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Orientação escolar teoria e prática

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Prévia do material em texto

1 
 
Disciplina: Orientação escolar: teoria e prática 
Autores: M.e Alessandra Schreiber Antunes 
Revisão de Conteúdos: Esp. Larissa Carla Costa 
Revisão Ortográfica: Ana Carolina Oliveira Freitag 
Ano: 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
2 
 
Alessandra Schreiber Antunes 
 
 
 
 
Orientação escolar: teoria e prática 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2018 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
ANTUNES, Alessandra Schreiber. 
Orientação escolar: teoria e prática / Alessandra Schreiber Antunes – 
Curitiba, 2018. 
52 p. 
Revisão de Conteúdos: Larissa Carla Costa. 
Revisão Ortográfica: Ana Carolina Oliveira Freitag. 
Material didático da disciplina de Orientação escolar: teoria e prática – 
Faculdade São Braz (FSB), 2018. 
 ISBN: 978-85-5475-190-6 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Apresentação da disciplina 
 
Atualmente os educadores vivenciam uma busca constante da garantia 
de uma educação de qualidade, realmente democrática, onde todos tenham 
acesso ao conhecimento, uma vez que aprender a ler e a escrever é um direito 
de todos, que precisa ser garantido através de uma prática educativa baseada 
em princípios ligados a uma escola inclusiva. 
Nesse sentido essa disciplina comtempla esse tema tão abrangente que 
é a atuação do Orientador Educacional. Nas próximas páginas será apresentado 
como surge essa função dentro das instituições de ensino e quais são suas 
funções, atribuições e as leis que a regem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Aula 1 – Como surge a Orientação Educacional 
 
Apresentação da aula 1 
 
 Nesta aula será estudado o surgimento da função do orientador escolar 
nas instituições de ensino e sua diferenciação do coordenador pedagógico, do 
diretor e dos professores. 
 
1.1 Origem do orientador educacional 
 
 Segundo Pimenta (1988), a orientação educacional tem sua origem 
próxima da década de 30, baseando-se na orientação profissional que se fazia 
nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, a orientação educacional demostrou-se 
válida na organização da sociedade brasileira na mudança da década de 40 e 
se fazia na ajuda ao adolescente em escolher sua profissão. A primeira menção 
a cargos de orientador nas escolas estaduais se deu pelo Decreto-lei No 4.073, 
de 30 de janeiro de 1942, capítulo XV, art. 56. 
 
 
 DECRETO-LEI No 4.073, DE 30 DE JANEIRO DE 1942 
 
Presidência da República 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
DECRETO-LEI No 4.073, DE 30 DE JANEIRO DE 1942. 
 Lei orgânica do ensino industrial 
O Presidente da República. usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da 
Constituição, decreta a seguinte 
Lei Orgânica do Ensino Industrial 
TÍTULO I 
Disposições preliminares 
 Art. 1º Esta lei estabelece as bases de organização e de regime do ensino industrial, que 
é o ramo de ensino, de segundo grau, destinado à preparação profissional dos trabalhadores 
da indústria e das atividades artesanais, e ainda dos trabalhadores dos transportes, das 
comunicações e da pesca. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.680, de 1942) 
 Art. 56. Os orientadores educacionais farão parte dos corpos docentes, sendo a sua 
formação, e os seus estudos de aperfeiçoamento ou especialização, feitos em cursos 
apropriados. 
 
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del4073.htm 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/del%204.073-1942?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del8680.htm#art1
 
7 
 
O cargo de orientador nas escolas estaduais se deu pelo Decreto n. 17.698, 
de 1947, referente às Escolas Técnicas e Industriais. 
No passado a orientação educacional tinha um conceito terapêutico 
psicologizante, onde a mesma visava atuar nas questões ligadas ao 
comportamento do estudante. 
 
Vocabula rio 
Psicologizante: é uma palavra derivada de psicologizar. 
Analisar ou aplicar-se no estudo da psicologia. 
[Pejorativo] Fazer estimativas ou previsões de teor 
psicológico sem que haja comprovação científica. 
Fonte: https://www.dicio.com.br/psicologizante/ 
 
Pode-se dizer que houveram duas fases inicias da Orientação Escolar: 
1. Fase romântica: em que se achava que a orientação resolvia 
todos os problemas direta ou indiretamente com ele. 
2. Fase Objetiva: a orientação era vista como uma prestadora de 
serviço, de diversas ordens e essa não permitia que o aluno tivesse 
problemas. 
 
Atualmente vive-se na fase crítica, onde se vê o estudante em toda a sua 
totalidade e a orientação está sempre do seu lado. 
As Leis Orgânicas do Ensino vigentes no período de 1942 a 1946 fazem 
menção à Orientação Educacional, porém nessa época não existiam cursos de 
orientação educacional, isso ocasionou o preenchimento dos cargos pelos 
chamados “técnicos de educação”, os quais muitas vezes eram selecionados por 
critérios um tanto duvidosos. 
Até 1988, o estado de São Paulo tinha apenas cinco faculdades que 
ministravam o curso superior de Orientação Educacional, sendo o primeiro 
criado pela PUC – Campinas em 1945. 
 Foi no ano de 1958 que o MEC regulamentou de forma provisória o 
exercício da função e o registro de Orientador Educacional, segundo a Portaria 
 
8 
 
n. 105, de março de1958, tendo essa permanecido provisória até 1961, quando 
a LDB 4.024 regulamentou a formação do Orientador Educacional. 
 A Lei 5.564, promulgada em 21/12/68, assim como a LDB em vigor na 
época, demonstrava preocupação com a formação integral do adolescente, 
também trazia orientações referentes ao ensino primário, naquela época 
designado o ensino fundamental. No art.10 a Orientação Educacional destinava-
se a assistir ao educando, individual ou no coletivo, nas escolas e sistemas 
escolares de nível médio e primário, tendo em vista o desenvolvimento integral 
e harmonioso de sua personalidade, ordenando e ligando elementos que 
exercem influência em sua formação preparando-o para o exercício da sua 
cidadania. 
 A LDB 5.692/71, ressalta no art. 10: “será instituída obrigatoriamente a 
Orientação Educacional, incluindo aconselhamento vocacional em cooperação 
com os professores, a família e a comunidade”. 
 Para Pimenta (1981), a LDB dá um novo sentido ao ensino de 1º e 2º 
graus: onde se sondava as aptidões profissionais dos adolescentes, sendo 
assim, a Orientação Educacionalteria o papel de conselheira vocacional. Assim, 
o que era apenas uma área da Orientação Educacional passa a ser confundida 
com a própria. 
 
Para atender às exigências da legislação, o Decreto 72.846 de 1973 
veio a regulamentar a lei 5.564, de 1968, por meio de onze artigos, 
mantendo, porém, o artigo 1º da Lei 5.564, apenas substituindo as 
expressões “no âmbito das escolas e sistemas escolares de nível 
médio e primário” por “no âmbito do ensino de 1º e 2º graus. 
(PIMENTA, 1981, p. 101). 
 
 Ao realizar uma leitura crítica e reflexiva da legislação e dos momentos 
históricos e sociais em que as leis que regem a educação foram promulgadas, 
pode-se compreender que a Orientação Educacional no Brasil vem cumprindo 
os objetivos que dela foram esperados, muitas vezes a favor do sistema 
excludente e poucas vezes carregada de irreverência no sentido da 
emancipação das classes populares. Isso se deve, principalmente por estarem 
atreladas às políticas educacionais vigentes nos diferentes momentos históricos 
e sociais que perpassa o país. 
 
9 
 
 Sendo assim pode-se dizer que o campo de atuação do orientador 
educacional no início era apenas focalizar o atendimento ao educando, aos seus 
“problemas”, a sua família, aos seus “desajustes” escolares, entre outros fatores 
e pouco ou quase nada voltado à autonomia do mesmo e a sua formação como 
cidadão. Tempo depois, voltou-se à prestação de serviços, mas sempre com o 
objetivo de ajustamento ou prevenção. 
 Na década de 70 muito se falou sobre o descompromisso da escola e de 
sua equipe pedagógica. Grinspun (2003) diz que nesse período: 
 
Tenta-se resgatar a importância da escolaridade para as estratégias 
de vida das camadas populares, chamando a atenção para a estrutura 
interna da escola como um dado significativo para o desempenho dos 
alunos. A Orientação estava dentro da escola e não se deu conta do 
papel. (GRINSPUN, 2003, p. 20) 
 
 Porém como relata Balestro (2005, p.19) “os orientadores educacionais 
deixaram a banda passar sem dar a sua contribuição, isso é, sem fazer parte 
dela. Eles ficaram em cima do muro e calados”. 
 Em decorrência de tais situações, a partir de 1980 a função de Orientador 
Educacional começa a ser questionada e seus pressupostos irônicos começam 
a ser repensados e rediscutidos, a partir disso o orientador começa a fazer-se 
presente em todos os momentos da escola, discutindo questões do currículo, 
tais como: objetivos, encaminhamentos, critérios de avaliação, métodos e 
metodologias de ensino, demonstrando-se preocupado com os alunos e o 
processo de aprendizagem. Nessa fase cursos de formação continuada foram 
oferecidos aos orientadores, os quais contribuíram para que a discussão fosse 
ampliada, envolvendo as práticas, os valores que a rodeavam, a realidade dos 
educandos, assim como o mundo do trabalho. 
 Milet (1987), em uma atuação ousada para a época e incompreendida 
pelos profissionais da educação da escola onde ela mesma trabalhava, já 
apresentou, quase vinte anos atrás, uma mudança de enfoque no trabalho do 
orientador educacional. 
 
É necessário pensar junto com os alunos sobre o ambiente que os 
circunda e as relações que estabelecem com esse ambiente, para 
que, tomando consciência da expropriação a que são submetidos, 
sintam-se fortalecidos para lutar por seus direitos de cidadãos” 
(MILET, 1987 p.43). 
 
10 
 
Segundo a autora, indisciplina, agressividade, desinteresse, dificuldades 
de aprendizagem, (queixas mais comuns dos professores), não podem e não 
devem ser tratadas isoladamente e sim, a partir de um estudo das relações 
“professor-aluno, aluno-conteúdo, aluno-aluno, aluno-estatutos escolares, 
aluno-comunidade, professor-comunidade” (MILET, 1987, p. 43). Pela 
apresentação de um relato de experiência, a autora conclui alertando para o 
caráter político da atuação do orientador educacional que “ultrapassa os limites 
dos muros da escola” e se envolve com a comunidade. 
 Depois desse momento nasce um novo olhar em relação ao orientador 
educacional. 
 
A orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não apenas 
cuidar e ajudar os ‘alunos com problemas’. Há, portanto, necessidade 
de nos inserirmos em uma nova abordagem de Orientação, voltada 
para a ‘construção’ de um cidadão que esteja mais comprometido com 
seu tempo e sua gente. Desloca-se, significativamente, o ‘onde 
chegar’, neste momento da Orientação Educacional, em termos do 
trabalho com os alunos. Pretendendo-se trabalhar com o aluno no 
desenvolvimento do seu processo de cidadania, trabalhando a 
subjetividade e a intersubjetividade, obtidas através do diálogo nas 
relações estabelecidas. (GRINSPUN, 1994, p. 13) 
 
 Villon (1994) diz que a função do orientador educacional deve ser a de 
proporcionar a aproximação entre a escola e a comunidade, clareando os papéis 
e influência de diversas instituições, tais como clubes, industrias, comércios 
locais, associações, clubes, propiciando a liberdade de ultrapassar o espaço 
escolar, rumando para a além da comunidade escolar, evidenciando assim que 
o campo de atuação do orientador educacional não se limita apenas ao espaço 
escolar. 
Assis (1994) apresenta a relevância do papel do orientador educacional 
como corresponsável pela aprendizagem dos estudantes, questionando as 
práticas dos professores que envolvem aspectos didático-pedagógicos, tais 
como métodos, metodologia, avaliação, relação professor-aluno, objetivos, 
conteúdos, mostrando a necessidade de que os professores conheçam e reflitam 
sobre o real significado e função social da escola. O papel do orientador 
educacional é apresentado em uma dimensão mais ampla e falando da escola 
como um espaço privilegiado de participação, Assis (1994) questiona sua 
formação profissional, apontando para a necessidade do domínio de conteúdos 
 
11 
 
básico para atuação profissional, dizendo que a Filosofia auxilia a prática 
pedagógica do orientador educacional e acrescentando que outros 
conhecimentos devem fundamentar a prática do orientador educacional, tais 
como a psicologia, sociologia, história da educação, além de outros, originários 
da antropologia, ciências políticas, metodologia e pesquisa em uma abordagem 
qualitativa. 
 Placco (1994) conceitua a orientação educacional como um processo 
social desencadeado dentro da escola, mobilizando todos os educadores que 
nela atuam - especialmente os professores - para que, na formação desse 
coletivo, auxiliem cada aluno a se construir, a identificar o processo de escolha 
pelo que passam, com fatores socioeconômicos, político-ideológicos e éticos 
que o permeiam e os mecanismos por meio dos quais ele possa superar a 
alienação proveniente da nossa organização social, tornando-se assim, um 
elemento consciente e atuante dentro dessa organização, contribuindo para a 
sua transformação. 
Na década de 1980, ocorre o período que é chamado de “questionador” 
por Grinspun (1994), o qual foi marcado por estudos, congressos, lutas sindicais 
que resultaram em grandes conquistas para os orientadores educacionais. A 
autora também nos diz que a partir da década de 90 surge o período “orientador” 
que foi marcado por incertezas e questionamentos, porém tais incertezas caíram 
por terra com a promulgação LDB 9394/ 96, que diz em seu artigo 64 que a 
formação de profissionais da educação para administração, planejamento, 
inspeção, supervisão e orientação educacional básica, será feita em cursos de 
graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição 
de ensino, garantida, nessa formação, a base comum nacional. 
 Em 2000 inicia-se um novo período, onde se mostra necessário que as 
equipes escolares devem ser rearticuladas, portanto as Diretrizes Curriculares 
Nacionais para graduação em Pedagogia aprovada em dezembro de 2005, 
reduzem a orientação educacional a área de serviços e apoio escolar, ficando a 
um passo para a extinçãocompleta dessa função. Porém de forma arbitrária, o 
art. 5 menciona que o ingresso do curso de Pedagogia deve torná-lo apto para 
uma série de funções possíveis apenas a partir de um trabalho integrado com 
outros profissionais da educação. 
 
12 
 
 Por sua vez, o estudante é a razão da existência da escola para colaborar 
com o aluno e com suas necessidades, a escola precisa contar com o trabalho 
do orientador educacional, uma vez que esse é o profissional que trabalha direto 
com o estudante preocupando-se com a sua formação pessoal, cabendo a ele 
desenvolver propostas que aumentem o nível cultural do estudante e fazendo de 
tudo para que o ambiente escolar melhore cada vez mais. 
 O orientador educacional diferencia-se do coordenador pedagógico, do 
professor e do diretor, uma vez que o diretor ou gestor administra a escola como 
um todo, tanto no administrativo quanto no pedagógico, já o professor ocupa-se 
da especialidade de sua área do conhecimento, o coordenador pedagógico 
oferece condições para que o professor atue da maneira mais satisfatória 
possível e, por fim, o orientador educacional responsabiliza-se pela formação de 
seu estudante, para a escola e para a vida. 
 Em uma versão contemporânea, o orientador educacional deve ter o 
estudante como o centro da ação pedagógica, sendo papel do orientador atender 
a todos os estudantes em suas expectativas e solicitações. Não se deve ater 
apenas aos estudantes que possuem problemas disciplinares e/ou dificuldades 
de aprendizagem, sendo sua maior função a de mediador entre o estudante e o 
meio social, discutindo problemas da atualidade, os quais fazem parte do 
conteúdo sociopolítico, econômico e cultural em que se vive, problematizando e 
a fim de levar o estudante a estabelecer relações e desenvolver sua consciência 
crítica. 
 Para que o orientador exerça sua função, ele necessita compreender o 
desenvolvimento cognitivo do estudante, sua afetividade, emoções, sentimentos, 
valores e atitudes, promovendo entre os estudantes momentos de reflexão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Orientação educacional: teoria, prática e ação, 
de Olívia Porto. Nessa leitura será percebido 
que o orientador educacional deve unir-se aos 
demais profissionais da educação e, dentro de 
suas especialidades, facilitar as relações entre 
o desenvolvimento e a aprendizagem. 
 
 
Resumo da aula 1 
 
 Nesta aula estudou-se como surge a função de Orientação Educacional 
no Brasil, bem como algumas legislações e orientações para esse importante 
profissional da área da educação. Viu-se que orientador educacional diferencia-
se do coordenador pedagógico, do professor e do diretor, uma vez que o diretor 
ou gestor administra a escola como um todo tanto no administrativo quanto no 
pedagógico, já o professor ocupa-se da especialidade de sua área do 
conhecimento, o coordenador pedagógico oferece condições para que o 
professor atue da maneira mais satisfatória possível e por fim o orientador 
educacional responsabiliza-se pela formação de seu estudante, para a escola, e 
para a vida. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Conforme conteúdo estudado na aula, discorra sobre a 
importância do trabalho do orientador educacional nas escolas 
da contemporaneidade. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Aula 2 - O que diz a legislação sobre Orientação Escolar Educacional 
 
Apresentação da aula 4 
 
 Nesta aula será estudada a legislação acerca da função do orientador 
escolar. Suas funções, paradigmas, preconceitos e contradições dessa 
profissão. 
 
4.1 Primeiras diretrizes na Orientação Educacional 
 
 A Orientação Educacional no Brasil nem sempre aconteceu de forma 
uniforme na escola, pois encontra suas origens na Lei Orgânica do Ensino 
Industrial de 30 de janeiro de 1942 e no Decreto Lei nº 4244 de 04 de abril de 
1942 o qual estabeleceu as diretrizes para essa função, no que se refere a 
encaminhar os estudantes a escolha de uma profissão, sempre em harmonia 
com a sua família. 
 
 
 DECRETO-LEI Nº 4.244, DE 9 DE ABRIL DE 1942 
Lei orgânica do ensino secundário. 
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da 
Constituição, decreta a seguinte 
LEI ORGÂNICA DO ENSINO SECUNDÁRIO 
TÍTULO V 
 
Da organização escolar 
CAPÍTULO VI 
DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 
Art. 80. Far-se-á, nos estabelecimentos de ensino secundária, a orientação educacional. 
Art. 81. É função da orientação educacional, mediante as necessárias observações, cooperar 
no sentido de que cada aluno se encaminhe convenientemente nos estudos e na escolha da 
sua profissão, ministrando-lhe esclarecimentos e conselhos, sempre em entendimento com a 
sua família. 
Art. 82. Cabe ainda à orientação educacional cooperar com os professores no sentido da boa 
execução, por parte dos alunos, dos trabalhos escolares, buscar imprimir segurança e 
atividade aos trabalhos complementares e velar por que o estudo, a recreação e o descanso 
dos alunos decorram em condições da maior conveniência pedagógica. 
 
15 
 
Art. 83. São aplicáveis aos orientadores educacionais os preceitos do artigo 79 desta lei, 
relativos aos professores. 
Rio de Janeiro, 9 de abril de 1942, 121º da Independência e 54º da República. 
GETULIO VARGAS. 
Gustavo Capanema. 
 
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del4244.htm 
 
 Pascoal, Honorato e Albuquerque (2008) fazem uma retrospectiva 
histórica sobre a orientação educacional no Brasil, identificando o seu 
surgimento por volta de 1930. Nesse período o Brasil tinha como referência o 
modelo norte-americano da orientação profissional e manteve suas 
características voltadas principalmente a área vocacional, cujo objetivo era 
identificar dons e aptidões dos alunos encaminhando-os a profissionalização. A 
Orientação Educacional nessa época tinha o intuito de modelar o aluno aos 
padrões sociais, auxiliando na escolha profissional do educando, além de 
assumir características psicológicas e terapêutica para resolver “os problemas” 
dos alunos, procurando ajustá-los à sociedade. 
 Conforme Decreto-Lei n. 4.073 de 30 de janeiro de 1942, estabelecida 
como Lei Orgânica do Ensino Industrial, a orientação educacional era de caráter 
“corretivo”, voltado para o atendimento aos “alunos-problema”. Os orientadores 
eram incumbidos de desenvolver projetos como construção de revistas, jornais, 
grêmios e cooperativas, visando a autonomia e a elevação das qualidades 
morais do educando. 
Segundo o Decreto-Lei n. 4.244 de 09 de abril de 1942, a Lei Orgânica do 
Ensino Secundário coloca como função do orientador o encaminhamento dos 
alunos aos estudos e orientação na escolha da profissão. Nessa lei destacava-
se a necessidade de o orientador cooperar com o professor para garantir a 
realização dos trabalhos escolares, recreação e estudos complementares. 
No Decreto-Lei n. 6.141 de 28 de dezembro de 1943, da Lei Orgânica do 
Ensino Comercial, o orientador educacional aparece com a função de auxiliar os 
alunos para que executassem seus trabalhos escolares com qualidade, 
cuidando-os quanto à saúde e respeitando seus problemas intelectuais e morais, 
conduzindo-os com segurança para que tivessem êxito em suas escolhas. 
 
16 
 
A orientação educacional no Decreto-Lei n. 9.613 de 20 de agosto de 1946 
que se refere à Lei Orgânica do Ensino Agrícola, em relação ao orientador 
educacional, possui as mesmas especificações da Lei Orgânica do Ensino 
Comercial citada acima, em relação ao papel do orientador educacional. 
De acordo com a lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 onde se fixou 
diretrizes e bases da educação nacional, no artigo 62º, observa-se que já se 
pensava em especialização na área, pois nesse artigo ficava estabelecido que a 
formação do orientador deveria ser feita através de cursos especiais. No artigo 
63º a formação do orientador educacional,para atuar no ensino médio, era 
responsabilidade das faculdades de Filosofia, onde segundo essa lei, seriam 
criados cursos especiais destinados aos licenciados em Pedagogia, Filosofia, 
Psicologia ou Ciências Sociais, bem como os diplomados em Educação Física 
pelas escolas superiores de Educação Física e os inspetores federais de ensino, 
todos com estagio mínimo de três anos no magistério. O artigo 64º refere-se aos 
orientadores de escola primária que deveriam ser diplomados no Ensino Normal 
(curso de formação de professores da época) também necessitando ter no 
mínimo três anos de atuação no magistério. 
A Lei nº 5.564 de 21 de dezembro de 1968, publicada no Diário Oficial da 
União em 27 de julho de 1973, reforçou a LDB de 1961, com o intuito de garantir 
um orientador educacional capacitado. Conforme essa lei: 
 
Art. 3º - A formação de orientador educacional obedecerá ao disposto 
nos Arts. 62 63 64 da Lei nº. 4.024, de 20 de dezembro de 1961 e aos 
outros diplomas legais vigentes. Art. 4º - Os diplomas de orientador 
educacional serão registrados em órgão próprio do Ministério da 
Educação e Cultura. (BRASIL, 1961) 
 
 Ainda nessa lei nº 5.564, a Orientação Educacional ficava destinada a 
assistir o educando individualmente, dando ênfase a um trabalho voltado para o 
desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo dos alunos. 
 Na lei N. 5.692, de 11 de agosto de 1971, na qual estava fixada a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação, a orientação educacional passou a ser 
obrigatória, conforme art. 10: “Será instituída obrigatoriamente a Orientação 
Educacional, incluindo aconselhamento vocacional, em cooperação com os 
professores, a família e a comunidade” (BRASIL, 1971). 
 
17 
 
 Na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as atuais 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o orientador educacional é citado 
apenas no Artigo 64º, onde informa que a formação do orientador se dará por 
meio de graduação em Pedagogia e/ou especialização: 
 
Art. 64. A formação de profissionais de profissionais de educação para 
administração, planejamento, supervisão e orientação educacional 
para a educação básica, será feita em cursos de graduação em 
pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de 
ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (BRASIL, 
1996) 
 
 A resolução do Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno – 
CNE/CP Nº 1, de maio de 2006 que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais 
para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura, define que o pedagogo 
pode atuar em todas as áreas nas quais sejam previstos conhecimentos 
pedagógicos. Isso inclui áreas de apoio como a orientação educacional, 
reforçando a não obrigatoriedade de possuir especialização para atuar na área. 
Reforçando o que diz a Lei nº 9.349 (LDB 1996), portanto, essa resolução deixa 
a especialização na área de orientação como opcional para trabalhar como 
orientador educacional. 
 Em documentos mais atuais como no relatório da Conferencia Nacional 
de Educação – CONAE (2010), ressalta-se a importância da ampliação da oferta 
de cursos de pós-graduação para especialistas-gestores incluindo o orientador 
educacional. A função do orientador não é citada diretamente, mas refere-se à 
necessidade de um serviço de apoio e orientação ao educando em relação à 
vida social, se preocupando com o reconhecimento, com a valorização da 
diversidade, as desigualdades sociais de gênero, de orientação sexual e também 
de atendimento aos deficientes, com sistemas inclusivas, que contemplem a 
diversidade visando à igualdade. 
 No entanto, as atribuições do orientador educacional na atualidade ainda 
estão pautadas na Lei nº 5564, de 21 de dezembro de 1968, regulamentada pelo 
Decreto nº 71846, de 26 de setembro de 1973. Em seu artigo 1º: 
 
 
 
 
18 
 
Constitui o objeto da orientação educacional a assistência ao educando 
individualmente ou em grupo, no âmbito do ensino de 1º e 2º graus, 
visando o desenvolvimento integral e harmonioso de sua 
personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem 
influência em sua formação e preparando-o para o exercício das 
opções básicas. (BRASIL, 1973) 
 
 O artigo 8º deste Decreto atribui-se ao orientador planejar e coordenar o 
SOE Serviço de Orientação Educacional, o processo de informação educacional 
e profissional, sondar interesses, aptidões, e habilidades dos educandos, 
sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando-os a 
outros especialistas, cabe também ao orientador educacional ministrar 
disciplinas de teoria e pratica da orientação educacional e supervisionar estágios 
na área. 
Ainda nesse Decreto em seu artigo 9º consta que compete ao Orientador 
Educacional participar no processo de identificação da comunidade, da clientela 
escolar, de elaboração do currículo pleno da escola, da composição e 
acompanhamento de turmas e grupos, do processo de avaliação e recuperação 
dos alunos, do encaminhamento de estágios, do processo de integração família 
e escola e realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional. 
Grinspun (2001) reforça que historicamente a orientação educacional tem 
se preocupado com os “fazeres” proclamados, que por um longo período na 
história foram mais importantes que compreender o porquê de fazer, então a 
orientação prendia-se a realizar o que estava presente no decreto que 
regulamentava e ainda regulamenta sua profissão sem pensar no porquê de 
atuar dessa forma, sem compreender a importância de ter sua atuação voltada 
ao aluno e a tudo que se refere ao mesmo. 
Atualmente, o orientador tem seu próprio espaço junto aos demais 
profissionais da escola para que o trabalho pedagógico ocorra de forma 
integrada, refletindo sobre as relações que estabelecidas no processo 
educacional, portanto o orientador deve estar atento ao trabalho coletivo da 
escola, atuando em harmonia com os demais profissionais educacionais, uma 
vez que o trabalho é interdisciplinar. 
Hoje pode-se perceber a existência de um número bem reduzido de 
Orientadores Educacionais nas escolas, além de um percebido descaso das 
instituições públicas em estimular esse profissional a desenvolver as suas 
 
19 
 
atividades. Em muitos casos, o Orientador Educacional fica responsável por 
atividades simplistas dentro da escola, como cuidar da disciplina nos corredores 
ou no recreio, cobrir a ausência do diretor, do secretário ou de outros 
profissionais que atuam na escola e até substitui a falta de um ou outro professor. 
A autora Giacaglia (2002), esclarece que é incompatível com o exercício 
da função de Orientador Educacional: 
 
Proceder à chamada de alunos; recolher, caminhar e/ou entregar 
cadernetas escolares ou de passes; cuidar da própria disciplina em 
salas de aula, nos corredores ou nos recreios; cobrir sistematicamente 
as ausências do diretor (a não ser que seja afastado de seu cargo e 
designado para assumir a direção), do secretário ou de qualquer outro 
profissional que atue na escola. (GIACAGLIA, 2002, p. 7) 
 
 Quanto à questão de substituir o professor, a autora nos diz que: 
 
O Orientador Educacional poderá ser considerado um substituto 
eventual de professores, o contribuirá para o estabelecimento de 
confusões de funções, comprometendo, inclusive, a sua imagem. 
(GIACAGLIA, 2002, p.7) 
 
 Cada profissional tem suas funções próprias, que não podem ser 
confundidas com a dos demais profissionais, evitando assim, que as mesmas se 
afastem da sua verdadeira imagem. 
 Atualmente vive-se uma fase crítica, onde procura-se ajudar o estudante, 
de forma integral, com os seus problemas e o momento histórico, nesse sentido, 
o orientador educacional é considerado um educador e voltando seu trabalho 
para o que é fundamental na escola, ou seja, o currículo, o ensino, a 
aprendizagem e todas as relações decorrentes, tendo um papel fundamental 
nessa caminhada. 
O autorRubem Alves compara a profissão do professor e do educador: 
 
Educadores, onde estarão? Em que covas terão se escondido? 
Professores, há aos milhares, mas o professor é profissão, não é algo 
que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é 
profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de 
uma grande esperança. (ALVES, 2000, p. 16) 
 
Para que se concretize essa maneira de ensinar, o orientador possui um 
grande paradigma, ele é o elo que atua com os estudantes, professores, pais e 
toda a comunidade escolar, criando possibilidades para uma educação 
 
20 
 
globalizada, sendo necessário ter em vista as transformações nos contextos 
sócias, econômicos e políticos, que criam novas demandas e desafios na 
educação e que resultam em novas necessidades. 
Assim surge um novo perfil de estudante, exigindo a relevante atuação do 
orientador educacional no espaço escolar, tendo no estudante o seu principal 
objeto de trabalho, buscando um positivo resultado final do processo ensino 
aprendizagem, devendo comprometer-se com a formação do cidadão consciente 
da sociedade em que vive. 
 Há um grande número de professores que atuam como orientadores 
educacionais, porém tal situação é bastante criticada por muitos educadores. Há 
um consenso de que essa função tem importância fundamental para o trabalho 
desenvolvido nas escolas, uma vez que o orientador educacional, junto ao 
professor, estabelece diretrizes para que o currículo seja o melhor possível e o 
desenvolvimento do ensino seja adequado ao estudante, pois a aprendizagem 
se torna mais significativa quando ela ocorre em situações que facilitam a sua 
consolidação. 
 O orientador torna-se um mediador das dificuldades encontradas pelos 
estudantes, pois é sabido que o meio em que o estudante está inserido tem uma 
grande influência nessa aprendizagem. Através da articulação e reflexão 
constroem-se novas propostas de ação, que geram novas formas de ensinar e 
essas poderão tornar o mundo melhor. 
 Antigamente o orientador educacional se preparava para resolver todos 
os possíveis problemas enfrentados pelo estudante, fossem estes de ordem 
afetiva, sexual, familiar ou social. Hoje seu papel direciona-se a refletir, discutir 
e identificar os problemas vivenciados não apenas pelos estudantes, mas pela 
comunidade escolar em geral. 
Ainda existem preconceitos e contradições, muitas vezes falsos entre a 
escola e o orientador educacional. Por esse estar em contato com os diferentes 
segmentos escolares, tem a possibilidade de percebê-los mais facilmente e 
assim cuidar para que a escola como um todo seja guiada por interesses 
comuns, sendo certamente essa uma das mais importantes funções do 
orientador: conduzir reflexões que entendam a estreita relação entre autoridade 
e liberdade, de respeito às normas e formação de cidadãos, da disciplina, da 
construção do conhecimento e criticidade. 
 
21 
 
 Em muitas escolas permanece o pensamento de que o orientador 
educacional tenha as soluções para todos os problemas que lhe são 
apresentados, porém ele não tem como dar conta de todos os conflitos, nem 
poderia restringir-se a aconselhar os estudantes, uma vez que se se almeja a 
autonomia de pensamento e senso crítico, para optar pelo caminho que o sujeito 
achar melhor. 
Segundo Charlot (2013), não se pode negar o fato de que a educação é 
fundamental para o desenvolvimento e socialização do indivíduo. Por educação, 
a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional (LDB), afirma: 
 
Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se 
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas 
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e 
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. 
Art. 2º A educação, dever da família e do estado, inspirada nos 
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por 
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu parceiro para o 
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 
1996) 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
A orientação educacional: conflito de 
paradigmas e alternativas para a escola, de 
Míriam Grinspun. Nesse livro você poderá 
analisar como ocorre a formação do 
orientador educacional na graduação, bem 
como o mesmo pode colaborar de forma 
positiva na formação do cidadão. 
 
Resumo da aula 2 
 
Nesta aula foi possível conhecer as leis que regem o trabalho da 
Orientação Escolar/ Educacional. Realizou-se uma leitura crítica da legislação e 
dos contextos sociais em que as leis ligadas a educação foram homologadas. 
Pôde-se compreender que a função de orientação educacional no Brasil tem 
cumprido os papéis que dela eram esperados, muitas vezes favorecendo a 
 
22 
 
permanência de um sistema excludente, que não privilegia as camadas 
populares, pelo fato de estar atrelada às políticas educacionais vigentes nos 
diferentes momentos históricos. 
 
Atividade de Aprendizagem 
No período de 1930 o Brasil tinha como referência a orientação 
educacional norte-americana. Nessa época, qual era seu 
objetivo? 
 
 
 
Aula 3 - O papel do Orientador Escolar 
 
Apresentação da aula 3 
 
 Nesta aula será conhecida a função do orientador escolar nas instituições 
de ensino, suas dificuldades, suas concepções práticas e a medicação entre 
professor e estudante. 
 
3.1 A construção da coletividade e cidadania 
 
 O orientador educacional deve esmerar-se para construir na escola um 
clima de coletividade que sensibilize a todos, quanto à necessidade de se 
cooperar nas suas atividades, com entusiasmo, respeito e solidariedade, 
buscando sempre cumprir com o que se estabelece no Projeto Político 
Pedagógico da escola e contribuir não só no atendimento dos estudantes com 
dificuldades, mas para discutir, junto a direção, coordenações e professores, os 
fatos ocorridos, buscando ações possíveis de serem realizadas, para a formação 
integral do estudante na sua construção cidadã. 
Na escola o orientador escolar é um dos membros que compõe a equipe 
gestora, juntamente com o diretor e o coordenador pedagógico, sendo o principal 
responsável pelo desenvolvimento pessoal de cada estudante, dando suporte a 
 
23 
 
sua formação cidadã, levando-o a refletir sobre valores morais e éticos e a ser 
capaz de resolver conflitos e a lidar com os mesmos. 
Junto ao professor, o orientador escolar preza pelo processo de 
aprendizagem e formação dos estudantes, auxiliando o docente na 
compreensão dos comportamentos dos estudantes atualmente. 
Muitas mudanças têm ocorrido com nossa sociedade, dando origem a 
novas demandas, levando a escola a buscar novas alternativas de atendimento 
a todos, pois a realidade da educação passa por conflitos sociais e políticos. 
Conforme Silva (1995), existe um senso comum na modernidade que 
atribui a educação a realização de algumas ideias, como progresso social, da 
ciência e da razão, da autonomia do sujeito no papel da sua própria educação. 
Segundo a definição que Silva (1995) faz sobre a educação moderna: 
Educação moderna é a instituição disciplinar por excelência – nos dois 
sentidos da palavra. A sua natureza disciplinar, isto é, como instituição 
organizada em torno de disciplinas – no sentido epistemológico - e 
como instituição encarregada da disciplina – no sentido político - é 
talvez o traço que a define de forma mais caraterística e também o seu 
traço mais permanente e impermeável. Numa perspectiva que 
questiona uma tal sociedade disciplinar é obviamente, a sua principal 
instituição disciplinar que se encontra sob ataque. (SILVA, 1995, p. 
251) 
 
Para que se compreenda a função do orientador nesse processo de 
integração da comunidade escolar e no processo educacional do estudante, 
recorre-se a definição de Martins (1984), para o trabalho de Orientador 
Educacional:A orientação educacional (OE) é um processo organizado e 
permanente que existe na escola. Ela busca a formação integral dos 
educandos (este processo é apreciado em todos os seus aspectos, tido 
como capaz de aperfeiçoamento e realização), através de 
conhecimentos científicos a métodos técnicos. A Orientação 
Educacional é um sistema em que se dá através da relação de ajuda 
entre orientador, aluno e demais segmentos da escola, resultado de 
uma relação entre pessoas, realizada de maneira organizada que 
acaba por despertar no educando oportunidades para amadurecer, 
fazer escolhas, se auto conhecer e assumir responsabilidades. 
(MARTINS, 1984, p. 97) 
 
Valorizar a humanização do sujeito e abrir espaço para sua autonomia 
são ações fundamentais no processo da educação. Martins (1999) define a 
importância do professor e traça uma postura adequada para sua função: 
 
 
 
24 
 
 
O educador é, sem dúvida, o elemento fundamental da comunidade 
educativa, pois desempenha a missão de formar a alma do educando. 
Em função disso, não pode limitar-se a um mero transmissor de 
conhecimento ou ser apenas alguém que faz da educação um meio de 
ganhar a vida, antes disso, o educador deve irradiar entusiasmo, 
vibrando com a ação educativa. (MARTINS, 1999, p. 136) 
 
 Partindo desse pressuposto de uma escola autônoma e democrática que 
se visa a participação de toda a comunidade escolar na construção de uma 
escola que possibilite a formação do sujeito. 
 Puig (2000) define escola democrática como uma instituição que se propõe 
instruir e formar estudantes por meio da participação no decorrer das atividades 
de trabalho e vivência docente, pois uma escola democrática pretende que os 
atores principais da sua própria educação sigam participando ou fazendo parte 
direta de todos aqueles aspectos do processo formativo, possíveis de realizar 
com autonomia. 
Cabe a escola cuidar em não limitar em excesso o que pode ser feito pelos 
seus estudantes, porém, também cabe a ela atribuir responsabilidades e tarefas. 
Portanto, uma escola democrática deseja que a participação de seus estudantes 
e responsabilidade dos professores sejam complementares, de acordo com a 
faixa etária e as diferentes realidades de cada escola, ou seja, uma escola 
realmente democrática é aquela que possibilita a participação dos estudantes 
sem negar, contudo, a função e a responsabilidade dos seus educadores. 
 Uma escola democrática é uma instituição que possibilita em níveis 
acessíveis a participação do estudante, onde esse adquira a autonomia e 
responsabilidade que permitam a sua participação na comunidade. 
Algumas intercorrências de ordem pessoal como dificuldades 
interpessoais, problemas familiares, baixa autoestima, podem influenciar no 
rendimento escolar do estudante. Coll (2004), ao descrever alguns fatores que 
se relacionam com a aprendizagem do sujeito, traz o essencial na prática 
escolar: 
É fundamental que as crianças com dificuldades de aprendizagem não 
sejam vistas como culpadas, e que a escola não sacralize como único 
valor o rendimento escolar, de modo que aqueles que tenham 
dificuldades de aprendizagem sejam bem-aceitos na escola, na família 
e na sociedade, circunscrevendo o problema à própria dificuldade de 
aprendizagem. (COLL, 2004, p.118) 
 
 
25 
 
O Orientador Educacional está imergido em um contexto contínuo de 
conflitos e problemas escolares, onde deve-se considerar que além da busca 
pela garantia da real aprendizagem do currículo disciplinar que o estudante 
necessita é preciso construir uma adequada rede de relações sociais e 
interpessoais, sendo o orientador educacional o favorecedor da segurança 
emocional dos estudantes e professores, promovendo ainda o envolvimento dos 
pais com a educação dos filhos, resgatando o espirito de cooperação e ajuda 
dos indivíduos diretamente responsáveis pela construção do sujeito. 
 Por sua vez, Coll (2004) coloca que o ideal seria a ampliação a rede de 
apoio, já que é na escola que se explicitam os conflitos. É preciso que se implante 
nas escolas programas efetivos de intervenção com as famílias, visando ações 
preventivas: 
 
Uma proposta preventiva globalizada não deveria centrar-se somente 
no âmbito escolar, mas teria de incidir também no contexto social. Por 
essa razão, as políticas sociais que reduzem as condições de risco 
(pobreza, clima de violência) e incentivam fatores geradores de bem-
estar (serviços de saúde, trabalho, proteção social, moradia digna) têm 
uma relação positiva no âmbito educativo. (COLL, 2004, p. 124) 
 
 Segundo Lück (1994) o orientador educacional deve ter como ponto 
primordial a educação que consiga ligar conhecimento, habilidades e 
sentimentos na prática do professor e no currículo, ou seja, aquela que consegue 
reequilibrar tanto as necessidades individuais quanto as do grupo e da escola. 
 É fato que há tempos passados o processo de ensino e aprendizagem 
ocorria apenas na escola, porém hoje sabe-se que o mesmo sofre influência do 
seu entorno. Sendo assim é fundamental que se conheça a realidade em que a 
escola e os estudantes estão inseridos, para que se garanta o sucesso da 
aprendizagem. É nesse ponto que se cumpre a função do orientador 
educacional. 
É sabido que se aprende nas relações do dia a dia, na interação com o 
outro, portanto uma das funções do orientador educacional é a de mediador da 
relação estudante-professor, não sendo apenas o que aponta culpados e 
defende inocentes, mas o que caminha para o planejar, coordenar, avaliar e 
assessorar tais relações. 
 Mira (2017), reflete que: 
 
26 
 
 
Educar somente para o trabalho, para o cumprimento de metas 
qualitativamente mensuráveis, para a boa posição nos rankings das 
avaliações externas não é suficiente para garantir a formação de 
pessoas humanas. (MIRA, 2017, p. 20) 
 
 Existem profissionais que demonstram, por meio de suas concepções e 
práticas pedagógicas, a preocupação de garantir condições e conhecimentos 
aos estudantes e que garantam aos mesmos um futuro condizente com o que a 
sociedade exige para a sua vida profissional. Porém, é necessário olhar além do 
resultado quantitativo de um estudante, sendo relevante acompanhar seu 
desenvolvimento e quais os fatores que o impedem de atingir a aprendizagem 
desejada e almejada. 
Alguns questionamentos são necessários para provocar os atores 
principais da educação, visando acompanhar suas ações dentro da instituição 
de ensino, provocando conflitos que farão necessária a atuação e intervenção 
do orientador educacional, tais questionamentos como: 
 
➢ Como será que os indivíduos aprendem e se desenvolvem? 
➢ Há apenas uma única forma de avaliar o indivíduo? 
➢ O que a escola e o professor querem ensinar? 
➢ O que será que o estudante traz de conhecimento ao chegar na 
escola? 
➢ Quem são os indivíduos envolvidos no processo de aprendizagem? 
➢ Qual a reação dos estudantes diante das novas aprendizagens? 
 
 Ainda nos dias de hoje, há escolas que não conseguem conviver 
harmoniosamente com as diferenças, conservar valores tradicionais de 
formação humana, professores que idealizam a mesma aprendizagem e da 
mesma forma para todos os estudantes. 
 Trabalha-se no presente projetando o futuro, questionando sobre o que 
realmente se quer ensinar. Mantoan (2011) descreve a visão que muitos pais e 
professores fazem da qualidade na educação: 
 
Vigora ainda a visão conservadora de que as escoas de qualidade são 
as que enchem as cabeças dos alunos com datas, fórmulas, conceitos 
justapostos, fragmentados. A qualidade desse ensino resulta do 
primado e da supervalorização do conteúdo acadêmico em todos os 
 
27 
 
seus níveis. Persiste a ideia de que as escolas consideradas de 
qualidade são as que centram a aprendizagem no racional, no aspecto 
cognitivo do desenvolvimento, e que avaliam os alunos quantificando 
respostas-padrão. Seus métodos e práticas preconizam a exposição 
oral,a repetição, a memorização, os treinamentos, o livresco, a 
negação do valor do erro. São aquelas escolas que estão sempre 
preparando o aluno para o futuro: seja este a próxima serie a ser 
cursada, o nível de escolaridade posterior, o exame vestibular! 
(MANTOAN, 2011, p. 60) 
 
 O Orientador Educacional nesse ponto, deve ter a mediação entre 
professor e estudante como seu principal papel, fazendo-se perceber como 
articulador, com o empenho necessário entre o que se tem e o que se deseja, 
contribuindo para a organização, dinamização e o sucesso do processo 
educativo, não podendo ser um mero ouvinte passivo das reclamações dos 
professores, nem apenas aquela pessoa que aponta os problemas familiares 
como a causa do insucesso na educação. 
 A atuação do orientador educacional precisa ser a de resgatador da 
capacidade de os professores enxergarem além do estudante/número, mas sim 
fazê-los refletir que recorrentes fracassos de um estudante não o tornam um 
incapacitado. 
O orientador educacional pode ser quem promove a possibilidade da 
qualidade, quando as ações educativas estão associadas a solidariedade, a 
colaboração, ao compartilhamento de todos os envolvidos como estudantes, 
professores, pais e/ou responsáveis e comunidade escolar. 
Uma educação realmente democrática e de qualidade para todos implica 
não apenas no sucesso do ensino de habilidades para desenvolver a função de 
ensinar com sucesso. 
 
A visão de orientação de que dispomos hoje deixa para trás as funções 
desempenhadas por esse profissional no passado e que nem sempre 
colaboravam com o processo educativo. Não se trata de “apagar o 
fogo”, como, historicamente, fazia o orientador educacional, chamado 
nas ocasiões em que havia problema a ser solucionado ou para abafar 
os casos de indisciplina. Nem inspetor de alunos, nem psicólogo. Hoje, 
além de conhecer o contexto socioeconômico e cultural da 
comunidade, bem como a realidade social mais ampla, o orientador 
educacional pode ser um profissional da educação encarregado de 
desvelar as forças e contradições presentes no cotidiano escoar e que 
podem interferir na aprendizagem. A prática dos orientadores deve 
estar vinculada às questões pedagógicas e ao compromisso ético de 
contribuir na construção de uma escola democrática, reflexiva e cidadã. 
(BALESTRO, 2005, p. 21) 
 
 
28 
 
 A função de orientador escolar vai além de um cargo de confiança da 
equipe diretiva ou integrante burocrático da Gestão Escolar, sua atuação implica 
em ser autêntico, visionário, líder, para que consiga envolver todos no trabalho 
realizado na escola, fazendo de suas ações e atitudes um exemplo, dando a 
mesma importância para professores e estudantes, motivando todos os 
envolvidos a acreditarem em seu próprio valor pessoal. 
 Reconhecemos que é de suma importância que o orientador escolar 
administre suas próprias ações, respeitando as diferenças, pesquisando, 
analisando todos os pontos de uma situação, conversando, ouvindo e aceitando 
opiniões diferentes das suas, agindo com a razão e liderando para que, dessa 
forma, a escola se constitua em um ambiente envolvente de aprendizagem onde 
se promova o crescimento do indivíduo educativo. 
 É crescente a consciência de que as formações continuadas são 
essenciais para o professor, para tanto, o orientador escolar precisa estar 
pesquisando constantemente novas formas de desempenhar seu papel com 
sucesso na formação tanto dos professores, quanto dos estudantes. A prática 
do orientador educacional vem desempenhando sua função para estreitar a 
relação professor e estudantes, buscando a aprendizagem de todos. 
 Conforme já relatado, a escola é um local associado à sociedade 
moderna, pois ninguém pode deixar de passar por ela ou sair, sem um resultado 
positivo e objetivos, não correndo o risco do fracasso em um mundo cada vez 
mais seletivo e competitivo. A escola deve ser quem promove da educação 
integral do indivíduo, onde seus membros devem aperfeiçoar suas práticas para 
que todos os indivíduos atinjam os objetivos que foram propostos, observando 
que não haja meio termo quando se fala em aprendizado. 
 Vive-se em um mundo globalizado, onde os professores devem 
compreender qual é o seu papel nas relações educacionais e também sociais, 
históricas e culturais, desestruturando as regras de dominação e de controle 
enfatizadas em nossa cultura, contribuindo em um movimento de mudança na 
vida dos sujeitos, inclusive no que diz respeito à diversidade na escola e na 
sociedade como um todo. 
A escola é um espaço de relação com o outro e o orientador educacional 
deve aceitar o desafio de humanizar o pensamento e a ação do professor, 
resgatando a autoestima das diferentes realidades estudantis, onde estará 
 
29 
 
estreitando a relação entre professores e estudantes e, por consequência, 
contribuíra de forma efetiva para a consolidação da aprendizagem. 
O ato de ensinar exige esforço e não admite forma de discriminação ou 
preconceito, considerando que em algumas situações serão necessários 
profissionais especializados, atendimentos em demais setores fora do que as 
escolas conseguem alcançar, para que se possa realmente garantir um ensino 
de qualidade. 
Para tanto, a atuação do orientador educacional é consciente e 
comprometido com o seu papel de mediador da aprendizagem, necessitando em 
muitos aspectos ser reorganizado, retomado, questionado para que 
efetivamente as escolas sejam igualitárias para todos os estudantes. 
Existe ainda, a falta de paridade entre os princípios legislativos e o contexto 
das instituições de ensino, fato esse que precisa ser continuamente analisado e 
colocado em relevância para que, coletivamente, os indivíduos envolvidos nos 
processos educacionais possam pensar, elaborar e analisar novos 
procedimentos para transformá-los em ação pedagógica propriamente dita. 
A tarefa dos educadores é árdua e, muitas vezes, frustrante, e esse 
sentimento de frustação torna-se constante nas atividades diárias desses 
profissionais. Porém, por se acreditar que a educação e o conhecimento 
transformam o sujeito, tem-se a ciência de que a escola é um espaço privilegiado 
para as interações e um ambiente recheado de possibilidades e aprendizagens. 
Mesmo que essas funções do orientador sejam essenciais no processo de 
ensino e aprendizagem, na maioria das vezes as instituições de ensino não 
possuem esse profissional em sua equipe gestora, porém com ou sem ele, o 
trabalho deve ser feito. Da mesma forma que uma escola sem coordenador 
pedagógico não pode deixar de planejar suas ações didáticas, uma escola sem 
orientador educacional não pode deixar preocupar-se com a formação cidadã 
dos seus estudantes. Na ausência desse profissional, essa função deve ser 
cumprida pelo diretor, coordenador e também pelos professores. 
 Para Lück (2011, p.7): “A administração da escola, a supervisão escolar 
e a orientação educacional se constituem em três áreas de atuação decisivas no 
processo educativo”, para a autora tais cargos são muito importantes por 
influenciarem em todas as áreas da escola, onde estabelecem as formas do 
 
30 
 
trabalho educacional, quais as prioridades de ação e atuação, entre demais 
aspectos importantes para a educação. 
 Toda a comunidade escolar se interliga quanto as suas funções em uma 
relação de interdependência em busca da obtenção de um desenvolvimento 
completo. 
 Conforme Lück (2011) o diretor ocupa posição central na escola, pois seu 
trabalho influencia todo o ambiente escolar. Ele deve organizar as unidades que 
compõem a escola, ter controle financeiro, deve coordenar e orientar todos 
aqueles que assumem responsabilidades no campo escolar, estimular a 
inovação do processo educacional, entre outras atribuições do cargo. De acordo 
com a autora: 
 
É do diretor da escola a responsabilidade máxima quanto a 
consecução eficaz da política educacional do sistema e 
desenvolvimentopleno dos objetivos educacionais, organizando, 
dinamizando e coordenando todos os esforços nesse sentido, e 
controlando todos os recursos para tal. (LÜCK, 2011, p. 16) 
 
 Lück (2011) se refere ao supervisor educacional, citando que sua função 
é a de somar esforços na escola, com o papel de assistência e coordenação dos 
professores, visando a melhoria dos materiais de instrução dos métodos, 
técnicas e procedimentos de ensino, dos programas curriculares, do processo 
de avaliação e recuperação do aluno, dos objetivos educacionais e desempenho 
do professor. 
 Mais importante do que a melhoria em infraestrutura e materiais é a 
qualidade do ensino em sala de aula, pois, mesmo com os equipamentos mais 
modernos em uma escola, se não houver um professor capacitado de nada 
adianta. Lück (2011) afirma que função do supervisor é de suma importância, 
para que ocorra essa qualidade no ensino contribuindo para o processo de 
ensino-aprendizagem. 
 Lück (2011) também descreve a orientação educacional, apontando que 
a sua ação envolve toda a comunidade escolar, com enfoque tanto para o grupo 
como para os indivíduos. Segundo a autora, o orientador assume a função de 
dar assistência ao professor, pais e pessoas da escola com os quais o educando 
mantém contatos significativos, com a intenção de contribuir para que possam 
compreender as necessidades do educando em seus aspectos cognitivos, 
 
31 
 
psicomotores, afetivos e sociais. Para isso se deve realizar ações de orientação 
e aconselhamento com atendimento individual ou coletivo, pensando na 
qualidade de relacionamento entre professor/aluno, aluno/família. O orientador 
pode contribuir para todas essas relações dentro da escola, pensando no aluno 
como sujeito do processo-educacional e todas as suas relações. 
Segundo Grinspun (2011): 
 
Chegou-se a dizer, principalmente na década de 70, que os 
especialistas de educação estavam com as suas atividades 
interferindo no próprio trabalho do professor, isto é, eles é que 
detinham o “poder” dentro da escola. (GRINSPUN, 2011, p. 14) 
 
 Um cargo criado para auxiliar o desenvolvimento do aluno e para 
identificar os problemas e soluções do contexto educacional e social causava 
desunião dentro da escola. 
 
Tipificou-se a Orientação, sacrificou-se a sua existência, culpando-a 
até por ser uma especialização dentro da escola que “sabia mais que 
o professor”. De um lado o que pensava do outro o que fazia, a 
Orientação contribuía, portanto, para a divisa social do trabalho. 
(GRINSPUN, 2001, p. 14). 
 
 Para Giacaglia (2002) não há diferença hierárquica entre orientador e 
supervisor, porém para que não haja conflitos se faz necessário que ambos 
entrem em acordo e delimitem suas áreas de atuação. 
 Segundo Pascoal (2005, p. 121), na falta do profissional orientador nas 
escolas, alguém deve assumir essa função e isso causa um acúmulo de funções. 
“Normalmente esse profissional é o coordenador pedagógico que, além de 
cumprir a sua função junto aos professores, associa a ela a função do orientador, 
resultando em uma inadequação das duas.” Então o coordenador pedagógico é 
o profissional em que seu trabalho está em relação aos professores, alunos e a 
tudo que está a cargo desses profissionais. 
 Quando a escola possui ambos os cargos, de orientador e supervisor, o 
trabalho pode fluir mais, pois o primeiro, geralmente fica responsável por cuidar 
das questões relativas aos alunos e suas famílias, e o segundo, da formação dos 
professores. 
 Grinspun (2010, p. 108) ressalta como deve ser o trabalho do orientador 
com o professor: 
 
32 
 
 
Trabalhando juntos dos professores, através de uma reflexão crítica da 
prática pedagógica, o Orientador procurará contribuir para a discussão 
da realidade dos alunos, das finalidades do processo pedagógico, do 
sistema de avaliação, das questões de evasão e repetência escolar, 
dos recursos físicos e materiais que a escola dispõe, das metodologias 
empregadas, enfim, sobre as questões técnicas-pedagógicas da 
escola. (GRINSPUN, 2010, p. 108) 
 
Mediante a necessidade de mudanças quanto a atuação do orientador 
educacional, devemos salientar a contribuição de Grinspun (2011, p.13): 
 
Pretendendo-se trabalhar com o aluno, no desenvolvimento do seu 
processo de cidadania, trabalhando a subjetividade e a 
intersubjetividade, obtidas através do diálogo nas relações 
estabelecidas. (GRINSPUN, 2011, p. 13) 
 
Em uma perspectiva de um trabalho concretizado do orientador, onde 
considera a realidade do estudante, traz-se essa para dentro da escola, no intuito 
de contribuir no desenvolvimento do educando em uma perspectiva crítica, 
(Grinspun, 2001). Portanto: 
 
[...] pode se dizer que, se antes cabia ao orientador ser uma figura 
“neutra” no processo educacional, para “guiar os jovens em sua 
formação cívica, moral e religiosa”, hoje, espera-se um profissional 
comprometido com sua área, com a história de seu tempo e com a 
formação do cidadão. (GRINSPUN, p.14, 2010) 
 
Vale aqui destacar as contribuições do orientador educacional para que a 
escola exerça sua função social e o fato desse profissional não ser obrigatório 
nas escolas, podendo ser excluído nos concursos públicos e ter outros 
profissionais atuando em sua área. Mas isso não significa o fim da orientação 
educacional, como explica Grinspun (2001) ao destacar que a orientação nunca 
deixará de existir, pois está muito ligada com a educação até no contexto 
etimológico, onde educare se refere a orientar, guiar, conduzir o indivíduo. 
 
A construção de uma escola de qualidade implica um projeto coletivo, 
que requer atenção coordenada e participação de todos nela 
envolvidos. A qualidade não está na adjetivação externa, mas na 
substancialidade interna da instituição. (GRINSPUN, 2010, p. 113) 
 
 
 
33 
 
Segundo o Decreto nº 72846/73 de 26 de setembro de 1973, entre as 
funções do orientador educacional cabe ao mesmo a implantação do Serviço de 
Orientação Educacional o SOE, que segundo Giacaglia (2009) tem como 
objetivo assistir o aluno em seu desenvolvimento, identificando nas suas 
potencialidades e limitações, colaborar com professores e gestores na 
realização do processo educativo que vise o desenvolvimento integral, atender 
os educandos nas várias áreas da orientação educacional descritas nesse 
decreto. 
 
 
 
 DECRETO No 72.846, DE 26 DE SETEMBRO DE 1973 
Presidência da República 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
DECRETO No 72.846, DE 26 DE SETEMBRO DE 1973. 
 
Regulamenta a Lei nº 5.564, de 21 de 
dezembro de 1968, que provê sobre o 
exercício da profissão de orientador 
educacional. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 81, item III, 
da Constituição, 
DECRETA: 
 Art. 1º Constitui o objeto da Orientação Educacional a assistência ao educando, 
individualmente ou em grupo, no âmbito do ensino de 1º e 2º graus, visando o 
desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os 
elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício das 
opções básicas. 
 Art. 2º O exercício da profissão de Orientador Educacional é privativo: 
I - Dos licenciados em pedagogia, habilitados em orientação educacional, possuidores de 
diplomas expedidos por estabelecimentos de ensino superior oficiais ou reconhecidos. 
II - Dos portadores de diplomas ou certificados de orientador educacional obtidos em cursos 
de pós-graduação, ministrados por estabelecimentos oficiais ou reconhecidos, devidamente 
credenciados pelo Conselho Federal de Educação. 
III - Dos diplomados em orientação educacional por escolas estrangeiras, cujos títulos sejam 
revalidados na forma da legislação em vigor. 
 Art. 3º É assegurado ainda o direito de exercer a profissão de Orientador Educacional: 
I - Aos formados que tenham ingressado no curso antes da vigência da Lei nº 5.692-71, na 
forma do art. 63, da Lei nº4.024-61, em todo o ensino 1º e 2º graus. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%2072.846-1973?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L5564.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L5564.htm
 
34 
 
II - Aos formados que tenham ingressado no curso antes da vigência da Lei nº 5.692-71 na 
forma do artigo 64, da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, até a 4º série do ensino de 
1º grau. 
Brasília, 26 de setembro de 1973; 152º da Independência e 85º da República. 
EMÍLIO G. MÉDICI 
Confúcio Pamplona 
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/d72846.htm 
 
 Giacaglia (2009) ainda esclarecem que: 
 
A criança de modo geral, se desenvolve na instituição familiar que é 
encarregada de promover os recursos necessários à sua 
sobrevivência: de propiciar-lhe assistência na área de saúde e de 
ministrar-lhe os primeiros ensinamentos. Por sua vez a instituição 
escolar esta incumbida de realizar a educação formal das crianças e 
dos jovens. (GIACAGLIA, 2009, p. 63) 
 
Durante muito tempo, o papel do orientador educacional foi visto como 
uma atividade de aconselhamento dentro da escola, atuando com os estudantes, 
promovendo as condições para o estudante pensar, aprender a desenvolver 
suas atividades, tornando-se reflexivo, até chegar a construção do seu próprio 
conhecimento. 
 Segundo Martins (1984), a educação, considerando o homem como 
prioritário no processo educativo e estreitamente relacionado com o meio, leva 
em consideração alguns aspectos da realidade do estudante como: 
desenvolvimento psicológico, afetividade e intelecto, socialização, 
desenvolvimento pleno de suas capacidades e realização pessoal, sendo 
justamente essa complexa abordagem da educação em relação ao estudante 
que tornou necessária a atuação do orientador educacional na escola com a 
função facilitadora do desenvolvimento integral do estudante. 
 Sendo assim, concorda-se com Martins (1984), que a Orientação 
Educacional é um serviço planejado, organizado, que visa proporcionar 
condições ao estudante de ultrapassar suas dificuldades de aprendizagem 
escolar, de relacionamento familiar e social, bem como de escolha profissional 
para o futuro. 
 De acordo com Garcia (1994), a orientação é definida como: 
 
 
 
 
35 
 
Um método pelo qual o Orientador Educacional ajuda o aluno, na 
escola a tomar consciência de seus valores e dificuldades, 
concretizando, principalmente, através do estudo sua realização em 
todas as suas escolhas e em todos os planos de vida. (GARCIA, 1994, 
p. 32) 
 
Amplie Seus Estudos 
 SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Planejamento em orientação educacional de 
Heloísa Lück. Sugere-se este livro aos 
orientadores educacionais em geral, pois o 
mesmo tem o objetivo de fornecer subsídios 
para o desenvolvimento de conhecimentos, 
habilidades, atitudes e interesse em relação ao 
trabalho da orientação educacional. 
 
 
Resumo da aula 3 
 
Nesta aula foi possível conhecer e compreender qual é o papel do 
Orientador Educacional dentro das instituições de ensino. A visão 
contemporânea da função do Orientador Educacional aponta para o estudante 
como centro da prática pedagógica, cabendo ao mesmo atender a todos os 
estudantes em suas necessidades e expectativas, não relacionando a sua 
atenção apenas aos estudantes que apresentam problemas de disciplina ou 
dificuldades de aprendizagem, devendo ser o mediador entre o estudante e o 
meio social, discutindo problemas atuais que fazem parte do contexto 
sociopolítico, econômico e cultural em que se vive. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Qual é a função do Orientador Educacional com relação à 
função social da escola? Discorra sobre o assunto. 
 
 
 
 
 
 
36 
 
Aula 4 - A atuação do Orientador Educacional 
 
Apresentação da aula 4 
 
 Nesta aula será conhecido o campo de atuação do Orientador 
Educacional dentro das instituições de ensino. Será estudado que a importância 
do orientador educacional nas instituições de ensino está atrelada a necessidade 
de pensar, refletir, analisar contexto social em que se está inserido, com base no 
cotidiano integral. Com base nesse princípio, pode-se ressaltar que o orientador 
educacional nas escolas, tem como função, alavancar a melhora do ambiente 
escolar, indo além dos conhecimentos estabelecidos no currículo escolar e 
contribuindo de maneira primordial com a formação de um cidadão de primeira 
categoria. 
 
4.1 O ofício no orientador educacional na atualidade 
 
 Hoje a atuação da orientação educacional é caracterizada por um trabalho 
mais abrangente como prática transformadora que busca o trabalho conjunto, 
onde todos os profissionais contribuem oferecendo sua especificidade de ação 
e tendo como objetivo comum atender ao aluno real na busca da apropriação do 
conhecimento. 
Esclarece-se aqui, o que realmente deve fazer um Orientador 
Educacional: 
 
➢ Orientar o aluno no seu desenvolvimento pessoal, primando pela 
construção de seus sentimentos, emoções valores e atitudes; 
 
➢ Orientar, ouvir e dialogar com os estudantes, gestores, pais e/ou 
responsáveis e com toda a comunidade escolar; 
 
➢ Participar da organização e realização do Projeto Político 
Pedagógico e da Proposta Pedagógica da instituição de ensino; 
 
 
37 
 
➢ Ajudar o professor a compreender o comportamento dos 
estudantes e de como atuar adequadamente em reações aos 
mesmos; 
 
➢ Ajudar o professor a identificar e trabalhar com as dificuldades de 
aprendizagem dos alunos; 
 
➢ Mediar conflitos entre estudantes, professor e demais membros da 
comunidade escolar; 
 
➢ Conhecer a legislação educacional do município, estado e país em 
que atua profissionalmente; 
 
➢ Conviver com os estudantes; 
 
➢ Participação do processo avaliativo e da recuperação dos 
estudantes; 
 
➢ Participar do processo educativo junto a direção e coordenação 
pedagógica. 
 
 Para Garcia (1994), na medida que os conhecimentos construídos na 
escola se assemelham à sua vida diária, se tem maiores chances de o interesse 
do estudante ser conquistado, uma vez que os assuntos tratados dizem respeito 
a um mundo semelhante e conhecido, sendo isso condição fundamental para 
que ele tenha possibilidades novos conhecimentos. 
 
É tarefa do orientador educacional, buscar elementos que propiciam 
debates sobre questões que, direta ou indiretamente dizem respeito ao 
aluno, em relação ao processo de ensino-aprendizagem, com o 
propósito de contribuir para a reflexão de toda a equipe escolar, que 
inclui professores, supervisor e equipe de direção. O ideal seria que os 
próprios alunos, assim como seus pais, tomassem parte nessas 
discussões, como representantes das pessoas diretamente ligadas no 
processo. Esta é uma situação ainda a ser conquistada. (GARCIA, 
1994, p. 49) 
 
 Para tanto, o orientador educacional deve ser comprometido com seu 
trabalho, não se omitindo diante dos desafios apresentados no processo da 
inclusão social, dos menos favorecidos e dos que possuem dificuldade e/ou 
 
38 
 
necessidades especiais de aprendizagem, estando sempre em sintonia com os 
estudantes e com os professores, garantindo o sucesso do processo a fim de 
evitar práticas excludentes. 
O orientador educacional deve ter a consciência de si, da realidade 
absoluta que o cerca e o conhecimento da sua função diante dessa realidade. 
Segundo Heloisa Lück (1982): 
 
O homem se torna acrítico, mais receptor que transmissor, mais 
paciente do que agente. É necessário interferir neste contexto. Sendo 
assim, cabe à educação, estimular e promover a formação da 
consciência, ou seja, estabelecimento com o mundo. Este processo 
não pode ser considerado acabado e sim entendido como dinâmico e 
um constante “deve ser”. Deve despojar-se de preconceitos e 
subjetividades. (LÜCK, 1982, s/p) 
 
A autora cita ainda alguns fatores que interferem na formação daconsciência humana: 
 
➢ Intencionalidade: predisposição do sujeito para compreender, 
interpretar e explicar os fatos; 
 
➢ Capacidade perspectiva: à medida que mais adequada e objetiva 
for a capacidade de percepção, maior será a correspondência da 
consciência com o fato real; 
 
➢ Operações mentais: são essas as determinantes da 
superioridade, flexibilidade e nível de conscientização; 
 
➢ Historicidade e temporalidade: estabelecem o espirito da 
consciência e do ato consciente; 
 
➢ Julgamento moral: são os valores que formam parte principal da 
consciência que o indivíduo elabora de si e do mundo que o cerca. 
 
Mosquera (1978) afirma que: 
 
 
 
 
 
39 
 
A vida autentica inicia quando nos negamos a permanecer na 
alienação e na desumanização e caminhamos rumo a uma vida 
consciente, autentica e mais humana. O processo educativo deve ter 
como função primordial à formação da consciência do indivíduo, 
entendida como conscientização do homem enquanto homem e não 
orientado por uma ideologia política. Não se trata de doutrinação, mas 
sim ensinar a pensar a pensar e não, o que pensar. Deve possibilitar 
ao homem aumento de sua capacidade e liberdade de escolha. 
(MOSQUERA, 1978, s/p) 
 
De acordo com as citações anteriores, quando o homem tem maior 
consciência de si torna-se um ser crítico, atuante e transformador do mundo que 
o cerca, observando tudo o que o cerca. Por diversas vezes o trabalho do 
orientador educacional é comprometido pela imagem que se formou ao longo do 
tempo, porém isso torna-se mais complicado ao se sabe que a consciência de si 
não se forma isoladamente, mas através das relações. Porém, o orientador 
educacional deve tomar o cuidado de não tornar-se o doutrinador, no sentido de 
determinar a consciência crítica dos estudantes, uma vez que o sentimento de 
identidade do sujeito se inicia quando ele concebe o mundo exterior como algo 
separado e independe dele, quando começa a tomar consciência de suas ações, 
quando é capaz de dizer: “eu sou, eu sei.” 
A identidade do orientador educacional como um profissional e o seu 
posicionamento frente à vida são fatores que caracterizam e desencadeiam a 
sua atuação, onde vivencie valores pessoais, crenças e atitudes, como 
elementos comportamentais que delineiam um perfil profissional. 
Na medida que se adquire maior coerência e coesão entre os valores 
pessoais e os impostos pela sociedade, a identidade profissional torna-se mais 
consciente, clara e precisa, o que ajuda a definir metas e objetivos que 
favorecem o desempenho da função desse profissional da educação. 
Porém o orientador educacional anda confuso quanto a sua atuação 
profissional, e isso se deve a condições históricas de seu surgimento ou pelo 
fator de sua classe ser considerada uma subclasse dentro da instituição de 
ensino, o que gera muita confusão quanto a sua função. O conflito de funções 
acontece quando o orientador educacional não consegue concretizar o que cabe 
a sua responsabilidade e acaba realizando atividades que não competem com 
seu papel. O orientador educacional deve posicionar-se com ética profissional, 
debatendo questões práticas, sendo capaz de operacionalizar pensamentos que 
 
40 
 
o desafiam, levam a refletir e a pesquisar, buscando uma identidade autêntica 
apoiada em valores significativos. 
 Cabe destacar que o desempenho do papel do professor proporciona que 
sua proposta seja, formalizada, na educação, basta que os profissionais se 
proponham realmente a realizar seus projetos educacionais, pois espaço para 
isto existe, basta empenhar-se. 
 Para toda ação do orientador educacional faz-se necessário uma reflexão 
contínua sobre a realidade em que está inserido, isto lhe possibilita uma posição 
profissional mais adequada, devendo ter sempre presente em suas atividades 
os princípios que servem de suporte ao processo de orientação, levando-o a uma 
ação mais consistente e coerente. 
Segundo Saviani (1980): 
 
[...] a especialidade no campo Educacional, como toda especialidade, 
só faz sentido na medida em que a área básica não seja perdida de 
vista. [...] a especificidade da Orientação Educacional é apenas a 
divisão no plano de educação. (SAVIANI, 1980, p. 38) 
 
O orientador educacional é antes de tudo professor, sendo a finalidade de 
toda e qualquer ação orientadora educativa. A escola é uma instituição que tem 
por finalidade maior o ato de ensinar e dentro desse contexto a função 
fundamental do orientador educacional é mobilizar os diferentes saberes dos 
profissionais que atuam na escola, para que a mesma cumpra a sua função 
primordial que vem a ser o sucesso da aprendizagem dos estudantes. 
Para que essa função se concretize com sucesso, os professores devem 
ter condições básicas para desempenhar suas tarefas específicas, capacitados 
pela sua habilitação e cujo objetivo final é a aprendizagem. Faz-se necessário 
que se investigue sobre a realidade vivida pelos estudantes e a percepção dessa 
realidade pelo educador deve ser o ponto de partida e o fio condutor do processo 
educativo e pedagógico. 
 O orientador educacional pode ser o grande personagem dessa 
investigação sobre a realidade dos estudantes, percebendo que no processo de 
ensino-aprendizagem está em jogo inúmeras relações, compreendendo que as 
relações dentro da escola não acabam ali, mas são sim um meio para que o 
estudante aprenda e amplie o seu conhecimento sobre relações de colaboração, 
 
41 
 
ajuda e companheirismo, trabalhando as diferentes relações, que podem 
influenciar para a aprendizagem do estudante. 
O desenvolvimento de uma concepção crítica de educação comprometida 
com a realidade social e com sua transformação, não prescinde em todos os 
seus desdobramentos, tanto de tempo, quanto de espaço. Segundo Heloisa 
Lück (1991), “planejar a Orientação Educacional implica delinear o seu sentido, 
os seus rumos, a sua abrangência e as perspectivas de sua atuação”. Vale dizer 
que esse planejamento envolve antes de tudo, uma visão global sobre a natureza 
da Educação, da Orientação Educacional e de suas possibilidades de ação. 
 
4.2 O Orientador Educacional na Educação Infantil 
 
O Orientador Educacional tem um papel muito importante na Educação 
Infantil, por exercer junto à comunidade escolar uma visão criativa do trabalho 
ali realizado, conscientizando os pais do seu dever de participar ativamente da 
vida escolar de seus filhos. Sua função é também despertar nos professores, 
pais e/ou responsáveis, a necessidade de observar todos os momentos da vida 
da criança, percebendo seu desenvolvimento integral, sugerindo ações 
integradas entre pais, professores e orientadores educacionais que venham 
fortalecer a responsabilidade de todos numa ação conjunta pela educação e 
formação da criança. 
 
4.3 O Orientador Educacional no Ensino Fundamental 
 
A orientação educacional no Ensino Fundamental tem duas tarefas 
distintas a executar, sendo a primeira correspondente aos cinco primeiros anos 
e a segunda aos quatro anos finais dessa etapa de ensino. E ainda tendo como 
suas atribuições nessas etapas as abaixo listadas: 
 
➢ Desenvolver junto aos estudantes, um trabalho que possibilite a 
adaptação dos mesmos ao ambiente escolar; 
 
➢ Desenvolver nos estudantes, atitudes otimistas e de contemplação 
pelo mundo que os cerca; 
 
42 
 
 
➢ Proporcionar ações que favoreçam a socialização, a confiança em 
si e nos outros; 
 
➢ Proporcionar atividades que estimulem nos estudantes a iniciativa 
e a criatividade; 
 
➢ Direcionar a visão dos estudantes para os novos horizontes do 
mundo, onde possam descobrir novas possibilidades de enxergar 
os outros, a si e a tudo que o cerca; 
 
➢ Levá-los a viver e a conviver no ambiente escolar ajustando-se, 
para que revejam suas capacidades e potencialidades; 
 
➢ Observar e conhecer os estudantes para melhor atendê-los e 
orientá-los; 
 
➢ Observar os estudantes

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