Buscar

Psicologia Jurídica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 204 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 204 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 204 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSO DE DIREITO
 PSICOLOGIA JURÍDICA
PROF. DR. WILSON B. DA CRUZ.
JOSILDA LIMA
01. INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
Tentaremos apresentar a investigação psicológica, examinar os conceitos 
básicos da Psicologia e proporcionar um plano conceptual para melhor compreensão do 
comportamento humano.
A palavra Psicologia disciplina que tem por objeto a alma, a consciência ou os 
eventos característicos de vida animal e em especial a humana, nas várias formas de 
caracterização de tais eventos com o fim de determinar sua natureza específica.
Já o termo Psicológico diz respeito à Psicologia, nessa acepção se refere à 
consciência do indivíduo. Ou seja, às atitudes ou valorações individuais.
O Psicologismo, no seu uso polêmico, o termo é constantemente empregado 
para designar a confusão entre a gênese psicológica do conhecimento e sua validade. 
Nesse sentido foi Kant a esclarecer, fazendo a distinção a propósito dos conceitos a 
priori, entre a quaestio facti de sua “derivação fisiológica”, isto é, do seu acontecimento 
na mente ou na consciência do homem, e a quaestio juris, que consiste em perguntar o 
fundamento de sua validade, exigindo como resposta a dedução.
O mundo do homem primitivo é um bom lugar para iniciarmos o nosso estudo. 
Cotejaremos as suas especulações acerca do comportamento com o ponto de vista da 
Psicologia contemporânea.
As culturas explicam o comportamento pressupondo um segundo ser – um 
homem interno que mora dentro do homem externo – que percebe, deseja, recorda e 
pensa. O homem interno também atua sobre o homem externo e o obriga a agir.
Como ciência natural, a Psicologia surgiu de uma fusão de certos movimentos 
filosóficos com a nova Fisiologia experimental do século XIX. Os fisiologistas alemães 
mostraram como trabalham os órgãos dos sentidos e o sistema nervoso. A escola 
filosófica inglesa do associacionismo insistiu em que todo conhecimento nos chega 
através dos sentidos e, assim, indicou a importância dos órgãos dos sentidos. A 
convergência dos dois movimentos produziu a Psicologia como ciência experimental.
Como ciência do comportamento humano, a Psicologia define o comportamento 
muito amplamente. O “comportamento” inclui as atividades ocultas (processos 
perceptivos, ideacionais e emocionais), bem como o comportamento manifesto 
(atividades locomotoras, manipulatórias, expressivas e simbólicas).
1
Originariamente, a Psicologia se ocupava sobretudo, das experiências 
conscientes dos seres humanos normais, relativamente complicados. Hoje em dia, 
todos esses adjetivos restritivos foram removidos. A Psicologia científica procura 
respostas generalizadas para perguntas sobre o homem como protótipo; também 
procura respostas utilizáveis para perguntas importantes acerca de determinada 
pessoa. 
As respostas psicológicas, que se referem ao homem em geral, são 
predominantemente normativas e constituem enunciados teóricos relativos a processos. 
As respostas e perguntas que se referem a um indivíduo são particularista e utilitárias, e 
proporcionam uma base viável de ação.
A Psicologia deriva parte de seu vocabulário do vernáculo. Mas também cria a 
própria nomenclatura. Mercê da tendência popular para retificar processos psicológicos, 
é de toda conveniência empregar verbos substantivados em lugar de substantivos 
verdadeiros (“perceber” em lugar de “percepção”, “raciocinar” em lugar de “ razão”, etc.).
A Psicologia faz perguntas à natureza e, a seguir, utiliza os métodos da Ciência 
para encontrar as respostas e verificar-lhes a correção. Ao passo que o método 
experimental modifica as condições, a fim de observar-lhes as conseqüências, o 
psicólogo também tenta deslindar e medir as relações existentes entre indivíduos, 
grupos e processos.
Os métodos de observação da Psicologia diferem dos métodos de 
observação do leigo por serem rigorosos, mais objetivos, mais verificáveis, mais seguros 
e menos sujeitos à deformação pelas propensões inconscientes (esperanças e temores) 
do observador. O método científico supõe presunções filosóficas, plano de pesquisa e 
tecnologia.
02. O DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO.
Toda pessoa é o resultado de uma complexa história de desenvolvimento, em 
que se entrelaçam fatores hereditários e experiênciais.
Começa a vida como uma célula única, cujo potencial hereditário total se 
apresenta em forma de mecanismos meticulosamente codificados. Durante o curso de 
sua existência, surge um número imenso de acontecimentos ambientais interagindo 
com o potencial herdado, para produzir um organismo cada vez mais complexo.
O que se poderia chamar uma vista longitudinal do homem, o que se sabe sobre 
a interação da hereditariedade e da experiência, através das fases sucessivas do óvulo 
fecundado, do embrião, do feto, do recém-nascido, da criança, do adolescente e do 
adulto.
Por onde vamos começar? Acaso a vida principia quando um espermatozóide e 
um óvulo se unem na concepção? É possível, mas as origens dessas células 
reprodutivas jazem no passado distante, pois os seus códigos são tão velhos, quanto o 
homem.
2
Arbitrariamente, encetaremos o nosso estudo com as potencialidades 
hereditárias do indivíduo no momento da concepção. Assim recuaremos apenas o 
suficiente para discutir, em resumo, certas características importantes da transmissão 
hereditária dos traços.
O desenvolvimento pré-natal e pós-natal do indivíduo envolve a interação 
dinâmica de fatores hereditários e ambientais. Na década de 1860, apresentaram-se 
provas indicativas da existência de caracteres genéticos, de traços dominantes e 
recessivos e do fenômeno da segregação. E 1920 os genes, foram localizados nos 
cromossomos. Durante a década de 1950, descobriu-se que os cromossomos 
consistem em longos cordões de DNA, e que os genes são seqüências codificadas de 
substâncias químicas presas ao longo dos cordões. O RNA opera como mediador entre 
o código do DNA e o arranjo dos aminoácidos que compõem as proteínas do corpo.
Nos caracteres comumente denominados hereditários, a maior parte das 
variações registradas numa população se deve a diferenças nos genes; os caracteres 
"adquiridos" devem a maioria das suas variações a fatores ambientais. Quase todos os 
caracteres humanos de interesse psicológico são do tipo interativo, em que a variação 
não pode ser atribuída predominantemente à hereditariedade nem ao meio.
A ordem geral do desenvolvimento anatômico pré e pós-natal é da cabeça para 
os pés (céfalo-caudal) e do centro do corpo para a periferia. As aberrações de uma 
norma estatística ou de uma norma ideal de crescimento físico têm considerável 
significação psicológica pessoal.
O desenvolvimento assim orgânico como psicológico é produto de fatores 
genéticos e ambientais. Entretanto, o desenvolvimento psicológico, predominantemente, 
é resultado da aprendizagem. O processo da aprendizagem pode ser concebido como 
um contínuo, que vai desde o condicionamento clássico e instrumental, numa 
extremidade, através da aprendizagem por ensaio e erro e da imitação, até a 
aprendizagem cognitiva, na extremidade oposta. A primeira aprendizagem quase 
sempre exerce influências críticas sobre a aprendizagem subseqüente. 
O desenvolvimento perceptivo, o desenvolvimento conceptual e o raciocínio 
(solução ideacional de problemas) são formas de aprendizagem cognitiva. Embora vá 
subindo por esse contínuo à medida que se desenvolve, a criança continua a usar todos 
esses processos e os usará por toda a vida. Não há, provavelmente, processos de 
aprendizagem peculiares a crianças em oposição aos adultos. Em sua maior parte as 
mudanças, no plano do desenvolvimento, na aprendizagem das crianças são produtos 
da aprendizagem passada.
O desenvolvimentosocial da criança ocorre quando ela aprende a diferenciar 
pessoas e coisas, diversas classes de pessoas, respondendo seletivamente a elas, e a 
separar indivíduos. A socialização da criança começa na família e continua pela vida 
fora em muitos grupos formais e informais.
O desenvolvimento emocional supõe a emergência de padrões específicos, 
oriundos da emocionalidade difusa e generalizada da criancinha, uma extensão da série 
3
e da mudança de natureza dos excitantes emocionais, e mudanças progressivas na 
natureza e na direção da expressão emocional. À proporção que o indivíduo se 
desenvolve, passa a reagir emocionalmente a novos estímulos, mas também se torna 
menos receptivo (dessensibilizado) a outros estímulos. A expressão emocional utiliza-se 
igualmente, às vezes, para estabelecer comunicação com outras pessoas e para 
controla-Ias.
O desenvolvimento da motivação começa com a total dependência do recém-
nascido para com as fontes orgânicas de impulsos, passa pelas fontes sociais de 
impulsos à medida que progride a aprendizagem, para chegar, finalmente, à motivação 
pessoal autônoma no mais alto nível de desenvolvimento. 
O desenvolvimento moral consiste na interiorização de controles do 
comportamento, no desenvolvimento da consciência e na emergência de princípios 
éticos e morais. Freqüentemente se diferenciam, no desenvolvimento moral, a fase pré-
moral, a fase da conformidade social e a fase da consciência individual. A consciência 
individual pode operar de maneira rígida e estereotipada ou de maneira discriminativa e 
racional. Esta última é comumente denominada a moral humanista.
03. BASE BIOLÓGICA DO COMPORTAMENTO HUMANO 
 
 Uma presunção fundamental da Psicologia é a de que toda atividade mental tem 
base fisiológica. Os dois principais sistemas de integração do corpo são o sistema 
nervoso e o sistema endócrino. Esses sistemas interagem continuamente.
O sistema nervoso é composto de neurônios. O neurônio consiste num corpo 
celular, um núcleo, uma membrana e um ou mais processos, ou prolongamentos, que 
se estendem para fora do corpo da célula. Os processos estimulados pelos órgãos dos 
sentidos ou por outros neurônios conduzem os impulsos nervosos para o corpo da 
célula e denominam-se dendritos. Os processos que conduzem os impulsos nervosos 
para fora do corpo da célula chamam-se axônios.
Quanto à função, os neurônios se classificam em sensoriais, motores e de 
associação. Os sensoriais conduzem os impulsos nervosos dos órgãos dos sentidos ao 
sistema nervoso central; os motores conduzem os impulsos do sistema nervoso central 
aos efetores (músculos ou glândulas); os neurônios de associação servem de elos 
conectivos entre dois outros neurônios. A função essencial dos neurônios é a 
transmissão dos impulsos nervosos.
O impulso nervoso consiste num conjunto complexo de reações eletroquímicas, 
que passam ao longo do neurônio quando este é ativado. O impulso é um fenômeno do 
tipo tudo ou nada, como um tiro de revólver, que é ou não é "detonado". Imediatamente 
após a passagem do impulso nervoso, o neurônio se torna inexcitável. Refratário a uma 
nova estimulação. O período refratário absoluto, que se segue imediatamente à 
passagem do impulso, é seguido de um período refratário relativo, durante o qual o 
neurônio poderá responder, mas só a estímulos anormalmente intensos. O período 
refratário relativo, por seu turno, é seguido de um período de excitabilidade supernormal 
e, logo, de um período de excitabilidade normal.
4
A sinapse é o lugar onde dois neurônios estabelecem uma relação funcional 
entre si. O agente eficaz que atua na sinapse, às vezes, embora nem sempre, é uma 
substância química. Dois desses agentes químicos são a acetilcolina e a norepinefrina. 
(substâncias existentes no organismo animal, funciona como transmissor, e também 
provoca dilatação das artérias).
O sistema nervoso se divide em sistema nervoso central (o encéfalo e a medula 
espinhal) e o sistema nervoso periférico (os nervos raquianos, os nervos cranianos e o 
sistema nervoso autônomo). As principais subdivisões do encéfalo são o bulbo, a ponte, 
o cerebelo, o mesencéfalo, o tálamo, o hipotálamo e o cérebro. A medula é um centro 
vital de controle e regulação de muitos processos viscerais ou vegetativos, necessários 
à vida. A ponte liga o cerebelo ao eixo encefálico. O cerebelo é um centro de integração 
e coordenação das funções proprioceptivas (cinestésicas e de equilíbrio) do corpo.
 O mesencéfalo contém os núcleos dos reflexos auditivos e visuais. O tálamo 
consiste principalmente em centros de relé (núcleos) da maioria dos trajetos sensoriais 
que vão para o córtex cerebral. Durante muito tempo, o córtex foi considerado a “SEDE” 
das “mais elevadas” funções psicológicas (lembrar, pensar, raciocinar, falar) que são as 
prerrogativas essenciais do ser humano. Calcula-se que o córtex cerebral contém nove 
milhões de neurônios, que se interligam para formar a mais complexa estrutura que se 
conhece. O hipotálamo controla ou regula grande número de funções vitais, mais ou 
menos como o faz a própria medula.
O cérebro é a maior subdivisão do encéfalo humano. As áreas funcionais do 
córtex cerebral (camada externa) são sensoriais, motoras e de associação.
A área de projeção sensorial da visão está localizada no lobo occipital (parte 
posterior do cérebro); o centro da audição se encontra no lobo temporal, na região 
acima do ouvido; a área somestésica (cutânea e cinestésica) fica logo atrás da cissura 
de Rolando. A principal área cortical motora é paralela à área somestésica, bem 
defronte da cissura de Rolando, na parte posterior do lobo frontal. As partes restantes 
do córtex são consideradas, primordialmente, áreas de associação.
O sistema nervoso autônomo controla ou regula a maior parte dos órgãos 
viscerais do corpo. Cada uma das suas duas subdivisões (o simpático e o 
parassimpático) inerva independentemente a maioria dos músculos lisos e das 
glândulas do corpo e opera antagônicamente em relação uma à outra. O sistema 
nervoso autônomo mostra-se particularmente ativo durante as emoções. A função e a 
estrutura interagem na atividade nervosa. Tanto a fixidez quanto a plasticidade são 
características da função e do crescimento nervosos. O sistema nervoso está 
continuamente ativo, e a ativação dos processos nervosos re-dirige o fluxo das 
atividades já em andamento. A relação entre as superfícies sensoriais e os órgãos 
efetores (agente regulador do metabolismo, contração em resposta a um estímulo) e o 
cérebro parece descrever-se melhor em função de áreas anatômicas correlatas.
O sistema endócrino é o segundo sistema de integração do corpo. As diversas 
glândulas endócrinas se completam e interagem. Conseqüentemente, as glândulas 
endócrinas devem ser encaradas antes como um sistema integrado do que como uma 
5
coleção de glândulas independentes.
Fatores nervosos, hormônicos, situacionais e experiências podem ver-se, todos 
eles, implicados na ativação, no controle e na regulação de muitos tipos de 
comportamento.
04. OS PROCESSOS SENSORIAIS.
A Filosofia trata do problema da natureza e da validade da experiência sensorial. 
O Psicólogo pode valer-se de todos esses campos ao tentar obter uma visão unificada 
das experiências sensoriais do ser humano.
A grande variedade das experiências sensoriais humanas nasceu da irritabilidade 
do protoplasma relativamente não diferenciado, como a que se encontra nos 
protozoários. Os órgãos dos sentidos são essencialmente protoplasma altamente 
especializado para responder a certas formas de energia. Os estímulos consistem em 
determinadas formas de energia, alheias ao sistema nervoso suficientemente, intensas 
para produzir a resposta.A qualidade da experiência sensorial é função do mecanismo neurossensorial 
interessado, e independe da natureza do estímulo. A intensidade mínima de 
estimulação necessária à produção de uma experiência sensorial denomina-se limiar 
sensorial absoluto. A menor mudança na intensidade do estímulo, que pode ser 
percebida, é o limiar diferencial. A mudança na intensidade do estímulo, que se faz 
mister para ser perceptível, é proporcional à sua intensidade anterior.
Os estímulos adequados da visão consistem em comprimentos de onda 
eletromagnética, que vão desde 380 até 760 micromilímetros. A tonalidade; o brilho e a 
saturação das cores são principalmente determinados pelo comprimento, pela amplitude 
e pela homogeneidade da onda de luz, que constitui o estímulo visual. Os bastonetes e 
cones da retina são os receptores visuais. Os bastonetes transmitem a visão acromática 
(sem cores), e os cones transmitem a visão cromática ( colorida) .
Os estímulos auditivos consistem em freqüências de vibração. A altura, a 
intensidade e a qualidade do som dependem, principalmente, do comprimento de onda 
(ou freqüência de vibrações), ela amplitude e da homogeneidade das ondas.
O frio, o calor, a pressão e a dor são os quatro sentidos cutâneos. Os receptores 
do frio respondem a temperaturas abaixo do zero fisiológico do corpo. Os receptores do 
calor são estimulados por temperaturas acima do zero fisiológico. O zero fisiológico é a 
temperatura a que a pele está adaptada num determinado momento.
Uma deformação da superfície da pele constitui o estímulo adequado do tacto. A 
pele da língua, dos lábios e das pontas dos dedos é mais sensível aos estímulos de 
contacto, ao passo que o meio das costas e as coxas são as áreas menos sensíveis do 
corpo. O estímulos dolorosos, que podem ser de natureza química, térmica ou 
mecânica, tendem a lesar o tecido.
6
Os receptores cinestésicos localizam-se nas superfícies das juntas, nos músculos 
e tendões. São estimulados por mudanças ocorridas na tensão desses órgãos. Os 
órgãos do sentido labiríntico situam-se nos canais semicirculares e no vestíbulo (utrículo 
e sáculo) do ouvido médio. São estimulados por mudanças na velocidade do movimento 
do corpo ou da cabeça e pela força da gravidade. O sentido labiríntico é importante na 
manutenção do equilíbrio e na manutenção da nossa orientação no espaço.
O doce, o azedo, o amargo e o salgado são as quatro qualidades sensoriais 
gustativas elementares. Os receptores do gosto, células especializadas dos corpúsculos 
gustativos, encontram-se principalmente, mas não exclusivamente, na língua. Existem 
relações gerais, embora não universais, entre as qualidades do gosto e a composição 
química dos estímulos apropriados a cada uma delas.
Os receptores olfativos ocupam uma área pequena na parte superior do nariz. 
São estimulados por substâncias gasosas em solução no muco que cobre as células 
sensoriais. Não se conhece o número das sensações olfativas elementares. O gosto e o 
cheiro são experiências intimamente relacionadas.
Entre as experiências sensoriais figuram a fome, a sêde, certas respostas 
copulativas, dores internas e extensas variedades de experiências vagas, mal definidas, 
oriundas dos órgãos internos do corpo. Caracterizam-se pela má localização e pela 
natureza indefinida. Quando certas dores, nascidas internamente, parecem situar-se 
nos órgãos externos do corpo, denominam-se dores reflexas.
05. O ATENTAR E O PERCEBER.
Atentar e perceber são dois aspectos do processo de observação. A atenção 
prepara organismo para a percepção ou para a atividade motora, e, em seguida, funde-
se com a observação atenta ou da atividade motora intencional. Exemplo: O pai que 
observa o filho empenhado em disputar uma corrida de cem metros rasos está 
percebendo atentamente. O filho que espera o tiro anunciador do início da prova está 
atento, preparando-se para dar uma resposta motora. A atenção, ao mesmo tempo, é 
um ajustamento preparatório e um ajustamento continuativo, ou “ disposição”, que tanto 
facilita a percepção clara quanto a resposta motora eficiente. 
A atenção é um ajustamento preparatório, que facilita a clareza perceptiva e a 
atividade motora eficiente. O atentar é um processo altamente seletivo, destinado a 
acentuar certos elementos sensoriais e a abafar ou bloquear outros componentes da 
entrada sensorial. Não só as características do estímulo, mas também as características 
pessoais do indivíduo que percebe, promovem a filtração dos dados sensoriais. Os 
cinco componentes da atenção, do ponto de vista do comportamento, são a orientação 
dos órgãos dos sentidos, os ajustamentos de postura, o aumento da tensão muscular, 
as mudanças que se verificam no funcionamento visceral e as atividades do sistema 
nervoso central.
Mais complexa, e mais significativa do que a sensação, a percepção é 
determinada por sensações que interagem com os significados que lhes são atribuídos 
em conseqüência da história experiencial do indivíduo. A percepção sofre também a 
7
influência das expectações e dos estados motivacionais daquele que percebe. A 
atenção e a percepção fundem-se no processo de observar.
Alguns princípios de organização perceptiva são relações entre figura e fundo, 
proximidade, similaridade e fechamento (closure). A organização do mundo perceptivo 
do indivíduo consiste no desenvolvimento de um conjunto de configurações 
razoàvelmente coerentes e estáveis e categorias de experiências, que proporcionam um 
elemento de predizibilidade e economia de esforço. Uma das manifestações dessa 
predizibilidade ordenada do nosso mundo perceptivo é a constância perceptiva.
A percepção visual e a percepção auditiva da distância são bons 
exemplos da programação ordenada dos dados sensoriais. Os fatores implicados na 
percepção visual da distância compreendem a perspectiva linear, a perspectiva aérea, a 
interposição, os gradientes de contextura, as luzes e sombras diferenciais, o brilho 
relativo e a saturação das cores, a velocidade aparente e a direção do movimento, os 
esforços de acomodação, os esforços de convergência e a disparidade retiniana. 
(mácula)
A percepção auditiva da distância entre a pessoa que percebe e a da fonte 
sonora depende da intensidade e da qualidade relativas dos sons.
A percepção auditiva da direção da fonte sonora depende da intensidade, da 
qualidade, da fase e das diferenças de tempo na estimulação dos dois ouvidos.
As ilusões são perceptos flagrantemente falsos. Algumas nascem da 
incapacidade de quem percebe de isolar as variáveis pertinentes, que devem ser 
cotejadas. Outras são causadas pela ausência da combinação habitual de indicações 
perceptivas, ao passo que outras ainda derivam, sobretudo da configuração singular das 
esperanças, dos medos e das expectações do indivíduo.
O organismo parece ingênitamente (de nascença) provido de um mecanismo 
destinado a sentir as qualidades do mundo perceptivo. Além disso, a pessoa que 
percebe possui algumas tendências primitivas de organização que, juntamente com os 
processos de maturação, propiciam os fundamentos da vasta acumulação de 
significados específicos, que entram na composição do mundo perceptivo de cada um.
06. A RETENÇÃO E O ESQUECIMENTO.
Os psicólogos separam a memória da aprendizagem a fim de poder dividir esta 
última em componentes mais prontamente discerníveis para propósitos de investigação 
e discussão.
Faz muito tempo que os fenômenos da memória e do esquecimento vêm 
interessando tanto ao leigo quanto ao cientista. Ebbinghaus foi o primeiro homem a 
investigar a memória quantitativamente. Os seus esforços iniciais trouxeram 
contribuições importantes ao estudo da memória e à sua investigação sistemática.
Mede-se o curso do esquecimento, e quandose contrapõe, num gráfico, a 
8
quantidade retida ao tempo decorrido a partir da aprendizagem, surge uma "curva de 
retenção". Essa curva revela que o esquecimento se verifica muito depressa logo após a 
prática e, depois, cada vez mais devagar, à medida que o tempo passa. É provável que 
o esquecimento nunca seja realmente total, mas a quantidade de retenção varia 
muitíssimo. A quantidade retida é uma função parcial da maneira pela qual se mede. 
Vários fatores afetam a quantidade de retenção: a rapidez da aprendizagem original, o 
nível da aprendizagem original, a significatividade do material, a "intenção" ou 
"disposição", os métodos de aprendizagem, as circunstâncias da recordação e a 
motivação.
Diversas teorias tentam explicar os fenômenos da recordação e do 
esquecimento. Nenhuma delas é capaz de explicar todos os resultados das 
investigações empíricas. A mais comumente aceita e a que, provavelmente, explica 
maior número de dados do que qualquer outra, chama-se teoria da interferência. A 
teoria da interferência inclui os efeitos da inibição, assim retroativa como proativa. 
A idéia da decadência passiva do traço nervoso foi em grande parte abandonada, 
porque ficou demonstrado que os acontecimentos que ocorrem no tempo e interferem 
na memória são mais importantes do que a simples passagem do próprio tempo. Na 
área da memória a, curto prazo, todavia, alguns investigadores atuais invocam uma 
hipótese da decadência causada pelo passar do tempo.
Empregam-se teorias motivacionais para explicar o esquecimento em certas 
circunstâncias. Essas teorias poderão ser atraentes, mas é difícil também a sua 
verificação em laboratório.
Os processos de preservação-consolidação, a prazo e a armazenagem a longo 
prazo, são áreas sendo, hoje em dia, aturadamente investigadas.
Já se sabe muita coisa sobre o curso do esquecimento, e os meios de medir a 
retenção e o esquecimento são minuciosos. Mesmo assim, ainda não temos 
compreensão suficiente dos processos e funções da memória para formular uma teoria 
adequada, que explique todos os descobrimentos da pesquisa empírIca.
07. O PENSAR.
O pensar é uma forma de atividade encoberta, ou oculta. O estereótipo popular 
do pensador é a pessoa sentada, imóvel, olhos perdidos no espaço. A estátua de 
Rondin tipifica essa concepção. Exteriormente inativo, o pensador, é inteiramente ativo. 
Se lhe perguntarmos no que está pensando, poderá dizer que está apenas devaneando, 
e que está pensando em alguma coisa que aconteceu na véspera (recordando), ou que 
está pensando em como seria possível a vida em Marte (imaginando), ou ainda que 
está pensando nas possíveis conseqüências da sua falta ao trabalho na manhã seguinte 
(raciocinando). Todos esses processos ideacionais são formas de pensamento.
O pensar é uma forma de atividade implícita. Envolve a manipulação de símbolos 
e conceitos, que operam como substitutos de experiências perceptivas. As formas do 
pensar são sonhos, devaneios, o recordar, o imaginar e o raciocinar. Os sonhos são 
9
uma atividade ideacional relativamente livre, que se processa durante o sono. Alguns 
são ilusórios, mas a maioria é representada por experiências alucinatórias. 
Normalmente, a pessoa passa sonhando mais de uma quarta parte de um período típico 
de sono noturno. Os períodos de sonhos duram, as vezes, mais de uma hora e não são 
muito condensados no tempo, como outrora se supunha. A redução artificial do tempo 
de sonhar numa noite produz aumento de sonhos na noite seguinte. A redução 
prolongada do tempo de sonhar resulta, às vezes, em mudanças dramáticas da 
personalidade e até em sintomas psicóticos.
Algum devanear, ligado à realidade, é útil ao indivíduo. A maior parte dos 
devaneios, todavia, não passa de racionalização de desejos e, conseqüentemente, se 
denomina "autista". Os tipos de devaneios do "herói conquistador" e do "herói sofredor" 
são de natureza autista. Inúmeros devaneios se fabricam para nós em ficções. A 
ideação autista de indivíduos psicóticos é uma forma do pensar patológico. Os 
componentes ideacionais dos sistemas de delírios, idéias fixas, obsessões e 
circunstancialidade são outras formas de ideação patológica. O pensar que se afigura 
sem sentido e patológico a outra pessoa pode ser significativo para o indivíduo.
O raciocinar é o solucionamento ideacional de problemas. As fases ou 
componentes do processo completo de raciocínio incluem a motivação, o 
reconhecimento do problema, a preparação (análise do problema e estudo das 
informações disponíveis), a formulação de possíveis soluções (hipóteses), a incubação, 
a iluminação (súbita ou gradual), a verificação (aceitação, rejeição ou modificação). Os 
fatores que influem no curso do raciocínio incluem o nosso acervo de informações 
disponíveis, a nossa disposição mental, as nossas predisposições emocionais e as 
estratégias de que dispomos.
A aquisição de conceitos envolve a discriminação, a abstração e a generalização. 
Um conceito é uma resposta aprendida às propriedades comuns de uma série de 
estímulos e constitui uma forma de categorização adaptativa e útil. Os conceitos diferem 
em grau de abstratividade. Muitos animais inferiores são capazes de desenvolver 
conceitos, mas só o homem tem capacidade para empregar palavras a fim de simbolizá-
Ios. A linguagem e o pensamento estão intimamente relacionados.
Como processo fisiológico, a ideação tem sido considerada puramente nervosa 
(a gente pensa com o cérebro) ou neuromuscular (a gente pensa com o corpo inteiro). 
Se bem que não existam provas definitivas que confirmem uma ou outra concepção, o 
pensamento atual propende a endossar a concepção nervosa, ou central.
Existe, atualmente, considerável interesse pela natureza e pelas condições 
conducentes ao pensamento criativo. Verificou-se que os indivíduos altamente criativos 
diferem, de muitas maneiras significativas, das pessoas menos criativas. Diferem nos 
antecedentes familiares, nas motivações, nos sistemas de valores e nos interesses.
08. EMOÇÃO E AJUSTAMENTO.
A emoção é parte de todo o sistema de resposta da pessoa e, como tal, está 
10
provavelmente envolvida, em maior ou menor grau, em todos os tipos de respostas. 
Toda a gente reconhece que experimenta emoção. Assim emoção e motivação estão 
ligadas ao fenômeno do comportamento. O comportamento que visa a lidar com os 
motivos da pessoa e com as influências do meio, capazes de favorecer ou estorvar a 
satisfação, denominou-se comportamento de ajustamento.
No ajustamento sempre que acontece alguma coisa que interrompa o 
comportamento motivado, diz-se que o indivíduo está frustrado. A frustração tem 
propriedades estimulantes para o organismo. As respostas que ela provoca chamam-se 
ajustamentos, seja qual for.
A frustração é produzida por uma série de situações. Os processos básicos que 
produzem classificam-se em frustração por demora, frustração por entrave e frustração 
por conflito.
Frustração por demora, se a resposta foi bem reforçada e o reforço, em seguida, 
é retardado, ou não se acha à mão, o resultado, freqüentemente, é a frustração. Assim, 
as reações podem ser descritas como emocionais e influem no comportamento 
subseqüente.
Quase toda interferência no comportamento motivado pode ser reputada 
entravante. Em qualquer ocasião que se impeça a ocorrência de uma resposta ou se 
interfira no comportamento motivado, o resultado é a frustração.
Outra causa de frustração é de natureza social. O comportamento alheio pode 
constituir uma barreira à satisfação dos nossos motivos. O comportamento dos outros 
se destinam muito mais a satisfazer os motivos deles do que os nossos. 
A frustração dos adolescentes pelo comportamento dos pais temrecebido 
muitíssima atenção em nossa cultura. Os adolescentes também frustram os pais em 
inúmeras circunstâncias. As namoradas entravam os namorados; os irmãos e irmãs 
frustram-se mutuamente; os professores frustram os alunos e os alunos frustram os 
professores.
Já no conflito, palavras apropriadas para descrever as situações em que uma 
pessoa é motivada para comportar-se de duas maneiras incompatíveis. Na frustração, o 
atingimento de um motivo é bloqueado por barreira qualquer e faz-se mister lidar com a 
situação de alguma forma. No conflito deparam-se ao indivíduo situações igualmente 
desejáveis ou igualmente desagradáveis, entre as quais lhe é preciso escolher.
Podemos, ainda destacar as palavras: Agressão, retraimento, devaneio, 
regressão, racionalização, repressão, identificação, projeção, e compensação.
a) Agressão: a agressão é uma reação típica à frustração. Todas as pessoas se 
sentem frustradas de vez em quando e estão sujeitas a sentir-se agressivas em 
decorrência dessa frustração; os impulsos agressivos nascem da frustração.
b) Retraimento: Retrair-se é uma forma relativamente fácil de responder. 
11
Requer, talvez, menor esforço do que o comportamento agressivo e a sua 
recompensa é imediata. O retraimento atua como uma espécie de seguro contra 
o malogro social. Quem não tenta não falha e, a certas pessoas, afigura-se 
melhor nunca haver tentado do que tentar e falhar.
c) Devaneio: No devaneio, o indivíduo se empenha na satisfação imaginaria dos 
seus motivos. Não pode ser criticado pelo outros. O devaneio ministra uma fuga 
conveniente das possibilidades de perda de prestígio e de respeito próprio, 
oriundas do fracasso. É também uma fuga aventurosa do tédio. Mas parece 
concorrer muito pouco para a solução de problemas de ajustamento.
d) Regressão: O comportamento de regressão é uma resposta freqüente à 
frustração. Chama-se regressão à adoção de um comportamento, em resposta à 
frustração, que seria característico de pessoa muita mais jovem. As respostas 
regressivas são imaturas e raro construtivas.
e) Racionalização: Racionalizar significa atribuir razões socialmente aceitáveis 
ao nosso comportamento. As pessoas descobrem, não raro, que as suas 
respostas podem interpretar-se como pertinentes a mais de um motivo.
f) Repressão: As situações que despertam sentimento de culpa, medo, 
ansiedade e vergonha, esquecem-se, não raro, com muita rapidez. Esse 
esquecimento seletivo de experiências desagradáveis é o fenômeno da 
repressão.
g) Identificação: O processo de acentuar os nossos sentimentos de valor 
pessoal pela vigorosa identificação com uma pessoa ou uma instituição ilustre 
denomina-se identificação.
h) Projeção: A pessoa que percebe nos outros os motivos que a preocupam está-
se utilizando da técnica de ajustamento denominada projeção. Pode vir a ser 
uma forma seríssima de comportamento desajustado, acarretando delírios 
gravíssimos de perseguição. Delírio é uma crença grosseiramente falsa, 
característica de certos indivíduos psicóticos e neuróticos.
i) Compensação: Compensação é o superdesenvolvimento de certo tipo de 
comportamento. Quando ele resulta de frustração em determinada área, o 
indivíduo superenfatiza as suas consecuções em outra. Trata-se de uma forma 
de substituição,que protege a pessoa da autocrítica e da ansiedade, e funciona 
como uma espécie de distração.
09. CONCLUSÃO.
Respostas emocionais acompanham, provavelmente, todas as outras respostas 
12
dos seres humanos. Não devem ser interpretadas como se ocorressem 
separadamente das demais. A emoção e a motivação têm muita coisa em comum e 
ambas tendem a exercer um efeito excitante, ou despertador, sobre o organismo. As 
maneiras de lidar com os estados afetivos são aprendidas, e freqüentemente, se 
denominam ajustamentos.
O ajustamento relaciona-se com as respostas que dá uma pessoa ou com a 
maneira por que essa pessoa aprende a lidar com os seus sentimentos, emoções, 
motivos e circunstâncias ambientais. O ajustamento, como tal, não precisa ser 
concebido como avaliativo nem coaformativo. Assim, o comportamento socialmente 
inaceitável - ou qualquer outro meio de lidar com a situação total das emoções, 
motivos e circunstâncias de outra pessoa - pode ser considerado ajustativo nesse 
sentido amplo.
A frustração e o conflito fazem parte da vida de toda a gente. Podem ser 
encarados como respostas de natureza emocional ou motivacional. Os meios de 
lidar com a frustração e o conflito, e com o resultante despertar emocional, 
adquirem-se no decurso da experiência. Quando os hábitos de responder a essas 
situações se tornam bem estabelecidos, denominam-se mecanismos de 
comportamento.
10. A PERSONALIUDADE E O CARÁTER.
A personalidade diz respeito a uma organização única de padrões de reação e 
características relativamente permanentes do indivíduo, que influem na maneira por 
que os outros respondem a ele. A personalidade tem uma referência social 
fundamental. Empresta igualmente um peso especial às características únicas do 
indivíduo. A personalidade tem, ao mesmo tempo, um aspecto de estímulo e um 
aspecto de resposta, e enfatiza particularmente a dinâmica interação deles. O 
caráter diz respeito às tendências de comportamento socialmente pertinentes, com 
implicações morais e éticas especiais.
Os inventários da personalidade consistem em questionários a que o indivíduo 
responde, fornecendo informações sobre si mesmo. Os inventários da personalidade 
apresentam um conjunto de escores numéricos, que indicam a posição relativa da 
pessoa numa série de traços da personalidade. Os testes projetivos ministram 
índices mais "globais" do funcionamento da personalidade. Os testes situacionais da 
personalidade apresentam uma amostra do comportamento do indivíduo numa 
situação simulada da vida real.
A maior parte dos estudos longitudinais, mais minuciosos, da personalidade 
mostra que existe considerável constância dos traços da personalidade no decurso 
do tempo. Os estudos transversais revelam escassa coerência nas manifestações 
dos traços do caráter e da personalidade entre uma situação e outra.
As determinantes da personalidade são genéticas, ambientais, orgânicas e 
sociais. Os efeitos do físico sobre a personalidade são mais indiretos do que diretos. 
As variáveis que determinam os efeitos da privação infantil sobre a estrutura 
13
subseqüente da personalidade dos seres humanos ainda precisam ser calculadas. 
Não se estabeleceram relações uniformes entre a maioria das práticas específicas 
da educação de filhos e o desenvolvimento da sua personalidade. Parece haver 
alguma relação geral entre as avaliações das características dos pais, como a 
"estrutura do caráter", o "papel maternal" e a "conduta maternal em relação ao filho" 
e o ajustamento dos filhos.
As anormalidades da personalidade vão desde os limites do normal, passando 
por perturbações menores e neuroses, até as psicoses. Os mecanismos de defesa 
que operam em todo esse contínuo funcionam sem que o indivíduo se dê conta 
deles são auto-ilusivos e servem para reduzir ou afastar a ansiedade. As neuroses 
incluem fobias, reações obsessivas, reações de ansiedades, reações de conversão, 
reações dissociativas, personalidades múltiplas, astenia, reações neurótico-
depressivas e reações de somatização.
Em função da etiologia, as psicoses se classificam em funcionais e orgânicas. As 
psicoses maníaco-depressivas assumem a forma de mania, melancolia ou de uma 
alternância entre as duas. As esquizofrenias são classificadas em simples, 
hebefrênicas (esquizofrenia), catatônicas e paranóides, de acordo com os sintomas, 
e processivas e reativas, em função da cronicidade e do prognóstico (sendo a 
processivaa mais crônica).
As quatro formas mais comuns de psicoterapia, que se ministra aos doentes 
mentais, são a terapia psicanalítica, a terapia centralizada no cliente, a terapia 
diretiva e a terapia baseada na teoria da aprendizagem. As terapias médicas para os 
doentes mentais incluem as lobotomias, a terapia do choque e a terapia das drogas.
11. OS PROCESSOS SOCIAIS.
Uma pessoa não pode ser compreendida fora da sua história social e da natureza 
do meio social em que vive. A partir do nascimento, as outras pessoas são o segmento 
mais significativo do meio da criança. Muito embora, se tenham encontrado formas 
complexas de organização social e comunicação entre os animais inferiores, só o 
homem criou uma verdadeira cultura.
A cultura diz respeito ao modo de vida total da sociedade. Refere-se 
particularmente às aprendizagens sociais acumuladas, partilhadas e transmitidas de 
uma geração a outra. A cultura ministra grande número de soluções já prontas para 
muitos problemas da vida e permite aos indivíduos que aprendam muita coisa sem os 
processos intermináveis de ensaio e erro. Os preceitos culturais adquirem a força de 
imperativos morais e tornam-se resistentes à crítica.
A conformidade e a inconformidade constituem uma dimensão importante do 
comportamento social. A conformidade se relaciona com variáveis situacionais, como o 
tamanho, a natureza e a composição do grupo, e com características da personalidade, 
como os sentimentos de adequação e competência do indivíduo, e o seu grau de 
identificação grupal. O pertencimento a um grupo tem importantes funções positivas 
para o indivíduo, e muitas formas de patologia pessoal e social se imputam atualmente 
14
à alienação social. Os cinco elementos, ou componentes, da alienação são os 
sentimentos de impotência, de inexpressividade, de ausência de normas, de isolamento 
e de auto-afastamento. Muitos movimentos de ação social da década de 1960 têm sido 
interpretados como manifestações de jovens afastados em busca de um sentido de 
identidade pessoal.
 
 CAPÍTULO I 
 O ESTADO ATUAL DA PSICOLOGIA COMO 
CIÊNCIA
 
12. PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
A primeira pergunta que o jurista fará a si próprio, à de se o estado atual da 
Psicologia justifica ou não a tentativa de aplicar em forma científica seus conhecimentos 
ao campo do Direito, a procura de maior perfeição de sua atuação em cada caso 
particular.
Esta pergunta justifica-se, entre outras razões, pelo fato de que a Psicologia, que 
a maioria de nós estudou no curso secundário, não parecia poder abonar essa 
pretensão. Quanta gente adquiriu, em seus tempos de bacharel, a idéia de que esta 
matéria era pouco conhecida pelos que a ensinavam e a considerou como uma de 
tantas disciplinas que só podem ser apreendidas com a esperança de esquecê-las.
Não obstante, a Psicologia atual é algo mais do que isso. É uma ciência que, 
oferece as mesmas garantias de seriedade e eficiência que, as outras disciplinas 
proporcionaram.
A diferença que poderíamos denominar seria a Psicologia clássica ou filosófica e 
a Psicologia moderna. A clássica o seu objeto de estudo era a alma e a moderna cujo 
objeto de estudo era a investigação dos fenômenos psíquicos, isto é, o conjunto de fatos 
que formam subjetivamente, nossa experiência interna e que se acusam no ponto de 
vista objetivo como manifestações de funcionamento global do organismo humano, ou 
como ações da pessoa. A psicologia moderna não pretende estudar a essência, mas, os 
resultados da atividade psíquica, baseado na ciência natural, na observação e 
experimentação utilizando a análise e a síntese comprovando a cada passo o valor de 
suas afirmações.
13. A PSICOLOGIA EM RELAÇÃO A SUA APLICAÇÃO 
 AO DIREITO .
A Psicologia como ciência ainda é demasiado jovem para achar-se constituída e 
integrada em só sistema de idéias. Diversos investigadores descobriram técnicas 
diferentes que lhes permitiram chegar a diversas concepções para a descrição 
15
compreensiva dos fatos e leis da vida mental; por conseguinte, o estado atual se 
caracteriza pela simultânea existência de distintas escolas psicológicas; cada uma delas 
em sua esfera é digna de atenção e respeito.
Considerando a questão de um modo geral, podemos afirmar que na atualidade 
há nove grandes direções metodológicas da Psicologia, correspondentes a outros 
critérios e fins desta ciência, que nos interessam de modo especial para nosso estudo: 
Vamos verificar as principais diretrizes e contribuições de cada uma delas:
1ª. O Condutismo – A vida psíquica inteira se traduz em movimentos ou ações e deve 
ser, por conseguinte, estudada de fora, sem nos preocuparmos nada com a 
“introspecção”, por considerar o homem como um animal. O lema desta psicologia é o 
de estímulo-resposta, ou seja, dado um estímulo determinado, saber que a resposta se 
desencadeará no indivíduo e dada uma resposta determinada, saber que estímulos 
puderam engendrá-la. A primeira parte serve para predizer a conduta humana; a 
segunda, para o julgamento ou valorização da mesma. Vale dizer que esta última é a 
de maior interesse para o jurista.
O condutismo é um auxiliar precioso para a Psicologia jurídica, já que permite 
obter dados e juízos sem contar com o testemunho subjetivo do delinqüente, do 
pleiteante ou da testemunha: em uma palavra, permite trabalhar sem nada preocupar-se 
com o que os figurantes do conflito jurídico “dizem”; em troca, registra com singular 
precisão o que “fazem”. Descobrindo objetivamente as “mentiras”, os testes ou provas 
para a determinação de aptidões intelectuais e motoras, a técnica de registro das 
alterações emocionais, o estudo experimental da eficácia dos diferentes “castigos”, a 
volorização das influências externas (clima, trabalho, alimentação, meio social etc) na 
produção dos diversos delitos, as regras para a observação de “indícios” humanos e 
para o reconhecimento objetivo dos criminoso etc.,
2ª Psicologia da Forma - A Psicologia da Forma é a mais humana de todas. A mais 
real e de mais sentido comum, a que nos coloca ante os problemas psíquicos tais como 
se apresentam em nossa vida diária. Segundo ela o ato delituoso é também uma 
estrutura que não pode ser esmiuaçada ou decomposta – como fazem os juristas – para 
ser deduzida. Toda tentativa de análise do estudo está sujeita a chegar a conclusões 
errôneas e assim por exemplo, um crime por ciúmes e completamente errado perder o 
tempo em considerar se o indivíduo deu uma punhalada a mais ou a menos, se elas 
foram ou não “necessariamente mortais” etc. etc.; a situação dever ser, antes, 
concebida em suas origens e ser focalizada sem solução de continuidade até o 
desenlace. É o que fazem alguns defensores hábeis, mas falta-lhes para merecer o 
qualificativo de científico, não só a “objetividade” com também a “técnica” necessária 
para a recoleção, compreensão e avaliação dos mal denominados “antecedentes do 
delito”.
3ª Psicologia da Psicanálise - Aqui segue-se as técnicas e interpretações para o 
compreensão do vida psíquica criadas por Sigmund Freud, médico vienense, que, pode 
jactar-se de haver revolucionado com suas afirmações não só o domínio da Psicologia 
mas de todas as ciências do espírito. Despojado de seus exageros e erros iniciais, é 
inegável que representa, como veremos, sólidos pontos de apóio para a compreensão 
16
da conduta delituosa, da psicologia do testemunho. De algumas atitudes pleitistas ou 
reinvindicadoras e – o que é mais importante – de não poucos erros judiciais cometidos 
por juízes probos e experimentados.
Não foi somente Freud, mas alguns de seus discípulos que fizeram ver a 
necessidade de os encarregados da aplicação dajustiça conhecerem pelo menos os 
fundamentos das concepções psicanalíticas.
3.1 Determinismo psíquico – O “aparelho psíquico” possui uma causalidade própria. 
Em virtude disso, todo ato psíquico tem intenção, motivação e significação; não se trata 
de um fenômeno esporádico, acidental, isolado e indeterminado, mas de um elo de uma 
série causal. 
3.2 Princípio da transferência - A energia psíquica não se imobiliza e adere 
consbstancialmente aos conteúdos cognoscitivos, senão é capaz de deslocar-se, saltar 
ou transferir-se de uns aos outros, como um pássaro que pula de um ramo ao outro da 
árvore. Em virtude de tal deslocamento das “cargas” psíquicas (afetivo-emocionais) é 
possível que uma percepção, uma idéias ou um pensamento qualquer, indiferente e 
“neutro”, se anime subitamente, em um momento dado, e receba uma força (impulso) 
atrativa ou repulsiva tão grande que chegue a dirigir toda a conduta individual, mesmo 
que o indivíduo – normal no restante – reconheça o absurdo de seu comportamento 
(como ocorre nas fobias, obsessões e compulsões). Este princípio tem enorme 
interesse penal e jurídico , pois explica uma infinidade de transgressões (simbólicas) 
observadas diariamente na vida judiciária. 
3.3 Princípio do pandinamismo psíquico – “ Não há nada de morto no âmbito do 
aparelho psíquico” afirmam o freudismo. Se à primeira vista esta asserção parece 
inexata é porque às vezes confundimos o inerte como o inibido ou reprimido. O “capital 
circulante” de nosso psiquismo, ou seja, a energia libertada de nossa capacidade 
mental, em um momento dado, varia amplamente, de acordo como grau dessa 
repressão inibidora: é mínima nos estados de sono, depressão e estupor e máxima nos 
de elação, agitação ou desespero, mas seu valor total permanece constante. 
De acordo com este princípio a vida mental apresenta-se como o perpétuo vir-a-
ser de uma corrente energética que ao encontrar obstáculos em sua fluência, se 
concentra e aumenta de tensão, até destruí-los ou evitá-los, tornando-se aparentemente 
ausente, para emergir, sob outro aspecto (graças aos processos de sublimação = 
processo inconsciente de desviar a energia da libido pra novos objetos de caráter útil -, 
projeção = mecanismo de defesa-, racionalização, catatimia = crise passageira, 
alteração do humor, holotimia = etc.).
3.4 Princípio da repressão ou censura – Eixo da escola psicanalítica, foi a 
asserção de que o esquecimento não é conseqüência do desgaste ou usura das 
lembranças, mas da ação direta de uma poderosa força repressora que, por assim 
dizer, as expulsa do plano consciente e as mantém afastadas dele; “custa mais 
esquecer do que recordar” é o lema da psicanálise, (e isso bem o sabe o delinqüente, 
incapaz de livrar-se de seu remorso). Quando a repulsa não se exerce sobre as 
lembranças, mas sobre os pensamentos, que traduzem tendências instintivas 
incompatíveis com a moralsocial vigente, a força repressora toma o nome de “censura 
17
consciente”.
3.5 Princípio da Tripartição da Personalidade – 
Freud postulou que a individualidade psíquica é uma tentativa de síntese de três grupos 
de força: 
a) as provenientes do fundo orgânico-ancestral humano, e representadas por dois 
grupos de institintos (tânato-destruidores, sado-masoquistas ou da morte, uns, e 
criadores, vitais, expansivos ou libidinosos, os outros); o conjunto dessas forças, 
fundamentalmente irracional e inconsciente, é denominado de ID; 
b) as derivadas da experiência e educação (aprendizagem): individual, 
fundamentalmente conscientes racionais e lógicas que, criam a oposição entre o 
indivíduo e o objeto, e se orientam em um sentido puramente utilitário (assim como as 
anteriores o fazem no sentido hedonístico) constituindo o núcleo denominado EGO;
 c) as surgidas de um processo de introjeção (in-ducação) coercitivo e punitivo, que 
permite ao indivíduo superar o denominado “COMPLEXO DE ÉDIPO” (em virtude do 
qual tende a sua fusão amorosa com o progenitor do sexo oposto eliminando o do seu 
próprio sexo). Tal superação é conseguida baseando-se na incorporação à 
individualidade da imagem do progenitor odiado, infringindo o indivíduo a si mesmo 
sofrimento que antes desejou a esse e criando, assim, um princípio de expiação e 
autopunição que se denomina: “SUPEREGO”. 
 A luta entre essas três instâncias, que se imbricam complexamnete nos diversos 
planos da vida individual, explica as oscilações entre o prazer, a utilidade e o dever, ou 
seja, entre as atitudes do gozo reflexivo, domínio racional e expiação salvadora.
3.6 Princípio da Autocomposição – Este assegura o restabelecimento do equilíbrio 
psíquico quando a pugna entre as três forças se tornam tão violentas que o indivíduo 
sofre a angústia do conflito intra-psíquico. Surgindo então mecanismos amortecedores e 
compensadores que permitem a readaptação e a nova síntese psíquica, imprimindo um 
desvio à tendência causadora do conflito. Tais processos são designados com diversos 
qualificativos (catatimia, racionalização, satisfação imaginária etc) e todos são de 
particular interesse para o jurista.
4ª Psicologia Personalística – Esta pressupõe a impossibilidade de fragmentar 
analiticamente a vida psíquica, uma vez que o fato psíquico em sua integração não 
pode se decompor sem perder características essenciais. O elemento psíquico que 
deve ser estudado é justamente a pessoa. Já não é possível julgar nenhum ato humano 
sem conhecer, não só as circunstâncias externas que o determinaram e o estado de 
quem o executou naquele momento, como também – o que é mais importante – sem 
saber qual é o tipo de personalidade do autor.
 
Conforme for este, assim resultarão sua concepção do mundo, suas noções do 
SER e do DEVER SER, suas possibilidades de submissão ou domínio, de progresso ou 
regresso, de correção ou de agravamento nos diversos aspectos de sua conduta.
A vida psíquica do indivíduo, será possível chegar a traçar o esquema de sua 
18
personalidade. E sem este toda tentativa de julgamento de sua conduta será deficiente. 
Este fato fundamental ignorado por tantos juristas (que acreditam, por exemplo, ter dito 
tudo quando afirmam que seu processado é um doente mental), conduz à possibilidade 
de predizer, com certas garantias de acerto, o campo delituoso em que com maior 
facilidade pode penetrar um determinado indivíduo e, o que não é menos importante, 
permite em entrever a possibilidade de uma modalidade de pena individualizada que 
será ditada muito menos tendo em conta o delito cometido do que a personalidade de 
delinqüente.
5ª Psicologia da Forma: - Este é o mais recente movimento de idéias observado no 
campo da Psicologia. Suas aplicações ao campo do Direito, embora, já possam ser 
pressentidas, ainda estão por realizar, mas a extraordinária fertilidade dos problemas 
que suscitou e o valor dos fatos que descobriu, justificam sua inclusão aqui. O maior 
mérito desta escola psicológica consiste em haver demonstrado a impossibilidade de 
estudar os fenômenos psíquicos empregando os métodos válidos para a físico-química. 
Um fenômeno psíquico é em si uma “unidade vital” que não pode se decompor 
pela análise sem perder sua essencialidade. A mais simples sensação é um complexo 
ou estrutura; nunca podemos conceber uma reação humana como derivada de 
mudanças para mais ou para menos de energias (afetivas, por exemplo), e sim que, 
embora obedeça em definitivo às leis conhecidas, temos que admitir nela, sempre, a 
existência de algo novo (a estrutura), diferente dos elementos que determinaram sua 
produção. 
Assim como o químico pode separar e isolar os corpos integrantes de uma 
combinação, porque os mesmos se lhe apresentam sob forma de realidade sensorial 
estável, o psicólogo não pode realizaresta tarefa nem seguir o processo analítico 
porque logo que tenta a decomposição do produto, este desaparece in totum. Ele tem 
que resignar, pois, a aceitar e estudar como fenômenos individualizados as estruturas 
psíquicas, que nada têm em comum com as antigas sensações artificiais e sem sentido 
vital.
Sem exagero, podemos dizer que a psicologia da forma e a mais humana de 
todas, a mais real, a de mais sentido comum, a que nos coloca ante os problemas 
psíquicos tais como se apresentam em nossa vida diária. Segundo ela, o ato delituoso é 
também uma estrutura que não pode ser esmiuçada ou decomposta – como fazem os 
juristas – para ser deduzida. Toda tentativa de “análise” do delito, no sentido clássico, 
está sujeita a chegar a conclusões errôneas e assim, por exemplo, ante um crime por 
ciúmes é completamente errado perder o tempo em considerar se o indivíduo deu uma 
punhalada mais ou menos, se elas foram ou não “necessariamente mortais” etc., etc.; a 
situação deve ser, antes, concebida em suas origens focalizadas sem solução de 
continuidade até o desenlace. É o que fazem defensores hábeis, mas falta-lhes para 
merecer o qualificativo de científicos, não só a “objetividade” como também a “técnica” 
necessário para a recoleção, compreensão e avaliação dos mal denominados 
“antecedentes de delito”.
6ª Psicologia Genético-Evolutiva - Hoje já não se mantém a concepção do “criminoso 
nato”, todavia, ninguém duvida que a herança transmite a certos seres um acúmulo de 
predisposições para o delito muito maior que a outros. O Crime como delito, na qual 
19
demonstra alta correlação de delitos (crimes) que existe entre várias dezenas de 
gêmeos, inclusive algumas de gêmeos univitelinos, apesar de terem sido criados em, 
ambientes sociais bem distintos.
São vários os autores que nos ilustraram acerca da mentalidade do homem 
primitivo e estabeleceram os paralelismos que podem nos ilustrar para compreender as 
reações de certos seres humanos que, por falta de formação atávica, sentem reativar-se 
normas de conduta que tinham sido superadas em nossos dias e lugares.
7ª Psicologia Neuro-Reflexológica – Seria o estudo denominado “reflexos 
condicionados” ou condicionáveis, atuando no sistema nervoso central e em especial no 
córtice cerebral: a excitação e inibição. Aqui é necessário considerar o fator “tempo” e o 
fator “rítmo de estimulação” para explicar muitas reações paradoxais que apresentam, 
não só os indivíduos patológicos, mas também os normais, convertendo-os em seres 
“imprevisíveis e absurdos” em mais de uma ocasião. A concepção neuro-reflexólogica 
explica, igualmente, a ineficácia das sanções (penas e castigos) para conseguir evitar a 
reincidência.
 
8ª Psicologia Constitucional, Tipológica ou Caracterológica – É sem dúvida uma 
das mais brilhantes direções no campo da Psicologia atual e apresenta extraordinárias 
sugestões para a compreensão das motivações e os efeitos das relações delituosas. O 
enfoque o psicossomático, ou seja a condições morfofuncionais (visíveis, corpóreas e 
mensuráveis) e ainda as condições psico-racionais (invisíveis, incorpóreas e 
imensuráveis mas até certo ponto avaliáveis).
A tipologia oferece um firme apoio para a compreensão e previsão das reações 
sociais do homem, destacando a importância da assimetria funcional do ser humano – 
devida a preconceitos de ordem místico-mágico-religiosa – e, ao mesmo tempo, de 
haver proporcionado elementos para a elaboração de novas técnicas de exploração, 
entre as quais, destacamos o nosso Psicodiagnóstico Miocinético, por considerar que é 
uma das que melhor se prestam ao seu emprego sistemático no campo da Psicologia 
forense. 
8ª Psicologia Patológica ou Anormal – Já se foram os tempos em que as psicopatias 
podiam ser explicadas como “enfermidades do cérebro”. Hoje já sabemos que qualquer 
enfermidade de qualquer órgão pode produzir uma anomalia no funcionamento mental, 
e que esta pode existir e persistir sem que seja possível notar uma lesão visível no 
sistema nervoso. Sendo assim a psiquiatria dever ser considerada mais do que a 
neurologia central, mas parte da Psicologia: A psicologia Anormal. 
O interesse extraordinário que esta apresenta para o jurista baseia-se em que por 
definição todo conflito com as leis que regulam a vida social pressupõe uma 
anormalidade, onde toda atuação profissional ver-se-á à frente de mentes normais 
colocadas em situações anormais ou, ante mentes anormais colocadas em situações 
anormais. Em todos estes casos a concepção psiquiátrica é de grande valor para a 
compreensão das ações resultantes e por isso cada dia se torna mais necessária sua 
intervenção no campo do Direito; mas não no sentido estritamente limitado da antiga 
psiquiatria forense, que só lida com os casos extremos, mas no sentido mais amplo e 
compreensivo da atual Psicologia Anormal, segundo a qual o problema não é descobrir 
20
quais pessoas normais e quais não são, mas sim que classe e que grau de 
anormalidade são próprios de cada pessoa, afim de que não se possa confundir o 
gênio com a loucura, o que favorece os psiquiatras e juízes diante de um processado 
em que segundo os primeiros, está louco e conforme os segundo, não está. Não se 
pode confundir gênio com loucura.
Em realidade a discussão tem lugar quase sempre porque se quer aparelhar a 
noção de irresponsabilidade de delito com a loucura e a da responsabilidade com a 
saúde mental. Esta confusão persistirá, porque é possível ser um doente mental e ser 
responsável e vice-versa, é possível ser irresponsável de um delito cometido com os 
cinco sentidos, como se diz vulgarmente. Esta confusão é claro, desaparecerá quando 
desaparecer a palavra “loucura”, que não quer dizer nada, e por isso a fazem significar o 
que cada um quer. Ainda não faz dois anos um alienista escreveu que a loucura é uma 
enfermidade, esta afirmação é tão absurda como se dissesse que a dor de cabeça é 
uma enfermidade. Com efeito, dentro do extraordinário caráter vago do termo 
(etimologicamente vem a ser sinônimo de loquacidade, isto é, verborréia, excesso de 
falar), a loucura é um estado psíquico, capaz de surgir por mui diferentes causas (umas 
mórbidas, outras não) e em virtude do qual o indivíduo perde o contacto com a 
denominada realidade ambiental ou fenomenológica, perturbando-se sua capacidade 
discriminativa entre o mundo externo (sensorial) e o mundo interno (representativo ou 
imaginativo) e surgindo em conseqüências uma conduta, interna ou externa, que pode 
ser lógica (se se tem uma conta que se baseia em “vivências” anormais) mas se mostra 
inadequada. 
O indivíduo que só perde esse com tacto quando se refere a determinada série 
de estímulos foi denominado louco parcial ou semilouco e ao que só o perde durante 
certo tempo, embora, se totalmente, se denomina louco temporário. Porém estas 
denominações são, arbitrárias e grosseiras, pois existem infinitas gradações entre estes 
estados e por isso torna-se também insuficiente o estabelecimento de uma 
“responsabilidade atenuada” para protegê-los. A responsabilidade será individualizada 
pelos juristas, mas para isso é preciso que possuam as devidas noções de Psicologia 
aplicada à sua atividade.
9ª Psicologia Social – É sem dúvida a mais nova das direções da psicologia 
experimental. Suas origens são mistas. Obedecendo, de um lado, a certos princípios da 
psicologia da forma foi delineado um plano de investigação da conduta individual em 
relação em relação com as pressões e as aspirações (sucções) do grupo, ou grupos, 
com o qual, ou os quais, convive (grupo familiar, vicinal, congenial etc.) Tal investigação 
é planificada em “equipe”, isto é, contando com o concurso de antropólogos, sociólogos, 
psiquiatras, psicólogos, historiadores, economistas e pedagogos. 
Em primeiro lugar, são delimitadosos conceitos de extensão e de estrutura do 
“campo” ou ambiente social em que vem confluir e entrechocar-se as diversas pressões 
dos grupos.. 
 Em segundo lugar, é preciso investigar o papel relativo dos vetores pessoais na 
determinação dos impactos e contraposições que o sujeito em estudo (propositus) 
exerce em suas inter-relações com os membros do “campo”. 
21
Em terceiro lugar, torna-se necessário conhecer quais são os recursos mais 
eficientes – dadas as condições de tempo, lugar e circunstância social – para assegurar 
o melhor ajustamento possível a esse dinamismo recíproco e dialético: indivíduo versus 
grupo e grupo versus indivíduo.
 Preenchendo do melhor modo possível essas condições foram realizadas 
investigações de singular interesse para a compreensão das diversas ideologias e 
aspirações, propósitos e condutas de diversos tipos de frustrados e desajustados 
sociais. Principalmente o estudo das oscilações da agressividade, das mutações 
radicais do nível de aspirações e dos fatores mais convenientes para uma mudança de 
atitude ou de opinião em diversos problemas de conduta, conduziram a uma 
concepção e enfocação das transgressões legais, quanto à sua profilaxia e correção 
coletivas. De acordo com isto, já não se trata o delinqüente isolado, mas sim se procura 
também tratar e corrigir grupos delinqüenciais, podendo estabelecer-se uma verdadeira 
terapêutica social, baseada em fatos psicológicos irrefutáveis.
14. DEFINIÇÃO DA PSICOLOGIA JURÍDICA.
A Psicologia jurídica é a Psicologia aplicada ao melhor exercício do Direito. 
Infelizmente, o estado atual da ciência psicológica não permite utilizar seus 
conhecimentos em todos os aspectos do Direito e isso faz com que a Psicologia jurídica 
se encontre hoje limitada a determinados capítulos e problemas legais que são, em 
ordem cronológica: 1º a Psicologia do testemunho; 2º. a obtenção da evidência 
delituosa (confissão com provas); 3º. a compreensão do delito, isto é, a descoberta da 
motivação psicológica do mesmo; 4º. a informação forense a respeito do mesmo; 5º a 
reforma moral do delinqüente, prevendo possíveis delitos ulteriores; 6º. a higiene mental 
que suscita o problema profilático em seu mais amplo sentido, isto é, como evitar que o 
indivíduo chegue a estar em conflito com as leis sociais. Sendo o último o mais 
importante, e boa prova disso é a crescente atenção que os Estados Unidos, Alemanha, 
Áustria e Inglaterra lhe dedicam os juristas mais destacados.
1. A Psicologia DO Direito: cujo objetivo é explicar a Essência do fenômeno 
jurídico, isto é, a fundamentação psicológica do direito, uma vez que todo Direito está 
repletos de conteúdos psicológicos.
2. A Psicologia NO Direito: que estuda a estrutura das normas jurídicas enquanto 
estímulos vetores das condutas humanas. As normas jurídicas destinam-se a produzir 
ou evitar determinadas condutas e, nesse sentido, carregam inúmeros conceitos de 
natureza psicológica.
3. A Psicologia PARA o Direito: colocada ao lado da medicina legal, da 
engenharia legal, da economia, da contabilidade, da antropologia, da sociologia e da 
filosofia. É Psicologia convocada para iluminar os fins do direito.
A Psicologia Jurídica, aportando ao mundo jurídico, pode sob forma de 
assessoramento legislativo, contribuir na elaboração de leis adequadas à sociedade, e 
na tarefa de assessoramento judicial, colaborando na organização do sistema da 
administração da justiça.
No universo do direito tem-se usado o termo psicologia jurídica, e no âmbito 
22
psicológico o termo psicologia judicial.
 
Ou seja, “antes de sabermos como é que a justiça se pode tornar sábia pelo 
recurso à psicologia, temos de pensar como é que o saber psicológico se 
epistemologiza numa racionalidade de saber fazer justiça”
15. PLANO EXPOSITIVO DO PROGRAMA.
Em primeiro lugar deve-se ter em conta a necessidade de dar antes ao jurista 
uma visão científica e moderna do homem, considerado como ser “psicobiossocial” e, 
em segundo lugar, em consideração à brevidade e clareza expositiva, convém fundir 
problemas e métodos, seguindo o atual critério pedagógico, em estruturas 
(configurações) expositivas que constituem verdadeiros centros de interesse para o 
advogado militante, a quem nosso trabalho é principalmente dedicado.
 CAPÍTULO II
ESTÁTICA DA PERSONALIDADE 
 HUMANA
16. O HOMEM CONSIDERADO COMO PESSOA O 
CONCEITO 
 UNITÁRIO DA PERSONALIDADE. 
Uma das direções mais interessantes da moderna Psicologia, se acha 
representada pela chamada personalogia, isto é pelo estudo da unidade humana 
considerando-a em suas relações com meio natural e social em que vive. A pessoa é 
uma, inteira e indivisa e como tal deve ser estudada e compreendida pela ciência. Do 
ponto de vista funcional, não existe barreira entre o físico e o psíquico: ante um 
estímulo físico não é o corpo que reage, e ante um estímulo psíquico não é a alma que 
reage, mas em ambos os casos é o organismo em sua totalidade, ou seja, a pessoa 
quem cria a resposta. 
Dizia-se antes que um pensamento não podia influir sobre uma pedra e vice-
versa. Pois bem, responde-se a isso dizendo que um pensamento pode fazer 
desaparecer (e, por conseguinte influenciar) uma pedra, se quem o tem possui um 
cartucho de dinamite e um pavio; e uma pedra pode fazer dasaparecer (e por 
conseguinte influenciar) um pensamento, se bater na cabeça de quem o tem. Um 
manjar estragado pode acarretar um conflito psicológico mundial se ingerido por um 
magnata político em um banquete internacional (indigestão, mau humor, réplica furiosa 
ao vizinho, intransigência, agressão pessoal, conflito diplomático etc)
Do mesmo modo que um pensamento dito ao ouvido deste magnata (referente à 
sua dignidade pessoal, por exemplo) pode determinar nele uma brusca vasoconstrição 
23
coronária que lhe produza a morte e com ela venham as maiores mudanças materiais 
na país. Em um palavra, não existe – funcionalmente falando – solução de continuidade 
nem dualismo possível entre as denominadas manifestações psíquicas e as físicas. 
Pois bem, a integração das múltiplas atividade orgânicas de forma que se 
ajustem em sua totalidade à sua unidade pessoal é conseguida mercê de um duplo 
mecanismo: nervoso e humoral. As mudanças rápidas as reações especialmente 
ligadas à vida intelectual consciente, efetuam-se pela via nervosa, ao passo que as 
modificações mais lentas e gerais têm lugar pela via humoral em virtude da libertação 
de determinadas substâncias denominadas "hormônios", porque têm a propriedade de 
determinar modificações à distância; tais modificações se traduzem na vida consciente 
pelo denominado estado de humor (triste ou alegre, deprimido ou excitado etc.), de 
sorte que nosso tipo de tonalidade afetiva depende, do ponto de vista endógeno ou 
pessoal, da especial proporção que entre si guardam as várias substâncias neurótropas 
circulantes no sangue; tais substâncias procedem em sua maior parte das glândulas de 
secreção interna, mas também podem proceder diretamente do exterior (ar, alimentos 
etc.).
 Basta lembrar a influência que sobre o ânimo têm o álcool, o tabaco, certas 
drogas etc., para compreender o que estamos dizendo. Em virtude disto a vida pessoal 
depende em todo momento de duas classes de influências: exógenas e endógenas. 
Como este ponto é de uma importância crucial para a melhor compreensão da conduta 
humana, vamos dedicar-lhe a extensão que merece, analisando-o com cuidado.
17. FATORES DOS QUAIS DEPENDE A REAÇÃO 
 PESSOAL EM UM MOMENTO DADO.
Vamos dar um exemplo concreto para fixar idéias: suponhamos que um indivíduo 
“A” ao se encontrar na rua com um indivíduo“B” discute com este acerca da posse de 
um objeto determinado, e após várias frases ofensivas, trocadas entre si, “A” bate em 
“B” com uma bengala, causando-lhe uma ferida na cabeça. Que fatores determinaram 
esta reação pessoal de “A”? Vejamos:
a) Constituição Corporal. – Este é um fator capaz de imprimir uma modalidade 
especial à reações pessoais, conhecemos as relações existentes entre a constituição 
corporal e o temperamento, de uma parte, e entre o temperamento e o caráter, de outra. 
Permanecendo todos os fatores iguais, não será a mesma reação de um homem 
corpulento e a de um homem magro e baixo. O Fator morfológico origina na pessoa um 
obscuro sentimento de superioridade ou inferioridade física diante da situação, que 
entra muito na determinação de seu tipo de reação; é um fato vulgar que a mesma frase 
pronunciada por um garoto ou por um carroceiro não desperta no ofendido a mesma 
reação e isso é, principalmente, devido a que o indivíduo se mostra e mostra 
subconscientemente superior em força ante o primeiro e inferior ante o segundo.
De modo análogo a constituição corporal imprime uma marca característica ao 
“aspecto” da pessoa e condiciona de modo amplo o estilo de seus movimentos, 
fazendo-os mais ou menos rápidos, gráceis, enérgicos etc. Portanto os estudos 
tipológicos parecem, com efeito, comprovar que a cada tipo constitucional somático 
24
corresponde a uma especial modalidade temperamental. De modo geral as pessoas nas 
quais predominam o diâmetro vertical (altas e magra) têm uma maior tendência à 
introversão e à dissociação (esquizoidia) que as apresentam um predomínio do 
diâmetro antero-posterior (gordas e baixas). As primeiras são denominadas 
leptossômicas, ou astenicas, e as segundas pícnicas.
A humanidade distribui-se – morfologicamente falando – em todos os infinitos 
pontos de uma área triangular, ou melhor, de um volume tetraédrico; cujos vértices 
basais correspondem à formas resultantes do desenvolvimento de cada uma da folhas 
blastodérmicas (ectoderma: que forma a pele, órgão dos sentidos e sistema nervoso; 
mesoderma: que forma todos os órgãos que asseguram a estática e a locomoção, ou 
seja, os ossos, tecido conjuntivo, músculos e articulações; endoderma: formadora dos 
tecidos viscerais). Cada região somática consta, em maior ou menor proporção, de 
tecidos derivados dessas três folhas primitivas, e por isso sua forma pode definir-se em 
função do predomínio relativo de cada uma delas. Dividido o organismo em cinco 
regiões em: cabeça, tórax, abdome, braços e pernas. A cada uma corresponde uma 
tríplice mensuração, que dará, por sua vez, o denominado somático individual que 
somente nesses extremos, poderá ser definido como “octomorfo”, “mesomorfo” ou 
“endomorfo”. 
A maioria, dos homens são variantes do “normotipo”, mas cada um apresenta 
peculiaridades que o fazem propender para um tipo de reação temperamental 
(neurotônica, somatotônica ou viscerotônica). É assim que a periculosidade e as 
diversas tendências anti-sociais ou antilegais encontram uma expressão antecipada e 
também uma possibilidade biológica de correção, nas primeiras fases do 
desenvolvimento, graças à denominada “terapêutica constitucional” que influi 
principalmente sobre as condições do trofismo e metabolismo celular.
b) Temperamento. - Se entendermos por constituição “o conjunto de propriedades 
morfológicas e bioquímicas transmitidas ao indivíduo pela herança”, podemos definir o 
temperamento como resultante funcional direta da constituição, que marca a cada 
momento a especial modalidade da primitiva tendência de reação ante os estímulos 
ambientais. Um erro frequentemente cometido é o de confundir o temperamento com o 
caráter. Não obstante, este define-se objetivamente pelo tipo de reação predominante 
exibida pelo indivíduo ante a determinadas situações e estímulos; claramente se 
compreende que nem sempre a tendência primitiva de reação coincide com a reação 
exibida, já que entre ambas se interpõe todo conjunto de funções intelectuais 
(discriminativas, críticas de julgamento) e das inibições criadas pela educação. Em 
muitos casos o caráter da pessoa se desenvolve – por supercompensação psíquica 
secundária – em uma direção oposta à de seu temperamento. Assim, quantas vezes 
uma reação agressiva e um caráter violento tem sua explicação na existência de um 
temperamento medroso. Por isso, é preciso conhecer bem as distintas modalidades de 
temperamento, e os meios para sua explicação e diagnóstico, se quisermos ter a devida 
noção de todos os fatores determinantes de uma reação pessoal. Um indivíduo de 
temperamento astênico, “sangue de barata” e o hipertireóideo “sangue fervente”. Aqui é 
preciso isolá-los se quisermos chegar a uma compreensão científica da motivação do 
delito.
c) Inteligência. – É outro fator endógeno de importância decisiva. Não há dúvida que 
25
uma pessoa obtusa esgota antes os recursos para adaptar-se normalmente a uma 
situação que uma pessoa desembaraçada. “Onde acaba a razão começa a violência”, 
um grande número dos delinqüentes e dos indivíduos que entram em conflito com a 
sociedade, apresentam um déficit intelectual acentuado: são débeis mentais. Via de 
regra os diferentes tipos de delitos estão relacionados com os diferentes níveis 
intelectuais: por exemplo, os larápios costumam ser mais inteligentes que os simples 
ladrões, e estes mais do que os outros processados por delitos de sangue. Mas, o 
importante não é tanto ter a noção do nível intelectual da pessoa como sua capacidade 
de julgamento abstrato, porque dele depende a posse do denominado juízo moral. Em 
potência, existe na infância uma predisposição à delinqüência por ignorância, ou falta de 
compreensão da responsabilidade moral, cuja persistência na juventude ou no estado 
adulto é a melhor explicação de muitos atos delituosos.
d) Caráter. – Dito e respeitado que o fator conativo, isto é, o caráter, era um fator de 
maior importância que todos os demais para a descrição da personalidade. Quando 
procuramos de um modo empírico, assinalar as propriedades pessoais de um indivíduo, 
se diz que o “caracterizamos” isto é que damos conta de seu caráter. Mas, o problema é 
que em muitas vezes ou ocasiões o fato que põe o indivíduo em contato com o jurista é 
em si contrário ao seu caráter. Quem diria? quem o advinharia? “A”, homem honrado e 
escrupoloso como poucos, cometeu um desfalque; “B”, tímido e recatado cometeu um 
delito sexual: “C”, pacífico e inofensivo, chegar a ser autor de um crime horripilante. 
Os juízes bem sabem que para cada criminoso que se apresenta diante deles 
com olhar feroz, cabelos crescidos e desgrenhados e punhos contraídos, há meia dúzia 
que parecem mais aficionados à pesca do que à tarefa de matar gente. Isso quer dizer 
que, embora sendo o caráter um fator importantíssimo da reação pessoal – visto sua 
importância não deve ser exagerada até o extremo de se acreditar ser possível 
conhecer um indivíduo simplesmente por sua conduta externa, ou “visível”; dentro da 
cabeça ficam muitas ações detidas e, por conseguinte, devemos ter presente que é 
preciso o conhecimento – na medida em que é possível obtê-lo – da conduta interna do 
indivíduo se quisermos completar os motivos da ação em geral.
O caráter constitui o termo de transição entre atores endógenos e os fatores 
exógenos integrantes da personalidade, e representam em definitivo o resultado de sua 
luta. Os fatores endógenos impeliram o homem a uma conduta puramente animal, 
baseada na satisfação de seus instintos e tendências apetitivas ou repulsivas. Os 
fatores exógenos, ao contrário, o conduziriam à completa submissão ao meio externo; 
isto é, a clássica posição entre o homem

Outros materiais