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Texto 01: A Sofística “Os sofistas são um fenômeno tão necessário como Sócrates ou Platão; esses, pelo contrário, em aqueles são absolutamente impensáveis” (W.Jaeger, Paidéia, I, p.503) 1. Significado do termo a. sentido negativo dado por Sócrates (Memoráveis, I,6,13): ‘prostitutos do saber’ Platão (Sofista): caçadores interesseiros de jovens ricos, comerciante em ciências,erísticos mercenários (eristiké=controvérsia), refutador Aristóteles: sabedoria aparente, não real, visa o lucro e não a procura desinteressada da verdade b. sentido original: sábio, possuidor de saber 2. surgimento a. crise da aristocracia, poder crescente do “demos”, imigração de estrangeiros em Atenas, ampliação do comércio, difusão de costumes e leis, crise de valores tradicionais. b. os sofistas têm uma finalidade prática: ensinar a virtude que todos podem alcançar; são educadores, mestres da cultura humanística 3. Principais sofistas 3.1 Protágoras de Abdera (apogeu 444-40; ensinou durante 40 anos em todas as cidades da Grécia; acusado de ateísmo é obrigado a abandonar Atenas; morreu afogado, aos 70 anos, quando se dirigia à Sicília; obra: Raciocínios demolidores ou Sobre a verdade - restam fragmentos) a. princípio do homo-mensura: “O homem é a medida de todas as coisas, das que são enquanto são, das coisas que não são enquanto não são” b. relativismo: “Tais como as coisas singulares me aparecem, tais são para mim, e quais te aparecem, tais são para ti; dado que homem tu és e homem sou”(Platão, Teeteto) 3.2 Górgias de Leôncio (c.484. morreu com 109 anos, ensinou primeiramente na Sicília, Atenas e depois se estabeleceu em Larissa, na Tessália; obra: Sobre o não-ser) a. nada existe;se algo existe não é cognoscível; ainda que seja cognoscível é incomunicável: não existe nem o ser nem o não ser (ser: eterno ou gerado, ou eterno e gerado (exclusão); se eterno, infinito e se infinito não estaria em nenhum lugar; se gerado deve ter nascido ou do ser ou do não ser, mas do não ser nada nasce e se nasceu do ser já existia antes; se o ser existe não pode ser pensado; as coisas pensadas não existem senão todas as coisas inverossímeis que o homem pensa existiriam - se é verdade que aquilo que é pensado não existe, será também verdade que aquilo que existe não é pensado e que, se existe, é incognoscível; nós nos expressamos pela palavra, mas a palavra não comunica o ser 3.3 outros sofistas: Pródico, Hípias, Antifonte, Eutidemo 4. o poder da palavra a. Górgias: a palavra é portadora de sugestões, persuasões e crenças; a retórica é “o verdadeiro timão nas mãos do homem de Estado” (Jaeger). a palavra, desancorada dos valores e da verdade objetiva pode se tornar perigosa (Reale,p.218) b. “Floresceu então a tragédia e foi celebrada pelos contemporâneos como audição e espetáculo admirável, pois criava com as suas ficções e paixões um engano, diz Górgias, pelo qual quem engana age melhor do que quem não engana, e quem é enganado é mais sábio do que quem não é enganado”(Plutarco) o primeiro é melhor pela sua capacidade criadora, o segundo porque mais capaz de apreender a mensagem poética. c. a erística: “Não se pode indagar nem aquilo que se sabe nem aquilo que não se sabe, porque é inútil indagar sobre aquilo que se sabe e é impossível indagar se não se sabe que coisa indagar”(Menon) 6. conclusões a. os sofistas souberam dar voz ás novas exigências históricas b. prepararam o terreno para o advento da filosofia moral c. rejeitaram a pesquisa cosmo-ontológica d. construção de uma antropologia: Protágoras: o homem é sensibilidade e sensação relativizante Górgias: o homem é sujeito de móvel emoção, arrastado pela retórica Esquema elaborado a partir do texto: REALE, G. História da Filosofia Antiga. São Paulo: Loyola, 1993,p.177-242 Leituras complementares: GUTHRIE, W.K. Os Sofistas. São Paulo: Paulus, 1996 . JAEGER,W. Paidéia . São Paulo: Martins Fontes.1979. p.310-58. KERFERD, G.B. O movimento sofista. São Paulo: Loyola, 2003 (leitura indispensável!) MONDOLFO, R. O Pensamento Antigo. São Paulo: Mestre Jou,1971. v.1. p.34-58. REALE, G. História da Filosofia Antiga. São Paulo: Loyola, 1993 v. 1.p.177-242 . ROMEYER-DHERBEY, Gilbert. Os Sofistas. Lisboa: Edições 70, 1986. ROBINET, Jean-François. O tempo do pensamento. São Paulo: Paulus: 2004. cap. 1. p. 25-28 ROHDEN, Luiz. O poder da linguagem. A arte retórica de Aristóteles. Porto Alegre: EdipucRs, 1997 (Filosofia)
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