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Hepatite B - resumo Argôlo

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Hepatite B 
 
 
INTRODUÇÃO 
A hepatite B é uma infecção viral que ataca o fígado e pode causar 
doenças agudas e crônicas. 
• O vírus é mais comumente transmitido de mãe para filho durante 
o nascimento e o parto, bem como por contato com sangue ou 
outros fluidos corporais, incluindo sexo com um parceiro 
infectado, uso de drogas injetáveis que envolvem o 
compartilhamento de agulhas, seringas ou equipamento de 
preparação de drogas e picadas de agulha ou exposição a 
instrumentos pontiagudos. 
• A OMS estima que, em 2015, 257 milhões de pessoas viviam com 
infecção crônica por hepatite B (definida como antígeno de 
superfície da hepatite B positivo). 
• Em 2015, a hepatite B resultou em cerca de 887.000 mortes, 
principalmente por cirrose e carcinoma hepatocelular (ou seja, 
câncer primário de fígado). 
• Em 2016, 27 milhões de pessoas (10,5% de todas as pessoas 
estimadas com hepatite B) sabiam da infecção, enquanto 4,5 
milhões (16,7%) das pessoas diagnosticadas estavam em 
tratamento. De acordo com as últimas estimativas da OMS, a 
proporção de crianças com menos de cinco anos de idade 
cronicamente infectadas com o VHB caiu para pouco menos de 
1% em 2019, de cerca de 5% na era pré-vacina, entre os anos 
1980 e o início dos anos 2000. 
• A hepatite B pode ser prevenida por vacinas seguras, disponíveis 
e eficazes. 
A hepatite B é uma infecção hepática potencialmente fatal, causada 
pelo vírus da hepatite B (HBV). É um grande problema de saúde 
global. Pode causar infecção crônica e coloca as pessoas em alto risco 
de morte por cirrose e câncer de fígado. 
Uma vacina segura e eficaz que oferece proteção de 98-100% contra a 
hepatite B está disponível. A prevenção da infecção por hepatite B 
evita o desenvolvimento de complicações, incluindo o desenvolvimento 
de doenças crônicas e câncer de fígado. 
ETIOPATOGENIA 
 
• Família: Hepadnaviridae → vírus de DNA hepatotrópico 
• Gênero: Hepatovirus 
➢ parenteral 
➢ sexual → é considerada uma IST. 
➢ leite materno. 
➢ vertical → de mãe para filho. 
- mais correlacionada à forma de hepatite crônica. 
- a transmissão é maior no parto normal. 
 
 
• Formado por: 
➢ antígeno de superfície viral → é o HBsAg 
➢ envelope lipoproteico → contém 3 formas da proteína do envelope → 
dão origem ao antígeno “s” (HBsAg). 
➢ nucleocapsídeo proteico 
➢ genoma viral → composto por DNA de fita dupla. 
- possui 4 fases abertas de leitura (ORFs) para a produção das 
proteínas virais: capsídeo, envelope, DNA polimerase e proteína 
regulatória X. 
➢ enzima DNA polimerase viral 
➢ antígeno “e” do HBV → é o HbeAg 
 
A hepatite viral B é causada por um vírus DNA pertencente à 
família Hepadnaviridae. Os vírus dessa família têm características em 
comum, como fita dupla incompleta e replicação do genoma viral por 
enzima transcriptase reversa. 
O genoma do HBV é composto por um DNA circular e 
parcialmente duplicado de aproximadamente 3.200 pares de bases. 
Uma de suas fitas é maior que a outra. As partículas virais esféricas 
possuem diâmetro de 42nm e são compostas de envelope externo 
proteico que constitui o HBsAg. O glicocapsídeo possui simetria 
icosaédrica e é constituído pela proteína do core ou núcleo (HBcAg) e 
pelo genoma viral. 
É considerado um vírus oncogênico e apresenta dez genótipos, 
classificados de A a J. Estes são distintos entre si pela sequência de 
nucleotídeos no genoma, patogenicidade e distribuição geográfica. 
Alguns genótipos do HBV são classificados em subgenótipos, exceto E, 
G e H. Mais de 30 subgenótipos já foram identificados. 
O HBV possui tropismo pela célula hepática e, ao se ligar a 
receptores presentes na superfície celular, é internalizado e perde seu 
envoltório. Em seguida, o conteúdo viral migra para o núcleo e replica-
se por meio de um sistema semelhante ao dos retrovírus. 
A variabilidade de resultados no tratamento e na evolução da 
hepatite crônica pode ser atribuída às características virais. Alguns 
genótipos apresenta melhor resposta ao tratamento com 
alfainterferona; outros genótipos aparentariam possuir maior 
potencial carcinogênico. Entretanto, até o momento, não há evidências 
que comprovem a escolha da terapêutica pela genotipagem do HBV. 
O HBV é difícil de erradicar porque seu DNA circular covalentemente 
fechado (cccDNA) se estabelece nos núcleos dos hepatócitos e é 
incorporado ao genoma do hospedeiro; é controlável em vez de 
curável. Supressão viral durável e soroconversão do antígeno E 
(somente pacientes HBeAg positivos), normalização de ALT e melhora 
histológica são considerados bons resultados de tratamento. 
 
CICLO DE REPLICAÇÃO VIRAL 
 
Endocitose do vírus → remoção do envelope viral → liberação do 
capsídeo no citoplasma → transportado ao poro nuclear → genoma é 
liberado no interior do núcleo celular → genoma se liga a fatores de 
reparo de DNA celulares → é maturado → transcrição do RNA pela 
RNA polimerase II celular → transportados ao citoplasma → tradução 
em proteínas virais → 
(1) produção de partículas virais → capsídeos virais montados → 
migram para o núcleo → usados para montagem de novos vírions → 
liberados no meio extracelular; ou 
(2) são encapsuladas nas partículas nascentes junto à polimerase viral 
para, então, se-rem submetidas a retrotranscrição, gerando assim 
novos genomas virais. 
 
–
Formas do vírus 
 
 
• Forma Dane: é infecciosa 
• Formas esférica e filamentosa: são consideradas subvirais → não 
são infecciosas. 
 
INFECÇÃO CRÔNICA 
 
É dividida em 4 fases: 
1. imunotolerância 
- ↑ replicação viral 
- transaminases normais ou quase normais 
2. imunorreação 
- ocorre agressão aos hepatócitos 
- ↑ das transaminases 
3. portador inativo 
- ↓ níveis de replicação viral 
- transaminases normais 
4. reativação viral 
- ocorre (1) integração do DNA viral ao genoma das células hospedeira; 
e/ou (2) depressão do sistema imune do hospedeiro. 
- ↑ replicação viral 
 
TRANSMISSÃO 
O HBV é um vírus transmitido pelo sangue que pode ser encontrado 
em baixas concentrações no sêmen, fluidos vaginais, saliva, lágrimas, 
suor, urina e leite materno. O vírus é 100 vezes mais infeccioso que o 
HIV e pode viver fora do corpo por sete dias. 
A hepatite B é uma doença de transmissão parenteral. A 
transmissão do agente infeccioso pode ocorrer por solução de 
continuidade (pele e mucosas), via parenteral (compartilhamento de 
agulhas, seringas, material de manicure e pedicure, lâminas de 
barbear e depilar, tatuagens, piercings, procedimentos odontológicos 
ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança, entre 
outros) e relações sexuais desprotegidas, sendo esta a via 
predominante. A transmissão vertical (materno-infantil) também é 
importante e ocasiona uma evolução desfavorável, com maior chance 
de cronificação. 
Em áreas de alta prevalência, o VHB é geralmente transmitido de mãe 
para filho (transmissão perinatal ou vertical) durante o parto, e não 
pela placenta. A transmissão de criança para criança (transmissão 
horizontal) também é comum. A tradição de escarificação também 
pode ser uma fonte significativa de transmissão em países africanos. 
Em países com baixa prevalência de VHB, a condição tende a afetar 
principalmente adultos jovens e geralmente é transmitida por meio do 
uso de drogas injetáveis ou contato sexual desprotegido. 
Em áreas altamente endêmicas, a hepatite B é mais comumente 
transmitida de mãe para filho no nascimento (transmissão perinatal) 
ou por transmissão horizontal (exposição a sangue infectado), 
especialmente de uma criança infectada para uma criança não 
infectada durante os primeiros 5 anos de vida. O desenvolvimento de 
infecção crônica é muito comum em bebês infectados de suas mães ou 
antes dos 5 anos de idade. 
A hepatite B também é transmitida por picadas de agulha, tatuagem, 
piercing e exposição a sangue e fluidos corporais infectados, como 
saliva e fluidos menstruais, vaginais eseminais. A transmissão sexual 
da hepatite B pode ocorrer, particularmente em homens não 
vacinados que fazem sexo com homens e pessoas heterossexuais com 
múltiplos parceiros sexuais ou contato com profissionais do sexo. 
 
A infecção na idade adulta leva à hepatite crônica em menos de 5% 
dos casos, enquanto a infecção na primeira infância leva à hepatite 
crônica em cerca de 95% dos casos. A transmissão do vírus também 
pode ocorrer por meio da reutilização de agulhas e seringas, seja em 
serviços de saúde ou entre pessoas que injetam drogas. Além disso, a 
infecção pode ocorrer durante procedimentos médicos, cirúrgicos e 
odontológicos, por meio de tatuagens ou do uso de lâminas de barbear 
e objetos semelhantes contaminados com sangue infectado. 
O vírus da hepatite B pode sobreviver fora do corpo por pelo menos 7 
dias. Durante esse período, o vírus ainda pode causar infecção se 
entrar no corpo de uma pessoa que não esteja protegida pela vacina. 
O período de incubação do vírus da hepatite B é de 75 dias em média, 
mas pode variar de 30 a 180 dias. O vírus pode ser detectado dentro 
de 30 a 60 dias após a infecção e pode persistir e evoluir para hepatite 
B crônica. 
 
FISIOPATOLOGIA 
Ciclo de vida da hepatite B 
O ciclo de vida do HBV é complexo, mas, essencialmente, ele atua 
como um vírus furtivo, evitando o sistema imunológico. 
Durante o primeiro estágio da infecção, o vírion HBV (partícula de 
vírus) se liga a uma célula do fígado (hepatócito) e então penetra no 
citoplasma do hepatócito. O vírion do HBV não é revestido (Fig. 1), o 
que significa que os nucleocapsídeos podem se mover para o núcleo 
do hepatócito e converter o DNA em DNA circular covalentemente 
fechado (cccDNA) - uma estrutura de DNA de fita dupla. O cccDNA é 
muito estável e pode permanecer no núcleo do hospedeiro por muitos 
meses na doença crônica. O vírus faz cópias de si mesmo em um 
processo que carece da “capacidade de leitura de prova”, o que 
permite a mutação do vírus. Os vírions do HBV recém-formados são 
liberados na corrente sanguínea, de onde invadem outros hepatócitos 
e repetem o processo de replicação. 
O VHB causa inflamação e fibrose progressiva no fígado infectado, 
fazendo com que o sistema imunológico ataque os hepatócitos. 
 
História Natural 
O período de incubação do HBV é de 30-180 dias. A idade em que 
uma pessoa é infectada com o vírus determina o resultado da doença; 
90% dos que adquirem o VHB perinatal ou na primeira infância 
desenvolverão HBC, pois seu sistema imunológico não consegue 
destruir e eliminar os hepatócitos infectados. 
 
Em adultos, 90% das infecções são agudas e apenas 5-10% 
desenvolvem CHB (Shi et al, 2009). A insuficiência hepática aguda 
ocorre em 1% das infecções agudas por HBV (Liang, 2009). Muito 
raramente (em 1-2% dos casos), as pessoas com HBC podem perder o 
antígeno de superfície do VHB, o que é considerado uma recuperação 
definitiva. No entanto, o vírus pode ser reativado caso se torne 
imunossuprimido. 
 
OS QUATRO ESTÁGIOS DO CHB 
Entende-se que o CHB possui quatro fases distintas com durações e 
desfechos distintos (Fig. 2). Os estágios estão ligados ao grau de 
replicação do VHB e à forma como o sistema imunológico responde. 
 
Fase imunotolerante: esta fase dura 10-30 anos no HBV adquirido 
perinatalmente, mas está ausente ou tem uma duração mais curta 
para aqueles infectados quando crianças ou adultos. A proteína viral 
da hepatite B, HBeAg, um marcador de replicação viral ativa, está 
presente com altos níveis de DNA do VHB e um nível normal de 
alanina aminotransferase (ALT), uma enzima hepática. O dano 
hepático é mínimo, pois o sistema imunológico tolera o vírus. 
Fase de eliminação imunológica (imuno-ativa): aqueles que 
adquirem o VHB no final da infância, adolescência ou idade adulta 
freqüentemente se apresentam nesta fase. Quando a 
imunotolerabilidade é perdida, o sistema imunológico ataca os 
hepatócitos infectados, resultando em níveis elevados de ALT e níveis 
flutuantes de DNA do VHB, causando fibrose hepática. A 
soroconversão - perda do HBeAg e formação do anticorpo para o 
HBeAg (HBeAb) - ocorre em 50% das crianças e adultos em até cinco 
anos após a entrada nesta fase, e em 70% das crianças e adultos em 
10 anos, resultando na transição para a terceira Estágio. 
Fase portadora inativa (controle imune): esta é uma fase inativa do 
HBV HBeAg negativo com níveis baixos ou indetectáveis de DNA do 
HBV, uma ALT normal e nenhum dano ao fígado. Ocorre perda 
ocasional de antígeno de superfície. Os pacientes nesta fase formam o 
maior grupo com HBV. 
Fase de reativação: esta fase pode ser espontânea ou desencadeada 
por imunossupressão. Os pacientes podem reverter para positividade 
para HBeAg, mas a maioria é HBeAg negativo com níveis detectáveis 
de DNA, ALT alta e necroinflamação moderada a grave com 
quantidades variáveis de fibrose na biópsia hepática. 
 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
A maioria das pessoas não apresenta sintomas quando é infectada 
pela primeira vez. No entanto, algumas pessoas têm doença aguda 
com sintomas que duram várias semanas, incluindo amarelecimento 
da pele e dos olhos (icterícia), urina escura, fadiga extrema, náuseas, 
vômitos e dor abdominal. Um pequeno subgrupo de pessoas com 
hepatite aguda pode desenvolver insuficiência hepática aguda, que 
pode levar à morte. 
A patogênese e as manifestações clínicas da hepatite B devem-se à 
interação do vírus com o sistema imunológico do hospedeiro, o que 
leva à lesão hepática e, potencialmente, à cirrose e ao carcinoma 
hepatocelular. Os pacientes podem ter uma doença sintomática aguda 
ou uma doença assintomática. 
A infecção pelo vírus da hepatite B pode causar hepatite aguda ou 
crônica; habitualmente, ambas as formas são oligossintomáticas 
(poucos sintomas ou nenhum sintoma característico). Infecções 
causadas pelo vírus da hepatite B raramente causam icterícia 
(coloração amarelada de pele, mucosas e escleróticas): menos de um 
terço dos indivíduos infectados apresenta esse sinal clínico. 
 
A hepatite ictérica está associada a um período prodrômico, durante o 
qual pode ocorrer uma síndrome semelhante à doença do soro. A 
sintomatologia é mais constitucional e inclui o seguinte: 
• Anorexia 
• Náusea 
• Vômito 
• Febre baixa 
• Mialgia 
• Fatigabilidade 
• Acuidade gustativa desordenada e sensações olfativas (aversão 
a comida e cigarros) 
• Quadrante superior direito e dor epigástrica (intermitente, leve 
a moderada) 
Pacientes com hepatite fulminante e subfulminante podem apresentar 
o seguinte: 
• Encefalopatia hepática 
• Sonolência 
• Perturbações no padrão de sono 
• Confusão mental 
• Coma 
• Ascites 
• Sangramento gastrointestinal 
• Coagulopatia 
 
SINAIS E SINTOMAS DE HBV CRÔNICO 
Pessoas com HBC geralmente não apresentam sintomas, portanto, 
aqueles com a doença podem não ter como saber que estão infectados. 
No entanto, alguns se queixam de fadiga, dores e incômodos, febre, 
perda de apetite, náuseas e dores abdominais. 
A maioria das infecções agudas por HBV também são assintomáticas, 
mas cerca de 30% dos adultos apresentarão icterícia, fadiga, falta de 
apetite, perda de peso, náuseas e vômitos, dor abdominal, pirexia, 
urina escura e fezes claras. 
 
Quem corre risco de contrair doenças crônicas? 
A probabilidade de a infecção se tornar crônica depende da idade em 
que a pessoa é infectada. Crianças com menos de 6 anos de idade 
infectadas com o vírus da hepatite B têm maior probabilidade de 
desenvolver infecções crônicas. 
Em bebês e crianças: 
• 80–90% dos bebês infectados durante o primeiro ano de vida 
desenvolvem infecções crônicas; e 
• 30–50% das crianças infectadas antes dos 6 anos desenvolvem 
infecções crônicas. 
Em adultos: 
• menos de 5% das pessoas saudáveis que foram infectadas na 
idade adulta desenvolverão infecções crônicas; e 
• 20-30% dos adultos cronicamente infectadosdesenvolverão 
cirrose e / ou câncer de fígado. 
 
CONDUTA DIAGNÓSTICA 
Não é possível, clinicamente, diferenciar a hepatite B da hepatite 
causada por outros agentes virais, portanto, a confirmação 
laboratorial do diagnóstico é essencial. Vários exames de sangue estão 
disponíveis para diagnosticar e monitorar pessoas com hepatite B. 
Eles podem ser usados para distinguir infecções agudas e crônicas. 
O diagnóstico laboratorial da infecção por hepatite B se concentra na 
detecção do antígeno de superfície da hepatite B, HBsAg. A OMS 
recomenda que todas as doações de sangue sejam testadas para 
hepatite B para garantir a segurança do sangue e evitar a transmissão 
acidental a pessoas que recebem hemoderivados. 
• A infecção aguda por HBV é caracterizada pela presença de 
HBsAg e anticorpo imunoglobulina M (IgM) para o antígeno 
central, HBcAg. Durante a fase inicial da infecção, os pacientes 
também são soropositivos para o antígeno e da hepatite B 
(HBeAg). O HBeAg é geralmente um marcador de altos níveis 
de replicação do vírus. A presença de HBeAg indica que o 
sangue e os fluidos corporais do indivíduo infectado são 
altamente infecciosos. 
• A infecção crônica é caracterizada pela persistência do HBsAg 
por pelo menos 6 meses (com ou sem HBeAg concomitante). A 
persistência do HBsAg é o principal marcador de risco para o 
desenvolvimento de doença hepática crônica e câncer hepático 
(carcinoma hepatocelular) mais tarde na vida. 
ANAMNESE 
 
• Investigar, principalmente: 
➢ idade 
➢ profissão e ocupação 
➢ HDA 
➢ histórico de doenças hepáticas 
➢ histórico de quadros de icterícia aguda 
➢ gestação 
➢ utilização de medicamentos hepatotóxicos 
➢ uso de drogas com compartilhamento de materiais 
➢ prática sexual sem preservativo 
➢ transfusão de sangue 
➢ etilismo 
➢ drogas injetáveis 
- cocaína 
- anabolizantes 
- complexos vitamínicos 
➢ acidentes ocupacionais 
➢ condições de moradia 
➢ saneamento básico 
 
Deve ser feita uma história clínica que inclua etnia, local de 
nascimento, fatores de risco para adquirir o vírus da hepatite B (HBV), 
história familiar de CHB ou carcinoma hepatocelular (HCC), qualquer 
medicamento anti-HBV anterior e quaisquer fatores que possam 
influenciar a progressão da doença. 
 
 
EXAME FÍSICO 
Os achados do exame físico na hepatite B variam de mínimos a 
impressionantes (em pacientes com descompensação hepática), de 
acordo com o estágio da doença. 
Os pacientes com infecção crônica por hepatite B podem ser 
imunotolerantes ou ter uma infecção crônica inativa sem qualquer 
evidência de doença ativa, e também são assintomáticos. Pacientes 
com hepatite crônica ativa, especialmente durante o estado 
replicativo, podem apresentar sintomas semelhantes aos da hepatite 
aguda. 
 
O exame em pacientes com hepatite aguda pode demonstrar o 
seguinte: 
• Febre baixa 
• Icterícia (10 dias após o aparecimento da sintomatologia 
constitucional; dura 1-3 meses) 
• Hepatomegalia (fígado mole ligeiramente aumentado) 
• Esplenomegalia (5-15%) 
• Eritema palmar (raramente) 
• Nevos aranha (raramente) 
Os sinais de doença hepática crônica incluem o seguinte: 
• Hepatomegalia 
• Esplenomegalia 
• Perda de massa muscular 
• Eritema palmar 
• Angiomas de aranha 
• Vasculite (raramente) 
Pacientes com cirrose podem ter os seguintes achados: 
• Ascites 
• Icterícia 
• História de sangramento por varizes 
• Edema periférico 
• Ginecomastia 
• Atrofia testicular 
• Veias colaterais abdominais (caput medusa) 
 
 
Hepatometria 
➢ o paciente se “mantém no processo de inspiração” → volume 
hepático estará presente a alguns centímetros da borda costal. 
- o fígado pode apresentar: 
* consistência firme aumentada → fígado endurecido 
* irregularidade de superfície 
* nódulos 
* desconforto ao toque ou pressão → percussão dos quadrantes 
superiores direito e esquerdo para comparação. 
 
Hepatite Aguda Benigna 
➢ icterícia 
➢ dor à palpação do hipocôndrio direito → inflamação do 
fígado → distende a cápsula de Glisson que o envolve → esta é 
inervada por ramos nervosos sensitivos. 
 
Hepatite Aguda Grave 
➢ podem surgir sinais de discreta IH 
 
Hepatite Aguda Fulminante 
➢ intensa e persistente icterícia 
➢ obnubilação mental em evolução ao coma hepático 
➢ sangramentos 
➢ edemas 
➢ tremores das mãos e cabeça 
➢ hálito hepático 
➢ ↓ significativa do tamanho do fígado 
 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
As investigações laboratoriais para verificar outras formas de doença 
hepática ou vírus transmitidos pelo sangue, sorologia para HBV 
(incluindo genótipo), avaliação de enzimas hepáticas e função 
hepática, triagem de doença hepática metabólica, perfil renal e ósseo, 
hemograma completo e INR (razão normalizada internacional), alfa-
fetoproteína e coinfecções com HIV, vírus da hepatite C ou vírus da 
hepatite D. 
 
Os testes sorológicos devem incluir os seguintes estudos laboratoriais: 
• Antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg) 
• Antígeno e da hepatite B (HBeAg) 
• Anticorpo do núcleo da hepatite B (anti-HBc) imunoglobulina 
M (IgM) 
• anti-HBc IgG 
• Anticorpo da hepatite B e (anti-HBe) 
• ácido desoxirribonucléico (DNA) do vírus da hepatite B (HBV) 
 
 
 
 
 
 
A infecção pelo HBV em pacientes que não apresentam HBsAg 
detectável é denominada de infecção oculta (IOB) → é mais 
prevalente em pessoas: 
➢ que fazem uso de drogas injetáveis 
➢ imunossuprimidas 
➢ hemodialisadas 
 
 
 
 
 
Os seguintes grupos de risco devem ser testados para HBV: 
• Pessoas nascidas ou criadas em uma área de prevalência de 
HBV intermediária ou alta 
• Bebês nascidos de mães infectadas com VHB 
• Pessoas que já injetaram drogas 
• Homens que fazem sexo com homens 
• Qualquer pessoa que tenha feito sexo desprotegido, 
especialmente com múltiplos parceiros sexuais; pessoas que 
fizeram sexo desprotegido com alguém de uma área com 
prevalência de HBV intermediária ou alta; pessoas que se 
apresentam em clínicas de saúde sexual; pessoas com 
diagnóstico de infecção sexualmente transmissível; 
profissionais do sexo comercial 
• Crianças e jovens protegidos, incluindo aqueles em lares de 
idosos 
• Prisioneiros, incluindo jovens infratores 
• Detidos da imigração 
• Contatos próximos de alguém sabidamente infectado pelo VHB 
Todos aqueles com teste positivo para antígeno de superfície VHB 
devem ser encaminhados a um centro especializado em seis semanas. 
As mulheres grávidas devem ser avaliadas por um especialista no 
prazo de seis semanas após o recebimento do resultado do teste de 
triagem para que o tratamento possa ser oferecido no terceiro 
trimestre, se necessário. 
Estudos de laboratório 
Os seguintes testes laboratoriais podem ser usados para avaliar os 
vários estágios da hepatite B: 
• Níveis de alanina aminotransferase e / ou aspartato 
aminotransferase 
• Níveis de fosfatase alcalina 
• Níveis de gama-glutamil transpeptidase 
• Níveis de bilirrubina sérica total e direta 
• Nível de albumina 
• Estudos hematológicos e de coagulação (por exemplo, 
contagem de plaquetas, hemograma completo [CBC], razão 
normalizada internacional) 
• Níveis de amônia 
• Taxa de sedimentação de eritrócitos 
 
HEMOGRAMA 
• Leucopenia: pode estar presente nas formas agudas → muitos casos 
cursam sem alteração. 
• Plaquetopenia: frequente na infecção crônica pelo HCV 
• Leucocitose: encontrada, geralmente, em casos em que há abuso de 
álcool → tem predomínio de polimorfonucleares e sugere: 
(1) intensa necrose hepatocelular, ou 
(2) associação com outras patologias 
 
AMINOTRANSFERASES 
• São enzimas marcadores de injúria hepatocelular. 
➢ qualquer lesão hepatocelular (como destruição da membrana 
celular e/ou mitocondrial) → efluxo dessas enzimas para a corrente 
sanguínea → ↑ de suas concentrações séricas. 
 
Quais são as aminotransferases? 
➢ aspartato aminotransferase (AST) 
➢ alanina aminotransferase (ALT) 
 
Valorde referência (VR): < 30 a 40 UI/L 
 
• O ↑ dos seus valores séricos ocorre ao final do período de incubação, 
precedendo o ↑ das bilirrubinas em 1 a 2 semanas, a depender do tipo 
de hepatite: 
➢ podem permanecer ↑ por meses, sem indicar, necessariamente, que 
a infecção tenha se cronificado 
→ formas agudas prolongadas 
➢ ↓ brusca das transaminases: pode ser sinal de destruição maciça de 
hepatócitos → comum em casos fulminantes 
 
 
 
AST 
• Em ordem decrescente de concentrações, está presente em: 
fígado → músculos cardíaco e esquelético → rins → cérebro → 
pâncreas → pulmões → leucócitos → eritrócitos. 
• No tecido hepático: encontrada no citosol, principalmente nas 
mitocôndrias. 
 
ALT 
• É encontrada somente no parênquima hepático → é mais 
específica para o diagnóstico de injúria hepatocelular 
• Homens apresentam concentrações maiores que as mulheres. 
 
FOSFATASE ALCALINA (FA) 
• O que é? Uma enzima, que catalisa a hidrólise de ésteres de fosfato 
orgânicos e inorgânicos em pH alcalino. 
• Onde é encontrada? Principalmente na(s) / no(s): fígado, 
osteoblastos, membrana canalicular dos hepatócitos, bordas em 
escova, túbulos renais proximais, placenta e leucócitos. 
Produzida principalmente: no fígado e nos ossos. 
Meia-vida: ± 7 dias → independe da capacidade de produção hepática 
e da patência dos ductos biliares. 
 
Observações: 
- crianças: encontra-se ↑ → em virtude da maior atividade 
osteoblástica. 
- adolescentes: encontra-se ↑ 3x mais no sexo feminino que no 
masculino. 
- pacientes do grupo sanguíneo O e B: pode apresentar FA ↑ após 
ingestão de dieta rica em lipídios. 
- seu ↑ é frequente em doenças hepatobiliares, ósseas e intestinais. 
- condições renais raramente ↑ os níveis dessa enzima. 
 
GAMAGLUTAMIL TRANSFERASE (GGT) 
• É uma enzima catalisadora, encontrada nos hepatócitos e no epitélio 
biliar, túbulo renal proximal, pâncreas, intestino e baço. 
 
Valor de referência (VR): 0 a 40 UI/L 
 
• Deve ser dosada em pacientes com ↑ FA 
• Não deve ser solicitada no acompanhamento de casos agudos. 
 
 
BILIRRUBINA 
• É um pigmento orgânico derivado da degradação do heme da 
hemoglobina e outras porfirinas que contêm ferro. 
porfirinas: proteínas responsáveis pelo transporte de O2 na corrente sanguínea. 
 
A bilirrubinemia está em excesso quando a sua produção é elevada e 
atinge o máximo da capacidade de ligação do pigmento pela albumina, 
sai da circulação e se dirige para vários tecidos, em especial fígado, 
rins, pulmões, coração, glândulas suprarrenais e cérebro. 
 
• Metabolismo da bilirrubina → envolve 3 fases: captação, 
conjugação e secreção: 
Lise de eritrócitos velhos → liberação de Hb → fagocitada pelas células 
de Kupffer no fígado → células reticuloendoteliais → catalisação pela 
heme-oxigenase → biliverdina → biliverdina-redutase → bilirrubina 
indireta ou não conjugada (BI) → liberada no plasma, se liga à 
albumina → transportada através da circulação sanguínea → chega 
aos hepatócitos pelos vasos sanguíneos → no RE, sofre conjugação 
com o ácido glicurônico pela enzima UDP → bilirrubina direta ou 
conjugada (BD) → bile → canalículos biliares → ductos interlobulares 
→ ductos septais → ductos hepáticos → ducto hepático comum → 
ducto biliar comum → duodeno → não é absorvida → íleo terminal e 
cólon → convertida em urobilinogênio, urobilina ou estercobilina → 
reabsorção do urobilinogênio pela circulação entero-hepática → 
urobilina/estercobilina → excreção intestinal. 
• Valores séricos de bilirrubina: representam o balanço entre 
produção e excreção desse pigmento, sendo que mais de 250 - 300mg 
são produzidos por dia. 
➢ valores > 5 mg/dL = prognóstico ruim, independentemente na 
patologia. 
➢ na hepatite B: os valores são mais elevados do que nas demais 
hepatites. 
 
ICTERIA Ocorre quando os níveis de bilirrubina total são superiores a 
2,5 mL/dL >> icterícia aparece. 
➢ o ↑ das bilirrubinas ocorre ± 2 a 4 semanas após o início das 
alterações das transaminases. 
 
Procedimentos 
A biópsia hepática, percutânea ou laparoscópica, é o procedimento 
padrão para avaliar a gravidade da doença em pacientes com 
características de doença hepática ativa crônica (ou seja, níveis 
anormais de aminotransferase e níveis detectáveis de DNA do VHB). 
 
BIÓPSIA HEPÁTICA 
• O que é? É um método invasivo, considerado padrão-ouro para 
avaliar a natureza e a severidade da doença hepática: 
• As hepatites agudas se caracterizam pela presença de: 
➢ alterações predominantemente lobulares → representadas por 
infiltrado inflamatório misto, e 
➢ sinais de degeneração de hepatócitos. 
 
Existem várias técnicas: 
- percutânea. - transjugular. 
- laparoscópica. - por agulha guiada por USG ou TC. 
 
 
Estudos de imagem 
Os seguintes estudos radiológicos podem ser usados para avaliar 
pacientes com hepatite B: 
• Ultrassonografia abdominal 
• Varredura de tomografia computadorizada (TC) abdominal 
• Imagem de ressonância magnética abdominal (MRI) 
• 
ULTRASSONOGRAFIA 
Usada no intuito de: 
➢ detectar esteatose hepática → distúrbio que se caracteriza pelo 
acúmulo de gordura no interior das células do fígado. 
➢ fazer diagnóstico diferencial com as coledocolitíases. 
 
A avaliação da fibrose hepática é essencial ao considerar se deve 
iniciar o tratamento antiviral de HBC ativo. Existem duas modalidades 
- biópsia hepática e o Fibroscan. 
Biópsia de fígado 
As biópsias hepáticas são consideradas o padrão ouro na avaliação 
dos níveis de fibrose e necroinflamação (atividade inflamatória); eles 
podem detectar outras formas de doenças hepáticas concomitantes 
com o VHB (Mani e Kleiner, 2009). No entanto, o procedimento é 
doloroso e invasivo e tem potencial para complicações com risco de 
vida e erros de amostragem (Maimone et al, 2009). 
Vários sistemas de pontuação são usados para interpretar os 
resultados da biópsia do fígado, incluindo o Metavir (escala de fibrose 
0-4 e escala inflamatória 0-3) e os escores de Ishak (pontuação de 
fibrose 0-6 e escala NI 0-18). Os níveis de fibrose e necroinflamação 
aumentam com o aumento das pontuações na escala em ambos os 
sistemas. 
Fibroscan 
O Fibroscan (elastografia transitória) está sendo cada vez mais usado 
como uma alternativa à biópsia hepática ou para ajudar a decidir se 
um paciente precisa de uma biópsia hepática. Ele mede a elasticidade 
do fígado, fornecendo uma medida de rigidez do fígado (LSM) em 
quilopascais (kPa), que indica o nível de fibrose do fígado. Os 
fibroscans são rápidos de realizar, convenientes para os pacientes, 
fornecem resultados imediatos e são não invasivos, indolores e 
altamente precisos em pacientes com CHB com fibrose grave e cirrose 
(Marcellin et al, 2009). 
No entanto, as leituras do Fibroscan aumentam com a atividade 
necroinflamatória, na hepatite aguda e durante crises bioquímicas de 
hepatite e cirrose (Wang et al, 2009), e podem não ser precisas nessas 
circunstâncias. A obesidade severa pode afetar as leituras, mesmo 
com o uso de uma sonda XL (Myers et al, 2012). Fibroscans não 
podem ser usados na gravidez, em pacientes com ascite ou onde 
houver qualquer tipo de inchaço ou retenção de líquidos na região 
abdominal. 
O NICE (2013) recomenda o Fibroscan como teste inicial para doença 
hepática em adultos com HBC. 
 
 
CONDUTA TERAPÊUTICA 
 
O manejo da hepatite B crônica é complexo devido aos quatro estágios 
da doença. O monitoramento é frequentemente necessário para 
informar a gestão futura; nem todos os pacientes necessitarão de 
intervenções. 
Como a maioria dos pacientes é assintomática, os objetivos primários 
do tratamento para pacientes com infecção por hepatite B são 
prevenir a progressão da doença, particularmente para cirrose, 
insuficiência hepática ou carcinoma hepatocelular (CHC). Interferon 
alfa peguilado (PEG-IFN-a), entecavir e tenofovir disoproxil fumarato 
são os agentes de primeiralinha no tratamento da hepatite B. 
 
• A maioria das pessoas pode ser tratada no domicílio e receber 
acompanhamento da equipe de saúde. 
 
Observações 
➢ paracetamol → deve ser evitado 
Em caso de absoluta contraindicação de outros analgésicos e/ou 
antitérmicos, deve-se observar a dose máxima diária recomendada, 
4g/dia. 
• A resolução espontânea ocorre em 90 a 95% dos casos em adultos 
jovens previamente saudáveis → dispensa terapêutica 
medicamentosa antiviral → o tratamento tem pouca influência no 
curso natural da doença: 
 
MUDANÇAS DIETÉTICAS 
Para indivíduos com cirrose descompensada (sinais proeminentes de 
hipertensão portal ou encefalopatia), as seguintes limitações dietéticas 
são indicadas: 
• Uma dieta com baixo teor de sódio (1,5 g / dia) 
• Dieta rica em proteínas (ou seja, proteína de carne 
branca [por exemplo, frango, peru, peixe]) 
• Restrição de líquidos (1,5 L / dia) em casos de 
hiponatremia 
 
 
INDICAÇÕES PARA O TRATAMENTO 
➢ HBsAg positivo por mais de 6 meses. 
➢ HBeAg positivo ou HBV-DNA > 104 cópias/mL ou 2.000 UI/mL 
(fase de replicação). 
➢ ALT > 2x o limite superior da normalidade. 
 
Os seguintes medicamentos são usados no tratamento da hepatite B: 
• Inibidores da transcriptase reversa de nucleos (t) ide (por 
exemplo, tenofovir disoproxil fumarato, tenofovir alafenamida, 
lamivudina) 
• Agentes da hepatite B / hepatite C (por exemplo, adefovir 
dipivoxil, entecavir, telbivudina, PEG-IFN-a 2a, interferon alfa-
2b) 
 
 
 
TRATAMENTO DURANTE A GRAVIDEZ 
A diretriz NICE (2013) recomenda: 
• Tenofovir é oferecido a mulheres grávidas com níveis de DNA 
do VHB> 10 E7 UI / ml no terceiro trimestre para reduzir o 
risco de transmissão do VHB para o bebê; 
• Os níveis de DNA do VHB devem ser verificados dois meses 
após o início do tenofovir e os níveis de ALT devem ser 
verificados mensalmente após o nascimento para detectar 
crises pós-natais; 
• O tratamento pode ser interrompido de 4 a 12 semanas após o 
parto, a menos que a mãe atenda aos critérios para tratamento 
de longo prazo; 
• As mães podem amamentar enquanto fazem terapia antiviral. 
 
MONITORAMENTO 
O HBV pode mudar com o tempo, à medida que alguns pacientes 
passam por todas as quatro fases (Oakes, 2014). Aqueles com doença 
HBeAg positiva podem seroconverter; é aqui que o HBeAg é perdido e 
o HBeAb (o anticorpo para o HBeAg) é formado. Durante algumas 
fases da HBC - como na fase imunoativa - os níveis de DNA do VHB e 
da enzima hepática alanina aminotransferase (ALT) flutuam, então 
medidas sequenciais devem ser tomadas para informar o manejo da 
doença.É necessário onitorar pacientes nas fases de tolerância 
imunológica e controle imunológico. 
 
Monitoramento e suporte 
Os pacientes que recebem interferon peguilado precisam aprender 
como administrar suas injeções e comparecer a consultas regulares à 
clínica (geralmente mensalmente) para coletar medicamentos e 
controlar os efeitos colaterais. Amostras de sangue devem ser colhidas 
em cada consulta para hemogramas completos e perfis bioquímicos, 
com função tireoidiana periódica, testes de autoanticorpos e 
imunoglobulinas. Os marcadores sorológicos devem ser medidos 
antes, durante e após o tratamento. 
Os pacientes que recebem agentes antivirais orais precisam 
comparecer a cada seis meses, uma vez que estejam estabelecidos o 
tratamento; devem ser colhidas amostras de sangue para verificar 
hemograma completo, perfis hepáticos e renais e resposta ao 
tratamento. A adesão aos medicamentos deve ser verificada e 
reforçada em cada consulta e, se necessário, devem ser dados 
conselhos sobre as medidas de adesão. 
A triagem de CHC deve ser programada para se ajustar às visitas 
clínicas. 
 
TRANSPLANTE DE FÍGADO 
O transplante ortotópico de fígado é o tratamento de escolha para 
pacientes com insuficiência hepática fulminante que não se 
recuperam e para pacientes com doença hepática em estágio terminal 
devido à hepatite B. 
 
 
Agentes antivirais 
Interferon peguilado 
O interferon peguilado estimula o sistema imunológico a atacar o 
vírus com a intenção de torná-lo inativo; também tem uma ação 
antiviral moderada. 
É um curso fixo, mas tem mais efeitos colaterais do que 
medicamentos orais, incluindo sintomas semelhantes aos da gripe, 
anorexia e perda de peso, depressão e supressão da medula óssea. 
O interferon peguilado é contra-indicado em alguns pacientes, como 
aqueles com depressão grave ou epilepsia não controlada (Dusheiko, 
2013), portanto, os pacientes devem ser totalmente avaliados antes de 
ser considerado. 
Em pacientes HBeAg-positivos, os preditores pré-tratamento de 
soroconversão de HBeAg e perda de HBsAg incluem se os pacientes 
têm: 
• Genótipo A ou B (em vez de C ou D); 
• Altos níveis de ALT (mais de 2 a 5 vezes o limite superior do 
normal); 
• Níveis baixos de HBV DNA (menos de 2 x 108); 
• Pontuações de atividade elevada na biópsia hepática. 
Não há preditores claros de resposta pré-tratamento em pacientes 
HBeAg-negativos. 
O interferon peguilado é administrado por injeção semanal durante 48 
semanas, e os pacientes precisam ser monitorados de perto por uma 
enfermeira especialista clínica. Aqueles que concluíram um curso 
precisam ser monitorados, pois podem responder após o tratamento. 
 
Agentes antivirais orais 
Tenofovir (um análogo de nucleotídeo) e entecavir (um análogo de 
nucleosídeo) são medicamentos seguros e potentes com altas barreiras 
genéticas à resistência. Esses medicamentos são tomados como 
terapia única, em forma de comprimido uma vez ao dia, e 
interrompem o ciclo de vida do VHB ao inibir a polimerase viral, que é 
essencial para a replicação viral. 
As vantagens dos agentes orais são que eles têm menos efeitos 
colaterais, como dores de cabeça e náuseas ocasionais, do que o 
interferon peguilado. No entanto, eles precisam ser tomados por 
muitos anos, se não para a vida toda. 
Em CHB HBeAg-positivo, os fatores de pré-tratamento que podem 
prever a soroconversão de HBeAg são: 
• Carga viral baixa (nível de DNA de HBV menor que 2 x 108 UI 
/ ml); 
• Níveis séricos elevados de ALT; 
• Pontuações de atividade elevada na biópsia hepática. 
O genótipo do HBV, no entanto, não influencia a resposta viral. 
Alguma disfunção renal foi relatada em pacientes com HIV em uso de 
tenofovir (Electronic Medicines Compendium, 2013), mas isso parece 
ser menos problemático para pacientes com HBV (Pol e Lampertico, 
2012). NICE (2013) sugere que eventos renais adversos podem causar 
fragilidade óssea em longo prazo, mas não faz recomendações sobre o 
custo-benefício do monitoramento de rotina para perda de fosfato e 
doença óssea. 
Os pacientes que tomam esses medicamentos precisam ser 
monitorados por um enfermeiro especialista ou médico por um longo 
prazo. 
 
Taxas de resposta ao tratamento 
A Tabela 4 mostra as taxas de resposta ao entecavir, tenofovir e 
interferon peguilado, bem como suas taxas de resistência. 
A resposta ao tratamento deve ser avaliada em momentos específicos 
em pacientes que tomam interferon peguilado e em cada visita clínica 
para aqueles que tomam agentes orais, para garantir que o manejo 
clínico seja eficaz e seguro. 
 
Rastreio de HCC 
Embora a cirrose seja um fator de risco para o CHC, pode ocorrer se a 
cirrose não estiver presente (Elgouhari et al, 2008). A Tabela 5 mostra 
os grupos recomendados para a triagem de rotina do CHC, exames de 
ultrassom do fígado de 6 a 12 meses e medição de alfa-fetoproteína. 
 
IMUNIZAÇÃO 
A vacina contra hepatite B é a base da prevenção da hepatite B. A 
OMS recomenda que todos os bebês recebam a vacina contra a 
hepatite B o mais rápido possível após o nascimento, de preferência 
dentro de 24 horas - seguida por duas ou três doses da vacina contra 
a hepatite B com pelo menos quatro semanas de intervalo para 
completar a série. A dose no parto oportuno é uma medida eficaz para 
reduzir atransmissão de mãe para filho. 
De acordo com as últimas estimativas da OMS, a proporção de 
crianças com menos de cinco anos de idade cronicamente infectadas 
com o VHB caiu para pouco menos de 1% em 2019, de cerca de 5% na 
era pré-vacina, entre os anos 1980 e o início dos anos 2000. 
Isso marca o cumprimento de uma das metas do marco para eliminar 
a hepatite viral nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ─ 
atingir menos de 1% de prevalência de infecções por HBV em crianças 
menores de cinco anos de idade até 2020. 
A expansão da vacina contra hepatite B em todo o mundo nas últimas 
duas décadas tem sido uma grande história de sucesso de saúde 
pública e contribuiu para a redução das infecções por HBV entre 
crianças 
Em 2019, a cobertura de 3 doses da vacina atingiu 85% em todo o 
mundo, em comparação com cerca de 30% em 2000. No entanto, a 
cobertura da dose de nascimento da vacina contra hepatite B 
permanece desigual. A cobertura global da dose de VHB ao nascer, 
por exemplo, é de 43%, enquanto a cobertura na Região Africana da 
OMS é de apenas 6%. 
A série completa de vacinas induz níveis protetores de anticorpos em 
mais de 95% dos bebês, crianças e adultos jovens. A proteção dura 
pelo menos 20 anos e provavelmente é vitalícia. Portanto, a OMS não 
recomenda vacinações de reforço para pessoas que completaram o 
esquema de vacinação de 3 doses. 
Todas as crianças e adolescentes menores de 18 anos e não vacinados 
previamente devem receber a vacina se residirem em países onde haja 
endemicidade baixa ou intermediária. Nesses locais, é possível que 
mais pessoas em grupos de alto risco adquiram a infecção e também 
devem ser vacinadas. Isso inclui: 
• pessoas que freqüentemente necessitam de sangue ou 
hemoderivados, pacientes em diálise e receptores de 
transplantes de órgãos sólidos; 
• pessoas nas prisões; 
• pessoas que injetam drogas; 
• contatos domiciliares e sexuais de pessoas com infecção VHB 
crônica; 
• pessoas com múltiplos parceiros sexuais; 
• profissionais de saúde e outros que possam ser expostos a 
sangue e produtos sangüíneos durante o trabalho; e 
• viajantes que não completaram sua série de HBV, que devem 
receber a vacina antes de partir para áreas endêmicas. 
A vacina tem um excelente histórico de segurança e eficácia e a 
proporção de crianças menores de cinco anos cronicamente infectadas 
com o VHB caiu para pouco menos de 1% em 2019, contra cerca de 
5% na era pré-vacina, variando da década de 1980 até o início 2000s. 
Além da vacinação infantil, incluindo uma dose adequada ao 
nascimento, a OMS recomenda o uso de profilaxia antiviral para a 
prevenção da transmissão da hepatite B de mãe para filho. Mulheres 
grávidas com altos níveis de HBV DNA (carga viral) e / ou a presença 
de HBeAG têm um risco elevado de transmitir o vírus para seus filhos, 
mesmo entre bebês que recebem a dose do parto no momento certo e 
a série completa de vacinas contra hepatite B. Como tal, mulheres 
grávidas com altos níveis de DNA do VHB podem ser elegíveis para 
profilaxia antiviral durante a gravidez para prevenir a infecção VHB 
perinatal e proteger seus bebês de contraírem a doença. 
Além da vacinação infantil e prevenção da transmissão de mãe para 
filho, a implementação de estratégias de segurança do sangue, 
incluindo a triagem de qualidade garantida de todo o sangue doado e 
seus componentes usados para transfusão, pode prevenir a 
transmissão do VHB. Em todo o mundo, em 2013, 97% das doações 
de sangue foram examinadas e a qualidade garantida, mas as lacunas 
persistem. As práticas de injeção segura, eliminando injeções 
desnecessárias e inseguras, podem ser estratégias eficazes para 
proteger contra a transmissão do VHB. As injeções inseguras 
diminuíram de 39% em 2000 para 5% em 2010 em todo o 
mundo. Além disso, as práticas sexuais seguras, incluindo a 
minimização do número de parceiros e o uso de medidas de proteção 
de barreira (preservativos), também protegem contra a transmissão. 
• Teste sorológico pré-vacinal (dosagem de HBsAg): não é de rotina, 
exceto para gestantes. 
É a maneira mais eficaz de prevenção de infecção aguda 
ou crônica e também de eliminação viral. 
• É realizada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) 
• Aplicada ao nascer 
➢ prematuros < 33 semanas ou 2kg: dose extra aos 2 meses de 
idade. 
➢ pessoas imunocompetentes: 3 doses, com intervalo de 1 mês 
entre a 1ª e a 2ª dose; e 6 meses entre a 1ª e a 3ª dose. 
 
Demais indicações para imunização da hepatite B: 
➢ disponibilizada nos Centros de Referência para Imunobiológicos 
Especiais (CRIE) para indivíduos suscetíveis, com alto risco de 
aquisição do HBV: 
- vítimas de abuso sexual 
- vítimas de acidentes com material biológico positivo 
- comunicantes sexuais de portadores de HBV 
- profissionais de saúde 
- pacientes com hepatopatias crônicas 
- portadores de hepatite C 
- doadores de sangue 
- pessoas com asplenia anatômica ou funcional 
- fibrose cística 
- doença de depósito 
- imunodeprimidos 
- populações indígenas 
- usuários de drogas injetáveis e inaláveis 
- carcereiros de delegacias e penitenciárias 
- homens que fazem sexo com homens 
- profissionais do sexo 
- coletadores de lixo domiciliar e hospitalar 
- bombeiros e policiais militares, civis e rodoviários 
- profissionais envolvidos em atividade de resgate 
- pessoas reclusas em presídios, hospitais psiquiátricos, 
instituições de menores, forças armadas... 
- indivíduos que tenham convívio domiciliar contínuo com 
portadores de HBV 
- pacientes com nefropatias crônicas, dialisados e/ou síndrome 
nefrótica 
- potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou 
politransfundidos 
- candidatos a transplantes, transplantados e doadores de órgão 
ou de medula óssea. 
 
- observação: indivíduos que apresentam titulação de anticorpos anti-
HBs, 10UI/mL, medida após 30 a 90 dias do esquema básico de 
imunização, são considerados não respondedores e, caso sejam 
trabalhadores da saúde, devem tomar uma 4ª dose da vacina e reavaliar 
 
 
 
CONDUTA PÓS EXPOSIÇÃO VACINAL 
• Teste pós-vacinal (dosagem de anticorpos anti-HBs): não é 
indicado, devido à alta eficácia da vacina 
- recomendado para indivíduos: 
* com ↑ risco de exposição/infecção pelo HBV 
* em que se observa resposta subótima 
- deve ser realizado 1 a 2 meses após a última dose 
 
 
PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO 
• Deve ser feita pós-exposição à IgHHB (imunoglobulina humana 
anti-hepatite B), obtida do plasma de doadores selecionados, 
submetidos recentemente à imunização ativa contra HBV, com altos 
títulos de anticorpos específicos (anti-HBs): 
• IgHHB: 
- dose: 0,5mL para recém-nascidos ou 0,06mL/kg de peso corporal, 
atingindo o máximo de 5mL para as demais idades 
- aplicação: intramuscular, na região glútea. 
* quando administrada com a vacina contra hepatite B, a aplicação 
deve ser feita em grupo muscular diferente. 
 
Indicada para indivíduos não vacinados, após exposição ao HBV, 
nas seguintes situações: 
• Prevenção da infecção perinatal pelo HBV. 
• Comunicantes sexuais de casos agudos de hepatite B 
• Vítimas de abuso sexual 
• Imunodeprimidos após exposição de risco, mesmo que 
previamente vacinados. 
• Vítimas de acidentes com material biológico positivo ou 
fortemente suspeito de infecção por HBV, sem vacinação 
para hepatite B. 
 
CONDUTA EDUCACIONAL 
 
• Repouso, até que as transaminases praticamente se normalizem → 
para ↓ a inflamação e manter um fluxo sanguíneo adequado aos 
hepatócitos: 
➢ evitar fazer esforços físicos 
➢ andar somente o mínimo necessário 
➢ repousar por 30min após grandes refeições 
• Deve-se: 
➢ acolher o paciente e ouvir suas necessidades, dúvidas e 
inseguranças. 
➢ incentivar a prática de exercícios físicos. 
➢ dar informações sobre modos de transmissão e medidas de 
prevenção: 
- uso de camisinha 
- não compartilhamento de objetos de uso pessoal 
* lâminasde barbear e depilar 
* escovas de dente 
* material de manicure e pedicure. 
* equipamento para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação 
de piercings. 
➢ instruir sobre a lavagem das mãos e as práticas de manuseio de 
alimentos. 
➢ orientar sobre a importância de se ter uma dieta equilibrada (evitar 
alimentos gordurosos), bem como ↓ o consumo excessivo de 
paracetamol e álcool. 
➢ explicar às mulheres que podem continuar o tratamento antiviral 
durante a amamentação. 
 
Educação 
Os pacientes que vivem com doenças de longo prazo são encorajados a 
se autogerir sempre que possível (DH, 2009). No entanto, aqueles com 
CHB muitas vezes carecem de conhecimento sobre o autocuidado (Lan 
Huong et al, 2012). Todos os pacientes com CHB devem receber 
educação individualizada sobre o seguinte: 
• Modos de transmissão do VHB, como evitar a transmissão 
progressiva e a necessidade de teste e vacinação de contatos 
domiciliares próximos, parceiros sexuais e membros diretos da 
família; 
• A natureza dinâmica do HBV, o que significa que podem ser 
necessárias visitas regulares à clínica para 
monitoramento; quantas vezes eles precisam visitar; 
• Exames de sangue e seu significado para que os pacientes 
entendam a importância de comparecer à clínica; 
• Os estágios da HBC, seus efeitos de longo prazo no fígado e 
que a ausência de sintomas não se correlaciona com a 
progressão da doença; 
• A necessidade de rastreio de CHC com ultra-sons do fígado 
semestrais e medições de AFP; 
• Uso de álcool, cigarros e fitoterápicos, remédios ou chás - NICE 
(2013) recomenda que outras questões de estilo de vida, como 
controle de peso e alimentação saudável, sejam discutidas; 
• Acompanhamento e tratamento na gravidez e necessidade de 
vacinação dos bebês. 
Os pacientes que iniciam o tratamento com interferon peguilado ou 
medicação oral, devem ser educados sobre: 
• Os riscos e efeitos colaterais; 
• Objetivos de tratamento de curto e longo prazo e o fato de que 
o HBV geralmente é controlável, mas não curável; 
• A duração do tratamento - 48 semanas para interferon 
peguilado e provavelmente vitalício para agentes antivirais 
orais; 
• Interferon peguilado - coleta e armazenamento das doses, 
quando tomá-las, rotação dos locais de injeção, descarte de 
perfurocortantes, prevenção durante a gravidez e 
amamentação, remédios comuns para aliviar os efeitos 
colaterais; 
• Agentes antivirais orais - com que frequência tomar os 
comprimidos e se deve ser com alimentos, monitorização renal 
com tenofovir, adesão, resistência e aconselhamento sobre 
gravidez ou amamentação. 
A educação deve usar terminologia simples e levar em consideração as 
necessidades culturais e crenças religiosas, usando um intérprete, se 
necessário. Os pacientes devem receber informações por escrito em 
seu próprio idioma e devem ser informados sobre grupos 
comunitários, fóruns ou recursos que podem ajudar. Os pacientes, 
familiares e cuidadores devem receber um plano de atendimento 
personalizado, delineando o tratamento proposto e o manejo a longo 
prazo. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
O vírus da hepatite B (HBV) é um imenso problema de saúde pública 
global, com mais de dois bilhões de pessoas em todo o mundo vivendo 
com ele. As estimativas atuais sugerem que cerca de 350 milhões 
deles desenvolveram infecção crônica pelo vírus da hepatite B (CHB). 
Isso pode levar à cirrose, insuficiência hepática e carcinoma 
hepatocelular (CHC), resultando em um milhão de mortes anualmente 
em todo o mundo. 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 
aproximadamente dois bilhões de indivíduos tenham tido contato com 
o HBV; desses, 240 milhões têm hepatite B crônica. A infecção crônica 
pode evoluir para cirrose e para o CHC, eventos de elevada 
morbimortalidade. 
A epidemiologia da hepatite B não é homogênea no cenário nacional; 
as áreas em que há dificuldade de acesso aos serviços de saúde são 
desproporcionalmente afetadas. As populações tradicionais, 
remanescentes de quilombos e povos indígenas constituem grupos 
residentes em áreas silvestres ou pouco urbanizadas e estão expostas 
a um maior risco de transmissão da doença – incluindo transmissão 
vertical –, o que reforça as evidências de maior prevalência de hepatite 
B em populações de locais com menor complexidade urbana. 
Em áreas em que a assistência está presente e é de fácil acesso para a 
população, há grupos populacionais específicos que, 
independentemente da oferta de serviços de saúde, ainda enfrentam 
obstáculos a esse acesso. São exemplos desses grupos: profissionais 
do sexo, pessoas que usam drogas, pessoas privadas de liberdade e 
pessoas em situação de rua. Além de apresentarem elevado risco para 
a hepatite B, essas populações também estão expostas a outros 
agravos e barreiras que prejudicam os resultados de estratégias de 
prevenção, diagnóstico, assistência e vigilância. 
 
Prevalência mundial 
A prevalência de CHB e a idade em que a infecção ocorre variam 
dramaticamente entre as diferentes partes do mundo. Há uma alta 
prevalência (8-15%) no Sudeste Asiático, África, ilhas do Pacífico e na 
Bacia Amazônica e bolsões do Oriente Médio e América do Norte e do 
Sul; a prevalência é geralmente baixa (menos de 2%) nas populações 
ocidentais (Tabela 1). 
A prevalência da hepatite B é mais alta na Região do Pacífico 
Ocidental da OMS e na Região Africana da OMS, onde 6,2% e 6,1% da 
população adulta está infectada, respectivamente. Na Região do 
Mediterrâneo Oriental da OMS, na Região do Sudeste Asiático da OMS 
e na Região Europeia da OMS, estima-se que 3,3%, 2,0% e 1,6% da 
população em geral esteja infectada, respectivamente. E na Região das 
Américas da OMS, 0,7% da população está infectada. 
 
Prevalência no Reino Unido 
Nos últimos anos, o número de pessoas com CHB no Reino Unido 
aumentou drasticamente de 180.000 para 326.000, devido à migração 
de pessoas para o Reino Unido de áreas com alta prevalência de CHB . 
Os relatórios da Health Protection Agency (2011) mostram uma 
prevalência de HBV pré-natal de 0,42% em toda a Inglaterra. 
As pessoas infectadas com CHB geralmente não apresentam 
sintomas, portanto, muitas permanecem sem diagnóstico, tanto no 
mundo todo quanto no Reino Unido. 
 
Coinfecção HBV-HIV 
Cerca de 1% das pessoas que vivem com a infecção VHB (2,7 milhões 
de pessoas) também estão infectadas com o HIV. Por outro lado, a 
prevalência global da infecção pelo VHB em pessoas infectadas pelo 
HIV é de 7,4%. Desde 2015, a OMS recomenda tratamento para todas 
as pessoas com diagnóstico de infecção pelo HIV, independentemente 
do estágio da doença. O tenofovir, que está incluído nas combinações 
de tratamento recomendadas como terapia de primeira linha para a 
infecção pelo HIV, também é ativo contra o VHB. 
 
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS 
Das Hepatites virais: 
➢ colestase reacional 
➢ leptospirose ictérica leve 
➢ hepatite por drogas ou substâncias tóxicas 
➢ alterações hemodinâmicas 
➢ colecistopatias 
➢ síndrome de Gilbert 
➢ processos expansivos granulomatosos 
➢ colangites 
➢ cirrose 
 
Entende-se por hepatite os quadros que apresentam uma alteração 
difusa no parênquima hepático, caracterizadas por uma lesão 
necroinflamatória dos hepatócitos, de gravidade variável. Agrupadas, 
muitas vezes, como doença única, em razão da similaridade de suas 
manifestações clínicas, as hepatites virais são doenças distintas 
causadas por diversos vírus que tem o DNA ou RNA como seu 
material genético, envelopados e não envelopados, com diferentes 
características funcionais e estruturais. 
 
 
 
 
PROGNÓSTICO 
Aproximadamente 5% a 10% dos indivíduos infectados tornam-se 
portadores crônicos do HBV. Cerca de 20% a 25% dos casos crônicos 
de hepatite B que apresentam replicação do vírus evoluem para 
doença hepática avançada. A infecção pelo HBV também é condicional 
para o desenvolvimento da hepatiteDelta, doença resultante da 
infecção pelo HDV e de grande impacto na Região Amazônica. 
Em indivíduos adultos expostos exclusivamente ao HBV, a cura 
espontânea se dá em cerca de 90% dos casos. A evolução para 
infecção crônica, por sua vez, ocorre em menor proporção – e é 
definida como a persistência do vírus ou a presença do HBsAg por 
mais de seis meses, detectada por meio de testes sorológicos. 
Os extremos de idade e outros fatores comportamentais e 
genéticos, características demográficas ou concomitância de 
substâncias tóxicas – incluindo álcool, fumo, história familiar de CHC 
e contato com carcinógenos como aflatoxinas, por exemplo – 
aumentam o risco de cirrose hepática e de CHC em pacientes 
portadores da hepatite B crônica. 
A replicação viral persistente, a presença de cirrose, o genótipo 
C do HBV, a mutação na região promotora do pré-core e a coinfecção 
com o HIV ou HCV também são fatores que aumentam a 
probabilidade de evolução para formas graves. Embora a cirrose seja 
fator de risco para CHC, 30% a 50% dos casos de CHC por HBV 
ocorrem na ausência desta. 
• A evolução para cronicidade é de 5 a 10% em adultos infectados, e ↑ 
exponencialmente nos neonatos de gestantes com replicação viral (até 
90%): 
• O principal fator associado à cronicidade é a faixa etária na qual a 
infecção do HBV ocorre em filhos de mães com HBsAg e HbeAg 
reagentes, sendo que: 
- neonatos: taxa de cronicidade > 90% 
- crianças entre 1 e 5 anos: taxa de cronicidade 70 - 90% 
• Tem ↑ risco de evoluir para: 
➢ cirrose 
➢ hepatocarcinoma (CHC) 
 
Fatores de risco associados à progressão crônica da 
hepatite B: 
➢ sexo masculino 
➢ idade avançada 
➢ hepatite com soropositividade HBeAg persistente 
➢ ↑ persistente do HBV-DNA em soro 
➢ ↑ persistente de ALT sérica 
➢ genótipos C e D do HBV 
➢ coinfecção com HCV e HDV 
➢ tabagismo 
➢ coinfecção pelo HIV 
- a história natural do HBV é alterada e a replicação viral é 
aumentada, gerando formas mais graves de doença hepática: 
- apresentam 5 a 6x mais chance de se tornarem portadores crônicos 
do HBV, se comparados às pessoas soronegativas para o HIV. 
➢ excesso de ingestão alcoólica 
➢ história familiar de CHC 
➢ polimorfismos genéticos 
➢ exposição às aflatoxinas 
 
PONTOS CHAVES 
• A infecção pelo vírus da hepatite B é um problema crescente em 
todo o mundo e no Reino Unido 
• O VHB é transmitido principalmente por contato sexual ou uso de 
drogas em países ocidentais e por transmissão vertical ou 
horizontal em países em desenvolvimento 
• A idade em que o VHB é contraído afeta o prognóstico 
• A hepatite B crônica costuma ser assintomática e pode não ser 
diagnosticada, portanto, os grupos de alto risco devem ser 
testados rotineiramente para HBV 
• A infecção por HBV pode ser prevenida com uma vacina segura e 
eficaz 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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• MARTINELLI, Ana L. C. Icterícia. Rev Medicina, Ribeirão Preto. p. 
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• MARTINS, Tainá Pellegrino; PAULA, Vanessa Salete; BOTTECCHIA, 
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• OAKES, Kathryn. Management of chronic hepatitis B virus. Nursing 
Times. 2014. 
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da graduação à pós-graduação. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, 2016. 
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• PYRSOPOULOS, Nikolaos T. Hepatites B. Medscape. 2020.

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