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Para se compreender os motivos da existência de uma Filosofia do Direito, deve-se entender, a princípio, que a Filosofia não possui, por si só, um objeto específico de estudo, uma vez que esta detém como fonte existencial o que podemos denominar de “problemas”, que se apresentam para a sociedade ao longo do tempo. Dificuldades, indagações, incômodos, perturbações a respeito de certos assuntos, que levam o ser humano a uma inquietação e o faz refletir sobre, problematizando-os e, assim, buscando as raízes desse problema, o qual se apresenta em uma condição global, sob um método rigoroso. Como leciona Reale (2002, p. 6), ao dizer que “a filosofia começa com um estado de inquietação e de perplexidade, para culminar numa atitude crítica diante do real e da vida”. Entretanto, não é qualquer problema objeto da Filosofia, mas tão somente aqueles que se apresentam com um caráter de universalidade e vitalidade para o ser humano, e que muitas das vezes, está relacionado com sua vida em sociedade. Portanto, a Filosofia, como conceitua Saviani (1980), é uma reflexão rigorosa, por possuir um caminho rigoroso a ser seguido, radical, pois não se contenta com a superficialidade do problema, e de conjunto, devido à condição de seu problema, que deve ser universal. Dessa forma, para que seja viável uma Filosofia do Direito, é necessário imaginar o próprio Direito como um problema de caráter universal e vital para o ser humano, o que realmente o é. A existência de uma Filosofia do Direito FROES, Gustavo Henrique Rodrigues¹. Assim explica Reale (2002), afirmando que “o direito é realidade universal”, visto que ele existe como uma expressão de vida, ou seja, algo vital, e de convivência, estando presente onde quer que exista o ser humano e, por esse motivo, essa realidade jurídica se torna passível de indagação filosófica. Logo, entendido o Direito como algo vital para a humanidade, sabe-se que ele deve ser passível de problematização, bem como deve ser, com toda certeza, problematizado, pois o ser humano é um ser cultural, vive e se relaciona com os demais na esfera da cultura, possuindo, desse modo, contingência pela sua ação livre no mundo, o que dentre outras coisas, gera na sociedade ao passar do tempo, transformações, as quais o direito tem a obrigação de acompanhar, visto que é uma ferramenta essencial para a pacificação e harmonização social que tem como tellos o que chamamos de justiça. Posto isso, torna-se possível apreender a existência da Filosofia do Direito pensando da seguinte maneira: Ensina Reale (2002, p. 9), que “a Filosofia do Direito, esclareça-se logo, não é disciplina jurídica, mas a própria Filosofia enquanto voltada para uma ordem de realidade, que é a realidade jurídica”, ou seja, a Filosofia do Direito não pode ser considerada uma Filosofia especial, pois, como todas as outras, esta é a Filosofia em sua totalidade, direcionada a preocupar-se com um problema de valor universal, que é o Direito e sua experiência histórica e social (REALE, 2002). Referências: REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19 ed. São Paulo. Saraiva, 2002 SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez, 1980.
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