois só assim poderá transformar sua realidade e educar as suas crianças em uma direção mais crítica. © Fundamentos da Educação Infantil44 Ao ser questionado sobre se irá haver instituições sociais suficientemente fortes e empenhadas para resistir ao desapareci- mento da infância, Postman (1999) afirma que somente duas insti- tuições se interessam por essa questão: a família e a escola. Essas instituições se enfraqueceram quando os adultos per- deram o controle sobre o ambiente informacional das crianças. A mídia enfraqueceu o papel da família e da escola, fazendo muitos pais e professores perderem a confiança em sua capacidade de educar as suas crianças. Essa situação de conflito faz que pais e escola recorram a especialistas de diversas áreas para comparti- lhar – e, muitas vezes, assumir – a responsabilidade pela educação da criança. O que ocorre em grande parte das vezes é a invasão da auto- ridade parental e a perda da intimidade, da dependência e da le- aldade, que, durante tanto tempo, caracterizaram a relação entre pais e filhos. Postman (1999) aponta que alguns autores acreditam que, atualmente, essa relação é essencialmente neurótica e que as crianças são mais bem educadas pelas instituições do que por suas respectivas famílias. Essa postura é um grande equívoco, uma vez que devería- mos encarar a educação da criança como compartilhada, tendo a instituição e os pais o papel de juntos buscarem os melhores caminhos para a educação das crianças. Caso essa parceria não aconteça, será instalada uma competição, o que trará grandes pre- juízos às crianças. 6. PRECURSORES DA EDUCAÇÃO INfANTIL Como vimos, a infância é uma construção histórica. Com o desenvolvimento, no século 17, da industrialização nos países europeus, a educação foi preconizada como fundamental para o desenvolvimento social e para a inserção da criança no mun- do adulto. Nesse período, a criança passou a ser reconhecida como Claretiano - Centro Universitário 45© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construção do Conhecimento na Infância um sujeito diferenciado do adulto, o que determinou a história do discurso pedagógico das instituições de atendimento à infância. Agora, conheceremos a contribuição de vários teóricos que favoreceram a construção da história da educação infantil. joão Amós Comênio (1592-1670) Educador e bispo protestante checo, João Amós Comênio é considerado o maior educador do século 17. Em um dos capítulos de sua obra Didática Magna, descreveu um “programa para a pré- escola”, esboçando o que a criança deveria conhecer: 1) metafísica; 2) ciências físicas; 3) óptica; 4) astronomia, geografia e cronologia; 5) história; 6) aritmética, geometria e estatística; 7) artes; 8) mecânica; 9) gramática, retórica, poesia e música; 10) economia doméstica; 11) política, moral, religião e piedade. Comênio escreveu um livro, intitulado O informador da escola materna, dedicado às mães, enfatizando que o nível inicial do ensi- no era o colo das mães e que isto deveria ocorrer dentro dos lares. jean-jacques Rousseau (1712-1778) Jean-Jacques Rousseau exerceu grande influência sobre a educação, podendo ser considerado um dos precursores da edu- cação pré-escolar. Foi com base em suas contribuições para o re- conhecimento da infância que as crianças deixaram de ser vistas como “adultos em miniaturas” e foram compreendidas como se- res de ideias próprias, diferentes das dos adultos. © Fundamentos da Educação Infantil46 Rousseau combatia o autoritarismo de todas as instituições sociais que violentassem a liberdade característica da natureza. Sua concepção de educação destaca a natureza como o ambiente apropriado para o desenvolvimento infantil. Para ele, a educação do homem inicia-se com o seu nasci- mento, orientada pelos sentidos; depois, pela fantasia e, poste- riormente, pela razão. Uma das grandes obras de Rousseau foi Emílio, publicada em 1762. johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) Educador suíço influenciado pelas ideias de Rousseau, Jo- hann Heinrich Pestalozzi concebia como pressuposto básico da educação da infância a aquisição dos primeiros elementos do sa- ber de forma natural e intuitiva. Enfatizava como forças vitais da educação a bondade e o amor. Dentre os aspectos enfatizados por Pestalozzi na educação, podemos destacar: 1) Educação metodicamente ordenada para os sentidos. 2) Continuação da ideia de prontidão e a da organização graduada do conhecimento, ou seja, do mais simples ao mais complexo. 3) A escola deveria treinar a força de vontade e desenvol- ver as atitudes morais dos alunos. 4) Adaptação de métodos de ensino ao nível de desenvol- vimento dos alunos por meio de atividades de música, artes, soletração, geografia e aritmética, além de muitas outras linguagens orais e do contato com a natureza. 5) Conceito de disciplina baseado na boa vontade recípro- ca e na interação entre o professor e o aluno. friedrich froebel (1782-1852) Educador protestante alemão, Friedrich Froebel pode ser considerado criador dos kindergartens (jardins de infância), local onde as crianças e os adolescentes eram tidos como pequenas se- mentes a serem adubadas. Claretiano - Centro Universitário 47© U1 - Desenvolvimento, Aprendizagem e Construção do Conhecimento na Infância Apresentamos estes aspectos da proposta educacional de Froebel: 1) Reconhecimento dos aspectos educativos do brinquedo e das atividades lúdicas no processo de desenvolvimen- to da infância. 2) Autoeducação pelo jogo, contribuindo para o desenvol- vimento físico, intelectual e moral. 3) Destaque à importância do contato estreito da criança com a natureza. 4) Enfoque no valor da atividade manual, confecção de brinquedos para a aprendizagem da aritmética e da ge- ometria e proposta para que as atividades educativas incluíssem conversas, poesias e o cultivo da horta pelas crianças. Ovide Decroly (1871-1932) Médico psiquiatra belga e contrário aos seus
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