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1 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais HÉRNIAS Saída de uma víscera da sua cavidade de origem Causas: pontos de fraqueza na musculatura abdominal Hereditário Cirurgias abdominais pélvicas Obesidade, tosse, gestação, constipação, evacuação Alteração do tipo 3 de colágeno Raças: pequinês, basenti, airedale terrier Hérnia incisional (eventração): animal passou por uma cirurgia e houve rompimento, víscera coberta pela pele. Evisceração: saída de um víscera da sua cavidade e exposta ao ambiente. TRIAGEM Classe 1 – apnéia, sem pulso, inconsciente, “midríase” Classe 2 – consciente, pulso fraco e/ou dificuldade respiratória Classe 3- convulsão, evisceração, desmaio Classe 4- claudicação, êmese, espirro, tosse Classe 1 e 2: emergência Classe 3- urgência TERMOS Prolapso: saída de uma víscera oca da sua cavidade de origem por um orifício natural e que cause inversão dessa víscera. Proptose de bulbo: saída do bulbo ocular Intussescepção: quando uma alça intestinal entra dentro dela mesma Hérnia externa: má formação da parede Hérnia interna: através de anéis naturais PRINCÍPIOS DA CIRURGIA Dissecar cuidadosamente Fios de propilenoglicol Estimular o retorno das atividades o mais rápido possível O saco pode ser invertido, ligado e ressecado Na hérnia inguinoescrotal o saco deve ser ressecado Telas: usar ou não, é um corpo estranho Melhor tela: inerte, biológica, química e fisicamente. Não imunogênica, atóxica. Esterilizável e radiotransparente. Porosidade efetiva. Permitir crescimento fibroblástico. Resistente. HÉRNIA UMBILICAL Na onfalocele há um defeito de pele. Na hérnia não há problemas na pele. Geralmente filhotes e animais jovens. Observar: dor, temperatura, irredutibilidade Dor: hérnia estrangulada, temperatura alterada. Võmito, diarréia, apatia, abdome agudo. Diagnóstico diferencial: abcesso, hematoma, neoplasia, celulite, creoma Tratamento: incisão lateral ou em cima, reduziu, ponto em X ou tela de Marlex Observar viabilidade da víscera Uso de fluorescína HÉRNIAS ABDOMINAIS São hérnias falsas, pois não há nenhum orifício natural e não há saco herniário. Trauma o Atropelamento Após celiotomia (3-12%) Congênita: peritoneopericárdica (raro) Hérnia pré-púbica: ruptura do tendão que segura musculatura do reto do abdome. Tratamento: igual a hérnia umbilical. TRATAMENTO Para a maioria das hérnias abdominais, realizar uma incisão abdominal mediana ventral para permitir que todo o abdome seja explorado. Avaliar a extensão da herniação visceral. Reduzir os componentes herniados e remover o tecido necrótico ou sem vitalidade em torno da hérnia. Fechar as camadas musculares da hérnia com 2 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais suturas interrompidas simples ou contínuas simples. Se uma grande área de tecido sem vitalidade for removida, utilizar malha sintética, como Marlex® ou Prolene®, para fechar o defeito (não colocar malha não absorvível nos locais infectados). Dobrar as extremidades da malha por cima e suturar as extremidades dobradas para o tecido viável utilizando suturas interrompidas simples. HÉRNIA ESTRANGULADA – INTESTINO Fazer uma incisão abdominal longa o suficiente para permitir a exploração do abdome. Explorar completamente o abdome e recolher quaisquer espécimes não intestinais, então exteriorizar e isolar o intestino doente do abdome por embalagem com toalhas ou esponjas de laparotomia. Avaliar a viabilidade intestinal e determinar a quantidade de intestino que será necessário ressectar. Ocluir (ligadura dupla, grampo ou selo de calor) e seccionar vasos mesentéricos arcadiais da artéria mesentérica cranial que fornece este segmento do intestino. Ocluir (ligadura dupla, grampo ou selo de calor) os vasos de arcada terminais e vasos vasa recta dentro da gordura mesentérica nos pontos de transecção intestinal propostos. Delicadamente retirar o quimo (conteúdo intestinal) a partir do lúmen do segmento intestinal identificado. Usar os dedos ou pinças intestinais para ocluir o lúmen em ambas as extremidades do segmento, para minimizar o derrame de quimo (descrito anteriormente). Colocar pinças em cada extremidade do segmento intestinal doente (essa pinça pode ser traumática ou atraumática, pois esse segmento do intestino será excisado). Transeccionar o intestino com uma lâmina de bisturi ou tesoura Metzenbaum ao longo do lado de fora da pinça. Fazer uma incisão perpendicular ou oblíqua ao eixo longo. Usar uma incisão perpendicular (ângulo de 75 e 90 graus) em cada extremidade, se os diâmetros luminais são os mesmos. Quando se espera que os tamanhos luminais das extremidades intestinais sejam de forma desigual, usar uma incisão perpendicular através do intestino com o maior diâmetro luminal e uma incisão oblíqua (com o ângulo de 45 a 60 graus) através do intestino com o menor diâmetro luminal para ajudar a corrigir disparidade de tamanho. Fazer a incisão oblíqua como se a borda antimesentérica fosse mais curta do que a borda mesentérica. Se ainda mais correções para o tamanho da disparidade são necessárias, suturar o espaço ao redor do lúmen maior ligeiramente mais longe que em todo o lúmen menor ou remover uma cunha da fronteira antimesentérica do segmento menor. Aspirar as extremidades intestinais e remover quaisquer debris grudados nas margens do corte com uma esponja de gaze umedecida. Recortar a mucosa evertida com uma tesoura Metzenbaum antes de iniciar a anastomose término-terminal. HÉRNIA INGUINAL, ESCROTAL E FEMORAL 61 Hérnia inguinal indireta: inguinal-escrotal Hérnia inguinal direta: Inguinal São hérnias verdadeiras Unilateral ou bilateral Predisposições: aumento de pressão abdominal, prenhez e/ou obesidade, trauma. Cadelas de meia idade. Raças: pequinês, Cairn terrier, basset, basenji, West Highland White terrier. Deve-se remover o saco herniário. 3 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais HÉRNIA PERINEAL 93% em machos não castrados idosos Uni ou bilateral Hérnia verdadeira Sinais clínicos: diarréia/constipação o Obstrução colorretal/urinária o Prostatite, cistite o HPB o Desvio/dilatação retal o Inflamação perianal o Saculite anal o Caudas curtas / amputadas Técnica tradicional: 50% de recidiva, causa mais tenesmo e prolapso retal. Técnica transposição do músculo obturador interno: recidiva < 10%. Técnica transposição do músculo semitendíneo: recidiva < 10% porém é mais invasiva. HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA Causas: congênita ou traumática Local: geralmente nas porções musculares do diafragma. Sinais clínicos: dispneia o Anorexia o Vômito o Intolerância ao exercício o Depressão o Perda de peso o Dor pós-prandial 15-25% de diagnóstico tardio. Exame físico: mucosas pálidas o Taquipneia o Taquicardia o Oligúria o Arritmias o Hidrotórax Diagnóstico: auscultação (bulha abafada, burburinhos) o Raio X simples e/ou contrastado ▪ 1,1ml/kg de iodo intra- abdominal USS: Contusão pulmonar = fígado Diagnóstico diferencial: pneumotórax, pneumonia e efusão pleural. Pontos importantes: casos agudos tem melhor prognóstico do que os crônicos. o Se o conteúdo herniado for estômago, operar o mais rápido possível. o Em hérnia crônica é mais comum edema pulmonar por reexpansão. o Às vezes se necessita de ressecção. CIRURGIA TORÁCICA ANATOMIA 4 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais TORACOTOMIA Intercostal: incide pele, subcutâneo, cutâneo do tronco, grande dorsal (contrai quando é incidido), escaleno, serrátil ventral, intercostais e pleura.PARTICULARIDADES Pneumotórax Anestesia Capilografia e oxímetro Padrão ouro: hemogasometria CARDIOMIOPATIA DILATADA Ventriculectomia parcial (desuso) o Tira uma faixa do músculo do miocárdio, distende a fibra para estender mais o Sutura do miocárdio: simples contínua Plicatura da parede livre, do ventrículo esquerdo o Quadradinhos de patch de teflon, sutura em U deitado/wolff cocm fio polipropileno (não gera trombo, geralmente fio 3-0) Fio que menos gera trombo Dreno para drenar ar (pneumotórax) PERSISTÊNCIA DO DUCTO ARTERIOSO Cardiopatia comum Fêmeas (3:1) O ducto arterioso fecha de 5 a 7 dias após o nascimento. Raças: lulu, maltês, pastor de shetland, poodle, Yorkshire, pastor alemão Paciente com persistência do ducto arterioso Hipertrofia de ventrículo e átrio esquerdo Fibrilação atrial (pode ocorrer) Pode ser de esquerda para direita ou direita para esquerda Da esquerda pra direita é operável, quando o fluxo se inverte não SINAIS CLÍNICOS Dificuldade respiratória, cansaço Pulso hipercinético Sopro em maquinário no coração Frêmito a palpação de região pré-cordial TRATAMENTO Técnica com embolizador Toracoscopia Secção do ducto arterioso Ligadura do ducto arterioso Feito a antissepsia, com o animal em decúbito lateral, é feito a insição da pele, do subcutâneo e do músculo, entre o 4º e o 5º espaço intercostal. O músculo grande dorsal, escaleno e peitornal é incidido com uma tesoura Metzenbaum. Aberta a cavidade pleural, é usado comrpressas umedecidas nas bordas ada incisão e afastador de Finochietto para deslocar as costela lateralemente. O nervo vago, que se localiza acima do ducto arterioso, deve ser dissecado na altura do ducto e afastado delicadamente com duas fitas cardíacas. O ducto é dissecado e isolado nas suas extremidades proximais e distais com pinças vasculares ou com fitas cardíacas, em seguida, é realizado uma ligadura dupla do ducto. Técnica de Jackson-henderson (ruim) Complicações possíveis: claudicação epsilateral, hemorragia, infecção, seroma, recanalização do DA, lesão do nervo laringo-recorrente, herniação de átrio esquerdo, ruptura de aneurisma. ANOMALIA DE ANEL VASCULAR Persistência do 4º arco aórtico direito (mais comum) (PAAD) 5 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais o Subclávia esquerda anômala o Duplo arco aórtico o Dextroposição do ligamento arterioso o Subclávia direita anômala l A artéria pulmonar esquerda e a aorta descendente são conectadas pelo ligamento arterioso. O esôfago está circundado por esse ligamento (ou ducto arterioso patente) à esquerda, pela base do coração e artéria pulmonar ventralmente, e pelo arco aórtico à direita. O esôfago é constrito por esse “anel” vascular e começa a dilatar cranialmente quando o alimento se acumula. O alimento que não passa além da constrição é regurgitado intermitentemente. SINAIS CLÍNICOS Animas menores Regurgitação após mamar Emagrecimento Problemas respiratórios Polifagia Risco de pneumonia por aspiração TRATAMENTO Técnica cirúrgica: Realizar uma toracotomia lateral no quarto (quinto) espaço intercostal esquerdo para pacientes com AADP. Afastar caudalmente o pulmão cranial para expor o mediastino dorsal ao coração. Identificar aorta, artéria pulmonar, ligamento arterioso e nervos vago e frênico. Identificar a estrutura ou as estruturas anômalas. Se houver persistência da veia cava cranial esquerda, dissecar e rebater a veia cava para melhorar a visualização. Se houver uma veia hemiázigos proeminente, dissecar, ligar e dividi-la. Se for identificada uma artéria subclávia constritora, isolar, ligar e transeccioná- la. Se um arco aórtico esquerdo atrético estiver presente, isolar, ligar e transecioná-lo. Fazer uma incisão no mediastino, dissecar e elevar o ligamento arterioso. Ligar duplamente o ligamento arterioso e transeccioná-lo. Se houver persistência de um ducto arterioso de grande calibre em vez do ligamento arterioso, suturar ambas as extremidades após a ressecção. Passar um cateter balão ou tubo orogástrico grande através do esôfago contraído para ajudar a identificação de bandas fibrosas constritoras e dilatar o local. Dissecar e transeccionar essas bandas de fibras na parede esofágica. Lavar a área, reposicionar os lóbulos pulmonares, inserir uma toracostomia e fechar o tórax como de costume. ESTENOSE DE VALVA PULMONAR A estenose pulmonar (EP) é um estreitamento congênito da valva pulmonar, da artéria pulmonar ou da via de saída do ventrículo direito. Os sinônimos incluem displasia da valva pulmonar e obstrução da via de saída do ventrículo direito. A EP causa sobrecarga de pressão e hipertrofia do ventrículo direito. A hipertrofia ventricular direita frequentemente leva à obstrução da via de saída do ventrículo direito, estreitando-a. As raças Buldogue Inglês, Terrier Escocês, Foz Terrier de pelo duro, Beagle, Schnauzer miniatura, Cocker Spaniel, Samoieda, Mastiffs e Terriers são mais predispostas ao desenvolvimento da EP. SINAIS CLÍNICOS Os animais jovens com EP são frequentemente assintomáticos. Casos avançados podem apresentar intolerância ao exercício, síncope ou distensão abdominal devido à ascite. O principal sinal clínico observado no exame físico é um sopro sistólico de ejeção, mais audível na base esquerda do coração. As radiografias torácicas revelam graus variados de aumento do ventrículo direito e artéria pulmonar principal. O diagnóstico da EP pode ser confirmado por ecocardiografia. TRATAMENTO Técnica cirúrgica: Fazer uma toracotomia pelo quinto espaço intercostal. Passar um torniquete ao redor da veia cava e da veia ázigos. Fazer uma incisão na metade da espessura total da via de saída do ventrículo direito. Suturar um retalho de pericárdio autógeno ou sintético à incisão e na face cranial da artéria pulmonar. Iniciar a oclusão venosa e fazer incisões em toda a espessura na artéria pulmonar e ventrículo direito. Incisar ou excisar os folhetos da valva pulmonar displásica, de acordo com a necessidade. Finalizar a sutura da artéria pulmonar ao enxerto e interromper a oclusão do fluxo. Ressuscitar o coração. 6 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais TETRALOGIA DE FALLOT Estenose de válvula pulmonar Defeito de septo interventricular Hipertrofia do ventrículo direito Dextroposição aórtica (aorta mais pro lado direito) Raças: Keeshond, buldogue inglês Primeira técnica: suturava-se a artéria subclávia esquerda na artéria pulmonar. SINAIS CLÍNICOS Os achados clínicos durante a consulta incluem intolerância ao exercício de grau moderado a importante, taquipneia exercional, colapso e síncope. As alterações clínicas observados no exame físico em animais com tetralogia de Fallot incluem cianose não responsiva à oxigenioterapia e sopro sistólico, mais audível sobre a base esquerda do coração e lado direito do esterno. A ecocardiografia bidimensional demonstra todos os elementos da tetralogia, incluindo hipertrofia ventricular direita, EP, CIV e cavalgamento da aorta Hoje, coloca-se uma ponte (by-pass) da artéria subclávia esquerda para artéria pulmonar, com uma sobra para o crescimento do animal. TRATAMENTO Realizar a toracotomia pelo quarto espaço intercostal esquerdo. Fazer um enxerto arterial autógeno ligando e dividindo a artéria subclávia esquerda proximal. Abrir o pericárdio e suturá-lo na incisão da toracostomia. Colocar pinças hemostáticas vasculares tangenciais na artéria pulmonar e na aorta. Incisar ambos os vasos com um corte longitudinal na parede do vaso, presa pela pinça. Interpor o enxerto entre a aorta e a artéria pulmonar por meio de umaanastomose, utilizando-se uma sutura contínua simples. Assegurar-se de que o enxerto não está torcido. Soltar as pinças hemostáticas e verificar a hemostasia nos pontos de sutura. A pinça da artéria pulmonar deve ser liberada antes das demais. CIRURGIA DO TGI SONDA NASOESOFÁGICA/NASOGÁSTRICA Indicação: nutrição a curto prazo Pacientes que não toleram anestesia Manter estômago descomprimido após cirurgia Contraindicação: desordens de motilidade esofágica, vômitos ou regurgitação, contrições esofágicas FARINGOSTOMIA/ESOFAGOSTOMIA Indicação: suporte nutricional a longo prazo (meses) Animais anoréticos com doença sistêmica Pós cirurgia de cavidade oral Traumatismo crânio encefálico Manter estômago descomprimido Contraindicação: animal com esofagopatia, megaesôfago, constrição esofáfica, refluxo. Sonda siliconizada ESOFAGOTOMIA/ESOFAGECTOMIA PARCIAL Indicações: corpo estranho, biópsia, fístula bronco esofágica, leiomioma/leiomiossarcoma Pouco irrigado, demora a cicatrizar Pode ser cervical, torácico ou no hiato esofágico. Remoção da parte acometida junto com um flap de omento ou algum músculo para propiciar a irrigação de sangue no local. GASTROTOMIA Fazer uma incisão na linha média ventral abdominal desde o processo xifoide até o púbis. Usar afastadores de Balfour para segurar a parede abdominal e promover uma exposição adequada do trato gastrointestinal. Inspecionar todos os componentes abdominais antes de incisar o estômago. Isolar o estômago dos outros 7 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais componentes abdominais com compressas cirúrgicas umedecidas para reduzir a contaminação. Colocar pontos de fixação para auxiliar na manipulação do estômago e ajudar a evitar o derramamento do conteúdo gástrico. Fazer uma incisão gástrica em uma área hipovascular do aspecto ventral do estômago, entre as curvaturas maior e menor. Verificar se a incisão não está próxima ao piloro, pois o fechamento da incisão poderá causar excessiva invaginação de tecido dentro do lúmen gástrico, resultando em obstrução da saída gástrica. Fazer uma incisão no lúmen gástrico com um bisturi e aumentar a incisão com tesouras Metzenbaum. Usar sucção para aspirar o conteúdo gástrico e reduzir o derramamento. Fechar o estômago com um material de sutura absorvível 2-0 ou 3-0 (p. ex., polidioxanona, poligliconato) em um padrão seromuscular de duas camadas invertidas. Incluir a serosa, muscular e submucosa na primeira camada, usando um padrão de Cushing ou simples contínuo incorporando as camadas serosa e muscular. Como alternativa, fechar a mucosa com uma sutura de padrão simples contínuo em uma camada separada para reduzir o sangramento pós-operatório. Antes do fechamento da incisão abdominal, substituir os instrumentos contaminados pelo conteúdo gástrico por instrumentos estéreis e luvas. Sempre que remover um corpo estranho gástrico, certifique-se de verificar o trato intestinal todo para materiais adicionais que podem causar obstrução intestinal. GASTROPEXIA As técnicas de gastropexia são desenvolvidas para aderir o estômago permanentemente à parede abdominal. As indicações mais comuns são DVG (antro pilórico à parede abdominal direita) e hérnia de hiato (fundo à parede abdominal esquerda). Para criar uma adesão permanente, o músculo gástrico deve estar em contato com o músculo da parede do corpo; serosa gástrica intacta não forma adesões permanentes à superfície peritoneal intacta. TÉCNICA A gastropexia por tubo (gastrostomia) é rápida e relativamente simples. Também permite descompressão gástrica pós-cirúrgica e colocação de medicamentos diretamente no estômago em animais inapetentes. O tubo deve ser deixado no local por sete a 10 dias para formar uma adesão permanente. Embora isto possa prolongar o período de hospitalização no pós-operatório, comparado a outras técnicas, o tubo pode ser fechado e fixado ao tronco e o animal pode ser mandado para casa com alimentação oral. O risco de extravasamento é mínimo se for utilizada a técnica apropriada; contudo, a colocação imprópria do tubo pode resultar em peritonite. 8 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais GASTRECTOMIA A gastrectomia parcial é indicada quando a curvatura maior, ou a porção média, do estômago estiver envolvida por necrose, ulceração ou neoplasia. A necrose da curvatura maior é primariamente associada à dilatação vólvulo-gástrica (DVG) e pode ser tratada pela ressecção ou invaginação. Avaliar a extensão da necrose ao observar cor da serosa, textura da parede gástrica, patência vascular e sangramento na incisão; entretanto, em muitos casos, é difícil determinar a viabilidade de tecidos com essas técnicas. INTESTINO Enterotomia é uma incisão no intestino, e enterostomia é a remoção de um segmento do intestino. Ressecção intestinal e anastomose é uma enterostomia com restabelecimento da continuidade entre as extremidades divididas. Enteroenteropexia ou plicatura intestinal é a fixação cirúrgica de um segmento intestinal para outro; enteropexia é a fixação de um segmento intestinal para a parede do corpo ou outra alça de intestino. CIRURGIA O diagnóstico precoce e uma boa técnica cirúrgica evitam maiores complicações. Realizar cirurgia logo que a anestesia seja possível em pacientes com perfuração, estrangulamento ou obstrução completa. A cicatrização ideal requer um bom aporte sanguíneo, aposição precisa da mucosa e trauma cirúrgico mínimo. Usar padrões de sutura de aproximação: simples interrompida, Gambee, esmagamento ou simples contínua; técnicas de grampeamento são viáveis. Envolver submucosa em todas as suturas ou grampos. Escolher um fio de sutura monofilamento, sintético, absorvível tal como polidioxanona, poligliconato, poliglecaprona 25 ou glicômero 631. Cobrir o local cirúrgico com omento um tampão seroso. BIÓPSIA INTESTINAL Biópsia com Punch= expor a alça intestinais, no lado oposto do mesentério é colhido. Biópsia de Cunha= coprostase e incisão em cunha. CIRURGIAS DO TRATO URINÁRIO Pré-operatório: hemograma completo, bioquímico, densidade urinária, cultura e antibiograma e hidratação. BIÓPSIA RENAL A biópsia renal pode ser indicada para determinar um diagnóstico definitivo em cães e gatos com doença renal, ou para fornecer uma estimativa da gravidade ou reversibilidade do dano renal. Ela pode ser realizada por cirurgia ou pode ser feita percutaneamente por ultrassonografia, laparoscopia ou digital mente através de punção abdominal As biópsias laparoscópicas e dirigidas por ultrassom são as técnicas percutâneas preferidas. AGULHA TRU-CUT Realizar uma biópsia com agulha usando um instrumento do tipo TruCut® pela colocação da ponta do instrumento sobre a cápsula renal com a haste obturadora de amostra totalmente retraída dentro da cânula externa. Posicionar a agulha de biópsia como foi descrito previamente. Empurrar a haste de amostra para dentro da lesão pelo avanço do cabo plástico ou pelo mecanismo de disparo. Com mecanismo manual, avançar a bainha mais externa da agulha para dentro do tecido para sacar a amostra da biópsia. Retirar a agulha com a bainha externa sobre a haste da amostra. Aplicar pressão digital sobre o local para controlar a hemorragia. Certifique-se de que a amostra é suficiente (ver anteriormente) e consiste principalmente em tecido cortical. Processar a amostra como descrito previamente 9 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais BIÓPSIA EM CUNHA Para uma biópsia em cunha, fazer uma incisão até o parênquima renal com uma lâmina de escalpe no 11 ou no 15. Fazer outra incisão em ângulo nadireção da primeira incisão para remover o fragmento em forma de cunha do parênquima e aplicar pressão digital. Certificar-se de que a amostra inclui o córtex. Fechar a incisão com uma sutura de colchão de 3-0 ou material de sutura absorvível 4-0 através da cápsula. NEFRECTOMIA TOTAL Nefrectomia (ureteronefrectomia) é indicado para neoplasia renal, hemorragia incontrolável, perda de urina persistente, pielonefrite resistente à terapia médica (p. ex., associado a nefrólitos), hidronefrose e anormalidades ureterais que desafiam a reparação cirúrgica (p. ex., avulsão, estenose, ruptura, obstrução devido a cálculos). Dioctophyme renale, hidronefrose, cistos renais. TÉCNICA CIRÚRGICA Envolver o peritônio sobre o rim e incisioná-lo. Usando uma combinação de dissecção romba e cortante, liberar o rim de suas fixações sublombares. Elevar o rim e retraí-lo medialmente para colocar a artéria e veia renais na superfície dorsal do hilo renal. Identificar todos os ramos da artéria renal. Fazer uma dupla ligadura da artéria renal com sutura absorvível (p. ex., polidioxanona, poligliconato, glicomer 631, poliglecaprone 25) ou sutura não absorvível (p. ex., linha de seda cardiovascular) próximo à aorta abdominal para se certificar de que todos os ramos tenham sido ligados. Identificar a veia renal e realizar sua ligadura de modo semelhante. As veias ovariana e testicular esquerda drenam para a veia renal e não devem ser ligadas em cães não castrados. Evitar a ligadura da artéria e veia renais, em conjunto, para evitar formação de fístula arteriovenosa. Ligar o ureter próximo à bexiga. Remover o rim e o ureter, e após obtenção de amostras apropriadas para cultura, submetê-las ao exame histológico. NEFRECTOMIA PARCIAL A nefrectomia parcial é justificada ocasionalmente em casos de lesões renais focais, particularmente se for necessária uma preservação da função renal, por causa de disfunção renal bilateral. Evitar a nefrectomia parcial em animais com coagulopatias clinicamente significativas; pode ocorrer perda excessiva de sangue após tal procedimento. TÉCNICA CIRÚRGICA Caso seja possível, dissecar a cápsula renal da área do rim a ser excisado. Utilizar sutura absorvível (no 0 ou 1) com duas agulhas longas retilíneas ligadas e em paralelo. Enfiar as agulhas dentro do rim no local escolhido para ressecção. Amarrar os fios em três ligaduras separadas, mas 10 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais deve-se evitar lesar os vasos renais ou o ureter. Retirar o tecido renal distal a essas ligaduras. Ligar quaisquer vasos com sangramento e suturar o divertículo exposto com sutura absorvível (2-0 ou 3-0). Aproximar a cápsula sobre a extremidade do e ancorá-la ao tecido sublombar, para evitar rotação do rim. Como uma alternativa, pinçar os vasos renais com pinça vascular e fazer excisão do parênquima renal. Ligar os vasos parenquimatosos e fechar a pelve renal e o divertículo. Suturar a cápsula como foi descrito anteriormente e remover as pinças dos vasos renais. NEFROTOMIA A nefrotomia normalmente é executada para remover cálculos, alojados na pelve renal, mas ela também pode ser realizada para explorar a pelve renal em casos de neoplasias ou hematúria. TÉCNICA CIRÚRGICA Localizar os vasos renais e ocluí-los temporariamente com pinça vascular, um torniquete ou um dedo do assistente. Mover o rim para expor a superfície lateral convexa. Fazer uma incisão em cunha ao longo da linha média da borda convexa da cápsula do rim e então dissecar claramente através do parênquima renal, ligando os vasos quando necessário. Examinar a pelve renal. Remover os cálculos e lavar o rim com solução salina morna ou solução de Ringer lactato morna. Avaliar o ureter para desobstruí-lo por meio da colocação de cateter de borracha macia de 3,5 Fr pela extremidade do ureter e lavá-lo com líquidos mornos. Fechar a nefrotomia por aproximação dos tecidos cortados e aplicar pressão digital por aproximadamente cinco minutos, enquanto se restabelece o fluxo sanguíneo através dos vasos renais (técnica sem sutura). URETEROTOMIA A ureterotomia é realizada ocasionalmente para remover cálculos obstrutivos. O procedimento apresenta o risco de extravasamento urinário pós-operatório e formação de estenose e deve ser realizado com cuidado. TÉCNICA CIRÚRGICA Fazer uma incisão transversa ou longitudinal no ureter dilatado próximo ao cálculo e removê-lo. Colocar um cateter pequeno, de borracha macia, dentro do ureter proximal e distal à incisão e lavar o ureter com jato de líquido morno. Assegurar-se de que o cálculo tenha sido removido e que o ureter esteja desobstruído. Fechar a incisão com sutura absorvível 5-0 a 7-0, com pontos interrompidos simples. Como alternativa, se o ureter não estiver dilatado e se for provável a formação de constrição, fazer uma incisão longitudinal sobre o cálculo e fechar a incisão de modo transverso. Se o ureter for lesado, fazer ressecção e anastomose (próxima seção) ou desvio urinário proximal com um tubo de nefropielostomia. 11 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais CISTOTOMIA/CISTOLITOTOMIA Cistotomia é a incisão cirúrgica na bexiga urinária; uretrotomia é uma incisão na uretra. Cistectomia é a remoção de uma porção da bexiga urinária. Cistolitíase e cistolitectomia se referem a cálculos da bexiga urinária e sua remoção, respectivamente. INCISÃO Macho e fêmea é diferente TÉCNICA CIRÚRGICA Isolar a bexiga do resto da cavidade abdominal, colocando campos de laparotomia umedecidos abaixo dela. Colocar suturas permanentes no ápice da bexiga e trígono para facilitar a manipulação. Fazer uma incisão longitudinal na face dorsal ou ventral da bexiga, ao longo dos ureteres e entre os maiores vasos sanguíneos. Remover a urina por sucção ou realizar cistocentese intraoperatória antes da cistotomia, se a sucção não for viável. Retirar uma pequena secção da parede da bexiga, adjacente à incisão para submetê-la à cultura aeróbica. Observar o ápice da bexiga em busca de um divertículo e extirpar se necessário. Examinar a mucosa quanto à existência de anormalidades e passar um cateter pela uretra para verificar se há obstrução. Fechar a bexiga usando sutura de padrão contínuo, camada simples, com material absorvível (ver anteriormente). Para fechamento de camada dupla, suturar as camadas seromusculares com duas linhas de sutura contínuas invertidas (p. ex., Cushing, seguido por Lembert;). CIRURGIA DO TRATO REPRODUTIVO OVARIOHISTERECTOMIA Indicações: prevenir estro, piometra, hemometra, fisometra, neoplasias, hiperplasia. TÉCNICA CIRÚRGICA Para a ovário-histerectomia, elevar a parede abdominal com uma pinça e deslizar o gancho de ovariectomia contra a parede abdominal, 2 a 3 cm caudalmente ao rim. Exteriorizar o corno uterino com o gancho e identificar o ligamento suspensório e a ponta cranial do pedículo ovariano. Esticar ou romper o ligamento suspensório para permitir a exteriorização do ovário usando o dedo indicador para fazer uma tração caudolateral no ligamento suspensório, enquanto mantém uma tração caudomedial no corno uterino.Posicionar duas pinças de Carmalt no pedículo proximal ao ovário e uma no ligamento próprio (ou colocar três pinças próximas ao ovário). Remover a mais proximal e fazer uma sutura em forma de oito no lugar. A ponta não afiada da agulha através do meio do pedículo (1 a 2), dar uma volta por um lado do pedículo (3 a 4), então reconduzir a agulha pelo orifício original na mesma direção (5 a 6), e dar uma volta na outra metade do pedículo (7 a 8). Apertar firmemente a sutura (1 e 8). Fazer uma sutura circunferencial próxima à primeira sutura e então colocaruma hemostática no ligamento suspensório próximo ao ovário. Fazer a transecção do pedículo ovariano distal ao grampeamento do pedículo. Separar o ligamento largo do corno uterino. Clampear e suturar o ligamento largo (linha pontilhada) se ele aparentar vascular. Para ligar o útero, fazer uma sutura em forma de oito no corpo uterino próximo à cérvix. Fazer uma segunda sutura circunferencial mais perto da cérvix, colocar uma 12 Amaríntia Rezende – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais pinça de Carmalt distal às suturas e cortar entre a pinça e as suturas. Verificar se não há hemorragia no coto uterino (usar uma pinça hemostática mosquito fixada na parede uterina para prevenir a retração do útero para dentro do abdome). ORQUIECTOMIA A castração evita o excesso populacional de cães, por meio da inibição da fertilidade do macho, e diminuindo a agressividade do macho dele, a perambulação e o comportamento indesejável da micção. Auxilia na prevenção das doenças relacionadas ao andrógeno, incluindo doenças prostáticas, adenomas perianais e hérnias perineais. Outras indicações para a castração incluem as anormalidades congênitas, as anormalidades testiculares e epididimárias, neoplasia, trauma ou abscessos escrotais, herniorrafia inguinoescrotal, uretrostomia escrotal, controle da epilepsia e controle das anormalidades endócrinas. TÉCNICA CIRURGICA Para realizar uma castração em cães aberta, avançar um testículo para a área pré-escrotal aplicando uma pressão sobre a bolsa escrotal. Fazer uma incisão sobre o testículo. Fazer uma incisão na fáscia espermática e na túnica parietal vaginal. Colocar uma pinça hemostática na túnica onde esta se liga ao epidídimo e digitalmente separar o ligamento da cauda do epidídimo da túnica. Ligar o ducto deferente e o cordão vascular individualmente, e então circundar os dois com uma ligadura circunferencial proximal. Colocar uma pinça de Carmalt distalmente às ligaduras e transeccionar entre a pinça e as ligaduras.
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