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Crimes classificação CRIME GRATUITO: praticado sem motivo conhecido, pois todo crime tem motivação. Não se confunde com motivo fútil, que é definido como aquele em que o motivo é de menor importância, fazendo desproporcional ao resultado provocado pelo delito. CRIMES COMUNS OU GERAIS: aqueles em que podem ser praticados por qualquer pessoa. Ou seja, o tipo penal não exige, em relação ao sujeito ativo, nenhuma condição especial. Ex.: parentesco do sujeito ativo com a vítima. CRIMES BICOMUNS: compreendidos como aqueles que podem ser cometidos por qualquer pessoa e contra qualquer pessoa. Ou seja, não exige nenhuma condição especial para o sujeito ativo, nem para o passivo. CRIMES PRÓPRIOS OU ESPECIAIS: aqueles em que o tipo penal exige uma situação fática ou jurídica diferenciada por parte do sujeito ativo. Admite coautoria e participação. Se dividem em puros e impuros. CRIMES PROPRIO PURO: a ausência da condição imposta pelo tipo penal leva à atipicidade do fato. Ex.: prevaricação, pois excluída a elementar “funcionário público”, não subsiste crime algum. CRIME PRÓPRIO IMPURO: a exclusão da especial posição do sujeito ativo acarreta a desclassificação para outro delito. Ex.: peculato doloso, pois afastando-se do elementar “funcionário público”, o fato passará a constituir crime de furto ou apropriação indébita, conforme o caso. CRIME PRÓPRIO COM ESTRUTURA INVERSA: classificação relativa aos crimes praticados por funcionários públicos contra a administração em geral (crimes funcionais). CRIMES BIPRÓPRIOS: delitos que exigem uma peculiar condição (fática ou jurídica) no tocante ao sujeito ativo. Ex.: Infanticídio, que somente pode ser praticado pela mãe contra o próprio filho nascente ou recém-nascido. CRIMES DE MÃO PRÓPRIA, DE ATUAÇÃO PESSOAL OU DE CONDUTA INFUNGÍVEL: aqueles que somente podem ser praticados pela pessoa expressamente indicada no tipo penal. Não admitindo coautoria, somente participação. Não permitindo, também, a delegação do crime a terceiro. Em caso de falso testemunho, o advogado do réu pode, por exemplo, induzir, instigar ou auxiliar a testemunha a faltar com a verdade, mas jamais poderá, em juízo, mentir em seu lugar ou juntamente com ela. CRIME SIMPLES: é aquele que se molda em um único tipo penal. É o caso do furto – art. 155, CP. CRIME COMPLEXO: é aquele que resulta da união de dois ou mais tipos penais. CRIME COMPLEXO EM SENTIDO ESTRITO: O crime de roubo (CP, art. 157), por exemplo, é oriundo da fusão entre furto e ameaça (no caso de ser praticado com emprego de grave ameaça - CP, art. 147), ou furto e lesão corporal (se praticado mediante violência contra a pessoa - CP, art. 129). Denominam-se famulativos os delitos que compõem a estrutura unitária do crime complexo. CRIME COMPLEXO EM SENTIDO AMPLO: é o que deriva da fusão de um crime com um comportamento por si só penalmente irrelevante, a exemplo da denunciação caluniosa (CP, art. 339), originária da união da calúnia (CP, art. 138) com a conduta lícita de noticiar à autoridade pública a prática da infração penal e sua respectiva autoria. CRIMES MATERIAIS OU CAUSAIS: são aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior uma conduta e um resultado naturalístico, sendo a ocorrência deste último necessária para a consumação. É o caso do homicídio (CP, art. 121). A conduta é "matar alguém", e o resultado naturalístico ocorre com o falecimento da vítima, operando-se com ele a consumação. CRIMES FORMAIS, DE CONSUMAÇÃO ANTECIPADA OU DE RESULTADO CORTADO: são aqueles nos quais o tipo penal contém em seu bojo uma conduta e um resultado naturalístico, mas este último é desnecessário para a consumação. Em síntese, malgrado possa se produzir o resultado naturalístico, o crime estará consumado com a mera prática da conduta. Ex.: na exortação mediante sequestro (art. 159, CP), basta a privação de liberdade da vítima com o escopo de obter futura vantagem patrimonial indevida com a condição ou preço do resgate. Ainda que a vantagem não seja obtida pelo agente, o crime estará consumado com a realização da conduta. CRIMES DE MERA CONDUTA OU DE SIMPLES ATIVIDADE: aqueles em que o tipo penal se limita a descrever uma conduta, ou seja, não contém resultado naturalístico, razão pela qual ele jamais poderá ser verificado. Ex.: ato obsceno (CP, art. 233) CRIMES INSTANTÂNEOS OU DE ESTADO: aqueles cuja consumação se verifica em um momento determinado sem continuidade no tempo. Ex.: Furto (CP, art. 155) CRIMES PERMANENTES: são aqueles cuja consumação se prolonga no tempo, por vontade do agente. O ordenamento jurídico é agredido reiteradamente, razão pela qual a prisão em flagrante é cabível a qualquer momento, enquanto perdurar a situação de ilicitude. Os crimes permanentes se subdividem em: 1. Necessariamente permanente: aqueles que para a consumação é imprescindível a manutenção da situação contraria ao Direito por tempo juridicamente relevante. (sequestro. CP, art. 148). 2. Em regra, são crimes instantâneos, mas, no caso concreto, a situação de ilicitude pode ser prorrogada no tempo pela vontade do agente. (furto de energia elétrica. CP, art. 155, P.3°) CRIMES INSTANTÂNEOS DE EFEITO PERMANENTES: aqueles cujos efeitos subsistem após a consumação, independentemente da vontade do agente, tal como ocorre na bigamia (CP, art. 235) Crimes a prazo são aqueles cuja consumação exige a fluência de determinado período. É o caso da lesão corporal de natureza greve em decorrência da incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (CP, art. 129, P.1°, I), e do sequestro em que a privação da liberdade dura mais de 15 dias (CP, art. 148, P.1°, III). CRIMES UNISSUBJETIVOS, UNILATERAIS, MONOSSUBJETIVOS OU DE CONCURSO EVENTUAL: aqueles que em regra praticados por um único agente. Admitem, entretanto, o concurso de pessoas. É o caso do homicídio (CP, art. 121). CRIMES PLURISSELULARES, PLURILATERAIS OU DE CONCURSO NECESSÁRIO: são aqueles em que o tipo penal reclama a pluralidade de agentes, que podem ser coautores ou participantes, imputáveis ou não, conhecidos ou desconhecidos, e inclusive pessoas em relação às quais já foi extinta a punibilidade. Subdividem-se em: 1. CRIMES BILATERIAS OU DE ENCONTRO: tipo penal que exige dois agentes, cuja condutas tendem a se encontrar. (ex.: Bigamia. CP, art. 235.). 2. CRIMES COLETIVOS OU DE CONVERGÊNCIA: tipo penal que reclama a existência de três ou mais agentes. Pode ser: a) Conduta contraposta: os agentes devem atuar uns contra os outros. É o caso da rixa (CP, art. 137); b) Conduta paralela: os agentes se auxiliam, mutualmente, com o objetivo de produzirem o mesmo resultado. É o caso da associação criminosa (CP, art. 288). Obs.: crimes plurissubjetivos não se confundem com os delitos de participação necessária. Estes podem ser praticados por uma única pessoa, nada obstante o tipo penal reclama a participação necessária de outra pessoa, que atua como sujeito passivo e, por essa razão, não é punido. c) Crimes eventualmente coletivos: aqueles que, nada obstante o seu caráter unilateral, a diversidade de agentes atua como causa de majoração da pena, tal como se dá no furto qualificado (CP, art. 155, P.4°, IV) e no roubo circunstanciado (CP, art. 157, P.2°, II). CRIMES DE SUBJETIVIDADE PASSIVA ÚNICA: aquele em que consta no tipo penal uma única vítima. O caso da lesão corporal (CP, art. 129). CRIMES DE DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA: aqueles em que o tipo penal prevê a existência de duas ou mais vítimas, tal como se dá no aborto sem o consentimento da gestante, em quese ofendem a gestante e o feto (CP, art. 125), e na violação de correspondência, na qual são vitimas o remetente e o destinatário (CP, art. 151). CRIMES DE DANO OU DE LESÃO: aqueles cuja consumação somente se produz com a efetiva lesão do bem jurídico. Ex.: homicídio (CP, art. 129) e dano (CP, art. 163). CRIMES DE PERIGO: aqueles que se consumam com a mera exposição do bem jurídico penalmente tutelado a uma situação de perigo, ou seja, basta a probabilidade de dano. Subdivide-se em: a) Perigo abstrato, presumido ou de simples desobediência: consuma-se com a prática da conduta, automaticamente. Não se exige a comprovação da produção da situação de perigo. Ao contrário, há presunção absoluta (juris et de iure) de que determinadas condutas acarretam perigo aos bens jurídicos. É o caso do tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33, caput). Esses crimes estão em sintonia com a CF, mas devem ser instituídos pelo legislador com parcimônia, evitando- se a desnecessária inflação legislativa; b) Perigo concreto: consuma-se com a efetiva comprovação, no caso concreto, da ocorrência da situação de perigo. É o caso do crime de perigo para a vida ou saúde de outrem (CP, art. 132); c) Perigo Individual: atingem uma pessoa ou um número determinado de pessoas, tal como no perigo de contagio venéreo. (CP, art. 130); d) Perigo comum ou coletivo: atingem um número determinado de pessoas, como no caso da explosão criminosa (CP, art. 251); e) Perigo atual: o perigo está ocorrendo no momento. Ex.: abandono de incapaz (CP, art. 133); f) Perigo Iminente: o perigo está prestes a ocorrer; g) Perigo futuro ou mediato: a situação de perigo decorrente da conduta se projeta para o futuro, como no porte ilegal de arma de fogo permitido ou restrito (Lei 10.826/2003, arts. 14 e 16), autorizando a criação de “tipos penais preventivos”. CRIMES UNISSUBSISTENTES: são aqueles cuja conduta se revela mediante um único ato de execução, capaz por si só de produzir a consumação, tal como nos crimes contra a honra praticados com o emprego da palavra. Não admitem a tentativa, pois a conduta não pode ser fracionada, e, uma vez realizada, acarreta automaticamente na consumação. CRIMES PLURISSUBSISTENTES: são aqueles cuja conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, os quais devem somar-se para produzir a consumação. É o caso do homicídio praticado por diversos golpes de faca. É possível a tentativa justamente em virtude da pluralidade de atos executórios. CRIMES COMISSIVOS OU DE AÇÃO: são os praticados mediante uma conduta positiva, um fazer, tal como se dá no roubo (CP, art. 157). Nessa categoria, se enquadra a ampla maioria dos crimes. CRIMES OMISSIVOS OU DE OMISSÃO: são os cometidos por meio de uma conduta negativa, de uma inação, de um não fazer. subdivide-se em: a) Omissivos próprios ou puros: essa está contida no tipo penal, ou seja, a descrição da conduta prevê a realização do crime por meio de uma conduta negativa. Não há previsão legal do dever jurídico de agir, de forma que o crime pode ser praticado por qualquer pessoa que se encontre na posição indicada pelo tipo penal. Nesses casos, o omitente não responde pelo resultado naturalístico eventualmente produzido, mas somente pela omissão. Ex.: omissão de socorro (art. 135, CP). Os omissivos próprios são unissubsistentes, isto é, a conduta é composta de um único ato. Como decorrência, não admitem a forma tentada; b) Omissivos impróprios, espúrios ou COMissivos por OMIssão: tipo penal que aloja em sua descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão do agente, que descumpre seu dever jurídico de agir, acarreta a produção do resultado naturalístico e a sua consequente responsabilização penal. As hipóteses do dever jurídico de agir foram previstas no art. 13, P2°, CP. Tais crimes entram também na categoria dos “próprios”, uma vez que somente podem ser cometidos por quem possui o dever jurídico de agir. São ainda crimes materiais, pois o advento do resultado naturalístico é imprescindível à consumação do delito, e admitem a tentativa, pelo fato de serem plurissubsistentes; c) OMIssivos por COMIssão: há uma ação provocada da omissão. Ex.: o funcionário público responsável por uma repartição impede que uma funcionária subalterna, com problemas de saúde, seja socorrida, e ela vem a falecer. Essa categoria não é reconhecida por grande parte da doutrina. d) Omissivos “quase impróprios”: ignorada pelo direito penal brasileiro, diz respeito aos crimes em que a omissão não produz uma lesão ao bem jurídico, como nos crimes omissivos próprios, mas apenas im perigo, que podem ser abstrato ou concreto, tutela-se um bem jurídico naturalístico (ex.: a vida humana), ao passo que, nos casos de perigo abstrato, busca-se a proteção de um bem jurídico normativo (ex.: uma obrigação jurídica); CRIMES DE CONDUTA MISTA: aqueles em o tipo penal é composto de duas fases distintas, uma inicial e positiva, outra final e omissiva, a exemplo da apropriação de coisa achada, definida pelo artigo 169, parágrafo único, II do CP. CRIMES DE FORMA LIVRE: aqueles que admitem qualquer meio de execução. É o caso da ameaça (art. 147, CP), que pode ser cometida com emprego de gestos, palavras, escritos, símbolos, etc. CRIMES DE FORMA VINCULADA: aqueles em que podem ser executados pelos meios indicados no tipo penal. É o caso do crime de contágio venéreo (art. 130, CP), que somente admitem relações sexuais ou atos libidinosos. CIRMES MONOOFENSIVOS: são aqueles que ofendem um único bem jurídico. É o caso do furto (art. 155, CP), que viola o patrimônio. CRIMES PLURIOFENSIVOS: são aqueles que dois ou mais bens jurídicos. Tal como o latrocínio (art. 157, parágrafo 3°, parte final, CP), que afronta a vida e o patrimônio. CRIME ÍMPETO: é o cometido sem premeditação, como decorrência de reação emocional repentina, tal como no homicídio privilegiado, praticado pelo agente sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vitima (art. 121, parágrafo 1°, CP). Normalmente, esses são crimes passionais (movidos pela paixão). CRIMES TANSEUNTE OU DE FATO TRANSOTÓRIO: aqueles em que não deixam vestígios materiais, como no caso dos delitos praticados verbalmente (ameaça, desacato, injúria, calúnia, difamação, etc.). CRIME EXAURIDO: aquele em que, depois de já alcançada a consumação, insiste na agressão ao bem jurídico. Não caracteriza novo crime, constituindo-se em desdobramento de uma conduta perfeita e acabada. ou seja, é o delito que, depois de consumado, alcança suas consequências finais, as quais podem configurar um indiferente penal, como no falso testemunho (art. 342, CP), que se torna exaurido com o encerramento do julgamento relativo a este crime, ou então condição de maior punibilidade, como ocorre na resistência (art. 329, CP), em que a não execução do ato da ensejo à forma qualificada do crime. CRIMES À DISTÂNCIA (OU CRIMES DE ESPAÇO MÁXIMO): aqueles cuja conduta e resultado ocorrem em países diversos. No tocante ao lugar do crime, artigo 6° do CP acolheu a teoria mista ou de ubiquidade. CRIMES NÃO TRANSEUNTES OU DE FATO PERMANENTE: aqueles que deixam vestígios materiais, tais como o homicídio (art. 121, CP) e as lesões corporais (art. 129, CP). Nos crimes não transeuntes, a falta de exame de corpo de delito leva à nulidade da ação penal, enquanto nos delitos transeuntes não se realiza a perícia (art. 158 e 164, III, “b”, CPP). CRIMES PLURILOCAIS: aqueles cuja conduta e resultado se desenvolvem emcomarcas diversas, sediadas no mesmo país. Emrelação às regras de competências, o art. 70 do CPP dispõe que, nesse caso, será competente para o processo e julgamento do crime o juízo do local em que se operou a consumação, mas existem exceções legais e jurisprudenciais. CRIMES EM TRÂNSITO: aqueles em que somente uma parte da conduta ocorre em um país, sem lesionar ou expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas que nele vivem. Ex.: “A” da argentina, envia para os Estados Unidos uma missiva com ofensas a “B”, e essa carta passa pelo território brasileiro. CRIMES INDEPENDENTES: aqueles que não apresentam nenhuma ligação com os outros delitos. CRIMES CONEXOS: são os que estão interligados entre si. Essa conexão pode ser penal ou processual penal. A conexão material ou penal, que nos interessa, divide-se em: a) Teleológica ou Ideológica: crime é praticado para assegurar a execução de outro delito; b) Consequencial ou causal: crime é cometido para assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de outro delito. Essas duas espécies de conexão têm previsão legal. Funcionam como qualificadoras no crime de homicídio (art. 121, p2°, V,CP) e como agravantes genéricas nos demais crimes (art. 611, II, alínea “b”, CP). CRIMES OCASIONAL: praticado como consequência da ocasião, da oportunidade proporcionada por outro delito. O agente responde por ambos os crimes, em concurso material. Cuida-se da criação doutrinária e jurisprudencial, sem amparo legal. CRIMES CONDICIONADOS: Crimes condicionados são aqueles em que a inauguração da persecução penal depende de uma condição de procedibilidade. É o caso da ameaça, de ação penal pública condicionada à representação do ofendido ou de seu representante legal (CP, art. 147). Anote- se que a legislação penal indica expressamente a condição de procedibilidade, quando necessária, pois a ausência de menção direta acarreta a conclusão de tratar-se de crime de ação penal pública incondicionada CRIMES INCONDICIONADOS: são aqueles em que a instauração da persecução penal é livre. Constituem a ampla maioria de delitos no Brasil. O Estado pode iniciá-la sem nenhuma autorização, como ocorre no crime de homicídio, de ação penal pública incondicionada. CRIMES DE CIRCULAÇÃO: É o praticado com o emprego de veículo automotor, a título de dolo ou de culpa, com a incidência do CP ou do CTB (Lei 9.503/1997). CRIME DE ATENTADO OU DE EMPREENDIMENTO: É aquele em que a lei pune de forma idêntica o crime consumado e a forma tentada, isto é, não há diminuição da pena em face da tentativa. É o caso da evasão mediante violência contra a pessoa (art. 352 do CP). CRIME DE OPINIÃO OU DE PALAVRA: É o cometido pelo excesso abusivo na manifestação do pensamento, seja pela forma escrita, seja pela forma verbal, tal como ocorre no desacato (art. 331 do CP) CRIME MULTITUDINÁRIO: É aquele praticado pela multidão em tumulto. A lei não diz o que se entende por "multidão", razão pela qual sua configuração deve ser examinada no caso concreto. Exemplo: agressões praticadas em um estádio por torcedores de um time de futebol. No Direito Canônico da Idade Média, exigiam- se ao menos 40 pessoas CRIME VAGO: É aquele em que figura como sujeito passivo uma entidade destituída de personalidade jurídica, como a família ou a sociedade. Exemplo: tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/2006), no qual o sujeito passivo é a coletividade. CRIME INTERNACIONAL: É aquele que, por tratado ou convenção devidamente incorporado ao ordenamento jurídico pátrio, o Brasil se comprometeu a evitar e punir, tal como o tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual (art. 231 do CP) CRIME DE MERA SUSPEITA, SEM AÇÃO OU DE MERA POSIÇÃO: Nesse crime o agente não realiza conduta penalmente relevante, mas é punido pela suspeita despertada pelo seu modo de agir. Essa modalidade, idealizada na Itália por Vicenzo Manzini, não encontrou amparo seguro na doutrina. No Brasil, ainda que de forma temerária, pode ser apresentada como exemplo a contravenção penal tipificada pelo art. 25 do Decreto-lei 3.688/1941 - LCP (posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto) CRIME INOMINADO: Delineado pelo uruguaio Salvagno Campos, é o que ofende regra ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal, embora não definido em lei como infração penal. Não pode ser aceito, haja vista que o princípio da reserva legal veda a analogia in malam partem em âmbito criminal. CRIME HABITUAL: É o que somente se consuma com a prática reiterada e uniforme de vários atos que revelam um criminoso estilo de vida do agente. Cada ato, isoladamente considerado, é atípico. Com efeito, se cada ato fosse típico, restaria configurado o crime continuado ou então o concurso material, dependendo da situação concreta. Exemplos: exercício ilegal da medicina e curandeirismo (arts. 282 e 284 do CP, respectivamente). CRIME PROFISSIONAL: É o crime habitual, quando cometido com finalidade lucrativa. Exemplo: rufianismo (art. 230 do CP). QUASE CRIME: É o nome doutrinário atribuído ao crime impossível (art. 17 do CP) e à participação impunível (art. 31 do CP). Na verdade, inexiste crime. CRIME SUBSIDIÁRIO: É o que somente se verifica se o fato não constitui crime mais grave. É o caso do dano (art. 163 do CP), subsidiário em relação ao crime de incêndio (art. 250 do CP). Para Nélson Hungria: este crime funciona como "soldado de reserva". CRIME HEDIONDO: É todo aquele que se enquadra no rol do artigo 1º da Lei 8.072/1990, na forma consumada ou tentada. Adotou-se um critério legal: crime xxxxxxxx é aquele que a lei define como xxxxxxxx, independentemente da discussão sobre sua gravidade. CRIME DE EXPRESSÃO: É o que se caracteriza pela existência de um processo intelectivo interno do autor. Exemplo: falso testemunho (art. 342 do CP), no qual a conduta tipificada não se funda na veracidade ou na falsidade objetiva da informação, mas na desconformidade entre a informação e a convicção pessoal do seu autor. CRIME DE INTENÇÃO: É aquele em que o agente quer e persegue um resultado que não necessita ser alcançado para a consumação, como se dá na extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP). CRIME DE TENDÊNCIA OU DE ATITUDE PESSOAL: É aquele em que a tendência afetiva do autor delimita a ação típica, ou seja, a tipicidade pode ou não ocorrer em razão da atitude pessoal e interna do agente. Exemplos: toque do ginecologista na realização do diagnóstico, que pode configurar mera atuação profissional ou, então, algum crime de natureza sexual, dependendo da tendência (libidinosa ou não), bem como as palavras dirigidas contra alguém, que podem ou não caracterizar o crime de injúria em razão da intenção de ofender a honra ou de apenas criticar ou brincar. CRIMES MUTILADOS DE DOIS ATOS OU TIPOS IMPERFEITOS DE DOIS ATOS: É aquele em que o sujeito pratica um delito, com a finalidade de obter um benefício posterior. Ex.: falsidade para cometer outro crime CRIME DE AÇÃO VIOLENTA: É o cometido mediante o emprego de violência contra a pessoa ou grave ameaça, como no caso do roubo (art. 157 do CP) CRIME DE AÇÃO ASTUCIOSA: É o praticado por meio de fraude, engodo, tal como no estelionato (art. 171 do CP) CRIME FALHO: É a denominação doutrinária atribuída à tentativa perfeita ou acabada. CRIME PUTATIVO, IMAGINÁRIO OU ERRONEAMENTE SUPOSTO: É aquele em que o agente acredita realmente ter praticado um crime, quando na verdade cometeu um indiferente penal. Trata-se de um "não crime" Se divide em três espécies: a) crime putativo por erro de tipo; b) crime putativo por erro de proibição ou delito poralucinação; c) crime putativo por obra do agente provocador (Súmula 145 do STF). CRIME PUTATIVO POR ERRO DO TIPO: 1. Caçador, atira na direção de um arbusto, imaginando atingir em animal, mas acaba por matar um mendigo que lá estava dormindo. Ou seja, o agente imagina estar agindo licitamente, pois ignora a presença da elementar "alguém" do tipo penal descrito no artigo 121 do Código Penal , praticando assim fato típico sem querer. Aplicável ao caso o previsto no artigo 20 , CP : O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 2. Atira-se em pessoa que já estava morta. Ou seja, o agente, imaginando agir ilicitamente, ignora a ausência de uma elementar e pratica fato atípico, sem querer. Temos, no caso, um crime impossível por impropriedade absoluta do objeto, ou seja, um delito putativo por erro de tipo, cuja solução penal encontra-se no artigo 17 do Código Penal que dispõe: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. CRIME PUTATIVO POR ERRO DE PROIBIÇÃO OU DELITO POR ALUCINAÇÃO: EX: PAI QUE TEM RELAÇÃO SEXUAL COM A FILHA. TER RELAÇÃO SEXUAL COM A FILHA NÃO É CRIME. VALE DIZER, O ERRO DE FAZER "O PROIBIDO" POR LEI, DESENCADEIA UM QUADRO MENTAL PARANÓICO NO AGENTE. IMORAL NÃO SE CONFUNDE COM ILEGAL. CRIME PUTATIVO POR OBRA DO AGENTE PROVOCADOR: (Súmula 145 do STF). FLAGRANTE ESPERADO. Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. POLICIAL DE PASSA POR USUÁRIO E INDUZ ALGUEM A VENDER DROGA PARA PODER PRENDE-LO EM FLAGRANTE = CRIME IMPOSSÍVEL!!!!! SO QUI NO BRAZA MESMO!!! CRIME REMETIDO: É o que se verifica quando sua definição típica se reporta a outro crime, que passa a integrá-lo, como no uso de documento falso ("fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302" - art. 304 do CP). CRIMES DE RESPONSABILIDADE: Dividem-se em próprios (são, na verdade, crimes comuns) e impróprios (infrações político-administrativas). Esses últimos são apreciados pelo Poder Legislativo, e a sua prática redunda na imposição de sanções políticas CRIME OBSTÁCULO: É aquele que retrata atos preparatórios tipificados como crime autônomo pelo legislador. É o caso da associação criminosa (art. 288 do CP) e dos petrechos para falsificação de moeda (art. 291 do CP). CRIME PROGRESSIVO: É aquele que, para ser cometido, o agente deve violar outra lei penal, a qual tipifica crime menos grave, chamado de crime de ação de passagem. Em síntese, o agente, pretendendo desde o início produzir o resultado mais grave, pratica sucessivas violações ao bem jurídico. Com a adoção do princípio da consunção para solução do conflito aparente de leis penais, o crime mais grave absorve o menos grave. Exemplo: relação entre homicídio e lesão corporal. PROGRRESSÃO CRIMINOSA: Verifica- se quando ocorre mutação no dolo do agente, que inicialmente realiza um crime menos grave e, após já alcançada a consumação, decide praticar outro delito de maior gravidade. Há dois crimes, mas o agente responde por apenas um deles, o mais grave, em face do princípio da consunção. CRIMES DE IMPRESSÃO: Nos dizeres de Mário O. Folchi são aqueles que provocam determinado estado de ânimo na vítima. Dividem-se em: a) crimes de inteligência: são praticados mediante o engano, como o estelionato (art. 171 do CP); b) crimes de vontade: recaem na vontade do agente quanto à sua autodeterminação, como o sequestro (art. 148 do CP); e c) crimes de sentimento: são os que incidem nas faculdades emocionais, tal como a injúria (CP, art. 140).12 CRIME MILITAR: São os tipificados pelo CPM (Decreto-lei 1.001/1969). Subdividem-se em próprios e impróprios: a) Crimes militares próprios (ou puramente militares) são os definidos exclusivamente pelo Código Penal Militar.13 Exemplo: deserção (art. 187 do CPM); b) Por outro lado, crimes militares impróprios são os que encontram previsão legislativa tanto no CPM como no CP comum, tais como furto, roubo, estupro e homicídio. Podem ser ainda crimes militares em tempo de paz (art. 9º do CPM) e crimes militares em tempo de guerra (art. 10 do CPM). CRIMES FALIMENTARES: São os tipificados pela Lei de Falências (Lei 11.101/2005). Podem ser ante ou pós- falimentares, conforme sejam praticados antes ou depois da sentença declaratória da falência; ou ainda próprios ou impróprios, se forem cometidos pelo falido ou por outra pessoa (exemplo: administrador judicial, contador etc.). CRIMES FUNCIONAIS OU DELICTA IN OFFICIO: São aqueles cujo tipo penal exige seja o autor funcionário público.14 Dividem-se em próprios e impróprios. Crimes funcionais próprios são aqueles em que a condição de funcionário público, no tocante ao sujeito ativo, é indispensável à tipicidade do fato. A ausência desta condição conduz à atipicidade absoluta, tal como ocorre na corrupção passiva e na prevaricação (arts. 317 e 319 do CP, respectivamente). Nos crimes funcionais impróprios, ou mistos, se ausente a qualidade funcional, opera-se a desclassificação para outro delito. CRIMES PARCELARES: São os crimes da mesma espécie que compõem a série da continuidade delitiva, desde que presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 71, caput, do CP. Com efeito, o ordenamento penal brasileiro filiou-se, no campo do crime continuado, à teoria da ficção jurídica, razão pela qual os diversos delitos (parcelares) são considerados, para fins de aplicação da pena, como um único crime. CRIMES DE HERMENÊUTICA: São os que resultam unicamente da interpretação dos operadores do Direito, pois na situação concreta não existem provas, nem sequer indícios consistentes, da prática de um fato legalmente descrito como criminoso. A expressão "crimes de hermenêutica" foi idealizada por Rui Barbosa. CRIMES DE RUA, CRIMES DO COLARINHO BRANCO E CRIMES DO COLARINHO AZUL: Crimes de rua são os praticados pelas pessoas de classes sociais desfavorecidas, a exemplo dos furtos executados por miseráveis, andarilhos e mendigos. Estes delitos são cometidos aos olhos da sociedade, em locais supervisionados pelo Estado (praças, parques, favelas etc.), e por esta razão são frequentemente objeto das instâncias de proteção (Polícia, Ministério Público e Poder Judiciário). Quando ficam alheios ao conhecimento do Poder Público, integram as cifras negras do Direito Penal. Os crimes de rua se contrapõem aos "crimes do colarinho branco" (white collar crime), cometidos por aqueles que gozam e abusam da elevada condição econômica e do poder daí decorrente, como é o caso dos delitos contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/1986), de lavagem de capitais (Lei 9.613/1998) e contra a ordem econômica (Lei 8.176/1991), entre tantos outros. Nesses crimes socioeconômicos, surgem as "cifras douradas do Direito Penal", indicativas da diferença apresentada entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida e enfrentada pelo Estado. Raramente existem registros envolvendo delitos desta natureza, inviabilizando a persecução penal e acarretando a impunidade das pessoas privilegiadas no âmbito econômico. De fato, em tais crimes o Poder Público pouco interfere, pois são praticados em locais privados (escritórios, restaurantes de luxo, casas, apartamentos etc.), resultando no desconhecimento pelo Estado e, consequentemente, na ausência do correspondente registro para viabilizar a persecução penal. Se os crimes econômicos são etiquetados como crimes do colarinho branco, os crimes de rua são rotulados comocrimes do colarinho azul: aqueles fazem alusão às finas camisas utilizadas pelos executivos das grandes empresas, enquanto estes se referem à cor dos macacões utilizados pelos operários norte-americanos da década de 1940. Esta última nomenclatura foi utilizada no STF, pelo Min. Luiz Fux, no julgamento do "Mensalão" (Ap 470/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, Plenário, j. 27.08.2012) CRIME LILIPUTIANO “CRIME ANÃO” OU “CRIME VAGABUNDO”: É o nome doutrinário reservado às contravenções penais. Esta terminologia tem origem no livro Viagens de Gulliver, do inglês Jonathan Swift, no qual o personagem principal viaja por um mundo imaginário, e em sua primeira jornada vai a Liliput, terra em que os habitantes medem apenas 15 (quinze) centímetros de altura. Na verdade, não há crime (ou delito), em face da regra contida no art. 1º do Decreto-lei 3.914/1941 - LICP. Kamile
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