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Método Clínico Centrado na Pessoa - Parte II

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FPM I
Aspect��-Chav�
➤ Um médico centrado na pessoa não ignora o conhecimento médico dos processos de
doença e tratamento. O desafio é intervir em determinado momento, mantendo a
perspectiva de que, com o tempo, todos os níveis devem ser considerados para uma
compreensão completa;
➤ Estudos mostraram que cerca de 75% dos pacientes preferem uma abordagem centrada
na pessoa e que, nesta abordagem, as pessoas expressam mais elementos da experiência
com a doença, como ideias (89%), expectativas (72%), problemas de funcionamento (57%),
problemas de contexto (55%) e sentimentos (42%).
É importante permitir que o fluxo maior venha da pessoa.
➤ 4 componentes:
- Explorando a saúde, a doença e a experiência da doença
- Entendendo a pessoa como um todo - o indivíduo, a família, o contexto
- Elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas
- Intensificando a relação entre a pessoa e o médico
1
FPM I
Component�1 ◦
➤ Possivelmente a maior parte da consulta;
➤ Ampliação da exploração do problema do paciente, incorporando a experiência dele à
consulta;
➤ A experiência da doença (illness) é definida como a experiência pessoal e subjetiva de
estar doente, e essa experiência, em geral, lida com sentimentos como medo, perda,
solidão e traição;
➤ A doença é a avaliação objetiva de seu corpo, por meio dos exames físicos e
laboratoriais;
➤ Ajuda a entender e incorporar ao atendimento a sensação da pessoa sobre o que ela
entende por “ter” saúde;
➤ O acrônimo SIFE nos ajuda nessa abordagem:
- S: sentimentos da pessoa, especialmente o medo de estar doente
- I: ideias sobre o que está errado
- F: funcionamento: efeito do problema sobre sua vida
- E: expectativas em relação ao médico e ao atendimento
Responder às seguintes perguntas ajuda muito a contemplar esses aspectos:
➤ O que mais está preocupando você?
➤ O quanto isso que você está sentindo afeta sua vida?
➤ O que você pensa sobre isso ?
➤ Quanto você acredita que eu posso ajudar?
Com isso, a pessoa tem a oportunidade de expor seu modo de vida como base para
entender, diagnosticar e tratar os problemas
Uma consulta pode ter um bom início com perguntas abertas, como:
➤ Em que posso ajudá-lo(a)?
➤ O que trouxe você aqui hoje?
➤ O que o motivou a essa consulta?
Inicia-se o que chamamos de Momento da Atenção Indisputada:
- Cerca de 2 minutos em que só o paciente fala;
- O médico interage com comunicação não-verbal;
- Não se mexe no computador ou em papéis ou em qualquer outra coisa que distraia
a atenção.
Ao explorar a percepção que a pessoa tem sobre a saúde, a doença e a experiência da
pessoa com a doença, não se deve deixar de lado a realização qualificada de aspectos
fundamentais da abordagem médica (anamnese e exame clínico) para chegar ao
diagnóstico, prescrever medicamentos e requisitar exames, mas simultaneamente se deve
levar em consideração como a doença está afetando aquela pessoa em particular e, a partir
disso, construir um entendimento integrado.
2
FPM I
Component�2 ◦
➤ O segundo componente do MCCP é um entendimento integrado da pessoa inteira,
resultando das informações que, ao longo do tempo, o médico acumula sobre aqueles que
atende, significando que vai além de diagnosticar doenças ou assistir resposta a doenças;
➤ Seu conhecimento da pessoa deve incluir a família, o trabalho, as crenças e as vivências
nas várias etapas que compõem o ciclo de vida individual e familiar. Muitas vezes, essas
informações são obtidas antes mesmo de a pessoa adoecer, pelo contato em função das
demais pessoas da família ou das atividades na comunidade.
Entender a pessoa como um todo pode ajudar o médico a aumentar sua interação com ela
em períodos específicos do ciclo de vida, ajudando-o a compreender sinais e sintomas
pouco definidos ou reações exageradas e fora de contexto. Para conhecer a pessoa inteira,
é necessário compreender o desenvolvimento individual, saber o que é um desenvolvimento
saudável e saber que a formação da personalidade surge como resultado do modo como
cada fase do desenvolvimento acontece. É fundamental, ainda, ter a consciência de que as
fases do desenvolvimento afetam a vida das pessoas. Para isso, ao atender alguém, é
preciso saber em que posição a pessoa se encontra no ciclo de vida, as tarefas que ela
assume e os papéis que desempenha.
Uma fonte de informações ou abordagem familiar é utilizar outras pessoas da família para
prestar informações e auxiliar no cuidado, pois cerca de um terço das pessoas vai
3
FPM I
acompanhada às consultas. Isso é especialmente importante nas situações que envolvem
doença mental, doenças crônicas e sintomas medicamente inexplicáveis.
Assim, para entender a pessoa como um todo, devem-se obter respostas para perguntas
como:
➤ Que tipos de doenças existem na família?
➤ Em que ponto do ciclo vital familiar a família se encontra?
➤ Em que ponto do desenvolvimento individual a pessoa está?
➤ Quais as tarefas da família e da pessoa nessa etapa do ciclo de vida?
➤ Existem pendências das etapas anteriores?
➤ Como a doença afeta as tarefas dos integrantes da família?
➤ Como a família experienciou doenças?
Component�3 ◦
➤ É o compromisso mútuo de encontrar um projeto comum para tratar dos problemas. É
importante em qualquer situação, mas se torna fundamental como ferramenta para realizar
um manejo de sucesso às pessoas com doenças crônicas, desenvolvendo intervenção
terapêutica.
Deve-se buscar concordância em três áreas principais:
1) Definição do problema a ser manejado:
- Nominar o problema é importante por ajudar a pessoa a entender a causa; fornece uma
ideia do que esperar em termos de evolução do problema; e permite dar informações sobre
o prognóstico;
- As pessoas costumam formular uma hipótese sobre o que têm antes de se apresentarem
ao médico e constroem seu modelo explicativo. Assim, cabe ao médico validá-lo ou não,
para explicar o problema e o manejo recomendado de forma consistente com o ponto de
vista da pessoa de modo que faça sentido nas palavras dela, que ela entenda e concorde
com as recomendações.
2) Estabelecimento de metas e prioridades no tratamento: para isso, algumas
questões devem ser observadas:
- Buscar o momento adequado (procurar entendimento da pessoa sobre o problema)
- Encorajar a participação (procurar o ponto de vista sobre propostas de manejo do
problema)
- Clarear a concordância da pessoa (verificar a disponibilidade da pessoa para
cumprimento da proposta)
- Incrementar adesão ao tratamento (verificar se a pessoa acredita na proposta)
- Incorporar prevenção e promoção de saúde (melhorar a saúde, reduzir riscos, detectar
precocemente a doença, diminuir os efeitos da doença, evitar procedimentos ou
intervenções desnecessárias ou de risco)
3) Identificação dos papéis a serem assumidos pela pessoa e pelo médico:
costumam ocorrer problemas na definição dos papéis entre médico e pessoa
quando:
- A pessoa está buscando por um médico especialista que lhe diga o que está errado e o
que ela deve fazer; o médico, por outro lado, deseja uma relação mais igualitária, na qual
ele e a pessoa compartilhem a tomada de decisão;
4
FPM I
- A pessoa deseja uma relação paternalista na qual o médico faça por ela o que os próprios
pais não fizeram; o médico, por sua vez, deseja ser um cientista biomédico que possa
aplicar as descobertas da medicina moderna aos problemas das pessoas;
- A pessoa busca apenas assistência técnica do médico; o médico, entretanto, aprecia uma
abordagem holística e deseja conhecer a pessoa como um todo.
➤ Ao praticar uma abordagem centrada na pessoa, o médico deve ser flexível com relação
à abordagem que a pessoa busca ou da qual ela necessita, observando os aspectos
culturais, o tipo de problema e o perfil da pessoa.
➤ A participação da pessoa na tomada de decisão irá variar, dependendo de suas
capacidades emocionais e físicas, e o médico deve adaptar-se a cada situação;
➤ O papel da equipe sempre deve ser considerado e incluído nesse processo.
Ao final, o médico deve sumarizar, para confirmar o entendimento, o plano e os papéis.
Quando as divergênciassão grandes, pode-se utilizar a grade a seguir, preenchendo-a em
conjunto, pois essa visualização permite um trabalho melhor na busca do manejo conjunto.
Component�4 ◦
➤ Cada consulta pode se revelar uma surpresa, com apresentação de motivos ou queixas
não esperados;
➤ Cada consulta deve servir para construir um relacionamento com cada pessoa como
base para um trabalho em conjunto e para explorar o potencial curativo da relação
médico-pessoa;
➤ Diferentes pessoas requerem diferentes abordagens, que variam de acordo com idade,
gênero, problema, estado emocional, etc. Ele deve agir de uma variedade de modos para
alcançar diferentes necessidades de quem busca ajuda, caminhando com a pessoa e
colocando a si mesmo e seu relacionamento na relação terapêutica para mobilizar as forças
da pessoa com propósitos curativos.
Para tanto, o médico deve ter conhecimento sobre:
- Quais são as características do relacionamento terapêutico;
- Como compartilhar o poder;
- Como estabelecer um relacionamento saudável e interessado;
- Como desenvolver o autoconhecimento;
- Como reconhecer e utilizar a transferência e a contratransferência.
➤ As pessoas, quando consultam, esperam que o médico demonstre segurança e controle
(não confundir com paternalismo e centrado no médico), atuando tecnicamente, o que
transmite e proporciona confiança no profissional. O tempo pode e deve ser administrado
conforme a necessidade da pessoa e nossa disponibilidade;
➤ A escuta ativa é um recurso fundamental os objetivos desse componente;
➤ A administração do tempo é fundamental e deve ser manejada conforme as demandas
do paciente e da consulta.
➤ Uma das tarefas do cuidado à saúde atualmente é conciliar o desenvolvimento científico
e a humanização, evitando os danos provocados por remédios ou tratamentos, a realização
de cirurgias e exames caros e desnecessários e, muitas vezes, o tratamento impessoal e
sem afeto dispensado às pessoas.
➤ São estratégias úteis nesse processo:
5
FPM I
- Envolver as pessoas ou famílias nas decisões;
- Manter as pessoas ou famílias informadas;
- Melhorar a comunicação com as pessoas e famílias;
- Dar às pessoas e às famílias aconselhamento e suporte;
- Obter consentimento informado para aqueles procedimentos ou processos de maior
risco ou possibilidade de dano;
- Obter retorno das pessoas e famílias e ouvir suas opiniões sobre o cuidado
prestado;
- Ser franco e leal quando efeitos colaterais ocorrerem; reconhecer os erros.
- É sempre necessário usar o método?
Sempre que for possível, pois organiza a consulta e com o tempo torna a consulta mais
rápida.
- O que acontece se há conflitos entre as expectativas da pessoa e a avaliação
médica?
Comunicação é fundamental para evitar essa situação;
- Há risco de invadirmos a privacidade da pessoa?
Sim. Para que essa situação seja evitada é necessária a dosagem do contato físico e
entender que as perguntas devem ser feitas no momento correto: sempre que fizer uma
pergunta mais íntima, avise ao paciente e diga que ele não precisa responder caso não
queira, para deixá-lo a vontade.
- Como podemos ter tempo pra ouvir a pessoa?
Ouvir sempre otimiza a consulta e evita retornos desnecessários.
- O que acontece se o médico abre espaço para uma série de problemas
psicológicos, emocionais e sociais com os quais não têm condições de lidar?
Lembrar que o médico não resolve tudo sozinho e envolver equipes multidisciplinares.
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