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Metabolismo de frutose e galactose VISÃO GERAL Frutose e galactose são metabolizadas, em sua maior parte no fígado, por conversão a intermediários da glicólise METABOLISMO DA FRUTOSE A frutose é um carboidrato monossacarídeo encontrado no organismo humano e na maioria das plantas Sua principal fonte é o dissacarídeo sacarose, que ao ser clivado no intestino, libera frutose e glicose A frutose também é encontrada como monossacarídeo livre em muitas frutas, mel e no xarope de milho (produzido a partir do amido de milho com alta concentração de frutose) Em termos calóricos, a frutose e a sacarose têm o mesmo poder calórico, porém a frutose apresenta um poder adoçante aprox. duas vezes maior que a sacarose A frutose tem sido incorporada nas formulas envolvidas no preparo de frutas enlatadas, geleias, doces em pastas, refrigerantes e etc Pode ser encontrada como rafinose, que é um trissacarídeo, e também com estaquiose, que é um tetrassacarídeo, em algumas leguminosas como a soja, lentilha, ervilha e feijão. - METABOLISMO DA FRUTOSE NO FÍGADO A frutose livre presente em frutos ou formada pela hidrólise da sacarose é metabolizada com maior intensidade no fígado, sendo: • Fosforilada pela frutoquinase, formando frutose-1-P, com o consumo de ATP • A frutose-1-P é clivada pela aldolase B, produzindo diidroxiacetona-P (DHAP) e gliceraldeído • O gliceraldeído é fosforilado pela triose-quinase, formando gliceraldeído-3-P, o qual também é um intermediário da via glicolítica (consumo de ATP) • DHAP e gliceraldeído-3-P são intermediários da via glicolítica e podem entrar diretamente na glicólise ou na gliconeogênese. Essas duas trioses poderão seguir três caminhos distintos, com finalidades diferentes: • Participar da via glicolítica fornecendo piruvato, no qual é convertido em acetil-coA, que pode seguir no ciclo de Krebs (liberando energia) ou ser utilizado na síntese de ácidos graxos (em caso de excesso de Acetil-coA e muito ATP) Obs: excesso de Acetil-coA utilizamos na síntese de gordura (lipogênese) • Ser condensadas até formar a frutose-1,6-fosfato e, a partir dessa, formar glicose ou glicogênio (Gliconeogênese) Obs: principal responsável pela metabolização da frutose é o fígado, devido as afinidades com as enzimas - METABOLISMO DA FRUTOSE EXTRA-HEPÁTICO • No musculo e em outros tecidos, a velocidade do metabolismo da frutose é muito pequena • Isso acontece porque nesses órgãos a enzima responsável pela fosforilação inicial é a hexoquinase que tem uma afinidade muito maior pela glicose do que pela frutose • Assim, a frutose só é fosforilada diante de alta concentração de frutose DOENÇAS ASSOCIADAS AO METABOLISMO ANORMAL DA FRUTOSE - Excesso de frutose pode levar ao excesso de gordura, uma vez que o glicogênio hepático é reposto, os intermediários do metabolismo da frutose são direcionados principalmente para a síntese de triglicerídeos pelo fígado, e seu uso como aditivo alimentar deve ser visto com cautela - Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é uma condição clínica-patológica definida pelo acúmulo anormal de triglicerídeos nos hepatócitos, excedente a 5% do peso do fígado (esteatose hepática não alcóolica) - Entrada excessiva de ácidos graxos no fígado (dieta) ou aumento de triglicerídeos do tecido adiposo - Intolerância hereditária à frutose: tem como defeito enzimático a ausência do aldolase B(fígado), responsável pela clivagem da frutose-1-fosfato Acumulo intracelular de frutose-1-P Depleção(perda) de ATP no fígado Diminuição do nível de fósforo inorgânico Bloqueio da síntese de glicogênio e da gliconeogênese, resultado: hipoglicemia severa Lesão hepática (dano celular grave) Tratamento: retirada rápida da frutose e sacarose da dieta - Frutosúria essencial: é uma condição benigna originada pela deficiência de frutoquinase Devido a deficiência da enzima frutoquinase, a frutose não é fosforilada sendo assim ela deixa o hepatócito e é eliminada pela urina (frutosúria) Tratamento: não é necessário pois não há consequência metabólica pro paciente A frutose não é metabolizada no fígado, mas pode ser metabolizada nos músculos através da enzima hexoquinase ROTA PIOL - Converte glicose em frutose - A glicose pode ser reduzida a seu derivado alcoólico sorbitol pela enzima aldose-redutase, e esse é então oxidado a frutose pela enzima sorbitol-desidrogenase • Vesículas seminais: a frutose é a principal fonte de energia utilizada pelos espermatozoides no liquido seminal • Cristalino: quando a concentração de glicose está elevada no sangue, o sorbitol é sintetizado no cristalino de forma mais rápida do que pode ser removido • O sorbitol em excesso aumenta a pressão osmótica da célula, promovendo a entrada de água nesta, resultando em opacidade do cristalino (catarata) QUESTÕES NORTEADORAS DO METABOLISMO DE FRUTOSE 1. As trioses (gliceraldeído-3-fosfato e di- hidroxiacetona-P) no fígado e frutose-6-P (nos músculos e demais tecidos) 2. Frutoquinase (no fígado) e hexoquinase (nos músculos e demais tecidos) 3. Frutose-1-fosfato aldolase B 4. Triose-quinase 5. Deficiência da enzima aldolase B, resultando no acúmulo intracelular de frutose-1-P, o que causa a depleção de ATP no fígado, diminuição do nível de fosfato inorgânico, diminuição na formação de glicose e glicogênio e interrupção da gliconeogênese que gera a hipoglicemia. METABOLISMO DA GALACTOSE - A galactose é um monossacarídeo que corresponde a metade da lactose, sendo um importante constituinte dos laticínios - A hidrólise da lactose ocorre pela lactase nas microvilosidades intestinais, levando à formação de glicose e galactose - A galactose e a glicose apresentam estruturas parecidas, mas diferem apenas no carbono C4. São epímeros – dois açucares que se diferem apenas na configuração de um carbono - No fígado, a galactose é rapidamente metabolizada pela ação das enzimas: GALM – galactose mutarotase GALK – galactoquinase GALT – galactose-1-fosfato uridiltransferase GALE – UDP-glicose-epimerase - A falta de ação de algumas enzimas nessa via pode gerar a galactosemia - A galactosemia é uma doença hereditária consequente à deficiência ou ausência de uma ou mais das principais enzimas envolvidas no metabolismo da galactose AÇÃO DA ENZIMA GALM A metabolização da galactose em organismo saudáveis, inicia com a epimerização da β-D-galactose a α-D-galactose pela enzima GALM AÇÃO DA GALACTOQUINASE – GALK A Galactoquinase fosforila a galactose, formando Galactose- 1-P. AÇÃO DA GALACTOSE-1-URIDILTRANSFERASE - GALT A galactose-1-P é convertida a UDP-galactose e glicose-1-P Isso corre em uma reação de troca com outro nucleotídeo, a UDP-glicose (difosfato de uridina – atua como o transportador) A UDP-glicose transfere o grupo UDP para a galactose e forma a UDP galactose A glicose, que entregou o grupo UDP, recebe o grupo fosfato da galactose e forma glicose-1-P, que seguem vias diferentes Essa reação de troca é catalisada pela enzima Galactose-1-P- uridiltransferase (GALT). AÇÃO DA UDP-GLICOSE-EPIMERASE GALE A UDP-galactose pode agora ser convertida a UDP-glicose pela enzima UDP-glicose-epimerase GALE (reação reversível), onde pode reiniciar o processo UDP-glicose entra em um ciclo, onde reage com a galactose- 1-fosfato resultando em glicose-1-fosfato e UDP-galactose AÇÃO DA FOSFOGLICOMUTASE A glicose-1-P produzida pode ser convertida a glicose-6-P, a qual é um intermediário da via glicolítica. Essa reação é catalisada pela enzima fosfoglicomutase. O destino da galactose da dieta, como o da frutose, portanto, é paralelo ao da glicose. GALACTOSEMIA - GALACTOSEMIA NÃO CLÁSSICA OU TIPO II Deficiência na galactoquinase GALK Aumento de galactoseno sangue (galactosemia) Aumento de galactose na urina (galactosúria) Pode levar a catarata pela transformação de galactose em galactitol (via rota do poliol) Tratamento: retirada rápida da lactose da dieta Cristalino: Quando a concentração de galactose está elevada no sangue, o galactitol é sintetizado no cristalino de forma mais rápida do que pode ser removido. O galactitol em excesso aumenta a pressão osmótica da célula, promovendo a entrada de água nesta, resultando em opacidade do cristalino (catarata). - GALACTOSEMIA CLÁSSICA OU TIPO 1 Deficiência na galactose-1-P-uridililtransferase (GALT) Acúmulo intracelular de galactose-1-P Aumento de galactose no sangue (galactosemia) Aumento de galactose na urina (galactosúria) Retenção de galactose-1-P leva a depleção de ATP no hepatócito e a lesão hepática, além de retardo mental Tratamento: remoção imediata da galactose (lactose) da dieta - GALACTOSEMIA TIPO III Deficiência na UDP-galactose-epimerase (GALE) Não forma UDP-glicose -> acúmulo de UDP-galactose -> aumento da galactose-1-fosfato -> lesão hepática, icterícia, problemas no SNC (semelhante a galactosemia tipo I) QUESTÕES NORTEADORAS 1. Glicose-6-fosfato 2. Galactoquinase (GALK) 3. Galactose-1-P-uridiltransferase (GALT) 4. UDP-galactose epimerase (GALE) 5. Fosfoglicomutase CASO CLINICO 1. Aldolase B 2. Interrompe o processo de clivagem da frutose-1-P e a produção do gliceraldeído e o di-hidroxiacetona- fosfato 3. Devido ao acúmulo/retenção de frutose-1-P na célula e a falta de frutose na célula, já que a frutose abandona a célula. 4. Retirada de frutose e sacarose da dieta
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