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@resumosdamed_ 1 SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR ANATOMIA: O coração, principal estrutura do mediastino médio, é dividido em duas partes – direita e esquerda – por um septo longitudinal, orientado obliquamente. Cada metade consiste em duas câmaras: os átrios, que recebem sangue das veias, e os ventrículos, que impulsionam o sangue para o interior das artérias – aorta e pulmonar. O lado direito do coração recebe o sangue venoso sistêmico por intermédio das veias cavas – superior e inferior – que se conectam ao átrio direito; desse ponto, o sangue flui para o ventrículo direito, passando pela valva tricúspide. O sangue impulsionado pela contração do ventrículo ultrapassa a valva pulmonar, chegando à artéria pulmonar, que o distribui pela rede vascular dos pulmões, para que seja oxigenado; retorna ao lado esquerdo do coração pelas veias pulmonares que deságuam no átrio esquerdo. Desta câmara, dirige-se ao ventrículo esquerdo passando pela valva mitral. Por fim, ultrapassa a valva aórtica, alcançando a aorta, que constitui o início da circulação sistêmica, responsável pela distribuição do sangue pelo corpo todo. O coração é formado por três camadas: epicárdio, miocárdio e endocárdio. Com relação à anatomia externa do coração, descrevem-se a face esternocostal, a diafragmática ou ínfero-dorsal, à esquerda, a porção apical ou ápice e a basal ou base do coração. EXAME FÍSICO: SINTOMAS MAIS FREQUENTES: • Dispneia; • Dor ou desconforto torácico; • Cianose; • Síncopes; • Palpitações; @resumosdamed_ 2 • Edema. INSPEÇÃO E PALPAÇÃO: Realizam-se a inspeção e a palpação simultaneamente porque os achados semióticos tornam-se mais significativos quando analisados em conjunto. Os seguintes parâmetros devem ser sistematicamente analisados: pesquisa de abaulamento, análise do ictus cordis ou choque da ponta, análise de batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis e pesquisa de frêmito cardiovascular. ABAULAMENTOS: Para facilitar o reconhecimento de abaulamento, a observação da região precordial deve ser feita em duas incidências: tangencial, com o examinador de pé do lado direito do paciente, e frontal, o examinador fica junto aos pés do paciente, que permanece deitado. Abaulamento desta região pode indicar a ocorrência de aneurisma da aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e alterações da própria caixa torácica. ICTUS CORDIS: O ictus cordis, ou choque da ponta, é analisado pela inspeção e palpação, investigando-se localização, extensão, mobilidade, intensidade e tipo da impulsão, ritmo e frequência. A localização do ictus cordis varia de acordo com o biotipo do paciente. Nos mediolíneos, situa-se no cruzamento da linha hemiclavicular esquerda com o 5º espaço intercostal; nos brevilíneos, desloca-se aproximadamente 2 cm para fora e para cima, situando-se no 4º espaço intercostal; nos longilíneos, costuma estar no 6º espaço, 1 ou 2 cm para dentro da linha hemiclavicular. Avalia-se a extensão do ictus cordis procurando-se determinar quantas polpas digitais são necessárias para cobri-lo. Em condições normais, corresponde a 1 ou duas polpas digitais. Nos casos de hipertrofia ventricular, são necessárias três polpas ou mais. Quando há grande dilatação e hipertrofia, o ictus cordis pode chegar a abarcar toda a palma da mão. Determina-se a mobilidade do ictus cordis da seguinte maneira: primeiramente, marca-se o local do choque com o paciente em decúbito dorsal. A seguir, o paciente adota os decúbitos laterais (direito e esquerdo), e o examinador marca o local do ictus nessas posições. Em condições normais, o choque da ponta desloca-se 1 a 2 cm com as mudanças de posição; se houver sínfise pericárdica, isto é, se os folhetos do pericárdio estiverem aderidos entre si e com as estruturas vizinhas, o ictus não se desloca. A intensidade do ictus cordis é avaliada mais pela palpação do que pela inspeção. Para fazê-la corretamente, repousa-se a palma da mão sobre a região dos batimentos. Mesmo em pessoas normais, sua intensidade varia dentro de certos limites, sendo mais forte em pessoas magras ou após exercício, emoções e em todas as situações que provocam o aumento da atividade cardíaca (hipertireoidismo, exercício e eretismo cardíaco). No entanto, é na hipertrofia ventricular esquerda que se constatam os choques de ponta mais vigorosos. Quando a hipertrofia ventricular esquerda é consequência da insuficiência aórtica, encontra-se ictus cordis de grande intensidade. Na linguagem semiológica, ficaram consagradas algumas denominações mais abrangentes e muito significativas. Assim, fala-se em ictus cordis difuso quando sua área corresponde a três ou mais polpas digitais; e ictus cordis propulsivo, quando a mão que o palpa é levantada a cada contração, a primeira indicando dilatação e a segunda, hipertrofia. @resumosdamed_ 3 Pela ausculta, é possível analisar melhor o ritmo e a frequência do coração. Durante a inspeção e a palpação, entretanto, o examinador consegue elementos úteis para o diagnóstico. De modo especial, merece ser ressaltado que o ritmo de galope pode ser reconhecido com facilidade pela palpação do precórdio. BATIMENTOS OU MOVIMENTOS: Além do ictus cordis, podem ser encontrados no precórdio e áreas vizinhas outros batimentos visíveis ou palpáveis, ou seja, retração sistólica, levantamento em massa do precórdio, choques valvares, cliques, pulsação epigástrica e pulsação supraesternal. A retração sistólica apical aparece em casos de hipertrofia direita. Durante a sístole, em vez de um impulso, o que se percebe é uma retração. O levantamento em massa do precórdio, também denominado impulsão sistólica, ocorre na hipertrofia do ventrículo direito e é percebido como um impulso sistólico que movimenta uma área relativamente grande da parede torácica nas proximidades do esterno. Quando as bulhas cardíacas se tornam hiperfonéticas, podem ser sentidas pela mão como um choque de curta duração. A este fenômeno, denomina-se choque valvar. Isso também ocorre com os cliques de maior intensidade, que também chegam a ser palpáveis. FRÊMITO CARDIOVASCULAR: Frêmito cardiovascular é a designação aplicada à sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. É habitual compará-lo ao que se sente quando se palpa o pescoço de um gato que ronrona, de que proveio a denominação de frêmito catário. Ao encontrar-se um frêmito, três características precisam ser investigadas: localização, usando-se como referência as áreas de ausculta; situação no ciclo cardíaco, diferenciando-se, então, pela coincidência ou não com o ictus cordis ou o pulso carotídeo, os frêmitos sistólico, diastólico e sistodiastólico; e intensidade, avaliada em cruzes (+ a ++++). Os frêmitos correspondem aos sopros e a sua ocorrência têm grande importância no raciocínio clínico. @resumosdamed_ 4 AUSCULTA: FOCOS OU ÁREAS DE AUSCULTA: A demarcação de focos ou áreas de ausculta não significa que o examinador colocará o receptor do estetoscópio apenas nesses locais. Em uma ausculta cardíaca correta, todo o precórdio e as regiões circunvizinhas, incluindo a região axilar esquerda, o dorso e o pescoço, precisam ser auscultados. Os clássicos focos servem como pontos de referência porque, nas regiões correspondentes a eles, encontram-se as informações mais pertinentes às respectivas valvas. O foco ou área mitral situa-se no 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular e corresponde ao ictus cordis ou ponta do coração. Por isso, antes de começar a ausculta do coração, é indispensável localizar o ictus cordis, pois, nesta área, melhor serão percebidos os fenômenos estetoacústicos – alterações de bulhas, estalidos, sopros – originados em uma valva mitral estenótica e/ou insuficiente. O foco ou área pulmonar localiza-se no2º espaço intercostal esquerdo, junto ao esterno. É neste foco em que se têm as condições ideais para a análise dos desdobramentos – fisiológico ou patológico – da 2ª bulha pulmonar. Cumpre notar que os fenômenos acústicos originados nas valvas pulmonares, normais ou lesadas, são audíveis apenas nesta área, pouco ou nada se irradiando para os demais focos. O foco ou área aórtica situa-se no 2º espaço intercostal direito, justaesternal. No entanto, deve-se estar consciente de que, muitas vezes, o melhor local para perceber os fenômenos acústicos de origem aórtica é a área compreendida entre o 3º e o 4º espaço intercostal esquerdo, nas proximidades do esterno, à qual se dá a denominação de foco aórtico acessório. O foco ou área tricúspide corresponde à base do apêndice xifoide, ligeiramente para a esquerda. Os fenômenos acústicos originados na valva tricúspide – principalmente o sopro sistólico indicativo de insuficiência desta valva – costumam ser mais percebidos nas proximidades da área mitral. Por isso, é indispensável auscultar o coração durante a inspiração profunda, com o que se obtém intensificação do sopro se ele for de origem tricúspide. Fazem parte da rotina de ausculta do coração outras áreas no precórdio e nas adjacências, dentre as quais se destacam as seguintes: • Borda esternal esquerda, que corresponde à região situada entre a área pulmonar e a tricúspide; • Borda esternal direita, que vai do foco aórtico ao 5º espaço intercostal direito, justaesternal; • Endoápex ou mesocárdio, que é a área situada entre o foco tricúspide, o foco mitral e o aórtico acessório; • Regiões infra e supraclaviculares, direita e esquerda; • Regiões laterais do pescoço, muito importantes para a caracterização do sopro de estenose aórtica cuja irradiação segue a direção do fluxo sanguíneo ejetado pelo ventrículo esquerdo; • Regiões interescapulovertebrais, principalmente a região interescapulovertebral esquerda, em que melhor se ausculta, com frequência, o sopro da persistência do canal arterial. @resumosdamed_ 5 BULHAS CARDÍACAS: • Primeira bulha (B1): O principal elemento na formação da 1ª bulha cardíaca é o fechamento das valvas mitral e tricúspide, o componente mitral (M) antecedendo o tricúspide (T), pelas razões analisadas ao se estudar o ciclo cardíaco. A 1ª bulha cardíaca (B1) coincide com o ictus cordis e com o pulso carotídeo. É de timbre mais grave e seu tempo de duração é um pouco maior que o da 2ª bulha. Para representa-la, usamos a expressão onomatopaica “TUM”. Em condições normais, a 1ª bulha tem maior intensidade no foco mitral, no qual costuma ser mais forte que a 2ª bulha. Em metade das pessoas normais, percebem-se separadamente os componentes mitral e tricúspide, fenômeno não relacionado com a respiração e sem significado patológico. • Segunda bulha (B2): É constituída de quatro grupos de vibrações; mas somente são audíveis as originadas pelo fechamento das valvas aórtica e pulmonar. Ouve-se o componente aórtico em toda a região precordial, enquanto o ruído originado na pulmonar é auscultado em uma área limitada, correspondente ao foco pulmonar e à borda esternal esquerda. Por isso, no foco aórtico e na ponta do coração, a 2ª bulha é sempre única pelo simples fato de se auscultar nestes focos somente o componente aórtico. Em condições normais, o componente aórtico precede o pulmonar. Durante a expiração, ambas as valvas se fecham sincronicamente, dando origem a um ruído único. Na inspiração, principalmente porque a sístole do ventrículo direito se prolonga ligeiramente em função do maior afluxo sanguíneo a este lado do coração, o componente pulmonar sofre um retardo que é suficiente para perceber, nitidamente, os dois componentes. A este fato, se chama desdobramento fisiológico da 2ª bulha cardíaca. A 2ª bulha vem depois do pequeno silêncio, seu timbre é mais agudo, soa de maneira mais seca, de tal modo que a designamos pela expressão “TA”. Quando a bulha está desdobrada, seu ruído corresponde à expressão “TLA”. O grau de desdobramento varia de indivíduo para indivíduo e é observado em quase todas as crianças. Em condições normais, a 2ª bulha é mais intensa nos focos da base (aórtico e pulmonar). Explica-se tal fato pela maior proximidade da parede torácica das estruturas em que se originam esses sons. Nas crianças, a 2ª bulha tem maior intensidade no foco pulmonar. Em adultos e pessoas idosas, observa se o contrário, isto é, a 2ª bulha é mais intensa no foco aórtico. • Terceira bulha (B3): É um ruído protodiastólico de baixa frequência que se origina das vibrações da parede ventricular subitamente distendida pela corrente sanguínea que penetra na cavidade durante o enchimento ventricular rápido. Ausculta-se uma 3ª bulha cardíaca normal com mais frequência nas crianças e nos adultos jovens. É mais audível na área mitral, com o paciente em decúbito lateral esquerdo; o receptor mais apropriado é o de campânula, isto porque esta bulha é um ruído de baixa frequência. Pode ser imitada pronunciando- se de modo rápido a expressão “TU”. @resumosdamed_ 6 • Quarta bulha (B4): É um ruído débil que ocorre no fim da diástole ou pré-sístole e pode ser ouvida mais raramente em condições normais nas crianças e nos adultos jovens. A gênese da 4ª bulha não está completamente esclarecida. Atualmente, admite-se que esta bulha seja originada pela brusca desaceleração do fluxo sanguíneo mobilizado pela contração atrial de encontro à massa sanguínea existente no interior do ventrículo, no final da diástole. RITMO E FREQUÊNCIA CARDÍACA: Reconhecidas as 1ª e 2ª bulhas, o passo seguinte consiste em determinar o ritmo do coração e o número de batimentos por minuto, isto é, a frequência cardíaca. Havendo apenas 2 bulhas, trata-se de ritmo de 2 tempos ou binário; quando se torna audível um 3º ruído, passa a ser um ritmo de 3 tempos ou ritmo tríplice, assim representado: TUMTATU–TUMTATU–TUMTATU. Para determinar a frequência, conta-se 1 minuto inteiro. Em adultos, o número de batimentos por minuto vai de 60 a 100. Menos de 60 contrações por minuto chama-se bradicardia, e mais de 100, taquicardia. Arritmias Cardíacas: • Taquicardia sinusal: FC > 100bpm, B1 hiperfonética; • Bradicardia sinusal: FC < 60bpm, com alongamento do ciclo cardíaco; • Arritmia sinusal: irregularidade na sequência das bulhas, que ocorrem mais ou menos lentamente, extra-sístole (ES) e fibrilação atrial (FA). Ritmos tríplices: A adição de uma 3ª bulha às duas bulhas normais transforma o ritmo binário em ritmo tríplice ou ritmo de três tempos. Este 3º ruído ocorre na diástole, sendo fundamental situá-la corretamente no ciclo cardíaco para exata interpretação clínica dos ritmos tríplices. Os ritmos tríplices dividem-se em protodiastólicos e pré-sistólicos. De grande importância prática é a diferenciação entre os ritmos tríplices protodiastólicos por 3ª bulha fisiológica e aqueles por 3ª bulha patológica. Isto é fundamental, e a chave para a diferenciação está no exame do paciente em sua totalidade, pois, para considerar patológica uma 3ª bulha, são necessários outros dados que indiquem a existência de uma cardiopatia, tais como insuficiência mitral, miocardite, miocardiopatia e shunts da esquerda para a direita (p. ex., comunicação interatrial). Na ausência de uma destas cardiopatias, uma 3ª bulha, porventura existente, deve ser considerada fisiológica. Do ponto de vista estetoacústico, o ritmo tríplice por 3ª bulha fisiológica nunca lembra o galope de cavalo. Ele se assemelha mais a um desdobramento longo da 2ª bulha. O ritmo tríplice pré-sistólico depende da presença de 4ª bulha e pode aparecer sem que haja doença associada (crianças e jovens), porém é mais frequente quando há alteração da complacência ou distensibilidade ventricular (miocardiopatia, isquemia miocárdica,sobrecarga de pressão). • Ritmo de galope: A denominação ritmo de galope, aplicável ao ritmo tríplice por 3ª bulha patológica, originou-se de suas características sonoras. Isso porque os sons que se ouvem lembram o ruído das patas de um cavalo galopando, o qual pode ser imitado repetindo-se ritmadamente a expressão PA-TA-TA, ou seja, PA-TA-TA–PA-TA-TA–PA-TA-TA. O ritmo tríplice determinado por uma 3ª bulha fisiológica pode ser reproduzido com os sons obtidos, pronunciando- se cadenciadamente as expressões TUM-TA-TU–TUM-TA-TU–TUM-TA-TU. O ritmo de galope é mais audível quando se apoia o receptor, de preferência o de campânula, com suavidade sobre a parede torácica, podendo desaparecer quando se comprime demasiado o receptor. O ritmo de galope é mais audível na ponta do coração ou junto à borda esternal (área @resumosdamed_ 7 tricúspide), com o paciente em decúbito lateral esquerdo. Às vezes, o ritmo de galope é mais palpável que audível. Embora ainda persistam dúvidas sobre alguns de seus aspectos fisiopatológicos, o ritmo de galope tem grande valor na prática porque significa sempre importante comprometimento do miocárdio; por isso, é reconhecido como o “grito de socorro” do miocárdio em sofrimento. ALTERAÇÕES DAS BULHAS CARDÍACAS: • Alterações da 1ª bulha cardíaca (B1): É percebido descontinuidade na bulha, podendo ser fisiológico (mais comum em adultos, tendo maior diferença pressórica entre a aórtica e pulmonar, e é transitório) ou patológico (pode representar um atraso no fechamento da valva tricúspide e sobrecargas ventriculares). Está presente tanto na inspiração, quanto na expiração. Caracterizada por um “TRUM- TA”. • Alterações da 2ª bulha cardíaca (B2): É necessário analisar as áreas da base. Quando fisiológico, é comum em crianças e jovens, sendo mais evidente na inspiração, devido à queda da pressão intratorácica → aumento do retorno venoso → aumento do tempo de ejeção do VD → atraso de P2. Caracterizada por um “TUM-TRÁ”. Quando patológico, está presente na inspiração e na expiração, devido: ➢ Bloqueio de ramo direito: acentua-se na inspiração; ➢ Comunicação interatrial (desdobramento fixo de B2): não se modifica com inspiração; ➢ Bloqueio de ramo esquerdo (desdobramento paradoxal): evidente na expiração. OUTROS SONS: • Cliques: alta frequência, agudos, estenoses valvares (sistólicos). • Estalidos: desaparece quando a válvula calcifica ou fica imóvel, devido à abertura valvar (M-T). • Atritos: pericárdio, pericardite, foco pulmonar. SOPROS: Os sopros são produzidos por vibrações decorrentes de alterações do fluxo sanguíneo. Em condições normais, o sangue flui como corrente laminar, com velocidade um pouco mais rápida na porção central, tal como as águas de um rio sem obstáculos em seu leito. Fato fundamental é que flui sem formar turbilhões, pois, quando isso acontece, o fluxo deixa de ser laminar e surgem vibrações que originam os ruídos denominados sopros. Portanto, são produzidos por vibrações decorrentes de alterações do fluxo sanguíneo, que em condições patológicas adota um caráter turbilhonar, deixando de ser laminar, surgindo ruídos denominados sopros. Os sopros podem surgir dos seguintes mecanismos: • Aumento da velocidade da corrente sanguínea (exercício físico, hipertireoidismo, febre); • Diminuição da viscosidade sanguínea (anemia); • Passagem do sangue por uma passagem estreita (estenoses); • Passagem do sangue por zona dilatada (aneurismas). Podem ser classificados em: • Sopro sistólico: insuficiência mitral/tricúspide ou estenose aórtica/pulmonar. • Sopro diastólico: insuficiência aórtico/pulmonar ou estenose mitral/tricúspide • Sopros temporários: febre, anemia, gravidez, exercícios físicos, hipertireoidismo. @resumosdamed_ 8 Manobras para auscultar um sopro: • Manobra de Rivero Carvalho: com o paciente em decúbito dorsal, coloca-se o receptor do estetoscópio no foco tricúspide, e atenta- se para a intensidade do sopro. Logo após, solicita-se ao paciente que faça uma inspiração profunda. Simultaneamente o examinador procura detectar qualquer modificação na intensidade do sopro. Manobra de Rivero Carvalho Negativa: caso não haja alteração ou se o sopro diminuir de intensidade, diz que a Manobra de Rivero Carvalho é negativa. Assim, o sopro audível naquele foco não passa de propagação de um sopro originado na valva mitral. Manobra de Rivero Carvalho Positiva: se ocorrer um aumento da intensidade do sopro, diz que a Manobra de Rivero Carvalho é positiva. Diante disso é correto concluir-se que o sopro origina na valva tricúspide. Na inspiração profunda a pressão negativa intratorácica aumenta, propiciando um maior afluxo de sangue para o lado direito do coração, com isso, chega mais sangue no ventrículo direito, bem como maior refluxo de sangue do átrio durante a sístole. Como resultado ocorre uma intensificação do sopro. Enfim, na insuficiência tricúspide a Manobra de Rivero Carvalho é positiva. • Manobra de Valsalva: diminui o retorno venoso, reduzindo a estenose A/P ET, sendo aumentada em casos de prolapso de válvula mitral. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 1. PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8ª ed. Rio de Janeiro. Guanabara, 2019.
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