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Na nutrição parenteral (NP), infunde-se uma solução estéril de nutrientes por via intravenosa, onde é feito o acesso intravenoso central ou periférico, de modo que o trato gastrointestinal é totalmente excluído no processo. *NPP ⟶ Nutrição Enteral Periférica *NPT ⟶ Nutrição Parenteral Total É a terapia nutricional onde a solução parenteral é administrada na corrente sanguínea diretamente por uma veia periférica. É indicada para uso por curtos períodos (7 a 10 dias) ou quando se faz uma dupla via, pois geralmente a NPP não atinge as necessidades nutricionais do paciente. O valor energético alcançado costuma ficar em torno de 1.000 a 1.500 kcal/dia. A osmolaridade da NPP deve ser menor que 900 mOsm/L, para evitar flebite (tipo de processo inflamatório com formação de um coágulo sanguíneo no interior de uma veia, que impede o fluxo de sangue, o que provoca inchaço, vermelhidão e dor no local afetado), equimose (tipo de hematoma), edema e eritema (distúrbio cutâneo inflamatório que se caracteriza por placas avermelhadas). As imagens a seguir mostram como identificar uma flebite leve. É a terapia nutricional onde a solução parenteral é administrada na corrente sanguínea diretamente por uma veia central (em geram, veia cava superior). É indicada para uso superior a 7 a 10 dias e oferece o aporte energético e proteico total a um paciente que não possa tolerar a ingestão via oral ou enteral. A osmolaridade da NPT é geralmente superior a 1.000 mOsm/L. A NPT também tem riscos associados, pois se o paciente tiver uma Comentado [JDR1]: A equimose ocorre quando o sangue extravasado se infiltra nas malhas dos tecidos, devido à ruptura de capilares, vasos sanguíneos de pequeno calibre. Enquanto o hematoma forma “bolsas”, devido ao sangue acumulado em uma área. Visualmente são iguais! infecção, neste caso será em acesso central e a probabilidade de se ter uma infecção generalizada é muito grande por causa do tipo de acesso (acesso leva para o corpo todo). A via parenteral é exclusiva para ela, não pode usar a mesma via para a administração de fármacos, por exemplo. É indicada se o trato digestivo não funciona, está obstruído ou inacessível, e antecipa-se que essa condição continuará por pelo menos 7 dias. Também depende muito do estado nutricional do paciente, se o mesmo estiver muitos dias sem alimentar-se ou com o mínimo de calorias, é preciso dar um suporte nutricional mais rápido, e além disso, nesses pacientes é necessário iniciar a TNP com uma quantidade calórica mais baixa do que meta proposta pois há um risco de ocorrer a Síndrome de Realimentação também nesse tipo de dietoterapia. Durante a avaliação nutricional e clínica, alguns fatores devem ser considerados na decisão de se utilizar a NP, incluindo: ✓ Antecipar a duração da terapia; ✓ Necessidade energética e proteica; ✓ Limitação de infusão hídrica (ex.: paciente anúrico, que precisará de hemodiálise); ✓ Acesso venoso disponível (via periférica ou central). Indicações Específicas Vômitos intratáveis: pancreatite aguda, hiperêmese gravídica, quimioterapia; Diarreia grave: doença inflamatória intestinal, síndrome da má absorção, doença do enxerto contra o hospedeiro, síndrome do intestino curto, enterite actínica; Mucosite e esofagite: quimioterapia, doença do enxerto contra o hospedeiro; Íleo: grandes cirurgias abdominais, trauma grave, quando não se pode usar uma jejunostomia por pelo menos 7 dias; Obstrução: neoplasias, aderências, etc; Repouso intestinal: fístulas enteroentéricas e/ou enterocutâneas; Pré-operatório: somente em casos de desnutrição grave nos quais a cirurgia não possa ser adiada. É contraindicada em casos de pacientes hemodinamicamente instáveis, como: hipovolemia, choque cardiogênico ou séptico, edema agudo de pulmão, anúria sem diálise, graves distúrbios metabólitos e eletrolíticos. Cateter venoso central: os cateteres devem dirigir-se para a veia cava superior ou inferior e ser bem documentados por radiografias antes de serem utilizados. Essa via permite a diluição de soluções hiperosmolares, em decorrência do alto fluxo sanguíneo. Cateteres de duplo e triplo lúmen podem ser utilizados se uma via for destinada exclusivamente para a NP. Contudo, cateteres multilúmens apresentam maior taxa de infecção do que com lúmen único. Sítios de Inserção As duas veias mais utilizadas para acesso venoso central são a veia subclávia e a veia jugular interna. Esses dois sítios apresentam risco de infecção relativamente baixo. Há também o acesso femoral, porém esse sítio apresenta uma taxa de complicação infecciosa superior à dos anteriores pela proximidade com áreas potencialmente contaminadas. A ordem preferencial de escolha é: subclávia, jugular e femoral. A veia subclávia permite maior conforto à mobilização do paciente e menor índice de infecção. Os principais sítios disponíveis para a NP são: veia subclávia, veia jugular interna, veia axilar (pediatria), veia femoral. Glicose: historicamente, várias fontes de carboidrato foram propostas para a utilização na NP, como glicerol, xilitol, sorbitol e frutose. A glicose monoidratada é a que apresenta maior interesse prático na atualidade. Sua presença é essencial (posição central no metabolismo energético), exerce efeito poupador de nitrogênio e é fundamental no metabolismo de alguns tecidos, como sistema nervoso central, leucócitos, hemácias e medula renal. As soluções de glicose encontram- se disponíveis em: ✓ Ampolas práticas de 10 ml; ✓ Frascos ou bolsas plásticas de 100 ml, 250 ml, 500 ml, 1.000 ml e 2.000 ml. Possuem pH em torno de 3, em concentrações que variam de 5 a 70%. Soluções de glicose disponíveis para adição à NP: ✓ Glicose a 50% (cada 100 ml contém 50g de glicose); ✓ Glicose a 10% (cada 100 ml tem 10g de glicose). Concentração de glicose mais utilizada na NPT (central) é a 50%, para diminuir o volume final da bolsa. IMPORTANTE: cada grama de glicose monoidratada fornece 3,4 kcal e um grama de glicose anidra corresponde a 3,75 kcal. A máxima concentração de glicose que pode ser administrada perifericamente é 10%. Por via central, a máxima concetração é de 35% (Cuppari, 2014) e 50% (prática clínica). A quantidade mínima de glicose/dia requerida é de 200g, principalmente para o cérebro (CUPPARI, 2014). A máxima taxa de oxidação de glicose é de 5 mg/kg/minuto no paciente estável e 3 mg/kg/minuto no paciente grave (taxas limítrofes para a oxidação plena no organismo). Equivale de 3,5 a 7 g/kg/dia ATENÇÃO: pacientes críticos - não ultrapassar 4-5g/kg/dia. A glicose é o componente que mais altera a osmolaridade da NP. As soluções-padrão de proteína comercialmente disponíveis são constituídas por aminoácidos cristalinos essenciais e não essenciais, em concentrações que variam de 6,7 a 15%. Disponíveis em frascos de 50, 100, 250 e 1.000 ml. Características físico-químicas: ✓ pH de 5,5 a 6,5. ✓ Osmolaridade em torno de 900 mOsmo/L. As fórmulas disponíveis buscam composições que tenham aminoacidograma semelhante a proteínas de alto valor biológico. IMPORTANTE: cada grama de aminoácidos oxidados fornece aproximadamente 4kcal. Existem formulações específicas dirigidas a situações especiais de disfunção orgânica, como para hepatopatas e nefropatas, ricas em aminoácidos ramificados e aminoácidos essenciais, respectivamente e aa’s imunomoduladores. Ex.: módulo de glutamina. Soluções de aminoácidos disponíveis para adição à NP: ✓ AA totais a 10% adulto; ✓ AA ramificados segundo Fisher a 8% (hepatopatas); ✓ AA essenciais a 10 com histidina. Glutamina: A Gln atua como substratoem diversas vias metabólicas, como metabolismo da glicose, regulação do metabolismo da amônia, balanço ácido- base, na síntese das bases nitrogenadas purina e pirimidina, é precursora da glutationa e modula o fluxo de carbono e nitrogênio no organismo. Em condições patológicas de alto catabolismo, o organismo torna-se incapaz de produzir quantidade suficiente de Gln, causando uma depleção plasmática e tissular. A suplementação de Gln é favorável em certas condições como: trauma, sepse, neoplasias, transplante de células-tronco hematopoiéticas e para pacientes queimados, cirúrgicos e com pancreatite aguda. Não é recomendado a prescrição de Gln em pacientes críticos em choque e com disfunção de múltiplos órgãos e sistemas. Entretanto, para pacientes livres desta condição, a suplementação de Gln na NP deve ser considerada. Cada 100 mL da solução de L-alanil L- glutamina a 20% contém 8,20 g de L- alanina e 13,46 g de L-glutamina. Tabela 2 – Recomendação de suplementação de Gln na NP: Indicação Recomendação Paciente em UTI 0,2-0,4g/kg/dia de Gln ou 0,3-0,6 g/kg/dia do dipeptídeo L-alanil-L- glutamina Pacientes com indicação de NP 0,3 a 0,5 g/kg/dia Recomendações ESPEN e SBNPE.
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