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LIBRAS 
Me. Marina Savordelli Versolato 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
2021 
 
 
1 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS 
 
Objetivo: 
Estudar e conhecer os processos históricos da educação de surdos no Brasil e no 
mundo e compreender sobre a importância da defesa da LIBRA como L1 dos surdos. 
 
Introdução: 
Diferentes práticas pedagógicas envolvendo os sujeitos surdos apresentam uma 
série de limitações, e esses sujeitos, ao final da escolarização básica, apresentam 
dificuldade de ler e escrever satisfatoriamente ou ter um domínio adequado dos 
conteúdos acadêmicos. Esses problemas têm sido abordados por uma série de autores 
que, preocupados com a realidade escolar do surdo no Brasil, procuram identificar tais 
problemas e apontam a educação bilíngue como um possível caminho para a prática 
pedagógica. Nesse sentido, parece oportuno refletir sobre alguns aspectos da educação 
de surdos ao longo da história, procurando compreender seus desdobramentos e 
influências sobre a educação na atualidade. 
 
 
1.1 A história da educação dos surdos: uma reflexão importante. 
Consideramos importante conhecer sobre a história, bem como as filosofias e 
métodos educacionais criados para os alunos com surdez. A história serve de base para 
que seja feita uma análise crítica das consequências de cada filosofia ou método de 
ensino no desenvolvimento destas crianças, contextualizando as práticas vigentes. 
 
Inicialmente a sociedade tinha uma ideia muito negativa da surdez, enfatizando 
sempre os seus aspectos negativos. Segundo Goldfeld (2002), na antiguidade os surdos 
foram percebidos de diversas formas: com piedade e compaixão, como pessoas 
castigadas pelos deuses ou como pessoas enfeitiçadas. Por isso mesmo, foram 
abandonadas ou sacrificadas. 
 
Para Goldfeld (2020), a crença de que a pessoa com surdez era uma pessoa 
primitiva fez com que persistisse até o século quinze a ideia de que ele não poderia ser 
educado. Sendo assim, tais pessoas viviam totalmente à margem da sociedade e não 
tinham nenhum direito assegurado. 
 
 
2 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Ao longo da História foi proposto uma variedade de abordagens e métodos para a 
educação dos alunos com surdez. Muitos deles fundamenta-se em substituir a audição 
perdida por um outro canal sensorial, como a visão, o tato, ou aproveitando os resíduos 
da audição existentes. 
 
Segundo Quadros (1997) fazendo uma espécie de digressão sobre a educação de 
surdos no Brasil, temos duas fases que podem ser claramente delineadas e uma terceira 
fase, a atual, que configura um processo de transição. Fizemos essa linha do tempo para 
tentarmos facilitar a compreensão das 3 fases: 
 
Trazemos abaixo as principais características de cada um dos períodos: 
 
A primeira fase configura-se pela proposta oralista, que infelizmente, apresenta 
resquícios de sua ideologia até hoje. Segundo a autora Ronice M. Quadros (1997) 
podemos dizer que basicamente, a proposta oralista fundamenta-se na “recuperação” da 
pessoa surda. O oralismo enfatiza a língua oral em termos terapêuticos. 
ORALISMO
1969-1984
COMUNICAÇÃO 
TOTAL
1985-1992
BILÍNGUISMO
a partir de 1993
 
 
3 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O oralismo ou filosofia oralista visa a integração do aluno com surdez na 
comunidade de ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral (no caso do 
Brasil, o português). Cabe destacar que o oralismo sempre foi e continua sendo uma 
experiência que apresenta resultados nada atraentes para o desenvolvimento da 
linguagem e da comunidade dos surdos. 
 
Apesar do investimento de anos da vida de uma criança surda na sua oralização, 
ela somente é capaz de captar, através da leitura labial, cerca de 20% da 
mensagem e, além disso, sua produção oral, normalmente, não é compreendida 
por pessoas que não convivem com ela. (QUADROS, 1997, p. 23) 
 
 
Diante desse difícil contexto, surge então uma nova proposta: a comunicação total, 
que se define como uma filosofia que requer a incorporação de modelos auditivos, 
manuais e orais para assegurar a comunicação eficaz entre as pessoas com surdez. 
 
Os defensores da filosofia da Comunicação Total recomendam então o uso 
simultâneo de diferentes códigos como: a Língua de Sinais, a datilologia, o português 
sinalizado etc. O objetivo é fornecer à criança a possibilidade de desenvolver uma 
comunicação real com seus familiares, professores e coetâneos, para que possa construir 
seu mundo interno. 
 
Neste contexto, a autora QUADROS (1997) relata que se desenvolveu o 
BIMODALISMO que é uma proposta que se caracteriza pelo uso simultâneo de sinais e 
fala. Os sinais passam a ser utilizados pelos profissionais em contato com o surdo dentro 
da estrutura da língua portuguesa. Esse sistema artificial passa a ser chamado de 
português sinalizado. O ensino não enfatiza mais o oral exclusivamente, mas o bimodal. 
 
 
 
(...) não é possível efetuar a transliteração de uma língua falada em Sinal 
palavra por palavra, ou frase por frase – as estruturas são essencialmente 
diferentes. Imagina-se com frequência, vagamente, que a língua de sinais é 
Inglês ou Francês: não é nada disso; ela é própria, Sinal. Portanto, o “Inglês 
Sinalizado” agora favorecido como um compromisso, é desnecessário, pois 
não precisa de nenhuma pseudolíngua intermediária. E, no entanto, os surdos 
são obrigados a aprender os sinais não para ideias e ações que querem 
expressar, mas pelos sons fonéticos em inglês que não podem ouvir. (SACKS, 
1990, p.47) 
 
 
 
4 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 É importante destacar que todos esses códigos manuais (português sinalizado, 
inglês sinalizado etc.) são usados obedecendo a estrutura gramatical da língua oral, não 
se respeitando a estrutura própria da Língua de Sinais. 
 
Foi na década de 1990 que avançamos para o bilinguismo, abordagem essa que 
utiliza da Libras como primeira língua para o surdo e o português, na modalidade escrita, 
como segunda língua. 
 
 
 
 
. 
 
 
 
As duas primeiras fases constituem grande parte da história da educação dos 
surdos no Brasil e no mundo. Segundo Quadros (1997) as comunidades surdas já 
despertaram e perceberam que foram muito prejudicadas com as propostas de ensino 
desenvolvidas até e sabem da importância e do valor da sua língua, isto é, a LIBRAS. 
Assim, a educação de surdos no Brasil entrou na terceira fase na direção de uma 
proposta de educação bilíngue. 
 
Para além da questão da língua, portanto, o bilinguismo na educação de surdos 
representa questões políticas, sociais e culturais. Nesse sentido, a educação de 
surdos em uma perspectiva bilíngue deve ter um currículo organizado em uma 
perspectiva visoespacial para garantir o acesso a todos os conteúdos escolares na 
própria língua da criança, a língua de sinais brasileira (QUADROS, 2015, p. 197) 
 
De acordo com Quadros (1997) o bilinguismo é uma proposta de ensino usada por 
escolas que se propõe a tornar acessível ao aluno(a) surdo duas línguas no contexto 
escolar. Os estudos apontam que essa proposta é a mais adequada para o ensino das 
crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como a língua natural e 
parte desse pressuposto para o ensino do português na modalidade escrita como 
segunda língua. 
 
 
 
 
 
5 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.2 Sinais De Libras: 
Ao final de cada aula traremos alguns sinais para vocês irem de familiarizando com 
a Língua Brasileira de Sinais. 
 
 
Fonte: https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/ 
 
 
 
Se a língua de sinais é uma língua natural adquiridade forma espontânea 
pela pessoa surda em contato com pessoas que usam essa língua e se a 
língua oral é adquirida de forma sistematizada, então as pessoas surdas 
possuem o direito de ser ensinadas na língua de sinais. A proposta de 
Educação Bilingue busca captar e garantir esse direito, que conforme 
pudemos ver foi negado ao longo da história. 
 
 
 
 
 
 
 GOLDFELD, Marcia. A criança surda: linguagem e cognição numa 
perspectiva sócio-interacionista. 2ª ed. São Paulo: Plexus Editora, 2002. 
 
QUADROS, Ronice Muller de. Bilinguismo In: QUADROS, Ronice M. de. 
Educação de Surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artemed, 
1997. 
 
QUADROS, Ronice Müller de. O “BI” em bilinguismo na educação de surdos. 
In: LODI, Ana Claudia Balieiro; MÉLO, Ana Dorziat Barbosa; FERNANDES, 
Eulália (Orgs.). Letramento, bilinguismo e educação de surdos. Porto Alegre: 
Mediação, 2015. 
 
SAKCS, Oliver. Vendo Vozes, Rio de Janeiro: Imagino, 1990. 
https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/
 
 
6 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. MARCOS LEGAIS: A LIBRAS COMO UM DIREITO 
 
Objetivo: 
Nesta aula buscaremos entender o lugar do surdo ao longo da história e conhecer 
os movimentos políticos que envolvem a comunidade surda, bem como os marcos legais 
importantes para se pensar a educação dos surdos no Brasil e no mundo. 
 
Introdução: 
Sabendo que, historicamente, a língua de sinais foi tão menosprezada e hoje se 
mostra indispensável para a construção cultural, de pertencimento à sociedade e de 
acesso ao conhecimento e de avanços cognitivos e afetivos dos sujeitos surdos. Sendo 
assim é necessário conhecer essa trajetória de luta e os marcos legais importantes para 
entender a importância da defesa da Educação Bilíngue. 
 
 A condição bilíngue do surdo significa admitir que ele percorre essas duas línguas 
“e, mais que isso, que ele constitui e se forma a partir delas” (PEIXOTO, 2006, p. 206). 
Falar em bilinguismo e educação bilíngue alude à afirmação das conquistas linguísticas e 
culturais da comunidade surda. (ANDRADE, 2020) 
 
2.1 O surdo ao longo da história. 
Ao longo da história da humanidade podemos identificar quatros grandes 
momentos marcantes no que se refere as pessoas com deficiência. São eles: 
 
 
M 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Mais especificamente sobre a história da educação de surdos, passamos por 
diferentes abordagens no que dizem respeito à língua a ser usada por eles no Brasil e no 
Mundo. 
 
 A primeira etapa sobre a educação de surdos – durante a Antiguidade e pelo 
período da Idade Média – é pautada na incapacidade das pessoas surdas em 
aprenderem e serem sociáveis, isto é, os surdos eram tidos como “não educáveis” 
(LACERDA, 1998). 
 
No início do século XIV foi compreendido que os surdos podiam aprender e com 
isso foram elaboradas práticas pedagógicas, as quais os surdos podiam desenvolver o 
“pensamento, adquirir conhecimentos e se comunicar com o mundo ouvinte” (LACERDA, 
1998, p. 1). 
 
Segundo LOPES (2017) No século XVIII, as famílias dos surdos optavam por 
colocar seus filhos em internatos, uma vez que a surdez era vista como algo a ser 
corrigido, como castigo e doença. Nesse momento, os surdos não podiam mais fazer uso 
dos sinais, como acontecia com Leon. Agora o objetivo de desenvolvimento das pessoas 
surdas estava na oralidade e na normalização. Nos internatos não havia a possibilidade 
de se formarem turmas apenas de alunos surdos, “pois o risco de que eles resistissem 
aos tratamentos e aos métodos de ensino e oralização era algo ameaçador” (LOPES, 
2017, p. 44). 
 
Ainda no século XVIII tivemos, então, a separação entre os oralistas e os 
gestualistas. Os primeiros acreditavam que o surdo deveria ser reabilitado e que a surdez 
fosse superada, ou seja, que os surdos deveriam falar e se comportar como se não 
tivessem a surdez. Já os gestualistas tinham o entendimento das dificuldades dos surdos 
em relação à língua falada e puderam perceber que as pessoas surdas desenvolviam 
uma língua que, mesmo que diferente da língua oral, era eficiente para a comunicação e 
para a compreensão das coisas que aconteciam ao seu redor. (ANDRADE, 2020) 
 
 
 
 
 
 
8 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um dos representantes gestualistas é o abade Charles M. de L’Epée, que 
participava do “método francês” de educação de surdos. Lacerda (1998) relata que 
L’Epée foi o primeiro a estudar uma língua de sinais usada pelos surdos. Por conta de 
toda repercussão diante da prática pedagógica realizada com os surdos, em 1878 
aconteceu na cidade de Paris o I Congresso Internacional sobre a Instrução de Surdos, 
em que ocorreram vários debates sobre a prática realizada até aquele momento. 
(ANDRADE, 2020) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em 1880 aconteceu o II Congresso Internacional, na cidade de Milão. Neste 
congresso verificou-se uma forte mudança na educação de surdos e isso faz deste um 
marco histórico. Com maioria oralista no congresso ficou definido que a metodologia 
oralista deveria ser a usada na educação de surdos e não mais o uso da língua de sinais 
(LACERDA, 1998) 
 
A Pintura abaixo é de Nancy Rourke e tem o nome de "Milão 1880 em cima da 
mesa". A obra foi elaborada retratando o Congresso Internacional sobre Educação de 
HQ "O congresso de Milão“ 
Fonte: https://www.libras.com.br/congresso-de-milao 
 
 
9 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Surdos, realizado em Milão, Itália, no ano de 1880, quando a língua de sinais foi 
proclamada proibida e o oralismo se tornou regra e lei na educação dos surdos. As mãos 
representam os seis americanos que compareceram ao Congresso. São James Denison, 
Edward Miner Gallaudet, Thomas Gallaudet Jr., Isaac Lewis Peet e Charles Stoddard. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os impactos do Congresso de Milão foram terríveis na comunidade surda em todo 
o mundo. Estima-se que já na primeira década após o Congresso de Milão o ensino das 
línguas de sinais já estava quase completamente erradicado das escolas. Privadas das 
línguas de sinais, crianças surdas no mundo inteiro deixavam as escolas com 
qualificações e comunicação inferiores. 
 
Apenas 100 anos depois iniciou-se o árduo processo de rejeição das resoluções do 
Congresso de Milão e a reestruturação da educação das pessoas surdas. Somente em 
julho de 2010, no 21º Congresso Internacional de Educação de Surdos (sediado em 
Vancouver, Canadá) houve uma votação formal e todas as oito resoluções do Congresso 
de Milão foram rejeitadas. 
 
2.2 Os marcos legais nacionais 
Segundo ANDRADE (2020) em 1857, no Brasil, é inaugurado, pelo professor 
francês Édouard Huet, o Instituto Imperial de Surdos-Mudos, na cidade do Rio de Janeiro. 
Huet, também surdo, sugere a criação de uma escola especializada na educação de 
pessoas surdas e Dom Pedro II aceita sua proposta. Atualmente o instituto ainda existe, 
FONTE: Quadro de Nancy Rourke e tem o nome de "Milão 1880 em cima da 
mesa"https://www.libras.com.br/images/artigos/congresso-de-milao/nancy-rourke-milan-1880-on-the-table.png 
 
 
10 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
com o nome de Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Esse é um marco da 
educação de surdos no Brasil. O INES acompanhou as abordagens oralista, comunicação 
total e bilinguismo de acordo com as tendências mundiais. 
 
Com essa breve contextualização histórica podemos dizer que, atualmente, falar 
sobre o surdo é também falar sobre bilinguismo, defesa sustentada, sobretudo, pelas 
conquistas legais advindas da Lei nº 10.098/2000, conhecida como a Leide 
acessibilidade, que propõe a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços 
públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de 
transporte e de comunicação. 
 
Outra Lei importantíssimo é a LEI 10. 436 de 24 de Abril de 2002 conhecida como 
LEI DE LIBRAS. 
 
“Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua 
Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.” 
(BRASIL, 2002) 
 
 
Uma coisa importante nessa lei e que definiu a inclusão disciplina de libras em 
todos os cursos de licenciatura e fonoaudiologia. A regulamentação da lei de libras 
ocorreu pelo decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005. O decreto descreve o surdo 
como: 
 
Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda 
auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, 
manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - 
Libras. (BRASIL, 2005) 
 
 
É importante conhecer a legislação que visa a garantida de direitos para os surdos. 
Compreendemos então que falar em bilinguismo alude à afirmação das conquistas 
linguísticas e culturais da comunidade surda. Já que, historicamente, a língua de sinais foi 
tão menosprezada e hoje se mostra indispensável para a construção cultural, de 
pertencimento à sociedade e de acesso ao conhecimento e de avanços cognitivos e 
afetivos dos sujeitos surdos. (ANDRADE, 2020) 
 
 
 
 
 
11 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2.3. SINAIS DE LIBRAS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/ 
 
Fonte: https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte : Imagem obtida de CAPOVILLA, F. C RAPHAEL, W. D. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe 
da Língua de Sinais Brasileira. V.1 e 2. São Paulo: EDUSP, 2001. 
 
 
https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/
https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/
 
 
12 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
• Esse sinal é referente ao sinal pessoal, considerado um nome em Libras; 
• Uma pessoa recebe seu sinal pessoal, escolhido por um surdo, de acordo com 
suas características pessoais ou por sua forma de agir. 
• Geralmente, ao se apresentar, a pessoa soletra seu nome e em seguida 
realiza seu sinal pessoal. 
 
 
 
ANDRADE, Camila Neto Fernandes. Bebês e crianças surdas nos espaços 
educativos. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de 
São Paulo, Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Guarulhos, 2020. 
 
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua 
Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Diário Oficial da 
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 abr. 2002. 
 
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei 
nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de 
Sinais – 121 Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. 
Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 2005. 
 
LACERDA, Cristina BF de. Um pouco da história das diferentes 
abordagens na educação dos surdos. Cafajeste. CEDES, Campinas, v. 19, 
n. 46, p. 68-80, setembro de 1998 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. LÍNGUA E LINGUAGEM 
Discorrendo a respeito da definição de linguagem, com base na teoria de Vigotski e 
abordaremos também acerca da socioconstrução da língua de sinais pelas crianças 
surdas. 
 
O ser HUMANO é um ser ativo, cuja conduta é social e historicamente 
determinada. Vigotski afirma que as características tipicamente humanas não são inatas, 
nem mero resultado da pressão do ambiente, mas sim resultam da relação dialética do 
homem com o seu meio cultural. Ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o 
seu meio para atender as suas necessidades básicas, transforma-se a si mesmo. (REGO, 
2014). 
 
Fizemos essa representação gráfica para tentar explanar o movimento dialético do 
homem com o meio social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.1 Linguagem e pensamento para Vigotski 
Lev Vigotski conceitua linguagem como o ponto principal para a organização do 
real, de construção dos significados e de alcance do pensamento verbal generalizante. O 
autor alude que: “Antes de controlar o próprio comportamento, a criança começa a 
controlar o ambiente com a ajuda da fala. Isso produz novas relações com o ambiente, 
além de uma nova organização do próprio comportamento” (VIGOTSKI, 2007, p. 12). 
 
O autor afirma que signos e palavras, para as crianças, constituem uma maneira de 
se firmar socialmente com outras pessoas, sejam elas outras crianças ou adultos, uma 
vez que, a partir deles, as crianças conseguem interagir com os demais membros da 
sociedade. A linguagem, segundo o autor, se desenvolve a partir da necessidade de 
comunicação entre os sujeitos, como, por exemplo, o choro, balbucios, risos, entre outros 
sinais realizados pelos bebês, a fim de querer expressar um incômodo ou uma satisfação 
Homem Meio Social 
 
 
14 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
ao indivíduo próximo a ele. Esse é o primeiro passo de acesso à linguagem. A esse 
respeito, Vigotski (2009) considera: 
Contudo, a descoberta mais importante sobre o desenvolvimento do pensamento 
e da fala na criança é a de que, num certo momento, mais ou menos aos dois 
anos de idade, as curvas da evolução do pensamento e da fala, até então 
separadas, cruzam-se e coincidem para iniciar uma nova forma de comportamento 
muito característico do homem. (VIGOTSKI, 2009, p.130). 
 
Para o autor, a relação entre linguagem e pensamento é uma grandeza variável, 
que se modifica quantitativa e qualitativamente de maneira não paralela e desigual. 
Vigotski (2009) afirma ainda que: “Em um determinado ponto ambas as linhas se cruzam, 
após o que o pensamento se torna verbal e a fala se torna intelectual.” (p.133). Ou seja, 
para o autor em um determinado momento, essas linhas que estavam seguindo caminhos 
diferentes, aparentemente, se cruzam. Sendo assim, pensamento e linguagem são 
processos diferentes que, ao longo do desenvolvimento humano, interceptam-se em 
diversos momentos, tornando-se uma linguagem intelectual e um pensamento 
verbalizado, fizemos uma representação gráfica para facilitar a compreensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para Vigotski (2009), a linguagem não é um simples reflexo do pensamento. A 
unidade entre pensamento e linguagem é o significado, uma vez que este apresenta-se 
como fenômeno dos dois processos: é um fenômeno do pensamento, na medida em que 
é uma generalização ou conceito, do ponto de vista psicológico, do ato específico do 
pensamento, e é um fenômeno da palavra, na medida em que a palavra é um som 
qualquer quando desprovido de significado. Portanto, a relação entre pensamento e 
 
 
15 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
linguagem é um produto de formação do homem que surge e constitui-se no processo de 
desenvolvimento histórico e cultural da consciência humana (VIGOTSKI, 2009). 
 
Para o autor o surgimento da linguagem implica em 3 mudanças essenciais nos 
processos psíquicos do homem: 
o 1º Lidar com os objetos do mundo exterior mesmo que eles estejam ausentes. 
Ex: O vaso quebrou ontem. 
o 2º Processo de generalização e abstração. Ex: Árvore; 
o 3º Função de comunicação entre os homens que permite, como consequência, 
a preservação, transmissão de informações acumuladas pela humanidade ao 
longo do tempo. 
 
É através do significado que o indivíduose conecta com o mundo, ou seja, o sujeito 
se torna capaz de perceber o mundo e operar sobre ele ou seja, “encontramos no 
significado da palavra essa unidade que reflete da forma mais simples a unidade do 
pensamento e da linguagem” (VIGOTSKI, 2018, p. 398). 
 
4.2 Linguagem e língua 
A diferença entre língua e linguagem sempre causa muita confusão, por este 
motivo, torna-se essencial à discussão destes termos até para que posteriormente 
possamos entender o porquê da língua de sinais ser classificada como tal. 
 
Linguagem é a habilidade natural de comunicação inerente a todos os seres 
humanos. É apresentada de forma livre, podendo ter suporte de gestos sons, imagens, 
símbolos, cores, letras entre outros. Ativado pelo hemisfério cerebral direito, o que já 
determina que a linguagem possui uma ligação direta com a abstração e 
contextualização. Ela é abstrata e universal. Pode ser verbal ou não verbal. Podendo 
fazer uso de uma destas formas ou das duas combinadas. A linguagem verbal é 
caracterizada com o uso de palavras (escrita ou falada); contudo a linguagem não verbal 
se faz através da utilização de sons, ruídos, gestos, imagens e inúmeras outras formas 
não orais. 
 
Uma forma de exemplificar a linguagem seria descrever que uma criança ao sair da 
casa de uma tia olha para trás, sorri, acena e diz: “Até breve!” Ao falar ela usou da 
linguagem verbal e ao sorrir e acenar da linguagem não verbal. 
 
 
16 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Outros exemplos: 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1 Figura 2 
Fonte: http://atl.clicrbs.com.br/mundobom/2015/05/08/o-que-significa-este-simbolo-uma-mulher-vai-mudar-
tudo-o-que-voce-imaginou/ 
 
A figura 1 trata-se de uma linguagem não verbal e universal, que faz com que 
tenhamos uma ligação quase que automática com o significado de banheiro masculino e 
feminino. Na figura 2 é uma linguagem verbal, mas que faz com que façamos uma relação 
indireta com feminino e masculina devida a referência da escrita, acrescentando as 
figuras dos bonecos à relação é imediata para banheiro masculino e feminino. 
 
Abaixo podemos observar 3 tipos de linguagem: 
 
 
 Fonte:https://www.facebook.com/linguaportuguesa07/photos/955711114442860 
 
Já a Língua é um conjunto de sinais utilizados para a comunicação. Determinado 
por um grupo de pessoas, no entanto, para se ter status de língua é preciso que se tenha 
um padrão linguístico, com regras e estruturas gramaticais e semânticas. A ativação se 
faz do lado esquerdo do hemisfério cerebral, que tem dentre outras funções a lógica, o 
raciocínio dedutivo, a compreensão das palavras e o reconhecimento das regras 
https://www.facebook.com/linguaportuguesa07/photos/955711114442860
 
 
17 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
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linguísticas. A língua se caracteriza de maneira real e concreta, não permite abstração. 
Concretiza a comunicação, no entanto, necessita que seus usuários reconheçam as suas 
regras. Trata-se das línguas dos povos: americana, francesa, brasileira... 
 
Vale lembrar que a língua não necessariamente precisa ser falada, a Libras se 
enquadra aqui. Assim como as línguas orais, a língua de sinais é uma forma de 
comunicação utilizada pelos surdos, sendo compostas por sinais estruturados e não 
aleatórios, sendo necessário à sua estruturação dentro de uma base linguística para que 
tenha significado, senão ela torna-se mímica. E mímica é uma linguagem não verbal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Libras é uma língua reconhecida através da Lei nº 10.436 de 24 de abril de 
2002, que reconhece a Língua de Sinais Brasileira_ Libras como uma segunda língua 
oficial do Brasil. 
 
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua 
Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados. 
Parágrafo único: Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de 
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-
motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de 
transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do 
Brasil. 
Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas 
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e 
difusão da Língua Brasileira de Sinais – Libras como meio de comunicação 
objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. 
 
 
18 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, 
municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação 
de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio 
e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais – Libras, como parte 
integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais _ PCNs, conforme legislação 
vigente. 
Parágrafo Único: a Língua Brasileira de Sinais – Libras não poderá substituir a 
modalidade escrita da Língua portuguesa. 
 
Como foi possível observar na descrição anterior sobre a Lei nº 10.436, a Libras foi 
reconhecida e regulamentada como língua em 2002. Sendo utilizada pelas comunidades 
surdas brasileiras, apresentando-se como a forma mais eficaz para uma comunicação 
funcional entre surdos, e surdos e ouvintes usuários da Libras. Com a Lei nº 10.436, o 
Brasil torna-se um país bilíngue, possuidor de duas línguas oficiais. No entanto, pode-se 
dizer que a Libras no decorrer destes anos tem sido aceita gradativamente por 
profissionais, pais e pela sociedade de uma maneira geral. Comprovando que se trata de 
uma comunicação estruturada gramaticalmente e não um compilado de gestos e mímicas. 
Composta por todos os componentes existentes nas línguas orais, preenchendo a todos 
os requisitos para se ter o status de língua, reconhecida como uma língua viva e 
independente. 
 
Em relação aos sinais da Libras é bom ressaltar algumas observações: a Libras 
não é universal, tendo inclusive o seu alfabeto próprio para cada país. É uma língua e 
como tal está viva e em constante mudanças, apresenta variações regionais dentro do 
próprio Brasil. Tem influência cultural. Sua base é da Língua de Sinais Francesa (LSF), 
preservando muitos sinais desta influência. 
 
Segundo o Professor Dr. Fernando César Capovilla, a Libras não é apenas 
visuoespacial, mas sim visuoespacialquirêmica, pois além de fazer uso da visão (visuo) e 
do espaço (espacial), ela também se utiliza de componentes as mãos (quirêmica). 
 
Como dito anteriormente a Libras possui algumas variações linguísticas. As que 
devem ser ressaltadas são: regionalidade, iconicidade/arbitrariedade e mudanças 
históricas. 
• Regionalidade: os sinais recebem uma influência regional, que deve ser 
respeitada. Associamos a isso o fato do Brasil ser um país muito extenso e de 
 
 
19 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
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muitas influências culturais em relação a cada região. Havendo também uma 
influência cultural nestes sinais. 
 
 
Fonte: https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/ 
 
• Iconicidade e Arbitrariedade: a Libras busca representar de maneira 
visuoespacialquirêmica as palavras e expressões da sua língua nativa, ou seja, 
da língua portuguesa, associada a própria compreensão da comunidade surda 
em relação a uma palavra ou expressão. Os sinais da Libras podem ser 
caracterizados como arbitrários e icônicos. Sinais Icônicos usam como 
referência o seu significado. São gestos carregados de simbolismo, por se 
tratarem de sinais mais concretos, tais como: comer, varrer,pular... Sinais 
Arbitrários são sinais abstratos e não icônicos, em nada se assemelham ao 
significado da palavra em português ou a sua ação. Geralmente estão 
relacionados a significados sem ação como: água, riqueza, medo, etc. 
• Mudanças Históricas: A Libras é uma língua e como tal é viva. Sendo assim, 
é possível se observar que como o decorrer do tempo, quanto mais se estuda e 
se identifica a Libras, quanto mais ela é difundida, mas ela se renova e vai 
tirando de si as influências gramaticais da língua portuguesa. Um exemplo 
disso são alguns sinais que eram representados ou iniciados com a primeira 
letra do alfabeto da língua portuguesa e que estão ganhando outros sinais de 
composição unicamente em Libras, sem fazer uso destes empréstimos. 
 
 
 
 
 
 
https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/
 
 
20 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Os surdos querem aprender na língua de sinais, ou seja, a língua de sinais é a 
privilegiada como língua de instrução. O significado disso vai além da questão 
puramente linguística. Situa-se, sim, no campo político. Os surdos estão se 
afirmando como grupo social com base nas relações de diferença. Como 
diferentes daqueles que se consideram iguais, ou seja, os ouvintes, os surdos 
buscam estratégias de resistência e de autoafirmação. São eles que sabem 
sobre a língua de sinais, são eles que sabem ensinar os surdos, são eles que 
são visuoespaciais.(QUADROS, 2012, p.32). 
 
 
 3.3. SINAIS DE LIBRAS: 
→ ALFABETO MANUAL: 
 
Fonte: https://culturasurda.net/2017/04/27/fonte-libras-2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
→ DIAS DA SEMANA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.ces.org.br/site/vamos-aprender-libras.aspx 
 
→ NÚMEROS EM LIBRAS: 
 
Fonte: http://librasnamatematica.blogspot.com/2015/05/ 
 
 
 
 
 
22 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
FONTE: https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/ 
 
 
 
ANDRADE, Camila Neto Fernandes. Bebês e crianças surdas nos espaços 
educativos. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de 
São Paulo, Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Guarulhos, 2020. 
DAMAZIO, Mirlene Ferreira Macedo; ALVES, Carla Barbosa. Atendimento 
Educacional Especializado do aluno com surdez. 1.ed. São Paulo: Moderna, 
2010. 
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. Intérprete de Libras: em atuação na 
educação infantil e no ensino fundamental. 9ª ed. Porto Alegre: Mediação, 
2019. 
SANTOMAURO, Beatriz. Qual a diferença entre língua e linguagem?. Nova 
Escola, 2018. Disponível em:< https://novaescola.org.br/conteudo/257/qual-
a-diferenca-entre-lingua-e-linguagem> Acesso em: 12/12/2020. 
VIGOTSKI, Lev Semyonovich. A construção do pensamento e da linguagem. 
São Paulo: Martins Fontes, 2018. 
LACERDA, Cristina BF de. Um pouco da história das diferentes abordagens 
na educação dos surdos. Cafajeste. CEDES , Campinas, v. 19, n. 46, p. 68-80, 
setembro de 1998 
 
 
https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/
 
 
23 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. O SURDO E SUA CULTURA 
 
Objetivo: 
Nessa aula buscaremos compreender o que é cultura surda e poque motivo para 
os surdos a Libras é considera sua língua materna e o bilinguismo apresenta-se como o 
melhor método de ensino. 
 
Introdução: 
Traremos aqui uma reflexão sobre a cultura surda, que engloba possibilidades e 
elementos próprios da vida dos sujeitos que se reconhecem como surdos, abrangendo 
não apenas aspectos mais corriqueiros da vida de cada um, mas também o grupo social 
que constituem. 
 
Partimos da premissa que a privação do sentido da audição não inviabiliza a 
interação linguística, a participação social ou a produção cultural das pessoas surdas. 
Abre possibilidades alternativas para a sua atuação nessas áreas. Ao nos aproximarmos 
mais da realidade surda, pela vivência e pelo estudo, descobrimos que ela comporta um 
rico, complexo e instigante conjunto de elementos culturais caracterizados pelas formas 
alternativas de produção e interação dessas pessoas, alimentados e enriquecidos nas 
comunidades surdas e, infelizmente, ainda pouco conhecidos entre os ouvintes. (PERLIN 
e STROBEL, 2014) 
 
 
4.1 Deficiência Auditiva e surdez: qual a diferença? 
Pela perspectiva clínica, o que difere surdez de deficiência auditiva é a profundidade da 
perda auditiva. Como podemos observar no quadro a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
As pessoas que têm perda severa ou profunda, e não escutam nada, são surdas. 
Já as que sofreram uma perda leve ou moderada, e têm parte da audição, são 
consideradas deficientes auditivas. Toda via, considerar apenas a perspectiva clínica não 
é suficiente, já que a diferença na nomenclatura também tem um componente cultural 
importante: a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). 
 
A Libras é uma língua reconhecida por lei no Brasil e possui estrutura e gramática 
próprias. Por ser uma língua visuoespacial, ela é um muito mais fácil de ser aprendida 
pelos surdos e por isso é o primeiro idioma da comunidade surda no país. E é aí que 
entra o aspecto cultural na diferenciação entre surdos e deficientes auditivos. 
 
As pessoas que fazem parte da comunidade se identificam como surdas, enquanto 
as que não pertencem a ela são chamadas de deficientes auditivas. Nesse sentido, a 
profundidade da perda auditiva passa a não ter importância, já que a identidade surda é o 
que define a questão. 
 
 
 
 
 
Para os surdos, a surdez não é uma deficiência – é uma outra forma de 
experimentar o mundo. O surdo é privado da audição e se comunica tendo 
como base outra língua. 
 
 
 
4.2 Cultura surda: o que é e qual a sua importância. 
As autoras PERLIN e STROBEL (2014) trazem uma importante reflexão sobre 
história cultura e a cultura surda. Segundo elas e no contato com a história cultural 
notamos a importância da participação dos povos surdos para sua construção. 
 
A cultura surda é o conjunto de características que tornam uma pessoa parte da 
comunidade surda ou do povo surdo, permitida principalmente pelo uso da língua de 
sinais. 
 
 
 
25 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Pudemos ver nas duas primeiras aulas que durante muito tempo o surdo foi muito 
marginalizado socialmente e por isso acabou sendo prejudicado em diversos contextos 
sociais, mas principalmente no que tange o seu processo educativo. 
 
Com o passar do tempo houve um crescimento da comunidade surda que foi se 
fortalecendo e exigindo mudanças necessárias na sociedade, que antes estabelecia que o 
surdo simplesmente se adaptasse a cultura ouvinte. 
 
Para compreender o que é a cultura surda é necessário entender que existe uma 
variedade e amplitude das sociedades humanas. Ao considerar essa diversidade é 
necessário ter um olhar não hierarquizado, ou seja, não buscar classificar qual sociedade 
tem uma cultura melhor, isso não existe. Olhamos para a diversidade cultural com riqueza 
de variedades, na qual todas tem sua importância e merece respeito. Significa que 
existem culturas diferentes e não melhores ou piores, não devemos ter esse olhar 
comparativo. 
 
O que faz parte da cultura surda trata-se de algumas generalizações. Geralmente 
são considerados como elementos componentes da cultura surda: uso da Libras; 
sensibilidade visual e às vibrações; visão aguçada; e uso de tecnologias como campainha 
de luz. 
 
 Sabemos que os surdos tiveram um passado imerso na obrigação de serem 
ouvintes e, emfunção disto, aceitar que os outros fizessem a sua história, os 
dominassem. 
 
Hoje os surdos defendem em suas reivindicações e lutas: a busca por educação 
bilíngue, por políticas para a língua de sinais no Brasil, pela abertura das portas das 
universidades, por posições de igualdade, por ter intérpretes de língua de sinais e por 
serem válidos os nossos direitos. 
 
Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim 
de torná-lo acessível e habitável, ajustando-o com as suas percepções 
visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das 
comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as ideias, as crenças, os 
costumes e os hábitos do povo surdo. 
(STROBEL, K, 2008, p.22) 
 
 
 
26 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Para o sujeito surdo ter acesso a informações e conhecimentos e para estabelecer 
sua identidade é essencial criar uma ligação com o povo surdo o qual usa a sua língua 
em comum: a língua de sinais. É importante destacar que na comunidade surda não há 
“perda auditiva”, mas sim um “ganho surdo”. 
 
Perlin (2016) destaca que, ao se falar sobre a formação da identidade surda, é 
importante distanciar se da concepção de corpo danificado para se fazer uma leitura fiel 
do que é alteridade cultural, a fim de se chegar ao conceito de identidade surda. A autora 
afirma que, para que o sujeito surdo alcance a sua identidade surda, é essencial que haja 
o contato próximo entre os surdos e, junto a isso, que ele passe a ter acesso à cultura 
surda. A estudiosa relata ainda que o surdo pertence a um universo de experiências 
visuais e não auditivas, diferente dos ouvintes e, desse modo, para ela, a cultura surda 
não se mistura à cultura ouvinte. 
 
 
4.3 Nada sobre nós sem nós 
O lema “Nada sobre nós sem nós” teve origem no início do século XX nos Estados 
Unidos e depois se espalhou pelo mundo inteiro para representar o movimento das 
pessoas com deficiência e também de outras minorias sociais. O lema comunica a ideia 
de que nenhuma política deveria ser decidida por nenhum representante sem a plena e 
direta participação dos membros do grupo atingido por essa política. 
 
Sendo assim, os surdos devem ser protagonistas da própria história e devem ser 
considerados para se pensar todas as ações, leis e políticas públicas que lhes dizem 
respeito. São eles que devem levantar as bandeiras de suas reivindicações, lutar por seus 
direitos e contra o preconceito, evitando interesses alheios à sua causa. Eles não estão 
renunciando ao apoio de simpatizantes da sua causa, mas a última palavra tem que ser 
do surdo. É o surdo que sabe dizer qual é a melhor forma de superar as barreiras que 
dificultam sua efetiva participação na sociedade. 
 
Percebemos o movimento surdo constituindo-se amparado no lema: “Nada de nós, 
enunciado este que vem atravessando os discursos das comunidades surdas. Conforme 
Klein: 
 
 
 
27 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
As comunidades surdas [...] se constituem através de um comprometimento com a 
língua de sinais, com a cultura surda e suas estratégias de compreender e se 
relacionar com os outros indivíduos surdos e com o mundo. Há um desejo 
defensivo na experiência da comunidade, onde o uso do “nós” é uma tática 
eficiente e desejada de defesa e de construção de identidades e de culturas. 
(KLEIN, 2006, p.139). 
 
A cultura surda vem se constituindo como uma bandeira de luta dos movimentos 
surdos que reivindicam o seu reconhecimento, como também espaço para dizer o que é 
melhor para eles. Para os surdos o movimento e a luta se fazem indispensáveis para a 
manutenção da comunidade surda: 
 
Nós precisamos deste movimento, pois é através deste que explicitamos nossas 
lutas, é como se fosse uma agitação social, no sentido de estarmos com nossos 
corpos em movimento e também nossas mãos, para que estejamos cada vez 
melhor constituídos enquanto comunidade” (CALDAS, 2012, p.144). 
 
 
Cabe aqui destacar que considerando a trajetória de luta da comunidade surda, o 
lema “nada sobre nós sem nós” defender a educação bilíngue se faz necessário, uma vez 
que a comunidade e cultural surda, reconhecem e defendem o bilinguismo. 
 
 
4.4. Sinais De Libras: 
 
Fonte: https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/ 
 
 
 
https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/
 
 
28 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
O desafio é construir uma nova história cultural, registrando as lutas pela 
identidade surda, pela construção da identidade cultural, pelo 
reconhecimento da língua de sinais, pela emancipação dos sujeitos surdos de 
todas as formas de opressão e seu livre e espontâneo desenvolvimento. 
(PERLIN e STROBEL, 2014) 
 
 
 
 
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira 
de Sinais – Libras e dá outras providências. Diário Oficial da República 
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 abr. 2002. 
 
CALDAS, Ana Luiza Paganelli. Identidades Surdas: o identificar do surdo na 
sociedade. In: PERLIN, Gládis; STUMPF, Marianne. (orgs.). In: Um olhar sobre 
nós surdos: leituras contemporâneas. Curitiba-PR: CRV, 2012, p. 139-148 
 
KLEIN, Madalena. Diversidade e Igualdade de oportunidades: estratégia de 
normalização nos movimentos sociais surdos. In: LOPES, Maura; THOMA, 
Adriana (orgs.). A invenção da surdez II: espaços e tempos de aprendizagem 
na educação de surdos. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006, p. 125-142 
 
PERLIN, G.; STROBEL, K. História cultural dos surdos: desafio 
contemporâneo. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, Edição Especial, Editora 
UFPR n. 2/2014, p. 17-31. 
 
PERLIN, Gladis T. T. Identidades Surdas. In: SKLIAR, Carlos (org.). A Surdez. 
Porto Alegre: Mediação, 2016. 
 
SASSAKI, Romeu Kazumi. Nada sobre nós, sem nós: Da integração à inclusão 
– Parte 2. Revista Nacional de Reabilitação, ano X, n. 58, set./out. 2007, p.20-
30 
 
STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: 
Editora da UFSC, 2008; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. LIBRAS SUAS CARACTERÍSTICAS E PARÂMETROS 
 
Objetivo: 
Conhecer sobre as características da Língua Brasileira de Sinais e os seus cinco 
parâmetros. 
 
Introdução: 
 Já vimos nos textos anteriores qual a diferença entre língua e linguagem, sobre a 
cultura surda e como é o processo de aquisição de uma língua para o surdo, além das 
diferenças entre um indivíduo surdo e uma pessoa com déficit auditivo. Todos estes 
textos serviram de base para uma compreensão, embora generalizada, das informações 
relacionadas a língua de sinais. Muito foi falado em relação a importância de a Libras ser 
vista como uma língua de estrutura própria, mas o que exatamente seria isso? A Libras 
tem sua origem na língua de sinais francesa, por isso temos sinais no nosso vocabulário 
que se assemelham a língua de sinais francesa, assim como uma estrutura gramatical 
muito próxima. Lembrando que qualquer língua de sinais não é universal, cada país tem a 
sua própria língua de sinais e recebe influências da sua cultura nacional. A Libras 
apresenta um forte regionalismo demostrado em alguns sinais, que dentre outras causas 
tem a questão da grande extensão geográfica e multiculturalidade do Brasil. No entanto, 
por estarmos baseados em uma estrutura gramatical, todos os sinais são formados a 
partir da combinação de várias características, estas características são conhecidas como 
parâmetros. 
 
 
 5.1 Características da LIBRAS 
Para se falar em Parâmetros da Libras é preciso antes de tudo se pensar nas suas 
características. Vamos começar falando da Morfologia e Sintaxeda Libras. Vale reforçar 
que a Libras é um sistema visuoespacial, faz uso da visão, do espaço e das mãos, 
diferenciando-se de gestos aleatórios. A Libras, como outra língua, tem um vocabulário 
(léxico), com influências de outras línguas e da língua portuguesa. 
 
Temos alguns mitos que são necessários esclarecer sobre a Língua Brasileira de 
Sinais, são eles: 
 
 
30 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
• Preciso gritar com o aluno surdo→ não adianta gritar, o ideal é se comunicar 
em libras, mas caso não tenha o domínio da Libras tente falar pausadamente e 
com calma permitindo que o aluno faça a leitura labial de alguma coisa. Gritar 
não faz o menor sentido. 
• Se não sei Libras, não posso usar gestos na comunicação → o ideal é tentar 
aprender a Libras, mas pode sim usar gestos, falar pausadamente e tentar se 
comunicar com esse aluno, mas cabe destacar que comunicação por gesto 
NÃO substitui em situação nenhuma a LIBRAS como língua natural dos surdos. 
• A pessoa surda não é capaz de oralizar – surdo mudo → o surdo não fala 
porque sua língua natural é a Libras (Viso espacial), mas alguns podem 
aprendem a ler lábios e até oralizar algumas palavras. É errado dizer que eles 
são mudos, o aparelho de fonológico deles não tem nenhuma questão 
biológica. Eles não falam porque sua língua é a LIBRAS. 
• A intérprete ensina a Língua de sinais → A intérprete não ensina língua de 
sinais, o seu papel é interpretar da Libras para o Português do Português para 
a Libras. 
• A LIBRAS é universal → não é universal, cada país tem a sua própria língua de 
sinais. 
 
 
 
 
A Língua de Sinais não é mímica, são línguas com estruturas gramaticais 
próprias. A prática da língua de sinais é diferente em cada país. 
 
 
 
 
Outra característica da Libras é o Alfabeto, também conhecido como dactologia ou 
Datilologia. Nada mais é do que o Alfabeto Manual da Libras, formado por letras 
(grafemas) do alfabeto da língua portuguesa. Acrescenta-se a datilologia o grafema /Ç/, 
totalizando 27 representações. O Alfabeto Datilológico é utilizado para a soletração de 
palavras em português tais como: nomeações de endereços e estabelecimentos que 
ainda não tenham um sinal próprio, a soletração de nomes próprios ou de outra palavra 
que ainda não se tenha ou não se conheça em Libras. 
 
 
 
 
31 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Alfabeto Datilológico 
 
Fonte: https://www.jottplay.com.br/produto/carimbos-alfabeto-em-libras-26-pecas/101 
 
E os parâmetros da Libras? A Libras é uma língua e possui uma estrutura 
gramatical que é conhecida como Parâmetros Gerais. São cinco os parâmetros gerais da 
Libras, que precisam ser conhecidos e considerados para a compreensão e execução dos 
sinais. Estes parâmetros também servem como facilitador para o aprendizado do 
vocabulário em Libras, pois ao compreendermos a estrutura gramatical adequada de uma 
língua, podemos ter uma visão mais arquitetada de sua base linguística. Além disso, 
vários materiais relacionados ao vocabulário em Libras, apresentam o sinal, a palavra em 
português e a descrição do sinal através dos parâmetros. Como mostra a imagem abaixo: 
 
 
Fonte: http://pt.slideshare.net/andreconeglian/libras-aspectos-linguisticos-30661546 
 
Mas quais são e o que são esses parâmetros? São cinco os Parâmetros Básicos 
da Libras: 
http://pt.slideshare.net/andreconeglian/libras-aspectos-linguisticos-30661546
 
 
32 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
• Configuração de Mão (s) – CM 
• Ponto de Articulação – PA 
• Movimento – M 
• Orientação / Direcionalidade – O/D 
• Expressão Facial - EF 
 
Configuração da (s) Mão (s) (CM): São formas das mãos que podem ser da 
datilologia (alfabeto manual) ou outras configurações. Feitas pela mão predominante (mão 
direita para os destros ou esquerda para os canhotos), ou pelas duas mãos. Sendo que 
quando há a utilização das duas mãos (dominante e não dominante) o sinal pode ser com 
o movimento das mãos espelhadas, em movimentos diferenciados e movimentos 
contrapostos. Quando nos referimos a CM, não podemos deixar de considerar as mais 
diversas formar de articulação da mão, do braço e a orientação da palma. 
 
 
Fonte: Carmozine e Noronha, 2012 
 
Todos os sinais acima utilizam a mesma configuração de mão (CM), que no caso é 
a mão em “C”. No entanto há uma alteração do local em que este sinal está sendo 
executado. O primeiro quadro “APRENDER” é executado na testa, já no segundo quadro, 
na palavra “LARANJA” sua execução é na boca e em “BRANCO”, terceiro quadro a 
execução é feita em um ponto neutro a frente do corpo. A Configuração de mão se 
manteve o que foi alterado foi o Ponto de Articulação. 
 
 
33 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Ponto de Articulação (PA): é o espaço utilizado para executar o sinal, podendo 
tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro. As áreas de uso mais comum 
como Ponto de Articulação são a cabeça, o tronco, os braços, as mãos e o espaço neutro. 
Todos os sinais da Libras apresentam um ponto de contato, ou seja, um ponto de 
articulação. Os sinais realizados em contato ou próximo a áreas específicas do corpo, tem 
em sua maioria um significado semântico. Podemos melhor qualificá-los no quadro 
abaixo: 
 
PARTE DO CORPO (perto) SIGNIFICADO (relação com) EXEMPLOS 
Olhos Visão e Enxergar SONO, LER 
Boca Alimentação e Fala COMER, GRITAR 
Coração / Peito Sentimentos e Sensações AMAR, SENTIR 
Cabeça Raciocínio e Memória PENASAR, SABER 
Fonte: Carmozine e Noronha, 2012 
 
 
34 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Movimento (M): os sinais da Libras podem ter movimento ou não. Este parâmetro 
é complexo porque envolve formas, direções e que também podem ter desde movimentos 
internos da mão, pulso, direcionais no espaço até conjunto de movimentos no mesmo 
sinal (Brito apud Klima e Bellugi, 1995). Na figura abaixo, a Configuração de Mão é em 
“Y”, o Ponto de Articulação se altera para queixo e braço. Mas a observação aqui se dá 
pelo fato de “DESCULPAR” ser um sinal estático e “IDADE” ser um sinal com movimento. 
 
 
Fonte: Carmozine e Noronha, 2012 
 
Orientação ou Direcionalidade (O/D): utilizado em alguns casos, na maioria 
quando há movimento (M). A orientação ou direcionalidade nos mostra, na maioria dos 
casos, o sentido de tempo como indicado na tabela abaixo: 
 
TEMPO DIRECIONALIDADE 
Futuro próximo Sinal direcionado para frente 
Futuro distante Movimento amplo para frente que se afasta do sinalizador 
Passado Sinal sobre o ombro atingindo o espaço anterior ao corpo 
Passado distante Sinal amplo que se alonga atrás das costas 
Presente Movimento logo à frente do corpo direcionado para baixo 
 
Já os sinais relacionados a orientação, mesmo não tendo relação com tempo 
verbal, também apresentam uma relação com o movimento. No quadro abaixo vemos 
dois sinais “IR” e “VIR”. No primeiro quadro, “IR” tem a sua orientação para frente e “VIR” 
tem sua orientação para trás no sentido de voltar. 
 
 
35 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Fonte: Carmozine e Noronha, 2012 
 
Expressão Facial /Corporal (EF/C): quando aplicável serve como um componente 
não manual que auxilia, reforça ou entoa um sinal. Também serve para dar sentido de 
pontuação às frases, pedidos, ordens e outros atos da fala. Tornam claras as entonações 
e as expressões. Por vezes serve como a pontuação da frase, solicitações e outros atos 
expressivos da Libras. Este parâmetro deve ser bem observado, pois muitos sinais 
necessitam da Expressão Facial ou Corporal para se tornarem mais compreendidos. 
 
 
Fonte: Carmozine e Noronha, 2012 
 
Pode-seobservar que os sinais apresentados acima ganham muito mais 
significado, principalmente quanto a sua intensidade, quando associados a Expressão 
Facial. 
 
É importante desacatarmos aqui que a construção do repertório de uma criança 
acontece através do contato social com outros sujeitos que fazem uso desse signo, 
estando em contato diário com a língua de sinais. O nosso repertório de língua é 
construído nas relações que são estabelecidas. 
 
 
36 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
E essa maneira de socioconstrução de fala acontece tanto para as crianças 
ouvintes quanto para as crianças surdas – desde que estas últimas estejam inseridas num 
ambiente em que a língua de interlocução seja a Libras, já que a criança surda possui 
uma língua minoritária. Para essas crianças a língua de interlocução que melhor atende 
às suas necessidades é de modalidade visuoespacial, já que os signos orais-auditivos 
não lhes são acessíveis em seu cotidiano. 
 
Para uma criança surda, não há nenhuma barreira que a impeça de adquirir uma 
língua e uma linguagem, uma vez que podemos utilizar de meios visuais, olfativos, entre 
outros, como meio de obtenção de signos em seus contextos (GOLDFELD, 2002). Uma 
língua não precisa necessariamente se apresentar na modalidade oral-auditiva, ela pode 
se dar através da modalidade viso espacial. 
 
 
 
Nota-se importância da Libras na vida das pessoas surdas, pode-se perceber 
que a sua utilização é um meio de garantir a preservação da identidade 
surda, bem como contribui para a valorização e reconhecimento da cultura 
surda (espaço-visual) que, por muito tempo, sofreu com a cultura oral-
ouvinte dominante. 
 
 
 
 
 
CARMOZINE, M. M.; NORONHA, S. C. C. Surdez e Libras: conhecimento em 
suas mãos. São Paulo: Hub Editoriak, 2012. 
 
GOLDFELD, Marcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva 
sócio-interacionista. 2ª ed. São Paulo: Plexus Editora, 2002. 
 
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de; ALBRES, Neiva de Aquino; DRAGO, 
Silvana Lucena dos Santos. Política para uma educação bilíngue e inclusiva a 
alunos surdos no município de São Paulo. Educação e Pesquisa (USP. 
Impresso), v. 39, p. 65, 2013. 
 
PEREIRA, M. C. C.; Choi, D. ; VIEIRA, M. I. S. ; Gaspar, P.R. ; NAKASATO, R. 
LIBRAS - conhecimento além dos sinais. 1. ed. São Paulo: Pearson, 2011. 
 
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky - Uma Perspectiva Histórico-Cultural da 
Educação. 25.ed. Petrópolis: Vozes, 2014. 
 
 
37 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
VIGOTSKI, Lev. S. A construção do pensamento e da linguagem. (Trad. Paulo 
Bezerra). São Paulo: Martins Fontes, 2009 
 
 
 
 
 
38 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. EDUCAÇÃO BILÍNGUE: UMA PROPOSTA BILÍNGUE E BICULTURAL 
 
Objetivo: 
Refletir sobre a educação bilíngue como uma proposta bilíngue e bicultural e 
entender sua importância na educação dos surdos. 
 
Introdução: 
É importante reforçar que o bilinguismo para surdos traz a configuração da Língua 
de Sinais (LIBRAS) como L1 e o português na modalidade escrita como L2. A Língua de 
sinais é uma língua natural adquirida de forma espontânea pela pessoa surda, então as 
pessoas surdas têm o DIREITO de ser ensina na língua de sinais. 
 
A Educação Bilíngue para surdos, realidade assumida no Brasil como forma de 
reconhecimento da luta das comunidades surdas, concretizadas no Decreto Federal Nº 
5626/2005, preconiza como escolas bilíngues aquelas em que a Libras e a modalidade 
escrita da Língua Portuguesa são línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de 
todo o processo educativo. Ao reconhecer o direito dos surdos ao bilinguismo, os 
sistemas de ensino abrem para esse grupo de cidadãos a possibilidade de se 
reconhecerem e de serem reconhecidos na sua diferença linguística e cultural. 
 
6.1 Educação Bilíngue: definição e possíveis formatos 
A educação bilíngue necessita estar baseado na aceitação da cultura língua da 
comunidade surda e os conteúdos devem ser trabalhados na língua nativa dos alunos, ou 
seja, na LIBRAS e a Língua portuguesa deverá ser ensinada em momentos específicos 
das aulas. 
 
Os profissionais da educação que atuam em escolas bilíngues devem estar 
preparados para lidar com os familiares, sabendo que muito dos alunos surdos são 
oriundos de famílias ouvintes. Os educadores que trabalham na escola bilíngue precisam 
explicar que a Língua de sinais que é adequada a criança surda, que essa língua permite 
à criança um desenvolvimento análogo ao de crianças que ouvem, que essa criança pode 
ver, sentir, tocar e descobrir o mundo a sua volta sem problemas, que existem 
comunidades de surdos; (QUADROS, 1997) 
 
 
39 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
É muito importante explicar aos pais que não estão diante de uma tragédia, mas 
diante de uma forma diferente de se comunicar que envolve uma cultura e uma língua 
visual-espacial. (QUADROS, 1997) 
 
Quadros traz as 3 características básicas de um professor em uma escola bilíngue 
para surdos: 
• o professor deve ter habilidade para levar cada criança a identificar-se com um 
adulto bilíngue; 
• o professor deve conhecer PROFUNDAMENTE as duas línguas; 
• o professor deve respeitar as duas línguas – Reconhecendo ambas e saber às 
diferentes funções que cada língua apresenta para a criança. 
 
É muito importante que toda a comunidade escolar compreender que a língua de 
sinais é a língua natural dos alunos surdos!!!! 
 
A autora QUADROS (1997) cita 2 modelos de educação bilíngue: 
 
 
A autora defende que o segundo modelo é mais adequado já que estudos apontam 
que é o mais adequado para o aprendizado dos alunos surdos. Seria o que a autora 
chama de BILÍNGUISMO DIGLÓSSICO, no qual é importante primeiro dominar a LIBRAS 
(língua materna) para depois aprender a L2. Nesse tipo de bilinguismo, o surdo utiliza a 
LIBRAS em todos as situações, assim como a criança ouvinte utiliza a Língua Portuguesa 
na modalidade oral. Para os surdos, o português é ensinado de forma sistemática na 
modalidade escrita, desempenhando o papel de segunda língua. 
 
 
1
Ensino de 
LIBRAS quase 
que 
concomitante à 
aquisição da 
primeira língua
2
Ensino da 2ª 
língua somente 
após a 
aquisição da 
primeira 
 
 
40 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
Falar em bilinguismo alude à afirmação das conquistas linguísticas e culturais 
da comunidade surda. 
 
 
 
 
O decreto nº5.262/05 traz a seguinte definição para educação bilíngue: 
 
São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a 
Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução 
utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo. (BRASIL, 2005, art 
22, § 1º ) 
 
O mesmo decreto traz a seguinte proposta de estrutura para a educação bilíngue 
sugere que na Educação Infantil e no ensino Fundamental I a escola tenha professores 
bilíngues junto com instrutores surdos e para o ensino fundamental II, ensino médio e 
ensino profissionalizante tem os docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes 
da singularidade linguista dos alunos surdos e os tradutores e intérpretes de Libras para 
poder fazer a tradução das aulas para libras. 
 
Algumas redes de ensino optam pelo formato de Pólo bilíngue, onde todos os 
alunos surdos da rede são encaminhados para uma unidade escolar e nesta unidade se 
tem: Instrutores Surdos, Intérpretes de Libras e professores bilíngues. A organização 
pode mudar de uma rede para a outra mas é importante garantir que o quadro de 
funcionário tenha o formato sugerido (instrutores surdos, professores bilíngues e 
intérpretes), que se tenha o atendimento educacionalespecializado em sala de recursos 
no contra turno e também que aula de libras para toda a comunidade escolar e familiares 
dos alunos. 
 
Outras redes de ensino optam pelo formato de sala bilíngue, nela os alunos surdos 
ficam nas salas bilíngues com professores bilíngues, intérpretes e instrutores surdos. Em 
algumas aulas os alunos surdos frequentam junto com os ouvintes e os intérpretes fazem 
a tradução para libras do que for dito, geralmente são as aulas de educação física, 
informática e artes. Neste formato também se oferta o Atendimento Educacional 
 
 
41 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Especializado no contraturno e aulas de libras para toda a comunidade escolar e 
familiares dos alunos. 
 
A autora Quadros (1997) relata que as formas de se pensar o bilinguismo são 
influenciadas por fatores de ordem ideológica e filosófica e que a opção que a escola fizer 
requererá muita reflexão sobre as razões, objetivos e finalidades do tipo de proposta 
educacional adotada. Consideramos importante ter e considerar os surdos nas tomadas 
de decisões. 
 
 
 
Pensar escolas bilíngues implica, portanto, compreender essa língua espaço-
visual e o papel que ela exerce dentro da instituição. Por isso, apenas 
aceitar a língua de sinais não resolve e não caracteriza a proposta bilíngue, 
uma vez que é preciso aceitar tudo o que vem junto com a língua, ou seja, a 
cultura, a identidade, a visão de mundo e a constituição de sujeito. Mas, 
também, é pensar na outra língua, na língua portuguesa, e organizar as 
atividades, entendendo que esta é a segunda língua, devendo, pois, ser 
utilizada de maneira acessível ao surdo. (VIEIRA, 2012, p.167) 
 
 
6.2 Libras: 
 
ESTUDAR 
 
FONTE: https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/ 
 
 
 
https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/
 
 
42 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei 
nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de 
Sinais – 121 Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. 
Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 2005. 
 
QUADROS, Ronice Muller de. Bilinguismo In: QUADROS, Ronice M. de. 
Educação de Surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artemed, 
1997. 
 
QUADROS, Ronice Müller de. O “BI” em bilinguismo na educação de surdos. 
In: LODI, Ana Claudia Balieiro; MÉLO, Ana Dorziat Barbosa; FERNANDES, 
Eulália (Orgs.). Letramento, bilinguismo e educação de surdos. Porto 
Alegre: Mediação, 2015. 
 
VIEIRA, Claudia Regina. Bilinguismo e Inclusão: problematizando a 
questão. Curitiba: APPRIS, 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. LIBRAS COMO L1 E O SEU CONTEXTO DE AQUISIÇÃO 
 
Objetivo: 
Contextualizar sobre a Libras enquanto L1 e seu contexto de aquisição. 
 
Introdução: 
Como já vimos na aula anterior, para os alunos surdos, a aprendizagem da Língua 
Brasileira de Sinais – Libras como primeira língua (L1) propicia o desenvolvimento 
linguístico, cognitivo, psicológico e social tornando-os indivíduos constituídos 
integralmente, pois enquanto língua oportuniza a comunicação, a socialização, a 
formação de conceitos e a aprendizagem. O uso da língua de sinais possibilita 
capacidade de expressão dos pensamentos, de ideias e sentimentos de forma clara tanto 
quanto a aprendizagem de uma língua na modalidade oral, uma vez que exercer as 
mesmas funções que a língua falada para os usuários ouvintes (QUADROS, 1997). 
 
Traremos aqui um quadro comparativo entre a Língua Portuguesa Oral e a LIBRAS 
no que se refere a níveis linguístico, item lexical, canal de comunicação ou modalidade e 
gramática. Observe: 
 
O próximo quadro continuamos a comparação entre as duas línguas, porém 
observando os seguintes itens: 
 
 
44 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
É importante compreender as diferenças das duas línguas para compreender que 
ambas têm sua estrutura e características e que essas devem se consideradas na hora 
de se pensar os processos de ensino e aprendizagem dos alunos de acordo com a sua 
língua natural. 
 
7.1 O processo de aquisição da língua de sinais 
Segundo Quadros (1997) muitas pesquisas desenvolvidas nos últimos anos sobre 
a aquisição da língua de sinais podem ser comparadas à aquisição das línguas orais em 
muitos sentidos. Sabendo que o processo de aquisição da Língua de Sinais é semelhante 
ao processo de aquisição da língua oral pelos ouvintes, no que se refere às fases deste 
processo. E acontece por meio de 4 estágios: 
 
 
No estágio pré linguístico que dura do nascimento até o primeiro ano de vida 
tanto o bebê surdo quando o ouvinte desenvolve o balbucio oral e manual. Com o tempo, 
o bebê surdo vai deixando o balbucio oral e o ouvinte vai abandonando o balbucio 
manual. O bebê ouvinte tem a capacidade linguística em oral auditiva pelos estímulos da 
PRÉ 
LINGUÍSTICO
0 a 1 ano de 
vida
ESTÁGIO DE 
UM SINAL
De 1 ano aos 2 
anos de idade
ESTÁGIO DAS 
PRIMEIRAS 
COMBINAÇÕES
Início aos 2 
anos de idade
ESTÁGIO DAS 
MÚLTIPLAS 
COMBINAÇÕES 
Por volta dos 2 
anos e meio
 
 
45 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
fala das pessoas que o cerca, enquanto o bebê surdo na capacidade espaço visual pelos 
estímulos gestuais das pessoas que o cerca. 
 
Depois temos o estágio de um sinal iniciado por volta dos 12 meses até por volta 
dos 2 anos. Nesse estágio a criança surda começa a visualizar a ação de apontar 
inicialmente gestual (pré-linguística) agora como elemento do sistema gramatical da 
Língua (linguístico). É neste estágio que ela inicia as primeiras produções, na Língua de 
Sinais, assim como a criança ouvinte começa a pronunciar as primeiras palavras. 
 
Na sequência temos o estágio das primeiras combinações que inicia- se por volta 
dos 2 anos de idade e quando a criança surda começa a ordenar palavras para 
estabelecer relações gramaticais como: 
• SV (sujeito-verbo) → Comer ovo comer → Eu quero comer ovo. 
• VO (verbo-objeto) → Ovo ver → Eu quero ver ovo. 
• ou SVO (sujeito – verbo - objeto) → João comer ovo quer → Eu quero comer 
ovo 
 
O último estágio trazido de acordo com Quadros (1997) é o das múltiplas 
combinações que começa por volta dos 2 anos e 6 meses. A criança surda comete os 
mesmos erros gramaticais na Língua de Sinais que a criança ouvinte comete na Língua 
Oral, como exemplo é o caso da flexão verbal. Exemplo: “eu gosti” (língua oral) fala do 
ouvinte que será representada da mesma forma na Língua de Sinais. 
 
Esses 4 estágios se dão quando a criança surda tem contato com a libras desde o 
seu nascimento. O que acontece é que muitas crianças surdas são filhas de pais ouvintes 
que na maioria das vezes não ofertam a Libras para as crianças. 
 
Observe a figura abaixo e entenda e reflita sobre a importância de a criança surda 
ter contato com a LIBRAS desde cedo. 
 
 
46 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
O processo de aquisição da língua de sinais deve ocorrer de forma natural como 
acontece com as crianças ouvintes na aquisição da língua oral, pela interação com o meio 
social. Geralmente as crianças surdas, filhos de pais ouvintes não adquirem a L1 (Língua 
de Sinais) espontaneamente, pois os pais se dirigirem ao filho (a) surdo por gestos para 
suprir a necessidade da criança surda e/ou interagem por meio da língua oral. Fizemos 
um organograma para exemplificar o processo de aquisição tardia da Libras: 
 
Quando a criança surda tem acesso a apenas a língua orale a gesticulação de 
sinais caseiros isso leva a um processo de aquisição tardia da L1. Considerando essas 
questões muitas crianças passam pelo processo de aquisição tardia, que se aplica 
àqueles que não adquiriram a língua de sinais no período comum de aquisição da 
linguagem. Segundo Chomsky (1981) mesmo assim, a criança é capaz de, a partir de 
estímulos, atingir uma língua com todas as possibilidades que apresenta. 
 
As próprias crianças desenvolvem um sistema gestual individual enquanto sistema 
de comunicação conhecido como “sinais caseiros” para utilizar com sua família. O que 
Língua oral
Gesticulação 
- Sinais 
caseiros
Aquisição 
tardia da L1
Fonte: http://aeeufc-2013.blogspot.com/2014/03/oralismiocomunicacao-total-e-bilinguismo.html 
 
 
47 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
restringe a comunicação e a dificulta entre os pares surdos. Os sinais caseiros são um 
sistema linguístico incompleto – propriedades essenciais das línguas humanas. 
 
Nos casos mais extremos de privação linguística e privação social envolvem 
comprometimentos não apenas linguísticos, mas cognitivos e neste sentido a Escola 
Bilíngue pode e deve ser um espaço para que os surdos possam desenvolver sua língua 
natural, no caso a Libras. 
 
7.2 Libras e a escola bilíngue: 
A língua de sinais ocupa o espaço de primeira língua (L1), visto que se configura 
como a língua mais acessível aos surdos, pois seu processo de aquisição acontece sem 
impedimentos fisiológicos e sua apropriação também contribui para o desenvolvimento 
cognitivo das crianças surdas. 
 
É fundamental que as crianças surdas tenham acesso à LIBRAS durante o período 
escolar, pois as oportunidades de acesso à LIBRAS são, infelizmente, escassas. Por isso 
também é importante que as escolas bilíngues tenham instrutores surdos para que os 
alunos tenham contato com a cultural e comunidade surda. As crianças surdas filhos de 
pais ouvintes, por vezes, podem ter acesso a Libras e a cultura surda na escola bilíngue. 
 
Para fechar essa reflexão trazemos a seguinte citação: 
 
“Senti-me consternado ao descobrir quantos surdos nunca adquire as faculdades 
da linguagem – ou pensamento- e como uma vida medíocre pode lhes estar 
reservada.” (SACKS, 1989, p.10) 
 
Para o surdo o não acesso a língua de sinais pode ser extremamente excludente e 
ruim para o seu desenvolvimento, por isso é muito importante que a Libras seja ofertada 
para a criança surda em todos os seus contextos sociais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7.2 Libras: 
 
 
 
 
 
 
 
 DESCULPA 
FONTE: https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/ 
 
 
 
Sendo assim, oportunizar aquisição da LIBRAS, oferecer modelos bilíngues e 
bicultural à criança e oportunizar a aproximação da cultura especifica da 
comunidade surda. 
 
 
 
 
 
CAPOVILLA, F. C; RAPHAEL, W. D. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue 
da língua de sinais brasileira. 2ª ed., SP: EDUSP; Imprensa Oficial do Estado, 
2001. 
 
GIUSEPPE, Rinaldi et al, Deficiência Auditiva. Brasília: SEESP, 1997 
QUADROS, Ronice Muller de. Bilinguismo In: QUADROS, Ronice M. de. 
Educação de Surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artemed, 
1997. 
 
QUADROS, Ronice Mulller de; PIZZIO, Aline Lemos. Aquisição da Língua de 
Sinais. Florianópolis, 2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://rodrigopimentalibras.webnode.com/aprenda-lingua-de-sinais/
 
 
49 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NA MODALIDADE ESCRITA 
COMO L2 E O CONTEXTO DE AQUISIÇÃO 
 
Objetivo: 
O objetivo desta aula é, brevemente, falar sobre a escola bilíngue e o ensino de 
português na modalidade escrita como L2. 
 
Introdução: 
Para um aprendizado satisfatório da Língua Portuguesa escrita, faz-se necessário 
que a metodologia usada pelos professores seja diferenciada no sentido de metodologia 
própria de segunda língua, uma vez que existem diferenças expressivas entre a Língua 
Portuguesa a Libras, já que a primeira é oral-auditiva e a segunda é espaço-visual. 
(QUADROS e SCHMIEDT, 2006) 
 
De acordo com Quadros (1997) nem todas as crianças chegam à escola com uma 
língua bem estruturada. Além disso, nem todas as crianças surdas chegam à escola 
sabendo a língua de sinais, pois apenas 5% das crianças surdas são filhos de pais surdos 
os quais inserem os filhos dentro de contextos em que a Libras é usada cotidianamente. 
Mas os outros 95% de crianças surdas são filhos de ouvintes que muitas vezes não 
expõem os filhos em contato com a Libras. Nesse sentido, é fundamental o contato da 
criança surda com os adultos surdos nas escolas bilíngues para que haja um input 
linguístico favorável para uma imersão e contato natural com a Libras e, 
consequentemente, um maior desenvolvimento na Língua Portuguesa escrita. 
 
 
8.1 Língua Portuguesa como L2 na escola bilíngue 
Segundo Quadros (1997) a aquisição da LIBRAS como L1 precisa ser assegurada 
para realizar um trabalho sistemático com a L2. A necessidade formal do ensino da língua 
portuguesa evidência que essa língua é, por excelência, uma segunda língua para a 
pessoa surda. 
 
O ensino da Língua Portuguesa, preferencialmente na modalidade escrita, como 
segunda língua, justifica-se por ser aquela que circula no país e está presente em todas 
as esferas sociais, tornando-se necessária para que os surdos, entre outros aspectos 
 
 
50 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
tenham acesso aos conhecimentos historicamente construídos pela humanidade que se 
encontram preservados por meio da escrita. (CARVALHO et. al, 2019). 
 
 
 
Sendo assim, a educação bilíngue para surdos se caracteriza, na atualidade, 
como a filosofia educacional mais adequada, pois respeita a condição da 
pessoa surda e sua experiência visual como constituidora de cultura singular, 
sem, contudo, desconsiderar a necessária aprendizagem escolar do 
português. 
 
 
A LP ocupa o espaço de segunda língua, tendo em vista que é geralmente 
adquirida após a língua de sinais, por meio de um processo sistemático vivenciado em 
instituições de ensino. É importante destacar que a aprendizagem dessa língua (LP) 
ocorre em sua modalidade escrita. 
 
Diante disso, as pesquisas científicas se dedicam a esclarecer os aspectos 
envolvidos no processo de ensino e aprendizagem de LP escrita para surdos e, dessa 
forma, contribuir para diminuir as barreiras linguísticas existentes. 
 
Quadros (1997) traz 3 formas basicamente de aquisição da L2: 
➢ A-) A aquisição simultânea da L1 e da L2 → Filhos de país que usam uma 
língua diferente da comunidade onde vivem, ouvintes filhos de surdos; 
➢ B-) A aquisição espontânea da L2 não simultânea → Passa a morar em outro 
país onde a língua usada é outra; 
➢ C-) A aprendizagem da L2 de forma sistemática → escolas de língua 
estrangeira; A aquisição da L2 ocorre em um ambiente artificial e de forma 
sistemática, observando metodologias de ensino. 
 
Considerando a aquisição da L2 por crianças surdas, as duas primeiras formas 
parecem não se possível de serem aplicadas. A e B não se aplica. A criança surda vive 
em uma comunidade que usa outra língua, porém ela não ouve a língua usada. 
 
 
 
51 Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Os surdos poderiam se enquadrar nas formas A e B, mas envolvendo outra língua 
de sinais. Ex: um surdo que domina a LIBRAS vai morar nos EUA e começa a aprender a 
Língua de sinais por lá. 
 
A opção C -> retrata a aquisição da L2 pelos surdos da Língua Portuguesa 
modalidade escrita. Cabe a escola bilíngue promover a aprendizagem sistematizada da 
Língua Portuguesa na modalidade escrita;

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