Prévia do material em texto
TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL (TNP) ▀ Portaria n°272 da ANVISA ▀ “Solução ou emulsão, composta basicamente de carboidratos, aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou plástico, destinada à administração intravenosa em pacientes desnutridos ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.” ▀ INDICAÇÕES ►Em casos de impossibilidade de utilização do TGI para a nutrição do indivíduo, ou na incapacidade de atingir as necessidades nutricionais pela via digestiva, por via oral ou enteral. INDICAÇÃO CONSIDERAÇÕES Fístulas digestivas de alto débito Quando em atividade, principalmente nas Fístula digestivas baixas, ineficácia da TNE por causa da perda de água, eletrólitos e nutrientes. Síndrome do intestino curto Má absorção devido a própria doença e oferta insuficiente de nutrientes por via enteral. Doenças inflamatórias intestinais Intolerância à TNE e facilidade na remissão da doença em atividade Obstrução intestinal Quando não houver indicação imediata de cirurgia. Íleo paralítico Quando não houver previsão de retorno do funcionamento normal em até 5 dias. Vômitos persistentes Impossibilidade de controle com uso de antieméticos. Pancreatites graves Na intolerância à NE. Grande queimado A necessidade calórica é superior à capacidade de ingestão. Pré-operatório Na desnutrição grave indica-se a TNP por 7 a 10 dias antes de cirurgias de grande porte, quando houver incapacidade de receber nutrição total ou parcial pela via digestiva. Lactentes prematuros e de baixo peso Inadequação ou fracasso da TNE. Longo período de TN (mínimo de 7 dias) Desnutrição moderada ou grave Colite ulcerativa e doença de Crohn Disfunção renal e hepática Hipemerese gravídica ▀ CONTRAINDICAÇÕES ► É contraindicada nos casos de instabilidade hemodinâmica ou postergação da vida dos pacientes terminais. ▀ INÍCIO DA TNP ► ESPEN (2019) • Se contraindicado ou em casos de impossibilidade de uso do trato digestivo, a TNP deve ser iniciada no período de 3 a 7 dias da internação. ►BRASPEN (2018) • Em pacientes com alto risco nutricional e que não possam utilizar o trato digestivo, deve-se iniciar a TNP o mais precocemente possível. • Em pacientes bem nutridos com contraindicação do uso da via digestiva, no período do pós operatório deve-se esperar de 5 a 7 dias para iniciar a TNP. ►ASPEN (2016) • Para pacientes com alto risco nutricional, se contraindicado o uso do trato digestório, a TNP deve ser iniciada o mais precocemente possível. • Para pacientes com baixo risco nutricional, se contraindicado o uso do trato digestivo, recomenda-se não iniciar qualquer terapia nutricional nos primeiros 7 dias de internação e avaliar o início da TNP após 7 dias de internação. • No pós operatório, o inicio da TNP deve ser postergado por 5 a 7 dias e só deve ser iniciado se a previsão de uso for superior à 7 dias. ▀ TNP SUPLEMENTAR ►Deve ser considerada em pacientes que não conseguiram atingir >60% do aporte energético-proteico por via enteral, após 5 a 7 dias segundo a BRASPEN e ESPEN e após 7 a 10 dias segundo a ASPEN. ▀ VIAS DE ACESSO ► Depende de fatores como: • Tempo previsto da terapia • Disponibilidade do acesso venoso • Necessidades nutricionais do paciente • Restrição de fluidos • Osmolaridade da solução ► Vias de acesso: • Acesso Venoso Central - Deve ser locado dentro de uma veia grande com fluxo sanguíneo elevado (ex: veia cava superior ou inferior) - Chamada de Nutrição Parenteral Central (NPC) - Pode acontecer também o acesso a uma veia central por meio de uma veia periférica – PICC (Cateter Central com Inserção Percutânea Periférica) - Maior osmolaridade e maior concentração calórica. - Menor infusão de fluidos - Indicada para uso por longos períodos (>15 dias). • Acesso Venoso Periférico - Deve ser locado em uma veia superficial de menor calibre (mão e antebraço). - Chamada de Nutrição Parenteral Periférica (NPP). - A osmolaridade não deve ultrapassar 800-900 mOsm/litro por causa de risco de flebite (Inflamação, formação de trombo). - É limitada por ser de curta duração (<15 dias). - Infusão de maiores volumes. - Indicação reservada à alimentação suplementar ou na transição para a alimentação enteral ou oral. VANTAGENS DESVANTAGENS Ausência de complicações relacionadas à punção e manutenção do cateter central. Depende da disponibilidade de veias periféricas. Punção venosa mais fácil, rápida e de menor custo. Maior volume de líquidos a ser infundido. Menor probabilidade de hipoglicemia. Menor durabilidade (+- 3 dias) e maior probabilidade de perda do acesso. ▀ SOLUÇÕES DE NP ►Pode ser administrada de duas formas: • Solução 2 em 1: - Solução com somente glicose e aminoácidos - A emulsão de lipídios é infundida separadamente, com frequência que varia de 1 a 2x por semana. • Solução 3 em 1 (all in one): - Solução com glicose, aminoácidos e lipídios. - Mais balanceada - Permite a infusão constante, contínua e simultânea. ▀ COMPONENTES DAS SOLUÇÕES DE NP ►Devem incluir todos os nutrientes essenciais: macro e micronutrientes. ►Principais componentes: • Glicose - Glicose monohidratada é a principal fonte de carboidrato utilizada. - As concentrações variam de 5 a 70%. - Cada grama de glicose monohidratada fornece 3,4kcal. - A máxima concentração de glicose que pode ser administrada em acesso periférico é 10% e em acesso central de 35%. - A máxima taxa de oxidação da glicose é de 5mg/kg/minuto no paciente estável e 3mg/kg/minuto no paciente grave. • Aminoácidos - Contém todos os aminoácidos cristalinos essenciais e apenas alguns dos aminoácidos não essenciais (geralmente alanina e glicina). - As concentrações variam de 3 a 20%. - Cada grama de aminoácidos oxidado fornece aproximadamente 4kcal. • Emulsão lipídica - Podem ser agregadas a NP em até 30% - Previne a deficiência de ácidos graxos essenciais. - 10% fornece 1,1kcal/ml - 20% fornece 2,0kcal/ml - 30% fornece 2,9kcal/ml - Não é recome dado infusão superior à 2,0g/kg/dia por causa de risco de complicações hepáticas. - Emulsões contendo triglicerideos de cadeia longa e de cadeia média (TCL-TCM) tem metabolização mais rápida ( o TCM não depende de carnitina para seu metabolismo) - Os componentes da emulsão lipídica podem ser: óleo de soja, óleo de oliva, óleo de coco e óleo de peixe. RECOMENDAÇÃO DIÁRIA Cálcio 10 a 15mEq Magnésio 8 a 20mEq Fosfato 20 a 40mmol Sódio 1 a 2mEq/kg + reposição Potássio 1 a 2mEq/kg Acetato Conforme necessário Cloreto Conforme necessário Vit A 3300 Ul Vit D 200 Ul Vit E 10 Ul Vit K 150 ug Vit B1 6 ug Vit B2 3,6 mg Vit B3 40 mg Vit B5 15 mg Vit B6 6 mg Vit B12 5 ug Vit C 200 ug Biotina 60 ug Ácido fólico 600 ug Zinco 2,5 a 5 mg/dia Cobre 0,3 a 0,5 mg/dia Cromo 10 a 15 ug/dia Manganês 60 a 100 ug/dia ▀ TÉCNICAS DE INFUSÃO DA NP ► Contínua • Fluxo constante, sem interrupção, num período de 12 a 24 horas. • Geralmente administradas com o auxílio de uma bomba de infusão. • A velocidade da infusão inicial deve ser aumentada de modo gradual, ao longo de 2 ou 3 dias, até alcançar a velocidade da meta de infusão. ► Cíclica (Intermitente) • Ocorrem por períodos de 8 a 12 horas, geralmente à noite. • Modalidade mais utilizada em domicílio ou na transição da NP. • Promove um período de repouso alimentar e permite maior mobilidade ao paciente. • Contraindicada na presença de intolerância à glicose e à líquidos. ▀ MONITORIZAÇÃO DA TNP ► Principais parâmetros: • Hemorragia • Tempo de protrombina (TP) • Tempo de protrombina parcial (TPP) • Eletrólitos (Na, K, Cl, CO², Mg,Ca, P, Cr, nitrogênio ureico sanguíneo) • Triglicerideos sérios • Proteína visceral, transferrina ou pré-albumina • Glicose sérica capilar • Peso • Balanço hídrico • ALT e AST • Fosfatase alcalina • Bilirrubina total • Balanço nitrogenado ▀ TRANSIÇÃO E INTERRUPÇÃO DA TNP ►O período de transição é conhecido pelo uso da NP concomitante ao início da nutrição oral/enteral. ►A introdução da alimentação no trato digestivo, tão logo sua função seja restaurada, deve ser gradual e a TNP pode ser interrompida quando o paciente atingir >60% das necessidades nutricionais via oral/enteral. ►A interrupção da TNP não deve ser abrupta, pelo risco de hipoglicemia súbita. Deve-se reduzir gradativamente a velocidade de infusão da TNP antes de suspendê-la. ▀ COMPLICAÇÕES DA TNP ► Podem ser divididas em: • Mecânicas - Flebite - Pneumotórax - Mal posicionamento do cateter - Fístula arteriovenosa - Lesão do plexo braquial - Embolia por fragmento de cateter - Embolismo gasoso - Perfuração cardíaca - Endocardite - Hemotórax - Trombose relacionada ao cateter - Trombose venosa • Infecciosas - Semeadura do cateter por infecção transmitida pelo sangue - Contaminação durante a inserção - Colocação de cateter de longa permanência - Contaminação da solução • Metabólicas - Hiper/hipoglicemia - Hiper/hipovolemia - Hiper/hipocalemia - Hiper/hiponatremia - Hipertrigliceridemia - Hipomagnesemia - Hipofosfatemia - Uremia - Acidose metabólica hiperclorêmica - Síndrome de realimentação - Doenças hepáticas ▀ SÍNDROME DA REALIMENTAÇÃO ► Conhecida como Síndrome do roubo celular ► Ocorre em pacientes em jejum prolongado ou gravemente desnutridos, após administração excessiva de calorias, como consequência da rápida depleção de nutrientes. ► Principais sintomas são diminuição nos níveis séricos dos eletrólitos: fósforo, potássio e magnésio, redução da tiamina, retenção de CO² e hiperglicemia. ► Pacientes com maior risco de desenvolver essa síndrome são: desnutridos, anoréxicos, obesos mórbidos, álcoólatras, pacientes com rápida perda ponderal e em jejum prolongado. ► Recomenda-se início lento e gradual da TNP e monitorização laboratorial. REFERÊNCIAS Trechos tirados dos livros Residência em nutrição e Nutrição clínica da Sanar Saúde