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*As lesões precursoras do câncer do colo do útero (LPCCU) são entendidas como: - alterações neoplásicas cervicais; - pré-malignas, ou seja, benignas; - constituem uma série de modificações no epitélio original e, quando não tratadas, podem evoluir para o câncer cervical. *A infecção persistente, provocada por um ou mais dos tipos oncogênicos de Papilomavírus humano (HPV), é uma causa praticamente necessária da neoplasia cervical, porém, a maioria das alterações cervicais causadas pela infecção do HPV tem pouca probabilidade de progredir. *97% dos tumores de colo uterino contêm DNA do HPV. *Embora muitos tipos de HPV tenham sido associados com neoplasias anogenitais, os tipos 16, 18, 31, 35, 39,45, 51, 52, 56 e 58 causam a maioria dos tumores invasivos. *Aproximadamente 290 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo 32% estão infectadas pelos subtipos 16, 18 ou ambos. *570 mil novos casos por ano no mundo. *É o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres. *Responsável por 311 mil óbitos por ano. *É a quarta causa mais frequente de morte por câncer em mulheres. *Estimativas de novos casos é de 16.590. *O número de mortes em 2017 foi de 6.385. *De acordo com a FEBRASGO: - norte: 26,24/100 mil; - nordeste: 16,10/100 mil; - centro-oeste: 12,35/100 mil; - região sul: 12,60/100 mil; - região sudeste: 8,61/100 mil; *O fator de risco mais importante para o desenvolvimento deste câncer é a presença do vírus HPV com seus subtipos oncogênicos. Papilomavirus Humano. *Pacientes imunossuprimidas usando drogas imunossupressoras também apresentam risco aumentado. *Tabagismo ou mesmo exposição ao ambiente do tabaco. *Início precoce de atividade sexual, < 16 anos, um alto número de parceiros sexuais ao longo da vida e história de verrugas genitais. *A vacina contra o HPV é eficiente na prevenção do câncer do colo do útero. *No Brasil, o Ministério da Saúde implementou, no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. *Em janeiro de 2017, os meninos de 12 a 13 anos também começaram a receber a vacina. *A faixa etária será ampliada e até 2020, a vacina estará disponível para meninos de 9 a 13 anos. *Essa vacina protege contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. *Mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade preconizada, deverão realizar o exame preventivo, pois a vacina não protege contra todos os subtipos oncogênicos do HPV. *Quando administrada na população de meninas que ainda não iniciaram a atividade sexual, a eficácia na prevenção de neoplasias intraepitelials cervicais situa-se entre 93% e 100%. *Papilomavírus humano. *Dentre as infecções sexualmente transmissíveis de origem viral, a infecção pelo HPV é a mais prevalente em todo o mundo. *Estima-se que 75% da população terá contato com o HPV em algum momento de sua vida. *A rotina é a repetição do exame Papanicolau a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano. *A prevalência de HPV é maior em adolescentes e adultos jovens, sendo de 20% antes dos 25 anos de idade. *O pico da infecção é por volta dos 20 a 22 anos, decrescendo com o aumento da idade, sendo de 10% aos 35 anos de idade. *No entanto atualmente há um aumento da prevalência da infecção pelo HPV em mulheres acima dos 50 anos de idade. *Há um pequeno número de casos nos quais a infecção persiste e, especialmente, é causada por um subtipo viral oncogênico, pode ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras, que são as lesões intraepitelial escamosa de alto grau e adenocarcinoma in situ, cuja identificação e tratamento adequado possibilita a prevenção da progressão para o câncer cervical invasivo. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero: *O método de rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil é o exame citopatológico, que deve ser oferecido às mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram atividade sexual. *Segundo a OMS, a incidência câncer do câncer de colo do útero aumenta nas mulheres entre 30 e 39 anos de idade, no entanto antes dos 25 anos prevalecem as infecções por HPV e as lesões de baixo grau. Serviços de referência para o diagnóstico e tratamento de lesões precursoras do câncer do colo do útero (SRC): *A portaria nº 189 de 31 de janeiro de 2014 institui: - Serviço de Referência para Diagnóstico e Tratamento de Lesões Precursoras do Câncer do Colo do útero e SRC; - Serviço de Referência para Diagnóstico de Câncer de Mama (SDM); - Incentivos financeiros de custeio e de investimento para a sua implantação. Centros qualificadores de ginecologistas para assistência secundária às mulheres com lesão intraepitelial do colo do útero: *Projeto iniciado em 2008, tem como objetivo de apoiar a ações de capacitação profissional de médicos na atenção secundária à saúde, de forma regionalizada, possibilitando a implantação de serviços de referência para o diagnóstico e tratamento de lesões precursoras a nível ambulatorial. Aperfeiçoamento da gestão das ações de detecção precoce: *Apoio técnico ao planejamento e à avaliação das ações de detecção precoce do câncer nos estados. *Hoje, a associação entre infecção pelo HPV e câncer de colo, vulva e vagina, além de suas respectivas lesões pré-invasoras, é aceita por todos, de modo que se pode afirmar que não existe câncer de colo do útero sem que haja uma infecção por HPV para iniciar o processo de oncogênese. *Os seguintes tipos estão mais associados ao câncer de colo uterino: - HPV 16, que causa 53,5% dos casos; - HPV 18, que causa 17,2% dos casos; - HPV 45, que causa 6,7% dos casos. *Em conjunto, HPV 16 e 18 causam 90% dos casos de condilomas genitais. *O processo de malignização do colo uterino passa por um continuum de estágios pré-malignos denominados neoplasia intraepitelial cervical (NIC) até chegar à forma invasora. *As lesões pré-malignas são divididas em NIC I, II e III, de acordo com a gravidade e espessura do epitélio acometido pelas células displásicas. *O NIC I é considerada NIC de baixo grau. *O NIC II e III, são de alto grau. *Neoplasia intraepitelial cervical de grau I - NIC 1: é de baixo grau, com anormalidades do epitélio no 1/3 proximal da membrana, sendo que a desordenação ocorre nas camadas mais basais do epitélio estratificado; *Neoplasia intra-epitelial cervical de grau II - NIC II: é de alto grau e a desordenação avança 2/3 proximais da membrana; *Neoplasia intra-epitelial cervical de grau III - NIC III: é de alto grau, o desarranjo é observado em todas as camadas, sem romper a membrana basal. LSIL: lesão intraepitelial escamosa de baixo grau. HSIL: lesão intraepitelial escamosa de alto grau. *Vários fatores têm sido associados ao risco de progressão de NIC I: - infecção por determinados subtipos de HPV, como 16 e 18, que são de alto risco; - persistência da lesão; - tamanho da lesão; - tabagismo; - imunodeficiência; - coinfecções genitais por infecções sexualmente transmissíveis; - idade; - uso de anticoncepcionais orais, sendo controverso; *Mas nenhum é um fator isolado que determine o tratamento da lesão. Métodos indiretos: *Os métodos indiretos não detectam a presença do HPV e sim alterações estruturais no epitélio sugestivas da infecção pelo vírus. *Avaliação clínica: *A inspeção da genitália externa pode ser realizada com uma fonte de luz clara em busca de lesões condilomatosas. *As infecções do colo uterino podem ser acompanhadas por lesões condilomatosas externas. *Citologia: *A infeção pelo HPV causa alterações celulares no colo uterino que podem ser diagnosticadas por meio da citologia de Papanicolau. *Inspeção com ácido acético elugol - Colposcopia: *Lesões cervicais podem ser realçadas com a aplicação de ácido acético 3 a 5%, que torna a região de lesão branca, ou acetobranca, decorrente da maior presença de proteínas do que o epitélio normal. *Processos inflamatórios e metaplásicos também podem provocar aparência acetobranca, causando interpretação equivocada. *Colposcopia: *Considerando-se que a infecção pelo HPV é multicêntrica, a colposcopia permite que não só o colo uterino seja examinado, mas também a vagina, a vulva e o ânus. *A colposcopia não é um exame definitivo, as lesões devem ser biopsiadas para diagnóstico histológico, portanto, a colposcopia permite a identificação da área de alteração mais significativa. *Histologia: *Permite que sejam identificadas alterações morfológicas do epitélio, como a acantose, paraqueratose, hiperqueratose e coilocitose, além de alterações na relação núcleo/citoplasma decorrente de displasia. *É o padrão-ouro para diagnóstico das lesões causadas pelo HPV. Métodos diretos: *Os métodos diretos permitem identificar se o DNA viral está presente no sítio da infecção. *Captura híbrida 2: *Esse é um teste que permite que o DNA viral seja marcado por meio de reação de quimioluminescência e detectado in vitro por coletas swab cervical. *O teste detecta 13 tipos de HPV de alto risco e 5 tipos de baixo risco. *O teste não informa qual tipo de HPV foi detectado e sim se algum tipo de HPV do grupo foi identificado. *PCR - reação em cadeia da polimerase: *Esse teste, permite detectar que pequenas quantidades de HPV DNA sejam detectadas, informando que tipo específico de HPV foi identificado. *Métodos sorológicos: *Os métodos sorológicos permitem identificar se existe produção de anticorpos contra a infecção pelo HPV, pois como o HPV não causa viremia, não há resposta imune adequada, e o teste é inadequado para uso clínico. *A testagem indiscriminada como rotina para HPV não é recomendada, pois teríamos um grande percentual de mulheres HPV-positivo, podendo nunca desenvolver qualquer tipo de lesão cervical, ocasionando falsa doença e impacto psicossocial negativo. *Segundo a American Society for Colposcopy and Cervical Pathology, a testagem para HPV pode ser utilizada em situações especiais: - pacientes com exame citopatológico com atipias celulares em células escamosas de significado indeterminado, em caso de teste positivo, a paciente deve ser seguida em intervalos menores ou encaminhada para colposcopia. - pacientes com mais de 30 anos de idade, em caso de dois testes negativos e citologias negativas, ela pode ter o rastreamento a cada três anos; em caso de teste positivo, deve ser encaminhada à colposcopia. - pacientes que trataram lesões de alto grau, em que um teste positivo poderia ser um preditor importante para recidivas, nesses casos um novo tratamento não deve ser feita baseada apenas em testes de biologia molecular, mas definida por citologia e histologia. *O exame de Papanicolau ou exame citológico do colo uterino ainda é o método mais utilizado no Brasil e no mundo para rastreamento do câncer do colo do útero e suas lesões precursoras. *Tem como objetivo detectar células negativas ou positivas para neoplasia intraepitelial ou malignidade na ectocervice e endocervice de mulheres com colo aparentemente normal. Conduta: *Não existe tratamento destinado à eliminação da infecção pelo HPV, e sim tratamentos ablativos/ excisionais das células/tecidos que estão infectados pelo vírus. *Existe consenso que as NICs de alto grau devem ser tratadas. *Os NICS de baixo grau podem ter conduta expectante. *Na maioria das vezes, as pacientes acabam recebendo tratamento para lesões que iriam involuir espontaneamente, ocasionando desconforto, ansiedade e custos desnecessários para os programas de rastreamento, principalmente em países em desenvolvimento, onde a incidência da doença é maior, e os recursos menores. *Em casos em que ocorre o tratamento de lesões de alto grau, ainda assim há possibilidade de existir a infeção pelo HPV, mesmo que lesões não sejam mais evidentes após a terapia, nesses casos, também espera-se que ocorra eliminação espontânea do HPV. *O tratamento apropriado das lesões precursoras é meta prioritária para a redução da incidência e mortalidade pelo câncer do colo uterino. Lesões intraepiteliais escamosas de alto grau na citologia, neoplasias intraepiteliais cervicais 2 e 3 na histologia e adenocarcinoma in situ. *As diretrizes brasileiras recomendam, após confirmação colposcópica ou histológica, o tratamento excisional das lesões intraepiteliais escamosas de alto grau, por meio de exérese da zona de transformação (EZT) por eletrocirurgia. Conização: *É um procedimento cirúrgico no qual um fragmento em formato de cone é retirado do colo uterino para a realização de uma biópsia e/ou tratamento. *Quando a colposcopia é satisfatória, com achado anormal compatível com a citologia, restrito à ectocérvice ou até o primeiro centímetro do canal endocervical, o procedimento deve ser realizado ambulatorialmente, nas unidades de nível de atendimento secundário, permitindo o tratamento imediato das lesões. *O objetivo desta estratégia é facilitar o acesso das mulheres ao tratamento, diminuindo a ansiedade, as possibilidades de perdas no seguimento e os custos da assistência. *No caso de colposcopia insatisfatória, ou quando a lesão ultrapassa o primeiro centímetro do canal, o tratamento indicado é a conização, realizada preferencialmente por técnica eletrocirúrgica. Status imunológico: *A persistência ou eliminação espontânea da infeção pelo HPV, além da resposta aos tratamentos, dependem do status imunológico da paciente. Mulheres imunocomprometidas eliminam menos espontaneamente o HPV, e respondem menos aos tratamentos, com maior risco de recidivas. Estilo de vida saudável: *Um estilo de vida saudável, sem tabagismo, com prática de exercícios e alimentação adequada, pode ser um fator promotor para a eliminação da infeção pelo HPV e deve ser recomendado a todas as pacientes. Uso de preservativo: *A prevenção da infecção ou reinfeção pelo HPV com o uso de preservativo é limitada, pois costumeiramente trata-se de uma infeção genital e não limitada ao pênis. *O HPV é a única IST que o preservativo não previne efetivamente, já a infecção pode ocorrer através do contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal.
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