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O AVC é a tradução de uma emergência neurológica. Embora não seja a causa mais frequente de queixa neurológica, a principal é cefaleia, em segundo lugar talvez as crises convulsivas. O avc é bastante frequente também porque eu posso ter uma cefaleia e ter um avc, eu posso ter uma crise convulsiva e ser um sintoma de avc. Então é uma das aulas mais importantes da emergência neurológica. O que precisamos terminar essa aula sabendo é: • Como identificar um AVC • Reconhecer e diferenciar um AIT (ataque isquêmico transitório) • Manejar um paciente em fase AGUDA • Saber orientar e assegurar o início da prevenção secundária INTRODUÇÃO: Para termos dimensão do problema 1 a cada 6 pessoas no mundo ou tiveram ou vão ter AVC. Até 2019 o AVC era a 2ª maior causa de mortalidade no Brasil. O AVC ou mata ou deixa sequelas, doença com alta mortalidade e alta morbidade. QUANDO SUSPEITAR DE AVC: • Déficit neurológico focal • Início súbito, abrupto • Duração maior que 24h • Fatores de risco cardiovascular Todo déficit neurológico focal de início súbito = essa é a nossa palavrinha mágica!!! O que é isso? Paciente dormiu bem, uma hora do dia estava muito bem, e do nada em questão de minutos ou segundos ele tem um déficit, tem um sintoma, um sinal neurológico e mantém. Isso é a história natural de um avc. O AVC ele pode dar qualquer sinal ou sintoma neurológico focal, tudo é possível, porém nem tudo é provável. A gente sabe que tem umas síndromes prováveis de estarem associadas ao AVC, quais são elas: • Eu preciso ter um déficit que dura mais de 24h, porque senão isso aqui vai virar uma aura que é a mesma coisa e dura menos de 24h e sabemos que a aura está associada com a enxaqueca e algumas formas de epilepsia. • Então se um déficit neurológico dura mais de 24h isso já não é aura, inclusive essa questão de durar mais de 24h já vai ajudar a gente a diferenciar de um ataque transitório isquêmico (AIT) 1 • E pode pesquisar porque o paciente vai ter um fator de risco cardiovascular: uma HAS, um tabagismo, sedentarismo, hipercolesterolemia, DM. O que é ruim pro coração também é ruim pro cérebro. SCREENING – TRIAGEM Usamos o mnemônico SAMU: SORRIR ABRAÇO MENSAGEM URGENTE Sorrir: você pede paciente e ver se ele consegue sorrir. Se o sorriso ou a boca entortar para um dos lados pode ser AVC Abraço: você pede o paciente para esticar os braços para frente e manter ele contra a gravidade. Se a pessoa tiver dificuldade para esticar levantar um dos braços ou após se levantar um deles cair isso pode ser um AVC. Mensagem: você pede pro paciente falar alguma coisa, cantar, repetir uma frase ou mensagem. Se a pessoa não compreender ou não conseguir repetir a frase ou mensagem isso pode ser AVC. Urgente: se você vê que a pessoa não consegue sorrir, a boca está torta, tem apagamento do sulco nasolabial e se for início súbito tem que pensar em AVC. Paciente com uma fraqueza muscular motora de início súbito principalmente se for dimidiada (na metade direita ou esquerda do corpo) eu tenho que pensar no AVC. Paciente que teve uma alteração da linguagem súbita, uma afasia ou disartria, tem que suspeitar de AVC. Em qualquer uma dessas situações em que há suspeita, chamar imediatamente o SAMU ou levar o paciente rapidamente ao hospital porque é uma emergência médica. QUADRO CLÍNICO: CENÁRIOS MAIS TÍPICOS: Lembrar que todo sintoma neurológico é possível, mas nem tudo é provável. A diferença é que provável eu posso associar mais com AVC. As síndromes neurológicas mais associadas, que eu posso dar quase 100% de certeza que é um AVC são: • Início de uma síndrome motora dimidiada: uma hemiplegia ou hemiparesia de início súbito. • Paciente que tem fator de risco cardiovascular e esse déficit neurológico está se sustentando, está durando, tenho que pensar em AVC. “Ahh, mas esse AVC é hemorrágico ou isquêmico Chan?” nessa altura do campeonato aqui isso não importa, na verdade, inclusive, essa diferenciação de AVC hemorrágico ou isquêmico vai se dar pela TC de crânio. • TC DE CRÂNIO É MANDATÓRIA NESSES CASOS. • Paciente tem uma alteração súbita de perda de sensibilidade na metade do corpo ou então formigamento na metade do corpo de início súbito e está se mantendo, não é aquela parestesia que vai e volta não, é uma dormência sustentada e na metade do corpo, eu tenho que pensar em AVC • Então pode acontecer uma síndrome motora, uma síndrome sensitiva e a terceira síndrome muito associada ao AVC é hemianopsia homônima • Hemianopsia Homônima: uma perda do campo visual nos dois olhos, sendo que o campo visual perdido é o mesmo de um lado e o mesmo do outro. Por exemplo nesse caso aqui do lado, esses círculos são dois olhos, ele tem ali um borrão e não consegue enxergar na metade à direita, ou seja, é uma hemianopsia homônima à direita. A clínica do paciente é essa, paciente provavelmente deve ter um AVC isquêmico ou hemorrágico no lobo occiptal esquerdo, sendo que a queixa e clínica é no campo visual direito em ambos os olhos. • Alterações súbitas da linguagem: principalmente afasia, tanto sensitiva quanto motora, ou mesmo disartria por conta da paralisia facial do tipo central o paciente pode ficar disártrico e não movimenta bem a boca então algumas palavras ele vai articular com uma certa dificuldade; • Essas síndromes acima são as mais prováveis de encontrarmos no AVC. Então qualquer uma dessas síndromes se chegarem pra você na emergência você não pode liberar o paciente sem uma TC de Crânio. CENÁRIOS MENOS TÍPICOS: Síndromes um pouco mais improváveis, mas que podem estar associadas com AVC também: • Início súbito de Ataxia e incoordenação motora, posso pensar em um AVC no cerebelo • Síndromes de tronco: lembrar que um AVC de tronco cerebral. O AVC geralmente é unilateral, ou ele dá do lado direito ou ele dá do lado esquerdo e se eu tenho um AVC no tronco ou na ponte. • Se eu tiver um AVC ali na ponte (vermelho) acontece uma paralisia do nervo facial ou vestibulococlear do lado acometido no caso aqui da imagem é o lado direito. Então vai ter uma paralisia de um nervo craniano à direita e vai perder a força do braço e da perna à esquerda, chamamosisso de uma síndrome cruzada ou síndrome alterna. As síndromes alternas são decorrentes de alguma lesão unilateral do meu tronco cerebral. Lembrando da semiologia, temos: ✓ Síndrome de Weber: que eu tenho a paralisia do nervo oculomotor de um lado e paralisia de braço e perna contralateral ✓ Sd de Millard-Gubler: paralisia facial de um lado e braço e perna contralateral ✓ Sd de Dejerine: paciente tem uma sd sensitiva com alterações do VIII par craniano, vai ter ataxia, sinais de “labirintite” ele vai ter vertigem. • Uma terceira coisa que pode acontecer é rebaixamento do nível de consciência, principalmente naquele paciente que teve um quadro súbito e tem fator de risco cardiovascular, tem que pensar em AVC • Outra coisa é Cefaléia aquela de início súbito e muito intensa, e se paciente tem fator de risco cardiovascular tem que pensar em AVC. 💣 Só um parêntese aqui: a maioria dos AVCs isquêmicos eles não dão rebaixamento do nível de consciência e não dão cefaleia. 💣 Quem dá muita cefaleia e rebaixamento do nível de consciência é o AVC hemorrágico. 💣 Pro AVC isquêmico dar esses sintomas, tem que ser uma AVC muito extenso que chamamos de infarto maligno da artéria cerebral média e faz muito edema e por conta desse edema intenso o paciente vai acabar tendo uma hipertensão intracraniana e aí pode causar cefaleia e rebaixamento do nível de consciência. E aí lembramos da 1ª aula de quando falamos em coma, que quando tem uma lesão muito extensa, faz aquela compressão e ai eu posso ter umalesão alta/supratentorial causando rebaixamento do nível de consciência • Então gente ditado: “Nem tudo que reluz é ouro” O AVC pode dar qualquer sintoma, mas nem todo sintoma é provável. NÃO DEVEM SER CONSIDERADOS SINTOMAS DE AVC: • Fraqueza generalizada, astenia generalizada: não pensar em AVC, o AVC ele da perda de força unilateral, dimidiada, ele não dá o quadro de uma tetraparesia ou tetraplegia. • Sensação de cabeça oca, tonturas inespecíficas: talvez isso esteja relacionado com algum problema cardíaco ou hipotensão, ansiedade, mas só com esse sintoma eu não posso pensar em AVC. Mas se eu tiver essa sensação de cabeça oca + alguma síndrome que eu mostrei pra vocês, aí sim eu posso pensar em AVC. • Confusão, amnésia, sonolência: e o paciente não tem nenhum deficit neurologico focal, exame neurológico do paciente é normal (sem sinal de irritação meníngea, a força dele não tem nenhuma alteração) então isso aqui não deve sr um AVC, pode ser um delirium, talvez seja um TCE, tem que ver e pesquisar outra coisa, uma metástase cerebral. Esses sintomas isolados não representam o AVC. • Síncope: primeiro de tudo, síncope é uma questão mais cardiovascular e hipotensora, eu não posso pensar que todo mundo que desmaia é um AVC. • Incontinência de esfíncteres • Queda sem motivo aparente (drop attack) O QUE CONFUNDE MUITO COM AVC NA EMERGÊNCIA? ⮲ Então regra mneumônica = H E M I • H – Hipoglicemia: mantra do chan = toda hipoglicemia pode dar todo sinal/sintoma neurológico na emergência, sempre aferir a glicose sérica ou HGT desse paciente. • E – Epilepsia: as vezes o paciente tem crise convulsiva e quando ele vai recobrar a consciência, quando ele já está acordado inclusive, ele pode ter a Paralisia Todd e está associado a crises focais, as vezes acorda sem movimento do braço e perna e o que vai diferenciar é que o paciente tem histórico de epilepsia ou crises convulsivas prévias. • M – Migrânea com aura / Esclerose multipla: paciente com enxaqueca com aura, existe aura hemiplégica ou as vezes uma aura vertiginosa, pode simular alguns sinais focais e depois melhora, essa aura não costuma passar de 24h. Esclerose multipla é um outro diagnóstico importante. • I – Infecções intracranianas / Tumor intracraniano: tumor intracraniano geralmente tem uma historia progressiva e insidiosa, ele pode simular um AVC assim: as vezes o paciente já tem um déficit motor mínimo que ele tem percebeu direito e que está piorando com a correria do dia-a-dia sem ele perceber e de repente esse tumor sangra e com isso faz uma piora muito importante no quadro dele e aí pode achar que isso é um AVC. TRIAGEM: Sempre que você está na suspeita nem que não faça uma anamnese e exame físico legais, pede pro paciente sorrir e vê se ele tem assimetria dos lábios e da face, pede pro paciente apertar a sua mão, veja se ele tem força motora nos braços e nas pernas, pede pro paciente cantar, falar alguma coisa pra ver se ele tem alguma alteração na linguagem, alguma disartria. Fazer aquele mneumônico SAMU. Pode fazer também a Escala Fast: • F: FACE – ver se tem paralisia facial • A: ARM – ver se tem fraqueza nos braços • S: SPEECH – ver se tem dificuldade pra falar • T: TIME – horário do ínicio dos sintomas Paciente que tem déficit neurológico súbito eu preciso saber o horário do início desses sintomas pra saber se eu vou trombolisar o paciente ou não. FATORES DE RISCO: ✓ HAS ✓ DM ✓ Dislipidemia ✓ Tabagismo ✓ FA ✓ Cardiopatias isquêmicas ✓ Trombofilias – ACO ✓ AIT ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO (AIT) O AIT é a mesma coisa que o AVC? NÃO. O AIT é um precursor, um aviso, um sinal e se você não agir e não mudar o curso desse paciente, os hábitos, as medicações, esse paciente vai desenvolver o AVC. “Imagina que o AIT é um aviso pro paciente: - olha você teve isso ai fraquinho e melhorou, foi uma ameaça mas se você não mudar sua vida você vai ter um AVC.” O AIT é um êmbolo que se instalou e o corpo conseguiu dissolver esse trombo por algum motivo ele foi desfeito então ele não vira um AVC. O neurônio consegue ficar até mais ou menos 6h sem oxigênio. Então tá lá instalou o êmbolo, começou os sintomas, eu tenho a isquemia neuronal mas eu não tenho ainda a necrose. Se meu corpo conseguir ir lá e tirar esse embolo/trombo, beleza, vai voltar a circulação e o neurônio vai voltar a funcionar, não vai morrer, quando tem só isquemia o neurônio só para de funcionar, ele se mantém vivo ainda e não morre, o neurônio só morre quando tem necrose. Então todo deficit neurológico que iniciou subitamente e durou no maximo 24h eu vou considerar um AIT. Aquelas síndromes que falamos ali em cima que estão associadas com o AVC, aqui é a mesma situação, algumas síndromes são mais provaveis de acontecer (nem tudo que reluz é ouro) Outra coisa importante é obrigatório que eu tenha ausência de lesões isquêmicas novas no exame de neuroimagem (de preferência RM). Mas o que acontece é que as vezes na emergencia só tem TC não tem RM. Na RM na sequencia de difusão eu consigo detectar se o paciente teve uma lesão uma necrose ou não. O problema é que a gente faz TC na emergência e a TC nas primeiras 48h pode vir normal mesmo sendo AVC. Imagina o paciente tendo AVC que é aquele déficit neurológico que falamos mantido, sustentado, e ai você faz a TC e ela vem normal isso é AIT? NÃO, porque ele ainda está com déficit então não posso considerar AIT. No AIT o paciente tem que ter tido a resolução, ele precisa estar assintomático. “Chan por que eu não posso basear só na clínica nesses casos? Vamos ver agora no caso:” Caso Clínico: Chega um homem no PS com uma paralisia do rosto, braço e perna direita, isso durou 2h e ai ele chega na emergencia bem. Você faz um TC dele e veio normal, você está em um hospital de ponta e quer ver se é um AVC e pede uma RM de crânio e na RM da pra ver uma lesão na difusão, porém o paciente está na minha frente e não está tendo nada. Isso é um AIT ou é um AVC? Ele teve um AVC. • Mas por que ele melhorou? Existe o que nós chamamos de AVC minor, que é um AVC lacunar bem pequeno e leve, ele pode ter feito isquemia mas o sintoma motor dele conseguiu recuperar por neuronios da vizinhança (neuroplasticidade) isso pode acontecer, só que ele teve a isquemia, teve a necrose, bem pequena mas ele conseguiu reverter com a neuroplasticidade. DICA: Em geral a maioria dos AIT (90%) melhoram em até 60 minutos, mas o critério é até 24h. Quando você ver que esse déficit está se mantendo um pouco mais, é mais provável que seja um AVC A importância do AIT é que se eu não tratar esse paciente ele vai ter uma chance de ter um AVC GRAVE de 30-40% nas próximas 48h, 20% no próximo mês, 15% nos próximos 90 dias. Logo, é mais frequente ter esse AVC nos primeiros dias e 3 primeiros meses depois do AIT. E ai o que eu faço? CONDUTA AGRESSIVA. Controlar bem a PA do paciente, passar um AAS, passar uma sinvastatina ou outra coisa para controlar o colesterol mesmo que o paciente não tenha dislipidemia, nós damos uma estatina na fase aguda porque ela tem controle anti-inflamatório no vaso mesmo paciente não tem dislipidemia. O paciente teve um déficit neurológico súbito, tem fator de risco cardiovascular, e ai ele melhorou em 59 minutos, vocÊ fez a TC e RM e ambas vieram normais. Interno ou não esse paciente? Vamos fazer o score ABCD2 que consegue dizer com uma boa segurança se o AIT que você está avaliando ele tem uma alta chance de virar um AVC ou não. SCORE ABCD2 • A – AGE > 60 anos ganha 1 ponto • B – BLOOD PRESSURE > 140x90 mmHg ganha 1 ponto • C – CLINICAL: déficit motor com ou sem afasia ganha 2 pontos ou então se for só déficit de linguagem afasia ganha 1 ponto ☞ Então se tem deficit motor com ou sem alteração dalinguagem não importa eu vou dar 2 pontos ☞ Se ele só tiver afasia eu vou dar 1 ponto, não soma esse 1 ponto com os 2 do deficit motor não ☞ se o paciente chegou na emergencia com uma hemianopsia (alteração do campo visual) e tá movimentando bem os braços, não tem alteração sensitiva no corpo, ele está falando bem, está respondendo então pra ele eu vou dar 0 ☞ Esse critério só leva em consideração se o paciente tem alteração da linguagem ou se tem deficit motor. • D – DURATION: ☞ se durou abaixo de 10 minutos vou dar 0 pontos ☞ entre 10-59 minutos: ganha 1 ponto ☞ se durou 60 minutos ou mais: ganha 2 pontos • D – Diabetes Mellitus (1 ponto) Entre 0-3 pontos talvez nem seja um AVC, esse paciente eu posso mandar embora pra casa, eu vou pesquisar o AIT, previnir o AVC, mas eu posso mandar ele pra casa com medicações e pedido de exames para tratar ambulatorialmente. Se esse paciente tem entre 4-5 pontos eu vou segurar esse paciente por 24-48h na emergencia. Se ele passar mal você já tá lá pra trombolisar. Se tem 6-7 pontos = INTERNAR! Pedir os exames o mais rápido possível: ecg + doopler de carótidas e vertebrais, tudo bem rápido porque ele tem altissima chance de nos proximos dias e talvez até na proxima hora de ter um AVC. ⮲ Escala NIH para AVC (passou rápido slide nem explicou muito) ✓ Basicamente é um exame neurológico completo. Não somos obrigados a sabermos essa escala. Só comentou que existe. Quanto menor a pontuação melhor o quadro clínico. Quanto maior a pontuação pior o quadro clínico. CONDUTA • Independente se for um AVC ou um AIT, eu vou estabilizar o paciente. • Emergência = sinais vitais é o mais importante, vou fazer o ABC da vida. Vou ver vias aéreas, se ele está respirando, se tem algo obstruindo. Vou ver a PA. • Já vou pegar um acesso venoso e deixar ele hidratando, vou monitorizar esse paciente • Vou fazer um exame neurológico rápido e optimizado, já vai direto ao ponto • SEMPRE pesquisar se esse paciente tem HIPOGLICEMIA, até antes de pedir uma TC faz o HGT • Laboratório: peço porque dependendo do resultado vou trombolisar ✓ Hemograma ✓ Eletrólitos ✓ Coagulograma ✓ VHS ✓ Glicemia ✓ Enzimas Cardíacas ✓ Ureia e Creatinina ✓ TGO, TGP, FA e GGT 💣 INR alto: não vou trombolisar o paciente porque ele pode sangrar. O grande problema é esse paciente sangrar. Então eu peço os exames e verifico. • ECG: não é incomum um AVC estar associado ou ser derivado de um IAM subclínico. As vezes o paciente infartou 1 dia ou 1 hora antes e ai depois paciente faz AVC. Como tem fator de risco cardiovascular e o que é ruim pro coração é ruim pro cérebro, um eletro sempre é bom pedir. AVC= TC DE CRÂNIO SEM CONTRASTE (EMERGENCIA) Pode ter uma TC normal ou então uma hipodensidade no território vascular. No caso da 1ª imagem vemos hipodensidade no territorio da arteria cerebral média, temos também edema até rechaçando um pouco pro ventriculo Na 2ª imagem vemos um AVC isquemico grave, que tem praticamente toda a cerebral média afetada e com muita hipertensão intracraniana, as vezes tem até que pedir pra um neurocirugião para fazer uma craniectomia tirar todo o osso pro cérebro respirar e ai ele vai voltar no lugar, porque não tem mais o efeito sólido ali da parede do crânio. Mas isso não é rotina. AVC ISQUÊMICO ATÉ 4,5h = TROMBÓLISE! O ideal é até 6h, mas assim, com margem de segurança até 4h e meia eu posso ter uma isquemia, os neurônios param de funcionar, mas eles ainda não viram necrose. Quando passa desse tempo e eu não faço nada, eles vão necrosar. Então a trombólise age nisso, eu vou tentar dissolver esse coágulo. Essa imagem do lado é pra mostrar que quanto mais tempo demora, maior é área necrosada. O laranja é a necrose. No AVCi quanto mais rápido você agir, melhor pro pct. De 4,5h até 6h eu vou pedir um RM de crânio de difusão e perfusão pra ver a área lesionada e a necrose e colocar essas imagens sobrepostas e ver se tem uma incongruência das áreas, se tiver incongruência das áreas ainda tem cérebro pra salvar, mas isso é só pra quem tem entre 4h e meia e 6h. Para prova o que o médico precisa saber é que até 4h e meia do inicio dos sintomas eu consigo fazer trombólise. ⮲ Dúvida de aluna: Se eu recebo um paciente com AVC, faço a TC e nada aparece, já posso descartar AVC hemorrágico e trombolisar? Sim! Se você tiver uma RM melhor ainda. Se você viu sangue, não vai trombolisar. MEDICAÇÃO (não vai cobrar a dose mas tem que saber o nome): ⮲ ALTEPLASE = RT-PA (Actylise é o nome comercial), 1 ampola = 50mg ⮲ Não serve estreptoquinase! ⮲ Dose 0,9mg/kg (máximo 100mg) ⮲ Injetar 10% da dose EV em até 1 minuto e o restante em BI em 60 minutos TROMBOLÍTICOS PARA AVC: A cada 7 pacientes com AVC tratados dentro das 3 primeiras horas é possivel evitar 1 morte, podemos comparar com os pacientes trombolisados com IAM que a cada 33 pacientes trombolisados no IAM é possível evitar 1 morte. Logo é uma conduta bem eficaz. CRITÉRIO DE INCLUSÃO DA TROMBÓLISE: ⮲ AVC isquemico: fez a TC e sangramento está descartado ⮲ Inicio dos sintomas até 4h e meia ⮲ Tem que ter Idade acima de 18 anos: criança/jovem pode ter avc e a principal causa é anemia falciforme. Um paciente em fase aguda, vamos supor que eu sei que o problema dele começou há 1, 2h atrás, ele estava bem até 10h da manhã e quando foi 10:30h começou a ter esse problema, então 10:30 é meu inicio subito. Agora se o paciente dorme bem por volta de 23h da noite, dormiu sem problema nenhum e acorda no dia seguinte 7h da manhã com déficit = gente ai não da pra fazer trombólise porque eu não sei quando foi o início desse déficit, eu vou considerar a hora da ultima vez que o paciente foi visto bem que no caso era 23h da noite passada. A grande maioria dos AVCs são assim, o pct dorme bem e acorda com deficit. CRITERIOS DE EXCLUSÃO (não entrou em detalhes, deu a tabela que é o risco do paciente sangrar) AVC hemorrágico tem pior prognóstico, então se paciente tem risco de sangrar eu não faço trombolítico. MANEJO PÓS TROMBÓLISE: • Colocar o paciente no CTI • Escala de coma de Glasgow de 30/30 minutos nas primeiras 6h e depois de hora/hora até 24h, ficar igual babá porque se ele rebaixar, eu vou suspeitar de uma hemorragia e ai tem que fazer uma nova TC de cranio e vou precisar talvez de um banco de sangue ali • Controlar HAS para abaixo de 180/105mmHg, mais alto que isso pode dar algum sangramento • Glicemia < 140 mg/dL • Não realizar cateterização venosa central por 24h • Não passar sonsa naso-enteral por 24h • Não passar sonda vesical até 1h após infusão ⮲ Se você fez essas coisas antes de trombolisar não tem problema, o ideal é fazer antes mesmo, agora se você trombolisou pra depois fazer = não faz mais • Iniciar AAS (ou AAS+Clopidogrel) 24h após a trombólise • Iniciar Sinvastatina ou Artovastatina após 24h • Se necessidade de anticoagulação aguardar 7 dias. Mas agora na realidade nem todo hospital tem o protocolo para trombólise porque eu preciso de ter um neurologista, preciso de neurocirurgiao porque as vezes faz hematoma, sangramento extenso, preciso de ter vagas no CTI especializadas pra isso, preciso ter banco de sangue, preciso ter plaqueta, plasma fresco. Então gente não é fácil e não é todo hospital que tem protocolo de AVC. REALIDADE: SEM TROMBÓLISE • É o que acontece no SUS e na maioria dos hospitais. Não vamos trombolisar esse paciente, trombolise é muito bonitinho é bom pra saber principalmente pra prova de concurso/residência. • A nossa realidade é cuidar do paciente sem fazer trombólise • Vamos monitorar o paciente • Não vamos mexer na PA até 220/120 mmHg porque o paciente precisa dessa pressão um pouco mais alta para vencerhipertensão intracraniana, então se você abaixar essa pressão o paciente pode piorar. • Se PA > 220/120 mmHg, vou usar Metroprolol, esmolol ou labetalol (é a melhor medicação mas não tem no brasil) que são beta bloqueadores venosos para abaixar e se você não tiver disponivel pode fazer nitroprussiato de sódio só que o problema é que as vezes o nitroprussiato abaixa muito rápido a pressão e o paciente pode ter um vasoespasmo de rebote. • Não vamos mexer nessa pressão na fase aguda se ela tiver até 220/120, essa fase aguda corresponde as primeiras 24h. • Evitar febre e dor: prescrever dipirona se ele tiver com dor • Glicemia manter entre 70-140 mg/dL, não pode estar nem hipo nem hiperglicemico, quanto maior o estado hiperglicemico você força o cérebro a gastar mais O2 porque aumenta o metabolismo cerebral e nesse momento não queremos isso • Iniciar AAS (100 – 300 mg/dia dose única): o chan faz 3 comprimidos AAS infantil 100mg VO no 1º dia, no 2º toma só 1 cp e depois toma 1 cp o resto da vida. Chan disse que ainda associa clopidogrel que é antiagregante plaquetário (mas não é obrigatório, nem protocolo) • Iniciar Antidislipidêmico (Artovastatina ou Sinvastatina): dar preferencia para artovastatina • Há indicação de Anticoagulação? ⮲ Não faz anticoagulação para tratar o AVC e sim pra tratar outra coisa. ⮲ Indicação é se o paciente tiver Fibrilação Atrial você pede ECG, ECO (de preferencia transesofágico) e doopler de carótidas e vertebrais e se em algum desses exames comprovar FA não vai fazer AAS e vai fazer a anticoagulação ⮲ Se acamado: Heparina 5000 UI de 12/12h (previnir TVP) – evitar escaras. • Dieta Zero nos primeiros dias e pedir avaliação da Fisioterapia e Fonoaudiologia pra ver se o paciente pode deglutir PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: Paciente internou agora, mas ai você já deixa pedido esses exames abaixo: • ECG ou Holter (Holter é melhor) • Ecocardiograma (preferência pelo transesofagiano porque vê o arco da aorta que pode ser fonte de êmbolos) • Ecodoopler de carótidas e vertebrais Até que porcentagem de obstrução da carótida eu vou mandar esse paciente para a arteriotomia? ⮲ Até 50% não faço nada ⮲ Entre 51 até 69%: pondera os riscos e beneficios ⮲ Acima de 70%: sempre operar a carótida sintomática que é a carótida do lado que teve o AVC, por exemplo, se o pct teve uma hemiplegia a direita eu suponho que a carótida obstruída é a esquerda. Se eu tenho uma obstrução na carótida assintomática, ou seja, que não é a do quadro clínico, eu não tenho que mexer em nada, não fazemos arteriotomia. ⮲ Se obstrui 100% não adianta desobstruir que não vai ter ganho nenhum.
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