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Urgência e Emergência I Trombose Venosa Profunda ❖ Caracteriza-se uma TVP pelo acometimento de uma única perna e início súbito, além da presença de tabagismo como fator de risco. Dentre suas principais causas envolvem fatores que ativam a tríade de virchow, como policitemia (induzida pelo tabagismo), neoplasia (síndrome paraneoplasica) e hipercoagulabilidade. ❖ Ao exame físico, deve-se fazer inspeção dos membros inferiores (observa-se edema, cianose) e palpação de pele e pulsos (edema, empastamento e presença de pulsos). ❖ Sinal da Bandeira: empastamento da panturrilha (não mexe). ❖ Sinal de Bancroft: dor a palpação da panturrilha. ❖ Sinal de Hommans: dor na panturrilha a dorsiflexão do pé. ❖ Sinal de Pratt: formação de rede venosa colateral pré-tibial. PROBABILIDADE DE TVP ❖ Determinada pelo cálculo do Escore de Wells para TVP, onde cada item abaixo presente soma 1 ponto para o paciente e a presença de um “diagnóstico alternativo mais provável que TVP” retira 2 pontos do total. ✓ Imobilização recente; ✓ Cirurgia grande recente; ✓ Edema em toda a perna; ✓ Circunferência da panturrilha afetada 3cm maior que a outra; ✓ Edema mole (Godet +); ✓ Veias colaterais presentes; ✓ Dor profunda em membro afetado (aumento da sensibilidade do sistema venoso profundo); ✓ Câncer ativo ou recente nos últimos 6 meses. ❖ Alta probabilidade: 3 a 8 pontos, solicitando-se um doppler venoso de MMII para confirmação. ❖ Moderada probabilidade: 1 a 2 pontos, solicitando um D-dímero para excluir TVP. ❖ Baixa probabilidade: -2 a 0 pontos, solicitando um D-dímero para excluir TVP. DIAGNÓSTICO ❖ O diagnóstico é feito com a realização de um USG Doppler venoso de MMII, que indicará a presença de trombo da circulação venosa profunda. ❖ Deve-se solicitar coagulograma (para descartar alterações plaquetárias, TTPA e TAP - quanto maior, maior a chance de o paciente sangrar) e HMG (hematócrito e hemoglobina - policitemia pode levar a formação de trombos, quadro comum em tabagistas e DPOCiticos). TRATAMENTO ❖ Indica-se a elevação dos MMII em 60° (melhora a dor e o edema), uso de meias elásticas (se não houver lesão de pele) e analgésicos. Como opção medicamentosa, opta-se pela heparina de baixo peso molecular (Clexane/enoxaparina - inibe fator Xa) 1 - 2mg/kg/dia via subcutânea 1x/dia ou de 12/12h, sempre fazendo rodízio de aplicação pelo risco de fibrose do subcutâneo. Ainda, pôde-se optar pela heparina não fracionada, pois não altera o TTPA, podendo ser indicada via SC ou EV. ❖ A Varfarina é indicada após 12h da última dose de heparina, sendo um antagonista de vitamina K (formação dos fatores 2, 7, 9 e 10). Sua dose indicada é de 5mg/dia, devendo ser feito o acompanhamento com TAP e INR (VR: 2 a 3), para avaliar o grau de anticoagulação, após 36h da primeira dose, repetindo a cada 2 dias para manutenção da dose. Ao atingir a dose ideal por 2 dias consecutivos, suspende-se a enoxaparina. O acompanhamento é ambulatorial a cada 15 dias e depois mensal. ❖ Deve-se orientar o paciente a não ingerir muitas folhas verdes (pois são ricos em vitamina K e diminuem a ação da varfarina). Medicamentos AINES e AAS podem aumentar a ação da varfarina. ❖ Na ocorrência de evento hemorrágico, deve-se suspender a varfarina e administrar seu antídoto, vitamina K, de forma EV. Hemorragias de heparina de baixo peso são tratadas com suspensão da medicação, plasma fresco congelado e reposição de fator X. ❖ Outro esquema envolve os anticoagulantes de ação direta, como a rivaroxabana VO de forma direta, sem heparina prévia (todos os outros precisam de heparinização por 5 dias). Sua dose é de 15mg de 12/12h por 3 semanas, seguindo com 20mg/dia dose única. ❖ O tempo de anticoagulação depende do local da TVP. Casos proximais (da poplítea para cima - mais grave pelo risco de TEP) devem ser tratados por 6 meses no mínimo. Casos distais (abaixo da veia poplítea) devem ser tratados por 3 meses. ❖ Na necessidade de realizar qualquer cirurgia durante a anticoagulação, deve-se suspender a rivaroxabana e entra com HBPM (pois a reversão do quadro é mais fácil). Suspende se a HBPM 1 dia antes da cirurgia, implanta-se um filtro de veia cava (abaixo das veias renais) e segue-se com a cirurgia eletiva. Após 15 dias, retorna-se a anticoagulação com a rivaroxabana. ❖ Após o término do período de anticoagulação, repete-se o doppler e, não havendo recanalização da veia, continua com as medicações.