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A EXISTÊNCIA DE UMA FILOSOFIA DO DIREITO - Segundo Miguel Reale

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Para se compreender os motivos da existência de uma Filosofia do Direito,
deve-se entender, a princípio, que a Filosofia não possui, por si só, um objeto
específico de estudo, uma vez que esta detém como fonte existencial o que
podemos denominar de “problemas”, que se apresentam para a sociedade
ao longo do tempo. Dificuldades, indagações, incômodos, perturbações a
respeito de certos assuntos, que levam o ser humano a uma inquietação e o
faz refletir sobre, problematizando-os e, assim, buscando as raízes desse
problema, o qual se apresenta em uma condição global, sob um método
rigoroso. 
Como leciona Reale (2002, p. 6), ao dizer que “a filosofia começa com um
estado de inquietação e de perplexidade, para culminar numa atitude crítica
diante do real e da vida”.
 Entretanto, não é qualquer problema objeto da Filosofia, mas tão somente
aqueles que se apresentam com um caráter de universalidade e vitalidade
para o ser humano, e que muitas das vezes, está relacionado com sua vida
em sociedade. 
 Portanto, a Filosofia, como conceitua Saviani (1980), é uma reflexão
rigorosa, por possuir um caminho rigoroso a ser seguido, radical, pois não se
contenta com a superficialidade do problema, e de conjunto, devido à
condição de seu problema, que deve ser universal.
 Dessa forma, para que seja viável uma Filosofia do Direito, é necessário
imaginar o próprio Direito como um problema de caráter universal e vital
para o ser humano, o que realmente o é. 
A existência de uma Filosofia do Direito
FROES, Gustavo Henrique Rodrigues¹.
 
 Assim explica Reale (2002), afirmando que “o direito é realidade universal”,
visto que ele existe como uma expressão de vida, ou seja, algo vital, e de
convivência, estando presente onde quer que exista o ser humano e, por esse
motivo, essa realidade jurídica se torna passível de indagação filosófica.
 Logo, entendido o Direito como algo vital para a humanidade, sabe-se que
ele deve ser passível de problematização, bem como deve ser, com toda
certeza, problematizado, pois o ser humano é um ser cultural, vive e se
relaciona com os demais na esfera da cultura, possuindo, desse modo,
contingência pela sua ação livre no mundo, o que dentre outras coisas, gera
na sociedade ao passar do tempo, transformações, as quais o direito tem a
obrigação de acompanhar, visto que é uma ferramenta essencial para a
pacificação e harmonização social que tem como tellos o que chamamos de
justiça.
 Posto isso, torna-se possível apreender a existência da Filosofia do Direito
pensando da seguinte maneira: Ensina Reale (2002, p. 9), que “a Filosofia do
Direito, esclareça-se logo, não é disciplina jurídica, mas a própria Filosofia
enquanto voltada para uma ordem de realidade, que é a realidade jurídica”,
ou seja, a Filosofia do Direito não pode ser considerada uma Filosofia
especial, pois, como todas as outras, esta é a Filosofia em sua totalidade,
direcionada a preocupar-se com um problema de valor universal, que é o
Direito e sua experiência histórica e social (REALE, 2002).
Referências:
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19 ed. São Paulo. Saraiva, 2002
SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São
Paulo: Cortez, 1980.

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