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CCJ0008-WL-AV2-Sociologia Jurídica e Judiciária -Trabalho-06 para AV2 (21-11-2012)

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Turma A – Manhã - 2012.1�� HYPERLINK "http://portal.estacio.br/" \o "Estácio" �� INCLUDEPICTURE "http://portal.estacio.br/img/logo.png" \* MERGEFORMATINET ������Sociologia Jurídica e Judiciária
Profa.: Maria Cristina Figueiredo Soares da Silva�Disciplina:
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Waldeck Lemos de Arruda Júnior�Folha:
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Trabalho para AV2
	
	Resenha: Bar Bodega – Um Crime de Imprensa
	
	Bar Bodega – Um crime de imprensa:
Obra do jornalista Carlos Dorneles, repórter da TV Globo, editada em 2007 pela Editora Globo, relata sobre o crime ocorrido em 10 de agosto de 1996 na cidade de São Paulo, no Bar Bodega de propriedade de Luis Gustavo e dos irmãos Cássio e Tato Gabus Mendes, todos eles atores da Rede Globo. Onde dois jovens de classe média paulistana foram mortos num assalto no referido bar. O caso gerou imediata comoção popular e midiática.
O crime teve bastante repercussão tanto pela polícia, pela mídia impressa bem como televisiva, sob o clamor da sociedade. Contém um relato potente o bastante para nos envergonhar a todos. É desses testemunhos que afiançariam, de uma vez por todas, o fracasso da decência na condição humana, não contivesse, também, os germes da inteligência, do espírito de justiça e da bravura que, embora isolados, caracterizam na plenitude algumas poucas personagens da sua narração.
A obra de Dorneles é bem escrita, o texto é informal, preciso e elegante. A narrativa é conduzida pelos desencontros da vida de Cléverson, o menor infrator acusado de outros crimes e ponto de partida para a teia sinistra que se formaria com a detenção de outros rapazes que seriam dados como "culpados" pela polícia.
Há uma ressalva, porém, à fórmula da narração. Ainda que amparado pelas decisões da Justiça, pela coincidência e pela consistência dos depoimentos daqueles que foram considerados injustiçados, Dorneles perigosamente abraça os relatos em sua literalidade, contando os fatos (como se deram as torturas, por exemplo) em minúcias, como se o próprio autor houvesse testemunhado tudo, in loco. Trata-se de um risco desnecessário. Sempre haverá a possibilidade de uma incorreção factual, motivada por diversos fatores, como os exageros, as omissões da lembrança, as "travas" e, o que não é de duvidar em tal atmosfera, distorções que busquem aprofundar o abismo já existente entre a vítima e o verdugo, por impulsos de compensação psicológica.
Nesse livro, ninguém é santo e todo mundo é culpado. Ao contar a história de um crime que chocou a sociedade paulistana na década de 90, Dorneles aponta uma série de equívocos cometidos pela polícia, pela imprensa e pela sociedade. Quer dizer… chamar AQUILO de equívoco é tapar o sol com a peneira. O que foi realizado foi uma atrocidade com a ética e os direitos humanos. A responsabilidade jornalística foi mandada às favas com gosto.
São Paulo em 1996: O momento histórico e a atuação da imprensa.
Em Agosto de 1996, o momento vivido pelos paulistanos era de plena campanha eleitoral para prefeitura de São Paulo e o assunto segurança pública era o tema de então. Na época, o primeiro colocado das pesquisas, Celso Pitta, afilhado de Paulo Maluf, que dizia aos seus eleitores que se Pitta não fosse um bom prefeito nunca mais deveriam votar nele, usava um discurso alicerçado no medo da população e no ataque aos defensores dos direitos humanos.
O crime no Bar Bodega colocou mais lenha na fogueira. A imprensa passou a noticiar todo crime, até aqueles ocorridos no interior, que não costumavam ter destaque no noticiário. A família de uma das vítimas criou o movimento “Reage SP”, uma espécie de antecessor do “Cansei”. Logo, a polícia apresenta os acusados como reús confessos. A mídia aceita passivamente a versão oficial sem a preocupação de investigar, justificando o subtítulo do livro de Dorneles: “um crime de imprensa”. A confissão dos jovens, vale ressaltar, todos inocentes, foi conseguida através de tortura. Se não fosse a interferência de um corajoso promotor público, eles, provavelmente, estariam até hoje na prisão.
A atuação da imprensa nesse caso é ainda mais vergonhosa quando lembramos que, dois anos antes, em 1994, a mídia também arruinou com a vida dos donos da Escola Base, acusando-os de abusar sexualmente de menores. O caso do Bar Bodega, a situação é ainda pior. Manchetes sensacionalistas e linchamento público deram o tom. A colunista da Folha, Bárbara Gancia, escreveu essa pérola de humanidade sobre os então acusados pelo crime no Bar Bodega: “São veneno sem antídoto, nenhum presídio recuperaria répteis dessa natureza. A vontade de qualquer pessoa normal é enfiar um cano de revólver na boca dessa sub-raça e mandar ver” Quando o promotor soltou os inocentes, a mídia o linchou publicamente. Mas foi obrigada a engolir em seco quando os verdadeiros culpados pelo crime foram presos. Assim como no caso Escola Base, a vida dos jovens foi irremediavelmente prejudicada.
O Crime:
O denominado crime do bar Bodega ocorreu no dia 10 de agosto de 1996, em São Paulo. Durante a madrugada, quatro homens armados ingressaram no estabelecimento com a finalidade de praticar roubos, e mataram a estudante Adriana Ciola e o dentista José Renato Pousada Tahan. A época, o crime despertou a atenção da imprensa e da opinião pública por vários motivos: a desnecessária brutalidade empregada na sua execução; o fato de o bar estar localizado num bairro da classe média de São Paulo, que até então não registrava ocorrências desta gravidade; a posição social das vítimas, todas jovens da classe média paulistana; o fato de o badalado bar pertencer a conhecidos atores da maior emissora de televisão do País, Luis Gustavo e seus sobrinhos Cássio e Tato Gabus Mendes; finalmente, o evento se deu numa acirrada época de disputa eleitoral para prefeitura da maior cidade da América Latina e não deixou de ser explorado na campanha dos candidatos da oposição.
Pressionada, a Polícia Civil do Estado de São Paulo apresentou à imprensa, quinze após dias o crime, os primeiros suspeitos, todos negros, pobres e moradores da periferia da cidade. Posteriormente, ante a ausência de reconhecimentos, outros cinco jovens foram presos. O Ministério Público do Estado de São Paulo, através do promotor de justiça Eduardo Araújo da Silva, realizou investigações paralelas à da polícia, concluindo que outros foram os autores do crime. Em consequência, solicitou a soltura dos primeiros suspeitos e a continuidade das investigações junto ao DHPP, o que causou um clima de indignação por parte da cúpula da polícia civil, da imprensa e da opinião pública. Ao serem soltos, os suspeitos relataram à imprensa que suportaram os mais variados métodos de tortura para admitirem a participação no crime.
Uma semana após, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) prendeu os verdadeiros autores do crime, os quais foram condenados a penas que variaram de vinte anos a quarenta e oito anos de prisão, pela prática do duplo latrocínio. Na sentença, o juiz José Ernesto de Mattos Lourenço destacou o despreparo policial na apuração do crime e a corajosa atuação do promotor de justiça. Em outubro de 2009, o Supremo Tribunal Federal confirmou a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que reconheceu a responsabilidade civil objetiva do Estado pela indevida decretaçãoda prisão cautelar de um dos primeiros suspeitos.
Os adjetivos paradigmático e emblemático passaram a ser utilizados para determinar o fragoroso equívoco policial na apuração do crime, acompanhado de uma cobertura sensacionalista por boa parte da imprensa. O caso passou a ser comentado internacionalmente por respeitáveis organizações de direitos humanos, debatido nos cursos de Direito e Jornalismo, além de citado em vários trabalhos científicos apresentados nestas áreas. Também tem sido citado em decisões judiciais para fundamentar a necessidade de possibilitar o poder de investigação criminal aos membros do Ministério Público.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caso_Bodega
http://ideiaseetc.wordpress.com/2008/08/23/bar-bodega-e-a-imprensa/
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/historia_de_uma_cobertura_criminosa
http://ideiafix.wordpress.com/category/resenhas/
OUTROS COMENTÁRIOS DA PESQUISA:
O Crime:
Madrugada de 10 de agosto de 1996. Moema, zona sul de São Paulo. Homens armados rendem os funcionários da choperia e anunciam o assalto. Fogem do local minutos depois, deixando para trás o terror, muitas dúvidas e o rastilho de uma série de novos crimes que seriam cometidos em nome da paz e dos bons costumes – tudo sob o patrocínio de um Estado usurpador do direito e de uma mídia acumpliciada pela ofensa aos estatutos legais, como o imperativo do princípio do contraditório, e – mais importante, por inspirar e, em última análise, totalizar– pela indiferença à verdade irrefutável dos fatos.
O duplo assassinato, do dentista José Renato Tahan, de 26 anos, e da estudante de odontologia Adriana Ciola, de 23, a par do constrangimento físico e psicológico sofrido pelas demais vítimas que estavam no lugar, forneceria uma senha para o vale-tudo policial e uma contra-senha para a insensatez desenfreada da mídia. Passes-livres escritos em caracteres dourados, dadas algumas peculiaridades: o crime fora praticado em um bairro nobre, contra pessoas de classe média, em um ambiente freqüentado pela elite paulistana. Havia outro ingrediente: a choperia pertencia a três atores famosos: Luiz Gustavo e os irmãos Tato e Cássio Gabus Mendes.
A Mídia algemada ao Estado:
A sociedade precisava responder. Não a dos confins da periferia, mas aquela que, esquecida de tudo o mais – como a violência rotineiramente cometida contra aqueles que não lhe dizem respeito –, não poderia agora aceitar nem silenciar sobre o que, em outros extratos sociais, pode até não ser admissível, mas é, na melhor das hipóteses, indigno da sua atenção.
O Estado e a mídia algemaram-se e, sôfregos, puseram-se a caçar os autores, quaisquer que fossem eles e ainda que não o fossem, em vez de investigar (em sua estrita acepção) a autoria do crime. Dias depois, nove suspeitos foram presos e anunciados pela polícia como os responsáveis pelos delitos. Manchetes vulcânicas, comentários vazios e enviesados, histeria dos detentores da verdade policialesca: vários jornalistas cumpriram à risca a parte que lhes coube no que, com o tempo, soube-se ser a perpetração de uma das maiores injustiças (conhecidas) da história do Brasil.
Um raro cumprimento do dever:
Deveriam ter seguido o exemplo de um promotor de justiça corajoso e – absurdamente raro – cumpridor dos seus deveres. Eduardo Araújo da Silva examinou, cuidadosamente, os depoimentos dos acusados, que diziam ter confessado sob tortura cometida por policiais civis. Pôs-se, então, a investigar, em paralelo com policiais do Serviço Reservado da PM. Concluiu, então, pela veracidade das denúncias: agentes do Estado medieval haviam, de fato, imposto toda sorte de sevícias a cidadãos inocentes que, intimidados pela dor e pelo abandono, acabariam por inventar uma participação no episódio. O promotor se baseara, entre vários outros elementos, no trabalho técnico do perito criminal Francisco La Regina, responsável pela reconstituição e cuja análise demonstrava que as peças (como os próprios acusados presos) simplesmente não se encaixavam nos fatos.
A mídia omitiu-se e, longe de apurar as queixas, preferiu fazer coro com a fraseologia policial, afiançando a tese discutível de que todo bandido sempre diz que é inocente e que só falou porque apanhou. Ao invés de pressionar pela apuração das denúncias de tortura, maus jornalistas fizeram um cerco de proteção ao delegado responsável pelo inquérito, João Lopes Filho, e atearam fogo à indignação de uma classe média que à justiça preferiu a vingança, fosse contra quem fosse.
“A ação desvairada da mídia”:
Tal simplificação não encontraria eco no Poder Judiciário. Com base no relatório do promotor, que pedia a libertação dos presos por falta de provas, o juiz Francisco Galvão Bruno mandaria soltar sete dos nove acusados (dos dois que permaneceram presos, o menor Cléverson Almeida de Sá estava sendo processado por um outro assalto e Marcelo Nunes Fernandes tinha pena por roubo a cumprir): Benedito Dias de Sousa, Jailson Ribeiro dos Anjos, Luciano Francisco Jorge, Marcelo da Silva, Natal Francisco Bento dos Santos, Valmir da Silva e Valmir Vieira Martins recuperaram, enfim, a liberdade. Não é difícil, contudo, imaginar o tamanho e a natureza do impacto pessoal, familiar e social da injustiça na vida de cada um deles, dali em diante.
Em março de 1997, o juiz José Ernesto de Mattos Lourenço condenaria quatro dos seis novos réus. Na sentença, lê-se este trecho, sobre o tratamento dispensado pela mídia aos nove acusados anteriores:
"Seria a imprensa também a provocadora da ação desvairada que vitimou jovens inocentes que injustamente foram presos, sem qualquer interferência, é verdade, quanto aos sofrimentos experimentados? A resposta é sim. Arvorou-se uma parte da imprensa em defensora da sociedade e exerceu uma pressão insuportável e incompatível com o bom senso. De há muito tempo a imprensa afastou-se da função de noticiar o fato e assumiu ares de julgadora, na ânsia desesperada de noticiar escândalos e explorar a miséria humana, sem se dar conta dos seus limites. Passaram a acusar, julgar e penalizar com execração pública. A lição ainda não serviu. Diariamente continuam explorando as notícias na corrida louca da audiência que, na verdade, tem por finalidade o lucro, o dinheiro dos patrocinadores que não têm qualquer escrúpulo em mostrar seus produtos, à custa da degradação..."
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Waldeck Lemos de Arruda Junior
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MD/Direito/Estácio/Período-02/CCJ0008/Trab-006-Trabalho/WLAJ/DP
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