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Isabela Miquilini Fraturas de Mandíbula Etiopatologia: a cinemática do trauma vai mostrar a expectativa do que podemos esperar do trauma. • Agressão física • Acidentes automobilísticos • Acidentes esportivos • Quedas • Arma de fogo A mandíbula é um osso impar, m ó v e l e q u e possui um feixe vasculonervoso no seu interior Fixação interna rígida • Qualquer forma de fixação ó s s e a n a q u a l f o r ç a s biomecânicas de deformação são tanto contrariadas quanto usadas como vantagem para estabilizar os fragmentos da fratura e permitir carga no osso tanto quanto permitir o movimento ativo. • Qualquer forma de fixação aplicada diretamente aos ossos , que se ja forte o suficiente para impedir o movimento interfragmentário ao longo da fratura, ao usar ativamente a estrutura do esqueleto. Quando não há gap entre os segmentos ósseos: 1. Distância minima entre os fragmentos 2. Fragmentos r ig idamente imobilizados 3. Osteoclastos “penetram” no espaço da fratura e no fragmento oposto 4. Tecidos fibrovasculares e osteoblastos, que começam a formar novo osso 5. Com o amadurecimento, estes se tornam novos canais haversianos de 1 13 Isabela Miquilini Q u a n d o h á u m a m í n i m a distancia entre os segmentos ósseos: 1. Pequeno espaço entre os f ragmentos r ig idamente imobilizados 2. Osso lamelar é depositado no espaço da fratura. Então o processo anterior ocorre, com novos canais haversianos criando a lacuna 3. Esse processo é chamado, as vezes, de Gap healing 4. Não há nenhum calo ósseo e x te r n o , s e e s t i v e re m rigidamente imobilizados FIXAÇÃO INTERNA NÃO RÍGIDA • Qualquer forma de fixação óssea que não seja forte (rígida) o suficiente para i m p e d i r o m o v i m e n t o interfragmentário ao longo da f ra tura , quando se usa ativamente a estrutura do esqueleto, é considerada não- rígida • Algumas formas de fixação não r íg ida são fortes o suficiente para permitir uso ativo do esqueleto durante a fase de cura, mas permitem a mobilidade inter-fragmentária (funcionalmente estável) Champy Champy percebeu que o paciente, mesmo sem fixação, tinha o segmento ósseo da fratura reparada e pensou em agir apenas onde a força muscular tende a separar o esqueleto (zona de tensão). Portanto, a musculatura ajuda no processo de reparação óssea fora da zona de tensão 1. Hematoma subperiosteal é formado, seguido pela invasão inicial de tecido de granulação 2. Se forma uma borda fina de osso sobre o periósteo por ossificação membranas. A cartilagem hialina é formada no traço de fratura de 2 13 Isabela Miquilini 3. A cartilagem se substitui por uma trama óssea 4. Matriz óssea amadurece, sendo substituída por um padrão lamelar e então transformada em um padrão ósseo finalizado. Principios de Tratamento de fraturas Redução anatômica precisa Tecnica operatoria traumatica preservando a vitalidade dos ossos e tecidos moles Fixação interna rígida que p r o d u z u m a u n i d a d e esquelética mecanicamente estável Evitar danos aos tecidos moles, p e r m i t i n d o m ob i l i za ç ã o precoce, ativa e sem dor na unidade esquelética LOAD-BEARING Dispositivo (placas pesadas) com força e rigidez suficientes para suportar toda a carga aplicada à mandíbula durante as atividades funcionais. Load-Sharing Estabilidade insuficiente para suportar todas as c a r g a s f u n c i o n a i s apl icadas através da f ra tura pe lo s i s tema mastigatório. Uma placa só não é suficiente para s u p o r t a r a c a r g a mastigatória, portanto, é dividida com o osso Forças dinâmicas regionais • Zonas de tensão e compressão • Forças de torção na região anterior **Na região anterior (região de mento) de mandíbula, as zonas de tensão e compressão se invertem quando comparadas à região de corpo. Zona de tensão = Borda inferior Zona de compressão = borda superior de 3 13 Isabela Miquilini PLACAS ✓Placa compressiva • Em desuso por conta da falta de encaixe perfeito entre a maioria das fraturas • Orifícios em forma de rampa q u e p e r m i te m q u e o s parafusos neles inseridos excentricamente desl izem conforme são a justados , r e s u l t a n d o e m u m deslizamento dos cotos ósseos, um contra o outro. • Produz uma fixação rígida • Está contraindicada em casos de: - Casos de pouco contato ósseo - Osso de qualidade pobre - Fraturas cominutivas e com perda de segmento ✓S I S T E M A D E T R A V A M E N T O PARAFUSO-PLACA/ LOCKING • Roscas na parte superior do parafuso e na própria placa, permitindo o travamento do parafuso no osso e na própria p laca , garant indo maior estabilidade • Permite pequenas imperfeições na adaptação das placas (4mm) • Menor taxa de inflamação por fixação interna rígida (FIR) • Maior estabilidade Material das mini placas Titânio - Liga de l a IV - Biocompatível - Baixa memória Absorvível - Ác ido po l i g l i có l i co e/ou polilático - 68% da resistência mecânica - Total absorção após 24 meses - Apenas fixação semi-rígida - Utilizadas mais em crianças - Muito pouco utilizadas - Possível reações de 4 13 Isabela Miquilini Fixação Externas • Para casos de fraturas em maxilas/mandíbulas atróficas, cominuição exagerada em que a fixação interna provocaria mais dano ou lesões em tecidos moles • Os fixadores internos possuem pinos transcutâneos • Sistema de conexões e barras • Fixador externo de Joe Hall Morris • O acesso cirúrgico pra fraturas atróficas e cominutas danifica ainda mais o tecido ósseo deficiente • Tempo médio: 45-60 dias OSTEOSSÍNTESE COM PARAFUSOS (LAG SCREWS) • Elimina a necessidade de dobrar placas e o uso de vários parafusos • Técnica para compressão de fraturas • F i x a ç ã o d a s f r a t u r a s transversas da sínfise ou parassínfise mandibular ou em f ra t u ra s o b l i q u a m e n te orientadas do corpo e ângulo mandibular • Engatar e puxar a cortical distal em direção à cortical proximal através de uma fratura • Transpassa a linha de fratura, distribuindo de maneira mais e q u i l i b r a d a a s f o r ç a s c o m p re s s i v a s e n t re o s segmentos e resultando em excelente estab i l idade e m í n i m o o u n e n h u m deslocamento lingual 1. Fratura exposta e reduzida 2. Canaleta da cortical mais próxima até fratura 3. Guia de broca longo inserido no furo com canaleta 4. Broca de diâmetro menor 5. Osteotomia finalizada da linha de fratura até a cortical distal perfuração não deve apenas atravessar a fratura e ambas as corticais, mas também deve ser perpendicular à fratura 6. Profundímetro de 5 13 Isabela Miquilini Epidemiologia das fraturas de mandíbula Miloro 1. 29,5% Corpo 2. 27,3% Ângulo 3. 19,5% Sínfise e parassínfise 4. 21,1% Côndilo 5. 2,4% Ramo 6. 0,2% Processo coronóide Fonseca 1. 30% Ângulo 2. 23% Côndilo 3. 22% Sínfise e parassínfise 4. 18% Corpo 5. 2% Ramo 6. 1% Processo coronóide Classificação quanto localização Considerações biomecânicas Favoráve l: A muscu la tu ra impede/trava o deslocamento da fratura (a direita) Desfavorável: A musculatura favorece o deslocamento da fratura (a esquerda) Classificação quanto ao tipo das Fraturas Simples ou fechada: Não produz uma ferida aberta em contato com o ambiente externo, seja através da pele, mucosa ou ligamento periodontal de 6 13 Isabela Miquilini Fratura composta ou aberta Ferida externa, envolvendo a pele, m u c o s a o u l i g a m e n t o periodontal, comunica a fratura com o meio externo Cominutiva Osso é estilhaçado ou esmagado; Múltiplos traços no mesmo sítio Fratura incompleta O traço não envolve todo o osso Galho verde: U m a c o r t i c a l ó s s e a e s tá quebrada e a outra cortical óssea dobrada Patológica Ocorre a partir de lesão leve, em razão de doença óssea pré- existente Múltiplas:Existem duas ou mais linhas de fratura no mesmo osso, que não se comunicam uma com a outra **Qual a ordem de fixação? SEMPRE a do segmento dentado primeiro, depois do segmento não-dentado. Dando preferencia para a oclusão sempre a fim de dar garantia de fixação de 7 13 Isabela Miquilini I m p a c t a d a / c a v a l g a d a / telescópica: Fratura na qual um fragmento é f i r m e m e n t e levado a outro Atrófica: Fratura Espontânea resultante da atrofia do osso, tal como e m m a n d í b u l a s edêntulas Indiretas: Em um ponto distante do local do ferimento Complicadas/Complexas Há lesão considerável de tecido mole adjacente, ou partes adjacentes. Podendo ser simples ou compostas Classificação quanto à presença de dentes Classificação de Kazanjian e Converse Classe I : Dentes adjacentes presentes Classe II: Dente presente em apenas um lado da fratura Classe III: Edentulismo adjacente Exame clínico 1. Avaliar mudanças na oclusão 2. Parestesia do labio inferior 3. Movimentos anormais da mandíbula 4. Mudança no contorno facial e na forma do arco mandibular 5. Lacerações, hematomas e equimoses 6. Perda de dentes e palpitação em crepitação 7. Dor, tumor e rubor Principios gerais de tratamento 1. Avaliar o estado físico geral do paciente 2. Diagnóstico e tratamento de fraturas devem ser abordados de forma metódica, e não em caráter de emergência 3. Lesões devem ser avaliadas e corretamente tratadas - avaliar a necessidade de manutenção ou remoção de dentes 4. Reestabelecer a oclusão do paciente 5. Antibioticoterapia de 8 13 Isabela Miquilini Objetivos do tratamento • Restaurar a função adequada, assegurando a união dos seguimentos fraturados e restabelecendo a resistência pré-lesão • Restaurar qualquer defeito de contorno • Impedir a infecção no sítio de fratura Tratamento conservador Amarrilhas de Ivy Barra de Erich As alternativas de tratamento conservador servem para estabelecimento de fraturas dentoalveolares e/ou maxilo- mand ibu lares enquanto o paciente espera o tratamento definitivo Particularidaddes dos tipos de fratura por região Sínfise e Parassínfise • Inversão das zonas de tensão (em cima) e compressão (embaixo) • Necessita de dois pontos de fixação por conta da força de torção e de cisalhamento • A c e s s o s i n t r a - o r a i s transmucosos ou transcervical • Lag Screws Obs: • Obstrução das vias aéreas superiores na presença de fraturas parass inf i sár ias : Conforme descr ições da l i t e r a t u r a , a f r a t u r a parassinfisária bilateral pode ocasionar obstrução da via aérea por retroposicionamento da sínfise e consequentemente d a l í n g u a , c o m s u a sobreposição sobre a glote. Essa correlação não fo i de 9 13 Isabela Miquilini observada no presente caso e em nenhum dos 2500 casos de fraturas de mandibulares diversas tratados nos últimos 40 anos Fraturas de Corpo • Lag Screw • Placas de fixação iguais • Placas de fixação combinadas finas + grossas Ângulo • Champy • Champy + placa associada • Acesso Vestibular Mandibular 3 a 5 m m d a j u n ç ã o m u c o g e n g i v a l ; N e r v o mentoniano (3 ramos) • Acesso Submandibular - Risdon Nervo Marginal da mandíbula - 67% 2 ramos; 21% 1 ramo; 9% 3 ramos; Artéria Facial • Uso do trocarte: - Elimina a necessidade de acesso extra-oral - Posição dos parafusos perpendicular ao osso - Risco mínimo de dano ao facial • Avaliação quanto à presença e preservar dentes no traço de fratura ✓ Av a l i a r m o b i l i d a d e dentária ✓ Interferência na redução de fraturas de 10 13 Quando houver uma fratura bilateral de parassínfise, esse segmento anterior fica solto e se retroposiciona por ação da musculatura supraióidea. A maior distância entre o ramo mandibular marginal e a borda inferior da mandíbula foi de 1,2cm. Devido a estes achados, muitos cirurgiões recomendam que a incisão e a dissecação profunda seja, no mínimo, 1,5cm abaixo da borda inferior da mandíbula. Isabela Miquilini ✓ Patologia pulpar ✓ Localização da fratura ✓ Lesões patológicas ✓ Fraturas dentárias Fraturas infectadas • Estão em uma situação de risco maior • Preferência para acesso extra oral • Fixação mais rígida • Distante do traço de fratura Fraturas em mandíbulas Atróficas Classe I: Altura de 16-20mm Classe II: Altura de 11-15mm Classe III: Altura ≤ 10 mm Fraturas condilares • Intracapsular • Colo condilar • Base condilar • Alterações funcionais devido a fratura de côndilo: ✓ Contato prematuro ipsilateral ✓ Impossibilidade de se atingir a MIH ✓ Laterognatia ipsilateral ✓ Desvio para o lado ipsilateral em abertura ✓ Interferências oclusais do lado de balance io durante a t ra n s l a ç ã o m a n d i b u l a r contralateral ✓ Limitação de abertura de boca • Otorragia Fraturas condi lares podem produzir fissuras no revestimento epitelial da parede anterior do canal aud i t i vo produz indo sangramento do meato acústico.. Anterior ou posterior -> neurocirurgia Indicações para redução aberta Indicações Absolutas - Deslocamento condilar para a fossa craniana média - Invasão por corpo estranho - Deslocamento extracapsular lateral do condilo de 11 13 Isabela Miquilini - Maloclusão não passível de redução fechada (p. ex . Redução funcional da altura do ramo) Forte evidência para redução aberta - Fraturas condilares bilaterais - D e s l o c a m e n to c o n d i l a r grosseiro > 45º (severamente deslocado) - Redução anatômica da altura do ramo ≥ 2mm - Fratura condilar com uma base instável (associada a fraturas do terço médio da face) - Oclusão instável (por ex . Doença periodontal, menos de três dentes por quadrante) - Fratura condilar na qual a f i s i oterap ia adequada é impossível EVIDÊNCIA MISTA PARA REDUÇÃO ABERTA D e s l o c a m e n t o c o n d i l a r moderado (10 a 45 graus) Quando tratar com redução fechada - Fraturas não deslocadas ou incompletas - Fra turas int racapsu lares isoladas - Fra t u ra s c o n d i l a re s e m crianças (com exceção das indicações absolutas) - Oclusão reproduzível posterior ou com deslocamento que retorne a linha média na liberação de força posterior - Doença médica ou lesão que inibe a capacidade de receber anestesia geral prolongada Tratamento cirúrgico x Não cirúrgico - Abertura de boca livre de dor, com uma distancia inter-incisas além de 40mm - Bom movimento da mandíbula em todos os movimentos exclusivos - Restabelecimento da oclusão pré-lesão - ATMs estáveis - B o a s i m e t r i a f a c i a l e mandibular Reabilitação em pacientes tratados por redução fechada ou aberta 1. Arcos/barra de Erich ou aparelho ortodôntico 2. Elásticos classe 2 no lado ipsilateral da fratura 3. I nter romper o uso dos elásticos de orientação 24h antes 4. Remover as barras nos pós- operatório, entre 6 e 12 semanas de 12 13 Isabela Miquilini Exercício funcional: Metas de reabilitação 1. Abertura incisão máxima > 40mm 2. Movimentos exclusivos laterais > 10mm 3. M o v i m e nto s e xc l u s i v o s protrusivos > 12mm 4. Utilização integral da ATM durante todo o dia Acesso para fraturas de côndilo Hinds ou retromandibular COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO DAS FRATURAS MANDIBULARES Complicação do reparo ósseo • Não união • Má união Complicações dos acessos • Fístula salivar • Sialocele • Parestesia Não união: • Ausência de consolidação adequada • Mobilidade dos cotos • Causas: - Falha no material de fixação - Redução ineficiente - Infecção Má união • Consolidação da fratura em posição inadequada • Redução inadequada • Exposição inadequada • Oclusão instável • Tratamento conservador Cuidados pós-operatórios • Dieta líquida-pastosa de 7 a 10 dias • Osteólise pós-operatória pode levar a perda deadaptação interfragmentária • Cuidados locais de 13 13
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