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Higiene do Trabalho – Riscos Biológicos ANA LÚCIA NASCIMENTO OLIVEIRA 1ª Edição Brasília/DF - 2020 Autores Ana Lúcia Nascimento Oliveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4 Introdução ..............................................................................................................................................................................6 Capítulo 1 Introdução aos riscos biológicos ..............................................................................................................................7 1.1 Biossegurança – complexidade e conceituação de risco .........................................................................7 1.2 Medidas de precaução e isolamento ............................................................................................................ 17 Capítulo 2 Medidas de controle .................................................................................................................................................. 24 2.1 Medidas de controle e níveis de biossegurança – EPI ........................................................................... 24 2.2 Medidas de controle e níveis de biossegurança – EPC ......................................................................... 28 Capítulo 3 Gerenciamento de resíduos .................................................................................................................................... 30 3.1 Processos de descontaminação em serviços de saúde: aspectos conceituais, limpeza, desinfecção, esterilização e equipamentos de proteção individual (EPI) ............................................... 31 Capítulo 4 Resíduos de serviços de saúde: resíduos sólidos urbanos, procedimentos para manejo de resíduos de serviços de saúde, plano de gerenciamento de resíduos de saúde e descarte ............ 42 4.1 Resíduos sólidos urbanos e resíduos serviços de saúde ...................................................................... 42 4.2 Gerenciamento do RSS ...................................................................................................................................... 48 Capítulo 5 Níveis de biossegurança .......................................................................................................................................... 51 5.1 Níveis de biossegurança e classificação dos resíduos ........................................................................... 51 5.2 Vigilância em saúde: exames médicos, imunização e controle sorológico..................................... 54 5.3 Legislação brasileira e acidentes ocupacionais com exposição a material biológico ................ 56 Capítulo 6 Norma Regulamentadora 15 .................................................................................................................................. 59 6.1 Atividades e operações insalubres ............................................................................................................... 59 6.2 Atividades e Operações Insalubres – avaliação dos aspectos inerentes aos riscos biológicos .......................................................................................................................................................... 61 Referências .......................................................................................................................................................................... 64 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORGANIzAçãO DO LIVRO DIDáTICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Gotas de Conhecimento Partes pequenas de informações, concisas e claras. Na literatura há outras terminologias para esse termo, como: microlearning, pílulas de conhecimento, cápsulas de conhecimento etc. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Seja bem-vindo à disciplina Higiene do Trabalho – Riscos Biológicos. Nesta disciplina vamos refletir sobre os riscos biológicos relacionados ao trabalho, buscando propiciar um debate e a compreensão destes riscos e dos programas e estratégias para sua prevenção e controle. Nosso estudo será estruturado em três pilares: no primeiro, vamos tratar da introdução aos riscos biológicos, medidas de controle e níveis de biossegurança. O segundo pilar será sobre o gerenciamento de resíduos, em que serão discutidos tópicos como os resíduos de serviços de saúde, assim como seu manejo e descarte adequado. Por fim, no terceiro, trabalharemos os níveis de biossegurança e a Norma Regulamentadora 15. Ao longo dos capítulos, é importante atentar a todos os aspectos discutidos neste livro didático em conjunto com os materiais audiovisuais e as discussões apresentadas. Espera-se que, ao final deste curso, o aluno seja capaz de atingir os objetivos abaixo descritos. Em caso de dúvidas, consulte sempre o professor tutor da disciplina. Bons estudos! Objetivos » Conceituar biossegurança e os temas que ela engloba. » Entender os riscos biológicos, e, em especial, medidas de prevenção. » Compreender a importância das medidas de precaução e isolamento para a redução da transmissão de doenças por agentes infecciosos. » Entender a importância do adequado gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, assim como seu manejo e descarte adequado. » Entender a necessidade do uso de EPI e EPC. 7 Introdução Neste primeiro capítulo, discutiremos alguns conceitos básicos relacionados aos Riscos Biológicos no processo de Saúde e Segurança do Trabalho. Iniciaremos por uma visão geral dos riscos biológicos, medidas de controle, conceito de biossegurança e seus níveis. Serão apresentados pontos como avaliação, classificação e controle dos riscos. Objetivos » Compreender o conceito de riscos biológicose biossegurança. » Conhecer os cuidados necessários para a realização segura das atividades. » Entender a importância do manejo, condicionamento e descarte adequados. 1.1 Biossegurança – complexidade e conceituação de risco Figura 1. Biossegurança. DE PROTOCOLOS BIOSSEGURANÇA Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/biosafety-word-cloud-concept-on-grey-622734296. 1 CAPÍTULO INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS 8 CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS Antes de abordarmos os conceitos de riscos biológicos, precisamos primeiro ter uma percepção do que é biossegurança. Biossegurança é a ciência relacionada à segurança da vida, o que inclui, além dos seres humanos, os animais, as plantas e todo o meio ambiente em que vivemos (CARDOSO, 2016). O conceito de risco está sempre associado à probabilidade de algum acontecimento independente da nossa vontade. E por que é tão importante estudar sobre este assunto? Vamos lá! Todos nós passamos por diversas situações de risco em nosso trabalho ou no ambiente externo que podem causar sérios danos à saúde. Os riscos são divididos na literatura em cinco grandes grupos, que são: » Riscos físicos; » Riscos de acidentes; » Riscos ergonômicos; » Riscos químicos; » Riscos biológicos. Os riscos biológicos serão destaque nos estudos deste livro didático. Figura 2. Imagem simbólica de célula sendo atacada por vírus. Elementos desta imagem fornecidos pela Nasa. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/virus-cell-symbolic-image-3dillustration- elements-1672140328. No ambiente de trabalho, a exposição a riscos pode causar problemas de saúde ao trabalhador, considerando a natureza, suscetibilidade, intensidade, tempo de exposição e concentração. Os prejuízos causados à saúde do trabalhador estão relacionados aos diferentes tipos de risco. Os trabalhadores ficam sujeitos à exposição a aspectos materiais, físicos, químicos, biológicos, culturais e organizacionais no ambiente de 9 INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS • CAPÍTULO 1 trabalho. A análise do ambiente de trabalho como um todo propiciaria ações mais conjuntas, que auxiliam na formação de legislações e políticas públicas que visam à dignidade e ao bem-estar do trabalhador (FERREIRA et al., 2018). Os riscos biológicos ocorrem geralmente por meio de microrganismos, que, em contato com o ser humano, podem provocar inúmeras doenças. São considerados agentes de risco biológico os vírus, bactérias parasitas, protozoários, fungos e bacilos. Na execução de algumas atividades profissionais, o trabalhador está constantemente exposto a este tipo de risco (FIOCRUZ, 2020). No estudo deste livro, aprofundaremos os temas relevantes para o seu entendimento sobre a ciência biossegurança, com o objetivo de que você, diante das suas atividades profissionais ou do cotidiano, possa levar sempre em consideração a opção mais segura, que não comprometa a saúde e a integridade física de todos os envolvidos. De acordo com o Laboratório Didático de Bioquímica (2017): Biossegurança trata-se do conjunto de medidas voltadas para a prevenção, controle, minimização ou eliminação dos riscos presentes nas atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação se serviços que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e/ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. As atividades em laboratórios de saúde expõem os profissionais a vários tipos de risco que podem afetar sua integridade física. Estes riscos são classificados em cinco grupos (ANVISA, 2017): » Riscos físicos. » Riscos biológicos. » Riscos ergonômicos. » Riscos de acidentes. » Riscos químicos. Sugestão de estudo Conheça um pouco mais sobre os riscos ocupacionais. Disponível em: https://www.tagout.com.br/blog/conheca-os- 5-tipos-de-riscos-ocupacionais/. 10 CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS Há anos as patologias adquiridas dentro de laboratórios cl ínicos vêm sendo reportadas. Não são raras as situações que expõem os indivíduos em função da combinação hostil entre equipamentos, agentes biológicos, pessoas etc. E foi nesse cenário que nasceu o conceito de biossegurança (SANGIONE et al., 2013). No Brasil o tema é regido por leis federais, estaduais e municipais. A Lei de Biossegurança é a Lei no 11.105, de 24 de março de 2005 (SENADO FEDERAL, 2011). Mas afinal, o que é biossegurança? Morfologicamente, (bio) é vida, então biossegurança seria “segurança da vida”; no seu sentido mais amplo, inclui os homens, os animais e as plantas. De acordo com o Ribeiro (2017), biossegurança é: Conjunto de medidas voltadas para ações de prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, que podem comprometer a saúde do homem, dos animais e do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Segundo Cardoso (2016), o conceito de biossegurança deve ser analisado e considerado de forma ampla, relacionando-a a espaços como hospitais, laboratórios, entre outros. O autor destaca que o termo biossegurança, está, inicialmente, relacionado ao respeito à vida. Sendo necessário, portanto, um forte entendimento dos fatores de riscos para o indivíduo e para toda a sociedade, quando ocorre a exposição a agentes patogênicos. Ainda de acordo com o autor, o foco da biossegurança é centrado em iniciativas que permitem conhecer, prevenir, minimizar e monitorar os riscos que o trabalho pode gerar sobre o ser humano, o meio ambiente e a vida, riscos esses inerentes ao complexo ecossistema em que vivemos. Várias ações podem ser tomadas no intuito de minimizar esses riscos, como, por exemplo, ações administrativas, técnicas, educacionais etc. E é aí que entra a complexidade do tema, pois são necessários não apenas equipamentos de proteção e instalações adequadas ao ambiente de trabalho, mas, também, que se tenha um fluxo de informações e treinamento a todos os profissionais envolvidos (ANVISA, 20XXb). De acordo com Zochio (2009), embora estejam sendo tomadas tantas iniciativas com relação à biossegurança, o número de acidentes continua elevado, com um índice de acidentes perfurocortantes de aproximadamente 80% a 90%. A percepção é de que este percentual tão elevado não esteja relacionado às tecnologias disponíveis para eliminar e minimizar os riscos, mas à conduta inadequada do trabalhador e, sim, no 11 INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS • CAPÍTULO 1 comportamento inadequado dos profissionais. Esta realidade precisa ser revertida através de treinamentos adequados e constantes, a fim de reduzir os riscos inerentes à atividade. Na prática, a biossegurança deve avaliar o risco para programar a instalação de sistemas de controle e prevenção adequados. Sendo assim, é fundamental a avaliação do risco para determinar as medidas a serem adotadas para tentar minimizar, ou, até mesmo, eliminar os riscos de acidentes e a exposição a patógenos presentes no ambiente de trabalho e sua possível propagação (CARDOSO, 2016). A Figura 3 ilustra a complexidade das ações de biossegurança, que tem como pilar a contenção e a administração dos riscos. Figura 3. Complexidade das ações de biossegurança. Serviço de Saúde Usuário Serviço Ambiente Risco Biológico Risco Físico Risco Ergonômico Risco de Acidentes Risco Químico Vigilância Médica Descontaminação Equipamentos de Proteção Projeto de Construção de Instalações Boas Práticas Qualidade dos Serviços Monitoramento Segurança Predial Fonte: Adaptado de Cardoso (2016). Mas o que é risco? Todos convivem com o risco no dia a dia, seja por ordem natural (tempestades, enchentes, riscos produzidos pelo homem, como guerras) ou até mesmo em situações que podem ocorrer em nossas residências, escolas etc. Enfim, não é possível nos protegermos totalmente dos riscos, pois no nosso cotidiano estamosexpostos a eles (CARDOSO, 2016). Para refletir Riscos do ambiente de trabalho quanto às condições laborais e o impacto na saúde do trabalhador. Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/rbmt.org.br/pdf/v16n3a14.pdf. 12 CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS O tema é muito amplo e pode estar relacionado a vários aspectos de nossas vidas. No segmento da saúde, de acordo com a Anvisa (2008), o risco está relacionado à probabilidade de ocorrer algum evento nocivo durante um período de observação. Cardoso (2016) acrescenta que o risco corresponde a uma parte da realidade atual e que probabilisticamente falando, o risco zero inexiste para qualquer atividade científica. E é nesse panorama que atua a biossegurança. Como vimos anteriormente, os riscos podem ser classificados em função do tipo em: Físicos, Químicos, Biológicos, de Acidentes e Ergonômicos. Por sua vez, os agentes biológicos podem pertencer a quatro classes diferentes (Classes 1, 2 3 ou 4), de acordo com o grau de periculosidade (CARDOSO, 2016). Figura 4. Classes de risco. NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA CLASSES BÁSICAS DE RISCOS DE LABORATÓRIO DE BAIXO A ALTO Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/biosafety-level-signs-bsl1-bsl4-simple-1311817211. 1.1.1 Avaliação, classificação e controle dos riscos: riscos e perigo; contenção As Normas Regulamentadoras 7 e 9 estabelecem o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), respectivamente. Ambos os programas têm por objetivo proteger o trabalhador, através da implementação de ações da Segurança e Medicina do Trabalho. O PPRA criará informações usadas para a elaboração do PCMSO e, por isso, deverá ser elaborado primeiramente. Os programas devem ser elaborados e implantados por um especialista em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho e ao serem elaborados devem respeitar as respectivas normas e as particularidades da empresa, como ramo de atividade, tamanho da empresa, entre outros (IMTEP). A NR 9 determina que a elaboração e a implementação do PPRA são obrigatórias, com o objetivo preservar a saúde e a integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento e avaliação de riscos ambientas, possibilitando o 13 INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS • CAPÍTULO 1 controle da ocorrência de r iscos ambientais existentes no ambiente de trabalho ou que haja possibi l idade de ocorrência, protegendo o meio ambiente e os recursos naturais (ANVISA, 2019) . Conforme vimos anteriormente, o conceito de risco está relacionado com a probabilidade de ocorrência de um acidente ou de algum evento adverso. Nesse cenário, nota-se a necessidade de que algumas medidas sejam tomadas para minimizar ao máximo esses incidentes , e, para isso, podemos contar com a ferramenta de avaliação de riscos, que serve para a identificação de perigos que podem causar efeitos indesejáveis sobre nós e o meio em que vivemos (FREITAS, 2002). A identificação do perigo representa um risco potencial para acontecer algum problema ao trabalhador, tais como lesões ou doenças. Portanto, o risco está diretamente associado à exposição ao perigo e, cronologicamente, observa-se inicialmente o perigo, para, depois, se houver exposição, surgir o risco (FUNDACENTRO, 2019). Freitas (2002) divide o gerenciamento da avaliação de riscos em quatro etapas: 1. Identificação de perigo; 2. Avaliação da dose – resposta; 3. Avaliação de Exposição; 4. Caracterização de riscos. Segundo Freitas (2002), somente a partir da última etapa é que são tomadas as decisões sobre o gerenciamento de riscos. Vamos conhecer, agora, os tipos de riscos, que, segundo Cardoso (2016), podem ocasionar sérios problemas à saúde do trabalhador, sendo percebidos em curto prazo, no caso de algum acidente, por exemplo, ou em longo prazo, quando ocasionado por algum tipo de lesão por esforço repetitivo. » Riscos físicos : os riscos físicos normalmente são provocados por algum tipo de energia, como, por exemplo: ruído, vibração, radiação, temperaturas extremas, umidade, entre outros. Na figura a seguir, temos exemplo de um trabalhador de laboratório com possibilidade de exposição a radiação. 14 CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS Figura 5. Risco físico de exposição a radiação. CUIDADO! PERIGO DE RADIAÇÃO Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/scientist-coverall-protection-clothing-full-face-1650344854. » Riscos químicos: estão normalmente relacionados à manipulação de substâncias químicas, que podem causar diversos danos à saúde dos indivíduos expostos a elas, como doenças respiratórias, queimaduras e até doenças mais graves, como o câncer. Na figura a seguir, temos um exemplo de ambiente onde pode haver exposição a agentes químicos. Figura 6. Risco químico devido à manipulação de substâncias químicas. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/laboratory-studies-404537242. » Riscos ergonômicos: estão associados a situações que geram desconforto, estresse ou esforço físico excessivo, entre outros. A figura a seguir mostra um exemplo de risco ergonômico ao se utilizar computadores. 15 INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS • CAPÍTULO 1 Figura 7. Risco ergonômico relacionado a postura inadequada. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/ergonomics-women-correct-incorrect-sitting-posture-1005969070. » Riscos de acidentes: estão associados ao arranjo físico deficiente, incluindo, por exemplo, ferramentas inadequadas, máquinas e equipamentos sem proteção, sistema elétrico etc. Capazes de comprometer a integridade física do trabalhador. A figura a seguir mostra um acidente de trabalho gerado por falta de equipamento de proteção adequado. Figura 8. Risco de acidentes relacionados à falta de equipamento de proteção individual. SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/work-safety-flat-vector-banner-about-1504972763. » Riscos biológicos: causados por agentes biológicos (vírus, bactérias, parasitas, protozoários, fungos e bacilos). Os materiais biológicos abrangem amostras provenientes de seres vivos (plantas, animais, bactérias etc.), seres humanos (sangue, urina biópsia, entre outros) e organismos geneticamente modificados. A figura a seguir mostra uma atividade de exposição ao risco biológico. 16 CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS Figura 9. Risco biológico devido à exposição a agentes biológicos. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/germs-growing-on-agar-plate-laboratory-248139793. De acordo com o Ministério da Saúde (2017), os agentes biológicos afetam os seres humanos, os animais e o meio ambiente. Podem ser distribuídos em quatro classes de risco: » Classe de risco 1: baixo risco individual e para a comunidade. Incluem-se nesta classe os agentes biológicos conhecidos por não apresentarem riscos a seres humanos ou animais. Ex.: Lactobacillus sp. » Classe de risco 2: moderado risco individual e limitado risco à comunidade. Estão listados aqui os agentes biológicos conhecidos por provocar infecções no homem ou nos animais. O potencial de propagação na população, animais e meio ambiente é limitado. E existem medidas profiláticas e terapêuticas conhecidas eficazes. Ex.: Schistosoma mansoni. » Classe de risco 3: alto risco individual e moderado risco para a comunidade. Estão listados nesta classe os agentes que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que podem causar patologias humanas ou animais potencialmente letais, para os quais há tratamento e prevenção. Ex.: HIV. Saiba mais Vamos saber um pouco mais sobre gestão e avaliação de risco em saúde ambiental. Disponível em: https://static. scielo.org/scielobooks/ffk9n/pdf/brilhante-9788575412411.pdf. 17 INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS • CAPÍTULO 1 » Classe de risco 4: alto risco individual e para a comunidade. Inclui os agentes biológicos com alto poder de transmissão para oser humano e a comunidade. Ainda não existe medida profilática e/ou terapêutica eficiente. São responsáveis por doenças humanas e animais de elevada gravidade. Esta classe inclui, principalmente, os vírus. Ex.: Vírus Ebola. Figura 10. Análise das classes de risco. Classe de Risco Risco Individual Risco à Coletividade Profilaxia ou Terapia Eficaz 1 Baixo Baixo Existente 2 Moderado Baixo Existente 3 Elevado Moderado Usualmente existente 4 Alto Alto Inexistente Fonte: Adaptado de Binsfeld et al. (2010). Visto isso, podemos perceber a importância de uma polít ica de contenção e controle visando à proteção dos indivíduos e do meio frente aos riscos aos quais estamos todos suscetíveis. Essas medidas podem ser feitas de forma primária; através da utilização de técnicas que protejam o indivíduo e o ambiente contra algum tipo de agente infeccioso, com ouso de equipamentos de proteção individual, através da aplicação de vacinas. E de forma secundária, que trata da proteção do ambiente externo contra a contaminação, com o descarte adequado de resíduos, desinfecção e limpeza. (ROSSETE, 2017). 1.2 Medidas de precaução e isolamento Pelo que vimos até aqui, todos nós estamos expostos a situações que ocorrem independentemente das nossas vontades, incluindo os vários tipos de riscos com os quais podemos nos deparar em nosso ambiente de trabalho e, até mesmo, em nossas casas ou no meio em que vivemos. Riscos biológicos, que são o enfoque desse livro, podem ocorrer de diversas formas, podendo causar doenças graves, e até fatais, caso não sejam tomados os cuidados adequados. 18 CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS Por isso, é muito importante que medidas de precaução e isolamento sejam tomadas, principalmente pelos profissionais da área da saúde, que lidam com esses agentes na sua rotina de trabalho; essas medidas contribuem para interromper os mecanismos de transmissão e prevenir infecções (CARDOSO, 2016). Podemos citar como exemplos de medidas de precaução a higienização das mãos, o uso de EPIs, descontaminação adequada de materiais, equipamentos e ambientes, além das medidas de isolamento (CARDOSO, 2016). 1.2.1 Transmissão de doenças Ao longo deste material são discutidos os vários agentes de riscos aos quais os profissionais estão sujeitos, e no caso específico dos profissionais da saúde, principalmente aos agentes de riscos biológicos. A exposição biológica pode ocorrer de diversas maneiras, podendo transmitir aos indivíduos várias doenças, das mais brandas como a do vírus Influenza, a casos mais sérios, como o vírus da imunodeficiência humana (HIV ). Em função disso, o conhecimento sobre a transmissão, as práticas necessárias, as formas de prevenção e condições de segurança apresentam importância primordial para que medidas de prevenção e contenção sejam tomadas a fim de controlar a propagação da doença entre pacientes, a população e o meio (CARDOSO, 2016). Mas como essa transmissão é feita? Figura 11. Transmissão de doenças infectocontagiosas. EPIDEMIA Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/world-epidemic-meaning-planet-global- contagious-217358206. Saiba mais Transmissão de doenças infecciosas: Como ocorrem? Disponível em: https://www.drakeillafreitas.com.br/ transmissao-de-doencas-infecciosas-como-ocorrem/. 19 INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS • CAPÍTULO 1 Para que a transmissão ocorra, sempre há um caminho a ser percorrido: Há uma fonte, um meio de transmissão e um hospedeiro, como mostrado na figura a seguir: Figura 12. Formas de transmissão. Fonte Doente Típico Atípico Portador Convalescente Crônico Subclínico Reservatório Transmissão Contato (direto ou indireto) Gotículas Aerossóis Hospedeiro Suscetível Falta de resistência imunológica Alimentação inadequada/não balanceada Fonte: Adaptado Cardoso (2016). Segundo Cardoso (2016), a transmissão pode ocorrer de diversas formas, como detalhado a seguir: » Transmissão por contato (direto e/ou indireto): este tipo de transmissão ocorre quando indivíduos contaminados por agentes biológicos entram em contato direto, ou seja, de pessoa para pessoa ou indireto, através de objetos contaminados etc. » Transmissão por gotículas: a transmissão por gotículas é realizada através da fala, espirro, tosse etc. Ocorre geralmente quando não há um grande distanciamento entre o ser infectado e o hospedeiro susceptível, visto que as gotículas não permanecem no ar por muito tempo. » Transmissão pelo ar: este tipo de transmissão ocorre por gotículas que podem ficar suspensas no ar por um longo período. Por isso os agentes biológicos podem ser dispersos por correntes de ar a longas distâncias. » Transmissão por um vetor : ocorre quando os agentes biológicos são transmitidos por mosquitos, pássaros, ratos ou insetos. 20 CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS Figura 13. Exemplo de formas de proteção e propagação de doenças infectocontagiosas. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/air-infections-transmission-disease-one-person-1146078323. 1.2.2 Precauções A fim de diminuir e até evitar a transmissão de agentes patogênicos, deverão ser adotadas medidas para a proteção dos indivíduos e o meio. A precaução padrão é considerada a mais importante, universal ou básica. Deve ser projetada para o atendimento de qualquer paciente, independente do diagnostico, na manipulação de qualquer amostra, no manuseio de itens contaminados e quando houver risco de contato com secreções e excreções, independentemente de haver sangue visível ou não (CARDOSO, 2016). São consideradas medidas de precaução padrão: » Higiene das mãos. » Uso de EPI. » Descontaminação de superfícies. » Artigos e equipamentos. » Descarte de materiais perfurocortantes. » Programa de prevenção de acidentes e imunização. 21 INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS • CAPÍTULO 1 Figura 14. Uso de EPI para evitar a contaminação e propagação de doenças infectocontagiosas. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/coronavirus-test-medical-worker-taking-throat-1689807304. Além da medida de precaução padrão, tem-se, também, a precaução com base na via de transmissão. Há situações em que mesmo colocando em prática as medidas de precaução padrão, elas são insuficientes para a interrupção da transmissão de doenças infecciosas. Por isso é necessário o uso de precaução por transmissão. Elas podem ser de três tipos (EBSERH, 2017): » Precaução de contato: este tipo de precaução visa reduzir o risco de transmissão de patógenos do indivíduo infectado para outro indivíduo. Como exemplos de contenção por contato podem ser citados quarto privativo, uso de EPIs, entre outros. » Precaução para gotículas: tem por objetivo prevenir a transmissão de agentes infecciosos através de gotículas de tamanho grande (> 5 micra) veiculadas por vias aéreas. Por serem grandes, elas não se propagam no ambiente. Nesses casos, o ideal é manter o distanciamento de pelo menos um metro. » Precaução para aerossóis: são medidas de precaução adotadas para reduzir o risco por agentes infecciosos provenientes de gotículas eliminadas durante a fala, respiração ou tosse. Essas gotículas podem permanecer em suspensão por horas, pois são partículas pequenas (< 5 micra). Neste caso, é indicado um sistema de ventilação especial. 22 CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS 1.2.3 Isolamento As medidas de precaução e isolamento foram criadas como uma técnica de prevenção e controle de doenças transmissíveis. No caso de suspeita ou confirmação de um paciente com infecção, o ideal é isolar os pacientes em quartos ou com outros pacientes que estejam infectados de forma semelhante (CARDOSO, 2016). Se houver risco de transmissão por gotículas, de pacientes infectados pelo vírus influenza, por exemplo, a medida de isolamento adequada é em quarto privativo ou com outros pacientes portadores do mesmo tipo de patógeno. A distância entre os pacientes deve ser de no mínimoum metro e as portas devem ser sempre mantidas fechadas (CARDOSO, 2016). Por fim, nos casos suspeitos ou confirmados de infecções por microrganismos transmitidos por aerossóis, como o da tuberculose, a indicação de isolamento é em um quarto privativo, podendo haver mais pacientes com este patógeno. A porta deve ser sempre mantida fechada e o quarto deverá possuir um sistema de ventilação especial que propicie pressão negativa com seis a 12 horas de troca de ar por dia e o ar oriundo da exaustão deve passar por uma filtragem, com o uso de um filtro absoluto (CARDOSO, 2016). 1.2.4 Barreiras de contenção De acordo com o Ministério da Saúde (2006), o termo contenção é utilizado para se referir aos mecanismos de segurança para manipulação dos agentes de risco no ambiente de trabalho. O objetivo da contenção é o de reduzir ou eliminar a exposição da equipe e outras pessoas aos agentes de risco, assim como evitar que estes agentes alcancem o ambiente. As barreiras de contenção combinam três elementos essenciais: » Práticas e procedimentos técnicos. » Equipamentos de segurança. » Projeto de instalações. Que, por sua vez, também podem ser divididas em pr imár ias ou secundár ias. A f i g u ra a s e g u i r re p re s e n t a a e s q u e m a t i z a ç ã o d a s b a r re i ra s d e c o n t e n ç ã o (CARDOSO, 2016) . 23 INTRODUçãO AOS RISCOS BIOLÓGICOS • CAPÍTULO 1 Figura 15. Barreiras de contenção primárias e secundárias. Instalações Contenção Secundária Contenção Primária Práticas Equipamentos de Proteção Biossegurança Fonte: Adaptado de Cardoso (2016). As barreiras de contenção primária dizem respeito à proteção do profissional e do ambiente de trabalho contra a exposição aos agentes de risco. É obtida através da adoção de boas práticas e pelo uso adequado de equipamentos de segurança individuais e coletivos. O uso de vacinas pode aumentar o nível de proteção individual (CARDOSO, 2016). As barreiras de contenção secundárias compreendem a proteção dos profissionais ao meio externo ao trabalho contra a exposição acidental a agente de risco. Essa forma de contenção é alcançada tanto pela estrutura física do local como pelas rotinas de trabalho e as práticas operacionais relacionadas (CARDOSO, 2016). 24 Introdução Neste capítulo, conheceremos as medidas de controle necessárias os riscos biológicos no processo de saúde e segurança do trabalho, tais como a utilização adequada de equipamentos de proteção individual (EPI) e equipamentos de proteção coletiva (EPCs), de acordo com a atividade exercida. Ao final deste capítulo, o aluno deverá ser capaz de entender a importância da utilização de meios de prevenção da contaminação, como EPIs e EPCs adequados. Objetivos » Conhecer as medidas de controle para evitar a propagação de infecções. » Conhecer os cuidados necessários para a realização segura das atividades, como a utilização de EPIs e EPCs, de acordo com a necessidade relacionada à atividade desempenhada. » Entender a importância da aplicação dos protocolos de biossegurança. 2.1 Medidas de controle e níveis de biossegurança – EPI Figura 16. Ilustração de equipamento de proteção indicada para laboratórios. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/scientific-medical-research-abstract-background- 3d-668507017. 2CAPÍTULOMEDIDAS DE CONTROLE 25 MEDIDAS DE CONTROLE • CAPÍTULO 2 De acordo com Rossete (2016), a limpeza e desinfecção adequada das instalações podem ser fator importante para evitar a propagação de infecções. Além disso, o descarte dos resíduos contaminados com agentes biológicos deve ser feito de forma consciente, tendo em vista que podem causar a contaminação de pessoas e de ambientes. Outro ponto importante para se evitar a contaminação é a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) e equipamentos de proteção coletiva (EPCs). A Norma Regulamentadora 6 determina que as empresas disponibilizem gratuitamente todos os EPIs necessários para os trabalhadores, com orientações de uso e treinamentos necessários. Segundo o Guia Trabalhista, a Norma Regulamentadora 6 (NR 6) define o equipamento de proteção individual (EPI), como todo dispositivo ou produto, de uso individual e que tem por finalidade a proteção do trabalhador quanto riscos que possam ameaçar sua segurança e saúde no desempenho do trabalho. É muito importante conhecer a forma de transmissibilidade dentro da cadeia epidemiológica, pois se pode atuar ativamente a fim de interromper a forma de transmissão. Medidas de precaução e isolamento têm por objetivo interromper os mecanismos de transmissão. Dentre estas medidas pode-se citar : o uso de equipamentos de proteção individual, os EPIs (tais como máscaras, luvas, aventais, óculos de proteção), a adesão à higienização das mãos, entre outras (EBSERH, 2017). 2.1.1 Proteção de olhos, face e cabeça » Óculos de segurança: são obrigatórios para os profissionais que trabalham em laboratórios e são indicados quando houver risco de respingos, poeira ou impactos. Caso haja o risco de explosão, os óculos devem ter proteção lateral. Figura 17. Pesquisador usando óculos e máscara de proteção. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/researcher-doctor-scientist-laboratory-assistant- working-1469485697. 26 CAPÍTULO 2 • MEDIDAS DE CONTROLE Figura 18. Explosão no laboratório. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/funny-little-girl-doing-experiments-laboratory-627551969. Outras atividades demandam a necessidade de proteção de toda a face e, nestes casos, indica-se o uso de protetores faciais ou capuz de proteção facial com visores integrados (ROSSETE, 2016). 2.1.2 Proteção da pele e mãos Durante as atividades, as mãos também estão sujeitas a entrar em contato com substâncias que podem causar irritações, e ainda, com materiais contaminados. O grau de vulnerabilidade das pessoas a estes agentes é variável. Sabe-se que pessoas que transpiram muito e pessoas com a pele muito seca são mais suscetíveis. Portanto, neste caso, a principal forma de prevenção é através de uma higienização adequada com água e sabão. Além disso, em alguns casos está indicado o uso de luvas, que podem ser de diferentes materiais, de acordo com a indicação: » Luvas de algodão ou couro: protegem as mãos de materiais abrasivos, objetos pontiagudos e cortantes; » Luvas com isolamento térmico: para trabalhar com objetos quentes; » Luvas de borracha (PVC e nitrílicas): são resistentes a ácidos, solventes e substâncias corrosivas. Figura 19. Utilização de luvas e jalecos de mangas longas para proteção da pele. Fonte:https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/doctors-infectionist-research-covid19-concept- satisfied-1689617482. 27 MEDIDAS DE CONTROLE • CAPÍTULO 2 Após o uso, as luvas devem ser descartadas e deve-se evitar o uso prolongado. Além disso, após o uso deve-se lavar as mãos para evitar contaminação (ROSSETE, 2016). 2.1.3 Proteção do corpo e vestuário Figura 20. Utilização de EPIs para proteção no ambiente de trabalho. EPI Completo Rede de Cabelo Óculos/Viseiras Máscara N95 Proteção para o rosto Roupa de isolamento Luvas descartáveis Capa para sapatos Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/doctors-character-wearing-full-ppe-personal-1695883693. O uso de jaleco de algodão com mangas longas e punhos fechados está indicado para uso geral. Em especial, para lavar os materiais de laboratório, indica-se o jaleco longo de PVC e macacões Tyvek. » Calçados de segurança devem, preferencialmente, ser confeccionados sem material impermeável e com solado antiderrapante (ROSSETE, 2016). 2.1.4 Proteção respiratória Figura 21. Proteção respiratória. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/safety-breathing-masks-industrial-n95-mask-1360868570. 28 CAPÍTULO 2 • MEDIDAS DE CONTROLE De acordo com Rossete (2016), para atividades que envolvam pós tóxicos ou irritantes, vapores e gases nocivos é indispensávelo uso de proteção respiratória, que pode ser feita com o uso de fi ltros, máscaras respiratórias ou respiradores. A proteção respiratória possui vários níveis, de acordo com o tipo de exposição e proteção necessária. Por exemplo, para a proteção à exposição de agentes biológicos, indica-se o uso de respiradores N95. 2.2 Medidas de controle e níveis de biossegurança – EPC Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2017), os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) são dispositivos utilizados no ambiente de trabalho que têm por objetivo preservar a integridade física e a saúde dos profissionais dos riscos no ambiente em que realizam as suas atividades. Alguns exemplos de EPC de grande importância para os serviços de saúde (ZOCHIO, 2009). » Cabine de segurança biológica: uso obrigatório em todos os laboratórios, utilizado para a proteção do trabalhador e do meio ambiente para evitar contaminação por aerossóis que podem se espalhar durante a manipulação. » Chuveiro de emergência: deve ser utilizado no caso de acidente envolvendo substâncias químicas ou material biológico. Sugestão de estudo Assista ao vídeo Como usar a proteção facial contra riscos biológicos – canal Treinar para Salvar (Youtube) publicado em 21 de março de 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pOTQSMzigc4. Figura 22. Proteção facial contra riscos biológicos. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=pOTQSMzigc4. 29 MEDIDAS DE CONTROLE • CAPÍTULO 2 » Lava olhos: utilizado para acidentes na mucosa ocular. O jato de água deve ser forte e direcionado aos olhos. » Extintores de incêndio: há vários tipos diferentes de extintor de incêndio e ele deve ser escolhido de acordo com a situação, considerando-se a extensão do problema, o tipo de construção, condições de temperatura, entre outros fatores. É impor tante que os trabalhadores recebam treinamento de como uti l izar adequadamente os equipamentos e que saibam que estes são de uso obrigatório para a prevenção de um possível acidente, como, por exemplo, um incêndio ou um acidente com reagentes químicos. Sintetizando Vimos neste capítulo: » A importância da aplicação da biossegurança. » Conhecemos os riscos biológicos e a necessidade de cuidados com a contaminação. » Conhecemos formas de evitar a contaminação pessoal e ambiental. » Estudamos as formas de proteção previstas por normas regulamentadoras. 30 Introdução Neste capítulo veremos a importância dos processos de descontaminação em serviços de saúde. Abordaremos conceitos e métodos importantes de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais, além da seleção de produtos de limpeza, aspectos éticos e comportamentais. Veremos, ainda, a importância do gerenciamento adequado dos resíduos de saúde e seu descarte. Ao final deste capítulo, o aluno deverá ser capaz de entender o risco da presença de agentes infectantes no ambiente de trabalho e que podem comprometer a saúde do trabalhador através de contaminação e o risco de disseminação destes agentes para o ambiente, assim como os meios de prevenção com o uso de EPIs adequados, higienização adequada e descarte adequado de resíduos. Objetivos » Elaborar o gerenciamento de resíduos. » Compreender a importância dos processos de descontaminação, tais como limpeza, desinfecção, esterilização e utilização de EPIs. » Compreender os métodos de limpeza pessoal e do ambiente de trabalho, desinfecção e esterilização de materiais. » Entender a importância do descarte adequado dos resíduos de saúde. 3CAPÍTULOGERENCIAMENTO DE RESÍDUOS 31 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS • CAPÍTULO 3 3.1 Processos de descontaminação em serviços de saúde: aspectos conceituais, limpeza, desinfecção, esterilização e equipamentos de proteção individual (EPI) Figura 23. A eliminação indiscriminada de lixo infectante pode contaminar o meio ambiente. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/mountain-large-garbage-pile-pollutionpile-stink-1431433979. Segundo a Anvisa (2019), o gerenciamento de resíduos é regulamentado no Brasil pela norma – RDC no 222, de 2018, que revogou a norma anterior, RDC no 306/2004. Segundo essa resolução, os geradores de resíduos de serviços de saúde (RSS) são definidos como todos os serviços relacionados com a saúde do homem ou animal , como hospitais, clínicas odontológicas, empresas de biotecnologia, casas de repouso e funerárias (ANVISA, 2018). Bento (2017) conceitua RSS como todo lixo proveniente do cuidado ao paciente, tanto em ambiente domiciliar quanto em instituições públicas e privadas. No campo da saúde, grande quantidade dos resíduos produzidos e manipulados é considerada de elevado risco, e quando o gerenciamento destes não é feito de forma adequada, pode afetar a saúde da população e causar sérios danos ao meio ambiente (CAFURE; PATRIARCHA-GRACIOLLI, 2015). Figura 24. Descarte adequado da agulha em uma lixeira vermelha própria para o descarte seguro. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/health-officer-put-needle-into-safety-492504214. 32 CAPÍTULO 3 • GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS Por isso é tão importante que se tenha um plano de gerenciamento de resíduo bem consolidado, a fim de que possa se assegurar a proteção à saúde pública e à qualidade do meio ambiente. Devido a sua heterogeneidade, a Anvisa classifica os RSS em cinco grupos, A, B, C, D e E, os quais veremos mais detalhadamente adiante. Figura 25. Cientista com macacão estéril usando álcool a 70% e lenços para limpar o armário de segurança biológica (BSC). Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/scientist-sterile-coverall-gown-using-alcohol-1404754184. Os materiais utilizados em ambientes da área da saúde podem se constituir em veículos de transmissão de agentes infecciosos se não passarem por um processo de descontaminação adequado após seu uso (CARDOSO, 2016). Essa transmissão, segundo Cardoso (2016), pode ocorrer de forma direta, através do contato com sangue ou secreções, por exemplo, e de forma indireta, por meio de contato com equipamentos, superfícies, entre outros. Para entendermos melhor sobre esse assunto, primeiro precisamos saber o que é descontaminação. Saiba mais Vamos conhecer um pouco mais das normas regulamentadoras relacionadas ao gerenciamento de riscos? NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/ Arquivos_SST/SST_NR/NR-09-atualizada-2019.pdf. NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/ images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-07.pdf. 33 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS • CAPÍTULO 3 Descontaminação é um processo que visa à redução dos microrganismos em alguma superfície, instrumento ou material hospitalar. Quando essa descontaminação é feita, não se pode dizer que o local está 100% seguro para os profissionais e pacientes, pois esse processo pode variar desde uma desinfecção completa a uma simples higienização com água e sabão (HIRATA et al., 2012). Figura 26. Profissional da área de saúde colocando instrumental de trabalho limpo para ser autoclavado (processo de esterilização). Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/sterilizing-medical-instruments-autoclave-dental- office-716852656. Souza et al.(1998) acrescentam o termo conhecido como descontaminação prévia ou desinfecção prévia, que se refere à primeira etapa do processo de desinfecção ou esterilização e se constitui na imersão de materiais com presença de matéria orgânica, microrganismos e outros resíduos em uma solução desinfetante por um período de 15 a 30 minutos com o objetivo de reduzir e até eliminar a presença de microrganismos antes da etapa de limpeza mecânica com água e sabão. Algumas formas de descontaminação, segundo o Ministério da Saúde (1994) são: » Fricção com o auxílio de uma esponja, pano ou escova. » Autoclavagem prévia do artigo contaminado, sem o ciclo de secagem. » Imersão do artigo em água em ebuliçãopor 30 minutos, entre outros. Vamos, agora, a outros conceitos importantes nesse processo, os quais a Fiocruz (2009) desmembra em dois grandes grupos; de desinfecção por agentes químicos (limpeza, assepsia, antissepsia e desinfecção) e desinfecção por agentes físicos (esterilização). Vamos falar sobre esses tipos de desinfecção a seguir. 34 CAPÍTULO 3 • GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS A limpeza é o processo manual ou mecânico voltado à remoção de sujeiras e detritos. Para que se tenha eficácia garantida é necessário o uso de água e sabão ou detergente enzimático com posterior enxágue e secagem. É importante que esse procedimento sempre preceda os de desinfecção e esterilização para garantir a eficácia deles. (EBSERH, 2016) Figura 27. Profissional fazendo a limpeza do instrumental de trabalho. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/profile-view-young-woman-washing-sterilizing-533672779. Segundo Pires (2003), ao realizar a limpeza de um instrumental, os profissionais estão expostos a fluidos contaminados e a produtos químicos. Por esse motivo é essencial o uso de equipamentos de proteção individual como luvas, óculos, máscara, entre outros. Produtos a serem utilizados no processo de limpeza de artigos e superfícies: » Detergente líquido, neutro e biodegradável. » Detergente enzimático. » Desincrustante em pó ou líquido. » Lubrificante. » Desoxidante. Sugestão de estudo A higienização adequada é uma forma importante de se evitar a contaminação de pessoas e ambientes. Vamos ler um pouco mais sobre isso? Procedimento Operacional Padrão – Higienização Hospitalar (EBSERH, 2016). Disponível em: http://www2.ebserh. gov.br/documents/220250/1649711/POP+higieniza%C3%A7%C3%A3o+hospitalar+PADR%C3%83O+EBSERH.pdf/ a1efc390-aab4-4e7d-96ae-97b44872c09f. 35 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS • CAPÍTULO 3 A desinfecção, segundo o CBMMS (2014), é um processo de destruição dos agentes infecciosos na forma vegetativa, isto é, não esporulados, através da aplicação de processos físicos ou químicos. A desinfecção pode ser classificada em três categorias: » Desinfecção de Alto Nível: elimina a maior parte dos agentes biológicos, exceto grande número de esporos bacterianos. » Desinfecção de Nível Intermediário: inativa a maior parte de vírus, bactérias vegetativas e fungos, mas não tem ação contra os esporos bacterianos. » Desinfecção de Baixo Nível: inativa a maior parte das bactérias em forma vegetativa, vírus e fungos, mas não afeta microrganismos mais resistentes como, por exemplo, os bacilos e os esporos. Características ideais de um agente desinfetante (FIOCRUZ, 2009): » Amplo espectro. » Atóxico. » Ação rápida. » Não poluente. » Deve ser ativo na presença de matéria orgânica. Os principais desinfetantes são muito comuns até em nossas residências, no nosso cotidiano, tais como: álcool, compostos de cloro, compostos fenólicos, formol, entre outros (FIOCRUZ, 2009). A esterilização é o processo de destruição de todos os organismos vivos, sejam eles vegetativos ou esporulados. Pode ser executada por meios químicos ou físicos. Esterilização é diferente de limpeza e de assepsia, pois, esses conceitos estão mais l igados ao controle de microrganismos, enquanto a esteri l ização refere-se à eliminação total dos mesmos (FIOCRUZ, 2009). Pires (2003) acrescenta o meio físico-químico ao processo de esterilização. Vamos ver de forma mais detalhada cada um deles: » Esterilização por processo químico: indicada para artigos que não resistem às altas temperaturas dos processos físicos. Produtos que podem ser utilizados: formaldeído, glutaraldeído e ácido peracético. » Esterilização por processo físico: esse tipo de esterilização pode ser realizado por processos físicos (através do calor seco, úmido ou radiação). 36 CAPÍTULO 3 • GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS » Ester il ização por processo f ísico-químico : indicada para mater iais termossensíveis. São exemplos de produtos a serem utilizados nesse tipo de esterilização: óxido de etileno, vapor de formaldeído, entre outros. Segundo Cardoso (2016), o calor é o método mais tradicional, eficiente e seguro de esterilização, que pode ser: esterilização por calor seco, esterilização a vapor e esterilização química. Por fim, vamos enfatizar, mais uma vez, a importância do uso de EPIs no processo de descontaminaç ão. Já v imos a n t e r i o r m e n t e qu e o s E PIs s ã o u ma m e d ida de precaução padrão, e o quanto eles são impor tantes para a segurança do profissional. Durante o processo de descontaminação, é de extrema importância o uso adequado dos equipamentos de proteção individual para proteger de agentes como o calor, o r isco de perfuração, ou a exposição a agentes químicos, por exemplo, prevenindo, assim, o risco de acidentes e a contaminação por agentes infecciosos (CARDOSO, 2016). Tabela 1. EPIs indicados para cada tipo de procedimento de desinfecção. MÉTODO/PRODUTO EPI NECESSÁRIO Autoclave Luva de raspas de couro cano longo Estufa Luva de raspas de couro cano longo Glutaraldeído Máscara com filtro químico, óculos, luvas de borracha, avental impermeável Cloro Luvas álcoois Não necessita Iodo e derivados Luvas Fenol sintético Luvas, óculos, avental impermeável Quaternário de amônio Luvas Fonte: Adaptado Cardoso (2016). 3.1.1 Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais: procedimentos, limpeza, desinfecção, antissepsia e esterilização, seleção e aquisição de produtos de limpeza, aspectos éticos e comportamentais Vimos aspectos conceituais de vários temas considerados na descontaminação. Agora vamos discutir sobre a parte prática, ou seja, os métodos utilizados para garantir a eficácia nos procedimentos de descontaminação, a fim de proteger o ser humano, os animais, assim como todo o meio em que vivemos. Os procedimentos de limpeza dizem respeito à remoção de material orgânico e outros objetos das superfícies. Esse processo é considerado básico e de extrema importância para garantir a destruição de toda e qualquer substância que possa vir a conter 37 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS • CAPÍTULO 3 microrganismos, como vírus e bactérias, capazes de ocasionar danos à saúde dos seres humanos e animais (ROSSETE, 2016). Princípios básicos de limpeza laboratorial, segundo Rossete (2016): » Usar produtos químicos na medida certa, pois o uso exagerado pode levar ao desgaste das superfícies e materiais, risco de toxidade aos usuários e aumento do custo. » Limpeza diária dos laboratórios. » Efetuar a varredura úmida com MOP (escovão) e/ou pano úmido. Nunca efetuar a varredura a seco. » Limpar os laboratórios na sequência: tetos, parede e piso. » Iniciar a limpeza sempre pela área menos contaminada. » Laboratórios não devem ser encerados. » Evitar deixar áreas molhadas ou úmidas a fim de que não ocorram acidentes. » Higienizar adequadamente todos os materiais e equipamentos utilizados na limpeza. » Orientar o pesquisador sobre a necessidade de armazenar, neutralizar e descartar os resíduos laboratoriais gerados seguindo a legislação. » Realizar a coleta diária de resíduos. » Usar luvas e demais EPIs necessários à atividade de limpeza. » Evitar o contato do saco de resíduos com o corpo do profissional. » Acondicionar os diferentes tipos de materiais descartados em recipientes coloridos e identificados. » Manter as portas dos banheiros fechadas. Segundo a Anvisa (2010), o processo de limpeza envolve a limpeza contínua (diária) e a limpeza terminal. A limpeza diária deve ser realizada em todas as áreas, com o objetivo de limpar e organizar o ambiente, além de serem necessários o abastecimento e a reposição de materiais de uso diário como sabonete, papel higiênico, entre outros, e a coleta de resíduos de acordo com a sua classificação. Deve, ainda, ser realizada a limpeza de superfícies e equipamentos mobiliários, a fim de proporcionar ambientes limpos e agradáveis. 38 CAPÍTULO 3 • GERENCIAMENTO DE RESÍDUOSA l impeza terminal se trata de uma l impeza mais completa e engloba todas as superfícies de determinada unidade, objetivando a redução da sujidade e, consequentemente, de contaminação ambiental. Sempre, após uma alta hospitalar, este tipo de limpeza deve ser realizado. Há diversas técnicas de limpeza, segundo a Anvisa (2010), como: » Técnica de dois baldes: essa técnica diz respeito à limpeza com a utilização de panos de limpeza, piso e rodo. Facilita o trabalho do empregado, pois evita idas e vindas para trocar a água e lavar o pano no expurgo. Os passos dessa técnica são os de varredura úmida, ensaboamento, enxágue e secagem. » Técnica de limpeza com MOP: essa técnica tem o objetivo de remover o pó e os possíveis detritos espalhados pelo chão. » Limpeza com máquinas de rotação – enceradeiras: essa técnica tem o objetivo de ir desde lavar o piso até lustrar. » Limpeza com máquinas lavadoras e extratoras automáticas: nesse método ocorre a lavagem e o enxágue do piso no mesmo procedimento. É utilizada para a limpeza de pisos com alta produtividade, qualidade e menor esforço pelo trabalhador. » Limpeza com máquina de vapor quente : nesse t ipo, as máquinas são abastecidas com água e fornecem vapor quente. Pode ser aplicada a praticamente todas as superfícies fixas, sem necessidade de produto saneante, enxágue e secagem. Vamos para mais um método de limpeza, que é a desinfecção. Conforme vimos anteriormente, desinfecção é o processo de destruição de microrganismos como bactérias na forma vegetativa, fungos, vírus e protozoários. Segundo Cardoso (2016), a desinfecção pode ocorrer por métodos físicos ou químicos. A desinfecção por métodos físicos diz respeito à exposição a agentes físicos como, por exemplo, o calor seco, em que o processo de desinfecção (através de fornos e estufas, etc.) irá eliminar microrganismos e também o calor úmido (através, por exemplo, da autoclave), na forma de vapor, que irá eliminar as formas vegetativas de procariotas, vírus, fungos e esporos. Já na desinfecção pelo método químico, os agentes químicos (como bactericidas, por exemplo) serão utilizados para erradicar os microrganismos presentes no meio. Agentes bacteriostáticos atuam inibindo as atividades metabólicas dos microrganismos presentes em determinado ambiente. Exemplos de agentes químicos: álcool, cloro, formaldeído, entre outros (CARDOSO, 2016). 39 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS • CAPÍTULO 3 É fundamental que se verifique nos rótulos desses produtos informações como: nome, data de fabricação, validade, lote, símbolo de perigo químico, número de registro na Anvisa, entre outros (CARDOSO, 2016). Veremos a seguir os métodos de antissepsia e esterilização. A antissepsia é a prática da descontaminação dos tecidos vivos e pode ser dividida em dois processos: a degermação e a antissepsia. Degermação visa à redução da quantidade de microrganismos após o uso de sabonetes e sabões antissépticos na pele e a antissepsia pode ser considerada um conjunto de medidas que têm o objetivo de inibir o crescimento de microrganismos em determinado ambiente (ROSSETE, 2016). Como vimos, a esterilização destrói todos os organismos vivos, mesmo os esporos bacterianos, e pode ser executada através de agentes químicos ou físicos. Vamos ver a seguir alguns métodos de esterilização (FIOCRUZ, 2009). A esterilização pelo calor é o processo mais comum para o controle, sendo o calor úmido considerado o mais efetivo. A esterilização a calor seco é um processo lento no qual são necessárias elevadas temperaturas, mas o calor alcança áreas que o vapor não alcança. Esse tipo de esterilização é realizado em estufa ou forno de Pasteur (CARDOSO, 2016). Tabela 2. Relação de tempos de exposição e temperaturas necessárias para esterilização por calor seco (a contagem do tempo só tem início quando a temperatura indicada é atingida). Temperatura (oC) Tempo de Exposição 180 30 minutos 170 1 hora 160 2 horas 150 2 horas e 30 minutos 140 3 horas 121 6 horas Fonte: Adaptado de Cardoso (2016). Importante Estufa e sua Operacionalidade A ABNT, em 1995, editou a NBR 8165 que trata da estufa e sua operacionalidade. Disponível em: https://www.normas.com.br/visualizar/abnt-nbr-nm/1131/abnt-nbr8165-estufa-esterilizadora-de- circulacao-forcada. 40 CAPÍTULO 3 • GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS A esterilização a calor úmido é considerada a mais prática e eficiente para esterilização (sob a forma de vapor d’água). A vantagem dessa técnica é a rápida elevação de temperatura e maior penetrabilidade. O aparelho utilizado nesse caso é a autoclave (CARDOSO, 2016). Tabela 3. Ciclos de esterilização por calor úmido. Ciclo Material de Espessura Material de Superfície Material Líquido Pré-vácuo 7 minutos 7 minutos 10 minutos Aquecimento 25 minutos 25 minutos – Esterilização 30 minutos (122oC) 15 minutos (122oC) 25 minutos (122oC) Resfriamento e Secagem 15 minutos 15 minutos 10 minutos Ciclo Total 77 minutos 62 minutos 45 minutos Fonte: Adaptado de Cardoso (2016). A esterilização química em meio líquido é alcançada pela ação do formaldeído, óxido de etileno e glutaraldeído (CARDOSO, 2016). Neste tipo de esterilização, é importante ressaltar que o enxágue deve ser realizado com água estéril e com técnica asséptica e a secagem deve ser feita com compressas estéreis. Para a esterilização química em meio gasoso (químico-gasoso) é preciso que o material seja acondicionado em um recipiente adequado para a execução desse processo, utilização de EPIs adequados, registrar as etapas do processo e controlar o tempo de exposição; o armazenamento deve ser feito em local adequado (BRASIL, 1994 apud CARDOSO, 2016, p. 192). Figura 28. Desinfecção de escritório para evitar Covid-19, trabalhador em traje de proteção com desinfecção. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/coronavirus-pandemic-disinfecting-office-prevent- covid19-1694282296. 41 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS • CAPÍTULO 3 Outras técnicas de esterilização: » Irradiação: o efeito da radiação varia de acordo com a intensidade, a duração, o comprimento da onda e a distância da fonte. Para o controle dos microrganismos temos as ionizantes e as não ionizantes, como o raio gama e o raio UV. » Filtração: a filtração é uma técnica utilizada com o objetivo de reter os microrganismos com a utilização, por exemplo, de membranas de nitrocelulose de pequena porosidade (0,2m). » Óxido etileno: muito utilizado para esterilização de instrumentos. Essa técnica possui alto custo e requer um longo tempo. Por isso deve ser utilizada somente em situações específicas (FIOCRUZ, 2009). Há mais um aspecto importante a se considerar, que é o de seleção e aquisição de produtos para limpeza, pois de nada adianta sabermos a parte teórica, e os métodos de limpeza, se não usarmos o material adequado. Por isso é importante que quando seja feita essa seleção, tenha-se em mente que tipo de produto é necessário, e será mais eficaz quando se for fazer a limpeza de determinado tipo de superfície onde o produto será aplicado. Também é essencial levar em conta o tipo de contaminação para a determinação do melhor produto para a eliminação do agente infectante (FIOCRUZ, 2009). Alguns aspectos aos quais devemos atentar são: prazo de validade, toxicidade dos produtos, concentração etc. De acordo com a Norma Regulamentadora (NR) 7, que trata sobre o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional, é dever da empresa providenciar exames médicos (admissionais e demissionais) e periódicos a todos os profissionais que trabalham na limpeza dos laboratórios. Além de outra ação obrigatória, que diz respeito à vacinação contra o tétano e a hepatite B (ENIT, 2018). A rotina desses profissionais deve ser vigiada sempre pela chefia, e todo e qualquer ato que seja realizado de forma indevida deve ser imediatamente corrigido. 42 Introdução Neste capítulo abordaremos o descarte de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS). Discutiremos sobre os resíduossólidos urbanos e os procedimentos indicados para o manejo de resíduos de serviços de saúde, que fazem parte do plano de gerenciamento de resíduos de saúde e o descarte adequado. Ao final deste capítulo o aluno deverá estar consciente do risco do descarte inadequado de resíduos de serviços de saúde e qual a forma correta. Objetivos » Entender a importância do descarte adequado dos resíduos de saúde. » Compreender os riscos envolvidos no descarte inadequado de resíduos de saúde. 4.1 Resíduos sólidos urbanos e resíduos serviços de saúde Resíduos sólidos urbanos (RSU) são formados por resíduos industriais, resíduos hospitalares, comerciais, domiciliares e de limpeza urbana. A quantidade de formação destes resíduos aumentou nos últimos anos (CARDOSO, 2016). De acordo com o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), a quantidade de RSU produzido diariamente foi de 0,5 a 0,8kg per capta no Brasil. Pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza (Abrelpe) verificou que em 2013 a quantidade per capta produzida foi de1,037kg/dia. 4 CAPÍTULO RESÍDUOS DE SERVIçOS DE SAÚDE: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS, PROCEDIMENTOS PARA MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIçOS DE SAÚDE, PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SAÚDE E DESCARTE 43 RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS, PROCEDIMENTOS PARA MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE, PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SAÚDE E DESCARTE • CAPÍTULO 4 Os resíduos de serviço de saúde (RSS) são formados por variados componentes de resíduos, que, na maioria das vezes, são simples, podendo ser equiparados aos que geramos em nossas residências. Porém, uma parte deles pode oferecer risco, e é aí que entra a importância de um gerenciamento adequado. Mas como assim? Os RSS correspondem a cerca de 5% do RSU, contudo, quando são misturados aos outros tipos de resíduos podem contaminá-los. Por isso é importante que os RSS sejam separados e recebam os tratamentos necessários. É preciso conhecer os RSS, os materiais que os compõem, formas corretas de gerenciamento, manuseio e tratamento, e, principalmente, entender seus riscos à saúde e ao meio ambiente (FERREIRA, 2002 apud CARDOSO, 2016). É valido ressaltar que a maior parte dos RSS são compostos por resíduos comuns, e apenas um pequeno percentual é considerado de risco. Tal característica torna ainda mais importante um bom gerenciamento deste material (CARDOSO, 2016). A preocupação com a gestão destes resíduos se dá devido ao risco de doenças ou acidentes quando há a exposição a RSS, que podem ser físicos, com a possibilidade de exposição a materiais radioativos, químicos, biológicos, ou ainda de acidentes, com materiais perfurocortantes, entre outros. Os RSS podem afetar os profissionais que manipulam o material, que fazem tratamento, transporte e a sua disposição, além de poder afetar a população em geral. Os agentes biológicos presentes nos RSS podem transmitir doenças infecciosas se encontrarem condições adequadas para a sua proliferação (CARDOSO, 2016). A seguir, veremos o tempo de sobrevivência de alguns agentes biológicos: Figura 29. Tempo de sobrevivência de agentes biológicos. 12 60 31 18 8 2 9 2 885 244 370 12 29 14 2 NÚMERO MÉDIO DE DIAS Fonte: Adaptado de Cardoso (2016). De acordo com a norma ABNT NBR 10004:2004, que trata sobre a classificação dos resíduos sólidos, eles podem ser classificados em duas classes, de acordo com os riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. 44 RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS, PROCEDIMENTOS PARA MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE, PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SAÚDE E DESCARTE CAPÍTULO 4 • » Classe I: Resíduos perigosos: são os resíduos que apresentam propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas que podem causar riscos à saúde ou ao meio ambiente. Apresentam uma ou mais das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, entre outros. São alguns exemplos de resíduos dessa classe: óleo lubrif icante usado ou contaminado, lâmpadas fluorescentes, entre outros. » Classe II: Resíduos não perigosos: classificados em inertes e não inertes. Segue trecho da NBR 10004:2004, que trata da classificação dos resíduos sólidos: 3.1 Resíduos sólidos: resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. 3.2 Periculosidades de um resíduo: característica apresentada por um resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, pode apresentar: a) risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices; b) riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. 3.3 Toxicidade: propriedade potencial que o agente tóxico possui de provocar, em maior ou menor grau, um efeito adverso em consequência de sua interação com o organismo. 3.4 Agente tóxico: qualquer substância ou mistura cuja inalação, ingestão ou absorção cutânea tenha sido cientificamente comprovada como tendo efeito adverso (tóxico, carcinogênico, mutagênico, teratogênico ou ecotoxicológico). 3.5 Toxicidade aguda: propriedade potencial que o agente tóxico possui de provocar um efeito adverso grave, ou mesmo morte, em consequência de sua interação com o organismo, após exposição a uma única dose elevada ou a repetidas doses em curto espaço de tempo. 45 RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS, PROCEDIMENTOS PARA MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE, PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SAÚDE E DESCARTE • CAPÍTULO 4 3.6 Agente teratogênico: qualquer substância, mistura, organismo, agente físico ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz uma alteração na estrutura ou função do indivíduo dela resultante. 3.7 Agente mutagênico: qualquer substância, mistura, agente físico ou biológico cuja inalação, ingestão ou absorção cutânea possa elevar as taxas espontâneas de danos ao material genético e ainda provocar ou aumentar a frequência de defeitos genéticos. 3.8 Agente carcinogênico: substâncias, misturas, agentes físicos ou biológicos cuja inalação ingestão e absorção cutânea possa desenvolver câncer ou aumentar sua frequência. O câncer é o resultado de processo anormal, não controlado da diferenciação e proliferação celular, podendo ser iniciado por alteração mutacional. 3.9 Agente ecotóxico: substâncias ou misturas que apresentem ou possam apresentar riscos para um ou vários compartimentos ambientais. 3.10 DL50 (oral, ratos): dose letal para 50% da população dos ratos testados, quando administrada por via oral (DL – dose letal). 3.11 CL50 (inalação, ratos): concentração de uma substância que, quando administrada por via respiratória, acarreta a morte de 50% da população de ratos exposta (CL – concentração letal). 3.12 DL50 (dérmica coelhos): dose letal para 50% da população de coelhos testados, quando administrada em contato com a pele (DL – dose letal). (Fonte: https://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/residuos/res06a.html). De acordo com Organização Mundial de Saúde (2014 apud CARDOSO, 2016), a composição do RSS pode ser dividida da seguinte forma: Figura 30. Composição dos resíduos em serviços de saúde. Composição dos Resíduos – Serviços de Saúde Resíduos comuns Resíduos infectantes Resíduos químicos e rejeitos radioativos Fonte: Adaptado de Cardoso (2016). 46 RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS,PROCEDIMENTOS PARA MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE, PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SAÚDE E DESCARTE CAPÍTULO 4 • A análise do gráfico mostra que o maior percentual dos resíduos gerados em serviços de saúde é comum, e que apenas uma pequena parte pode causar agravos à saúde e ao meio ambiente. Segundo a Anvisa (2018), devido a sua heterogeneidade, os RSS são classificados em cinco grandes grupos, A, B, C, D e E, que têm como objetivo principal conhecer as características dos resíduos, para que, assim, se obtenha uma gestão eficiente, visando à preservação da saúde do homem e do meio. De acordo com Cardoso (2016), estes resíduos devem ser separados assim que forem gerados, considerando a sua classificação. Figura 31. Símbolo de radiação nuclear. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/nuclear-radiation-sign-drawn-on-cracked-111914708. Classificação dos RSS (EBSERH, 2019): Grupo A: Resíduos Biológicos e/ou Infectantes Podem representar risco de infecção. Exemplos: excreções, secreções, líquidos orgânicos, entre outros. Devido a sua vastidão, é subdividido em: A1, A2, A3, A4 e A5. » A1 : Culturas e estoques de microrganismos, descartes de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados, sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, entre outros. » A2: Peças anatômicas, vísceras, outros resíduos provenientes de animais, entre outros. 47 RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS, PROCEDIMENTOS PARA MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE, PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SAÚDE E DESCARTE • CAPÍTULO 4 » A3: Membros do ser humano, produto de fecundação sem sinais vitais, entre outros. » A4: Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes, kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores quando descartados, entre outros. » A5: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, entre outros. Grupo B: Resíduos Químicos Podem representar r iscos à saúde pública por suas características químicas. Exemplos: inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxidade. Grupo C: Rejeitos Radioativos Qualquer material oriundo das atividades humanas que tenham nível de nucleídeo maior do que o permitido pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Podem ser oriundos de laboratórios de análise clínica, radioterapia, entre outros. Grupo D: Resíduos Comuns Pode ser equiparado aos resíduos domésticos; não representam risco biológico, químico ou radioativo à saúde ou ao meio ambiente. Exemplo: restos de alimento e de preparo de alimento, absorventes higiênicos, papel de uso sanitário e fralda, entre outros. Grupo E: Resíduos Perfurocortantes Resíduos perfurocortantes ou escarificantes como lâminas de barbear, agulhas, entre outros. Quadro 1. Simbologia dos RSS. GRUPO A GRUPO B GRUPO C GRUPO D GRUPO E INFECTANTE QUÍMICO RADIOATIVO COMUM RECICLáVEL PERFUROCORTANTE GRUPO A INFECTANTE GRUPO B QUÍMICO GRUPO C RADIOATIVO GRUPO D COMUM GRUPO E PERFUROCORTANTE Peças anatômicas, carcaças, culturas... Medicamentos, lâmpadas, baterias... Rejeitos Radionuclíneos Gesso, fraldas, resíduos alimentares, papel,... Agulhas, escalpes, lâminas de bisturi,... Fonte: Adaptado de Ruiz (2004). 48 RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS, PROCEDIMENTOS PARA MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE, PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SAÚDE E DESCARTE CAPÍTULO 4 • 4.2 Gerenciamento do RSS Agora que vimos sobre a classificação dos RSS, vale reiterar que os resíduos devem ser separados no momento e local de sua geração, de acordo com a sua classificação. No Brasil, todas as atividades relacionadas às boas práticas do gerenciamento do RSS são regulamentadas pela RDC no 222. Esse gerenciamento abrange todas as etapas de planejamento de recursos físicos, materiais e capacitação dos recursos humanos envolvidos. Todo gerador de RSS deve dispor de um plano de gerenciamento de RSS (PGRSS) que é um documento que detalha todas as ações veiculadas ao gerenciamento dos resíduos de serviço de saúde, levando-se em consideração as suas características de risco, englobando aspectos referentes à geração, identificação, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, destinação e disposição final adequada no ambiente, respeitando sempre a saúde pública, do profissional e do meio ambiente. O referido plano deve ser organizado de forma compatível com as resoluções federais e normas locais (ANVISA, 2018). Estão presentes na fase de gerenciamento de RSS, ainda segundo a RDC no222: » Segregação, acondicionamento e identificação: a segregação consiste em selecionar os resíduos de forma adequada considerando a classificação adotada. Essa operação deve ser realizada na fonte, a fim de reduzir riscos para a saúde e o ambiente. Na etapa do acondicionamento, serão embalados os resíduos segregados em sacos ou recipientes adequados para que se evite retrabalho. Já a identificação consiste em medidas que concedem a identificação dos resíduos compreendidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações para o correto manejo dos RSS. Deve sempre possuir elementos para uma fácil identificação como cores e frases. » Coleta e transporte interno: a coleta e transporte interno dos RSS compreendem o translado dos resíduos desde o ponto de geração até o local onde será efetuado o armazenamento temporário ou externo. A finalidade é a de disponibilização para a coleta. Nessa fase os resíduos são transportados nos carros de coleta. Saiba mais Vamos ler um pouco sobre procedimentos de higienização a fim de evitar a contaminação? Disponível em: http:// www2.ebserh.gov.br/documents/221436/4141828/POP+HIGIENIZA%C3%87%C3%83O+EM+PDF.pdf/cf2666b4- dca4-429d-986b-5cc6f15f5894. 49 RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS, PROCEDIMENTOS PARA MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE, PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SAÚDE E DESCARTE • CAPÍTULO 4 » Armazenamento interno, temporário e externo : para armazenamento temporário e externo de RSS é necessário que os resíduos sejam mantidos em sacos e acondicionados em coletores com a tampa fechada. No caso de armazenamento interno, os procedimentos devem ser descritos e incorporados ao PGRSS do serviço. A Anvisa estabelece, ainda, que os locais destinados ao abrigo temporário de RSS devem possuir pisos e paredes revestidos de material resistente, lavável e impermeável, ter iluminação artificial e de água, tomada elétrica alta e ralo sifonado com tampa; quando houver área de ventilação, esta deve ser ter tela de proteção contra roedores e vetores, ter porta de largura compatível com as dimensões dos coletores e deve estar identificado como “ABRIGO TEMPORÁRIO DE RESÍDUOS”. Rejeitos radioativos, grupo C, devem obedecer ao Plano de Proteção Radiológica do Serviço, às Normas da CNEN e demais normas aplicáveis. Quanto ao abrigo externo, este deve ter, minimamente, um ambiente para armazenar os coletores de RSS do Grupo A, podendo também conter os do grupo E. Outro ambiente exclusivo para coletores do grupo D. Para o Grupo B, o abrigo externo deve respeitar a separação de categorias de RSS químicos, devendo estar devidamente identificados, considerando possível incompatibilidade química. » Coleta e transporte externos: a coleta externa irá retirar os resíduos que foram colocados na área de armazenamento externo, que será transportado até a unidade de tratamento ou destino. Essa coleta deve estar de acordo com as regulamentações de limpeza urbana, visando sempre a integridade dos profissionais, sociedade e meio ambiente. Os pressionais envolvidos na coleta e transporte de RSS devem sempre estar utilizando EPIs e EPCs adequados. Com relação ao transporte, podem ser utilizados os mais diversos tipos de veículos, de pequeno a grande porte, e sempre atendendo as normas legais. Sugestão de estudo Chernobyl: a verdade e o inventado na horripilante
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