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Resumo cistos da cavidade bucal

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CISTOS DA CAVIDADE BUCAL 
1 - Definição de cisto 
Um cisto é uma cavidade patológica, revestida por epitélio, que contem 
líquido, gás ou outro tipo de material aquoso no seu conteúdo. Estes podem 
conduzir à ocorrência de remodelação óssea e consequente enfraquecimento 
ósseo, levando a alterações funcionais e aumento da predisposição para 
ocorrência de infecções e fraturas. Cistos na maxila, mandíbula e regiões 
periorais variam de forma marcante na histogénese, incidência, comportamento 
e tratamento. Um cisto verdadeiro forma-se quando fatores de 
desenvolvimento ou inflamatórios estimulam a proliferação de células epiteliais 
que rodeiam o dente. Conforme estas células crescem, as células centrais 
ficam demasiado afastadas dos vasos sanguíneos para receber nutrientes, 
tornando-se necróticas. Subsequentemente, uma cavidade rodeada por epitélio 
é formada. Os produtos intracelulares presentes tornam a cavidade hipertónica, 
o que faz com que fluidos entrem para a cavidade através de osmose. Em 
contrapartida, isto cria pressão hidroestática que provoca a reabsorção óssea, 
expansão clínica e, por vezes, dor ou parestesia moderada. Os cistos 
odontogênicos surgem do epitélio de um gérmen dentário durante ou após a 
odontogênese se completar. Todos têm diferentes mecanismos 
etiopatogénicos, alguns deles bastante controversos, podendo ter origem 
inflamatória ou de desenvolvimento. Consideram-se três tipos de restos do 
gérmen dentário responsáveis pela etiologia dos distintos tipos de cistos 
odontogénicos: 1) os restos de Malassez, deixados no ligamento periodontal 
pela fragmentação do epitélio da bainha de Hertwig; 2) restos do epitélio de 
esmalte, derivados do órgão de esmalte, que cobre a totalidade da coroa 
dentária em dentes que ainda não erupcionaram e 3) os restos epiteliais da 
glândula de Serres, que persistem após a dissolução da lâmina dentária. 
Geralmente, as lesões císticas apresentam-se radiograficamente como áreas 
radiotransparentes uni ou multiloculares, de limites definidos e corticalizados, 
caracterizados por uma linha fina uniforme radiopaca. Habitualmente a sua 
forma é redonda ou oval. São frequentemente difíceis de diferenciar, com base 
nas características radiológicas pois os achados radiográficos, na maioria 
destas lesões, não são específicos. O Médico Dentista deve considerar 
cuidadosamente a história clínica do paciente e analisar a aparência, 
localização, contornos da lesão e arquitectura interna assim como o efeito da 
mesma nas estruturas adjacentes para que seja possível realizar um 
diagnóstico diferencial. 
 
 
 II. Definição de lume cístico, epitélio cístico e cápsula cística: critérios 
histológicos fundamentais para diferenciar microscopicamente os cistos 
bucais. 
Lúmen cístico: Lúmen (em latim: lūmen, abertura ou luz) é um espaço interno 
ou cavidade dentro de uma estrutura com formato de tubo num corpo. 
Macrófagos ricos em lípidos são frequentemente observados no lúmen ou 
cápsula de tecido conjuntivo fibroso de cistos apicais. Isto indica que os 
macrófagos activados são capazes de incorporar moléculas de colesterol. O 
lúmen cístico pode também conter exsudados, colónias bacterianas e cristais 
de colesterol. Células gigantes multinucleadas são frequentemente observadas 
em associação a cristais de colesterol. 
Epitélio cístico: O epitélio presente em cada um dos cistos odontogênicos é 
derivado de uma das seguintes fontes: lâmina dentária, órgão do esmalte e de 
bainha de Hertwig. 
Cápsula cística: A cápsula cística funciona como uma membrana 
semipermeável, trazendo líquido dos espaços teciduais para dentro da lesão, 
até se estabelecer o equilíbrio hidrostático. Isso faz com que a lesão cística 
apresente um crescimento lento e contínuo, passando por quatro fases 
evolutivas bem marcadas: Silenciosa, deformação, exteriorização e infecção. 
 
 
a. Origem dos cistos odontogênicos: 
Ainda que alguns poucos cistos possam resultar da inclusão de epitélio ao 
longo das linhas de fusão dos processos embrionários, a maioria dos cistos dos 
ossos gnáticos é revestida por epitélio derivado de epitélio odontogênico. De 
acordo com sua origem, os cistos odontogênicos são classificados em cistos de 
desenvolvimento e cistos inflamatórios. Os fatores precipitantes que iniciam a 
formação dos cistos do desenvolvimento são desconhecidos, mas essas lesões 
não parecem surgir em consequência de reação inflamatória. Os cistos 
inflamatórios resultam da inflamação da região. 
 Esses cistos são resultantes da proliferação de remanescentes epiteliais 
associados à formação dos dentes. O epitélio presente em cada um dos cistos 
odontogênicos é derivado de uma das seguintes fontes: lâmina dentária, órgão 
do esmalte e de bainha de Hertwig. Os remanescentes epiteliais presentes na 
maxila e mandíbula são originais do ectoderma que reveste os processos 
embrionários que irão formar a face e boca ou de tecido epitelial que participa 
na odontogenese. A presença pura e simples de restos epiteliais seria 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Latim
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cavidade
 
insuficiente para explicar a formação de um cisto. É necessária a ação de um 
agente, inflamatório por exemplo, capaz de estimular e determinar a 
proliferação desses remanescentes. Tal condição é frequente nos maxilares, 
onde infecções e traumas são capazes de desencadear a resposta 
inflamatória. 
b. Cistos inflamatórios – Definição características clínicas, radiográficas, 
histológicas e tratamento das seguintes lesões: 
• Cisto radicular 
- Definição: 
O cisto periodontal apical ou cisto radicular é de longe o mais comum da 
região oral, tendo sido designado também como cisto periapical. É uma 
lesão comum de origem inflamatória associada a necrose pulpar, 
comumente uma sequela de um granuloma apical, que devido a 
manutenção de um processo inflamatório, estimula a proliferação de 
remanescentes epiteliais na região do periápice. 
- Características clínicas: 
Em geral, os pacientes com cistos periapicais não apresentam sintomas, a 
menos que exista uma exacerbação inflamatória aguda. Além disso, se o cisto 
atingir um tamanho grande, podem ser observadas tumefação e sensibilidade 
leve. Com o crescimento do cisto, podem ocorrer mobilidade e deslocamento 
dos dentes adjacentes. O dente de origem não responde ao teste pulpar 
térmico e elétrico. 
- Características radiográficas: 
 É idêntico ao do granuloma periapical. Os cistos podem desenvolver-se 
mesmo com imagens radiolúcidas periapicais pequenas, e o tamanho 
radiográfico da lesão não pode ser utilizado para diagnóstico definitivo. 
Observa-se perda da lâmina dura ao longo da raiz adjacente e uma imagem 
radiolúcida arrendodada circunda o ápice do dente acometido. A reabsorção 
radicular é comum. Com o crescimento, a imagem radiolúcida muitas vezes se 
torna achatada conforme a lesão se aproxima dos dentes adjacentes. É 
possível que ocorra um crescimento significativo e podem ser observadas 
lesões ocupando todo um quadrante. Ainda que os cistos atinjam com mais 
frequência tamanhos maiores do que os granulomas periapicais, nem o 
tamanho nem a forma da lesão podem ser considerados critérios para o 
diagnóstico definitivo. Os cistos periapicais também são conhecidos por 
envolverem dentes decíduos. Esses estão mais associados aos molares e 
 
aparecem como uma zona radiolúcida circundante às raízes que preenche o 
espaço interradicular na região de furca. 
 
 
 Características Histológicas: 
O cisto é revestido por epitélio escamoso estratificado, o qual pode apresentar 
exocitose, espongiose ou hiperplasia. Como observado em cistos dentígeros, 
células mucosa dispersas ou áreas de epitélio colunar pseudoestratificado 
ciliado podem ser observados nos cistos periapicais. Apesar de alguns cistos 
periapicais em maxila revestidos por epitélio colunar pseudoestratificado 
poderem ter sido originados do revestimento sinusal adjacente, a presença de 
células mucosas ou epitélio semelhante aorespiratório também pode ser 
observada nos cistos em mandíbula. Calcificações distróficas, cristais de 
colesterol com células gigantes multinucleadas, hemácias e áreas de 
pigmentação por hemossiderina podem estar presentes no lúmen, na cápsula 
ou em ambos. A cápsula do cisto consiste em tecido conjuntivo fibroso denso, 
muitas vezes com infiltrado inflamatório contendo linfócitos variáveis, permeado 
por neutrófilos, plasmócitos e raramente mastócitos e eosinófilos. 
Ocasionalmente, as capsulas dos cistos inflamatórios podem conter corpos 
hialinos (pulse granuloma, angiopatia hialina de células gigantes) 
dispersos. Esses corpos se apresentam como pequenas pocas circunscritas de 
material eosinofilico que exibe uma periferia ondulada de colageno condensado 
muitas vezes circundado por linfócitos e celulas gigantes multinucleadas. As 
celulas gigantes multinucleadas sao levadas ao local para remocao de granulos 
de hemossiderina insoluvel. Os corpos hialinos podem ser encontrados em 
qualquer area de inflamacao cronica intraossea, especialmente na doenca 
inflamatoria periapical. 
 
- Tratamento: 
 
 O cisto periapical e tratado da mesma maneira que o granuloma periapical. 
Quando as caracteristicas clinicas e radiográficas apontam para uma lesão 
inflamatoria periapical, a extracao ou o tratamento endodontico conservador 
não cirurgico deve ser realizado. Apesar de alguns autores acreditarem que 
lesões cisticas extensas nao podem ser tratadas por tratamento endodontico 
convencional, clinicos experientes utilizaram com sucesso o tratamento 
endodôntico nao cirurgico para regioes extensas de doenca inflamatória 
periapical que alcancavam ate 2,0 cm de diametro. Lesoes maiores associadas 
a dentes com possibilidade de restauração tem sido tratadas com sucesso por 
meio de tratamento endodontico conservador quando combinado a biopsia e 
marsupializacao, descompressao ou fenestracao. Assim como qualquer lesao 
inflamatoria periapical, e fortemente aconselhado um acompanhamento minimo 
 
de 1 a 2 anos. Se a imagem radiolucida nao desaparecer, a lesao poderá 
muitas vezes ser tratada com sucesso pelo retratamento endodontico nao 
cirurgico. Como mencionado, a cirurgia periapical e indicada para lesoes que 
excedem 2,0 cm e para aquelas associadas a dentes nos quais nao e viavel o 
tratamento endodontico convencional. A biopsia e indicada para afastar outros 
possiveis processos patologicos. Como grande parte dos cistos e tumores 
odontogenicos e nao odontogenicos pode imitar a aparencia de um cisto 
periapical residual, em todos estes cistos deve ser realizada a excisao 
cirurgica. Todos os focos inflamatorios na area de um cisto radicular lateral 
devem ser eliminados e o paciente deve ser observado de maneira semelhante 
a descrita para o cisto periapical. Em alguns casos, os cistos radiculares 
laterais sao removidos antes da avaliacao quanto a vitalidade ou da avaliacao 
periodontal para pesquisa de foco de infeccao adjacente. Se o diagnostico for 
feito, a avaliação completa da fonte de inflamacao sera obrigatoria. Os cistos 
de origem inflamatoria nao recidivam apos um tratamento adequado. Podem 
ocorrer cicatrizes fibrosas, especialmente quando ambas as tabuas corticais 
tiverem sido perdidas; uma vez diagnosticados, nao e indicado outro 
tratamento para as cicatrizes fibrosas. Em casos raros, relata-se o 
desenvolvimento de carcinoma de celulas escamosas nos cistos periapicais; 
portanto, mesmo na ausência de sintomas, o tratamento e necessario para 
todas as alterações intraosseas cujo exame histopatologico nao tenha 
fornecido um diagnostico definitivo. 
 
 
 
 
Cisto residual: 
 
 O cisto periapical residual apresenta-se como uma imagem radiolucida de 
forma circular a oval, de tamanho variavel, localizada no processo alveolar em 
um sitio de uma extração dentaria previa (Figs. 3-27 e 3-28). Com o 
envelhecimento da lesao, a degeneracao dos constituintes celulares no lumen 
leva ocasionalmente a calcificacao distrofica e a radiopacidade central do 
lumen. 
 
• Cisto paradentário: 
Definição: 
O cisto paradentário é um cisto odontogênico inflamatório provavelmente 
originado de remanescentes do epitélio reduzido do órgão do esmalte ou de 
restos epiteliais de Malassez no periodonto. Sua prevalência varia de 0,9 a 5% 
dos cistos odontogênicos, sendo considerado uma lesão incomum. 
 
Características clínicas: 
Dois terços dos pacientes apresentam a lesão por volta da terceira década de 
vida, e sua localização preferencial é a região distal aos terceiros molares 
inferiores, estes últimos usualmente semi-inclusos e com história prévia de 
pericoronarite. 
Características radiográficas: 
Radiograficamente, o cisto paradentário pode apresentar variações na sua 
imagem, dependendo da superposição das estruturas anatômicas, presença de 
infecção, tamanho e localização da lesão, mas usualmente apresenta-se como 
uma área radiolúcida bem delimitada normalmente localizada lateralmente 
(mais comum a distal) a um elemento dentário, mimetizando outras lesões, es 
pecialmente o cisto radicular inflamatório lateral, o cisto dentígero colateral 
inflamado, e os tumores odontogênicos queratocísticos colaterais. 
Características histológicas: 
O cisto paradentário não pode ser diferenciado apenas no exame 
histopatológico, visto que apresenta estrutura e microscopia semelhantes a 
outros cistos de origem inflamatória, necessitando, portanto, da correlação com 
os achados clínicos, imaginológicos e trans-cirúrgicos. Microscopicamente, 
observa-se uma cavidade revestida por epitélio pavimentoso estratificado não 
queratinizado e um tecido conjuntivo fibroso subjacente contendo um intenso 
infiltrado inflamatório predominantemente crônico. Também podem ser 
encontrados no tecido conjuntivo focos de hemossiderina e fendas de 
colesterol, consistentes com sua origem inflamatória. 
Tratamento: 
 
O tratamento de escolha para o cisto paradental associado aos terceiros 
molares é a exérese da lesão, juntamente com a extração do dente. Nos casos 
de cisto paradental associado a primeiro e segundo molares, o tratamento 
recomendado consiste na enucleação da lesão com manutenção do dente 
envolvido. Quando o cisto é completamente removido, a ocorrência de recidiva 
é rara. Davi et al.15 (1998) e Gomez et al.16 (2001) reportaram evidências de 
que alguns cistos paradentais podem ser autolimitantes e apresentar resolução 
espontânea. 
 
 
 
 
 
b- Cistos de desenvolvimento - Definição, características clínicas, 
radiográficas, histológicas e tratamento das seguintes lesões: 
 
• Cisto dentígero 
Definição: 
 
 O cisto dentígero é definido como um cisto que se origina pela separação do 
folículo que fica ao redor da coroa de um dente incluso. Esse é o tipo mais 
comum de cisto odontogênico do desenvolvimento, sendo responsável por 
cerca de 20% de todos os cistos revestidos por epitélio nos ossos gnáticos. O 
cisto dentígero envolve a coroa de um dente impactado e se conecta ao dente 
pela junção amelocementária. A patogênese desse cisto é incerta, mas 
aparentemente ele se desenvolve pelo acúmulo de fluido entre o epitélio 
reduzido do esmalte e a coroa do dente. Apesar de a maioria dos cistos 
dentígeros ser consideradas como de desenvolvimento em suas origem, há 
alguns exemplos que parecem apresentar patogênese inflamatória. Por 
exemplo, foi sugerido que, em algumas ocasiões, um cisto dentígero pode se 
desenvolver ao redor da coroa de um dente permanente incluso como 
consequência da inflamação periapical de um dente decíduo sobrejacente. 
Outra situação envolve um terceiro molar inferior parcialmente erupcionado que 
desenvolve uma lesão cística ao longo de sua face distal ou vestibular. Apesar 
de muitas dessas lesões provavelmente surgirem em decorrência da 
inflamação associada a uma pericoronarite recidivante, elas são comumente 
diagnosticadas como exemplos de cistos dentígeros, especialmente em razão 
da impossibilidade de determinar, histopatologicamente, se o componenteinflamatório é de natureza primária ou secundária. O termo cisto paradentário 
tem sido ocasionalmente usado para se referir a essas lesões, mas o uso 
desse termo na literatura gera confusão, pois também já foi usado para 
descrever exemplos da lesão conhecida como cisto da bifurcação vestibular. 
 
Características clínicas: 
 
 Apesar de o cisto dentígero poder ocorrer em associação com qualquer dente 
impactado, ele envolve, mais frequentemente, terceiros molares inferiores. 
Outros sítios relativamente frequentes incluem os caninos e os terceiros 
molares superiores e os segundos pré-molares inferiores. Os cistos dentígeros 
raramente envolvem dentes decíduos inclusos. Ocasionalmente, podem estar 
associados a dentes supranumerários ou a odontomas. Embora o cisto 
dentígero possa ser encontrado em pacientes com uma ampla variação de 
idade, eles são descobertos mais frequentemente em pacientes entre 10 e 30 
anos. Há uma leve predileção pelo sexo masculino e maior prevalência em 
 
brancos do que em negros. Cistos dentígeros pequenos em geral são 
completamente assintomáticos e são descobertos somente em exames 
radiográficos de rotina ou quando são feitas radiografias para determinar o 
motivo pelo qual um dente não erupciona. Os cistos dentígeros podem atingir 
tamanho considerável e grandes cistos podem estar associados à expansão 
indolor do osso na área envolvida. Lesões extensivas podem resultar em 
assimetria facial. Cistos dentígeros de grandes dimensões são incomuns, e a 
maioria das lesões consideradas como grandes cistos dentígeros ao exame 
radiográfico revelarão ser ceratocistos odontogênicos ou ameloblastomas. Os 
cistos dentígeros podem se tornar infectados e associados à dor e edema. Tais 
infecções podem surgir em um cisto dentígero associado a um dente 
parcialmente erupcionado ou por extensão de uma lesão periapical ou 
periodontal que afeta um dente adjacente. 
 
Características radiográficas: 
Radiograficamente, o cisto dentígero mostra tipicamente uma área radiolúcida 
unilocular que está associada à coroa de um dente incluso. A lesão radiolúcida 
geralmente apresenta uma margem bem definida e frequentemente esclerótica, 
mas um cisto infectado pode mostrar margens pouco definidas. Um cisto 
dentígero de grandes dimensões pode passar a impressão de um processo 
multilocular devido à persistência de trabéculas ósseas dentro da lesão 
radiolúcida. Os cistos dentígeros, contudo, são processos macroscópico e 
histopatologicamente uniloculares e provavelmente nunca se apresentam como 
lesões multiloculares verdadeiras. A relação cisto-coroa mostra diversas 
variações radiográficas. Na variante central, que é a mais comum, o cisto 
envolve a coroa do dente e ela se projeta no cisto. A variante lateral 
geralmente está associada a terceiros molares inferiores impactados com 
inclinação mesioangular e que estão parcialmente erupcionados. O cisto cresce 
lateralmente ao longo da superfície radicular e envolve parcialmente a coroa 
(Fig. 15-3). Na variante circunferencial, o cisto circunda a coroa e se estende 
por alguma distância ao longo da raiz, de forma que uma porção significativa 
da raiz parece estar dentro do cisto (Fig. 15-4). Raramente, um terceiro molar 
pode estar deslocado em direção à margem inferior da mandíbula ou para 
região superior do ramo da mandíbula. Os dentes súpero-anteriores podem 
estar deslocados para o assoalho da cavidade nasal e outros dentes superiores 
podem ser deslocados através do seio maxilar para o soalho da órbita. Os 
cistos dentígeros podem deslocar o dente envolvido, alcançando distâncias 
consideráveis. 
Pode ocorrer a reabsorção radicular de um dente adjacente erupcionado. É 
difícil a distinção radiográfica entre um pequeno cisto dentígero e um folículo 
coronário aumentado que está sobre a coroa de um dente incluso, o que se 
transforma, na maioria dos casos, somente em um exercício acadêmico. Para a 
 
lesão ser considerada como um cisto dentígero, alguns investigadores 
acreditam que o espaço radiolúcido que envolve a coroa do dente deve ser de 
aproximadamente 3 a 4 mm de diâmetro. Contudo, os achados radiográficos 
não são diagnósticos de um cisto dentígero, orque os ceratocistos 
odontogênicos, os ameloblastomas uniloculares e muitos outros tumores 
odontogênicos e não odontogênicos podem apresentar características 
radiográficas que são essencialmente idênticas àquelas do cisto dentígero. 
 
Características histológicas: 
 
As características histopatológicas do cisto dentígero variam, dependendo de 
se o cisto está inflamado ou não. No cisto dentígero não inflamado, a 
cápsula de tecido conjuntivo fibroso está arranjada frouxamente e contém 
considerável substância fundamental amorfa composta por 
glicosaminoglicanos. Pequenas ilhas e cordões de restos epiteliais 
odontogênicos de aspecto inativo podem estar presentes na cápsula fibrosa. 
Ocasionalmente, esses restos podem ser numerosos e, algumas vezes, os 
patologistas que não são familiarizados com as lesões da boca interpretam 
erroneamente esse achado como um ameloblastoma. O revestimento epitelial 
consiste em duas a quatro camadas de células achatadas não ceratinizadas, e 
a interface entre o epitélio e o tecido conjuntivo é plana (Fig. 15-6). 
No cisto dentígero inflamado, que é razoavelmente comum, a cápsula fibrosa 
é mais colagenizada, com um infiltrado inflamatório crônico variável. O 
revestimento epitelial pode mostrar quantidades variáveis de hiperplasia com o 
desenvolvimento de cristas epiteliais e características escamosas mais 
definidas (Fig. 15-7). Uma superfície ceratinizada pode ser observada em 
algumas ocasiões, mas essas alterações devem ser diferenciadas daquelas 
observadas no ceratocisto odontogênico. Áreas focais de células mucosas 
podem ser encontradas no revestimento epitelial dos cistos dentígeros (Fig. 15-
8). Raramente, células colunares ciliadas estão presentes. Pequenos ninhos de 
células sebáceas podem ser notados raramente dentro da parede 
cística. Acredita-se que esses elementos mucosos, ciliados e sebáceos 
representem a multipotencialidade do revestimento epitelial odontogênico em 
um cisto dentígero. O exame macroscópico da parede de um cisto dentígero 
pode revelar uma ou muitas áreas de espessamento na superfície do lúmen. 
Essas áreas devem ser examinadas microscopicamente para excluir a 
presença de alteração neoplásica precoce. Como uma delgada camada de 
epitélio reduzido do esmalte normalmente reveste o folículo dentário que 
envolve a coroa de um dente não erupcionado, pode ser difícil distinguir um 
pequeno cisto dentígero de um simples folículo dentário normal ou aumentado 
com base apenas nos aspectos microscópicos. Mais uma vez, essa distinção 
frequentemente representa, em grande parte, um exercício acadêmico; a 
 
consideração mais importante a ser feita é certificar-se de que a lesão não 
representa um processo patológico mais significativo (p. ex., um ceratocisto 
odontogênico ou um ameloblastoma). 
 
Tratamento: 
O tratamento usual para um cisto dentígero é a enucleação do cisto juntamente 
com a remoção do dente não erupcionado. Se a erupção do dente envolvido for 
considerada possível, então o dente pode ser deixado em seu local após a 
remoção parcial da cápsula cística. Pode ser que os pacientes necessitem de 
tratamento ortodôntico para auxiliar a erupção. Grandes cistos dentígeros 
também podem ser tratados por meio de marsupialização, que permite a 
descompressão do cisto, com resultante redução no tamanho do defeito ósseo. 
O cisto pode então ser excisado em um momento posterior, com um 
procedimento cirúrgico menos extenso. O prognóstico para a maioria dos cistos 
dentígeros é excelente, e raramente nota-se recidiva após a remoção completa 
do cisto. Contudo, diversas complicações potenciais devem ser consideradas. 
Muito já foi descrito sobre a possibilidade de o revestimento de um cisto 
dentígero sofrer transformação neoplásica para um ameloblastoma. Apesar 
de, sem dúvida, haver a possibilidadede isso ocorrer, a frequência de tal 
transformação neoplásica é baixa. Raramente, um carcinoma de células 
escamosas pode surgir no revestimento de um cisto dentígero (ver adiante). É 
provável que alguns carcinomas mucoepidermoides intraósseos (Capítulo 
11) se desenvolvam a partir das células mucosas no revestimento de um cisto 
dentígero. 
 
• Cisto de erupção 
Definição: 
O cisto de erupção é o análogo, nos tecidos moles, do cisto dentígero. O cisto 
se desenvolve como resultado da separação do folículo dentário da coroa de 
um dente em erupção que já está posicionado nos tecidos moles que recobrem 
o osso alveolar. Já foi descrito um exemplo de cisto de erupção que se 
desenvolveu em uma criança que estava em tratamento com ciclosporina A. 
Provavelmente, os cistos se desenvolveram devido a uma deposição de 
colágeno no tecido conjuntivo gengival, o que resultou em um teto 
pericoronário mais espesso e menos penetrável. 
 
Características clínicas: 
O cisto de erupção surge como um aumento de volume de consistência mole, 
frequentemente translúcido, na mucosa gengival que recobre a coroa de um 
 
dente decíduo ou permanente em erupção. A maioria dos exemplos é 
observada em crianças com menos de 10 anos de idade. Apesar de esse cisto 
poder ocorrer em qualquer dente em erupção, a lesão é mais comumente 
associada a incisivos centrais decíduos inferiores, a primeiros molares 
permanentes e a incisivos decíduos superiores. O trauma em sua superfície 
pode resultar em uma quantidade considerável de sangue no fluido cístico, o 
que concede uma cor azul a marromarroxeada ao cisto. Essas lesões algumas 
vezes são denominadas de hematoma de erupção. 
 
Características radiográficas: Não possui, pois ocorre em tecido mole. 
Características histológicas: 
Cistos de erupção intactos raramente são enviados para o laboratório de 
patologia oral e maxilofacial e a maioria dos exemplos consiste no teto cístico 
que foi excisado para facilitar a erupção do dente. Eles exibem o epitélio oral 
de superfície na porção superior. A lâmina própria subjacente mostra infiltrado 
inflamatório variável. A porção profunda do espécime, que representa o teto do 
cisto, mostra uma fina camada de epitélio escamoso não ceratinizado. 
 
Tratamento: 
Pode não haver necessidade de tratamento porque o cisto geralmente se 
rompe espontaneamente, permitindo a erupção do dente. Se isso não 
acontecer, então a simples excisão do teto do cisto geralmente permite a 
rápida erupção do dente. 
 
• Cisto gengival do recém-nascido 
Definição 
 
Os cistos gengivais do recém-nascido são pequenos, superficiais e com 
conteúdo de ceratina, que são encontrados na mucosa alveolar de crianças. 
Esses cistos se originam dos remanescentes da lâmina dental. São lesões 
comuns, tendo sido descritas em até a metade de todos os recém-nascidos. 
Contudo, como eles desaparecem espontaneamente através de sua ruptura 
dentro da cavidade oral, as lesões raramente são notadas ou examinadas por 
biópsia. Cistos de inclusão similares (p. ex., pérolas de Epstein ou os 
nódulos de Bohn) são encontrados na linha média palatina ou lateralmente 
nos palatos duro e mole 9. 
 
Características clínicas 
 
 
Os cistos gengivais do recém-nascido surgem como pequenas pápulas 
esbranquiçadas, geralmente múltiplas, na mucosa que recobre o processo 
alveolar dos neonatos. Os cistos individualmente, em geral, medem não mais 
do que 2 a 3 mm de diâmetro. O rebordo alveolar superior é mais comumente 
acometido do que o inferior. 
 
Características radiográficas: 
Como é em tecido mole não aparece na radiografia. 
 
Características histológicas: 
 
O exame de um cisto gengival intacto do recém-nascido exibe um revestimento 
epitelial delgado e achatado, com uma superfície luminal paraceratótica. O 
lúmen contém fragmentos de ceratina. 
 
Tratamento: 
Não se indica tratamento para os cistos gengivais do recémnascido, pois as 
lesões involuem espontaneamente como consequência da ruptura dos cistos e 
resultante contato com a superfície da mucosa oral. As lesões raramente são 
observadas após os 3 meses de idade. 
 
 
c. Cistos de desenvolvimento - Definição, características clínicas, 
radiográficas, 
histológicas e tratamento das seguintes lesões: 
 
- Cisto gengival do adulto: É uma variante em gengiva que é 
histologicamente idêntica ao cisto periodontal lateral intraósseo. Eles 
caminham juntos histologicamente falando, e clinicamente, um é intraósseo e o 
outro é em gengiva. 
O cisto gengival do adulto é uma lesão incomum. Considera-se que represente 
a contraparte em tecidos moles do cisto periodontal lateral, sendo derivado de 
restos da lâmina dental (restos de Serres). O diagnóstico do cisto gengival do 
adulto deveria ser restringido a lesões com as mesmas características 
histopatológicas que as do cisto periodontal lateral. Em raras ocasiões, um 
cisto pode se desenvolver na gengiva, no local de um enxerto gengival; 
contudo, tais lesões provavelmente representam cistos de inclusão epitelial, 
que são uma consequência do procedimento cirúrgico. 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
 
Como o cisto periodontal lateral, o cisto gengival do adulto mostra uma 
predileção marcante para ocorrência na região de canino e pré-molares 
inferiores (60% a 75% dos casos). Os cistos gengivais do adulto são mais 
comumente encontrados em pacientes na quinta e sexta décadas de vida. Eles 
estão, quase que invariavelmente, localizados na gengiva vestibular ou na 
mucosa alveolar. Os cistos gengivais da maxila geralmente são encontrados 
nas regiões de incisivo, caninos e pré-molares. 
Clinicamente, os cistos aparecem como um nódulo indolor, em forma de 
cúpula, em geral com menos de 0,5 cm de diâmetro, apesar de raramente 
poderem apresentar tamanho maior (Fig. 15-33). Eles frequentemente são de 
cor azulada ou cinza-azulada. Em alguns casos, o cisto pode causar uma 
“reabsorção em taça” superficial do osso alveolar, o que geralmente não se 
detecta na radiografia, mas se torna aparente quando o cisto é excisado. Se 
houver ausência de maior quantidade de osso, pode-se argumentar que a 
lesão pode ser um cisto periodontal lateral que erodiu a cortical óssea, em vez 
de um cisto gengival que se originou na mucosa. 
CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS 
As características histopatológicas do cisto gengival do adulto são similares 
àquelas do cisto periodontal lateral, consistindo em um revestimento epitelial 
delgado e achatado, com ou sem placas focais que contêm células claras. 
Pequenos ninhos de células claras ricas em glicogênio, que representam restos 
de lâmina dental, também podem ser observados no tecido conjuntivo 
circunjacente. Algumas vezes, o revestimento cístico é tão delgado que é 
facilmente confundido com o revestimento endotelial de vasos sanguíneos 
dilatados. 
OBS: Histologicamente, tem-se a capsula, e o epitélio bem fininho, que tem de 
3 a 5 camadas. A cápsula é fibrosa, e reveste praticamente todo o cisto. 
OBS: É uma projeção nodular sem envolvimento ósseo, sendo gengival. Não 
se vê radiolucidez. É “primo irmão” do periodontal lateral, só que um é na 
gengiva e o outro no osso. 
 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 
 
O cisto gengival do adulto responde bem à simples excisão cirúrgica. O 
prognóstico é excelente. 
 
- Cisto periodontal lateral: 
Definição: 
 
O cisto periodontal lateral é um tipo incomum de cisto odontogênico do 
desenvolvimento que ocorre tipicamente ao longo da superfície radicular lateral 
 
de um dente. Acredita- se que surja dos restos da lâmina dental e represente a 
contraparte intra-óssea do cisto gengival do adulto. O cisto periodontal lateral é 
responsável por menos de 2% de todos os cistos dos ossos gnáticos revestidos 
por epitélio. No passado, o termo cisto periodontal lateral era usado para 
descrever qualquer cisto que se desenvolvia ao longo da superfície radicular 
lateral, incluindo os cistos radiculares laterais e os ceratocistos odontogênicos. 
Contudo, o cisto periodontal lateral apresenta característicasclínicas e 
microscópicas distintivas que o diferem de outras lesões que algumas vezes se 
desenvolvem na mesma localização. 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS 
 
O cisto periodontal lateral é mais frequentemente uma lesão assintomática que 
somente é detectada durante um exame radiográfico. Ocorre com maior 
frequência em pacientes da quinta à sétima décadas de vida, raramente 
ocorrendo em pessoas com menos de 30 anos de idade. Cerca de 75% a 80% 
dos casos ocorre na região de prémolares, canino e incisivo lateral inferiores. 
Os exemplosna maxila geralmente também envolvem essa mesma região 
dentária. 
Radiograficamente, o cisto aparece como uma área radiolúcida localizada 
lateralmente à raiz ou raízes de dentes com vitalidades. A maioria desses 
cistos possui menos de 1,0cm em seu maior diâmetro. Ocasionalmente, a 
lesão pode apresentar um aspecto policístico; tais exemplos foram 
denominados cistos odontogênicos botrioides. Macro e microscopicamente, 
exibem um aspecto de cachos de uva devido aos pequenos cistos individuais. 
Geralmente consideram-se tais lesões como representantes de uma variante 
do cisto periodontal lateral, possivelmente surgindo como resultado de 
degeneração cística e subsequente fusão de focos adjacentes de restos da 
lâmina dental. A variante botrioide com frequência mostra um aspecto 
radiográfico multilocular, mas também pode se mostrar unilocular. As 
características radiográficas do cisto periodontal lateral não são suficientes 
para fechar o diagnóstico; um ceratocisto odontogênico que se desenvolve 
entre as raízes de dentes adjacentes pode exibir achados radiográficos 
idênticos. Um cisto radicular inflamatório que ocorre lateralmente à raiz, em 
relação ao forame acessório, ou um 
cisto que surge a partir de uma inflamação periodontal também podem simular 
radiograficamente um cisto periodontal lateral. Em um estudo com 46 casos de 
lesões císticas em região periodontal lateral, somente 13 preencheram os 
critérios histopatológicos de cisto periodontal lateral; 8 eram ceratocistos 
odontogênicos; 20, cistos inflamatórios; e 5, de origem indeterminada. 
 
CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS 
 
 
O cisto periodontal lateral apresenta uma cápsula fibrosa delgada, geralmente 
sem inflamação, com um revestimento epitelial que possui, em sua maior parte, 
apenas de uma a três camadas de espessura. Esse epitélio geralmente 
consiste em células escamosas achatadas, mas algumasem glicogênio podem 
estar espalhados entre as células do revestimento epitelial. Alguns cistos 
apresentam espessamentos nodulares focais do epitélio de revestimento, que 
são compostos principalmente por células claras. Restos epiteliais dessas 
células algumas vezes podem ser observados dentro da parede fibrosa. 
Raramente, os cistos odontogênicos botrioides exibem área focais que são 
histopatologicamente sugestivas de um cisto odontogênico glandular. 
 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 
 
A enucleação conservadora do cisto periodontal lateral é o tratamento de 
escolha. Geralmente, isso pode ser atingido sem dano aos dentes adjacentes. 
A recidiva não é comum, apesar de ter sido relatada na variante botrioide, 
presumidamente devido a sua natureza policística. Um caso 
extraordinariamente raro de carcinoma de células escamosas, 
que aparentemente se originou em um cisto periodontal lateral, também foi 
relatado. 
 
- Queratocisto odontogênico: O ceratocisto odontogênico é uma forma 
diferente de cisto odontogênico do desenvolvimento que merece consideração 
especial devido às suas características histopatológicas e comportamento 
clínico específicos. Há uma concordância geral de que o ceratocisto 
odontogênico surge a partir dos restos celulares da lâmina dental. Esse cisto 
apresenta um mecanismo de crescimento e comportamento biológico 
diferentes daqueles do cisto dentígero e do cisto radicular, que são mais 
comuns. A maioria dos autores acredita que o cisto dentígero e o cisto radicular 
continuam a crescer como consequência do aumento da pressão osmótica 
dentro do lúmen cístico. Esse mecanismo não parece ser verdadeiro para o 
ceratocisto odontogênico, e seu crescimento pode estar relacionado a fatores 
desconhecidos, inerentes ao próprio epitélio ou à atividade enzimática na 
parede cística. Diversos investigadores sugerem que os ceratocistos 
odontogênicos sejam considerados como uma neoplasia cística benigna, em 
vez de como cistos, e na última classificação dos tumores odontogênico feita 
pela OMS, essas lesões foram denominadas de “tumor odontogênico 
ceratocístico”. Os argumentos para apoiar tal alteração de nomenclatura se 
baseiam, em grande parte, em poucos estudos que mostraram certas 
alterações genéticas moleculares que estão também presentes em algumas 
neoplasias. Infelizmente, esses estudos não examinaram outras lesões císticas 
dos ossos gnáticos; portanto, atualmente não se sabe se essas alterações são 
exclusivas do ceratocisto odontogênico. A maioria dos patologistas orais e 
 
maxilofaciais acreditam que não há evidência suficiente para justificar a 
alteração de nome dessa lesão amplamente reconhecida, causando, como 
provável consequência, confusão generalizada dentre os profissionais da 
comunidade. 
Apesar de haver grandes variações na frequência descrita para os ceratocistos 
odontogênicos, quando com-parada a outros tipos de cistos odontogênicos, 
diversos estudos que incluem grandes séries de cistos indicam que o 
ceratocisto odontogênico é responsável por 3% a 11% de todos os cistos 
odontogênicos. 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS 
 
Os ceratocistos odontogênicos podem ser encontrados em pacientes com 
idade variável, desde a infância até a velhice, mas cerca de 60% de todos os 
casos são diagnosticados em 
pessoas entre 10 e 40 anos. Há uma leve preferência por homens. A 
mandíbula é acometida em 60% a 80% dos casos, com uma marcante 
tendência para o envolvimento do corpo posterior e do ramo da mandíbula. 
Pequenos ceratocistos odontogênicos geralmente são assintomáticos e 
descobertos somente durante o curso de um exame radiográfico. Ceratocistos 
odontogênicos de grandes 
dimensões podem estar associados a dor, edema ou drenagem. Alguns cistos 
extremamente grandes, contudo, podem ser assintomáticos. 
Os ceratocistos odontogênicos tendem a crescer em uma direção ântero-
posterior, dentro da cavidade medular do osso, sem causar expansão óssea 
óbvia. Essa característica pode ser útil para o diagnóstico diferencial clínico e 
radiográfico, pois os cistos dentígeros e radiculares de tamanho comparável 
geralmente estão associados à expansão óssea. 
Múltiplos ceratocistos odontogênicos podem estar presentes e tais pacientes 
devem ser avaliados em busca de outras manifestações da síndrome do 
carcinoma nevoide basocelular (Gorlin). 
Os ceratocistos odontogênicos exibem uma área radiolúcida, com margens 
escleróticas frequentemente bem definidas. Lesões grandes, particularmente 
no corpo posterior e no ramo da mandíbula, podem se apresentar 
multiloculadas. Um dente não erupcionado está envolvido na lesão em 25% a 
40% dos casos; em tais instâncias, as características radiográficas sugerem o 
diagnóstico de um cisto dentígero. Nesses casos, o cisto presumidamente 
surgiu dos restos da lâmina dentária próximos a um dente não erupcionado e 
cresceu de forma a envolvê-lo. A reabsorção das raízes dos dentes 
erupcionados adjacentes aos ceratocistos odontogênicos é menos comum do 
que a notada com os cistos dentígero e radicular. 
O diagnóstico de ceratocisto odontogênico baseia-se nas características 
histopatológicas. Os achados radiográficos, apesar de serem frequentemente 
 
sugestivos, não são diagnósticos; em um ceratocisto odontogênico podem 
simular aqueles de um cisto dentígero, de um cisto radicular, de um cisto 
residual, de um cisto periodontal lateral ou do denominado cisto globulomaxilar 
(que não é mais considerado como uma entidade verdadeira). Os ceratocistos 
odontogênicos da região de linha média anterior da maxila podemmimetizar 
cistos do ducto nasopalatino. Porrazões desconhecidas, esse tipo particular de 
ceratocistos usualmente ocorre em indivíduos mais velhos, com idade média 
de aproximadamente 70 anos. Raros exemplos de ceratocistos odontogênicos 
periféricos nos tecidos moles gengivais já foram relatados. 
 
CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS 
 
O ceratocisto odontogênico exibe tipicamente uma cápsula delgada, friável, 
que muitas vezes provoca dificuldades em ser enucleada do osso em um único 
pedaço. O lúmen cístico pode conter um líquido claro semelhante a transudato 
seroso ou pode estar preenchido por um material caseoso que, ao exame 
microscópico, consiste de restos em ceratinócitos. Microscopicamente, a 
delgada parede fibrosa é essencialmente desprovida de qualquer infiltrado 
inflamatório. O revestimento epitelial é composto por uma camada uniforme de 
epitélio escamoso estratificado, geralmente com seis a oito células de 
espessura. O epitélio e a interface com o tecido conjuntivo geralmente são 
planos, e a formação de cristas epiteliais é inconspícua. Destacamento de 
porções do revestimento epitelial da cápsula fibrosa do cisto pode ser 
comumente observado. A superfície luminal exibe células epiteliais 
paraceratóticas achatadas, que exibem um aspecto ondulado ou corrugado. A 
camada basal epitelial é composta por uma camada em paliçada de células 
epiteliais coloidais ou colunares, que frequentemente são hipercromáticas. 
Pequenos cistos, cordões ou ilhas satélites de epitélio odontogênico podem ser 
observados na cápsula fibrosa. Essas estruturas estavam presentes em 7% a 
26% dos casos em várias séries descritas. Em raras ocasiões, foi observada 
cartilagem na parede de um ceratocisto odontogênico. 
Na presença de alterações inflamatórias, as características típicas do 
ceratocisto odontogênico podem exibir alterações. A superfície luminal 
paraceratinizada pode desaparecer e o epitélio pode proliferar formando cristas 
epiteliais com perda da característica em paliçada da camada basal. Quando 
essas alterações envolvem a maioria do revestimento cístico, o diagnóstico de 
ceratocisto odontogênico não pode ser confirmado, a menos que outros cortes 
mostrem as típicas características descritas previamente. Alguns 
investigadores reconhecem uma variante microscópica ortoceratinizada e 
incluem tal lesão como um subtipo do ceratocisto odontogênico. Contudo, 
esses cistos não demonstram a camada basal hipercromática e em paliçada, 
que é tão característica dos verdadeiros ceratocistos odontogênicos. Além 
disso, o comportamento clínico desses cistos ortoceratinizados difere 
 
marcantemente daquele dos típicos cistos paraceratinizados descritos nesta 
seção. Os autores acreditam que é mais lógico discutir tais cistos 
ortoceratinizados separadamente (veja a seção seguinte). 
 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 
 
Apesar de poder haver suspeita da presença de um ceratocisto odontogênico a 
partir dos exames clínicos e radiográficos, a confirmação histopatológica é 
requerida para o diagnóstico definitivo. Consequentemente, a maioria dos 
ceratocistos odontogênicos é tratada de forma similar a outro cistos 
odontogênicos, ou seja, através de enucleação e curetagem. A remoção 
completa de um cisto em uma única peça frequentemente é difícil devido à 
natureza delgada e friável de sua parede cística. Em contraste com outros 
cistos odontogênicos, os ceratocistos odontogênicos com frequência tendem a 
recorrer após o tratamento. Ainda não se pode determinar com certeza se isso 
se deve a fragmentos do cisto original que não foram removidos no momento 
da cirurgia, ou a “novos” cistos que se desenvolveram a partir de restos da 
lâmina dental na área geral do cisto original. 
A frequência descrita para a recidiva em vários estudos varia de 5% a 62%. 
Essa ampla variação pode estar relacionada ao número total de casos 
estudados, à duração dos períodos de acompanhamento e à inclusão ou 
exclusão de cistos ortoceratinizados no grupo de estudo. Diversos relatos que 
incluem um grande número de casos indicam que a taxa de recidiva é de 
aproximadamente 30%. Ela é encontrada mais frequentemente em ceratocistos 
odontogênico da mandíbula, particularmente aqueles no corpo posterior e no 
ramo da mandíbula. Múltiplas recidivas não são incomuns. Apesar de muitos 
ceratocistos odontogênico recorrerem dentro do período de 5 anos após a 
cirurgia inicial, um número significativo de recidivas pode não se manifestar até 
10 ou mais anos após o procedimento cirúrgico original. O acompanhamento 
clínico e radiográfico a longo prazo é, portanto, necessário. Muitos cirurgiões 
recomendam a osteotomia periférica da cavidade óssea com uma broca para 
osso para reduzir a frequência de recidivas. Outros advogam uma cauterização 
química da cavidade óssea com solução de Carnoy após a remoção do cisto. A 
injeção intraluminal de solução de Carnoy também tem sido usada para liberar 
o cisto de sua parede óssea, permitindo, portanto, a facilitação da excisão, com 
uma taxa menor de recidivas. Após cistectomia e biópsia incisional, alguns 
cirurgiões têm tratado grandes ceratocistos odontogênicos através da inserção 
de um dreno de polietileno para permitir a descompressão e a subsequente 
redução do tamanho da cavidade cística. Esse tratamento descompressivo 
resulta em espes-samento do revestimento cístico, permitindo uma remoção 
mais fácil, com uma taxa de recidiva aparentemente mais baixa. 
Exceto a tendência para recidivas, o prognóstico geral para a maioria dos 
ceratocistos odontogênicos é bom. Ocasionalmente, um ceratocisto 
 
odontogênico localmente agressivo não pode ser controlado sem a ressecção 
local seguida de enxerto ósseo. Em casos extraordinariamente raros, foi 
observada a extensão de ceratocistos até a região da base do crânio. Poucos 
exemplos de carcinomas que surgem a partir de um ceratocisto odontogênico 
foram relatados, mas a propensão para um ceratocisto sofrer alteração maligna 
não é maior, e possivelmente é menor, do que para outros tipos de cistos 
odontogênicos. Os pacientes com ceratocistos odontogênicos devem ser 
avaliados para manifestações da síndrome do carcinoma nevoide basocelular 
(ver adiante), particularmente se o paciente estiver na primeira ou segunda 
década de vida ou se múltiplos ceratocistos forem identificados. 
 
- Cisto odontogênico ortoqueratinizado: 
 
 A designação cisto odontogênico ortoceratinizado não denota um tipo clínico 
específico de cisto odontogênico, mas apenas se refere a um cisto 
odontogênico que microscopicamente apresenta um revestimento epitelial 
ortoceratinizado. Apesar de essas lesões terem sido originalmente 
denominadas como a variante ortoceratinizada do ceratocisto odontogênico, é 
aceito, de forma geral, que eles são clinicopatologicamente diferentes do 
ceratocisto odontogênico paraceratinizado, que é mais comum, e devem ser 
colocados em uma categoria diferente. Os cistos odontogênico 
ortoceratinizados representam de 7% a 17% de todos os cistos ceratinizantes 
dos ossos gnáticos. 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS 
 
Os cistos odontogênicos ortoceratinizados ocorrem predominantemente em 
adultos jovens e mostram uma razão de 2:1 entre homens e mulheres. A lesão 
ocorre duas vezes mais frequentemente na mandíbula do que na maxila, com 
uma tendência a envolver as regiões posteriores dos ossos gnáticos. Eles não 
apresentam características clínicas ou radiográficas que os diferenciem de 
outros cistos odontogênico inflamatórios ou do desenvolvimento. A lesão 
usualmente surge como uma imagem radiolúcida unilocular, mas ocasionais 
exemplos se apresentam multiloculados. 
Cerca de dois terços dos cistos odontogênicos ortoceratinizados são 
encontrados em uma lesão que parece representar clínica e radiograficamente 
um cisto dentígero; eles envolvem mais frequentemente um terceiro molar 
inferior não erupcionado. O tamanho pode variar de menos de 1cm até grandes 
lesões, maiores do que 7cm de diâmetro. 
CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS 
Orevestimento cístico é composto por epitélio escamoso estratificado, que 
mostra uma superfície ortoceratinizada de espessura variada. Os grânulos de 
cerato-hialina podem ser proeminentes na camada superficial do epitélio 
 
subjacente à ortoceratina. O revestimento epitelial pode ser relativamente 
delgado, e uma camada basal em paliçada proeminente, característica do 
ceratocisto odontogênico, não está presente. 
 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 
 
A enucleação seguida de curetagem é o tratamento usual para os cistos 
odontogênicos ortoceratinizados. As recidivas raramente têm sido observadas, 
e a frequência relatada está em torno de 2%, o que contrasta marcadamente 
com a taxa de recidiva de 30% ou mais associada aos ceratocistos 
odontogênicos. Foi sugerido que os cistos com uma superfície ortoceratinizada 
podem apresentar um risco levemente aumentado para transformação maligna, 
mas as evidências para esse fato são escassas. Os cistos odontogênicos 
ortoceratinizados não estão associados à síndrome do carcinoma nevoide 
basocelular. 
 
- Cisto odontogênico calcificante: 
 
O cisto odontogênico calcificante é uma lesão incomum 
que demonstra considerável diversidade histopatológica e comportamento 
clínico variável. Apesar de ser amplamente considerado como um cisto, alguns 
investigadores preferem classificá-lo como uma neoplasia. Alguns cistos 
odontogênicos calcificantes parecem representar cistos não neoplásicos; 
outros membros desse grupo, designados de forma variada como tumores 
dentinogênicos de células fantasmas ou tumores odontogênicos epiteliais 
de células fantasmas, não apresentam características císticas, podem ser 
infiltrativos ou até mesmo malignos, e são considerados como neoplasias. 
Além disso, o cisto odontogênico calcificante pode estar associado a outros 
tumores odontogênicos reconhecidos, mais comumente aos odontomas. 
Contudo, os tumores odontogênicos adenomatoides e os ameloblastomas 
também se apresentam em associação com os cistos odontogênico 
calcificantes. A classificação da OMS de tumores odontogênicos agrupa os 
cistos odontogênicos calcificantes, com todas as suas variantes, juntamente 
com os tumores odontogênicos, em vez de com os cistos odontogênicos. 
Dado o comportamento clínico inócuo dessa lesão, a categorização histórica 
amplamente reconhecida da lesão como um cisto e a natureza cística da 
maioria dessas lesões, a alteração na terminologia não parece ser prática. 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS 
 
O cisto odontogênico calcificante é predominantemente uma lesão intra-óssea, 
apesar de 13% a 30% dos casos nas séries relatadas terem se apresentado 
como lesões periféricas (extraósseas). Tanto a forma intraóssea quanto a 
 
extraóssea ocorrem com aproximadamente igual frequência na maxila e na 
mandíbula. Cerca de 65% dos casos são encontrados nas regiões de incisivos 
e caninos. Os pacientes podem ter idade variando da infância à velhice. A 
idade média é de 33 anos e a maioria dos casos é diagnosticada na segunda e 
terceira décadas de vida. Os cistos odontogênicos calcificantes que estão 
associados aos odontomas tendem a ocorrer em pacientes mais jovens, com a 
média de idade de 17 anos. As raras variantes neoplásicas do cisto 
odontogênico calcificante parecem ocorrer empacientes mais velhos; devido à 
escassez de casos relatados, contudo, isso pode não ser significativo. O cisto 
odontogênico calcificante central geralmente se apresenta como uma lesão 
radiolúcida, unilocular, bem definida, apesar de a lesão poder ser, 
ocasionalmente, multilocular. Estruturas radiopacas dentro da lesão, quer 
sejam calcificações irregulares ou de densidade semelhante ao osso, estão 
presentes em cerca de um terço à metade dos casos. Em aproximadamente 
um terço dos casos, a lesão radiolúcida está associada a um dente não 
erupcionado, com maior frequência o canino. A maioria dos cistos 
odontogênicos calcificantes mede entre 2 e 4 cm em seu maior diâmetro, mas 
lesões com até 12 cm já foram observadas. A reabsorção radicular ou a 
divergência dos dentes adjacentes podem ser observadas com alguma 
frequência. 
Os cistos odontogênicos calcificantes extraósseos se apresentam como 
massas gengivais sésseis ou pedunculadas, sem características clínicas 
específicas. Eles podem se assemelhar a fibromas gengivais comuns, cistos 
gengivais ou granulomas de células gigantes periféricos. 
 
CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS 
 
As formas císticas (não neoplásicas) compreendem cerca de 86% a 98% dos 
cistos odontogênicos calcificantes em diversas séries descritas. Eles podem 
ocorrer tanto na forma intraóssea quanto na extraóssea. Mais comumente, uma 
lesão cística bem definida é encontrada com uma cápsula fibrosa e um 
revestimento de epitélio odontogênico de 4 a 10 células de espessura. As 
células basais do revestimento epitelial podem ser cuboides ou colunares, 
semelhantes a ameloblastos. A camada sobrejacente de epitélio, arranjada 
frouxamente, pode lembrar o retículo estrelado de um ameloblastoma. 
O aspecto histopatológico mais característico do cisto odontogênico calcificante 
é a presença de um número variável de “células fantasmas” dentro do 
componente epitelial. Essas células fantasmas eosinofílicas são células 
epiteliais alteradas caracterizadas pela perda do núcleo com preservação do 
arcabouço básico da célula. 
A natureza da alteração das células fantasmas é controversa. Alguns acreditam 
que essa alteração represente a necrose de coagulação ou o acúmulo de 
 
proteína do esmalte; outros afirmam que é uma forma de ceratinização normal 
ou aberrante do epitélio odontogênico. 
Massas de células fantasmas podem se fusionar, formando grandes lençóis de 
material amorfo e acelular. Calcificações são comuns em meio às células 
fantasmas. Elas primeiramente aparecem como discretos grânulos basofílicos 
que podem aumentar de tamanho e em número, formando extensos aumentos 
de volume de material calcificado. 
Áreas de um material de matriz eosinofílica, que é considerado por alguns 
autores como dentina displásica (dentinoide), também podem estar presentes 
adjacentes ao componente epitelial. Acredita-se que surjam como 
consequência do efeito indutivo do epitélio odontogênico sobre o tecido 
mesenquimal adjacente. 
Diversas variantes do tipo cístico do cisto odontogênico calcificante são 
observadas. Em alguns casos, o revestimento epitelial prolifera para o lúmen 
de forma que ele se apresenta, em grande parte, preenchido por aumentos de 
volume de células fantasmas e calcificações distróficas. Múltiplos cistos-filhos 
podem estar presentes na cápsula fibrosa, e uma reação de corpo estranho às 
células fantasmas extravasadas pode ser conspícua. Em outra variante, a 
proliferação epitelial uni ou multifocal do revestimento do cisto em direção ao 
lúmen pode lembrar o ameloblastoma. Essas proliferações são entremeadas 
por um número variado de células fantasmas. Essas proliferações epiteliais 
lembram superficialmente, mas 
não satisfazem, o rigoroso critério histopatológico para o diagnóstico de 
ameloblastoma. 
Cerca de 20% dos cistos odontogênicos calcificantes císticos estão associados 
a odontomas. Essa variante geralmente é uma lesão unicística, que mostra as 
características 
de um cisto odontogênico calcificante juntamente com um pequeno odontoma 
complexo ou composto. Cistos odontogênicos calcificantes neoplásicos 
(sólidos) são incomuns, sendo responsáveis por 2% a 16% de todos os cistos 
odontogênicos calcificantes nas séries descritas. Eles podem ser intra ou 
extraósseos. 
As formas extraósseas da variante sólida parecem ser mais comuns. Elas 
mostram ilhas de tamanho variado de epitélio odontogênico em um estroma 
fibroso. As ilhas epiteliais mostram células colunares em paliçada periférica e 
um retículo estrelado central, que lembra o ameloblastoma. Contudo, ninhos de 
células fantasmas estão presentes no epitélio e há, comumente, a presença de 
dentinoide justaepitelial. Essas características diferenciam essa lesão do 
ameloblastomaperiférico. A variante intraóssea rara é um tumor sólido que 
consiste em ilhas e cordões de epitélio odontogênico semelhantes ao 
ameloblastoma dispersos em estroma de tecido conjuntivo fibroso. Estão 
presentes, em número variável, células fantasmas e material dentinoide 
justaepitelialmente. Um pequeno número de tumores epiteliais odontogênico de 
 
células fantasmas (carcinoma odontogênico de células fantasmas) 
agressivos ou malignos foi relatado. Essas lesões apresentam pleomorfismo 
celular e atividade mitótica com invasão dos tecidos adjacentes. 
 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 
 
O prognóstico de um paciente com cisto odontogênico calcificante é favorável, 
sendo relatadas somente poucas recidivas após a enucleação simples. O cisto 
odontogênico calcificante periférico neoplásico parece ter o mesmo prognóstico 
que o ameloblastoma periférico, com chance mínima de recidiva após a 
excisão cirúrgica simples. Quando um cisto odontogênico calcificante está 
associado a algum outro tumor odontogênico reconhecido, tal como um 
ameloblastoma, o tratamento e o prognóstico provavelmente serão os mesmos 
que os do tumor associado. Apesar de poucos casos terem sido relatados, os 
carcinomas odontogênicos de células fantasmas parecem apresentar um 
comportamento imprevisível. As recidivas são comuns, e alguns poucos 
pacientes morreram ou devido à doença local incontrolada, ou devido a 
metástases. Uma taxa de sobrevida total em 5 anos de 73% foi calculada com 
base nos casos relatados. 
IV. Cistos não-odontogênicos - Definição, características clínicas, 
radiográficas, histológicas e tratamento das seguintes lesões: 
a. Cisto linfoepitelial oral: O cisto linfoepitelial oral é uma lesão rara da 
cavidade oral, que se desenvolve dentro do tecido linfoide oral. É 
microscopicamente semelhante ao cisto da fenda branquial (cisto linfoepitelial 
cervical), porém de tamanho muito menor. O tecido linfoide é normalmente 
encontrado na cavidade oral e faringe, consistindo, principalmente, no anel de 
Waldeyer, o qual inclui as amígdalas linguais e palatinas e as adenoides 
faringianas. Além disso, amígdalas orais acessórias e agregados linfoides 
podem ocorrer no 
soalho bucal, superfície ventral de língua e palato mole. 
O tecido linfoide oral tem uma estreita relação com o epitélio de revestimento 
da mucosa. Este epitélio apresenta invaginações para o tecido amigdaliano, 
resultando em bolsas cegas ou criptas amigdalianas que podem estar 
preenchidas com restos de ceratina. As criptas amigdalianas podem se tornar 
obstruídas ou estreitadas na superfí cie, produzindo um cisto preenchido por 
ceratina dentro do tecido linfoide, logo abaixo da superfície mucosa. 
Também é possível que os cistos linfoepiteliais orais possam se desenvolver 
de epitélio da mucosa de superfície ou do epitélio de glândula salivar que ficou 
retido no tecido linfoide durante a embriogênese. Foi sugerido ainda que estes 
cistos possam surgir de ductos excretores da glândula sublingual ou de 
glândulas salivares menores, e que o tecido linfoide associado representa uma 
resposta imunológica secundária. 
 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
 
O cisto linfoepitelial oral apresenta-se como uma massa submucosa pequena, 
geralmente menor que 1 cm de diâmetro; raramente a lesão pode ser maior 
que 1,5 cm. O cisto pode ser firme ou mole à palpação, e a mucosa de 
revestimento é macia e não ulcerada. 
Caracteristicamente, a lesão é branca ou amarela e muitas vezes contém em 
sua luz ceratina com aspecto caseoso ou cremoso. O cisto geralmente é 
assintomático, embora, ocasionalmente, alguns pacientes queixem-se de 
tumefação ou drenagem. A dor é rara, porém pode ocorrer secundariamente a 
um traumatismo. 
Os cistos linfoepiteliais orais podem se desenvolver em qualquer idade, porém 
são mais frequentes em adultos jovens. A localização mais comum é o soalho 
bucal, com pelo menos metade dos casos ocorrendo nesta região. A superfície 
ventral e a margem lateral da língua são as outras localizações comuns. Tais 
cistos também podem se desenvolver na amígdala palatina ou no palato mole. 
Todas estas localizações representam áreas de tecido linfoide oral normal ou 
acessório. 
 
CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS 
 
O exame microscópico do cisto linfoepitelial oral demonstra uma cavidade 
cística revestida por epitélio escamoso estratificado sem projeções para o 
conjuntivo. Este epitélio é classicamente paraceratinizado com células epiteliais 
descamadas preenchendo a luz do cisto. Em raras ocasiões, o revestimento 
epitelial pode, também, conter células mucosas. Ocasionalmente, os cistos 
podem comunicar-se com a mucosa de revestimento. O achado mais notável é 
a presença de tecido linfoide na parede cística. Na maioria dos casos, este 
tecido linfoide circunda o cisto, porém, algumas vezes, ocorre em apenas uma 
parte da parede do cisto. Usualmente, mas nem sempre, os centros 
germinativos podem estar presentes. 
 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 
 
O cisto linfoepitelial oral é em geral tratado pela excisão cirúrgica e a recidiva 
geralmente não ocorre. Pelo fato de a lesão ser assintomática e inócua, a 
biópsia nem sempre é necessária, desde que a lesão seja característica o 
bastante para o diagnóstico ser feito com base na clínica. 
 
b. Cisto nasolabial: 
 
O cisto nasolabial é um cisto do desenvolvimento raro que ocorre no lábio 
superior, lateral à linha média. A sua patogênese é desconhecida, embora 
 
existam duas teorias principais. Uma teoria considera o cisto nasolabial um 
cisto “fissural” originado de remanescentes epiteliais aprisionados ao longo da 
linha de fusão do processo maxilar, processo nasal mediano e processo nasal 
lateral. Uma segunda teoria sugere que estes cistos desenvolvam-se pela 
deposição ectópica do epitélio do ducto nasolacrimal, devido à 
sua localização e aspecto histológico semelhantes. 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS 
 
O cisto nasolabial apresenta-se como um aumento de volume do lábio superior 
lateral à linha média, resultando na elevação da asa do nariz. Muitas vezes, o 
aumento eleva a mucosa do vestíbulo nasal e causa apagamento do fundo de 
vestíbulo. Ocasionalmente, esta expansão pode resultar em obstrução nasal ou 
interferir na utilização de uma prótese. A dor é rara, exceto quando a lesão está 
infectada secundariamente. O cisto pode se romper espontaneamente e drenar 
para a cavidade oral ou nasal. Os cistos nasolabiais são observados com maior 
frequência em adultos, com pico de prevalência na quarta e quinta décadas de 
vida. Existe uma predileção significativa pelo gênero feminino, com relação 
mulheres-homens de 3:1. Aproximadamente 10% dos casos relatados são 
bilaterais. 
Como o cisto nasolabial origina-se nos tecidos moles, na maioria dos casos 
não há alterações radiográficas. Ocasionalmente, pode ocorrer reabsorção do 
osso subjacente pela pressão exercida pelo cisto. 
 
CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS 
 
O cisto nasolabial é caracteristicamente revestido por epitélio colunar 
pseudoestratificado, exibindo muitas vezes células caliciformes e ciliadas. 
Áreas de epitélio cúbico e metaplasia escamosa não são raras. Alterações 
apócrinas também foram relatadas. A parede do cisto é 
composta de tecido conjuntivo fibroso com tecido muscular esquelético 
adjacente. A inflamação pode ser observada quando a lesão está infectada 
secundariamente. 
 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 
 
O tratamento de eleição consiste na remoção cirúrgica total por acesso 
intraoral. Como a lesão geralmente está próxima ao soalho nasal, muitas vezes 
é necessário retirar uma parte da mucosa nasal para garantir a remoção 
completa da lesão. A recidiva é rara. Recentemente foi sugerida uma 
abordagem alternativa via cavidade nasal que permite a marsupialização 
endoscópica da lesão. 
 
 
c. Cisto do ducto nasopalatino: 
 
O cisto do ducto nasopalatino é o cisto não odontogênico 
mais comum da cavidade oral, ocorrendo em cerca de 1% da população. 
Acredita-se que ele se origine de remanescentes do ducto nasopalatino,uma 
estrutura embrionária que liga a cavidade nasal e oral na região do canal 
incisivo. 
Na sétima semana de vida intrauterina, o palato em desenvolvimento consiste 
no palato primário, o qual é formado pela fusão dos processos nasais 
medianos. Atrás do palato primário, o crescimento descendente do septo nasal 
produz duas comunicações entre a cavidade nasal e oral, as coanas nasais 
primitivas. A formação do palato secundário começa por volta da oitava 
semana de vida intrauterina, com o crescimento descendente das partes 
médias dos processos maxilares (processos palatinos) localizando-se de cada 
lado da língua. Conforme a mandíbula se desenvolve e a língua desce, os 
processos palatinos crescem horizontalmente, fusionando- se com o septo 
nasal na linha média e com o palato primário ao longo da sua superfície 
anterior. Dois trajetos persistem na linha média entre o palato primário e o 
secundário (os canais incisivos). Os ductos nasopalatinos são estruturas 
epiteliais que também se formam por essa fusão e encontram-se dentro dos 
canais incisivos. Normalmente, tais ductos regridem nos humanos, mas podem 
deixar remanescentes epiteliais nos canais incisivos. 
Os canais incisivos começam no soalho da cavidade nasal em cada lado do 
septo nasal, dirigindo-se para baixo e para frente, saindo no osso palatino 
através de um forame comum na região da papila incisiva. Além dos ductos 
nasopalatinos, estes canais contêm o nervo nasopalatino e os ramos 
anastomosados da artéria palatina descendente e artéria esfenopalatina. 
Ocasionalmente, dois pequenos forames, levando os nervos nasopalatinos – 
os canais de Scarpa – são encontrados dentro do forame incisivo. 
Em alguns mamíferos, remanescentes dos ductos nasopalatinos permanecem 
visíveis e promovem a comunicação entre a cavidade nasal e oral. Em raras 
ocasiões, ductos nasopalatinos visíveis ou parcialmente visíveis podem ser 
encontrados em humanos. Nos mamíferos, os ductos nasopalatinos podem se 
comunicar com os órgãos de Jacobson vômer-nasais, atuando como um 
órgão olfativo acessório. Entretanto, em humanos, o órgão de Jacobson 
geralmente regride na vida intrauterina e se torna um órgão vestigial. 
Foi sugerido que o cisto do ducto nasopalatino possa surgir do epitélio do 
órgão de Jacobson, porém isso parece pouco provável. Outros possíveis 
fatores etiológicos sugeridos 
são: o trauma, infecção do ducto e retenção de muco das glândulas salivares 
menores adjacentes. Embora a patogênese desta lesão ainda seja 
desconhecida, provavelmente ela representa uma degeneração cística 
espontânea de remanescentes do ducto nasopalatino. 
 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS 
 
O cisto do ducto nasopalatino pode se desenvolver praticamente em qualquer 
idade, porém ele é mais comum na quarta a sexta décadas de vida. Apesar de 
ser um cisto do “desenvolvimento”, o cisto do ducto nasopalatino é raramente 
observado durante a primeira década de vida. A maioria dos estudos mostra 
uma preferência pelo gênero masculino. 
Os sinais e sintomas mais comuns incluem tumefação da região anterior do 
palato, drenagem e dor. Às vezes, os pacientes relatam uma história longa 
destes sintomas, provavelmente devido à sua natureza intermitente. Contudo, 
muitas lesões são assintomáticas, sendo identificadas em radiografias de 
rotina. Raramente, um cisto grande pode produzir uma expansão 
“completamente” flutuante, envolvendo a região anterior do palato e a mucosa 
alveolar. 
As radiografias geralmente demonstram uma lesão radiolúcida bem-circunscrita 
próxima ou na linha média da região anterior de maxila, entre os ápices dos 
incisivos centrais. A reabsorção radicular é raramente notada. A lesão em geral 
é redonda ou oval, com uma margem esclerótica. Alguns cistos podem ter um 
formato de pera invertida, possivelmente devido à resistência das raízes dos 
dentes adjacentes. Outros casos podem exibir o formato clássico de coração, 
como resultado da sobreposição da espinha nasal ou pelo chanframento 
causado pelo septo nasal. 
O diâmetro radiográfico do cisto do ducto nasopalatino pode variar de lesões 
pequenas, menores que 6 mm, a lesões grandes destrutivas com mais de 6 
cm. Entretanto, a maioria dos cistos varia de 1 a 2,5 cm, com diâmetro médio 
de 1,5 a 1,7 cm. Pode ser difícil distinguir um cisto do ducto nasopalatino 
pequeno de um forame incisivo grande. Geralmente, considera-se que 6 mm é 
o limite máximo para o tamanho de um forame incisivo normal. Logo, uma 
imagem radiolúcida com 6 mm ou menos nesta área é considerada um forame 
normal, exceto quando outros sinais e sintomas estejam presentes. 
Em raras ocasiões, um cisto do ducto nasopalatino pode se desenvolver nos 
tecidos moles da papila incisiva sem qualquer envolvimento ósseo. Estas 
lesões são frequentemente chamadas de cistos da papila incisiva. Estes 
cistos usualmente exibem uma coloração azulada devido ao conteúdo líquido 
na luz do cisto. 
 
CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS 
 
O epitélio de revestimento dos cistos do ducto nasopalatino é variável. 
Pode ser constituído de: 
Epitélio escamoso estratificado 
Epitélio colunar pseudoestratificado 
 
Epitélio colunar simples 
Epitélio cúbico simples 
Frequentemente, mais de um tipo de epitélio é encontrado no mesmo cisto. O 
epitélio escamoso estratificado é o mais comum, estando presente em três 
quartos de todos os cistos. O epitélio colunar pseudoestratificado tem sido 
relatado desde um terço até três quartos de todos os casos. 
O epitélio cúbico simples e o epitélio colunar são observados mais raramente. 
Células caliciformes e cílios podem ser encontrados em associação do epitélio 
colunar. O tipo de epitélio pode estar relacionado com a posição vertical do 
cisto dentro do canal incisivo. Cistos que se desenvolvem mais superiormente 
no canal, próximos à cavidade nasal, tendem a apresentar epitélio respiratório, 
enquanto que aqueles localizados próximos à cavidade oral geralmente exibem 
epitélio escamoso. 
Os componentes da parede do cisto podem auxiliar no diagnóstico. Em virtude 
de o cisto do ducto nasopalatino se originar do canal incisivo, nervos de 
tamanho moderado, artérias musculares pequenas e veias são frequentemente 
encontrados na parede do cisto. 
Pequenas glândulas mucosas têm sido observadas em um terço dos casos. Às 
vezes, podem ser encontradas pequenas ilhas de cartilagem hialina. 
Frequentemente, uma res- posta inflamatória é notada na parede cística e pode 
variar de suave a intensa. Tal inflamação é de natureza crônica e composta por 
linfócitos, plasmócitos e histiócitos. Algumas vezes, células inflamatórias 
agudas (neutrófilos) podem ser observadas. 
 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 
 
Os cistos do ducto nasopalatino são tratados por enucleação cirúrgica. A 
biópsia é recomendada, porque a lesão não é diagnosticada por radiográfia e 
existem outras lesões benignas e malignas semelhantes ao cisto do ducto 
nasopalatino. 
O melhor acesso cirúrgico é realizado com um retalho palatino rebatido após 
uma incisão ao longo da margem gengival lingual dos dentes anteriores 
superiores. A recidiva é rara. A transformação maligna tem sido relatada em 
alguns casos escassos, mas esta é uma complicação rara. 
 
d. Cistos palatinos do recém-nascido: 
 
Pequenos cistos de desenvolvimento são comuns no palato de crianças recém-
nascidas. Pesquisadores especulam que estes cistos de “inclusão” podem 
originar-se de duas maneiras. Na primeira, quando os processos palatinos se 
encontram e se fusionam na linha média, durante a vida embrionária para 
formar o palato secundário, pequenas ilhas epiteliais podem ficar aprisionadas 
por baixo da superfície tecidual ao longo da rafe palatina e formar cistos. Na 
 
segunda, estes cistos poderiam surgir de remanescentes epiteliais oriundos do 
desenvolvimento de glândulas salivares menores do palato. 
Como descritas originalmente, as pérolas de Epstein ocorrem ao longo da 
rafe palatina mediana e provavelmente surgem de epitélio aprisionado ao longo 
da linha de fusão.Os nódulos de Bohn estão espalhados pelo palato duro, 
muitas vezes próximo à junção entre os palatos, e acredita-se que sejam 
derivados de glândulas salivares menores. Entretanto, estes dois termos têm 
sido confundidos na literatura e também, muitas vezes, têm sido utilizados para 
descrever os cistos gengivais do recém-nascido, lesões com aparência 
semelhante que se originam da lâmina dentária. Portanto, o termo cistos 
palatinos do recém-nascido deve ser preferido para ajudar a distingui-los dos 
cistos gengivais do recém-nascido. Além disso, como estes cistos são mais 
comuns próximos a linha média da junção entre o palato duro e o palato mole, 
é difícil afirmar clinicamente se eles se originam do epitélio aprisionado pela 
fusão dos processos palatinos ou de restos epiteliais de glândulas salivares 
menores. 
 
CARACTERÍSITCAS CLÍNICAS 
 
Os cistos palatinos do recém-nascido são muito comuns e têm sido relatados 
em 65% a 85% dos neonatos. Os cistos são pequenos, variando de 1 a 3 mm, 
apresentando-se na forma de pápulas brancas ou branco-amareladas que 
aparecem preferencialmente ao longo da linha média, na junção do palato duro 
e mole. Às vezes, podem ocorrer em uma localização mais anterior ao longo da 
rafe ou posteriormente, lateral à linha média. É observado em um grupo de dois 
a seis cistos, embora as lesões também possam ocorrer isoladamente. O 
exame microscópico revela cistos preenchidos por ceratina, revestidos por 
epitélio escamoso estratificado. Algumas vezes, estes cistos mostram uma 
comunicação com a superfície mucosa. 
 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 
 
Os cistos palatinos do recém-nascido são lesões inócuas, e nenhum 
tratamento é necessário. Eles sofrem regressão espontânea e raramente são 
observados quando a criança apresenta várias semanas de vida. 
Provavelmente, o epitélio degenera, ou o cisto se rompe para a superfície 
mucosa e elimina a ceratina contida.

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