Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 1 SUMÁRIO TEORIA DO CRIME ............................................................................................................................................ 3 MAS O QUE É CRIME? ............................................................................................................................................... 4 CRITÉRIO MATERIAL .............................................................................................................................................. 4 CRITÉRIO FORMAL (LEGAL) .................................................................................................................................... 4 CRITÉRIO ANALÍTICO (ESTRATIFICADO) ................................................................................................................. 5 CRIME X CONTRAVENÇÃO PENAL .............................................................................................................................. 9 CRIME .................................................................................................................................................................. 10 CONTRAVENÇÃO ................................................................................................................................................. 10 SUJEITOS DO CRIME ................................................................................................................................................ 12 SUJEITO ATIVO..................................................................................................................................................... 12 SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................................. 13 CRIMES DE DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA ....................................................................................................... 14 CRIME VAGO ....................................................................................................................................................... 14 OBJETOS DO CRIME ................................................................................................................................................. 16 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIMES .................................................................................................... 18 EM RELAÇÃO AO SUJEITO ATIVO: ............................................................................................................................ 18 CRIME COMUM, CRIME PRÓPRIO OU CRIME DE MÃO PRÓPRIA ......................................................................... 18 EM RELAÇÃO A CONDUTA ....................................................................................................................................... 22 CRIMES COMISSIVOS, CRIMES OMISSIVOS .......................................................................................................... 22 EM RELAÇÃO AO RESULTADO ................................................................................................................................. 25 CRIME MATERIAL, CRIME FORMAL OU CRIME DE MERA CONDUTA ................................................................... 25 EM RELAÇÃO A CONSUMAÇÃO ............................................................................................................................... 26 CRIME INSTANTÂNEO, CRIME PERMANENTE E CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES ................... 26 EM RELAÇÃO A LESÃO AO BEM JURÍDICO ............................................................................................................... 28 CRIME DE PERIGO E CRIME DE DANO .................................................................................................................. 28 CRIME UNISSUBSISTENTE E CRIME PLURISSUBSISTENTE..................................................................................... 29 QUANTO AO SUJEITO ATIVO E AUTORES ................................................................................................................ 30 CRIME PLURISSUBJETIVO E CRIME UNISSUBJETIVO ............................................................................................ 30 CRIME SIMPLES E CRIME COMPLEXO .................................................................................................................. 30 CRIME MONO-OFENSIVO E CRIME PLURIOFENSIVO ........................................................................................... 31 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES ........................................................................................................................................ 31 EM RELAÇÃO AO POTENCIAL OFENSIVO ................................................................................................................. 33 CRIME DE MÍNIMO, MENOR, MÉDIO, ELEVADO E MÁXIMO POTENCIAL OFENSIVO ........................................... 33 Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 2 TEORIA DO CRIME .......................................................................................................................................... 34 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 35 Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 3 CRIME DELITO CONTRAVENÇÃO PENAL INFRAÇÃO PENAL TEORIA DO CRIME Iniciando nossos estudos sobre a Teoria do Crime, vamos estudar conceito que comumente são cobrados em prova e servem de base para o caminhar do nosso estudo. Devemos de pronto termos a ciência de que crime é diferente de contravenção penal. Vamos observar o que traz o art. 1º da Lei de introdução ao Código Penal: Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. Dessa forma, CRIME é a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa. Já a CONTRAVENÇÃO é a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente Então, meu querido aluno, observe que infração penal é gênero que tem como espécies crime (ou delito) e contravenção penal. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 4 MAS O QUE É CRIME? Já pararam para pensar que foi justamente a sociedade que “inventou” o crime? A sociedade passou a não aceitar determinadas condutas realizadas por indivíduos e buscou, então, uma forma de coibi-las. Assim, coube ao legislador transformar condutas gravosas e merecedoras de rigor punitivo em condutas típicas a fim de suprir o anseio da sociedade. O conceito de crime pode ser dado levando em conta alguns critérios: Material, Analítico ou Formal. CRITÉRIO MATERIAL Segundo Guilherme Souza Nucci, o conceito material nada mais é que “a concepção da sociedade sobre o que pode e deve ser proibido, mediante a aplicação de sanção penal”. (1) Esse conceito é prévio ao Código Penal (como ensina Roxin) e informa o legislador sobre as condutas que merecem ser transformadas em tipos penais incriminadores. Assim, sob o critério Material, crime é toda conduta que causa lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado ou melhor, é toda ação ou omissão humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados.É o “sentimento social” de criminalizar determinada conduta. Por causa desse conceito material é que é criado o conceito formal. (2) CRITÉRIO FORMAL (LEGAL) Na verdade, o conceito formal de crime é fruto do conceito material formalizado! Confuso? Entenda! Como no conceito material o crime é pré Código Penal (ou leis incriminadoras), sob o conceito formal, crime é toda conduta prevista em lei como delituosa, ou criminosa sob ameaça de uma sansão. Professor Gabriel Habib (2) em seu curso muito bem afirma que, embora esses dois conceitos sejam distintos, eles são inseparáveis na medida que quando “tem um, tem o outro”. Ora, se alguém pratica uma conduta criminosa prevista em lei é porque expõe a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico e vice versa.” Assim, crime é aquilo que assim está rotulado em uma norma penal incriminadora, ou seja, corresponde ao fato ao qual a ordem jurídica associa a sanção penal como consequência. Ciente desses conceitos, observe essa questão e veja como ficou fácil! Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com http://benfiliado.blogspot.nl/2013_10_01_archive.html http://benfiliado.blogspot.nl/2013_10_01_archive.html https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/ https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/ https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/ 5 Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Acerca do crime e da aplicação da lei penal no tempo e no espaço, julgue o item que se segue. Sob o prisma formal, crime corresponde à concepção do direito acerca do delito, em uma visão legislativa do fenômeno; sob o prisma material, o conceito de crime é pré-jurídico, ou seja, é a concepção da sociedade a respeito do que pode e deve ser proibido. Gabarito:1 CRITÉRIO ANALÍTICO (ESTRATIFICADO) É a estratificação do crime. Gabriel Habib chama de “autópsia” do crime. (2) Aqui estuda-se o crime em pedações. É, de acordo com Nucci, o conceito formal fragmentado em elementos que propiciam o melhor entendimento da sua abrangência. (1) Esse conceito traz muitas vertentes a depender de “quantas partes vão compor o crime” para determinada Teoria! Iremos estudar os “fragmentos” separadamente adiante. 1 Certo. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 6 Antes de estudarmos os diversos entendimentos do ponto de vista do conceito analítico de crime, parta do pressuposto que a doutrina majoritária e a banca do seu concurso adora o crime como sendo um: CRIME: FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL Observe os principais entendimentos: Há quem entenda que o crime é do ponto de vista analítico: ➢ FATO TÍPICO e ANTIJURÍDICO Para a Teoria Bipartida, a culpabilidade seria um pressuposto de aplicação de pena. Assim, para a configuração do crime bastaria que a conduta fosse típica e antijurídica e a presença da culpabilidade serviria apenas para analisar se a pena seria ou não imposta. (3) É minoritária. Doutrinadores: René Ariel Dotti, Damásio de Jesus, Júlio Fabbrini Mirabete, André Estefam, entre outros; ➢ FATO TÍPICO, ANTIJURÍDICO, CULPÁVEL e PUNÍVEL Teoria quadripartida é minoritária. Segundo Cleber Masson, a teoria quadripartida deve ser afastada pois a punibilidade não é elemento do crime e sim a consequência da sua prática. (3) Doutrinadores: Basileu Garcia, Muñoz Conde, Hassemer, Battaglini, Giorgio Marinucci e Emilio Dolcini, entre outros. (1) ➢ FATO TÍPICO, ANTIJURÍDICO e CULPÁVEL. A Teoria Tripartida é a corrente majoritária no Brasil e no exterior. Dentre os doutrinadores que adoram a Teoria Tripartida temos os: • Finalistas: Iremos estudar adiante! Calma! Vai ser bem tranquilo de entender. Desde já, apenas entenda que para os finalistas, o DOLO e a CULPA (elemento subjetivo) está no elemento FATO TÍPICO. Doutrinadores: Assis Toledo, Heleno Fragoso, José Henrique Pierangeli, Eugenio Raúl Zaffaroni, Cezar Roberto Bitencourt, Luiz Regis Prado, Rogério Greco, entre outros. • Causalistas: Para os causalistas, o DOLO e a CULPA (elemento subjetivo) está no elemento CULPABILIDADE! Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 7 Doutrinadores: Nélson Hungria, Magalhães Noronha, Vicente Sabino Júnior, Salgado Martins, Euclides Custódio da Silveira, Manoel Pedro Pimentel, Roque de Brito Alves, Fernando de Almeida Pedroso, entre outros. O mais importante, nesse contexto, é perceber que a estrutura analítica do crime não se liga necessariamente à adoção da concepção finalista ou causalista. Da mesma forma que os causalistas, os finalistas conceituam o crime como sendo, de forma analítica, um fato típico, ilícito e culpável. A diferença entre eles está justamente na Teoria da Conduta adotada, finalística (dolo e culpa na conduta) ou clássica (dolo e culpa na culpabilidade). Mas, como já disse anteriormente, estudaremos as teorias da conduta em breve! NÃO CONFUNDA O CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME (fato típico, ilícito e culpável) COM TEORIA DA CONDUTA (finalistas ou causalistas)! IREMOS ESTUDAR DE FORMA MAIS APROFUNDADA AS TEORIAS DA CONDUTA E OS ELEMENTOS DO CRIME EM BREVE!! CONCEITO DE CRIME MATERIAL FORMAL ANALÍTICO FATO TÍPICO + ANTIJURÍDICO FATO TÍPICO + ANTIJURÍDICO + CULPÁVEL ADOTADO PELO CÓDIGO PENAL FATO TÍPICO + ANTIJURÍDICO + CULPÁVEL + PUNÍVEL Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 8 Vamos ver como esse assunto foi cobrado em prova! Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Acerca do direito penal brasileiro, julgue o seguinte item. De acordo com a teoria bipartida, o crime é o fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade pressuposto de aplicação da pena. Gabarito:2 Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: Técnico Judiciário Considera-se crime toda ação ou omissão típica, antijurídica e culpável. Gabarito:3 Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: TCU Provas: Auditor Federal de Controle Externo Na doutrina e jurisprudência contemporâneas, predomina o entendimento de que a punibilidade não integra o conceito analítico de delito, que ficaria definido como conduta típica, ilícita e culpável. Gabarito:4 2 Certo. 3 Certo. 4 Certo. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 9 Antes de iniciarmos o estudo dos elementos do crime de forma separada e completa, devemos estudar um arcabouço de conceitos que irão facilitar todo o nosso entendimento futuro! CRIME X CONTRAVENÇÃO PENAL No início do nosso módulo eu trouxe para vocês a diferença conceitual entre CRIME e CONTRAVENÇÃO PENAL. Lembram? CRIME é a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa. CONTRAVENÇÃO é a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente Pois então, vocês já possuem a ciência que INFRAÇÃO PENAL é gênero e pode ser dividida em crime (delito) e contravenção penal (crime anão, delito liliputiano ou crime vagabundo). Adotou-se o sistema binário ou dualista e, essas espécies, no entanto, guardam entre só distinções de natureza valorativa (axiológica) ou seja, a conduta será crime ou contravenção a depender do valor que legislador dá a ela. Em resumo, a distinção é de grau, quantitativa (quantidade da pena), e, também, qualitativa (qualidade da pena) e não ontológica, não conceitual. As condutas mais graves devem ser definidas como crimes; as menos lesivas como contravenção penal. Os crimes sujeitam seus autores a penas de reclusão ou detenção, enquanto as contravenções, no máximo, implicam em prisão simples. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 10 CRIME ➢ PenaPrivativa de Liberdade • Reclusão: Regime fechado, semiaberto e aberto. • Detenção: Regime semiaberto e aberto. (pode ir para o regime fechado por meio de regressão) ➢ Espécie de ação penal: São processadas por ação penal pública (incondicionada ou condicionada) e privadas. ➢ Punibilidade da tentativa: Tentativa é punível ➢ Extraterritorialidade da lei: Permite ➢ Competência para o julgamento: Estadual, Federal ou Especializadas ➢ Limites da pena: 40 anos (Pacote Anticrime) CONTRAVENÇÃO Contravenção ou crime anão, crime vagabundo, crime liliputiano. ➢ Pena Privativa de Liberdade Prisão simples: (semiaberto e aberto). Nunca irá para o regime fechado (pena sem rigor penitenciário) ➢ Espécie de ação penal: São processadas por ação penal pública Incondicionada ➢ Punibilidade da tentativa: Não há punição para tentativa ➢ Extraterritorialidade da lei: Não permite ➢ Competência para o julgamento: Estadual (exceto: Contravenção penal é que julgada pela Justiça Federal: contraventor que possui foro por prerrogativa federal. Ex: Juiz Federal) • Limites da pena: 5 anos Vamos ver como foi cobrado em prova! Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 11 Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: Câmara dos Deputados Prova: Analista Legislativo Quanto às penas, à tipicidade, à ilicitude e aos elementos e espécies da infração penal, julgue os itens a seguir. Na legislação pátria, adotou-se o critério bipartido na definição das infrações penais, ou seja, estas se subdividem em contravenções penais e crimes ou delitos, inexistindo diferença conceitual entre as duas últimas espécies. Gabarito:5 Ano: 2010 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: Oficial Técnico de Inteligência No Código Penal brasileiro, adota-se, em relação ao conceito de crime, o sistema tricotômico, de acordo com o qual as infrações penais são separadas em crimes, delitos e contravenções. Gabarito:6 Ano: 2008 Banca: CESPE Órgão: MPE-RR Prova: Oficial de Promotoria A diferença entre crime e contravenção penal consiste na aplicação de pena de reclusão ao primeiro e, ao segundo, pena de detenção ou multa. Gabarito:7 5 Certo. 6 Errado. 7 Errado. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 12 SUJEITOS DO CRIME Os sujeitos do crime são as pessoas que estão relacionadas à prática da conduta delituosa. SUJEITO ATIVO Sujeito ativo é a pessoa que direta ou indiretamente realiza a conduta criminosa, seja de forma isolada ou em concurso de pessoas. Podem ser: autor, coautor e partícipe. Autor e coautor executam realizam o crime de forma direta, enquanto o partícipe de forma indireta. Veremos em concurso de pessoas! A regra é que apenas o ser humano possa ser sujeito ativo de infrações penais. Qualquer pessoa física capaz e com 18 anos completos pode ser sujeito ativo de crime (menor comete ato infracional) • Animais e coisas não podem ser sujeitos ativos de crimes, nem autores de ações, pois lhes falta o elemento vontade. Podem ser objetos ou instrumentos do crime, como por exemplo o cão bravo que cumpre uma ordem do seu dono para atacar um desafeto. • MUITA ATENÇÃO A Constituição federal de 1988 (CF/88) admitiu a responsabilização da Pessoa Jurídica nos crimes contra a ordem econômico e financeira, contra a economia popular e contra o meio ambiente, autorizando o legislador a cominar as devidas penas compatíveis independentemente da responsabilização dos seus dirigentes. Porém, apenas a Lei nº 9.605/1998 – A lei de Crimes Ambientais – foi editada e trouxe a possibilidade expressa de responsabilização da pessoa jurídica em casos de crime ambiental. Assim, temos que a pessoa jurídica pode ser responsabilizada penalmente por crime ambiental. Antigamente prevalecia a teoria da dupla imputação, na qual a PJ só poderia ser responsabilizada concomitantemente a uma pessoa física. Porém, o STF e o STJ já têm adotado entendimento concluindo que a responsabilização penal da pessoa jurídica independe da pessoa física. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 13 SUJEITO PASSIVO Sujeito passivo é o titular do bem jurídico protegido pelo tipo penal incriminador, que foi violado. O sujeito passivo pode ser: ➢ Sujeito Passivo Formal (constante, indireto ou mediato), que é o titular do interesse jurídico de punir, surgindo com a prática da infração penal. É sempre o Estado interessado na manutenção da paz pública. ➢ Sujeito Passivo Material (eventual, direto ou imediato), que é o titular do bem jurídico diretamente lesado pela conduta do agente. O ESTADO sempre será o sujeito passivo formal ou constante e, nos casos de crimes contra a administração pública, também será o sujeito ativo material. Informações gerais sobre os sujeitos passivos: • Pode ser Sujeito Passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado, destituído de personalidade jurídica (ex: coletividade, família), caso que o crime é denominado vago (crime vago). Exemplo: Os crimes de Tráfico de Drogas possuem como sujeito passivo a coletividade, ou seja, são considerados crimes vagos. Nos crimes vagos os sujeitos passivos são indeterminados (3) ou são entes sem personalidade jurídica, como por exemplo, a sociedade. • Animais, coisas e mortos não podem ser sujeitos passivos de crime. Podem ser objetos do crime como veremos. • Não é possível que uma mesma pessoa seja do sujeito ativo e passivo, levando-se em consideração uma única conduta. Assim, não há caso em que, através de determinada conduta, o agente possa ferir-se exclusivamente, provocando a ocorrência de um crime. Para isso, seria necessário punir a autolesão, o que não ocorre no Brasil. • Porém, é possível que em um crime de Rixa – crime em que há diversas condutas – uma mesma pessoa seja sujeito ativo e sujeito passivo. O crime de rixa é constituído de condutas variadas, cada qual tendo por destinatário outra pessoa. Em resumo, por exemplo, Hachid foi sujeito ativo do crime de Rixa contra Pokemón e foi sujeito passivo do mesmo crime, em uma conduta que teve como sujeito ativo o professor Nakano. Para ficar mais claro ainda, imagine uma briga generalizada. Pronto. Você bate em A (agora como sujeito ativo) e você apanha de B. (agora como sujeito passivo). Rs. Se cair o crime de Rixa em seu edital você estudará com maior profundidade! Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 14 Curiosidade! Você sabia que sujeito passivo e vítima não são sinônimos? Vítima é qualquer pessoa que sofre como resultado de um desígnio, incidental ou acidentalmente. É uma definição mais abrangente que engloba tanto situações nas quais existe crime quanto aquelas nas quais não há crime. Mas, havendo crime, tem-se que sujeito passivo e vítima se reúnem na mesma pessoa. Por exemplo, imagine que uma pessoa A sofre o roubo de seu automóvel e o ladrão, durante a fuga, atropele uma pessoa “B”. A Pessoa “B” é vítima do acidente. A pessoa “A” é tanto vítima do crime como sujeito passivo do crime. CRIMES DE DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA São aqueles que possuem obrigatoriamente mais de um sujeito passivo. Exemplo: Violação de correspondência (São sujeitos passivos tanto o remetente quanto o destinatário) CRIME VAGO O crime que tem como sujeito passivo o ente sem personalidade jurídica. O titular não é uma pessoa determinada. Bens jurídicos: Segurança pública, fé pública, paz pública, saúde pública. Exemplos de sujeitos passivos: Família, Coletividade, Massa, dentre outros. Exemplos de crimes: Aborto com consentimento da gestante (Sujeito Passivo é o feto, que é um ente sem personalidade Jurídica. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 15 Vamos às questõesrelacionadas ao tema! Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: STJ Prova: Técnico Judiciário A pessoa jurídica, de acordo com o ordenamento constitucional e infraconstitucional, pode ser sujeito passivo de crime. Gabarito:8 Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: STJ Prova: Técnico Judiciário Os menores de dezesseis anos, por serem absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil, não podem ser sujeito passivo de crime. Gabarito:9 Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: EBSERH Prova: Advogado Com referência à lei penal no tempo, ao erro jurídico-penal, ao concurso de agentes e aos sujeitos da infração penal, julgue o item que se segue. Aquele que lesar o próprio corpo ou agravar as consequências de uma lesão com o intuito de buscar indenização será, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo do delito em razão da sua própria conduta. Gabarito:10 Ano: 2020 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: Policial Rodoviário Federal - Curso de Formação No que se refere a aspectos legais relacionados aos procedimentos policiais, julgue o item a seguir. Os participantes de uma rixa são simultaneamente sujeitos ativos e passivos uns em relação aos outros, pois o crime de rixa é plurissubjetivo, devendo ter, pelo menos, três contendores para ser caracterizado. Gabarito:11 8 Certo. 9 Errado. 10 Errado. 11 Certo. Estudaremos os crimes subjetivos a seguir! Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 16 OBJETOS DO CRIME Objeto é o bem ou o objeto ao qual se dirige a conduta delituosa. (3) ➢ Objeto jurídico: É o bem jurídico, o interesse ou o valor protegido pela normal. Não existe crime sem objeto jurídico já que a lei penal tem que tutelar algum interesse. Exemplos: vida, integridade física, honra, patrimônio etc. Inclusive foi o critério escolhido pelo legislador pátrio para dividir em capítulos a Parte Especial do Código Penal (CP). Não há crime sem objeto jurídico, pois, em face do princípio da lesividade, não há crime sem lesão ou perigo de lesão a bem jurídico. ➢ Objeto Material: Objeto material ou substancial do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa, ou seja, aquilo que a ação delituosa atinge. Está ele direta ou indiretamente indicado na figura penal. Exemplos: • "alguém" (o ser humano) é objeto material do crime de homicídio (art. 121), • A "coisa alheia móvel" o é dos delitos de furto (art. 155) e roubo (art. 157) etc. Nem todo crime possui objeto material. Há certos delitos – como os que são de mera conduta (veremos em breve) – que não possuem objeto material. Há condutas criminosas que não irão recair sobre alguma pessoa ou coisa, estando, então, ausentes de objeto material. O crime de Omissão de Socorro (art. 338, CP), por exemplo, não possui objeto material, como também o crime de Falso Testemunho. Organizando o que já foi estudado, temos: Exemplos: Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 17 “Subtraíram a carteira do professor Hachid” Crime: furto Sujeito Passivo: Professor Hachid Objeto Material: Carteira Objeto Jurídico: Patrimônio Sujeito Ativo: Aquele que esperamos que você prenda futuramente! =) Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 18 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIMES EM RELAÇÃO AO SUJEITO ATIVO: CRIME COMUM, CRIME PRÓPRIO OU CRIME DE MÃO PRÓPRIA ➢ Crime Comum ou Geral É o crime que pode ser cometido por qualquer pessoa, ou seja, não é necessário nenhuma característica específica para poder ser responsabilizado pelo crime. Exemplo: Crime de Homicídio (Art. 121, CP). Qualquer pessoa pode cometer o crime de homicídio. Outros exemplos: Roubo, estelionato etc. Admite coautoria e participação ➢ Crime Próprio Os crimes exigem uma condição especial do agente (sujeito ativo qualificado ou especial). Ou seja, não é qualquer pessoa que pode realizar o crime e sim uma pessoa com uma característica especial. (Pode existir coautoria e participação de particular, porém é necessário ao menos um agente público). Essa característica especial pode ser “de fato”, referentes a natureza humana (mãe no crime de infanticídio, mulher no crime de autoaborto) ou “de direito”, referentes á lei (funcionário público nos crimes contra a administração pública praticados por funcionário público, a testemunha no crime de falso testemunho). (1) Admite coautoria e participação Os Crimes Próprios podem ser divididos em puros ou impuros: • Crimes Próprios Puros: Esses crimes, quando não forem cometidos pelo sujeito ativo indicado na Lei, deixam de ser crimes! Professor Nucci traz o exemplo do crime de advocacia administrativa (art. 321, CP). Advocacia administrativa – art. 321. Nesse caso, somente o funcionário pode praticar a conduta; outra pessoa que o faça não pratica infração penal. (1) Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 19 • Crime Próprio Impuro: Nos crimes próprios Impuros, quando a conduta for realizada por outro agente que não o especificado no tipo penal não há que se pensar em ausência de crime (como ocorre nos crimes próprios puros). Nesse caso, o agente responderá por OUTRO crime. Assim, se a conduta for realiza por outro sujeito ativo que não o descrito na lei, será outro crime. Exemplo: O crime de peculato furto (art. 312, § 1º) traz a seguinte redação: “Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.” Caso o indivíduo que realize essa mesma conduta não seja agente público (que não esteja em concurso com um agente público) ele cometerá crime, mas não o de Peculato, mas sim o furto, art. 155 do CP. ➢ Crimes de Mão Própria (ou Conduta Infungível) Os crimes de mão própria são aqueles que exigem um sujeito ativo qualificado, só que só pode ser cometido por determinado agente designado no tipo penal, só admitindo a participação (não admite coautoria). Assim, exige-se a atuação pessoal do sujeito ativo, que não pode ser substituído por mais ninguém, a exemplo do Falso testemunho (art. 342, CP) – é um crime que exige que somente possa ser cometido por quem esteja na condição de testemunha. Se apenas o agente referido no tipo penal pode cometê-los, torna-se possível, no âmbito do concurso de agentes, apenas que alguém instigue, induza ou auxilie outrem a fazê-lo, não que o faça em conjunto. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 20 Vamos resolver questões sobre o tema! Ano: 2011 Banca: MPE-MS Órgão: MPE-MS Prova: MPE-MS - 2011 - MPE-MS - Promotor de Justiça Em que consiste o crime de mão própria? A) O crime de mão própria pode ser praticado por qualquer pessoa; B) O crime de mão própria somente pode ser praticado mediante paga ou promessa de recompensa; C) O crime de mão própria somente pode ser praticado contra criança ou adolescente; D) O crime de mão própria é aquele que somente pode ser praticado pela pessoa expressamente indicada no tipo penal; E) O crime de mão própria só pode ser praticado por pessoas de certa faixa etária. Gabarito:12 Ano: 2010 Banca: CESPE Órgão: TRE-BA Prova: Analista Judiciário Francisco, renomado advogado eleitoral, em audiência, induziu a testemunha José a fazer afirmação falsa em processo judicial, instruindo-o a prestar depoimento inverídico, com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em ação penal em curso. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens que se seguem. Segundo os tribunais superiores, não se admite a participação de Francisco no crime de falso testemunho, por setratar de crime de mão própria, isto é, somente José pode ser seu sujeito ativo. Gabarito:13 12 “D” 13 Errado. Vimos que o crime de mão própria admite participação. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 21 Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Célio, arrolado como testemunha em processo criminal em que se imputava ao réu crime de homicídio culposo, é instigado pelo advogado de defesa a fazer afirmações falsas acerca dos fatos, a fim de inocentar o réu, o que efetivamente vem a fazer. Com base na situação hipotética acima apresentada, julgue os itens que se seguem. De acordo com o entendimento dominante do Supremo Tribunal Federal (STF), como o delito praticado é de mão própria, não se admite coautoria ou participação, sendo atípica a conduta do advogado de defesa. Gabarito:14 14 Errado. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 22 EM RELAÇÃO A CONDUTA CRIMES COMISSIVOS, CRIMES OMISSIVOS ➢ Crimes Comissivos Os crimes comissivos são os que exigem uma ação (conduta positiva). Exemplo: “Matar alguém” (Art. 121, CP), “subtrair coisa” (Art. 155, CP) ➢ Crimes Omissivos Os crimes omissivos são cometidos por meio de uma abstenção (conduta negativa). É a não realização (não fazer) de determinada conduta que deveria ser ideal e que o agente estava juridicamente obrigado e que lhe era possível concretizar. Se subdividem em: • Omissivo próprios (Crimes Puros, Crimes de Mera Desobediência, Crimes de Mera Inatividade) Nesse caso a omissão está contida no tipo penal, ou seja, a conduta descrita como criminosa é realmente negativa. Aqui, aquele que se omite não responde pelo resultado naturalístico eventualmente produzido, responde apenas pela omissão! O agente não faz alguma coisa. O “não fazer” está em lei. Núcleo do tipo – omissão. Está consumado no exato momento da Omissão. Não precisa de resultado naturalístico Não admitem tentativa Exemplos: Omissão de socorro, abandono material, abandono intelectual, omissão de notificação de doença, prevaricação. • Crimes Omissivos Impróprios (Comissivos por omissão) Os crimes comissivos por omissão são, na verdade, crimes de ação, porém, são excepcionalmente cometidos por omissão quando o sujeito ativo tem o DEVER JURÍDICO DE AGIR de impedir o resultado. Nessa espécie de crime, o DEVER DE AGIR é para evitar um RESULTADO concreto. É um CRIME de RESULTADO NATURALISTICO exigindo, consequentemente, um nexo causal entre a ação e o resultado. (nexo de não impedimento). É crime material e admite tentativa. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 23 É um exemplo típico de omissão que é penalmente relevante para o Direito Penal e está disciplinada no art. 13, § 2º do CP. Art. 13 - Relevância da omissão § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Vamos ver como foi cobrado em prova! Ano: 2009 Banca: CESPE Órgão: DPF Provas: Agente Federal da Polícia Federal Os crimes comissivos por omissão - também chamados de crimes omissivos impróprios - são aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação. Gabarito:15 Ano: 2020 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: Policial Rodoviário Federal - Curso de Formação No que se refere a aspectos legais relacionados aos procedimentos policiais, julgue o item a seguir. Uma pessoa que tenha condições e o dever de agir em determinada situação, mas não o faz, comete crime omissivo impróprio, passando a responder pelo resultado da omissão. Gabarito:16 Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: Policial Rodoviário Federal - Curso de Formação Em crimes omissivos impróprios a omissão é penalmente relevante para quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância, o que se aplica ao policial, quando, em serviço, assume a posição de garante. Gabarito:17 15 Certo. 16 Certo. 17 Certo. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 24 Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: STM Prova: Analista Judiciário - Execução de Mandados Os crimes omissivos próprios são previstos em tipos penais específicos e dependem da ocorrência de resultado para a sua consumação. Gabarito:18 Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: TCE-PE No que tange à consumação e à tentativa, julgue o seguinte item. O crime omissivo próprio ou puro, de acordo com a doutrina, não admite a tentativa. Gabarito:19 Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: SEGESP-AL Prova: Papiloscopista Com relação ao crime consumado e tentado e à lei penal no tempo e no espaço, julgue os itens a seguir. O crime omissivo próprio admite tentativa. Gabarito:20 18 Errado. 19 Certo. 20 Errado. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 25 EM RELAÇÃO AO RESULTADO CRIME MATERIAL, CRIME FORMAL OU CRIME DE MERA CONDUTA ➢ Crimes Materiais Os crimes materiais (ou causais) (3) são aqueles que o tipo penal exige uma conduta e um resultado. Ou seja, o tipo penal exige a ocorrência de um resultado naturalístico (que modifique o mundo exterior) para a sua concretização. É o que ocorre, por exemplo, no homicídio. Para que ocorra um homicídio deve existir a morte de alguém para a consumação. ➢ Crimes Formais (delito de consumação antecipada ou resultado cortado) Nos crimes formais, o resultado naturalístico é previsto, ou seja, há no tipo penal uma conduta e um resultado, porém, o resultado é dispensável para a consumação do delito, pois a consumação ocorre com a conduta efetuada. Ou seja, o crime se consuma com a realização da conduta e caso o resultado aconteça, será um mero exaurimento do crume. Exemplos de crimes formais: Ameaça e extorsão. No crime de extorsão mediante sequestro (art. 159, CP), por exemplo, basta a existência da privação de liberdade da vítima para a consumação do delito, pouco importando se existir pagamento do resgate ou não. Ainda que o criminoso não tenha sucesso na obtenção do resgate, o crime já está consumado. ➢ Crimes de Mera Conduta É aquele que o tipo penal apenas descreve a conduta delituosa, sem mencionar qualquer resultado naturalístico, ou seja, não contém resultado naturalístico. Pune-se o agente pela simples atividade, como, por exemplo, porte ilegal de arma, ato obsceno, desobediência. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 26 EM RELAÇÃO A CONSUMAÇÃO CRIME INSTANTÂNEO, CRIME PERMANENTE E CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES ➢ Crime Instantâneo Crime Instantâneo é aquele que se consuma com uma única conduta e não produzem resultado prolongado no tempo. (1) A consumação é imediata. Observe que não significa que ocorre rapidamente, mas que não necessita de continuidade de tempo. Como exemplo temos o crime de furto (Art. 155, CP). Não confunda o conceito de crime instantâneo com o tempo de obtenção do proveito pelo sujeito ativo. Ainda que ação possa ser arrastada no tempo, o resultado foi instantâneo. O fato, por exemplo, de o agente roubar um veículo e com ele permanecer não torna o crime permanente, já que a consumação foi no momento da subtração com o uso da violência ou grave ameaça. • Crime Instantâneo de efeito permanente Segundo Nucci é uma categoria que deriva dos crimes instantâneos. Nestes crimes, a consumação também ocorre em momento determinado, mas os efeitos decorrentes são permanentes. Exemplos: O crimede bigamia, por exemplo se consuma quando o segundo casamento é celebrado, ou seja, com o consentimento formal dos noivos. O agente se torna, então, bígamo, estado que perdura com o passar do tempo. O mesmo pode ser dito do crime de homicídio, que é instantâneo, mas cujo efeito morte permanece. • Crime a Prazo São aquelas que somente se consumam depois de um tempo, nunca imediatamente. Como exemplo temos o crime de Omissão de Cautela – art. 13, parágrafo único, que precisa de um lapso temporal de 24 horas para que o crime possa ser considerado consumado. Art. 13. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 27 Art. 169 - Apropriação de coisa achada II - Quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias. ➢ Crime Permanente Nós estudamos no Caderno Aplicado de Aplicação da Lei Penal sobre os crimes permanentes! Então vamos relembrar. Crime permanente é aquele em que a execução se protrai no tempo por determinado sujeito ativo. Nos crimes permanentes a ofensa ao bem jurídico se dá de maneira constante e cessa de acordo com a vontade do agente. Como por exemplo temos a extorsão mediante sequestro. Com a ação de tirar a liberdade da vítima, o delito está consumado, embora, enquanto esteja está em cativeiro, por vontade do agente, continue o delito em franca realização. (1) Nucci (1) complementa: “O crime permanente, como regra, realiza-se em duas fases: uma comissiva e outra omissiva, está se seguindo à primeira, além de voltar-se contra bens imateriais, como a liberdade, a saúde pública, entre outros. Essas regras não são absolutas, comportando exceções O delito permanente admite prisão em flagrante enquanto não cessar a sua realização, além de não ser contada a prescrição até que finde a permanência.” Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Agente Federal da Polícia Federal Em cada um dos itens seguintes, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Vítor desferiu duas facadas na mão de Joaquim, que, em consequência, passou a ter debilidade permanente do membro. Nessa situação, Vítor praticou crime de lesão corporal de natureza grave, classificado como crime instantâneo. Gabarito:21 21 Certo. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 28 EM RELAÇÃO A LESÃO AO BEM JURÍDICO CRIME DE PERIGO E CRIME DE DANO ➢ Crimes de dano O crime de dano se consuma apenas com a efetiva lesão ao bem jurídico. Quando não há ocorrência de lesão ao bem jurídico, pode ser uma conduta tentada ou até mesmo um indiferente penal. Os crimes de dano são crimes materiais. Exemplo: Homicídio, ou seja, deve haver efetiva lesão ao bem jurídico (vida). ➢ Crimes de perigo No Crime de Perigo há uma probabilidade de dano, que não precisa ocorrer para a consumação do delito. Assim, a efetiva lesão é dispensada, configurando-se com a simples exposição do bem jurídico a perigo, que poderá ser: • Crime de Perigo Abstrato: Os tipos penais descrevem apenas um comportamento e criminalizam a conduta de quem realiza. Não há necessidade de lesão ou perigo de lesão a bem jurídico. Não é necessário um resultado específico. A ofensividade já está na própria norma. O perigo já é considerado na lei (de maneira presumida) por simplesmente praticar a conduta típica. A consumação se dá com a conduta. Exemplo: Porte de drogas, Porte Ilegal de armas. • Crime de Perigo Concreto: Exige-se a efetiva comprovação de risco para o bem jurídico. A suposta situação de perigo gerada ao bem jurídico deve ser comprovada no caso concreto. A simples realização da conduta não a tipifica, mas a realização da conduta e a comprovação da situação de perigo gerada por ela no caso concreto, sim. Exemplo: Dirigir em CNH. Art. 309 CTB. Art. 309 - Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 29 Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 a 400 dias-multa se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. Não basta conduzir a embarcação sob o efeito da droga, é necessário que haja efetivamente a exposição da incolumidade de outrem a um perigo concreto, real, efetivo. Corroborando ao exposto, preleciona Renato Brasileiro [4]: “Na redação do art. 39 da Lei de Drogas, o legislador faz menção à condução de embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Como se pode notar, a situação de perigo presumida pelo legislador está inserida no próprio tipo penal. Logo, trata-se de crime de perigo concreto, sendo inviável a punição do agente pela prática deste crime sem que a acusação comprove que a incolumidade pública foi efetivamente colocada em situação de risco”. (pág.: 1092) CRIME UNISSUBSISTENTE E CRIME PLURISSUBSISTENTE ➢ Crimes Unissubsistentes: Esses crimes possuem como característica o fato de se revelarem em um único ato e execução capaz de consumar o delito. Não admitem tentativa justamente pelo motivo de as condutas não poderem ser fracionadas. Exemplos: Crimes cometidos oralmente, verbalmente como no caso dos crimes contra a honra praticados de forma verbal. ➢ Crimes Plurissubsistentes: Nesses casos a conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, que, quando somados, produzem o resultado. Exemplo: Crime de homicídio praticado com faca. Há uma pluralidade de atos executórios e nesse caso, com a possibilidade de fracionamento, vai ser possível a tentativa. (3) Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 30 QUANTO AO SUJEITO ATIVO E AUTORES CRIME PLURISSUBJETIVO E CRIME UNISSUBJETIVO ➢ Crimes Unissubjetivos (Concurso Eventual): São crimes que podem ser cometidos por uma só pessoa e que há possibilidade de serem praticados por mais pessoas eventualmente. Exemplo: Crime de furto, homicídio etc. ➢ Crimes Plurissubjetivos: (Concurso Necessário, Crime Coletivo) Nesses crimes o tipo penal exige uma pluralidade de agentes, ou seja, exige a presença de duas ou mais pessoas. O concurso é necessário. Associação criminosa (3), Organização criminosa (4), rixa (3), Motim de presos (3). Exemplo: Associação Criminosa – 3 pessoas – (art. 288, CP), Associação para o tráfico – 02 pessoas – (art. 35 da lei de Drogas), Crime de organização Criminosa, mínimo de 04 pessoas. CRIME SIMPLES E CRIME COMPLEXO ➢ Crime Simples Crime simples é aquele se amolda em um único tipo penal. Exemplo: Furto. (3) ➢ Crime Complexo Crime complexo resulta da união de dois ou mais crimes. Como exemplos, roubo (furto + ameaça ou furto + lesão corporal) e extorsão mediante sequestro (extorsão + sequestro). Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 31 Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: PolíciaFederal Prova: Escrivão da Polícia Federal Rui, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo, subtraiu o aparelho celular e o relógio de César. Nessa situação, Rui praticou crime de roubo, que é um crime complexo, porque dois tipos penais caracterizam uma única descrição legal de crime. Gabarito:22 CRIME MONO-OFENSIVO E CRIME PLURIOFENSIVO ➢ Crime Mono-ofensivo: São aqueles que ofendem um único bem jurídico. Exemplo: Furto (bem jurídico: Patrimônio) ➢ Crime Pluriofensivo: São aqueles que atingem dois ou mais bens jurídicos. Exemplo: Latrocínio (bem jurídico: vida + patrimônio) OUTRAS CLASSIFICAÇÕES ➢ Crime Habitual Falamos de crime habitual no módulo de aplicação da Lei Penal! Mas vamos aproveitar e revisar! Crime Habitual é aquele que se configura mediante a reiteração de atos. Somente irá ocorrer repetição da conduta que revele ser aquela atividade um procedimento costumeiro por parte do agente. Ex: Art. 229 CP – Manutenção de estabelecimento em que ocorra exploração sexual. Se a lei exige que o sujeito mantenha o estabelecimento, o crime não pode se configurar com apenas um ato, já que a manutenção exige certa regularidade. Não admite tentativa ➢ Crime Progressivo: (ou de passagem) É aquele que, para chegar a seu intento, deve o agente obrigatoriamente violar norma de caráter menos grave. Ex: Homicídio (para matar tem que causar lesões graves) ➢ Crime de Ação Única O tipo penal prevê apenas uma conduta nuclear possível Exemplo: Furto. “Subtrair” 22 Certo. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 32 ➢ Crime de Ação Múltipla São diversas condutas possíveis, como no tráfico de drogas, sendo que, se praticar mais de uma no mesmo contexto fático, responderá por apenas um crime. ➢ Crime acessório ou parasitário Pressupõem a existência de outro delito anterior. Exemplos: receptação, favorecimento real e lavagem de dinheiro. ➢ Crime de Atentado É aquele que a lei atribui punição idêntica tanto para a tentativa quanto para a consumação (Art. 352 CP) ➢ Crime a distância Crime percorre territórios de dois Estados soberanos (Brasil e Argentina, por exemplo), com a conduta em um lugar e o resultado em outro. Gera conflito internacional de jurisdição. Pela teroria adotada para o lugar do crime – ubiquidade – o fato deve ser considerado praticado tanto no território brasileiro como no estrangeiro, será aplicável a lei brasileira. ➢ Crime Plurilocal O crime percorre dois ou mais territórios no mesmo país. Gera conflito interno de competência. O CPP adotou, em regra, a teoria do resultado, sendo competente a comarca onde se deu a consumação. ➢ Crime Transeunte Crime que não deixa vestígios. Exemplo: injúria por meio de palavras ou, como estudamos na Lei de Tortura, a tortura realizada por grave ameaça! ➢ Crime Não Transeunte É o crime que deixa vestígios materiais que devem ser constatados mediante perícia ou exame de corpo de delito. Exemplo: falsificação de documento e a tortura decorrente de violência. ➢ Crime de ímpeto É aquele que resulta de uma reação emocional, sem premeditação, como o homicídio cometido sob violenta emoção. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 33 EM RELAÇÃO AO POTENCIAL OFENSIVO CRIME DE MÍNIMO, MENOR, MÉDIO, ELEVADO E MÁXIMO POTENCIAL OFENSIVO ➢ Crime de Mínimo Potencial Ofensivo Segundo Cleber Masson (3), são os crimes que não comportam pena privativa de liberdade. Exemplo: Art. 28 da Lei de drogas, que traz as penas de advertência, prestação de servidos à comunidade e medida educativa de comparecimento a cursos educativos. ➢ Crime de Menor Potencial Ofensivo São crimes com pena máxima não superior a 2 anos, investigado por meio de termo circunstanciado (não inquérito policial), admitindo as medidas despenalizadoras da transação penal e suspensão condicional do processo. São de competência do JECRIM – Juizados Especiais Criminais. As contravenções penais também são “infrações penais de menor potencial ofensivo”. ➢ Crime de Médio potencial ofensivo É aquele que a pena mínima é igual ou inferior a 01 ano, independentemente do máximo da pena privativa de liberdade cominada, admitindo as medidas despenalizadoras da suspensão condicional do processo (Lei 9.099/95). ➢ Crime de Elevado potencial ofensivo São os crimes que apresentam pena mínima superior a 1 ano, ou seja, de pelo menos 02 anos e pena máxima, por consequência, acima de 02 anos. ➢ Crimes de Máximo potencial ofensivo São os que recebem tratamento diferenciado pela CF/88. São os Crimes hediondos (Tortura, tráfico de Drogas e Terrorismo), crimes Equiparados a hediondos, o Racismo e a Ação de grupos armados. Civis ou militares, contra o Estado Democrático de Direito. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 34 TEORIA DO CRIME Observe o que estudaremos no módulo parte 02! FATO TÍPICO •CONDUTA •Dolo e culpa •RESULTADO •NEXO CAUSAL •Relação de causalidade •TIPICIDADE •Inter Criminis •Crime Consumado •Crime Tentado •Desistência Voluntária •Arrependimento Eficaz •Arrependimento Posterior •Crime Imposível •Crime Doloso e Culposo •Erro de Tipo e demais espécies ILICITUDE •ESTADO DE NECESSIDADE •LEGÍTIMA DEFESA •ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL •EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO •CONSENTIMENTO DO OFENDIDO (supralegal) CULPABILIDADE •IMPUTABILDIADE •Menor de Idade •Doença Mental •Desenvolvimento Mental (incompleto ou retardado) •Embriaguez completa (caso fortuito e força maior) •POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE •Erro de Proibição (inevitável) •EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. •Coação irresistível •Obediência hierárquica Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com 35 Referências 1. Nucci, Guilherme Souza. Manual de Direito Penal. 16º. Rio de Janeiro : Forense, 2019. 2. Habib, Gabriel. Direito Penal - Geral e Especial. Curso Fórum. [Online] 2020. www.cursoforum.com.br. 3. Masson, Cleber. Código Penal Comentado. 7º Edição. s.l. : Editora Método, 2019. 4. Lima, Renato Btasileiro de. Legislação Criminal Comentada. 8º Edição. s.l. : Editora Juspodivm, 2020. 5. Cunha, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. 5º Edição. s.l. : Ed. Juspodivm, 2017. Vol. Único. Licenciado para - Everton - 08065119409 - Protegido por Eduzz.com
Compartilhar