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Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Fundamentos de Economia - Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos é bacharel, mestre e doutor em Economia pela FEA-USP e professor da FEA-USP e de especializações, MBA e pós graduação da FIPE e FIA. Ex- membro da Comissão de Avaliação de Ensino de Economia e conselheiro do Conselho Federal de Economia. - Manuel Enriquez Garcia é bacharel, mestre e doutor em Economia pela USP. É professor da FEA-USP e advogado, inscrito na OAB. Leciona na FIPE, nas áreas de Economia, Direito e Negócios Internacionais. Introdução Esta obra pretende fornecer uma visão abrangente das principais questões econômicas gerais, para estudantes e profissionais da área de Ciências Humanas. Trata-se de um livro de introdução à Economia Aplicada, que busca explicar conceitos e problemas econômmicos fundamentais de forma a fazer o leitor compreender melhor a realidade econômica atual. Capítulo 1 Introdução à Economia Capítulo 1 Introdução à Economia Capítulo 1 Introdução à Economia 1.1 Introdução Questões econômicas do dia-a-dia: • aumentos de preços; • desemprego; • setores que crescem mais do que outros; • dívida externa; dentre outros. 1.2 Conceito de Economia: ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Capítulo 1 Introdução à Economia Conceitos importantes: • escolha: de alternativas e distribuição de resultados. • escassez: recursos limitados contrapõem necessidades humanas limitadas. • necessidades: como alocar recursos limitados para satisfazê-las ao máximo? • recursos: recursos produtivos são limitados. • produção: fatores de produção são ilimitados. • distribuição: dos resultados da atividade produtiva entre os grupos da sociedade. 1.2.1 Os problemas econômicos fundamentais • o quê e quanto produzir? • como produzir? • para quem produzir? Fatores resolvidos de acordo com organização econômica do país. Capítulo 1 Introdução à Economia 1.3 Sistemas econômicos Forma política, social e econômica da organização da sociedade, cujos elementos básicos são: • estoque de recursos produtivos ou fatores de produção; • complexo de unidade de produção; • conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais. Classificações: • sistema capitalista ou economia de mercado; • sistema socialista ou economia centralizada/planificada. 1.4 Curva de produção Mostra a capacidade máxima de produção da sociedade, ilustrando como a escassez de recursos impõe um limite à capacidade produtiva de uma sociedade. Capítulo 1 Introdução à Economia Tabela 1.1 Possibilidades de produção Alternativas de produção Máquinas (milhares) Alimentos (toneladas) A 25 0 B 20 30,0 C 15 47,5 D 10 60,0 E 0 70,0 Capítulo 1 Introdução à Economia 1.4.1 Custo de oportunidade A transferência dos fatores de produção de um bem X para produzir um bem Y implica um custo de oportunidade que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do bem X para se produzir mais do bem Y. 1.4.2 Deslocamentos da curva de possibilidades de produção O deslocamento da CPP par a direita indica que o país está crescendo, o que pode ocorrer em função do aumento da quantidade física de fatores, progresso tecnológico, maior eficiência produtiva e organizacional e melhoria no grau de qualificação da mão-de-obra. Capítulo 1 Introdução à Economia 1.5 Funcionamento de uma economia de mercado: fluxos reais e monetários Figura 1.4 Fluxo real da economia Mercado de bens e serviços Mercado de fatores de produção Famílias Empresas Demanda Oferta Oferta Demanda Capítulo 1 Introdução à Economia Figura 1.5 Fluxo monetário de economia Famílias Empresas Pagamento dos bens e serviços Remuneração dos fatores de produção Unindo os fluxos real e monetário da economia, temos o fluxo circular de renda. Capítulo 1 Introdução à Economia Figura 1.6 Fluxo circular de renda Mercado de bens de serviços Mercado de fatores de produção Famílias Empresas Demanda de bens e serviços Oferta de bens e serviços Oferta de serviços dos fatores de produção Demanda de serviços dos fatores de produção Como produzir O que e quanto produzir Para quem produzir Fluxo monetário Fluxo real Capítulo 1 Introdução à Economia 1.5.1 Bens de capital, bens de consumo, bens intermediários e fatores de produção • Bens de capital: são utilizados na fabricação de outros bens, sem desgaste total no processo. Ex: máquinas, equipamentos, etc. • Bens de consumo: buscam atender as necessidades humanas, podendo ser duráveis (geladeira) ou não-duráveis (alimentos). • Bens intermediários: são transformados e agregados na produção de outros bens, sendo consumidos no processo produtivo. • Fatores de produção: recursos humanos, terra, capital e tecnologia. Capítulo 1 Introdução à Economia 1.6 Argumentos positivos versus argumentos normativos Argumentos positivos: não envolvem juízo de valor e referem-se a proposições objetivas, tipo se A, então B. É uma análise do que é. Argumentos normativos: relativos a uma análise que contém um juízo de valor sobre alguma medida econômica. É uma análise do que deveria ser. 1.7 Inter-relação da Economia com outras áreas do conhecimento 1.7.1 Economia, Física e Biologia • Concepções organicistas: comportamento da Economia como órgão vivo, por isso, uso de termos como órgãos, fluxos, circulação, funções. • Concepções mecanicistas: leis da Economia se comporta como determinadas leis da Física, por isso, uso de termos como equilíbrio, estática, dinâmica, aceleração, velocidade, força, etc. Capítulo 1 Introdução à Economia • Concepção humanística: predominante, coloca em plano superior os móveis psicológicos da atividade humana. 1.7.2 Economia, Matemática e Estatística Matemática: permite escrever resumidamente conceitos importantes, relações de Economia e analisar economicamente na forma de modelos analíticos. Estatística: recorre-se a ela, pois as relações econômicas não são exatas. Regularidades da Economia: • consumo nacional depende diretamente da renda nacional; • quantidade demandada de um bem tem uma relação inversamente proporcional com seu preço, tudo o mais constante; • exportações e importações dependem da taxa de câmbio. Econometria: área voltada para a quantificação dos modelos. Capítulo 1 Introdução à Economia 1.7.3 Economia e Política Política: fixa instituições sobre as quais se desenvolverão atividades econômicas, subordinadas ao poder político, mas a estrutura política pode muitas vezes se subordinar ao poder econômico. Exemplos: • política do café com leite (1930); • poder econômico dos latifundiários; • poder dos oligopólios e monopólios; • poder das corporações estatais; • poder do sistema financeiro. 1.7.4 Economia e História Pesquisa histórica: facilita a compreensão do presente e ajuda nas previsões. Fatos econômicos: afetam o desenrolar da História. Capítulo 1 Introdução à Economia 1.7.5 Economia e Geografia Geografia: permite avaliar fatores úteis à análise econômica como localização das empresas, posição setorial, etc. - estão relacionadas a ela a economia urbana, regional, as teorias de localização industrial e a demografia econômica. 1.7.6 Economia, Moral, Justiça e Filosofia Antes do séc. XVIII: atividade econômica era vista como parte da Filosofia, Moral e Ética. Capítulo 1 Introdução à Economia 1.8 Divisão do estudo econômico • microeconomia ou teoria de formação de preços: exame da formação de preços em mercados específicos. • macroeconomia: estudo da determinaçãoe comportamento dos grandes agregados nacionais. • economia internacional: análise das relações econômicas entre residentes e não residentes do país. • desenvolvimento econômico: preocupação com padrão de vida coletiva. Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 2 Evolução do Pensamento Econômico: Breve Retrospecto Capítulo 2 Evolução do Pensamento Econômico: Breve Retrospecto 2.1 Introdução Início da teoria econômica de forma sistematizada a partir da publicação de “A riqueza das nações” de Adam Smith (1776). 2.2 Precursores da teoria econômica 2.2.1 Antiguidade: Aristóteles, Platão e Xenofonte, na Grécia Antiga. 2.2.2 Mercantilismo: séc. XVI nasce primeira escola econômica voltada para a acumulação de riquezas de uma nação. 2.2.3 Fisiocracia: séc. XVIII nasce a escola de pensamento francesa que coloca que a terra é a única fonte de riqueza e há uma ordem natural que faz o universo ser regido por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais. (Dr. François Quesnay) Capítulo 2 Evolução do Pensamento Econômico: Breve Retrospecto 2.2.4 Os clássicos Adam Smith: O mercado é como que guiado por uma “mão invisível”, a partir da livre iniciativa (laissez-faire), do trabalho humano, levando em conta a produtividade e a proteção à sociedade. David Ricardo: todos os custos se reduzem a custos de trabalho e mostra como acumulação de capital, acompanhada de aumentos populacionais, provoca uma elevação da renda. Desenvolve estudos sobre comércio internacional e teoria das vantagens comparativas, dando origem às correntes neoclássica e marxista. John Stuart Mill: sintetizador do pensamento neoclássico, consolidando o exposto anteriormente e avançando ao incorporar elementos institucionais e ao definir melhor restrições, vantagens e funcionamento de uma economia de mercado. Capítulo 2 Evolução do Pensamento Econômico: Breve Retrospecto Jean-Baptiste Say: subordina o problema das trocas de mercadorias a sua produção e populariza a lei de Say, “a oferta cria sua própria procura”. Thomas Malthus: sistematiza uma teoria geral sobre a população, assinalando que o crescimento da população dependia da oferta de alimentos, dando apoio à teoria dos salários de subsistência e levantando o problema do excesso populacional. 2.3 A teoria neoclássica (1870) Alfred Marshall: publica “Princípios da economia” e levanta questões do comportamento do consumidor, teoria marginalista e teoria quantitativa da moeda. Capítulo 2 Evolução do Pensamento Econômico: Breve Retrospecto 2.4 A teoria keynesiana: “Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda”, o teórico vive na época da Grande Depressão e constrói uma teoria que acredita na crise como problema temporário, mostrando combinações políticas econômicas e soluções para a recessão. • nível de produção nacional; • demanda agregada ou efetiva; • fim do laissez-faire; • monetaristas: privilegiam o controle da moeda. • uso de políticas fiscais e certo grau de intervenção do Estado na economia; • pós-keynesianos. 2.5 Período recente: mudanças na teoria econômica, principalmente, após duas crises do petróleo. Pontos: existe uma consciência maior das limitações e possibilidades de aplicações da teoria; avanço do conteúdo empírico da economia; e consolidação das contribuições anteriores. Capítulo 2 Evolução do Pensamento Econômico: Breve Retrospecto 2.6 Abordagens alternativas • marxistas e institucionalistas: criticam a abordagem pragmática da economia e propõe enfoque analítico. • marxista: “O Capital” de Marx, conceito de mais-valia, aspecto político, conceito de valor-trabalho. • institucionalistas: Veblen e Galbraith, dirigem críticas ao alto grau de abstração da teoria econômica e ao fato de ela não incorporar em sua análise as instituições sociais. 1969 - Prêmio Nobel da Economia: teoria econômica como corpo científico, seus primeiros ganhadores foram Ragnar Frisch e Jan Tinbergen. Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 3 Economia e Direito Capítulo 3 Economia e Direito 3.1 Introdução: conceitos da teoria econômica são relacionados ou dependentes do quadro de normas jurídicas do país. O aumento do papel regulador do governo na economia chamado neoliberalismo visa garantir a defesa da concorrência e os direitos dos consumidores. 3.2 O Direito e a teoria dos mercados: defesa do consumidor e da concorrência • foco econômico: comportamento dos produtores e consumidores. • foco jurídico: agentes das relações de consumo. • estudo do estabelecimento comercial e do empresário: análise econômica e jurídica. • imperfeições do mercado e intervenção do Estado. • economias externas; Capítulo 3 Economia e Direito • agentes econômicos e suas falhas de informação. • poder de monopólio; • leis de defesa da concorrência; • lei Sherman contra trusts, 1890; • Clayton Act, 1914; • lei Celler-Kefauver, 1950; • no Brasil, Constituição Federal de 1988; • Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC); • Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE; • controle das estruturas de mercado: quanto a concentração econômica; • controle de condutas: apuração de práticas anticoncorrenciais; • ação governamental: coibição e repressão dos abusos no mercado. Capítulo 3 Economia e Direito 3.3 Arcabouço jurídico das políticas macroeconômicas • políticas monetária, de crédito, cambial e de comércio exterior são de competência da União. • política fiscal é de competência da União, Estados e Municípios. • papel da defesa do governo: aumento da demanda agregada. • processo de globalização: integração econômica global sobre bases econômicas e jurídicas. 3.4 O Estado promovendo o bem-estar da sociedade Ação do Estado: voltada para o bem-estar da população. John Locke: direitos naturais sob controle do governo parlamentar, cuja finalidade seria promover e ampliar direitos do homem à vida, à liberdade e à prosperidade. Capítulo 3 Economia e Direito Artigo 170 da Constiuição de 1988: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I.soberania nacional; II.propriedade privada; III. função social da propriedade; IV. livre concorrência; V. defesa do consumidor; VI. defesa do meio ambiente; VII. redução das desigualdades regionais e sociais; VIII. busca do pleno emprego; IX. tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Capítulo 3 Economia e Direito Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente da autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”. Há ligação entre Economia e Direito também na análise: • dos princípios gerais da atividade econômica; • dá política urbana, agrícola e fundiária; • do Sistema Financeiro Nacional; • das políticas monetária, de crédito, cambial e de comércio exterior; Os governos também criam normas jurídicas que protejam o meio ambiente, como o Protocolo de Quioto. As normas jurídicas buscam regularizar as atividades econômicas buscando tornar os mercados mais eficientes e melhor qualidade de vida para a população como um todo. Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 4 Introdução à Microeconomia Capítulo 4 Introdução à Microeconomia 4.1 Introdução A microeconomia ou teoria dos preços analisa a formação de preços de bens e serviços e de fatores de produçãoem mercados específicos. É o estudo do funcionamento da oferta e da demanda na formação do preço, predominando a visão de mercado como um todo. Abordagem econômica: • custos de oportunidade ou implícitos; • agentes da demanda; • empresa: capital, trabalho, terra e tecnologia; • empresário: sujeito da atividade econômica; • objeto: complexo de bens corpóreos e incorpóreos; • empresa: complexo de relações jurídicas que unem o sujeito ao objeto da atividade econômica. Capítulo 4 Introdução à Microeconomia 4.2 Pressupostos básicos da análise microeconômica 4.2.1 A hipótese coeteris paribus: ao analisar um mercado específico parte-se da hipótese de que tudo o mais permanece constante. 4.2.2 Papel dos preços relativos: são mais importantes os preços de um bem em relação aos demais do que os preços absolutos das mercadorias. 4.2.3 Objetivos da empresa: análise tradicional aponta para o princípio da racionalidade, a busca do empresário pela maximização dos lucros, mas outras correntes apontam para aumento da participação nas vendas do mercado ou maximização da margem sobre os custos de produção. Capítulo 4 Introdução à Microeconomia 4.3 Aplicações da análise microeconômica: preocupa-se em explicar como se determina o preço dos bens e serviços e dos fatores de produção. Também busca responder questões como: por que, quando o preço de um bem se eleva, a quantidade demandada desse bem deve cair, coeteris paribus? Para as empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes decisões: • política de preços da empresa; • previsões de demanda e faturamento; • previsões de custos de produção; • decisões ótimas de produção; • avaliação e elaboração de projetos de investimentos; • política de propaganda e publicidade; • localização da empresa; Capítulo 4 Introdução à Microeconomia • diferenciação de mercados; • avaliação de projetos de investimentos públicos; • efeitos de impostos sobre mercados específicos; • política de subsídios; • fixação de preços mínimos na agricultura; • fixação do salário mínimo; • controle de preços; • política salarial; • política de tarifas públicas; • política de preços públicos; • leis antitruste. 4.4 Divisão do estudo microeconômico 4.4.1 Análise da demanda: teoria da demanda divide-se em teoria do consumidor e teoria da demanda de mercado. Capítulo 4 Introdução à Microeconomia 4.4.2 Análise da oferta: teoria da oferta de um bem ou serviço subdivide-se em oferta da firma individual e oferta de mercado. Abordagens: • teoria da produção: analisa as relações entre quantidades físicas do produto e fatores de produção. • teoria dos custos de produção: incorpora quantidades físicas e preços dos insumos. 4.4.3 Análise das estruturas de mercado: determina-se preço e quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço, a partir da demanda e da oferta de mercado. Capítulo 4 Introdução à Microeconomia Estrutura dos bens e serviços: •concorrência perfeita; •concorrência imperfeita; •monopólio; •oligopólio. Estrutura do mercado de fatores de produção: •concorrência perfeita; •concorrência imperfeita; •monopsônio; •oligopsônio. Neste último, a busca de fatores produtivos é chamada demanda derivada. Capítulo 4 Introdução à Microeconomia 4.4.4 Teoria do equilíbrio geral: leva em conta inter-relações entre todos os mercados. • teoria do bem-estar: estuda como alcançar soluções socialmente eficientes para o problema de alocação ou distribuição dos recursos. • análise das imperfeições de mercado: situações nas quais os preços não são determinados isoladamente em cada mercado. • teoria do equilíbrio geral e teoria do consumidor são abstratas, pois utilizam modelos matemáticos de razoável grau de dificuldade. Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado 5.1 Introdução 5.1.1 Breve histórico: início da evolução do estudo da teoria microeconômica foi com a análise da demanda de bens e serviços. Utilidade: grau de satisfação do consumidor com os bens e serviços que podem ser adquiridos no mercado. Teoria do valor-utilidade: contrapõe-se à teoria do valor-trabalho, pressupondo que o valor de um bem se forma por sua demanda, sendo portanto subjetiva e leva em conta que o valor nasce da relação do homem com os objetos. Visão utilitarista: prepondera a soberania do consumidor. Valor de uso: utilidade que o produto representa o consumidor. Valor de troca: se forma pelo preço do mercado. Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado 5.1.2 Utilidade total e utilidade marginal Utilidade total: tende a aumentar quanto maior a quantidade consumida do bem ou serviço. Utilidade marginal: é a satisfação adicional obtida pelo consumo de mais uma unidade do bem, é decrescente, pois o consumidor vai perdendo a capacidade de percepção da utilidade. Ex: Paradoxo da água e do diamante. 5.2 Demanda de mercado 5.2.1 Conceito: quantidade de certo bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo. Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado 5.2.2 Relação entre quantidade procurada e preço do bem: a lei geral da demanda Lei geral da demanda: relação inversamente proporcional entre quantidade procurada e o preço do bem, que pode ser expressa pela curva ou escala de procura, revelando as preferências dos consumidores. Qd=f(P) Qd= quantidade procurada de determinado bem ou serviço, num dado período de tempo P= preço do bem ou serviço. Efeitos que causam a queda da quantidade demandada: • efeito substituição; • efeito renda. Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado 5.2.3 Outras variáveis que afetam a demanda de um bem • renda dos consumidores: bem normal, bens inferiores, bens superiores e bens de consumo saciado. • preços de outros bens e serviços: bens substitutos ou concorrentes e bens complementares. • hábitos e preferências dos consumidores. • outros fatores específicos: efeitos sazonais, localização, condições de crédito, etc. Demanda do bem X = f (preço X, preços dos bens substitutos do bem X, preço dos bens complementares do bem X, renda dos consumidores, preferências dos consumidores) Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado 5.2.4 Distinção entre demanda e quantidade demandada Demanda: escala ou curva que relaciona os possíveis preços a determinadas quantidades. Quantidade demandada: ponto específico da curva relacionando um preço a uma quantidade. 5.3 Oferta de mercado: várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo, dependendo de inúmeros fatores (preço, custo, fatores de produção, etc.). Q =f (P) 0 Q = quantidade ofertada de um bem ou serviço, num dado período 0 P= preço do bem ou serviço Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado Oferta do bem ou serviço= f (preço de X, custos dos fatores de produção, nível de conhecimento tecnológico, número de empresas no mercado) 5.3.1 Oferta e quantidade ofertada Oferta: escala. Quantidade ofertada: ponto específico da curva da oferta. O aumento no preço do bem provoca um aumento da quantidade ofertada, enquanto uma alteração nas outras variáveis desloca a oferta. 5.4 Equilíbrio de mercado 5.4.1 A lei da oferta e da procura: tendência ao equilíbrio A interação das curvas da demanda e de oferta determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço em um dado mercado. Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio teremos uma situação de escassez do produto. Se quantidadeofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio haverá excesso ou excedente de produção. Tendência natural: ocorre quando há competição tanto de consumidores como de ofertantes. 5.4.2 Deslocamento das curvas de demanda e oferta Há vários fatores que podem provocar o deslocamento das curvas de oferta e demanda, com evidentes mudanças no ponto de equilíbrio. Um deslocamento na curva de oferta afetará a quantidade de mercado e o preço de equilíbrio. Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado 5.5.2 Política de preços mínimos na agricultura: visa dar garantia de preços ao produtor agrícola, com o propósito de protegê- lo das flutuações dos preços no mercado. Quando os preços mínimos são superiores aos preços de mercado, o produtor prefere vender sua produção ao governo do preço fixado anteriormente, quanto a isso o governo pode estipular: • política de compras: comprar o excedente ao preço mínimo. • política de subsídios: pagar subsídio no preço. 5.5.3 Tabelamento: intervenção do governo no sistema de preços de mercado para coibir abusos por parte dos vendedores, controlar preços de bens de primeira necessidade ou refrear o processo inflacionário. Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado 5.6 Conceito de elasticidade: mede a sensibilidade ou reação do produto em relação às variações de preços e renda. 5.6.1 Elasticidade-preço da demanda: • Demanda elástica: quando a variação da quantidade demandada supera a variação do preço. • Demanda inelástica: ocorre quando uma variação percentual no preço provoca uma variação percentual relativamente menor nas quantidades procuradas. • Demanda de elasticidade-preço unitária: variações percentuais no preço e na quantidade são de mesma magnitude, porém, em sentido inverso. • Número puro: é fornecido pelo conceito de elasticidade. Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado Fatores que influenciam o grau de elasticidade-preço da demanda: • existência de bens substitutos; • essencialidade do bem; • importância do bem, quanto a seu gasto, no orçamento do consumidor. Formas de cálculo: • elasticidade num ponto específico: quando calculamos a elasticidade apenas para um dado preço e quantidade. • elasticidade no ponto médio: em vez de utilizar apenas um ponto, consideram-se as médias de preços e de quantidades em um dado trecho da demanda. Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado Relação entre receita total do produtor e o grau de elasticidade: • receita total do produtor: gasto total dos consumidores. A receita total para uma dada mercadoria é igual à quantidade vendida vezes seu preço unitário de venda. Dada uma variação no preço do produto pode acontecer com a receita total: • demanda elástica; • demanda inelástica; • demanda de elasticidade unitária. Incidência tributária e elasticidade-preço da demanda: • quanto mais inelástica for a demanda maior será a proporção do imposto repassada ao consumidor. • quanto mais elástica for a demanda, menor será a proporção repassada ao consumidor e maior a parcela paga pelo produtor. Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado 5.6.2 Elasticidade-renda da demanda O coeficiente de elasticidade-renda da demanda mede a variação percentual da quantidade da mercadoria comprada resultante de uma variação percentual na renda do consumidor. • bem inferior: quando a elasticidade-renda da demanda é negativa. • bem normal: quando a elasticidade-renda é positiva, mas menor que 1. • bem superior: quando a elasticidade-renda é positiva e maior que 1. Discussão na literatura econômica: deterioração dos termos de troca no comércio internacional. 5.6.3 Elasticidade-preço cruzada da demanda: mede a mudança percentual na quantidade demandada do bem quando se modifica percentualmente o preço de outro bem. Capítulo 5 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado • bens substitutos: elasticidade-preço cruzada da demanda é positiva. • bens complementares: elasticidade-preço cruzada da demanda é negativa. 5.6.4 Elasticidade-preço da oferta • resultado da elasticidade será positivo, pois a correlação entre preço e quantidade ofertada é direta. Quanto maior o preço, maior a quantidade disposta para se ofertar. • Pode ser calculada em um ponto específico ou em um ponto médio. • Corrente estruturalista: aponta a elasticidade da oferta de produtos agrícolas como principal causa da inflação. Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 6 Produção e Custos Capítulo 6 Produção e Custos I – Teoria da Produção 6.1 Introdução A teoria da produção e a teoria dos custos de produção constituem a teoria da oferta da firma individual, seus princípios são importantes para a análise dos preços, do emprego dos fatores e de sua alocação. As teorias servem de base para a análise das relações entre produção e custo de produção. Teoria da produção: preocupa-se com a relação técnica ou tecnológica entre a quantidade física de produtos (outputs) e de fatores de produção (inputs). Teoria dos custos de produção: relaciona a quantidade física de produtos com os preços dos fatores de produção. Capítulo 6 Produção e Custos 6.2 Conceitos básicos da teoria da produção 6.2.1 Produção: processo de transformação dos fatores adquiridos pela empresa em produtos para a venda no mercado. • processos de produção: intensivos em mão-de-obra, intensivos em capital ou intensivos em terra. • processo de produção simples: produção de um único produto. • processo de produção múltiplo: quando é mais de um produto. • eficiência do método: uso de menor quantidade de insumos para produzir uma quantidade equivalente de produtos. • eficiência econômica: é associada ao método de produção mais barato para produzir uma determinada quantidade de produto. Capítulo 6 Produção e Custos 6.2.2 Função de produção: relação que mostra quantidade física obtida do produto a partir da quantidade física utilizada dos fatores de produção em determinado período de tempo. q= f (N, K) N= quantidade utilizada de mão-de-obra; K= quantidade utilizada de capital. 6.2.3 Fatores fixos e fatores variáveis de produção > curto e longo prazos • fatores de produção variáveis: quantidades utilizadas variam quando se altera o volume da produção. • fatores de produção fixos: quantidades não muda quando a quantidade do produto varia. Capítulo 6 Produção e Custos Relações entre quantidade produzida e quantidade utilizada dos fatores: • curto prazo: período em que pelo menos um fator de produção se mantém fixo, na função de produção. • longo prazo: quando todos os fatores da função de produção são considerados variáveis. 6.3 Análise de curto prazo: a curto prazo, a quantidade produzida só depende de uma variação da quantidade usada do fator variável. 6.3.1 Conceitos de produto total, produtividade média e produtividade marginal • produto total: quantidade de produto obtido da utilização do fator variável, mantendo-se fixa a quantidade dos demais fatores. Capítulo 6 Produção e Custos • produtividade média do fator: resultado do quociente da quantidade total produzida pela quantidade utilizada desse fator. a) produtividade média da mão-de-obra= quantidade de produtos sobre/número de trabalhadores b) produtividade média do capital= quantidade de produto/quantidade de máquinas •produtividade marginal: a)Produtividade marginal de mão-de-obra= variação de produto/acréscimo de 1 unidade de capital b)Produtividade marginal do capital= variação de produto/acréscimo de 1 unidade de capital Capítulo 6 Produção e Custos No caso da agricultura: c) produtividade média da terra= quantidadeproduzida/área cultivada d) produtividade marginal da terra= variação de produto/acréscimo de 1 unidade de área cultivada 6.3.2 Lei dos rendimentos decrescentes: elevando-se a quantidade do fator variável, permanecendo fixa a quantidade dos demais fatores, a produção inicialmente aumentará a taxas crescentes; • e depois de certa quantidade do fator variável, continuará a crescer, mas a taxas decrescentes; • continuando o incremento da utilização do fator variável, a produção total chegará a um máximo, para então decrescer. Capítulo 6 Produção e Custos • A lei do rendimento crescente é um fenômeno de curto prazo, com pelo menos um insumo fixo. • desemprego disfarçado: agricultura de subsistência. 6.4 Análise de longo prazo: hipótese de que todos os fatores são variáveis. A suposição de que todos os fatores de produção variam dá origem aos conceitos de economias ou deseconomias de escala. q= f (N,K) 6.4.1 Economias de escala: resposta da quantidade produzida a uma variação da quantidade utilizada de todos os fatores de produção. a) rendimentos crescentes de escala: quanto a variação na quantidade do produto total é mais do que proporcional à variação da quantidade dos fatores de produção. Capítulo 6 Produção e Custos Causas dos rendimentos crescentes de escala: • maior especialização no trabalho; • existência de indivisibilidades entre os fatores de produção. b) rendimentos constantes de escala: quando a variação do produto total é proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de produção. c) rendimentos decrescentes de escala: quando a variação do produto é menos do que proporcional à variação da utilização dos fatores. Pode ocorrer uma descentralização das decisões que faça com que o aumento de produção não compense o investimento feito. Capítulo 6 Produção e Custos I – Custos de Produção 6.5 Introdução O objetivo básico de uma firma é maximizar os resultados quanto da realização da atividade produtiva, podendo ser conseguida quando for alcançada a: • maximização da produção para um dado custo total; ou • maximização do custo total para um dado nível de produção. Equilíbrio da firma: situação de maximização dos resultados. 6.6 Custos totais de produção: total das despesas realizadas pela firma a partir da combinação mais econômica dos fatores que resultará em determinada quantidade de produto. Capítulo 6 Produção e Custos • custos variáveis totais (CVT): parcela dos custos totais, que dependem da produção e por isso muda com a variação do volume de produção. Representam as despesas realizadas com os fatores variáveis de produção (custos diretos). • custos fixos totais (CFT): parcela dos custos totais que independe da produção, decorrentes dos gastos com fatores fixos de produção (custos indiretos). Divisão da análise dos custos de produção: • custos totais de curto prazo: compostos por parcelas de custos fixos e de custos variáveis; • custos totais de longo prazo: formados somente por custos variáveis. Capítulo 6 Produção e Custos 6.6.1 Custos de curto prazo Custos Médios e Marginais: • custo total médio: é obtido por meio do quociente entre o custo total e a quantidade produzida. • custo variável médio: é o quociente entre o custo variável total e quantidadeproduzida. • custo fixo médio: é o quociente entre o custo fixo total e a quantidade produzida. • custo marginal: é dado pela variação do custo total em resposta a uma variação da quantidade produzida. Capítulo 6 Produção e Custos Lei dos custos crescentes: lei da teoria dos rendimentos decrescentes, da teoria da produção, aplicada à teoria dos custos da produção. 6.6.2 Custos de longo prazo: o comportamento do custo total e do custo médio de longo prazo está ligado ao tamanho ou dimensão da planta escolhida para operar em longo prazo. 6.7 Diferenças entre a visão econômica e a visão contábil- financeira dos custos de produção: 6.7.1 Custos de oportunidade versus custos contábeis: • custos contábeis: custos explícitos, que envolvem dispêndio monetário; • custos de oportunidade: custos implícitos, relativos aos insumos que pertencem à empresa e que não envolvem desembolso monetário. Capítulo 6 Produção e Custos 6.7.2 Custos privados e custos sociais: as externalidades ou economias externas • Externalidades: alterações de custos e benefícios para a sociedade derivadas da produção das empresas ou das alterações de custos e receitas de fatores externos. • Externalidade positiva: quando uma unidade econômica cria benefícios para outras, sem receber pagamento por isso. • Externalidade negativa: quando uma unidade econômica cria custos para outras, sem pagar por isso. • Ótica privada: custos efetivos como mão-de-obra, materiais, etc. • Ótica social: externalidades provocadas pelo empreendimento. Capítulo 6 Produção e Custos 6.7 Custos versus despesas Custos: gastos associados ao processo de fabricação de produtos. • custos diretos: custos variáveis; • custos indiretos: custos fixos. Despesas: associadas ao exercício social e alocadas para o resulta do geral do período. Conceito fixos também engloba as despesas financeiras, comerciais e administrativas. Exceção: teoria da organização industrial. Capítulo 6 Produção e Custos III – Maximização dos Lucros 6.8 Maximização do lucro total: no curto ou no médio prazo. Lucro total= receita total de vendas – custo total de produção Maximização do lucro em um nível de produção que: • RMg da última unidade produzida = CMg da última unidade produzida 6.9 Conceitos de lucro normal e lucro extraordinário: ganho alternativo que os proprietários aufeririam se empregassem o capital em outra atividade ou aplicação. Capítulo 6 Produção e Custos Conceitos: • lucro contábil: diferença entre receita e custos efetivamente incorridos; • lucro normal: custo de oportunidade de capital; • lucro extraordinário: diferença entre receita e total dos custos contábeis e custos de oportunidade. 6.10 O conceito de break-even point: ponto de equilíbrio representa o nível de produção em que a receita total é igual ao custo total e a partir do qual a empresa passa a gerar lucros. Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 7 Estruturas de mercado Capítulo 7 Estruturas de Mercado 7.1 Introdução As estruturas de mercado dependem de três características: • número de empresas que compõem esse mercado; • tipo do produto: idênticos ou diferenciados; • se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado. 7.2 Concorrência pura ou perfeita: tipo de mercado em que há grande número de vendedores que uma empresa isoladamente não afeta a oferta do mercado, nem seu equilíbrio, elas são apenas tomadores de preços. • mercado atomizado; • produtos homogêneos; • não existem barreiras para novas empresa; • transparência do mercado. Capítulo 7 Estruturas de Mercado 7.3 Monopólio Mercado monopolista: apresenta condições opostas às da concorrência perfeita, não há concorrência, nem produto concorrente. Barreiras para novas empresas: • monopólio puro ou natural; • patentes; • controle de matérias-primas básicas; • monopólio estatal; Os lucros extraordinários devem persistir também no longo prazo em mercados monopolizados. Capítulo 7 Estruturas de Mercado 7.4 Oligopólio: estrutura formada por pequeno número de empresas que dominam a oferta de mercado. • cartel: organização de produtores dentro de um setor que determina política de preços para todas as empresas que a ela pertencem; • liderança de preços: empresas líderes e empresas satélites. • oligopólioscom produtos diferenciados; • oligopólios com produtos homogêneos; • objetivos: na teoria marginalista é a maximização de lucros e na teoria da organização industrial é maximizar o Mark-up. Mark-up= receita de vendas – custos diretos Capítulo 7 Estruturas de Mercado Preço calculado no modelo de mark-up: p= (1+m)C Taxa de mark-up: fixada de forma a cobrir custos diretos e custos fixos e atender a carta taxa de rentabilidade desejada pelos acionistas. Teoria: as empresas não conseguem prever a demanda por seu produto e, portanto, suas receitas, mas conhecem bem seus custos. Elas fixam preços a partir de uma base mais objetiva, nos seus custos. 7.5 Concorrência monopolística: estrutura de mercado intermediária entre concorrência perfeita e monopólio. Características: • número relativamente grande de empresas com certo poder de concorrência, porém com segmentos de mercados e produtos diferenciados; • margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma vez que existem produtos substitutos no mercado. Capítulo 7 Estruturas de Mercado 7.6 Estruturas do mercado de fatores de produção: mão-de- obra, capital, terra e tecnologia, apresenta diferentes estruturas e possui demanda derivada. 7.6.1 Concorrência perfeita no mercado de fatores: mercado cuja oferta do fator de produção é abundante, tornando o preço desse fator constante. 7.6.2 Monopólio no mercado da fatores: quando há um monopolista na venda de insumos. 7.6.3 Oligopólio no mercado de fatores: quando poucas empresas produzem um determinado insumo. 7.6.4 Monopsônio: forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos vendedores dos serviços dos insumos. Capítulo 7 Estruturas de Mercado 7.6.5 Oligopsônio: mercado em que há poucos copradores negociando com muitos vendedores na compra de insumos. 7.6.6 Monopólio bilateral: quando um monopsonista, defronta com um monopolista na venda de um fator de produção. 7.7 Grau de concentração econômica no Brasil: para verificar o grau calcula-se a proporção do faturamento das quatro maiores empresas de cada ramo de atividade sobre o total faturado no ramo respectivo. Quanto mais próximo de 100%, maior o grau de concentração do setor. 7.8 A ação governamentale e os abusos do poder: Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência é constituído de órgãos (Cade, SDE, SEAE) que julgam processos administrativos relativos a abusos de poder econômico e analisa fusões de empresas. Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 8 Introdução à Macroeconomia Capítulo 8 Introdução à Macroeconomia 8.1 Introdução Macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento de grandes agregados, como renda e produtos nacionais, nível geral de preços, desemprego e emprego, etc. Ela trata o mercado de bens e serviços como um todo, assim como o mercado de trabalho, e preocupa-se com aspectos de curto prazo ou conjunturais. 8.2 Objetivos de política macroeconômica: 8.2.1 Alto nível de emprego: preocupação com o fator surge após a Grande Depressão, com o teórico Keynes, pois antes predominava o pensamento liberal. 8.2.2 Estabilidade de preços: inflação é o aumento contínuo e generalizado do nível geral dos preços. Capítulo 8 Introdução à Macroeconomia 8.2.3 Distribuição eqüitativa de renda: disparidade acentuada no nível de renda brasileiro, tanto entre diferentes grupos socioeconômicos como entre regiões do país. 8.2.4 Crescimento econômico: aumento do produto nacional por meio de políticas econômicas que estimulem a atividade produtiva. Aumentar o produto além do limite de quantidade exigirá: • ou um aumento nos recursos disponíveis; • ou um avanço tecnológico. 8.2.5 Dilemas de política econômica: inter-relações e conflitos de objetivos Conflitos: metas de crescimento e eqüidade distributiva devido ao fator educacional, com maioria da mão-de-obra de baixa qualificação e baixos rendimentos. Capítulo 8 Introdução à Macroeconomia 8.3 Instrumentos de política macroeconômica: 8.3.1 Política fiscal: instrumentos que o governo usa para arrecadar tributos e controlar suas despesas, por meio da manipulação da estrutura e alíquotas de impostos, para estimular os gastos de consumo do setor privado. Princípio de anterioridade: implementação de uma medida só pode ocorrer a partir do ano seguinte ao de sua aprovação pelo Congresso Nacional. 8.3.2 Política monetária: atuação do governo sobre a quantidade de moeda e títulos públicos na economia. • emissões; • reservas compulsórias; • open market; • redescontos; • regulamentação sobre crédito e taxas de juros. Capítulo 8 Introdução à Macroeconomia 8.3.3 Políticas cambial e comercial: Cambial: atuação do governo sobre a taxa de câmbio; Comercial: instrumentos de incentivos às exportações e/ou estímulo/desestímulo às importações. 8.3.4 Política de rendas: intervenção direta do governo na formação de renda com o controle e congelamento de preços. 8.4 Estrutura de análise macroeconômica: 8.4.1 Mercado de bens e serviços: demanda agregada depende da evolução da demanda dos quatro grandes setores: • consumidores; • empresas; • governo; • setor externo. Capítulo 8 Introdução à Macroeconomia Condição de equilíbrio de mercado: Oferta agregada de bens/serviços= demanda agregada de bens/serviços Variáveis: • nível de renda e produto nacional; • nível de preços; • consumo agregado; • poupança agregada; • investimentos agregados; • exportações totais; • importações totais. 8.4.2 Mercado de trabalho: determina as taxas de salário e nível geral de emprego. A demanda e a procura por mão-de-obra depende da taxa de salário real e do nível de produção desejado pelas empresas. Oferta de mão-de-obra= demanda de mão-de-obra Capítulo 8 Introdução à Macroeconomia 8.4.3 Mercado monetário: existência de uma demanda de moeda e de uma oferta de moeda, determinada pelo BC e pela atuação dos bancos comerciais. Oferta de moeda= demanda de moeda Variáveis desse mercado: • taxa de juros; • estoque de moeda. 8.4.4 Mercado de títulos: análise do papel de agentes econômicos superavitários e deficitários e como eles se interagem. Oferta de títulos = demanda de títulos Análise do mercado monetário e de títulos é chamado de mercado financeiro. Capítulo 8 Introdução à Macroeconomia 8.4.4 Mercado de divisas: devido as transações econômicas com o resto do mundo. Oferta de divisa: depende das exportações e da entrada de capitais financeiros. Demanda da divisa: determinada pelo volume de importações e saída de capital financeiro. Oferta de divisas = demanda de divisas Banco Central: pode interferir nesse mercado a partir de taxas de câmbio e da taxa de equilíbrio. Variáveis determinadas institucionalmente: gastos do governo e oferta de moeda. Capítulo 8 Introdução à Macroeconomia Mercado de capitais físicos: está embutido no mercado de bens e serviços por meio dos investimentos e da poupança. Mercado de capitais financeiros: estudo a partir do mercado monetário e de títulos. Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 9 Contabilidade Social Capítulo 9 Contabilidade Social 9.1 Introdução Contabilidade social: relativa à medição dos agregados econômicos nacionais, trata-se do registro contábil da atividade produtiva de um país ao longo de um dado período de tempo. 9.1.1 Sistemas de contabilidade social: sistema de contas nacionais e a matriz de relações intersetoriais. 9.1.2 Sistema de contas nacionais: usa o método tradicionaldas partidas dobradas, discriminando transações dos grandes agentes macroeconômicos, cada um representado por uma conta específica. Mede-se nele as transações com bens e serviços finais. 9.1.3 Matriz de relações intersetoriais: inclui transações intermediárias, permitindo analisar também as relações econômicas entre os vários setores de atividade, fornecendo informações completas ao exigir dados mais detalhados. Capítulo 9 Contabilidade Social 9.2 Princípios básicos das contas nacionais • consideram-se apenas as transações com bens e serviços finais; • mede-se apenas a produção corrente do próprio período; • as transações se referem a um fluxo; • a moeda é neutra; • não são considerados os valores das transações puramente financeiras. 9.3 Economia a dois setores: famílias e empresas 9.3.1 O fluxo circular de renda: análise da ótica do produto e da despesa e da renda: quantificação do fluxo para avaliar o desempenho da economia no período: • ótica do produto: produção e vendas de bens/serviços finais na economia; • ótica da renda: renda gerada no processo de produção que vem a ser a remuneração dos fatores de produção. Capítulo 9 Contabilidade Social Produto Nacional (PN): valor de todos os bens e serviços finais, medidos a preços de mercado, produzidos num dado período de tempo. Despesa Nacional (DN): gasto dos agentes econômicos com o produto nacional. Revela quais são os setores compradores do produto nacional. Renda Nacional )RN): soma dos rendimentos pagos aos fatores de produção no período. Valor adicionado: aquele adicionado ao produto em cada estágio de produção, somando o valor adicionado em cada estágio de produção, chegaremos ao produto final da economia. valor adicionado = valor bruto da produção – compra de bens e serviços intermediários Capítulo 9 Contabilidade Social 9.3.2 Formação de capital: poupança, investimento e depreciação Poupança agregada: é a parcela da renda nacional não consumida no período, que é S=RN – C. Investimento agregado: gasto com bens produzidos, mas não consumidos no período, e que aumentam a capacidade produtiva da economia nos períodos seguintes. Investimento total = investimentos em bens de capital + variação de estoques Bens de capitais nas contas nacionais: formação bruta de capital fixo. Investimento em ativos de segunda mão não entra como investimento agregado. Capítulo 9 Contabilidade Social Depreciação: desgaste do equipamento de capital da economia num dado período. investimento líquido = investimento bruto – depreciação produto nacional líquido = produto nacional bruto – depreciação 9.4 Economia a três setores: agregados relacionados ao setor público: União, Estados e Municípios. 9.4.1 Receita fiscal do governo: • impostos indiretos: incidem sobre bens e serviços; • impostos diretos: incidem sobre pessoas físicas e jurídicas; • contribuições à previdência social; • outras receitas: taxas, multas, pedágios, aluguéis. Capítulo 9 Contabilidade Social 9.4.2 Gastos do governo: • gastos dos ministérios e autarquias, cujas receitas provêm de dotações orçamentárias. O produto gerado pelo governo é médio por suas despesas correntes e despesas de capital. • gastos das empresas públicas e sociedades de economia mista: receita advêm da venda de bens e serviços no mercado, são consideradas dentro do setor de produção com empresas privados e não como governo. • gastos com transferências e subsídios: considerados como transferências, não são computados como parte da renda nacional, pois representam apenas uma transferência financeira do setor público ao setor privado. Capítulo 9 Contabilidade Social 9.4.3 Superávit ou déficit público: quando a arrecadação supera o total dos gastos públicos ou quando os gastos superam a arrecadação. • superávit/déficit primário; • superávit ou déficit total/nominal: juros nominais; • superávit ou déficit operacional: juros reais. 9.4.4 Renda nacional a custo de fatores e produto nacional a preço de mercado: impostos está incorporado no valor do produto, quando ele é essencial o governo pode subsidiar o preço. • custos de fatores: o que a empresa paga aos fatores de produção, salários, juros, aluguéis e lucros; • preço de mercado: preço final pago pela venda, adiciona ao custo de fatores de produção os impostos indiretos e subtrai os subsídios. PNL a preços de mercado = RNL a custo de fatores+ impostos diretos+subsídios Capítulo 9 Contabilidade Social 9.4.5 Renda pessoal disponível: mede quanto da renda gerada no processo econômico fica em poder das família. Renda pessoal disponível = RNLcf – lucros retidos – impostos retidos – contribuições previdenciárias – outras receitas correntes do governo + transferências do governo às famílias 9.4.6 Carga tributária bruta e líquida: total da arrecadação fiscal do governo. Carga tributária líquida = carga tributária bruta – transferências e subsídios do governo ao setor privado 9.5 Economia a quatro setores: agregados relacionados ao setor externo Capítulo 9 Contabilidade Social 9.5.1 Exportações e importações: compra pelos estrangeiros, de mercadorias produzidas por empresas que pertencem ao nosso país; e despesas que fazemos com produtos estrangeiros. 9.5.2 Produto interno bruto, produto nacional bruto e renda líquida do exterior PIB – somatório de todos os bens e serviços produzidos dentro do território nacional num dado período. PNB = PIB + renda recebida no exterior – renda enviada ao exterior PNB = PIB + Renda Líquida do Exterior (RLE). Capítulo 9 Contabilidade Social 9.6 PIB nominal e PIB real 9.6.1 PIB nominal: é medido a preços correntes do próprio ano. 9.6.2 PIB real: mede o crescimento do produto físico pressupondo que os preços foram constantes no período. 9.7 O PIB como medida do bem-estar: • não registra a economia informal; • não considera os custos sociais derivados do crescimento econômico (poluição, piora do meio ambiente, etc.); • não considera diferenças na distribuição de renda entre os vários grupos da sociedade. 9.8 PIB em dólares: usado para comparações internacionais, dólar PPP, criado pela ONU, representa a paridade do poder de compra. 0 Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 10 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços Capítulo 10 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços 10.1 Introdução A partir da crise de 29, a economia sofreu mudanças com as teorias de Keynes, cuja base se assenta no pressuposto de que é necessária a intervenção do governo para regular a atividade econômica. Teoria de determinação do equilíbrio da renda nacional: se divide em lado real e lado monetário. 10.2 Hipóteses do modelo básico 10.2.1 Economia com desemprego de recursos: a economia deve estar em equilíbrio abaixo do pleno emprego, produzindo abaixo de seu potencial. 10.2.2 Nível geral de preços constante: as empresas, estimuladas por um aumento da demanda, procuram elevar a produção e não os preços, porque têm capacidade ociosa. Capítulo 10 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços 10.2.3 Curto prazo: análise da teoria de determinação da renda no curto prazo. 10.2.4 Oferta agregada potencial fixada a curto prazo: valor total da produção de bens/serviços finais à disposição da coletividade num dado período. Ela varia em função da disponibilidade de fatores de produção. • Oferta agregada potencial: produção máxima da economia; • Oferta agregada efetiva: produção que está sendo efetivamente colocada no mercado, o que pode ocorrersem que os fatores de produção estejam sendo plenamente empregados. 10.2.5 Princípio da demanda efetiva (DA): soma dos gastos planejados dos quatro agentes macroeconômicos: despesas das famílias com bens de consumo (C), gastos das empresas com investimentos (I), gastos do governo e despesas líquidas do setor externo (X – M). DA = C+I+G+(X – M) Capítulo 10 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços Princípio da demanda efetiva: as alterações do nível de equilíbrio da renda e do produto nacional devem-se exclusivamente às variações da demanda agregada de bens e serviços. 10.3 O equilíbrio macroeconômico 10.3.1 Análise gráfica: o diagrama pode ilustrar a situação de equilíbrio utilizando o nível geral de preços e produto real. Produto real = produto nominal/ nível geral de preços Formado da curva de oferta agregada depende da hipótese sobre o nível de produto corrente da economia: • economia com desemprego de recurso; • economia com pleno emprego de recurso; • economia com alguns setores em desemprego e outros em pleno desemprego. Capítulo 10 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços 10.4 Comportamento dos agregados macroeconômicos no mercado de bens e serviços 10.4.1 Consumo agregado: é influenciado por fatores como renda nacional, estoque de riqueza, taxa de juros de mercado, etc. C = f (RND) C= consumo agregado; RND= renda nacional disponível. Propensão marginal a consumir: Propensão marginal a consumir = variação no consumo agregado/ variação na renda nacional disponível seus recursos em aplicações financeiras. Capítulo 10 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços 10.4.2 Poupança agregada: parte residual da renda nacional disponível. S= f(RND) S= poupança agregada; RND= renda nacional disponível. Propensão marginal a poupar: relação entre variação da poupança e variação da renda disponível. 10.4.3 Investimento agregado: acréscimo ao estoque de capital que leva ao conhecimento da capacidade produtiva, podendo ser interpretado sob dois ângulos. • no curto prazo: investimento afeta apenas a demanda agregada. • no longo prazo: afeta produção e oferta agregada. Capítulo 10 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços Taxa de rentabilidade esperada: é calculada a partir da estimativa do retorno líquido esperado pela aquisição do bem de capital. • O investimento tem uma relação inversamente proporcional com as taxas de juros de mercado. Para tomar decisões sobre as despesas de investimento, o empresário compara, então, as duas taxas: • se a taxa de retorno supera a taxa de juros de mercado, ele investirá na compra de bens de capital; • se a taxa de retorno for inferior à taxa de juros de mercado, ele não investirá, preferindo direcionar seus recursos em aplicações financeiras. Disponibilidade de fundos de longo prazo também podem afetar a demanda de investimentos. Capítulo 10 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços 10.5 Vazamentos e Injeções de Renda Nacional • fluxo básico de renda: o que se estabelece entre famílias (proprietários dos fatores de produção) e empresas (unidades produtoras), o nível de renda nacional dependerá de vazamentos e injeções nesse fluxo. • vazamento de rendas: ocorre quando parcel da renda recebida pelas famílias não é gasta com as empresas nacionais. vazamentos = poupança agregada + total de impostos + importações • injeções de renda: recursos injetados no fluxo básico. injeções = investimento agregado + gastos públicos + exportações Capítulo 10 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços 10.6 O multiplicador keynesiano de gastos: mostra que se a economia estiver com recursos desempregados, um aumento na demanda agregada provocará o aumento da renda nacional mais que proporcional ao aumento da demanda. Ele é expresso genericamente por: k = variação da renda nacional/ variação da demanda agregada Mais conhecidos: kI = variação da renda nacional/ variação dos gastos de investimentos kG = variação da renda nacional/ variação dos gastos do governo Capítulo 10 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços 10.7 Política fiscal, inflação e desemprego 10.7.1 Economia com desemprego de recursos: insuficiência da demanda agregado e relação à produção de pleno emprego. Instrumentos de política fiscal: • aumento dos gastos públicos; • diminuição da carga tributária; • subsídios e estímulos às exportações; • tarifas e barreiras às importações. Teorema do orçamento equilibrado: em uma situação de desemprego, se os gastos públicos forem elevados no mesmo montante da arrecadação fiscal, a renda nacional aumentará nesse mesmo montante. Aumento dos gastos públicos = aumento da tributação = aumento da renda nacional Capítulo 10 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços 10.7.2 Economia com inflação: quando a demanda agregada de bens e serviços supera a capacidade produtiva da economia. Instrumentos de política fiscal: • diminuição dos gastos públicos; • elevação da carga tributária sobre bens de consumo, desestimulando gastos em consumo; • elevação das importações, pela redução de tarifas e barreiras. Inflação de custos: produção abaixo do pleno emprego. Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário 11.1 Conceito de Moeda: objeto aceito pela coletividade para intermediar as transações econômicas para o pagamento de bens e serviços. Economia de trocas: necessidade de dupla coincidência de desejos. Moeda mercadoria: forma mais primitiva de moeda na economia. Moeda metálica: originou-se da função de moeda dada aos metais preciosos e, depois, pela implementação da “cunhagem” da moeda. Papel-moeda: origem na moeda-papel, quando pessoas tinham ouro e guardavam em casas especiais que emitiam um certificado de depósito. Bancos comerciais privados: bancos passaram a emitir notas e recibos bancários que circulavam como moeda, dando origem ao papel-moeda. Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário Padrão-ouro: emissão do papel-moeda lastreado em ouro, que acabou se tornando um obstáculo para a expansão das economias nacionais e comércio internacional. Moeda de curso-forçado: a partir de 1920, a emissão de moeda passou a ser livre. Bretton Woods (1944): regime de moeda lastreada, na qual o dólar americano passa a ser moeda internacional respeitando o padrão-ouro. Em 1971, foi suspenso o padrão-ouro e quase todas as moedas nacionais do mundo passaram a ser fiduciárias. 11.2 Funções e tipos de moeda • instrumento ou meio de trocas; • denominador comum monetário; • reserva de valor. Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário 11.2.1 Tipos de moeda: • moedas metálicas; • papel-moeda; • moeda escritural ou bancária. As duas primeiras são denominadas moedas manuais, por estarem em poder do público. 11.3 Oferta da moeda: suprimento de moeda para atender às necessidades da coletividade. 11.3.1 Conceito de meios de pagamento: total de moeda à disposição do setor privado não bancário, de liquidez imediata. Liquidez: capacidade da moeda de ser um ativo prontamente disponível e aceito para diversas transações. Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário Os meios de pagamento são dados, tradicionalmente, pela soma da moeda em poder público mais os depósitos à vista nos bancos comerciais:meios de pagamento = moeda em poder público + depósitos à vista nos bancos comerciais Desmonetização da Economia: diminuição da quantidade de moeda sobre o total de ativos financeiros decorrente de as pessoas procurar e se defender da inflação com aplicações financeiras que rendem juros. Monetização da Economia: com inflação baixa, as pessoas mantêm mais moeda que não rende juros em relação aos demais ativos financeiros. Grau de monetização ou desmonetização: M1/M4 Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário Criação e Destruição de Moeda: se devem, respectivamente, devido o aumento do volume de meios de pagamento ou quando se faz uma redução dos meios de pagamento. 11.3.2 Oferta de Moeda pelo Banco Central: o BC regula o montante de moeda, crédito, taxas de juros e câmbio, de forma compatível com o nível de atividade econômica e o equilíbrio do balanço de pagamentos. Suas funções clássicas: • execução da política monetária; • banco emissor; • banco dos bancos; • banco do governo; • controle e regulamentação da oferta de moeda; • execução da política cambial e administração do câmbio; • fiscalização das instituições financeiras. Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário Instrumentos de política monetária: • controle das emissões; • depósitos compulsórios ou reservas obrigatórias; • operações com mercado aberto; • operações de redesconto. O BC afeta o fluxo da moeda pela regulamentação desta e do crédito. 11.3.3 Oferta de moeda pelos bancos comerciais. O multiplicador monetário: parte dos depósitos à vista e compulsórios são guardados pelos bancos comerciais, o restante pode ser emprestado a seus clientes. Multiplicador de base monetária: a base é a soma da moeda em poder do público e das reservas bancárias. Fórmula: m=saldo dos meios de pagamento/saldo da base monetária. Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário 11.4 Demanda de moeda: quantidade de moeda que o setor privado não bancário retém, em média, seja com o público ou no cofre das empresas ou em depósitos nos bancos comerciais. Razões pelas quais se retém moeda: • demanda de moeda para transações; • demanda de moeda por precaução; • demanda de moeda por especulação. 11.5 O papel das taxas de juros 11.5.1 Taxa de juros nominal e taxa de juros real: medem, respectivamente, o preço pago a poupador por suas decisões de poupar; e mede o retorno de uma aplicação em termos de quantidades de bens. Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário 11.6 Moeda, nível de atividade e inflação: interligação entre o lado real e o lado monetário da economia 11.6.1 Teoria quantitativa da moeda: relação entre volume de moeda e lado real da economia. Velocidade-renda da moeda: número de vezes que o estoque de moeda passa de mão em mão, em certo período, gerando produção e renda. V = PIB nominal/ saldo dos meios de pagamento Teoria quantitativa de moeda: MV = nível geral de preços x nível de renda nacional Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário 11.6.2 Moeda e políticas de expansão do nível de atividade Instrumentos para promover a política monetária expansionista: • reduzir taxa de juros básica; • aumentar as emissões de moeda, na medida das necessidades dos agentes econômicos; • diminuir a taxa do compulsório; • recomprar títulos políticos no mercado; • diminuir a regulamentação no mercado de crédito. Elasticidade dos investimentos em relação às taxas de juros: resposta dos investimentos em relação à taxa de juros de mercado. 11.6.3 A relação entre a oferta monetária e o processo inflacionário: política antiinflacionária deve centrar-se mais no controle da demanda agregada. Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário Instrumentos recomendados de política monetária seriam dirigidos no sentido de “enxugar” os meios de pagamento: • aumento da taxa de juros básica (Selic); • controle das emissões pelo Banco Central; • venda de títulos públicos, retirando moeda de circulação; • elevação da taxa sobre as reservas compulsórias; • alteração das normas e regulamentação da concessão de créditos. 11.6.4 Eficácia das políticas monetária e fiscal: pode ser avaliada a partir de sua velocidade de implementação, pelo grau de intervenção na economia e pela importância relativa das taxas de juros e do multiplicador keynesiano. Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário Influência do papel da taxa de juros e do multiplicador keynesiano: a)Quanto maior a sensibilidade dos investimentos em relação à taxa de juros, maior a eficácia da política monetária. b)Quanto maior a sensibilidade da demanda especulativa relativamente à taxa de juros, menor a eficácia. c)Quanto maior o valor do multiplicador keynesiano de gastos, maior eficácia da política fiscal. 11.7 Sistema financeiro: deve ser forte e bem diversificado para atrair poupanças nacionais e estrangeiras. 11.7.1 Segmentos do sistema financeiro: Mercado monetário: são feitas operações de curto prazo com a finalidade de suprir as necessidades de caixa dos diversos agentes econômicos. Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário Mercado de Crédito: são atendidas as necessidades de recursos de curto, médio e longo prazo, principalmente oriundas da demanda de crédito para aquisição de bens de consumo duráveis e da demanda de capital de giro das empresas. Mercado de Capitais: segmento que supre exigências de recursos de médio e de longo prazos, com vistas à realização de investimentos em capital. São típicos desse mercado os derivativos. Mercado Cambial: compra e venda de moeda estrangeira, para atender a diversas finalidades. Mercado de Seguros, Capitalização e Previdência Privada: são coletados recursos financeiros ou poupanças destinados à cobertura de finalidades específicas. Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário Mercados Primários e Secundários: são, respectivamente, aqueles em que se realiza primeira compra/venda de um ativo recém-emitido e aqueles que negociam ativos financeiros já negociados anteriormente. Mercados à Vista, Futuros e Opções: • à vista: negociam apenas ativos com preços à vista; • futuros: negociam os preços esperados de certos ativos e mercadorias para certa data futura; • de opções: negociam opções de compra/venda de determinados ativos em data futura. Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 12 O Setor Externo Capítulo 12 O Setor Externo 12.1 Introdução O mundo se encontra crescentemente interligado, seja por fluxos comerciais ou financeiros. Costuma-se dividir as questões teóricas da Economia internacional em: aspectos microeconômicos e os aspectos macroeconômicos. 12.2 Fundamentos do comércio internacional: a teoria das vantagens comparativas Princípio das vantagens comparativas: sugere que cada país deva se especializar na produção da mercadoria em que é relativamente mais eficiente. Ele deve importar bens cuja produção implicar custos relativamente maior. Assim, os países podem concretizar trocas. Limitações: relativamente estática, não levando em consideração a evolução das estruturas da oferta e da demanda, ou das relações de preço entre produtos negociados no mercado internacional. Capítulo 12 O Setor Externo 12.3 Determinação da taxa de câmbio 12.3.1 Conceito: medida de conversão da moeda nacional em moeda de outros países. Sua determinação pode ser: • institucional: pela decisão de autoridades econômicas com taxas fixas de câmbio. • funcionamentodo mercado: taxas de flutuantes em decorrência das pressões de oferta e demanda de divisas estrangeiras. Demanda de divisas: constituída pelos importadores, que precisam delas para pagar suas compras no exterior. Oferta de divisas: realizada pelos exportadores, que recebem moeda estrangeira, como pela entrada de capitais financeiros internacionais (turistas, etc.). Capítulo 12 O Setor Externo Desvalorização cambial: aumento da taxa de câmbio; Valorização cambial: queda na taxa de câmbio. Taxa de câmbio é interligada aos preços dos produtos exportados e importados e também a balança comercial. 12.3.2 Taxa de câmbio e inflação Valorização cambial e inflação: a primeira permite ancorar os preços internos e reduzir a taxa de inflação. Desvalorização cambial e inflação: efeito contrário ao anterior. Efeito da elevação da inflação interna sobre a taxa de câmbio: pode gerar um círculo vicioso. Capítulo 12 O Setor Externo Valorização real e valorização nominal do câmbio: o primeiro é igual à valorização nominal, menos a taxa de inflação do período. Competitividade no comércio exterior: deve ser avaliados a partir do câmbio real. 12.4 Políticas externas 12.4.1 Política cambial: dependem do tipo de regime cambial adotado pelo país. Regime de taxas fixas de câmbio: foi adotado por países com elevadas taxas de inflação, nos anos 80 e 90, para não haver elevação dos produtos importados de acordo com as variações cambiais. Regime de taxas flutuantes ou flexíveis de câmbio: determinada pelo mercado de divisas, permitindo a defesa das reservas cambiais. Capítulo 12 O Setor Externo Flutuação suja: mesmo dentro do regime flutuante o Banco Central interfere indiretamente na determinação da taxa de câmbio, por meio da compra e venda de divisas no mercado. 12.4 Política comercial: • alterações das tarifas sobre importações; • regulamentação do comércio exterior. 12.5 Fatores determinantes do comportamento das exportações e importações 12.5.1 Exportações: são influenciadas por diversas variáveis. • preços externos em dólares; • preços internos em reais; • taxa de câmbio; • renda mundial; • subsídios e incentivos às exportações. Capítulo 12 O Setor Externo 12.5.2 Importações: principais fatores determinantes. • preços externos em dólares; • preços internos em reais; • taxa de câmbio; • renda e produto nacional; • tarifas e barreiras às importações. 12.6 A estrutura do balanço de pagamentos: registro estatístico- contábil de todas as transações econômicas realizadas entre os residentes de um país com os residentes dos demais países. Transações da conta Haveres e Obrigações no Exterior: • divisas; • ouro monetário; • direitos especiais de saque. Capítulo 12 O Setor Externo Divisões do balanço de pagamentos: • balança comercial; • balanço de serviços e rendas; • transferências unilaterais correntes; • balanço de transações correntes; • conta capital e financeira: contrapartidas financeiras das exportações e importações de mercados e serviços, exceto de transferências unilaterais; e transações financeiras puras. Erros e omissões: diferença entre saldo do balanço de pagamentos e o financiamento do resultado. 12.7 O balanço de pagamentos no Brasil: o país apresentava balança comercial superavitária, historicamente, mas um balanço de serviços e rendas deficitário, devido ao pagamento de juros da dívida externa e à remessa de lucros e pagamentos de fretes, seguros e royalties. Capítulo 12 O Setor Externo Após 2003, houve grande aumento de exportações principalmente de commodities para o Sudeste da Ásia e houve a entrada de capital financeiro associado à elevada taxa de juros do país, gerando saldo positivo na Balança Comercial e Transferências Unilaterais Correntes, superando o saldo negativo da Conta de Serviços e Rendas. 12.8 Organismos internacionais 12.8.1 Fundo Monetário Internacional (FMI): criado para evitar possíveis instabilidades cambiais e garantir estabilidade financeira; e socorrer os países a ele associados quando da ocorrência de desequilíbrios transitórios em seus balanços de pagamento. 12.8.2 Banco Mundial (Bird): criado com intuito de auxiliar a reconstrução de países devastados pela guerra e para promover crescimento dos países em desenvolvimento. Capítulo 12 O Setor Externo 12.8.3 Organização Mundial do Comércio: primeiramente, conhecido por Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), criado para buscar redução das restrições de comércio internacional e liberalização do comércio multilateral. Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 3º Edição | 2009 | Fundamentos de Economia Capítulo 13 Inflação Capítulo 13 Inflação 13.1 Introdução Inflação: aumento contínuo e generalizado no índice dos preços. Fontes de inflação costumam variar de acordo com as condições do país: • tipo de estrutura de mercado; • grau de abertura da economia ao comércio exterior; • estrutura das organizações trabalhistas. Forma tradicional de estudar inflação: • inflação de demanda; • inflação de custos; • inflação inercial. Capítulo 13 Inflação 13.2 Inflação de demanda: excesso de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e serviços. Curva de Phillips: mostra que existiria uma relação inversa entre taxas de salários e as taxas de desemprego. Trade off: relação inversa entre taxas de salários nominais e taxas de desemprego. Coeteris paribus: elevações da procura agregada levam as empresas a demandar mais mão-de-obra, ocasionando aumento de salários monetários e redução das taxas de desemprego. Capítulo 13 Inflação 13.3 Inflação de custos: pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta, o nível da demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos fatores importantes aumentam. Causas comuns do aumento dos custos de produção: • aumentos do custo de matérias-primas; • aumentos salariais acima da produtividade; • estrutura de mercado. 13.4 Inflação inercial: processo automático de realimentação de preços, provocada pelos mecanismos de indexação formal e indexação informal. 13.5 Efeitos provocados por taxas elevadas de inflação: os piores efeitos ocorrem da distribuição de renda, nos investimentos empresariais e crescimento econômico, no balanço de pagamentos e nas finanças públicas. Capítulo 13 Inflação Distorção mais séria provocada por altas taxas de inflação: piora da distribuição de renda devido à redução do poder aquisitivo da classe trabalhadora dependente de rendimentos fixos, com prazos legais e reajustes. Afirma-se que a inflação é um “imposto sobre o pobre”. Imposto inflacionário: espécie de taxação que o BC impõe à coletividade pelo fato de deter o monopólio das emissões. 13.6 A política econômica brasileira de combate à inflação • Necessidade de o governo fornecer infra-estrutura para que o setor privado produza o volume de bens/serviços desejados pela sociedade. • Baixa produtividade dos serviços do governo e conseqüente ineficiência na aplicação de seus recursos, associadas à impossibilidade de o governo aumentar a carga tributária dado o baixo nível de renda per capita da população. Capítulo 13 Inflação Tratamento de choque: rígida política monetária, fiscal e salarial que mudou o patamar da inflação de cerca de 100%, em 1964, para perto de 30%, em 1967. 1964-1973 uso da linha de pensamento econômico ortodoxa para diagnosticar as causas da inflação brasileira, atribuindo ao excesso da demanda e ao desequilíbrio das contas públicas a causa da inflação. Inflação inercial: todos os negócios eram firmados com base em um índice que procurava garantir a correção monetária dos valores envolvidos. Os aumentos de preços eram captados pelo índice e automaticamente repassados para os demais preços da economia realimentando
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