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Conservação e Uso de Recursos Genéticos

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Curso de Pós-graduação a Distância 
 
 
Conservação e 
Uso de 
Recursos 
Genéticos 
 
 
 
 
Autor: 
Laura Cristina Pires Lima 
 
 
 
 
Universidade Católica Dom Bosco Virtual 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
SUMÁRIO 
UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS PARA CONSERVAÇÃO E USO DE RECURSOS 
GENÉTICOS ............................................................................................................. 06 
 
1.1 Contexto histórico sobre o uso dos recursos naturais biológicos........................ 06 
1.2 Conceitos básicos e terminologias usadas em recursos genéticos .................... 11 
1.3 Conservação de Recursos Genéticos ................................................................. 17 
1.4 Importância das comunidades tradicionais na Conservação de Recursos 
Genéticos .................................................................................................................. 22 
1.5 Legislação sobre conservação em Recursos Genéticos .................................... 26 
 
UNIDADE 2 – APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS .............................................. 32 
 
2.1 Estratégias de Conservação Ex Situ ................................................................... 32 
2.2 Importância das Coleções Científicas ................................................................. 45 
2.3 Manejo de Germoplasma Vegetal ....................................................................... 48 
2.4 Bioprospecção .................................................................................................... 53 
 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 67 
 
 
 
3 
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INTRODUÇÃO 
 
Desde a antiguidade o homem sempre 
necessitou de recursos naturais para sua 
sobrevivência, sejam estes recursos bióticos ou 
biológicos (flora, fauna, microrganismos) e os 
não biológicos ou abióticos (água, ar, solo). 
Os recursos naturais biológicos podem 
ser divididos entre aqueles que têm valor econômico direto ou indireto. Os recursos 
naturais biológicos de uso direto são aqueles diretamente colhidos e utilizados 
(valor de consumo) ou revendidos (valor produtivo, neste caso o valor pago no primeiro 
posto de venda). 
 [...] Yes, nós temos bananas.... 
Vai para a França o café, pois é 
Para o Japão o algodão, pois não 
Pro mundo inteiro 
Homem ou mulher 
Bananas para quem quiser [...] 
(trecho da música Yes, nós 
temos bananas de João de Barro) 
Na música citada acima, pode-se realizar um link com os recursos naturais 
de uso direto que têm valor comercial (bananas, café, algodão). 
Além disso, pode-se 
correlacionar a música com o tema 
da nossa disciplina Conservação 
e Uso de Recursos Genéticos, 
pois, na letra verifica-se como o 
Brasil é um país rico em recursos 
biológicos que podem ser 
utilizados na alimentação 
(bananas e café) e na indústria 
(algodão) quando comparado a 
outros países. 
 Fonte: http://migre.me/gNAWV 
Flora: conjunto de plantas de 
uma determinada região. 
Fauna: conjunto de animais de 
uma dada localidade geográfica. 
Microrganismos: organismos 
vivos que só podem ser vistos ao 
microscópio como vírus, 
bactérias, protozoários e fungos 
microscópicos. 
 
 
4 
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É importante ressaltar que a diversidade de recursos naturais biológicos de 
uso direto no Brasil não se restringe aos citados na música, também existem outros 
recursos empregados na medicina, seja 
popular ou não, como a carqueja, cujo nome 
científico é Baccharis trimera, comumente 
vendida como chá para emagrecimento; na 
farmacologia, o veneno da cobra cascavel 
(Crotalus durissus) utilizado na fabricação de 
soro antiofídico; além dos ornamentais como 
orquídeas que são muitas vezes vendidas 
ilegalmente (traficadas) para outros países; 
madeireiros como o peroba-rosa, 
Aspidosperma polyneuron, muito usada na 
construção civil; cosméticos como buriti, 
Mauritia flexuosa, do qual são extraídos óleos 
e essências corporais. Pesquisas 
biotecnológicas têm crescido na área de 
melhoramento genético e biologia molecular a fim de otimizar o uso destes recursos 
biológicos. 
 
Fonte: http://migre.me/gNB0X 
Nome Científico: nome composto 
por duas palavras, a primeira em 
maiúsculo e a segunda em 
minúsculo, e escrito em latim, em 
conformidade com a convenção 
internacional. Os nomes científicos 
são amplamente utilizados nas 
áreas biológicas, a fim de 
uniformizar a comunicação entre 
pesquisadores. Por exemplo, 
Baccharis trimera recebe vários 
nomes populares como carqueja, 
três-espigas, amarga, iguapé e 
vassoura, de acordo com a região. 
Uma planta conhecida como 
carqueja no Nordeste pode ser uma 
espécie diferente da carqueja da 
região Centro-Oeste. Deste modo o 
nome científico é a forma universal 
de comunicação entre os 
pesquisadores de diferentes 
regiões geográficas. 
 
 
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Além dos recursos biológicos de uso direto (agrícolas, farmacológicos, 
ornamentais, madeireiros e cosméticos), pode-se destacar a existência de outros 
recursos naturais biológicos de uso indireto que são os valores dos ‘’serviços’’ 
prestados pelos ecossistemas, no qual podemos 
incluir a polinização das flores realizadas por 
abelhas, beija-flores ou morcegos; controle de 
dejetos (realizados por microrganismos como 
bactérias depuradoras de resíduos) e espécies 
que compõe a paisagem de habitats naturais 
como Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Amazônia e Caatinga, das quais muitas 
estão ameaçados de extinção como mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), 
arara-azul (Cyanopsitta spixii), e pinheiro do paraná (Araucaria angustifolia) devido 
à exploração dos ambientes onde estas espécies ocorrem. 
Diante de tanta diversidade biológica tanto de uso direto quanto indireto fica 
a pergunta de como conservar estas espécies para outras gerações humanas? 
Para responder a estas questões a disciplina de Conservação e Uso de Recursos 
Genéticos está organizada em duas partes: 
Unidade 1 - Fundamentos para Conservação em Recursos Genéticos com 
a apresentação de um Contexto histórico sobre o uso dos recursos naturais 
biológicos; seguida pelos conceitos básicos e terminologias em recursos genéticos; 
Importância das Comunidades tradicionais na Conservação de Recursos Genéticos 
e finalizando com a Legislação sobre conservação em recursos genéticos. Esta 
unidade tem como objetivo destacar os principais conceitos e arcabouços legais 
para Conservação de Recursos Genéticos. 
Unidade 2 - Aplicação de Conservação de Recursos Genéticos, com a Estratégia de 
Conservação ex situ em vegetais, animais e microrganismos; Importância das 
Coleções Científicas; Manejo de Germoplasma Vegetal e a Bioprospecção de flora, 
fauna e microrganismos. O objetivo desta unidade é aplicar os conceitos adquiridos 
na unidade 1 para a Conservação de microrganismos, flora e fauna com ou sem 
aproveitamento Biotecnológico. 
Ecossistemas: complexo 
dinâmico de comunidades 
vegetais, animais e de 
microrganismos e o seu meio 
inorgânico que interagem como 
uma unidade funcional. 
Habitats: local onde uma 
espécie ocorre naturalmente. 
 
 
6 
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UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS PARA CONSERVAÇÃO E USO DE 
RECURSOS GENÉTICOS 
 
1.1 Contexto histórico sobre o uso dos recursos naturais 
biológicos 
 
O Brasil com a sua grande diversidade biológica tem sido apontado como 
detentor de aproximadamente 23% da variabilidade global (Wetzel 1999), entretanto 
vem ocorrendo o desmatamento 
do seu habitat natural quase na 
mesma velocidade que o resto do 
mundo. Para compreendermos o 
atual processo de exploração de 
recursos naturais e a sua 
conservação precisamos ter 
noção geral dos eventos 
acontecidos nopassado tanto em 
nível global (mundo) quanto local 
(Brasil). 
Fonte: http://migre.me/gNBaB 
 
No decorrer da história, os recursos biológicos têm sofrido modificações: de 
caça e coleta, passou-se a domesticação de animais e plantas, a seleção de 
variedades com características desejáveis para o uso do ser humano, como por 
exemplo, uma variedade de tomate que possua mais frutos e seja mais resistente a 
pragas. 
Com o passar do tempo, os recursos biológicos passaram a ser 
considerados mercadorias, objetos de troca e comércio. Hoje parte significativa do 
comércio mundial está baseada nestes recursos - madeira, produtos da pecuária, 
agricultura e extrativismo. 
 
 
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Ao correlacionarmos esse avanço no comércio de recursos naturais 
biológicos, podemos destacar alguns aspectos históricos sobre a situação dos 
principais biomas brasileiros: Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga e Cerrado. 
A Mata Atlântica foi o primeiro bioma a ser degradado desde a descoberta 
do Brasil, pois, os europeus encontraram vastas áreas a serem exploradas tanto 
para extração da madeira a partir do pau-brasil (Caesalpinia echinata) quanto para 
o uso da terra para monocultura de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum). 
Atualmente restam apenas 16% da cobertura original da Mata Atlântica, ainda 
assim degradada e fragmentada (RIBEIRO et al. 2009). 
Algumas consequências da devastação 
acelerada desse ecossistema é o aumento 
crescente do número de espécies ameaçadas 
de extinção. O alto índice de endemismo e a 
elevada taxa de extinção é o que torna esse 
bioma uma das áreas de maior prioridade de 
conservação no país (MARINI & GARCIA, 2005). 
O processo de ocupação do Nordeste brasileiro iniciou-se no século XVII, no 
desenvolvimento de atividades agrícolas e extrativistas voltadas para a exportação. 
Atualmente a região caracteriza-se pela pecuária extensiva que tem resultado em grande 
descaracterização da Caatinga, além do uso do extrato lenhoso como combustível. 
 
Fonte: http://migre.me/gNBoD 
Extinção: desaparecimento de 
todos os indivíduos de uma 
espécie. 
Endemismo: processo que 
resulta no desenvolvimento de 
seres vivos que são exclusivos 
de uma determinada área 
geográfica. 
 
 
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Além da exploração de recursos naturais 
biológicos de uso direto, entre os séculos XVII-
XVIII muitos naturalistas europeus vieram para o 
Brasil em busca de conhecer a biodiversidade do 
nosso país (veja ilustração acima), coletaram 
espécies novas de plantas e animais para o 
desenvolvimento científico, proporcionando 
avanços para a Taxonomia Biológica. 
O desenvolvimento desta área 
proporcionou aos naturalistas o reconhecimento 
de que em cada região do mundo se encontravam espécies diferentes, algumas 
somente em um determinado lugar ou em certos tipos de ambiente, o que configura 
um endemismo. 
Estudos sobre a diversidade de espécies têm demonstrado sua importância 
em uma série de serviços que a natureza nos presta (ecológico, genético, social, 
econômico, científico, 
educacional, recreativo e 
estético). É também, um 
componente fundamental 
na manutenção dos 
ecossistemas e dos 
ambientes naturais 
(equilíbrio e estabilidade). 
 Fonte: http://equipe4.8m.com/1bim/nomencla.gif 
Dar nomes e criar sistemas de classificação dos organismos vivos é 
característica encontrada em praticamente todas as civilizações. Isto tem gerado ao 
longo da história das diferentes culturas e povos um enriquecimento no 
conhecimento dessa biodiversidade. A busca deste conhecimento, em especial pela 
taxonomia em relação à identificação de seres vivos, perdura até os dias de hoje 
com avanços de Programas de Pós-graduação na área de Biologia Animal, Vegetal, 
Conservação, Biotecnologia, entre outros, bem como nos órgãos governamentais 
federais como o IBAMA. 
Taxonomia Biológica: ramo da 
biologia que se dedica ao estudo 
da classificação dos seres vivos 
em várias categorias, baseado 
em semelhanças e diferenças 
entre eles, com a descrição e 
denominação dessas categorias. 
Num sentido estrito, a taxonomia 
envolve a descoberta, a 
descrição, a designação e a 
classificação de um táxon. Táxon 
é qualquer unidade taxonômica 
inserida num sistema de 
classificação (espécies, gênero, 
família). 
 
 
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A região Norte teve a exploração predatória de seus recursos naturais 
biológicos, principalmente a Amazônia com o Golpe Militar na década de 70. A 
rodovia transamazônica 
cortou a floresta e levou 
muita gente para aquela 
região, com pouca 
experiência ou preparo 
adequado. A estrada 
mostrou-se inadequada 
para o transporte, mas 
mesmo assim favoreceu a 
ocupação humana e os 
desmatamentos ilegais. 
Fonte: http://migre.me/gNBBh 
A região Centro-Oeste tem sofrido mudanças significativas nas últimas 
quatro décadas. O Cerrado apresenta grandes extensões de planícies, favorecendo 
o desenvolvimento da pecuária e da agricultura mecanizada para a produção de 
grãos e criação de gado, principalmente por localizar-se no centro do país e, 
portanto, próximo aos grandes centros consumidores. Na década de 70 o governo 
Federal promoveu grandes investimentos em infraestrutura, recursos para pesquisa 
agropecuária e assistência técnica para a região. Isto promoveu um grande fluxo de 
pessoas, com impactos ambientais imensuráveis, pois até então não existia uma 
legislação específica para regular as atividades desenvolvidas nem o conhecimento 
dos danos ambientais que poderiam ocorrer. 
Atividades que lideram a economia brasileira, como agropecuária, pesca e 
também o extrativismo, geram lucros, mas também causam impactos ambientais 
relevantes. Vale a pena ressaltar que o crescimento da exploração desses recursos 
e o aumento da taxa de substituição de áreas naturais por antropizadas (cidades, 
áreas agrícolas, áreas industriais) começou a colocar em risco a manutenção 
desses ambientes e dos próprios recursos para as próximas gerações. 
Diante disto, e do cenário mundial de modelos econômicos globalizados, é 
importante que se pense em estratégias para conservação de recursos biológicos 
naturais de uso direto e indireto. 
 
 
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A partir do século XIX, tiveram início as primeiras discussões sobre 
estratégias para a conservação de recursos naturais biológicos. Estas discussões 
resultaram em diversos tratados internacionais relacionados à conservação do meio 
ambiente. Nas décadas de 30 e 40, foram estabelecidas Convenções Internacionais 
para a proteção de determinadas espécies vegetais e animais. 
Na década de 60 foi lançada a primeira Red List, um livro que lista as 
espécies ameaçadas de extinção. Nesse mesmo período foi realizado um evento 
internacional (sediado Paris-França), a “Conferência da Biosfera”, cujo objetivo foi 
estabelecer as bases para o uso racional e conservação da biosfera. 
Na década de 80, as Organizações não Governamentais (ONGs), União 
Mundial pela Natureza (IUCN) e World Wild Foundation (WWF) junto com a United 
Nation Environmental Protection (UNEP), órgão das Nações Unidas para proteção 
do meio ambiente, elaboraram um relatório sobre a Estratégia Mundial para a 
Conservação. Neste documento foram relacionados o desenvolvimento, a 
conservação da biodiversidade e as necessidades sociais. Nessa ocasião, 
constatou-se a necessidade de agrupar os tratados internacionais para que se 
pudesse garantir a conservação da biodiversidade global e não de segmentos desta 
para determinadas espécies ou ecossistemas. 
O principal marco jurídico para a biodiversidade foi o início da década de 
90, com a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) realizada durante a 
Conferência das Nações Unidas do Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 5 de 
junho de 1992 no Rio de Janeiro. Nesse encontro houveo reconhecimento da 
importância dos recursos genéticos pelos 154 países signatários da CDB, ficando 
estabelecidas prioridades na conservação da diversidade biológica. 
Os assuntos discutidos pela CDB durante a Eco-Rio 92 foram oficializados 
neste país sobre o Decreto Legislativo nº 2, de 3 de fevereiro de 1994, o qual foi 
ratificado em 28 de fevereiro de 1994. O alcance da CDB vai da conservação e 
utilização sustentável da diversidade biológica ao acesso aos recursos genéticos, 
objetivando a repartição justa e equitativa dos benefícios gerados pelo seu uso, 
incluindo a biotecnologia. No dia 16 de março de 1998, a CDB foi promulgada pelo 
decreto nº 2.519. No seu artigo 2 foram definidos vários termos que serão 
esclarecidos no próximo tópico. 
 
 
 
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1.2 Conceitos básicos e terminologias usadas em recursos 
genéticos 
Os recursos genéticos, antes da CDB, eram considerados como patrimônio 
comum da humanidade, com livre acesso e deveriam estar disponíveis para 
quaisquer propósitos em benefício das sociedades. Cabe destacar que os recursos 
genéticos, de uma maneira ampla, têm sua principal importância na composição do 
patrimônio vital para a existência da espécie humana, e de outras espécies, sem os 
quais a humanidade perderia o fluxo de continuidade que a mantém até os dias de 
hoje. 
Os recursos genéticos constituem todo material genético de valor real ou 
potencial de origem vegetal, animal, microbiana ou outra que contenha unidades 
funcionais de hereditariedade. Enquanto os recursos biológicos compreendem os 
recursos genéticos, todos os organismos ou partes destes, populações, ou qualquer 
outro componente biótico de ecossistemas. Na definição destes dois tipos de 
recursos percebe-se uma sobreposição de que todos os recursos genéticos se 
encaixam em recursos biológicos, mas não o contrário. 
Para entender melhor esses 
conceitos, imagine três aspectos distintos, 
a folha da alface, carne de boi e a taboa 
que são recursos biológicos, mas os 
recursos genéticos são o sêmen do boi, a 
semente da alface e a árvore que produz 
taboa, ou seja, só é recurso genético o que 
pode passar caracteres a uma próxima 
geração. 
 Fonte: http://migre.me/gNCuE 
Um exemplo de recurso genético que temos 
acesso direto na nossa alimentação é o amendoim, 
por ser uma unidade funcional de hereditariedade, ou 
seja, a semente. 
 Fonte: http://migre.me/gNCyI 
 
 
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Um gene clonado de uma bactéria não pode ser considerado recurso 
genético. Ele tem uma unidade estrutural da hereditariedade, mas que não funciona 
na bactéria. Se este gene é inserido em uma planta de soja, determinando, por 
exemplo, uma resistência a uma praga, a soja transgênica que agora o contém 
(como unidade funcional) é que é o recurso genético. 
[...] Mel...eu quero mel 
Quero mel de toda flor 
Da rosa, rosa, rosa amarela encarnada 
Branca como cravo, lírio e jasmim 
Eu quero mel pra mim [...] 
(Trecho da música Sabor 
Colorido de Alceu Valença) 
 
No trecho da música acima, percebe-se a presença de recursos biológicos 
como todo material vivo (rosa, cravo, lírio, jasmim) e as flores destas plantas que 
são referidas de forma subjetiva na música podem ser consideradas como recursos 
genéticos, pois são estruturas reprodutivas de 
hereditariedade. 
A planta exemplificada pela figura ao 
lado é conhecida vulgarmente como rosa 
amarela, que ocorre na Caatinga e é polinizada 
por abelhas. A rosa amarela e as abelhas são 
recursos biológicos de origem vegetal e animal, 
respectivamente. O acesso às unidades 
funcionais reprodutivas destes seres vivos 
correspondem aos recursos genéticos. 
 Fonte: Maia-Silva et al (2012) 
 
Os recursos fitogenéticos compreendem qualquer material de origem 
vegetal, incluindo o material reprodutivo e de propagação vegetativa, que tenha 
valor real ou potencial para a alimentação e a agricultura, sendo entendidos como a 
variabilidade de plantas, integrantes da biodiversidade, de interesse para utilização 
em programas de melhoramento genético, biotecnologia e outras ciências afins. 
São considerados as bases da subsistência da humanidade. Suprem as 
necessidades básicas e ajudam a resolver problemas como a fome e a pobreza. Os 
recursos fitogenéticos podem ser conservados dentro ou fora do seu habitat natural 
 
 
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e combinando as duas alternativas. Fora do seu habitat natural, se conservam em 
bancos e coleções de germoplasma. 
Entretanto, os recursos genéticos têm sido perdidos principalmente pelo uso 
inadequado que tem sido feito deles assim como a destruição do seu habitat. Esta 
destruição tem ocorrido, pois o ser humano em função da redução do número de 
culturas e dos plantios extensivos de monoculturas, tem destruído muitas regiões de 
vegetação natural para colocar os cultivos de interesse. 
Para que se tenha ideia da destruição causada, aproximadamente 17 
milhões de hectares de florestas tropicais são desmatados a cada ano. Diversas 
áreas são utilizadas para a exploração das culturas economicamente importantes 
destruindo dessa maneira o habitat dos recursos genéticos causando a erosão 
genética dos recursos fitogenéticos, que é a perda da diversidade genética das 
espécies. Dada a sua importância é necessário conservar a variabilidade biológica 
para benefício das gerações presentes e futuras. 
A agrobiodiversidade corresponde à parcela relativa à biodiversidade 
utilizada na produção agrícola e de alimentos, bem como todos os componentes da 
biodiversidade que constituem os agroecossistemas: as variedades e a 
variabilidade de animais, plantas e de microrganismos, nos níveis genético, de 
espécies e de ecossistemas, os quais são necessários para sustentar as funções 
chaves dos agroecossistemas, suas estruturas e processos. São exemplos de 
agrobiodiversidade: as monoculturas de feijão, de açúcar, cigarras criadas para 
controle biológico, criação de bois, porcos. 
Muitas espécies comumente utilizadas na nossa alimentação como o feijão 
(Phaseolus vulgaris) e o arroz (Oriza sativa) são comumente utilizadas em 
pesquisas de melhoramento genético, e são consideradas espécies domesticadas 
ou cultivadas, pois, seu processo evolutivo teve influência do ser humano a partir de 
suas necessidades. Alguns autores abordam as espécies domésticas e cultivadas 
como termos distintos, mas o artigo 2 da CDB não faz distinção entre as 
terminologias, que são aqui tratadas como sinônimos. 
O Patrimônio Genético (PG) consiste na informação de origem genética, 
contida em amostras do todo ou de parte de espécime vegetal, fúngico, microbiano 
ou animal, na forma de moléculas e substâncias provenientes do metabolismo 
destes seres vivos e de extratos obtidos destes organismos vivos ou mortos, 
 
 
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encontrados em condições in situ no território nacional ou na plataforma continental. 
O Patrimônio Genético Vegetal (PGV) é constituído pelas plantas e suas partes 
(folhas, flores, raízes, frutos e cascas), microrganismos associados (vivos ou 
mortos) ou substâncias produzidas como resinas, látex e óleos. O acesso ao PGV 
pode ter finalidade de pesquisa científica básica, bioprospecção ou 
desenvolvimento tecnológico. 
A adoção de novos termos deve-se principalmente ao avanço das 
tecnologias, que permitiu explorar o material genético. Hoje este material tornou-se 
um recurso, a informação genética tem valor de mercado. 
Um outro termo bastante relacionado com recurso genético é o 
germoplasma, que consiste de toda base física do cabedal genético que reúne o 
conjunto de materiais hereditários de uma espécie. Poderíamos afirmar que genes e 
germoplasma poderiam significar materiais similares; no entanto, enquanto os 
genes fazem parte do processode hereditariedade, o germoplasma é quem 
governa esse processo. Com a utilização dos genes contidos em bancos de 
germoplasma pode-se aumentar a eficiência produtiva e reduzir a suscetibilidade de 
plantas aos estresses bióticos e abióticos. 
A ênfase na utilização de recursos genéticos também fica clara no conceito 
de recursos fitogenéticos que considera as plantas com potencial de melhoramento 
florestal, biotecnologia e alimentício. 
Essas definições mostram o foco da conservação de recursos genéticos em 
espécies com potencial de uso atual e futuro. Entretanto, no panorama atual de 
degradação de recursos naturais e de mudanças climáticas e econômico-sociais, 
não é possível excluir as demais espécies uma vez que é vago o conceito de 
‘’potencial’’. Trata-se, portanto, de priorizar, e não de excluir, devido principalmente 
aos altos custos envolvidos na conservação. 
A biodiversidade, concebida inicialmente como a diversidade de espécies e 
a diversidade dos ambientes, a partir da CDB passou a ter um conceito mais amplo, 
incorporando a diversidade genética dentro das espécies. 
 
 
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A diversidade genética é necessária a qualquer espécie para manter a 
vitalidade reprodutiva, a resistência a doenças e 
a habilidade para se adaptar a mudanças. Ela 
ocorre através da capacidade recombinação de 
genes que ocorre durante a reprodução. A mutação tem papel importante na 
geração de diversidade, mas é a habilidade de reorganizar os alelos em diferentes 
combinações, que aumenta seu potencial de variação genética. 
A forma e o padrão de distribuição dos alelos nas populações afetam a sua 
estrutura genética, a qual é definida pela frequência de alelos que compõem a 
população, ou seja, é a forma com que a 
variabilidade genética se distribui na população, 
temporal e espacialmente. 
Em populações naturais, ou mesmo plantadas, o fluxo gênico é essencial 
para a manutenção e distribuição da variabilidade genética. O fluxo gênico nas 
plantas é promovido pela migração do pólen (polinização) e da semente 
(dispersão). Os animais têm mobilidade e o fluxo gênico acontece de forma natural, 
um exemplo didático é o fluxo gênico em aves migratórias. 
O conceito de diversidade genética se refere ao grau de variação genética 
de uma população ou de indivíduos de uma determinada espécie. Esta diferença 
genética entre indivíduos tem sido a responsável pela sobrevivência de muitas 
culturas e povos, bem como aos programas de melhoramento. A manutenção da 
diversidade genética é importante para as populações se adaptarem e 
sobreviverem às mudanças nas condições ambientais, e uma maior quantidade de 
alelos fornece às populações um maior número de opções de resposta a essas 
mudanças. 
 Inicialmente um dos grandes problemas genéticos causados pela redução 
do tamanho populacional se dá pela deriva genética, em que alelos raros ou de 
baixa frequência podem desaparecer ao acaso ou diminuir ainda mais a sua 
frequência com a simples remoção da população de indivíduos portadores desses 
alelos. Populações fragmentadas sofrem mais com a deriva genética do que as 
maiores em áreas conservadas. 
A deriva genética pode causar grandes perdas de variação genética em 
populações pequenas, como o efeito gargalo. Um gargalo populacional ocorre 
Fluxo Gênico: processo 
migratório de alelos entre 
populações. 
Alelos: formas alternativas de 
um mesmo gene, que ocupam 
determinado lócus em 
cromossomos homólogos. 
 
 
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quando o tamanho de uma população é reduzido por pelo menos uma geração. 
Devido ao fato de a deriva genética agir mais rapidamente para reduzir a variação 
genética em populações pequenas, um “gargalo” é capaz de reduzir muito a 
variação, mesmo se o gargalo não durar por muitas gerações. 
Espécies raras e/ou microendêmicas, em geral, possuem populações 
pequenas que frequentemente sofrem os efeitos da redução no tamanho efetivo da 
população (“efeito gargalo”). Exemplo: um colecionador de plantas coleta um 
grande número de indivíduos de uma população de espécie rara de orquídeas. Com 
isto o número de indivíduos desta população diminui bruscamente, aumenta a 
probabilidade de endocruzamento e aumento de perda de alelos, desta forma pode 
ocorrer a caracterização de um gargalo populacional. 
Outro aspecto da conservação genética é a migração de indivíduos de uma 
população para áreas distantes da original, ocasionando o efeito fundador, que 
ocorre quando uma nova população é iniciada por alguns poucos membros da 
população original. Essa população de tamanho pequeno significa que essa colônia 
pode apresentar dois aspectos distintos: ter variação genética reduzida da 
população original; ou ter uma amostra não aleatória dos genes na população 
original. 
Tais situações podem ser associadas a processos como o extrativismo 
vegetal e dispersão por sementes. A baixa densidade de plantas e o impacto 
causado por barreiras geográficas podem ser causas efetivas de redução dessa 
diversidade. 
Todos esses aspectos levantados sobre 
recursos genéticos estão diretamente 
relacionados com as estratégias a serem 
adotadas para a conservação ex situ, que tem como primeira etapa a coleta e 
obtenção de acesso, de material amostrado nas áreas naturais ou oriundo do 
processo de melhoramento que é devidamente identificado quanto à sua origem e 
características morfológicas. 
 A coleta do germoplasma requer a obtenção de uma amostra que 
represente o conjunto ou a parte da população. Esta representatividade genética 
está diretamente relacionada com o tamanho efetivo da população (Ne), usado 
Acesso: amostra de 
germoplasma representativa de 
um indivíduo ou de vários 
indivíduos da população. 
 
 
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como referência para estabelecer a capacidade daquela amostra de reter os alelos 
ao longo das gerações subsequentes. 
O valor de Ne para cada população depende do número de indivíduos 
geneticamente diferentes que compõe uma 
amostra e que efetivamente participam para a 
formação da próxima geração. Nesse 
parâmetro, quanto maior for o valor de Ne 
menor será o efeito da deriva genética e da endogamia na população, além disso, 
esse valor será próximo ao número de indivíduos amostrados, quando houver 
equilíbrio na população. 
 
1.3 Conservação dos Recursos Genéticos 
 
A conservação ex situ é um processo multidisciplinar que requer a junção 
de conhecimentos sobre a biologia reprodutiva, distribuição espacial, cultivo, 
histórico de uso social e econômico, além de propriamente ser desejável a 
existência de informações sobre a variabilidade genética. 
De maneira geral, a amostragem de populações com fins de conservação 
ex situ baseia-se em parâmetros genéticos, mas não pode deixar de considerar 
aspectos como a ocorrência geográfica da espécie, sua distribuição espacial, 
autoecologia das espécies, sua biologia reprodutiva, o histórico de uso, as 
condições de paisagem e, algumas vezes, os processos evolutivos. Todo esse 
arcabouço teórico prático é limitado, por um lado, pelo conhecimento científico 
existente, por outro pelos recursos disponíveis, tanto em relação ao material 
genético quanto em termos financeiros. 
A Conservação ex situ compreende a manutenção de recursos genéticos 
fora de seu habitat natural de ocorrência em condições artificiais sob supervisão 
humana. Uma instituição ou entidade que se proponha a fazer conservação ex situ 
deve: priorizar a conservação ex situ, a princípio no país de origem; estabelecer e 
manter instalações adequadas; adotar medidas de recuperação e reintrodução; 
regulamentar a coleta de material biológico; cooperar com aporte financeiro. A 
Endogamia: prática de 
cruzamentos reprodutivos entre 
organismos aparentados numa 
população. 
 
 
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conservação exsitu tem se mostrado uma ferramenta relevante para evitar a 
extinção de espécies. 
Os jardins zoológicos e locais de reprodução em cativeiro, bem como os 
jardins botânicos e alguns setores da Embrapa, têm sido boas estratégias de 
conservação ex situ para animais e plantas, respectivamente. A principal forma de 
conservação praticada pelos bancos de germoplasma é a ex situ, uma vez que 
esses locais normalmente concentram-se recursos de diversas partes do Globo. 
A principal crítica feita a este tipo de conservação é que desta forma a 
seleção natural fica impossibilitada de atuar. Assim os genótipos não sofrem o 
processo de evolução normal em função das alterações das condições ambientais. 
Como resultado deste processo deve-se olhar um banco de germoplasma como um 
banco de genes e não como um banco de genótipos. 
Uma outra estratégia de conservação é a área protegida que consiste numa 
área definida geograficamente destinada, ou regulamentada e administrada para 
alcançar objetivos específicos de conservação. As primeiras áreas legalmente 
protegidas brasileiras datam de 1937 e 1939, quando foram criados os primeiros 
parques nacionais no Brasil: Itatiaia, Iguaçu, Serra dos Órgãos e Sete Quedas. 
No início da década de 70 havia 14 parques nacionais no país, apenas um 
na Amazônia e nenhum no Pantanal. Em 18 de julho de 2.000, foi oficializado o 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), pela lei nº 9.985, 
conhecida lei SNUC, que estabelece as chamadas unidades de uso sustentável, 
que tem como finalidade legal a compatibilização entre a conservação da natureza 
e o uso sustentável de parcela de recursos naturais, o reconhecimento das 
populações que vivem em Unidades de Conservação e que praticam um modo de 
vida compatível com o que foi instituído pela lei. 
 Em 2007 foi criado o Instituto Chico Mendes para a Conservação da 
Biodiversidade. Em dezembro de 2012 existiam, cadastradas no ministério do Meio 
Ambiente, 1762 unidades de Conservação no país, considerando-se as esferas 
municipais, estaduais e federais, o que totaliza 1,5 milhões de Km2 de terras sobre 
proteção legal. 
Após a criação de uma Unidade de Conservação (UC), o próximo passo é a 
implementação e consolidação de um plano de manejo, que é definido como um 
projeto dinâmico que determina o zoneamento de uma unidade de conservação. 
 
 
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Um plano de manejo depende, sobretudo, do conhecimento científico, que é 
frequentemente adquirido ao longo do tempo. Um exemplo de uma ação mal 
planejada pode ser a supressão completa de incêndios, onde este processo se faz 
necessário como ciclo natural da área em questão como, por exemplo, em áreas de 
cerrado. 
Um manejo correto no caso de áreas de cerrado é a promoção de incêndios 
controlados para a quebra de dormência de sementes de algumas plantas, estímulo 
à floração de determinadas espécies e incremento de pastagens naturais para os 
mamíferos na estação seca. 
As categorias de Unidade de Conservação têm como principal critério o 
grau de interferência humana a ser permitida. As Unidades de Conservação de 
Proteção Integral são áreas mais restritivas, que visam principalmente à 
Conservação, incentivando pesquisas científicas, atividades de ecoturismo e 
educação ambiental, não sendo permitidas atividades extrativistas. Incluem-se aqui 
as estações ecológicas, reservas biológicas, parques e refúgios da vida silvestre. 
Conservação in situ compreende a conservação de ecossistemas naturais e 
manutenção de populações de espécies viáveis. Conservar um organismo in situ 
significa mantê-lo em sua área natural, desenvolvendo estratégias para protegê-lo, 
dentre elas, a criação de áreas legalmente protegidas. 
A conservação in situ, praticada no local de ocorrência de maior 
variabilidade da espécie é de difícil execução, pois nestes locais tem-se também 
grande variabilidade dos patógenos e artrópode-pragas destas culturas, entretanto 
nestas condições a seleção natural atua continuamente. Este tipo de conservação é 
o praticado nos parques e bosques de reservas naturais. Atualmente com o 
ecoturismo, a viabilidade econômica destas áreas está mais assegurada. 
Ao mesmo tempo em que a agropecuária se constitui em uma das mais 
fortes atividades econômicas no Brasil, a agropecuária, tem representado uma das 
maiores ameaças à Biodiversidade. 
O modelo agrícola brasileiro traduz a economia globalizada, premiando 
latifúndios e monoculturas, com rápido esgotamento do solo. Diante da demanda 
crescente de alimento e energia, a saída tem sido o desmatamento. Nesta situação 
é importante encontrar as melhores soluções para que seja possível o consórcio 
entre a produção agrícola e a conservação de espécies nativas. 
 
 
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Nesse contexto têm sido constatadas boas situações para a manutenção da 
biodiversidade com a associação entre 
sistemas agroflorestais e cafezais 
sombreados, enquanto os piores são para 
monoculturas de cana-de-açúcar. 
Um monitoramento de avifauna em 
plantações de tangerina (Citrus reticulata) em 
Pilar do Sul (SP) mostrou que 50% das espécies 
só foram registradas nos fragmentos de 
vegetação nativa próximos às plantações, o que 
sugere que mesmo plantações arbóreas e 
sombreadas como estas podem não ser 
suficientes para a vida de uma significativa 
parcela da avifauna regional. 
A utilização sustentável compreende o uso de componentes da diversidade 
biológica de modo e ritmo tais que não levem, no longo prazo, à diminuição da 
diversidade biológica, mantendo assim seu potencial para atender as necessidades 
e aspirações das gerações presentes e futuras. 
Existem algumas Unidades de Conservação - UC’s de Uso Sustentável, que 
são áreas onde muitas vezes já existiam comunidades tradicionais que utilizavam 
os recursos naturais de formas sustentáveis. Nestas UC’s é permitido o uso múltiplo 
sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, enfatizando a exploração 
sustentável. Assim, temos Áreas de Proteção Ambiental (APAs), Florestas 
Nacionais (FloNas), Reservas Extrativistas (RESEX), Reservas de Desenvolvimento 
Sustentável (RDS) e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). 
É comum haver confusão entre os termos conservação e preservação. 
Muitas vezes usados para significar a mesma coisa, na verdade expressam ideias 
que têm origem em raízes e posturas distintas. A preservação busca compreender 
a proteção da natureza, independentemente do interesse utilitário e do valor 
econômico que possa conter. Enquanto a conservação visa integrar o ser humano 
às áreas naturais, atribuindo uma dimensão de maior acessibilidade e importância 
a elas, conciliando produtividade, conforto e conservação ambiental. 
Sistemas agroflorestais: 
compreendem a associação 
entre a agricultura e a floresta 
dentro de princípios de sucessão 
natural considerando o arranjo 
temporal do sistema, as 
características ecofisiológicas 
das espécies envolvidas no 
sistema tanto arbóreas quanto 
herbáceas e suas finalidades 
econômicas e ecológicas. 
Avifauna: conjunto de aves que 
ocorrem em uma determinada 
região. 
 
 
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Todos esses termos são relativamente novos, já que a necessidade de se 
conservar ou preservar só apareceu há poucas décadas. Por isso, acabam sendo 
empregados sem muitos critérios até mesmo por profissionais das áreas 
ambientais, jornalistas e políticos. A preservação visa à integridade e à perenidade 
de algo. O termo se refere à proteção integral, à "intocabilidade". A preservação se 
faz necessária quando há risco de perda de biodiversidade, seja de uma espécie, 
um ecossistema ou de um bioma como um todo. 
Já a Conservação, nas leis brasileiras, significa proteção dos recursos 
naturais, com a utilização racional, garantindo sua sustentabilidade e existênciapara as futuras gerações. 
Quando a conservação busca também possibilidades de exploração junto 
aos produtores é denominada on farm. A conservação on farm é restrita às regiões 
onde a população originária do local ainda tem forte influência nas regiões próximas 
aos centros de diversificação das culturas. O mais próspero exemplo conhecido 
desta modalidade é o executado pelos índios peruanos da região andina com a 
batata. Nesta região tem-se atualmente até feiras de trocas de sementes. 
 
Exercício 1 
 
1. Associe e escolha a sequência correta: 
I. Recurso Biológico 
II. Recurso Genético 
Folhas de Louro 
Carne de porco 
Sementes de acerola 
Sêmen de boi 
a) II / I / II / II 
b) I / II / II / II 
c) I / I / II / II 
d) II / II / I / I 
 
2. Analise os enunciados a seguir: 
I. Uma nova população de canários se estabeleceu em uma nova área a partir de 
poucos indivíduos com o processo de deriva genética conhecido como efeito 
fundador. 
II. A redução de uma população natural de abelhas pode proporcionar perda de 
 
 
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variabilidade genética e aumento da endogamia. 
III. Uma espécie de seringueira está com a sua diversidade genética ameaçada 
porque houve uma diminuição de indivíduos em virtude da exploração extrativista, 
com isto houve diminuição da endogamia e aumento do fluxo genético. 
IV. O efeito gargalo corresponde a uma deriva genética na qual há perda de genes 
de uma determinada população com diminuição da endogamia e provável extinção 
da espécie. 
a) Apenas os enunciados I e II estão corretos. 
b) Apenas os enunciados I e III estão corretos. 
c) Apenas os enunciados II e III estão corretos. 
d) Apenas os enunciados I e IV estão corretos. 
 
3. Assinale a alternativa correta: 
a) Florestas Nacionais (FloNas) constituem uma Unidade de Conservação 
Sustentável. 
b) Áreas de Proteção Ambiental (APAs) são áreas de conservação ex situ. 
c) Jardins Zoológicos são áreas de conservação on farm. 
d) Fazendas agrícolas são áreas de conservação in situ. 
 
1.4 Importância das comunidades tradicionais na Conservação de 
Recursos Genéticos 
 
O conhecimento tradicional associado compreende a informação ou prática 
individual ou coletiva de comunidade indígena ou de comunidade local, com valor 
real ou potencial, associada ao patrimônio genético. 
A comunidade local consiste num grupo humano, incluindo remanescentes 
de comunidades de quilombos, distintos por suas condições culturais, que se 
organiza, tradicionalmente, por gerações sucessivas e costumes próprios, e que 
conserva suas instituições sociais e econômicas. 
 
 
 
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Fonte: http://migre.me/h28NP 
 
O decreto nº 6.040. de 7 de fevereiro de 2007 trata da Política Nacional de 
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais e define 
Populações Tradicionais como grupos culturalmente diferenciados e que se 
reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social que 
ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução 
cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, 
inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. 
Muitos pesquisadores defendem a presença de populações tradicionais 
dentro das Unidades de Conservação devido a alguns resultados de que não há 
evidências de extinções de vertebrados em unidades de conservação na presença 
de população tradicional; unidades de conservação são mais facilmente controladas 
pela população tradicional que fiscalizam a extração de madeira e a caça ilegal; 
populações tradicionais promovem o manejo adequado das florestas visando seu 
sustento futuro. 
De acordo com alguns pesquisadores faz mais sentido trabalhar com as 
comunidades tradicionais do que simplesmente colocá-las como vilãs e expulsá-las 
das suas terras de origem, aumentando os casos de conflitos socioambientais. A 
interação entre pesquisadores e comunidades tradicionais pode ocorrer com a troca 
de conhecimento empírico e o conhecimento científico, complementando 
informações. 
Um importante passo para o avanço da ciência da conservação é 
reconhecer que o envolvimento da população local no trabalho de conservação 
 
 
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aumenta as chances de um projeto de sucesso. A parceria entre administradores 
públicos e as populações tradicionais, na construção da idealização do plano de 
manejo de unidades de conservação, contribuiria para diminuir as questões de 
conflitos econômicos decorrentes de imposição e limitação do uso de recursos 
naturais. 
Para isso é necessário maior investimento e visão estratégica para que as 
unidades de conservação possam, além de conservar os ecossistemas e a 
biodiversidade, de fato gerar renda, emprego, desenvolvimento e propiciar uma 
efetiva melhora na qualidade de vida das populações tradicionais. 
Para muitas comunidades tradicionais ou agricultoras, a diversidade, seja 
ela de espécies ou genética, no sentido social, cultural ou econômico, significa 
segurança, pois fornece importantes características que são necessárias tanto em 
circunstâncias econômicas e ecológicas previsíveis quanto em situações 
inesperadas. 
Não menos importante é o incentivo a iniciativas para a conservação de 
espécies em seu habitat e entre populações tradicionais de agricultores e 
populações ou comunidades indígenas com a conservação on farm, de forma 
integrada com o modelo formal atual que é a conservação ex situ. 
Alternativamente à conservação ex situ, vem se desenvolvendo outra forma 
de conservação denominada on farm, onde se tem valorizado o papel das 
comunidades tradicionais de agricultores na conservação dos recursos genéticos. A 
conservação on farm é restrita às regiões onde a população originária do local ainda 
tem forte influência nas regiões próximas aos centros de diversidade das culturas. 
As mudanças nos padrões de uso da terra e o avanço das áreas agrícolas, 
que resultam no desaparecimento de sistemas de vegetação natural e das 
populações tradicionais, têm apresentado significativa ameaça aos recursos 
genéticos. Assim, o desenvolvimento do entendimento dos efeitos da atividade 
humana nas espécies, comunidades e ecossistemas, tem se tornado importante 
balizador do desenvolvimento de práticas para a conservação dos recursos 
genéticos. A principal forma de conservação de recursos genéticos é a utilização de 
bancos de germoplasma. Contudo, estes sistemas de conservação, denominados 
ex situ, têm impossibilitado a ocorrência de seleção natural que ocorreria em seu 
 
 
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habitat natural, através das alterações das condições ambientais e das 
necessidades alimentares e culturais das populações tradicionais. 
Os pequenos produtores rurais e os pastores nômades são os guardiões de 
boa parte da diversidade genética animal do mundo. Para garantir que não lhes seja 
negada a oportunidade de continuar a cumprir essa função, é preciso dar atenção a 
políticas e arcabouços legais. 
As relações socioculturais, bem como as necessidades de seleção e cultivo 
de espécies vegetais pelas comunidades tradicionais, têm gerado uma série de 
estratégias de preservação da diversidade genética. Por outro lado, o desafio do 
mundo moderno em atender as necessidades de aumentar a produção de alimentos 
para a população em crescimento, além de conservar as estratégias de 
sobrevivência construídas ao longo da história de diversas culturas e povos para 
que esse desafio ocorra de maneira sustentável, tem sido o maior paradoxo da 
humanidade, em minha opinião. 
Historicamente, o uso dos recursos e conhecimentos genéticos e dos 
conhecimentos tradicionais associados têm ocorrido de forma injusta. Os países de 
origem dos recursos genéticos e as comunidades indígenas e locais, detentoras de 
conhecimentostradicionais associados, sequer têm sido consultados pelos que se 
utilizam desses recursos para obter ganhos econômicos com produtos comerciais, 
muito menos têm recebido qualquer tipo de benefício. Esta apropriação injusta, 
muitas vezes agravada pelo uso das patentes, corresponde à biopirataria, e tem 
ocorrido ao longo de toda a história do Brasil. 
Quais os direitos das populações indígenas e comunidades tradicionais 
sobre os recursos genéticos existentes em seus territórios, como sobre o 
conhecimento que detêm? Como deve ser feita a distribuição dos benefícios 
provenientes da exploração destes recursos? 
 
Exercício 2 
 
1. Leia o texto abaixo: 
A araruta (Maranta arundinacea) possui uma diversidade genética alta, é 
usada por populações tradicionais para obtenção de amido, e no Brasil encontra-se 
 
 
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ameaçada de extinção. Deste modo é preciso definir e priorizar novas áreas de 
coleta e estratégias de conservação. De acordo com o texto e com os assuntos 
estudados, assinale a alternativa que completa corretamente os enunciados a 
seguir: 
Uma das formas de estabelecer as áreas de conservação de araruta é a 
realização de um levantamento in situ das áreas de ocorrência com aplicação 
de questionários para ___________________ com objetivo de estabelecer 
condições de conservação _______________ que é uma alternativa para 
conservação ____________. 
 
a) Grandes agricultores/ ex situ/ on farm 
b) Populações tradicionais/ on farm/ ex situ 
c) Indústrias alimentícias/ ex situ/ on farm 
d) Populações tradicionais/ in situ/ on farm 
 
2. Sobre o decreto nº 6.040. de 7 de fevereiro de 2007, assinale a alternativa 
correta: 
a) Define comunidades tradicionais e incentiva estas comunidades a continuar com 
o uso sustentável de recursos naturais. 
b) Garante à comunidade tradicional o acesso ao Sistema de Previdenciário. 
c) Estimula a inclusão da comunidade tradicional do sistema de educação pública 
do país. 
d) Incentiva a comunidade tradicional acesso ao Sistema único de Saúde (SUS). 
 
1.5 Legislação sobre conservação em recursos genéticos 
 
Uma boa estratégia no incentivo à conservação dos recursos genéticos e 
conhecimento tradicional é através da legislação. No Brasil, foi construído todo um 
arcabouço legal que, durante um longo período (1990-2000), esteve mais focado 
nas questões da coleta e da remessa de material genético e bioprospecção. Até 
2001 era competência apenas do Ministério da Agricultura, Pecuária e 
 
 
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Abastecimento (MAPA) e Ciência e Tecnologia (MCT) a regulamentação legal de 
atividades de coleta e germoplasma. 
Contudo, com a edição da Medida Provisória (MP) nº 2186.16 de 16 de 
agosto de 2001, essa questão passou a ser competência do Ministério do Meio 
Ambiente (MMA) que assumiu a liderança das condições das discussões. A partir 
disto, a discussão passou da legalização dos processos de coleta de material 
genético para os de acesso ao patrimônio genético. 
O principal marco legal é a MP 2.186-16/2001, que tem força de lei. 
Reconhece que não existe livre acesso aos recursos da biodiversidade, o que veta 
a crença de que são livres para uso. A MP elenca as atribuições, diretrizes, 
composição, forma de deliberação e competência dos conselhos de gestão e 
discussões sobre biopirataria no Legislativo. Criou a regra do pagamento de 
royalties ao país fornecedor do recurso genético para o caso da empresa descobrir 
um novo remédio ou produto, usando matéria-prima de outro país ou 
conhecimentos de comunidades tradicionais que vivam nas regiões de grande 
diversidade biológica. 
Para regulamentar o acesso ao patrimônio genético, a MP criou o Decreto 
nº 3.945 de 28 de setembro de 2001, que definiu a composição do Conselho de 
Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) e estabeleceu normas para o seu 
funcionamento. A função do CGEN é deliberar sobre o acesso, remessa, 
credenciamento de fiéis depositários e, anuência de contratos de utilização do 
patrimônio genético e de repartição de benefícios. 
A MP 2.186-16/2001 define o acesso ao patrimônio genético como a 
obtenção de amostra de componente do patrimônio genético para fins de pesquisa 
científica, desenvolvimento tecnológico e 
bioprospecção. Dessa forma as ações de 
coleta, para conservação ex situ ou in situ estão 
diretamente relacionadas com o cumprimento 
das exigências legais estabelecidas pela MP, ou 
seja, são condicionadas às aprovações do 
CGEN. 
Contudo, deliberações do CGEN atribuíram tanto ao IBAMA quanto ao 
CNPq, a função de autorização para o acesso, remessa e credenciamento de 
Bioprospecção: atividade 
exploratória que visa identificar 
componente do patrimônio 
genético e informação sobre 
conhecimento tradicional 
associado, com potencial de uso 
comercial. 
 
 
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Instituições para fins de pesquisa (Deliberação nº 40/2003 e 246/2009). Entretanto, 
apenas o CNPq foi designado para emitir autorizações para a bioprospecção 
(Deliberação nº 268/2010). Apesar disso, IBAMA e CNPq mantêm a obrigação de 
encaminhar ao CGEN as solicitações de autorização de acesso e remessa de 
patrimônio genético para fins de bioprospecção e desenvolvimento tecnológico e as 
que envolverem acesso a conhecimento tradicional associado, seja para qualquer 
fim (pesquisa, bioprospecção ou desenvolvimento tecnológico). 
Apesar do IBAMA e CNPq serem permitidos pelo CGEN para emitir 
autorizações, a coleta de material vegetal vem sendo autorizada mediante a 
apresentação de solicitação junto ao IBAMA, tanto no que se refere às áreas em 
unidades de conservação quanto fora delas. A tramitação ocorre por meio de 
pedido informatizado efetuado no Sistema de Autorização e Informação em 
Biodoversidade - SISBIO (http://www.icmbio.gov.br/sisbio/), instituído pelo IBAMA 
(IN nº154/2007). 
 
 
Fonte: http://www.icmbio.gov.br/sisbio/ 
 
O artigo nº 16 da MP 2.186/2001 tem forte impacto nas atividades para 
conservação ex situ. Segundo esse, é necessário autorização prévia, entre outros 
trâmites, nos casos em que: houver perspectiva de uso comercial, devendo o 
acesso à amostra de componente do patrimônio genético ocorrer somente após 
assinatura de Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de 
 
 
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Benefícios com as comunidades envolvidas; para a pesquisa científica, a Instituição 
também deverá apresentar um termo de compromisso assinado pelo representante 
legal da Instituição, comprometendo-se a acessar patrimônio genético ou 
conhecimento tradicional associado apenas à finalidade autorizada. 
A legislação disponível para a realização de coletas com fins de 
conservação ex situ, é extensa e requer uma cuidadosa análise. Todo 
encaminhamento burocrático pode levar de três a seis meses em casos mais 
simples, como pesquisa científica sem uso comercial. No que se refere ao material 
com potencial comercial ou mesmo ameaçado de extinção, é essencial que os 
trâmites burocráticos se iniciem pelo menos um ano antes do início dos trabalhos. 
O Decreto nº 4.339 de agosto de 2002 garante a soberania do Brasil sobre 
seu patrimônio genético, instituindo princípios e diretrizes da política nacional de 
Biodiversidade. A política nacional da Biodiversidade tem como objetivo geral a 
promoção, de forma integrada, da conservação da biodiversidade e da utilização 
sustentável de seus componentes, com a repartição justa e equitativa dos 
benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, de componentes do 
patrimônio genético e dos conhecimentos tradicionais associados a esses recursos. 
A Biopirataria é a apropriação indevida de espécies vivas da flora e da 
fauna e da sabedoria popular sobre suas 
utilizações com o objetivo de se realizar estudos, 
reprodução em laboratório e comercialização,sem remuneração nem benefícios para o país ou 
a população dos quais são detentores das 
espécies ou das informações. 
A biopirataria não é apenas o 
contrabando de diversas formas de vida da flora 
e fauna, mas principalmente, a apropriação e 
monopolização dos conhecimentos das 
populações tradicionais no que se refere ao uso 
dos recursos naturais. Ainda existe o fato de que 
estas populações estão perdendo o controle 
sobre esses recursos. 
 Fonte: http://migre.me/gNLWZ 
 
 
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O decreto nº 5.459, de 7 de junho de 2005, regulamenta o artigo 30 da 
Medida Provisória n° 2.186-16, de 23 de agosto de 2001, disciplinando as sanções 
aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao patrimônio genético ou ao 
conhecimento tradicional associado e dá outras providências. 
Considera a biopirataria uma infração administrativa que cometida por 
pessoas físicas e jurídicas serão sancionadas através de advertência, multa, 
apreensão do material e produtos derivados, suspensão de venda do produto, 
embargo da atividade, interdição do estabelecimento, cancelamento de registro 
patente, licença ou autorização, perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal, 
perda ou suspensão de estabelecimento de crédito governamental, proibição de 
contratar com administração pública. 
O artigo 15 deste Decreto sanciona com multa o acesso ao patrimônio 
genético para fins de pesquisa científica, sem devida autorização do órgão 
competente, até mesmo para fins de bioprospecção ou desenvolvimento 
tecnológico. No artigo 17 está prevista a punição com multa, a remessa do 
patrimônio genético para o exterior. 
O Trade Related Aspects of Intellectual Rights - TRIPs é um acordo 
internacional sobre aspectos dos direitos de propriedade intelectual, relacionado ao 
comércio entre países, que foi assinado em 1994, e atualmente é administrado pela 
Organização Mundial do Comércio - OMC. 
A propriedade intelectual abrange duas grandes áreas: Propriedade 
Industrial (patentes, marcas, Desenho Industrial, indicações geográficas e proteção 
de cultivares) e Direito Autoral. A eficácia do uso do atual sistema de propriedade 
intelectual para a proteção de temas afins, mais 
especificamente Conhecimentos Tradicionais e o 
Patrimônio Imaterial, tem sido objeto de 
discussão entre comunidades locais, governos, 
organizações e juristas. 
Em 4 de agosto de 2000, no Decreto nº 3.551, foi Instituído o registro de 
bens culturais em livros, abrindo a possibilidade de se associar mais de uma forma 
de saber como por exemplo, o conhecimento de plantas medicinais a danças e 
canções, parte de rituais de cura. Além de servir ao registro das expressões 
culturais tradicionais, esse instrumento pode servir como documentação e forma de 
Patrimônio Imaterial abrange 
todas as formas tradicionais e 
populares de cultura transmitidas 
oralmente ou por gestos. 
 
 
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valorização do conhecimento tradicional associado à biodiversidade. 
O decreto rege o processo de reconhecimento de bens culturais como 
patrimônio imaterial, institui o registro e, com ele, o compromisso do Estado em 
inventariar, documentar, produzir conhecimento e apoiar a dinâmica dessas práticas 
socioculturais. Vem favorecer um amplo processo de conhecimento, comunicação, 
expressão de aspirações e reivindicações entre diversos grupos sociais. 
O arcabouço legal existe, mas faltam formas eficientes de fiscalizar e se 
fazer cumprir as regras relacionadas à Conservação da Biodiversidade, tanto por 
parte de pesquisadores e empresas quanto por pessoas mal intencionadas no 
comércio ilegal da biodiversidade brasileira. 
O descobrimento do potencial real de nossa enorme biodiversidade, a 
grande extensão territorial brasileira, a falta de recursos para fiscalizá-los, a 
escassez de recursos naturais no restante do mundo, aliados à falta de 
conscientização de sua importância científica e econômica estão facilitando a 
biopirataria, que é o comércio ilegal de nossa biodiversidade. 
 
 
 
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UNIDADE 2 – APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS 
 
2.1 Estratégias de Conservação Ex Situ 
 
De acordo com o conteúdo estudado na Unidade 1, pode-se afirmar que as 
principais formas de conservação dos recursos genéticos são in situ (dentro do 
habitat natural), ex situ (fora do habitat natural) e on farm (relacionada com as 
populações tradicionais). A conservação dos recursos genéticos é regida por 
arcabouços legais, e, para a execução de um projeto científico relacionado com a 
conservação ex situ ou bioprospecção, é necessário percorrer um caminho 
burocrático para obter a autorização da pesquisa científica. 
Ao avaliar que a liberação de pesquisas para conservação ex situ é um 
processo moroso, é importante conhecer as principais estratégias utilizadas para 
este tipo de conservação para plantas, animais, e microrganismos, que é o nosso 
objetivo neste item. 
A adoção da estratégia ou metodologia adequada de conservação para 
cada espécie depende das condições em sua área de ocorrência, de suas 
características, mas também de recursos disponíveis, tanto materiais quanto em 
relação ao conhecimento científico. 
As práticas de conservação ex situ tendem a priorizar ambientes e espécies 
que ocorrem em áreas ameaçadas, onde as pressões de desmatamento ou 
redução populacional estejam afetando a sobrevivência, reprodução e o 
estabelecimento das espécies. 
De modo geral, a conservação ex situ é realizada em bancos de 
germoplasma, os quais têm coleções de material genético. Esse material pode ser 
oriundo de diferentes sítios de coleta como populações naturais, áreas de criação, 
de cultivo, hortas, pomares caseiros, quintais, mercados, feiras livres, áreas 
ameaçadas ou mesmo em locais onde a intervenção humana possa causar 
impactos. 
Alguns sítios de coleta destacam-se pela prioridade de conservação ex situ, 
tanto para a conservação quanto em relação às ações de coleta (comumente 
denominadas resgate de flora ou fauna), como nas áreas de construção de 
 
 
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barragens, hidroelétricas, estradas e grandes obras de infraestrutura, como por 
exemplo, da Usina Belo Monte. Essas zonas tornam-se objeto prioritário de ações 
para conservação ex situ na medida em que populações, hábitat e espécies podem 
ser retiradas, e até localmente extintas. Como por exemplo, cita-se o resgate de 
fauna na usina Belo Monte, o qual cultiva e mantém uma coleção ex situ para 
promover a reprodução e posterior reintrodução do material. 
 
 
Fonte: http://migre.me/gNMfX 
 
Um exemplo de resgate de flora é no rodoanel de São Paulo, realizado pelo 
Instituto de Botânica, o qual cultiva e mantém uma coleção ex situ para promover a 
reprodução e posterior reintrodução do material. 
Além da conservação da fauna 
silvestre e flora nativa é importante 
coletar germoplasma de espécies para 
uso no melhoramento genético, como 
por exemplo, sêmen de boi de corte 
(Bos taurus) e sementes de amendoim 
(Arachis hypogea), ambos recursos, 
animal e vegetal respectivamente, 
utilizados na alimentação humana. 
Fonte: http://migre.me/gNMDT 
 
 
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Os bancos de germoplasmas consistem em boas estratégias de 
conservação ex situ de recursos genéticos sob os métodos de armazenamento in 
vitro, bancos de pólen, sementes, sêmen, embriões, DNA, culturas de 
microrganismos, casas de 
vegetação, zoológicos, 
aquários e parques-fazendas. 
De acordo com a forma de 
manutenção fora de seu 
habitat natural, estes métodos 
de conservação ex situ podem 
ser classificados sob dois 
aspectos: coleções in door ou 
coleções in vivo. 
Fonte: http://migre.me/h292d 
Nas coleções in door as condições artificiais são controladas pela 
temperatura, luz ou umidadepara permitir a manutenção do seu potencial de 
reprodução, como ocorre nos bancos de sementes, as coleções in vitro, bancos de 
pólen, sementes, sêmen, embriões, DNA e culturas de microrganismos. 
Os métodos que utilizam o sistema de plantio ou criação de material 
genético em áreas sem controle ambiental ou mesmo com um controle parcial das 
condições climáticas e edáficas são denominados coleções in vivo. Nestes métodos 
estão incluídos as casas de vegetação, zoológicos, aquários, parques-fazendas, 
plantas vivas e pomares de sementes. 
As coleções tanto in door quanto in vivo são consideradas como bancos de 
germoplasma. A separação empregada ressalta a forma como o material genético é 
mantido ao longo do tempo e, principalmente, enfatiza as condições e potenciais 
pressões aos quais estão submetidos enquanto são conservados nessas coleções 
e bancos de germoplasma. 
Os bancos de DNA representam coleções ex situ nas quais uma ou mais 
amostras de determinadas espécies são conservadas em condições artificiais. São 
técnicas utilizadas para atividades de bioprospecção e de acesso a biodiversidade 
uma vez que sua aplicação é limitada, pois, não permite a reconstituição do 
indivíduo (planta, animal ou microrganismo). Contudo em programas de 
 
 
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melhoramento, o material genético pode ser reintroduzido. No exterior é comum 
encontrar bancos de DNA para fauna, flora e microrganismos. 
 
 
Fonte: http://migre.me/gNNle 
 
Em países com alta diversidade biológica como o Brasil, é extremamente 
importante a manutenção e salvaguarda dos seus bancos de DNA. Entretanto a 
maioria dos bancos de DNA está concentrada na região sudeste como, por 
exemplo, a coleção de banco de DNA vegetal é a do Laboratório de Biologia 
Molecular do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 
As coleções in vitro são formadas por material que é mantido em bancos de 
germoplasma por meio de processos envolvendo a biotecnologia. Nesse caso o 
material empregado pode ser desde sementes como 
também tecidos e/ou células de plantas, animais e 
microrganismos. As técnicas mais usadas são a 
criopreservação e a cultura de tecidos. A coleta de 
tecidos ou parte das plantas (tecidos, microestacas ou 
estacas) é menos invasiva do que a retirada inteira do 
organismo. 
Fonte: http://migre.me/gNNo8 
 
 
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A criopreservação é o armazenamento de material biológico (sementes, 
tecidos, células) em ultrabaixa temperatura (-196ºC) utilizando o nitrogênio líquido, o 
que promove a parada da divisão celular e dos processos metabólicos. A técnica de 
criopreservação tem sido adotada em sementes 
com o uso do eixo embrionário e embriões 
excisados. No Brasil a técnica é aplicada para 
um conjunto de espécies cultivadas e silvestres, 
incluindo as florestais. Para animais é utilizado 
sêmen, embriões ou ovócitos. 
 
 
Fonte: http://migre.me/gNNpW 
 
Além destas formas de conservação, existem outras que são específicas de 
plantas, animais ou microrganismos que serão detalhadas nos itens a seguir 
 
2.1.1 Conservação ex situ em vegetais 
 
A conservação ex situ em bancos de sementes é considerada uma prática 
de menor custo e permite a manutenção de um estoque de material genético em 
longo prazo e em menor espaço. Algumas práticas e conhecimentos permitem a 
manutenção da qualidade de sementes, sua germinação, e vigor ao longo do 
armazenamento. Esta manutenção de sementes é importante para um uso futuro 
como sementes de espécies frutíferas como açaí (Dypteryx alata), cupuaçu 
Ovócitos, também conhecido 
como oócitos, são células 
reprodutivas femininas 
produzidas nos ovários dos 
animais. 
 
 
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(Dypteryx alata), cumbaru (Dypteryx alata), castanha (Dypteryx alata), caju 
(Dypteryx alata), pequi (Dypteryx alata). 
Dentre elas, destacam-se a determinação do ponto ótimo de colheita, 
secagem e o controle do teor de água no armazenamento e as características da 
espécie, não apenas em termos de conteúdo bioquímico, mas também em relação 
à sua ecologia. As sementes são armazenadas em câmaras frias cuja temperatura 
e umidade varia de acordo com o tipo de sementes. 
 
 
Fonte: http://migre.me/gNNxQ 
 
Os principais tipos de sementes são ortodoxas, recalcitrantes típicas 
(espécies de clima temperado) e recalcitrantes tropicais, que também são 
denominadas de tolerantes, intolerantes e intermediárias ao dessecamento. 
As recalcitrantes são sensíveis em graus variados ao dessecamento, 
apresentam alto teor de água após a maturação (maior que 30%) e podem ser 
conservadas de três a cinco anos a temperaturas, próximas ao congelamento, com 
perda moderada da viabilidade. Por outro lado as recalcitrantes típicas são 
sensíveis a baixas temperaturas, mesmo a valores inferiores a 10-15ºC. Devido à 
dificuldade de manutenção da viabilidade das recalcitrantes tropicais em bancos de 
sementes, outras técnicas de conservação ex situ têm sido adotadas como a 
excisão do embrião e a sua preservação e a manutenção de coleções in vivo e in 
vitro. 
 
 
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As coleções in vivo referem-se a plantios e cultivos realizados em áreas 
naturais, casas de vegetação, estufas ou viveiros. Nessas condições há vários 
fatores limitantes à conservação do material genético mantido, uma vez que estas 
permanecem expostas a desastres naturais, ataque de pragas e patógenos, além 
dos altos custos envolvidos na sua manutenção e no controle dos cruzamentos. 
Envolve investimentos com custo de terra e de pessoal, além de requerer 
infraestruturas específicas, como, por exemplo, estufas e casas de vegetação. 
Apesar disso, tem sido viável para espécies com ciclos longos de reprodução. Além 
de potencializar as práticas de reintrodução e de melhoramento uma vez que 
podem ser associados a sistemas de produção de sementes, visando programas de 
restauração e plantios comerciais. 
 
 
Fonte: http://migre.me/gNNUJ 
 
Os plantios vivos incluem as coleções botânicas existentes em Jardins 
Botânicos com finalidades de pesquisas de cunho básico e de educação ambiental. 
 
 
 
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Fonte: http://migre.me/gNNXd 
 
Algumas empresas também estabelecem plantio in vivo como a Eletronorte 
que, como medida de compensação do alagamento na região do Tucuruí, 
estabeleceu os Bancos de Germoplasma da região do Tucuruí com material 
coletado há 20 anos, antes da área ser inundada. 
Os pomares de sementes têm sido utilizados em grande escala no Brasil na 
década de 1970-1980, usados inicialmente em programas de Melhoramento 
Florestal que eram formados por populações clonais de eucalipto e pinus ou por 
mudas de árvores selecionadas geneticamente, isoladas para reduzir a polinização 
de fontes externas geneticamente inferiores. 
 
2.1.2 Conservação ex situ em animais 
 
A implementação de medidas de conservação ex situ em animais é uma 
forma de dar continuidade à sobrevivência dos recursos genéticos. Entre as 
estratégias de conservação, a mais eficiente é a reprodução monitorada em 
cativeiro, principalmente para as espécies ameaçadas de extinção. Os programas 
de reprodução em cativeiro de espécies ameaçadas podem ser conduzidos por 
diferentes tipos de instituições, como criadouros científicos de Fauna, jardins 
zoológicos, aquários, universidades, centros de pesquisa, ou mesmo centros 
privados, preferencialmente associados aos programas governamentais de 
conservação. 
 
 
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Os Criadouros Científicos de Fauna Silvestre para Fins de Conservação são 
empreendimentos de pessoa física ou jurídica, vinculado a planos de manejo 
reconhecidos, coordenados ou autorizados pelo órgão ambiental competente, com 
finalidade de criar, recriar, reproduzir, e manter espécimesde fauna silvestre em 
cativeiro para fins de subsidiar programas de conservação. 
Os Criadouros Científicos de Fauna Silvestre para Fins de Pesquisa são 
empreendimentos de pessoa jurídica vinculados a Instituições de Pesquisa ou de 
ensino que desempenham as mesmas funções que os Criadouros Científicos de 
Fauna Silvestre para Fins de Conservação com fins de realizar pesquisa científica, 
ensino e extensão. 
Os Centros de Triagem de Animais Silvestres - CETAS têm como finalidade 
receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar animais 
silvestres provenientes da ação da fiscalização, resgates ou entrega voluntária de 
particulares. 
 
 
Fonte: http://migre.me/gNO50 
 
Os Centros de Reabilitação de Animais Silvestres - CRAS têm as mesmas 
funções do CETAS, além de recriar, reproduzir, manter e reabilitar espécimes da 
fauna silvestre nativa para fins de programas de reintrodução no ambiente natural. 
 
 
 
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Fonte: http://migre.me/gNO5F 
 
Os Jardins Zoológicos consistem em coleções de animais silvestres 
mantidos vivos em cativeiros ou em semiliberdade e expostos a visitação pública, 
para atender a finalidades científicas, conservacionistas, educativas e 
socioculturais. 
 
 
Fonte: http://migre.me/gNO6f 
 
 
 
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A pressão da necessidade de programas de conservação é maior nos 
lugares onde existem maiores riscos de perda de recursos genéticos valiosos 
usados em programas de melhoramento genético ou bioprospecção animal. 
Os relatórios nacionais sobre a conservação de recursos genéticos de 
animais utilizados em melhoramento indicam claramente que muitos grupos de 
partes interessadas estão envolvidos ou potencialmente envolvidos na conservação 
de raças. Entre eles, destacam-se: governos nacionais, universidades e instituições 
de pesquisa, associações de criadores, ONGs, empresas de melhoramento 
genético, produtores rurais e proprietários de rebanhos (incluindo aqueles que criam 
animais como um hobby). 
De maneira geral, é preciso potencializar, de forma substancial, a 
capacidade global de conservação mediante novos modelos institucionais e 
colaboração entre diferentes instituições públicas, bem como entre estas últimas e 
produtores rurais privados, para atuar de forma eficiente sobre a ameaça aos 
recursos genéticos animais. 
A inseminação artificial e a transferência de embriões surtiram efeitos 
importantes sobre o melhoramento genético de animais nos países desenvolvidos. 
Essas tecnologias aceleraram o progresso genético, reduziram o risco de 
transmissão de doenças e aumentaram o número de animais que podem ser 
obtidos a partir de um progenitor superior. A disponibilidade dessas tecnologias 
varia muitíssimo entre países e entre regiões. A capacidade geralmente é muito 
menor nos países em desenvolvimento do que em regiões como em grande parte 
da Europa e América do Norte. De uma maneira geral, quando usadas nos países 
em desenvolvimento, as tecnologias reprodutivas se constituem em um meio de 
disseminação de material genético exótico. 
 
2.1.3 Conservação ex situ em microrganismos 
 
Coleções de culturas de microrganismos ou coleções microbiológicas são 
centros de conservação de recursos genéticos ex situ, que têm como função 
principal, a aquisição, caracterização, manutenção e distribuição de microrganismos 
e células autenticadas e reagentes biológicos certificados. 
 
 
 
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Fonte: http://migre.me/gNO8Q 
 
Coleções microbiológicas ex situ (incluindo microalgas, protozoários, 
bactérias, fungos filamentosos, leveduras e linhagens celulares) podem ser 
classificadas como coleções de trabalho, coleções institucionais ou coleções de 
serviço. Como infraestrutura fundamental na conservação e distribuição de recursos 
genéticos, com a finalidade de pesquisa e desenvolvimento, as coleções de serviço 
merecem atenção especial. Os diferentes tipos de coleções de culturas, incluindo 
coleções de trabalho, coleções institucionais e principalmente as coleções de 
serviço, têm uma importância destacada na conservação e exploração da 
diversidade genética e metabólica. 
A operação e o gerenciamento de coleções microbiológicas de serviço 
requerem capacitação técnica especializada e infraestrutura específica, além de 
cuidados especiais com relação às práticas de controle de qualidade, 
biossegurança e autenticação de seus acervos. 
Coleções de serviço, que possuem acervos 
abrangentes e curadoria profissional, com 
sistemas de informação que permitem rastrear 
as condições de processamento, conformidade 
dos produtos e registros do material biológico 
distribuído podem ser classificados como Centro 
de Recursos Biológicos (CRBs), uma nova 
categoria proposta no cenário internacional e 
que caracterizado pelo fornecimento da 
informação sobre acervo para ensino, pesquisa, 
Curadoria: consiste num 
instrumento de gestão de 
recursos genéticos que abrange 
as atividades de coleta, 
preservação, armazenamento e 
catalogação do material 
científico. Avaliação das 
necessidades e condições de 
empréstimo do material, 
procedimentos e adoção de 
métodos de catalogação, 
levantamentos ou tombamento, 
doações e permutas, e, em 
resumo, toda a política prática e 
científica de lidar com coleções. 
 
 
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e inovação tecnológica. As CRBs atuam como provedores de serviços, repositórios 
de células vivas e genomas de organismos e informação relacionada à 
hereditariedade e funções de sistemas biológicos. 
Atualmente, existe no cenário internacional um conjunto de ameaças 
concretas ao trânsito de material biológico e, portanto, a devida conservação e 
fornecimento de material biológico certificado por Coleções de Serviço e/ou Centros 
de Recursos Biológicos é de grande relevância para o desenvolvimento 
biotecnológico em nosso país. 
A procura por material microbiológico em coleções reconhecidas se deve 
principalmente ao fato de que estas coleções possuem como procedimentos de 
rotina a realização de testes de controle de qualidade e autenticação do material. 
Existem coleções microbiológicas importantes localizadas no mundo inteiro, 
as quais atuam como centros de excelência em conservação ex situ e taxonomia 
microbiana, como por exemplo: ATCC (Estados Unidos), BCCM (Bélgica), CBS 
(Holanda), CFBP (França), DSMZ (Alemanha), ICMP (Nova Zelândia) e JCM 
(Japão). 
No Brasil, as coleções de serviços são incipientes quando relacionadas com 
a sua biodiversidade. Mas existem boas coleções na área da saúde, como por 
exemplo, as coleções microbiológicas da Fundação Nacional de Saúde Oswaldo 
Cruz (FIOCRUZ). A microbiologia clínica teve, historicamente, um maior avanço que 
a microbiologia ambiental devido a sua importância para a saúde pública no Brasil. 
 
 
Fonte: http://migre.me/gNOgK 
 
Na área agrícola destaca-se a Coleção de Culturas de Bactérias 
Diazotróficas da Embrapa Agrobiologia. A Coleção de Culturas de Fitobactérias do 
 
 
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Laboratório de Bacteriologia Vegetal do Instituto Biológico de São Paulo mantém 
um acervo que constitui a maior fonte de linhagens bacterianas fitopatogênicas 
oriundas de áreas tropicais. A Coleção Brasileira de Microrganismos de Ambiente e 
Indústria (CBMAI), estabelecida no CPQBA em 2002, com o respaldo institucional 
da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), foi estruturada para atuar 
como uma Coleção de Serviço, visando atender à demanda da comunidade 
acadêmica e industrial, oferecendo serviços especializados para o setor. 
 
 
Fonte: http://migre.me/gNOjn 
 
Coleções de referência de microrganismos têm sido apontadas como 
recursos importantes para o desenvolvimento de pesquisas em biodiversidade e 
sistemática. Um ponto crítico

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