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3118 fundamentos teorico

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FUNDAMENTOS 
HISTÓRICOS 
E TEÓRICO- 
METODOLÓGICOS 
DO SERVIÇO 
SOCIAL
Professora Me. Aline Cristtine Marroco França Bertti
Professora Me. Maria Cristina Araujo de Brito Cunha
GrAduAção
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Coordenação de Sistemas
Fabrício ricardo Lazilha
Coordenação de Polos
reginaldo Carneiro
Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e 
Produção de Materiais
renato dutra
Coordenação de Graduação
Kátia Coelho
Coordenação Administrativa/Serviços 
Compartilhados
Evandro Bolsoni
Gerência de Inteligência de Mercado/Digital
Bruno Jorge
Gerência de Marketing
Harrisson Brait
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nalva Aparecida da rosa Moura
Design Educacional
Camila Zaguini Silva
Jaime de Marchi Junior
Larissa Finco
Maria Fernanda Canova Vasconcelos
Nádila de Almeida Toledo
rossana Costa Giani
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
Fernando Henrique Mendes
Revisão Textual
Ana Paula da Silva, Flaviana Bersan Santos, 
Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Nayara 
Valenciano e Viviane Favaro Notari
 CENTro uNIVErSITÁrIo dE MArINGÁ. Núcleo de Educação a 
distância:
C397 
 Fundamentos Históricos e Teórico Metodológicos do Servi-
ço Social / Aline Cristtine Marroco França Bertti / Maria Cristina 
Araújo de Brito Cunha.
 Maringá-Pr.: uniCesumar, 2014.
 120p. 
“ Graduação - Ead”.
 
 1.Metodologia. 2. História. 3. Serviço Social. Ead. I.Título.
Cdd 22ª Ed. 362
 NBr 12899 - AACr/2 
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CrB-8 - 6828
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro universitário Cesumar – 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
diante disso, o Centro universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. de que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
o Centro universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro universitário Cesumar lhe possi-
bilita. ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Prof.ª Me. Aline Cristtine Marroco França Bertti
Possui graduação em Serviço Social, pela Faculdade Estadual de Ciências 
Econômicas de Apucarana (2007); é especialista em Ética e Política, pela 
Fundação Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Mandaguari (2009); 
mestre em Ciências Sociais, pela universidade Estadual de Maringá. 
Atualmente, é assistente social do Centro de Triagens e obras Sociais do Vale 
do Ivaí e professora do curso presencial e a distância de Serviço Social da 
unicesumar – Maringá. 
Prof.ª Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Graduada em Serviço Social, pela universidade Federal do Amazonas; 
Especialista em Administração de recursos Humanos, pela universidade 
Federal da Paraíba; Mestre em Gerontologia Social, pela Pontifícia 
universidade Católica de São Paulo – PuC/SP. Coordenadora do Curso de 
Serviço Social presencial e na modalidade a distância da unicesumar – Centro 
universitário Cesumar.
A
U
TO
RE
S
SEjA BEM-VINDO(A)!
Seja bem-vindo(a)!
Caro(a) aluno(a), é um grande prazer e satisfação podermos trabalhar com você esta 
disciplina tão importante para sua formação profissional. o material elaborado o(a) au-
xiliará no estudo da disciplina de Fundamentos Históricos Teórico Metodológicos do 
Serviço Social.
Faremos, no decorrer de nossos estudos, uma análise da fundamentação teórica do sur-
gimento do Serviço Social.
Posto isso, no decorrer das cinco unidades deste material, você analisará questões em 
que propomos reflexão e, com isso, uma ampliação de seu conhecimento, formando, 
assim, um profissional capacitado para a compreensão do início de nossa profissão.
durante a elaboração deste livro, propusemos criar um material que abordasse a funda-
mentação sócio-histórica da profissão de um modo claro e de fácil compreensão.
Agora, farei um breve relato do conteúdo que iremos abordar no decorrer de nosso 
estudo.
Na unidade I, veremos os elementos para entendermos o capitalismo, a relação entre 
proletariado e burguesia e o surgimento do Serviço Social na Europa.
Na unidade II, abordaremos sobre as protoformas do Serviço Social, o surgimento das 
primeiras escolas de Serviço Social no Brasil e o conservadorismo religioso e as bases 
teórico-metodológicas.
Na unidade III, veremos a influência do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade e a 
relação entre positivismoe funcionalismo na profissão.
Já na unidade IV, abordaremos a defesa da qualificação profissional e a mobilização da 
categoria.
Finalizando nosso livro, na unidade V, o assunto será o Serviço Social e a ditadura, a 
incorporação da profissão na esfera da burocracia e tecnocracia. E, encerrando, aborda-
remos o Serviço Social e o processo de questionamento da prática profissional.
Prezado(a) aluno(a), é de extrema importância que você faça a leitura do material pre-
viamente e resolva todas as questões propostas no final de cada unidade, pois isso con-
tribuirá amplamente para seu processo de aprendizagem, no qual estaremos pronta-
mente disponíveis em atendê-lo(a).
deixamos aqui nossos sinceros agradecimentos em poder compartilhar nosso conheci-
mento e contribuir para o processo de sua formação profissional.
desejamos um ótimo estudo e sucesso a você!
ApresentAção
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E TEÓRICO- 
METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL
sumário
09
uNIdAdE I
CAPITALISMO E SERVIÇO SOCIAL
13 Introdução
14 Capitalismo 
16 Capitalismo Monopolista 
19 proletariado X Burguesia 
23 o surgimento do serviço social na europa 
27 Considerações Finais 
uNIdAdE II
AS PROTOFORMAS E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
35 Introdução
36 As protoformas do serviço social 
40 As primeiras escolas de serviço social no Brasil 
53 Conservadorismo religioso e Bases teórico-Metodológicas 
56 Considerações Finais 
uNIdAdE III
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
63 Introdução
64 A Influência do serviço social de Caso, Grupo e Comunidade 
sumário
69 positivismo na profissão 
72 Introdução do Funcionalismo no serviço social 
73 Considerações Finais 
uNIdAdE IV
A CATEGORIA PROFISSIONAL
79 Introdução
79 Defesa da Qualificação profissional 
89 A Mobilização Da Categoria 
93 Considerações Finais 
uNIdAdE V
O SERVIÇO SOCIAL E A PRÁTICA PROFISSIONAL
99 Introdução
100 o serviço social e a Ditadura Militar 
107 A Incorporação da profissão na esfera da Burocracia e tecnocracia 
108 o serviço social e o processo de questionamento da prática profissional 
112 Considerações Finais 
117 Conclusão
119 Referências
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Professora Me. Aline Cristtine Marroco França Bertti
CApItALIsMo e serVIço 
soCIAL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Identificar o surgimento do capitalismo e o capitalismo monopolista.
 ■ Analisar a relação entre proletariado e burguesia.
 ■ refazer a trajetória do Serviço Social, estudando sobre o surgimento 
na Europa.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Capitalismo
 ■ Capitalismo Monopolista
 ■ Proletariado X Burguesia
 ■ o surgimento do Serviço Social na Europa
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! É necessário desvendar o contexto histórico do capitalismo, 
suas raízes e condições, assim, notamos que sua formação está intimamente ligada 
com as origens do serviço social, que nos remete a analisar a linha do tempo e 
conhecer a estrutura social do sistema capitalista, reconhecendo a face da força 
de produção e a respectiva organização social, mais especificamente a divisão 
de classes no contexto econômico brasileiro.
Vamos verificar a história do capitalismo e a história das classes sociais, 
sendo que nesta reside o elemento essencial para fins de compreensão do capi-
talismo, tanto quanto para a consideração da marcha histórica da humanidade, 
relevantemente relacionada com conflitos, antagonismos e lutas, estas últimas, 
em particular, consideradas verdadeiras forças motrizes da referida marcha. O 
destaque desta luta, sistematizada por Marx, e suprema para Engels, reputou 
que ela tem para a história a mesma consideração que a lei da transformação de 
energia tem para a ciência natural.
A Unidade I focará no desenvolvimento do capitalismo e seus desdobramen-
tos nas relações entre o capital, o trabalho e o Serviço Social. Portanto, caro(a) 
aluno(a), convidamos você a fazer uma busca na trajetória histórica do Serviço 
Social, pois temos como propósito buscar a compreensão do capitalismo enquanto 
classe histórica e sua correlação com a produção e reprodução das relações sociais.
Para esse debate, vamos nos apoiar nos autores renomados do Serviço Social: 
Marilda Iamamoto, Raul de Carvalho, Maria Lucia Martinelli, Maria Lucia 
Barroco, entre outros.
Nesse sentido, se faz necessário um regresso no tempo, a fim de investigar 
a história e com ela discutir. Assim, apresentamos nossa abordagem nesta pri-
meira unidade. 
Vamos lá?
13
Introdução
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CAPITALISMO E SERVIÇO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
CAPITALISMO
O capitalismo é um modo de produção baseado na divisão societária em duas 
classes: a dos capitalistas (proprietários da matéria-prima do trabalho), que 
detêm o poder de compra da força do trabalho, e a dos proletariados (não pos-
suem acesso aos meios de produção), que são forçados a venderem sua força de 
trabalho por não terem acesso aos meios de produção.
Aqui, há a posse particular dos mecanismos de produção por uma classe que 
explora a força de trabalho daqueles que não os possuem, e esta fragmentação 
entre meios de produção e produtor é resultado da subordinação direta deste ao 
dono do capital, onde se permite a instauração do ciclo de vida do capitalismo 
e o seu processo de acúmulo primitivo.
Na produção e reprodução dos meios de vida, os homens organizam deter-
minados vínculos de interações recíprocas e, por intermédio dos quais, realizam 
uma ação transformadora da natureza realizando a produção.
Dessa maneira, a produção social não trata apenas de produção objetiva de 
matérias, mas também de relações sociais entre as pessoas, entre classes sociais 
que personificam certa categoria econômica.
O capital social, enquanto relação social, supõe o outro termo da relação, o 
trabalho assalariado, da mesma forma que supõe o capital. A transformação do 
dinheiro em capital requer, portanto, que os possuidores do dinheiro enxerguem 
no mercado não apenas os meios objetivos de produção como mercadoria, mas 
também uma mercadoria especial, a qual faz referência à força de trabalho, cujo 
valor de utilização tem a qualidade de ser fonte de valor, ou seja, onde há o con-
sumo e, concomitantemente, a materialização de trabalho e, por isso, a criação 
de valor que se realiza na dinâmica do processo produtivo e na relação de com-
pra e venda da força de trabalho.
É por meio dessa relação que o capitalismo é impulsionado a encontrar no 
mercado o trabalhador livre, ou seja, livre de qualquer outra relação de domina-
ção econômica, sendo proprietário de suas pessoas, com a finalidade de que possa 
enfrentar-se no mercado com seus possuidores do dinheiro, em uma interação 
entre possuidores juridicamente iguais de mercadorias, por meio da qual entre 
em relação o proprietário da força de trabalho e ceda-a ao comprador para a sua 
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utilização durante determinado período de tempo. Essa é a condição elementar 
para que seja mantido enquanto proprietário de sua mercadoria, podendo tornar 
a vendê-la. Tal condição se associa outra, ou seja, se encontra obrigado a vender, 
para suprir suas necessidades, o único bem que possui, qual seja, a sua força de 
trabalho. Isto é, alienar parte de si mesmo, já que do outro lado se enfrentam, 
como propriedade alheia de todos os meios produtivos, condições de trabalhos 
essenciais à materialização de seu trabalho bem como os meios imprescindíveis 
à sua sobrevivência.
Desse modo, a partir do momento 
em que o capitalista transforma parte 
de seu capital em força de trabalho, o 
que adquire com isso é a exploração de 
todo o seucapital. Conquista benefícios 
não apenas do que retira do trabalha-
dor, mas de tudo aquilo que transfere 
à classe trabalhadora na forma de salá-
rio. O processo capitalista de produção 
exibe o trabalhador separado das con-
dições de trabalho, o apresenta como o 
trabalhador assalariado. Este benefício 
econômico se disfarça pela ocorrência 
da renovação periódica da alienação da força de trabalho, seja devido à subs-
tituição de patrões individuais, seja por culpa das oscilações de preço da força 
de trabalho no mercado. No entanto, o próprio processo elabora as aparências 
mistificadoras que impedem a expressão da revolta, garantindo, dessa forma, a 
continuidade do curso de produção.
O capital supõe o monopólio dos meios de produção e de subsistência por 
uma parte da sociedade – a classe trabalhista – em confronto com os trabalha-
dores desprovidos das condições materiais necessárias à materialização de seu 
trabalho. Supõe ao trabalhador que para sobreviver tem a vender sua força de 
trabalho. O capital supõe o trabalho assalariado e este o capita (MARX, 1975, 
p. 4-101).
CAPITALISMO E SERVIÇO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
CAPITALISMO MONOPOLISTA
O capitalismo dos Monopólios é a fase que segue o processo do capitalismo con-
correncial, onde é imprescindível uma “exportação dos capitais”. Nele (capitalismo 
dos monopólios) acontece a centralização e a concentração do capital em níveis 
maiores, aumentando, dessa maneira, a exploração, alienação, a desigualdade e 
a exclusão social. Essa época é a de agudizamento de todas as contrariedades 
pertinentes ao sistema, ou seja, contradições existentes entre a relação Capital e 
Trabalho, acentuando e afiando, dessa forma, as expressões da “questão social”.
As análises do Capitalismo Monopolista nas interações sociais são pífias, 
remetendo a sociedade e o mundo à barbárie, por exemplo, na 1ª e 2ª guerra 
mundial, holocausto, nazismo, fascismo etc. A finalidade do Estado, na era 
Imperialista, era ser apenas um “comitê executivo” da burguesia, sempre atenden-
do-a e favorecendo-a. Em suas contrariedades e dinâmicas, a classe dominante 
captura o Estado, passando a ser seu, buscando por meio do jogo democrático a 
falsa democracia, a fim de se legitimar (o Estado) tanto politicamente quanto ide-
ologicamente. Em síntese, pode-se dizer que, nesta sociedade, o Estado trabalha 
com o propósito de ofertar condições necessárias à acumulação e à valoriza-
ção do capital monopolista. De acordo com a ordem monopólica, ele invade o 
espaço dos indivíduos e da sociedade de forma integral, originando propostas 
para redefinir características pessoais com estratégias e terapias de ajustamento. 
Partindo desse processo, o Serviço Social vai surgindo, e para atender às procu-
ras daquela conjuntura, possuía uma atividade bastante funcionalista de “acertar” 
o indivíduo ao meio.
Podemos perceber que o Serviço Social, enquanto profissão, está relacio-
nado ao surgimento da “questão social”, dirigido por condutas assistencialistas 
e filantrópicas, com uma base da doutrina social da Igreja Católica, isto é, ori-
ginado como resposta ao agravamento das contrariedades capitalistas em sua 
fase monopolista, para o “controle” da classe trabalhadora e para legitimação 
dos setores dominantes e do Estado. O serviço social se origina e se efetiva por 
meio da ordem monopólica, relacionando-se ainda com as mazelas próprias à 
ordem burguesa, à altura do capitalismo monopolista.
A política social é um dos principais mecanismos de intervenção nas 
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Capitalismo Monopolista
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demonstrações da “questão social”, sendo resultado da capacidade de mobiliza-
ção e reunião da classe operária e do aglomerado de trabalhadores. Diante disso, 
o Estado a usa como ferramenta e atende a procura enquanto tática também para 
a reprodução e manutenção do sistema atual, preservando e controlando a mer-
cadoria mais importante para o modo de produção capitalista, ou seja, a força 
de trabalho. É como dar com uma mão e retirar com a outra. A política social 
pode ser compreendida ainda como um acordo existente entre a burguesia e a 
classe operária, fragmentando e fragilizando a organização da classe operária e 
legítima do Estado Burguês. E com a ideologia neoliberal, que só intensifica o 
sistema capitalista, o entendimento da culpabilização do sujeito é cada vez mais 
usado, excluindo a conjuntura do próprio sistema, que em sua oposição acar-
reta riqueza excedente, entretanto, esta fica reunida e/ou concentrada nas mãos 
de poucos, enquanto a maioria se encontra à margem do sistema.
Para Iamamoto (2004), o serviço social não deve ser interpretado apenas como 
uma nova maneira de realizar a caridade, mas sim, como uma forma de inter-
venção ideológica na vida dos trabalhadores, ainda que seu fundamento seja 
a atividade assistencial; no entanto, os efeitos produzidos são essencialmente 
políticos, por meio do “enquadramento” dos trabalhadores nas relações sociais 
vigentes, reforçando a recíproca colaboração entre capital e trabalho. 
CAPITALISMO E SERVIÇO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
Na evolução capitalista, destacamos: 
Capitalismo Comercial: surgiu com as grandes navegações e com as anti-
gas grandes potências Espanha e Portugal, que estavam dispostas a explorar seus 
novos territórios recém-conquistados.
Mas qual foi a forma que essas potências encontraram para essa exploração? 
Um sistema chamado de Plantation foi instalado nas colônias, que consiste 
em uma grande parcela de terra voltada para a monocultura, ou seja, um único 
produto agrícola; também caracterizado pelo uso da força de trabalho escravo 
e por todos os produtos serem destinados ao mercado externo, com a condição 
de que as colônias só estabelecessem relações mercantilistas com suas respecti-
vas metrópoles, esse era o pacto colonial.
Isso ocorreu em grande parte da América do sul, mas nas terras que hoje 
correspondem aos Estados Unidos e ao Canadá se deu outro tipo de coloniza-
ção, eram as chamadas colônias de povoamento. Neste modelo adotado, eram 
pequenas propriedades de policultura, ou seja, vários produtos agrícolas, a mão 
de obra era assalariada e os produtos eram para enriquecer o comércio interno. 
Porém, não foi assim em todo o território, ao sul dos Estados Unidos, as colônias 
eram de exploração, isso devido ao clima semelhante ao tropical que favorecia 
a aplicação das Plantations.
Eram sistemas muito diferentes coexistindo, mas isso trouxe consequências, 
afinal, após a primeira metade do século XVIII, ocorreu a Primeira Revolução 
Industrial e a Inglaterra começou a necessitar de muitos produtos têxteis para 
abastecer suas indústrias. Uma série de eventos e abusos acabou levando à 
independência dos Estados Unidos, em 1776, conduzindo ao próximo modelo 
capitalista que vamos conhecer.
O Capitalismo Industrial: ocorreu com a chegada da Revolução Industrial e 
as suas fábricas, que inovaram e intensificaram as relações comercias e as produ-
ções. Era um mundo de produção onde a coisa mais notável era a exploração do 
homem pelo próprio homem, aqui o trabalhador não tem consciência de como 
as coisas que são feitas industrialmente ocorrem como um todo, ele apenas sabe 
uma pequena parte da linha de montagem, e apenas a figura do burguês, dono 
das fábricas, sabe o processo completo.
Os trabalhadores se sujeitavam a uma carga de trabalho muito grande para 
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Proletariado X Burguesia
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receber muito pouco dinheiro na época.
Capitalismo Financeiro: vem com a substituição das máquinas a vapor 
pelo motor à combustão interna, na Segunda RevoluçãoIndustrial, e essas novas 
máquinas foram substituindo os transportes, as fábricas ultrapassadas e o setor 
agrícola, gerando uma aceleração enorme no campo tecnológico em todas essas 
áreas; esse modelo irá perdurar até a Grande Crise da Bolsa de Valores de Nova 
York, em 1929. 
Capitalismo Especulativo: é o modelo como conhecemos hoje em dia, onde, 
por meio de sociedades anônimas, os capitalistas investem na especulação de 
títulos, como as ações de uma empresa, afinal, abrir uma empresa gera gastos e 
nem sempre traz os lucros esperados.
PROLETARIADO X BURGUESIA
Caro(a) aluno(a), está claro que de fato residimos em um meio social capitalista. 
Nossa sociedade apresenta divisão de classes e desigualdades sem igual. Na socie-
dade capitalista, existem inúmeras desigualdades, basta ter olhos para enxergar. 
Uma pequena quantidade de pessoas concentra considerável número de 
bens em seu poder, quais sejam: dinheiro, propriedades, mansões e carros. De 
maneira oposta, grande parte das pessoas possui apenas o mínimo e, às vezes, 
menos que isso para sobreviver. Vivemos apertados em questões pertinentes à 
alimentação, casa, roupas, escola, transportes, saúde, lazer etc. Vemos, ainda, 
tantos efeitos trágicos desse meio social, como a subnutrição, doenças endêmi-
cas, mortalidade infantil, desemprego, prostituição etc.
É fato que entre os dois grupos existem camadas médias, as quais são 
Lembre-se que foi a diferença entre os modelos capitalistas nos Estados uni-
dos, entre o norte e o sul, que com o passar do tempo gerou as tensões que 
levaram à guerra civil americana!
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denominadas “classe média”. Mas não é esta classe que determina a natureza da 
sociedade capitalista, pois na referida sociedade, as classes sociais elementares 
são a burguesia e o proletariado.
A burguesia é a classe dos proprietários das fábricas, das fazendas, das minas, 
dos bancos etc. Resumindo, são os donos particulares dos meios de produção, 
ou seja, os possuidores do capital, dessa forma, são chamados de capitalistas. 
Esses mecanismos de produção constituem um capital, pois são usados dentro 
de uma relação de exploração.
Diante desse panorama, a classe proletária aos poucos vai se rebelando, 
dadas as condições de exploração a que estava submetida, ao elevado aumento 
da jornada de trabalho, associado à queda do padrão de vida dos assalariados. 
E considerando os altos custos sociais provocados pela prática do cresci-
mento econômico, era necessário criar mecanismos, por parte do Estado, de 
contenção da classe operária, que vem requerer seus direitos sociais. É nesse 
cenário econômico e político que o assistente social é requisitado para intervir 
na realidade social, por meio das políticas sociais, em resposta às reivindicações 
da classe trabalhadora. 
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Proletariado X Burguesia
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A denominação de burguesia se deve ao motivo pelo qual quando essa classe se 
formou, ainda no término do feudalismo europeu, tratava-se de comerciantes e 
pequenos industriais que habitavam as pequenas cidades (conhecidas como bur-
gos). Não eram pessoas nobres, nem eram mais servos responsáveis por lavrar 
a terra nos feudos, eram apenas um tipo de classe média, posteriormente trans-
formada em classe predominante.
É bem verdade que dentro do pro-
letariado existem trabalhadores que 
recebem vantagens em relação aos 
demais. No entanto, ambos vivem 
e dependem do seu trabalho.
A denominação “proletária” já 
se fazia presente na antiga Roma, 
designando aquelas pessoas que 
nada possuíam, a não ser seus des-
cendentes, ou seja, seus próprios 
filhos. Nos primórdios da socie-
dade capitalista, o proletariado se 
originou mediante antigos servos 
que saiam dos feudos e iam para os burgos, sem qualquer bem em sua posse; e, 
ainda, artesãos que não estavam munidos de condições para competir com as 
máquinas da classe dominante. Dessa maneira, os proletários são homens livres 
sob duas vertentes: não estão mais presos aos feudos e também não possuem 
nada a não ser a sua própria força de trabalho.
Assim, na sociedade capitalista, existe uma fragmentação entre o capital e o 
trabalho. Aquele que trabalha diretamente não possui os meios de produção, e 
aquele que possui os meios de produção não trabalha diretamente. A classe domi-
nante usa a força de trabalho dos proletários para fazer funcionar seus meios de 
produção e, dessa forma, produzir mercadorias com a finalidade de obter lucros. 
Com esse lucro, além de viver com qualidade, os burgueses melhoram em quan-
tidade e qualidade os seus mecanismos produtivos, com o propósito de produzir 
mais mercadorias e obter, com isso, maiores lucros.
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Esse curso repetido, diariamente, consiste no processo de acumulação de 
capital. O proletariado, de forma oposta, não acumula nada, vendendo-se coti-
dianamente no mercado de trabalho, para poder viver ou sobreviver, na maioria 
das vezes, muito mal e com muitas dificuldades.
A classe dominante, assim, contrata os proletários para trabalharem em suas 
empresas, por determinado salário, durante tantas horas diárias, e sob certas 
condições anteriormente estipuladas. Os trabalhadores acordam formalmente 
com este “livre” contrato de trabalho. Qual é o jeito? Eles não são possuidores 
dos meios de produção, estando livres deles. Também não estão amarrados por 
alguma obrigação a nenhum senhor e/ou terra, sendo formalmente livres. Livres 
para alienar sua força de trabalho no mercado, ou então, se não quiserem fazer 
isso, livres para viverem em condições miseráveis.
Esse “livre” contrato de trabalho feito individualmente reside em um contrato 
realizado entre duas partes que ocupam posições distintas dentro da sociedade. 
O burguês, dono dos mecanismos produtivos, encontra-se em uma situação de 
destaque para procurar a mercadoria força de trabalho, e encontra uma abun-
dância na oferta. Se um trabalhador não aceita suas condições, existem inúmeros 
outros concorrendo entre si que certamente as aceitarão. O êxodo rural que, por 
inúmeros fatores, sempre acompanha a origem da produção capitalista, encar-
rega-se de formar um excedente de oferta de força de trabalho. O proletário, dono 
apenas da sua força de trabalho, encontra-se em uma posição bastante negativa 
e fica entre a cruz e a espada, ou seja, entre a exploração do patrão e a miséria 
acarretada pelo desemprego. Essa é a “liberdade” do trabalhador na sociedade 
capitalista. Mas, para o burguês, o livre contrato de trabalho reside na liberdade 
sagrada dentro de sua economia de livre empresa.
As duas classes, quais sejam, a dos burgueses e a dos proletários, possuem 
interesses que são objetivamente antagônicos, em palavras mais simples, inte-
resses inconciliáveis.
“Objetivamente” significa que isto não depende da boa ou má intenção dos 
indivíduos. Os interesses das referidas classes são inconciliáveis porque se uma 
ganha, a outra, obrigatoriamente, perde. O que é bom para uma classe é malé-
fico para a outra.
A burguesia, que tem propósitos em conservar sua situação de destaque, 
“A burguesia não pode existir sem revolucionar constantemente os ins-
trumentos de produção e, portanto, as relações de produção, isto é, todo 
o conjunto das relações sociais. Esta mudança contínua da produção, esta 
transformação ininterrupta de todo o sistema social, esta agitação, esta per-
pétua insegurança distinguem a época burguesa das precedentes. Todas as 
relações sociais tradicionais e estabelecidas, com seu cortejo de noções e 
idéias antigas e veneráveis, dissolvem-se; e todas as que as substituem en-
velhecem antes mesmo de poder ossificar-se.” (Karl Marx,1848)23
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tenta obscurecer o fato da fragmentação social em classes de interesses incon-
ciliáveis, acenando para a ascensão social, dizendo que o operário de hoje pode 
ser o patrão no futuro. Mas a gente sabe que é quase impossível para o tra-
balhador assalariado obter a quantia necessária para constituir uma pequena 
empresa. Além do mais, ainda que alguns operários individualmente mudas-
sem de classe, nem assim deixaria de existir a fragmentação social em classes de 
objetivos inconciliáveis.
Desde o surgimento do capitalismo, foi de percepção geral que esse sistema 
ocasiona grandes desigualdades e injustiças. Percebeu-se, ainda, que quanto mais 
a minoria dominante enriquece, a maioria proletária afunda na pobreza e misé-
ria. Resumindo, inúmeras foram as denúncias acerca da exploração.
Mas qual é o meio pelo qual se propaga a exploração? Isto não aparece logo 
de cara, foram imprescindíveis muitos estudos e pesquisas para responder a essa 
questão. Quem conseguiu deslindar o mistério foi Karl Marx. 
O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL NA EUROPA
No término do século XVIII e começo do XIX, aconteceu, na Inglaterra, a 
Revolução Industrial, uma vez que o país era possuidor de vastas reservas de 
carvão mineral em seu subsolo, possuindo, dessa forma, a fonte de energia capaz 
de promover o movimento das máquinas e das locomotivas a vapor. 
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Os ingleses possuíam não apenas as fontes de energia, mas também gran-
des reservas de minério de ferro; possuíam ainda mão de obra abundante, pois 
muitos trabalhadores procuravam empregos nas cidades inglesas. A burguesia 
inglesa detinha capital suficiente para o financiamento de fábricas, aquisição de 
matérias-primas, de máquinas e contratação de funcionários. 
Nessa época, aconteceram diversas substituições, ocasionando a troca da 
produção humana pela fabril, ferramentas por máquinas e energia humana pela 
motriz. 
A Revolução Industrial propagou-se pela Europa Ocidental e Estados Unidos, 
caracterizando um novo modelo de produção, que eram as fábricas e as indús-
trias, acarretando um capitalismo industrial.
Entretanto, tanto as indústrias quanto as fábricas necessitam de pessoas para 
dar continuidade ao processo de produção. Dessa forma, uma grande quanti-
dade de trabalhadores passa a viver em volta da indústria, sendo designados 
enquanto proletariados à classe social que aliena sua força de trabalho ao empre-
sário capitalista. A população operária era explorada pela classe dominante, e 
o Estado era subordinado a ela, pois tinha como propósito proteger o capital e 
seus possuidores. 
Nos primórdios, as fábricas não eram munidas dos melhores ambientes de 
trabalho. As condições eram extremamente precárias, a remuneração era baixa 
e o trabalho feminino e infantil se fazia constantemente presente. Os emprega-
dos trabalhavam por longas jornadas de trabalho, sujeitando-se a castigos físicos 
por parte de seus patrões. Inexistiam quaisquer direitos trabalhistas, como férias, 
décimo terceiro salário, auxílio doença etc.
A exploração vivenciada pela população fabril foi tão relevante que a levou 
a conflitar com a finalidade de melhorar suas condições de trabalho, por meio 
de inúmeras manifestações. Assim, restou à burguesia a busca por novas táticas, 
uma vez que seu objetivo residia na expansão de seu modo de produção, domi-
nando a exploração e a opressão para com os seus subordinados. Porém, isso só 
gerou mais miséria por parte da classe trabalhadora, a qual continuou se colo-
cando contra a classe dominante.
Mediante essa situação, a classe dominante tomou consciência de que era 
preciso fazer algo para controlar o teor das manifestações e conter a propagação 
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da pobreza. Dessa maneira, ocorreram as primeiras práticas assistencialistas, as 
quais viabilizavam a conservação das ordens capitalistas, fazendo com que os 
proletariados não mais questionassem, mas sim, aceitassem suas condições de 
vida e de trabalho. 
No entanto, o elevado nível de pobreza se estendia ainda mais, e, então, os 
membros da classe dominante, a Igreja Católica e as autoridades locais, se organi-
zaram com o objetivo de transformar a assistência pública. Para solucionar esses 
problemas, incumbiram os reformistas sociais de exercerem sua função realizando 
um inquérito da vida pessoal e familiar do atendido, e o mesmo tinha que assu-
mir a dependência em relação ao poder público, sendo dessa forma controlado. 
A nova tática ainda era incumbida para assegurar a manutenção e propagação 
e/ou extensão do capitalismo.
Inúmeros outros conflitos continuaram a ocorrer, levando a burguesia, a 
Igreja e o Estado a unirem-se, acarretando, assim, na origem da Sociedade de 
Organização da Caridade, no ano de 1869. A mencionada Sociedade organizou 
os reformistas sociais, os quais se responsabilizavam pela reforma e regulamen-
tação da prática da assistência da sociedade. A partir de então, apareceram os 
primeiros assistentes sociais, os quais executavam práticas referentes à assistên-
cia social. A profissionalização dos mesmos acontecia por meio da prestação de 
serviços, designado como Serviço Social, denominação essa que fora utilizada 
pelos Estados Unidos, em 1904.
O serviço social fora caracterizado, em sua origem, por várias determina-
ções e valores, através de práticas repressoras e controladoras. Assim, podemos 
entender que o Serviço Social resulta da emergência da questão social do con-
junto de expressões da desigualdade social, econômica e/ou cultural. 
Posteriormente à criação do Centro de Ação Social em Londres, no ano de 
1884, no qual as atividades realizadas faziam referência às questões de higiene 
e saúde para com os pobres e proletariados, a Sociedade de Organização da 
Caridade utilizou-se de novas ideias, organizando e efetivando também visitas 
domiciliares, nas quais aconteciam ações voltadas à educação. A partir dessa meto-
dologia, conheciam a realidade das famílias operárias e incutiam o pensamento 
capitalista. A classe dominante apoiava essas práticas assistencialistas, uma vez 
que “desarmava” as manifestações coletivas e disfarçavam o sistema capitalista.
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Acreditava-se, dessa maneira, que os problemas que afligiam os proletaria-
dos e os pobres consistiam em uma questão de caráter, de forma que a assistência 
social passou a agir mediante uma reforma do mesmo. A prática social conti-
nuou a ser executada com rigor para o controle e correção dos desfavorecidos, os 
quais não mais se valiam da assistência pública, pois preferiam ajudar-se mutua-
mente, continuando a reclamar do modo como eram tratados, uma vez que não 
eram atendidos em suas reivindicações.
Por longo período de tempo se fizeram presentes a exploração, a miséria, o 
poder capitalista e as práticas assistenciais objetivando tão somente o controle 
social. No ano de 1897, precisamente na Conferência Nacional de Caridade e 
Correção, Mary Richmond apresentou sua ideia de Assistência Social, propondo, 
com isso, a elaboração e/ou criação de uma escola voltada à aprendizagem de 
Filantropia Aplicada. Enfatizou a relação existente entre as pessoas e o mundo, 
considerando o sujeito enquanto pessoa no momento em que interage com o 
meio social do qual faz parte. Foi com a escola de Filantropia Aplicada que tive-
ram início a institucionalização e profissionalização do Serviço Social, onde o 
interessado trabalhava como agente reintegrador e transformadorde caráter.
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Foi criada, no ano de 1908, na Inglaterra, a primeira escola de Serviço Social. 
Posteriormente à sua fundação, inúmeras outras escolas foram criadas por conhe-
cimentos e atendimentos especializados, sempre apoiados pela Igreja Católica. 
Com o decorrer dos anos, a ação social estava cada vez mais ligada à política, 
agindo com o objetivo de acalmar os ânimos dos trabalhadores, controlando, 
dessa forma, as suas manifestações; também ocultavam o semblante da miséria, 
atendendo aqueles que nela residiam.
Nos anos seguintes do fim da guerra, a relação com a Igreja Católica fora tro-
cada para o Estado, remetendo a prática social para outro contorno. Em 1917, 
com a obra “Diagnóstico Social”, da autora Mary Richmond, o serviço social 
apresentou um considerável avanço enquanto profissão, levando em conta o 
entendimento do sujeito, enfatizando o fortalecimento do ego para a obtenção 
do êxito no tangível à solução de problemas internos e externos.
No ano de 1936, foi criada a primeira escola de Serviço Social no Brasil, em 
resultado da expansão das práticas de assistência social, ainda por meio do assis-
tencialismo e do caráter fortemente religioso. A escola foi criada na cidade de São 
Paulo, por iniciativa de Maria Kiehl e Albertina Ramos. O curso era constituído 
de formação técnica, sendo constantemente influenciado pelos meios cristãos. 
A metodologia fundamentava-se no homem enquanto ser livre, desenvolvido 
e dotado de inteligência, possuidor do direito de viver em sociedade, extraindo 
dela os meios necessários à sua sobrevivência.
CONSIDERAÇõES FINAIS
Dessa maneira, caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de nossa primeira unidade, 
compreendendo a longa e fascinante história do Serviço Social, que desde sua 
origem é munido de metodologias tão extremas umas das outras. 
A partir dos conteúdos descritos, buscamos levar a você, futuro(a) assistente 
social, conhecimentos relevantes do contexto sócio-histórico que inaugura o 
Serviço Social como profissão. A profissão se vinculou ao processo de produção 
CAPITALISMO E SERVIÇO SOCIAL
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capitalista que resultou do interesse do capital em controlar os trabalhadores, 
uma vez que o referido controle consistia em uma necessidade da época, gerando, 
com isso, vários agravos sociais. 
No que se refere, sobretudo, à estruturação do perfil da emergente profissão 
do assistente social, procuramos deixar claro a influência da igreja católica no 
processo de formação dos assistentes sociais brasileiros, sendo ela responsável 
pelo ideário e pelos conteúdos expressos por seu pensamento social. Ela trata a 
questão social como questão moral, como um conjunto de problemas focados 
na responsabilidade individual dos sujeitos sem considerar as relações sociais 
do sistema capitalista. Portanto, segundo Yasbek (2009), trata-se de um enfo-
que individualista, psicologizante e moralizador da questão, que necessita, para 
seu enfrentamento, de uma pedagogia psicossocial, que encontrará no Serviço 
Social efetivas possibilidades de desenvolvimento. 
Conforme afirma Yazbek (2000b, p. 92)
(...) terá particular destaque na estruturação do perfi l da emergente 
profissão no país a Igreja Católica, responsável pelo ideário, pelos con-
teúdos e pelo processo de formação dos primeiros assistentes sociais 
brasileiros. Cabe ainda assinalar, que nesse momento, a questão social 
é vista a partir de forte influência do pensamento social da Igreja, que 
a trata como questão moral, como um conjunto de problemas sob a 
responsabilidade individual dos sujeitos que os vivenciam, embora si-
tuados dentro de relações capitalistas. Trata- se de um enfoque indivi-
dualista, psicologizante e moralizador da questão, que necessita para 
seu enfrentamento de uma pedagogia psicossocial, que encontrará no 
Serviço Social efetivas possibilidades de desenvolvimento.”
Com isso, 
o pensamento conservador e a influência da doutrina católica traça-
ram um perfil de ação para os profissionais de Serviço Social atrelados 
ao pensamento burguês, atribuindo-lhes tarefas de amenizar conflitos, 
recuperar o equilíbrio e preservar a ordem vigente, com frágil consci-
ência política, pois envolvida pelo “fetiche” da ajuda não conseguia ter 
claras as contradições do exercício profissional (MARTINELLI, 2000, 
p.127).
A profissão de Serviço Social nasce, nesse contexto, para atender aos interesses 
da burguesia em uma perspectiva assistencialista, sem reflexão crítica distinta-
mente da contemporaneidade, onde o assistente social realiza sua função por 
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meio da investigação, diagnóstico, planejamento, projetos de pesquisa, avalia-
ção das demandas e intervenção da realidade social.
o cerne da questão social está no conflito entre capital e trabalho, confi-
gurando, nesse contexto, as várias expressões da questão social expressa 
na sociedade brasileira. Assim, podemos identificar uma situação extrema 
de desigualdade social, determinada pelo forte crescimento econômico do 
país, conforme o poema intitulado o BICHo, de Manuel Bandeira. 
Vi ontem um bicho 
Na imundície do pátio 
Catando comida entre os detritos. 
Quando achava alguma coisa, 
Não examinava nem cheirava: 
Engolia com voracidade. 
o bicho não era um cão, 
Não era um gato, 
Não era um rato. 
o bicho, meu deus, era um homem. 
Manuel Bandeira
Fonte: <http://factivel.wordpress.com/poesia/o-bicho/>.
1. Conceitue capitalismo e o explique em sua fase monopolista.
2. Explique sobre o fator principal da dominação da burguesia na classe proleta-
riada.
3. Explique em que contexto se deu o surgimento do Serviço Social na Europa.
4. A “pobreza” é a expressão direta das relações vigentes na sociedade, localizan-
do a questão no âmbito de relações constitutivas de um padrão de desenvol-
vimento extremamente desigual, em que convivem acumulação e miséria. A 
nossa sociedade a produz e reproduz. A pobreza, nesse caso, significa uma de-
manda de intervenção para o Serviço Social? Justifique. 
Material Complementar
Material CoMpleMentar
Capitalismo Monopolista e Serviço Social
José Paulo Netto
editora: Cortez
sinopse: este livro tematiza o surgimento da profissão, 
vinculando a sua história à emergência do Estado burguês 
na idade do monopólio, aos projetos das classes sociais 
fundamentais e à execução das políticas sociais. discute também a estrutura teórico-prática do 
Serviço Social fundada em peculiar sincretismo.
Tempos Modernos
um operário de uma linha de montagem, que testou uma 
“máquina revolucionária” para evitar a hora do almoço, é 
levado à loucura pela “monotonia frenética” do seu trabalho. 
Após um longo período em um sanatório ele fica curado 
de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas 
encontra uma crise generalizada e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que 
liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente uma jovem rouba comida 
para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas. Elas não têm mãe e o pai delas está 
desempregado, mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei vai cuidar das 
órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem consegue escapar.
Comentário: É um filme onde o personagem vagabundo de Chaplin tem que se adaptar ao 
mundo que está se industrializando de uma forma muito bem humorada e desastrada. uma forte 
critica ao sistema capitalista da época e as condições sub-humanas de trabalho que os homens 
recebiam nas fábricas pós-revolução industrial.
E como curiosidade, você sabia que Chaplin uma vez entrou em um concurso de sósiasde Charles 
Chaplin e os jurados acharam que ele merecia apenas o Terceiro lugar?
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Professora Me. Aline Cristtine Marroco França Bertti
Professora Me. Maria Cristina Araujo de Brito Cunha
As protoForMAs e o 
sUrGIMento Do serVIço 
soCIAL no BrAsIL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Analisar a estrutura conceitual das protoformas do Serviço Social.
 ■ Identificar o surgimento das primeiras escolas de Serviço Social no 
Brasil.
 ■ Conceituar o conservadorismo religioso como base teórico-
metodológica da profissão.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ As Protoformas do Serviço Social
 ■ As Primeiras escolas de Serviço Social no Brasil
 ■ Conservadorismo religioso e bases teórico-metodológicas
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, veremos que o Serviço Social se originou da ajuda ao próximo, da 
caridade, filantropia e beneficência. No século XVIII, com a Revolução Industrial, 
surgem graves crises econômicas, com repercussão política e social. Diante 
dessa situação, as formas de assistência até então utilizadas já não respondiam 
às necessidades emergentes da época, sendo necessário um Serviço Social insti-
tucionalizado, com fundamentos em conhecimentos técnicos e não apenas com 
boas intenções. Dentro desse contexto histórico, surge o Serviço Social profissio-
nal e, com ele, a primeira escola de Serviço Social, fundada em 1898, na cidade 
de New York, denominada New York School of Philanthropy, sob a influência de 
Mary Richmond.
Diante dos crescentes problemas sociais, surgem leis protetoras das classes 
menos favorecidas e a necessidade de uma profissão que respondesse a essas, 
exigências. O Assistente Social surge com a proposta de amenizar as condições 
que favorecem a desigualdade humana.
Em 1925, surge o Serviço Social latino-americano, com influência europeia 
e depois americana.
O surgimento da profissão data, no Brasil, da década de 1940, época do Estado 
Novo de Getúlio Vargas e da implementação das leis trabalhistas.
Foi também um período em que o país começou a estabelecer a sua indús-
tria de base e a constituir-se capitalista. A sociedade de então passou a sentir 
falta de um profissional capacitado para ajudar a promover o bem-estar social, 
uma vez que se tornaram visíveis as desigualdades surgidas da relação entre 
capital e trabalho.
A profissão de serviço social também se iniciou a partir do desenvolvimento 
do capitalismo, no período da Revolução Industrial, para suprir a necessidade 
de um trabalho voltado para a classe trabalhadora, como já foi citado acima. As 
diferenças impostas pelo capital dividiam a sociedade entre oprimida e opres-
sora, ficando a primeira com os proletariados e a outra com os donos do poder. 
No Brasil, a profissão surgiu em 1936, com a inauguração da primeira escola 
em São Paulo, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), for-
temente atrelada aos princípios do catolicismo. As primeiras entidades sociais 
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Introdução
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AS PROTOFORMAS E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
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foram organizadas pela Igreja Católica para atuar com a classe trabalhadora.
No Brasil, a “semente” do Serviço Social foi plantada junto ao nascimento do 
projeto político da Igreja Católica. Eram os anos 30, em cujo momento histórico 
houve a passagem do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista, 
e o Estado utilizava mecanismos à efetivação de sua interferência nos diferentes 
setores da vida social. Desse modo, o primeiro projeto do Serviço Social unia-se 
a uma ala do clero que insistia na reorganização da classe trabalhadora. Foram 
criados os Círculos Operários, substituídos, no final do Estado Novo, pela JOC 
– Juventude Operária Católica. Houve uma influência recíproca das transfor-
mações histórico-político-econômico-sociais e da atividade do Serviço Social 
desde seu começo até nossos dias.
AS PROTOFORMAS DO SERVIÇO SOCIAL
Antes de darmos início ao nosso estudo, vamos definir o significado de proto-
formas, que são as instituições sociais que se mostram com origem confessional, 
prática da ajuda, caridade e solidariedade, impregnadas pela filosofia tomista e 
a serviço da classe dominante.
Quando surgiu em nosso país, nas décadas de 1920 e 1930, o Serviço Social 
tinha como fundamento para sua implantação o reconhecimento de conflitos 
sociais, acarretados mediante a industrialização. Primordialmente, apresentava 
caráter filantrópico, possuindo uma característica assistencial, missionária e 
beneficente, onde a Igreja Católica controlava o processo voltado ao auxílio de 
pessoas necessitadas. 
As protoformas da profissão se relacionavam diretamente com o desenvol-
vimento da Ação Social, realizada pela Igreja Católica. Esta, com a finalidade de 
recristianizar a classe trabalhadora, passou a assumir o enfrentamento da ques-
tão social. Entretanto, nesse momento do Serviço Social, inexistia a expressão 
da questão social, mas sim, as expressões concretas da “questão social”, isto é, 
o conceito de um conflito social, interpretado enquanto uma questão moral e 
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As Protoformas do Serviço Social
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religiosa, onde as condições precárias do proletariado eram interpretadas como 
consequência da falta de dinâmica do processo industrial, sem relacioná-la à luta 
de classes, o que significa, na verdade, a sua essência.
A complicada relação existente entre as protoformas do Serviço Social e a 
Igreja fez com que fosse predominante dentro do exercício da profissão o pen-
samento conservador baseado na corrente neotomista.
Nesse âmbito, as bases estruturais do Serviço Social, durante longo perí-
odo de tempo, encontraram-se a serviço da classe dominante, sendo fortemente 
influenciadas pela doutrina social, a qual era desenvolvida pela Igreja Católica.
Versando a respeito desse período do processo histórico referente ao Serviço 
Social, Iamamoto (1998, p. 27) ensina que: “o Serviço Social surgiu como uma 
das estratégias concretas de disciplinamento, controle e reprodução da força de 
trabalho e seu papel era conter e controlar as lutas sociais.” Assim, neste sistema 
de organização social capitalista, a classe dominante se aliava com a Igreja e 
com o Estado, com a finalidade de profissionalizar a assistência social. Por meio 
da influência do pensamento europeu e norte-americano, a caridade passou a 
valer-se de novos métodos, ou seja, recursos que a ciência e a técnica lhe ofer-
tam. Busca-se, então, a adaptação do indivíduo ao meio em que está inserido e 
vice-versa. Por meio das relações formadas por moças católicas que prestavam 
assistência ao proletariado, surgiu a primeira Escola de Serviço Social no Brasil, 
fazendo com que o Estado solicitasse assistentes sociais para trabalhar em ins-
tituições estatais.
A igreja católica tornou-se essencial na abertura das duas primeiras escolas 
de Serviço Social: a escola de Serviço Social de São Paulo, em 1936, e a Escola 
do Serviço Social do Rio de Janeiro, em 1937, escolas estas consideradas as pio-
neiras do Serviço Social em nosso país, recebendo notável influencia europeia.
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AS PROTOFORMAS E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
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Com a movimentação do processo de industrialização, o Estado passou a financiar 
bolsas de estudo para pessoas que pertenciam a classes subalternas, enviando-as 
para os Estado Unidos.
A instituição responsável pelo processo de currículo do curso era a Associação 
Brasileira de Ensino e Serviço Social (ABESS). A partir de então, tem início uma 
certa padronização, e no currículo mínimoconstam o estudo de caso, grupo e 
comunidade. Daí, relacionadas à igreja católica, tiveram origem as escolas de 
trabalho e as protoformas da profissão. Para Iamamoto (1998, p.18), “o debate 
sobre a ‘questão social’ atravessa toda a sociedade e obriga o Estado, as frações 
dominantes e a Igreja a se posicionarem diante dela”. Assim, o seu surgimento 
corresponde à conjuntura vivenciada em nosso país naquele período, em razão 
da industrialização e das grandes mobilizações da classe operária, que crescia 
cada vez mais e em condições precárias de higiene, saúde e habitação, eviden-
ciando-se a questão social que tomava proporções imensas, voltando a atenção 
social do Estado às manifestações da classe operária que passava a reclamar seus 
direitos, melhores condições de vida e de trabalho. 
Entretanto, se de um lado se reconhece a existência dessa contrariedade do 
capital e trabalho, resultado da ordem liberal que estimula a competitividade 
excessiva, o proletariado é também responsabilizado por sua condição de vida 
precária.
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O proletariado é visto como uma classe denominada “ignorante social”, de 
pouca e fraca formação moral, que somada à sua baixa condição financeira o 
deixa submisso aos capitalistas, e por sua deficiência individual, o impede de 
alcançar uma maior ascensão social.
Isso reflete o cenário em que a pobreza é naturalizada, passando por cima 
da contrariedade existente entre o modo de produção capitalista, causas e efei-
tos, que são invertidos e reinvertidos.
Seguindo esse raciocínio, os assistentes sociais observam a necessidade de 
intervir na crise de “formação moral, intelectual e social” da família, para que 
assim seja possível a obtenção de um padrão de vida que lhes ofereça o mínimo 
de qualidade. Para isso, faz-se necessário realizar um ajuste familiar por meio de 
uma ação educativa de longo prazo, para que tenha início a sua reeducação moral. 
 
 
 
 
 
 
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AS PRIMEIRAS ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL NO 
BRASIL
As obras de caridade realizadas pela Igreja e por pessoas leigas possuem uma 
vasta tradição, remetendo aos primórdios do período colonial. A parca e a pés-
sima infraestrutura hospitalar e assistencial existentes até o período pós Império 
se justificam quase que unicamente à ação das ordens religiosas europeias que 
implementam e se disseminam pelo país.
A tentativa de intervenção na organização e controle da classe proletária 
também não é atual. Os Carlistas, ou Scalabrianos, se efetivam no Brasil logo 
depois das amplas ondas migratórias quem surgem na Itália, para atuar conjun-
tamente com seus patriotas. Estes se constituíram no principal contingente da 
Força de Trabalho que veio substituir o escravo nas vastas plantações e, conse-
quentemente, integrar o mercado de trabalho urbano.
A interação do clero no controle direto do operariado industrial remete à 
origem das primeiras grandes unidades industriais, nos fins do século passado. 
É viva a presença de religiosos no interior das referidas unidades, que na maio-
ria das vezes possuíam capelas próprias, onde cotidianamente os trabalhadores 
eram submetidos a participarem das missas e outras liturgias. Nas vilas operá-
rias, sua presença é constante. No âmbito sindical, com o apoio patronal, realizam 
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iniciativas assistenciais e organizacionais objetivando opor-se ao sindicalismo 
independente de inspiração anarco-sindicalista. Na imprensa operária autônoma, 
são comuns as críticas à posição patronal e divisionista desses movimentos, cujos 
aderentes e mentores são ironicamente denominados de amarelos e urubus. 
Entretanto, o que se poderia interpretar como protoformas do Serviço Social, 
como é hoje considerado, tem seu fundamento nas obras e instituições que come-
çam a originar-se posteriormente, ao final da Primeira Guerra.
Marca esse momento, no contexto externo, a origem da primeira nação 
socialista e a efervescência do movimento popular operário em todo o conti-
nente Europeu. O Tratado de Versalhes busca estatuir a nível internacional uma 
política social inédita mais compreensiva no tocante à classe operária. É ainda 
o momento em que surgem e se intensificam na Europa as escolas de Serviço 
Social. No âmbito interno, como visto, os intensos movimentos operários de 1917 
a 1921 tornaram patente para a sociedade a existência da “questão social” e da 
necessidade em buscar soluções para resolvê-la, ou então, reduzi-la.
As instituições assistenciais que surgem a partir de então, por exemplo, 
a Associação das Senhoras Brasileiras (1920), no Rio de Janeiro, e a Liga das 
Senhoras Católicas (1923), em São Paulo, possuem uma diferenciação em função 
das atividades tradicionais voltadas à caridade. Desde os primórdios, consti-
tuem obras que envolvem de maneira mais direta e vasta os nomes das famílias 
e compõem a grande burguesia paulista e carioca, e, às vezes, militância de seus 
componentes femininos. Possuem um suporte de recursos e potencial de contra-
tos em termos de Estado que lhes permite o planejamento de obras assistenciais 
de maior envergadura e eficiência técnica.
A origem dessas instituições ocorre dentro da primeira etapa do movimento 
de “reação católica”, da apresentação do pensamento social da Igreja e da cons-
trução das bases organizacionais e doutrinárias do apostolado laico. Objetiva 
não o auxílio aos indigentes, mas, já dentro de uma perspectiva embrionária 
de assistência preventiva, de apostolado social, atender e atenuar determinadas 
consequências do desenvolvimento capitalista, especificamente no que se refere 
aos menores e mulheres. É nessa fase ainda que a inserção da mulher à Força 
de Trabalho urbana deixa de ser privilégio das famílias operárias, acometendo 
também as parcelas da pequena burguesia.
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A criação, em 1922, da Confederação Católica objetiva a centralização polí-
tica e dinâmica dos primeiros embriões do apostolado laico.
As considerações dessas instituições e obras, e de sua centralização, a partir 
da cúpula da hierarquia, não podem ser subestimadas à compreensão da gênese 
do Serviço Social no Brasil. Se sua ação efetiva é extremamente restrita, se seu 
conteúdo é assistencial e paternalista, será mediante seu lento desenvolvimento 
que se criarão as bases materiais e organizacionais, e especificamente humanas, 
que a partir da década seguinte possibilitarão a expansão da Ação Social e a ori-
gem das primeiras escolas de Serviço Social. A Sra. Estela de Faro, por exemplo, 
designada como a grande pioneira do Serviço Social no Rio de Janeiro e figura 
preeminente da Ação Social na década de 1930, é, em 1922 – na qualidade de 
componente de confiança de dom Sebastião Leme –, a primeira coordenadora 
do ramo Feminino da Confederação Católica.
Será, entretanto, a partir do desenvolvimento do Movimento Laico que 
essas iniciativas embrionárias se propagara no compreendidas no interior da 
Ação Social Católica; tomarão aí sua marca característica de apostolado social. 
Dentre elas, se destacarão as instituições voltadas à organização da juventude 
católica para a ação social junto à classe operária e sua extensão a outros setores, 
por meio da Juventude Estudantil Católica, Juventude Independente Católica, 
Juventude Universitária Católica e Juventude Feminina Católica.
O componente humano e o fundamento organizacional que viabilizarão aorigem do Serviço Social se constituirão diante da mescla entre as antigas Obras 
Sociais, as quais se diferenciavam criticamente da caridade tradicional, e os novos 
movimentos de apostolado social, principalmente aqueles voltados à intervenção 
junto ao proletariado, ambos envolvidos no interior da estrutura do Movimento 
Laico, impulsionado e controlado pela hierarquia.
os Scalabrianos tinham como lema uma passagem do evangelho de Ma-
theus “Eu era estrangeiro e me acolheste.” Matheus 25:35
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O CENTRO DE ESTUDOS E AÇÃO SOCIAL DE SÃO PAULO E A 
NECESSIDADE DE UMA FORMAÇÃO TéCNICA ESPECIALIZADA PARA 
A PRESTAÇÃO DE ASSISTêNCIA
O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS), visto como manifesta-
ção original do Serviço Social em nosso país, aparece, em 1932, com o incentivo 
e sob o controle da hierarquia. Surge como condensação da necessidade sentida 
por setores da Ação Social e Ação Católica – principalmente da primeira – de 
tornarem-se cada vez mais concretas e acarretarem maior rendimento às ini-
ciativas e obras realizadas pela filantropia das classes dominantes paulistas sob 
patrocínio da Igreja e de dinamizar a mobilização do laicado.
Seu começo oficial será a partir do “Curso Intensivo de Formação Social 
para Moças”, realizado pelas Cônegas de Santo Agostinho, para o qual fora con-
vidada Mlle. Adèle Loneaux, pertencente à Escola Católica de Serviço Social 
de Bruxelas. Com o final do curso, será realizado um apelo para 
a organização de uma ação social objetivando o bem-estar da 
sociedade. As integrantes do curso, na demons-
tração do 1° relatório do CEAS, 
haviam participado no intuito 
de se orientar, esclarecer ideias, 
formar um julgamento acertado 
acerca dos problemas sociais da atu-
alidade. O grupo constituiu-se por 
jovens formadas em estabelecimentos 
religiosos de ensino, uma represen-
tativa demonstração feminina 
das famílias que compõem as 
diferentes frações das clas-
ses dominantes e setores 
abastados aliados. 
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O objetivo central do CEAS “será o de realizar a formação de seus membros pelo 
estudo da doutrina social da Igreja e pautar sua ação nessa construção doutriná-
ria e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais”, objetivando “tornar 
mais eficiente a realização das trabalhadoras sociais” e “adotar uma orientação 
definida em relação às questões a resolver, favorecendo a coordenação de esfor-
ços espalhados nas inúmeras atividades e obras de caráter social”. (Iamamoto, 
2007, p. 168).
Os registros existentes sobre essa compreensão demonstram que seu núcleo 
organizador partia da consciência de vivenciar uma fase de profundas mudan-
ças políticas e sociais e da necessidade de interferir nesse processo a partir de 
uma perspectiva ideológica e de uma prática homogênea:
As reuniões dessa comissão – de moças católicas que frequentaram o 
curso ministrado por Mlle. de Loneaux – foram o início das atividades 
do CEAS. Tinham se realizado as primeiras durante os meses de maio 
a junho quando a 9 de julho rebentou em São Paulo o movimento pela 
reconstitucionalização do país, que absorveu todas as energias e inicia-
tivas, dirigindo-se para o único fim da vitória de nossa causa (IAMA-
MOTO, 2007, p. 164).
Certamente, não foi hoje que a Paulista aprendeu a se interessar pelos 
destinos políticos de sua terra (...) Se largos anos de paz e prosperida-
de haviam adormecido o interesse feminino pela política do país, ele 
despertou nas horas de sofrimento de São Paulo. E foi em 1932 que a 
mulher resolveu retomar parte ativa e direta na luta que se está travan-
do pelos destinos de nosso Estado e do Brasil. Á causa que abraçou ela 
deu, na guerra, tudo o que podia dar: os seus entes mais caros, toda a 
sua dedicação e atividade, o seu ouro e as suas jóias. Na paz, ela aceitou 
o voto feminino, compreendeu o seu alcance e exerce-o a bem de seu 
ideal. A mulher paulista de hoje conhece o seu dever cívico e sabe cum-
pri-lo ‘para o bem de São Paulo’ (IAMAMOTO, 2007, p. 46).
E no campo da ação social? Também desse lado, largos e novos horizontes se 
abriram, em 1932, para a atividade feminina.
Surge de maneira tão explícita que a origem desse movimento não pode 
ser desvinculada da conjuntura particular de São Paulo, principalmente por-
que ocorre no momento em que as classes dominantes desse Estado se lançam 
no movimento surreal de 1932, buscando reaver o poder local e nacional do 
qual havia sido alijado dois anos antes. E, nessa vertente, se envolve dentro dos 
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movimentos políticos e ideológicos do início da década de 1930, que possui 
como pano de fundo as tentativas de reunificação e a reação a que se lançam os 
antigos grupos dirigentes.
Existe também uma precisão referente ao sentido novo dessa ação social; 
tratar-se-à de intervir claramente junto ao proletariado para afastá-lo de influ-
ências subversivas.
Por que, então, não datar de 1932 uma nova era na atividade social feminina?
É que se até então a generosidade e o espírito cristão das Paulistas as 
impeliram a fundar obras de socorro e assistência para acudir um sem
-número de males, foi apenas em 1932 que as moças residentes em São 
Paulo despertaram interesses pelo estudo metódico da questão social, 
através da ação nos meios operários nela abrangendo o problema do 
trabalho (IAMAMOTO, 2007, p. 48).
Logo no mês seguinte mons. Gastão Leberal Pinto, vigário-geral da ar-
quidiocese, que se achava a par de nossos projetos, aconselhou-nos a 
continuar nossos trabalhos, e a 29 de agosto realizávamos a reunião 
preliminar de fundação do Centro pela leitura do projeto dos estatutos. 
Nessa reunião resolvemos não nos limitar preliminarmente aos estu-
dos, como era nosso propósito, mas começar ao mesmo tempo nossa 
ação, aproveitando a oportunidade que nos ofereciam os serviços de 
assistência da retaguarda em que estávamos quase todas empenhadas, 
para entrar em contato com os meios operários, nesse momento anor-
mal muito trabalhado por elementos subversivos (...) (IAMAMOTO, 
2007, p. 45).
Até dezembro de 1932, o CEAS fundou quatro centros operários onde suas propa-
gandistas, por meio de aulas de tricô e trabalhos manuais, conferências, conselhos 
sobre higiene etc., procuraram interessar e atrair as operárias, e entrar, assim, em 
contato com as classes trabalhadoras, analisando os ambientes e necessidades.
Os referidos Centros ofertavam uma tríplice vantagem e seriam o ponto de 
partida para um desenvolvimento maior (IAMAMOTO; CARVALHO, 2007, 
p. 171):
1° - São campos de observação e de prática para a trabalhadora social, 
que aí completa e aplica os seus estudos teóricos.
2° - São Centros de educação familiar, onde se procura estimular nas 
jovens operárias o amor ao lar e prepará-las para o cumprimento de 
seus deveres nessa missão.
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3° - São núcleos de formação de elites que irão depois agir na massa 
operária. Com esse intuito não somente cuidamos de estimular nessas 
jovens uma fé viva e esclarecida, o sentimento do exato cumprimen-
to do dever, como também despertar-lhes o espírito de apostolado da 
classe pela classe, com a noção das responsabilidades que lhe incum-
bem nesse terreno.
Os Centros Operários são idealizados como uma fase intermediária, e, segundo 
Iamamoto e Carvalho (2007), os organismos transitórios deveriam dar seu lugar 
a associações de classeque nossas elites operárias iriam formar e dirigir, assim 
que estivessem em condições.
Aceitando a idealização de sua classe sobre a vocação natural da mulher para 
as tarefas educativas e caridosas, essa interferência assumia, na opinião desses 
ativistas, a consciência do posto que cabe à mulher na preservação da ordem 
moral e social e o dever de tornarem-se aptas para agir de acordo com as suas 
convicções e suas responsabilidades. Incapazes de promover a ruptura com essas 
representações, o apostolado social possibilita àquelas mulheres, a partir da reti-
ficação daquelas qualidades, uma interação ativa no empreendimento político 
e ideológico de sua classe, e da defesa de seus interesses. De forma paralela, sua 
posição de classe lhes faculta um sentimento de superioridade e proteção em 
relação ao proletariado.
Não somente é justificável a ação feminina social como ainda é indis-
pensável (...). Não tem a mulher, na sociedade a missão de educar? Ima-
ginem a restauração da família sem a cooperação da mulher: a remode-
lação da mentalidade, de hábitos e de costumes que irão depois influir 
na economia e nas leis do país, tem de ser, toda ela, trabalho da mulher, 
em qualquer classe da sociedade (IAMAMOTO; RAUL, 2009, p. 172).
Mas por qual motivo uma associação que importa moças da sociedade se ocu-
paria com questões da classe operária?
Essa iniciativa é também legítima e é explicável: ela se baseia num sen-
timento profundo de justiça social e de caridade cristão, que leva aque-
las que dispõem de facilidade de tempo e de meios a auxiliar as clas-
ses sociais mais fracas a formar as suas elites, para que estas também 
possam cumprir eficientemente seu dever. Elas mostram a essas elites 
como deverão se organizar para defender a Família e a Classe Operária 
contra os ambiciosos e os agitadores que exploram seu trabalho ou a 
sua ignorância (IAMAMOTO; CARVALHO, 1982, 177).
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As atividades dos CEAS se orientarão para a construção técnica especializada de 
quadros para a ação social e a propagação da doutrina social da Igreja. Ao admi-
tir essa orientação, passa a se comportar como dinamizador do apostolado laico 
por meio da organização de associações para moças católicas e para a interven-
ção direta juntamente ao proletariado. Esta última globalizará, teoricamente, 
as demais, na proporção em que se destinam ao mesmo fim. São promovidos 
inúmeros cursos de filosofia, moral, legislação do trabalho, doutrina social, enfer-
magem de emergência etc. 
O ano de 1933 caracteriza uma intensificação dessas atividades: interação na 
Liga Eleitoral Católica por meio de campanhas de alistamento de eleitores e pro-
selitismo, realização da Primeira Semana de Ação Católica, começo da formação 
de quadros da Juventude Feminina Católica constituída mediante aos Centros 
Operários e Círculos de formação para Moças, delegação pela hierarquia da 
representação da Juventude Feminina Católica etc. No ano de 1936, diante dos 
esforços desenvolvidos por esse grupo e o auxílio da hierarquia, é criada a Escola 
de Serviço Social de São Paulo, a primeira desse gênero a existir em nosso país.
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Partindo desse momento, é possível notar que paralelamente à busca inicial por 
quadros habilitados por essa formação técnica especializada, criada da própria 
ação social católica, começa a surgir outro tipo de procura, partindo de certas 
instituições do Estado. Elas serão enxergadas pelos integrantes desse movimento 
enquanto conquistas significativas. Com a demonstração de um memorial ao 
Governo do Estado, obteve (o CEAS) a criação de cargos de fiscais femininos 
para o trabalho de mulheres e menores, no Departamento Estadual do Trabalho. 
No ano de 1937, o CEAS trabalha no Serviço de Proteção aos Imigrantes, 
funcionando dois anos juntamente com a Diretoria de Terras, Colonização e 
Imigração; no ano de 1939, assina o contrato com o Departamento de Serviço 
Social de Estado (SP) para a organização de três Centros Familiares em bair-
ros populares.
No ano de 1935, fora criada a Lei n° 2.497, de 24.12.1935. À referida lei 
competiria:
a. superintender todo o serviço de assistência e proteção social;
b. celebrar, para realizar seu programa, acordos com instituições particula-
res de caridade, assistência e ensino profissional;
c. harmonizar a ação social do Estado, articulando-a com a dos particulares; 
d. distribuir subvenções e matricular as instituições particulares realizando 
seu cadastramento.
Caberia ainda a estruturação de Serviços Sociais de Menores, Desvalidos, 
Trabalhadores e Egressos de Reformatórios, penitenciárias e hospitais e da 
Consultoria Jurídica do Serviço Social. A maior parte dos artigos da mencio-
nada lei dedica-se à assistência do menor e aos requisitos essenciais para a sua 
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No ano de 1938, será organizada a Seção de Assistência Social, tendo como 
objetivo realizar o conjunto de funções necessárias ao reajustamento de certos 
indivíduos ou grupos às condições normais de vida, e organiza para isso o Serviço 
Social dos Casos Individuais, a Orientação Técnica das Obras Sociais, o Setor de 
Investigação e Estatística e o Fichário Central de Obras e Necessitados. A meto-
dologia central a ser aplicada é definida como sendo o Serviço Social de Casos 
Individuais, devendo-se estimular o necessitado, interagindo-o ativamente em 
todos os projetos relacionados com seu tratamento, e usar todos os componentes 
do meio social que possam de alguma forma influenciá-lo no sentido desejado, 
auxiliando sua readaptação, proporcionando uma ajuda material diminuindo ao 
mínimo indispensável com a finalidade de não prejudicar o tratamento.
Ainda nesse mesmo período, o Departamento sofre uma transformação de 
siglas, passando a chamar-se Departamento de Serviço Social.
O Estado perpassa o marco de sua primeira área de intervenção para superin-
tender a gestão da assistência social. Assim, procurará racionalizar a assistência, 
fortalecendo e enfatizando sua participação própria e controlando as iniciati-
vas particulares. Estas tenderão a se tornar ainda mais dependentes e destinadas 
para a busca de serviços por parte do Estado, por meio de convênios etc. De 
forma paralela, figuras de importância, saídas das instituições particulares, serão 
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cooptadas para constituir os quadros técnicos e Conselhos Consultivos das ins-
tituições estatais de coordenação e execução. 
O governo buscará, portanto, subordinar a seu programa de ação as inicia-
tivas particulares no mesmo modo que adota as técnicas e a formação técnica 
especializada desenvolvida a partir daquelas instituições de caráter particular. 
Dessa maneira, a busca por essa formação técnica especializada, crescentemente, 
encontrará no Estado seu setor mais dinâmico, ao mesmo tempo em que passará 
a regulamentá-la e incentivá-la, institucionalizando sua progressiva mudança 
em profissão legitimada no interior da fragmentação social-técnica do trabalho.
Nessa vertente, quando em 1936 é criada pelo CEAS a primeira Escola de 
Serviço Social, esta não pode ser considerada como resultado de uma iniciativa 
exclusiva do Movimento Católico Laico, uma vez que já se faz presente uma 
procura – real ou potencial – a partir do Estado, que assimilará a formação dou-
trinária própria do apostolado social.
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