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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PSICOLOGIA GABRIEL DE SOUZA ANÁLISE COMPORTAMENTAL DO PSICOPATA COM PERFIL NARCISISTA NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL CRICIÚMA 2021 GABRIEL DE SOUZA ANÁLISE COMPORTAMENTAL DO PSICOPATA COM PERFIL NARCISISTA NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Psicólogo no curso de Psicologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador: João Luiz Brunel CRICIÚMA 2021 GABRIEL DE SOUZA ANÁLISE COMPORTAMENTAL DO PSICOPATA COM PERFIL NARCISISTA NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Psicólogo, no Curso de Psicologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Saúde e Processos Psicossociais. Criciúma, 22 de junho de 2021 BANCA EXAMINADORA Prof. Me. João Luiz Brunel Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC – Orientador Profª. Meª. Rosimeri Vieira da Cruz de Souza Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL Profª. Meª. Cibele da Silva Lucion Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC Dedico – me a este trabalho, pois, frente a todos os desafios vividos em minha jornada acadêmica, persiste, enfrentei e superei meus medos para o êxito do mesmo. Ao meu orientador, que conduziu o trabalho com paciência e dedicação, sempre disponível e disposto a compartilhar todo o seu amplo conhecimento. AGRADECIMENTOS Agradeço afetuosamente a minha família, amigos e colegas de trabalho, que de forma direta ou indiretamente me auxiliaram e contribuíram para o êxito deste trabalho, em especial a minha ex-chefe pela inspiração do tema, a minha avó Terezinha que sempre manteve – se ao meu lado; ao meu companheiro Higor, pelo apoio incondicional de sempre; a minha mãe Sandra, pela inspiração diária e ao professor João Luiz Brunel, que acompanhou e orientou o projeto, dando todo o suporte e ensinamentos necessários. "Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro." Sigmund Freud “Psicopatas não vão ao trabalho, eles vão à caça” SILVA, 2014, p.102. RESUMO O psicopata é conhecido por possuir um comportamento nocivo podendo trazer implicações no âmbito organizacional. O objetivo central deste trabalho é analisar as repercussões psicossociais que este apresenta no âmbito organizacional. Para a realização da análise utilizou-se a revisão de literatura de cunho exploratório por meio de livros, artigos e monografias de autores que abordam a temática, para compreender as características do narcisismo no psicopata corporativo. Sob essa ótica, esse perfil inerente, é muito mistificado sob o olhar leigo das corporações. As exigências das empresas e da sociedade atual, está favorecendo para o crescimento deste perfil, tornando- os efetivos. Quando o psicopata é identificado, já percebesse o vasto dano deixado no meio corporativo, dano esse podendo ser mensurado através do turnover e absenteísmo. Palavras – chave: Psicopatia. Psicopata corporativo. Comportamento. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 10 1.1 TEMA ..................................................................................................... 11 PROBLEMA ..................................................................................................... 11 OBJETIVOS ..................................................................................................... 11 1.4. Objetivo Geral ........................................................................................... 11 1.4.1 Objetivos Específicos .............................................................................. 11 2 METODOLOGIA ..................................................................................... 12 2.1 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .......... 12 2.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ................................................................... 12 2.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO .................................................................. 13 2.4 AMOSTRA .................................................................................................. 13 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 14 3.1 PSICOPATIA E TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL .. 14 3.2 CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO ............................................................... 16 3.3 CARACTERÍSTICAS NARCISISTAS NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL ... 17 3.4 ASPECTOS COMPORTAMENTAIS DO PSICOPATA NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL ......................................................................................... 18 3.5 PSICOPATA NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL .................................... 23 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS .................................................. 25 4.1 PERFIL DO PSICOPATA NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL ..................... 25 4.2 CARACTERÍSTICAS DO NARCISISMO NO PSICOPATA ORGANIZACIONAL ......................................................................................... 26 4.3 REPERCUSSÕES DO PSICOPATA NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL .... 27 5 CONCLUSÃO ................................................................................................ 30 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 31 10 1 INTRODUÇÃO Tendo em vista que o ambiente organizacional é constituído por pessoas de uma diversidade cultural, e que, apresentam características comportamentais que refletem diretamente na parte processual do seu trabalho, onde buscam – se conquistar seu espaço e fazer sua carreira dentro da empresa, a pesquisa visa identificar de forma específica, as características comportamentais de um perfil psicopático narcisista. A demanda da pesquisa surgiu através da necessidade de explorar mais o perfil de um psicopata narcisista dentro da área organizacional, pois, ao longo de toda a trajetória acadêmica, estuda – se inúmeras patologias de forma mais ampla, visando identificar os prejuízos cognitivos e sociais, possíveis causas e tratamentos, sem o apresentar em uma situação cotidiana. O psicopata é conhecido por possuir um complexo distúrbio de personalidade e é definido como alguém com comportamento assertivo e extremamente extrovertido. Existem alguns tipos de perfis de psicopatia, porém, a pesquisa visa investigar e analisar com o enfoque no perfil narcisista. Todos encontram – se vulneráveis a um psicopata, pois ele pode se apresentar de forma charmosa e com personalidade marcante, cheio de encantos e inteligência, esses sujeitos em geral tem uma carreira de sucesso, costumam conquistar as pessoas logo no primeiro contato, sempre com bons argumentos, tendem a ter uma presença relevante e envolvente, sempre deixando uma boa impressão por onde passam, até que seja revelada a sua verdadeira identidade. Possui comportamento determinado e focado, apresentando uma forte característica de analisar profundamente as pessoas para usar a seu favor. Mesmo o psicopata apresentando características marcantes, ainda pouco se sabe do comportamento do mesmo. Sendo assim, a pesquisa busca identificar os princípios comportamentais da psicopatia no âmbito organizacional.11 1.1 TEMA Análise comportamental do psicopata no âmbito organizacional. PROBLEMA Quais são as implicações psicossociais que o Psicopata apresenta no âmbito organizacional? OBJETIVOS 1.4. Objetivo Geral Pesquisar os princípios comportamentais da psicopatia no âmbito organizacional. 1.4.1 Objetivos Específicos ● Identificar o perfil do psicopata no âmbito organizacional; ● Compreender as características do narcisismo no psicopata organizacional; ● Verificar as repercussões do psicopata no âmbito organizacional. 12 2 METODOLOGIA Para a realização da pesquisa utilizou - se da revisão de literatura que permite identificar, conhecer e acompanhar o desenvolvimento de determinado campo de conhecimento, sendo assim, aderiu – se dos conceitos da pesquisa bibliográfica que tem como objetivo reunir as informações e dados que serviram de base para a construção da investigação a partir do tema. Para isso, dispuser de fontes secundárias, como artigos, livros e monografias, obtendo o conteúdo necessário para a execução deste trabalho. A abordagem qualitativa tem como identidade o reconhecimento da existência de uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, de uma interdependência viva entre sujeito e objeto e de uma postura interpretativa, constituindo-se como um campo de atividade que possui conflitos e tensões internas (RAMIRES; PESSÔA, 2013). 2.1 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Por meio de levantamentos na base de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Google Acadêmico, Science.gov e Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD). Foram utilizados como ferramenta de coleta de dados, por meio de busca como: Psicopata corporativo. As informações foram buscadas por meio de artigos, livros e monografias que abordam o comportamento do psicopata nas organizações. 2.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO A partir dos artigos relacionados ao tema de interesse, fez se necessário buscar fundamentações adequadas para a realização da natureza bibliográfica do trabalho. Tendo como finalidade, apresentar conteúdos referentes aos objetivos específicos: Identificar o perfil do psicopata no âmbito organizacional, compreender as características do narcisismo no psicopata organizacional e verificar as repercussões do psicopata no âmbito organizacional. O procedimento de coleta de dados envolveu a pesquisa em livros, artigos e monografias. Foram selecionados artigos em língua portuguesa e um livro em língua inglesa. 13 2.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Foram excluídos os estudos que não estavam relacionados ao comportamento do psicopata no âmbito organizacional e os que tinham conteúdos repetitivos. 2.4 AMOSTRA Quanto à amostra, os artigos selecionados foram por meio do tema referido, por meio de uma seleção dos artigos, livros e monografias encontradas nos bancos de dados. Selecionando somente os artigos que fazem jus ao tema proposto. Os arquivos utilizados possuem um período que varia entre 2000 e 2019, sendo eles os mais atualizados até então encontrados. Devido a repetição de conteúdo, foram utilizados quatro livros, três monografias e onze artigos. Foram usados para a pesquisa os seguintes descritores: Psicopata - Psicopata Corporativo – Comportamento – Liderança - Narcisismo. 14 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 PSICOPATIA E TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL Segundo o DSM – 5 (2014), a psicopatia é classificada como Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS), tende a apresentar uma alta potencialização na arte da manipulação e falsidade, apresentando também uma aparência sedutora e marcante, tendo sempre bons argumentos e falas que enaltecem sua inteligência, não apresenta empatia. De acordo com o DSM - 5 (2014), os critérios diagnósticos para TPAS são: Critérios Diagnósticos para 301.7 Transtorno da Personalidade Antissocial (F60.2) A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes: 1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção. 2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal. 3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro. 4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas. 5. Descaso pela segurança de si ou de outros. 6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras. 7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas. B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade. C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de idade. D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou transtorno bipolar. 15 Para Soeiro; Gonçalves (2010 (apud Costa 2019), os traços de personalidade referem-se a relações interpessoais defeituosas ou uma incapacidade fundamental para amar ou para estabelecer amizades verdadeiras, inexistência de intuição própria, ausência de culpa ou vergonha e, por último, uma fachada de competência e maturidade que mascaram uma inconsistência geral e a incapacidade para ser digno de confiança. As características que evidenciam o perfil dos psicopatas são: charme superficial, inteligência, não sentem se nervosos em nenhuma ocasião, não confiam em ninguém, são desleais, não sofrem delírios ou outros sinais de pensamento irracional, não sentem remorso, incapazes de aprender com as experiências vividas, não sentem amor, compaixão ou afeição a nenhuma pessoa ou animal (GENOVEZ; LEMOS; SARDINHA, 2019). Segundo Silva (2014 apud TURRIONI; SILVA, 2016), existem dois tipos de psicopatas, sendo um deles o que comete os crimes hediondos e tem ações de crueldade, subjugando suas vítimas a dor, terror e sofrimento. Assim, como também se tem o psicopata que encontra – se no ambiente organizacional, com ações dissimuladas, pronto para fazer o que for preciso para atingir seus objetivos e metas, de forma fria e calculista. De acordo por Sina (2017), muitas vezes as pessoas confundem a psicopatia com a sociopatia, e mesmo que ambos sejam classificados como TPAS e apresentarem características parecidas, não são iguais. O sociopata é capaz de sentir culpa e remorso, são menos organizados e possuem mais propensão a cometer crimes espontaneamente, tornando – se mais explosivos, são capazes de formar ligações emocionais profundas, como com amigos e familiares. Diferentemente do psicopata, que não apresenta nenhum tipo de vínculo emocional, total desprezo pelas pessoas, falta de empatia e de sentir culpa ou remorso, sendo frios e mantendo sempre o controle emocional e físico. O psicopata é um sujeito “egocêntrico, grandioso, arrogante, enganador, manipulador, superficial, insensível, impulsivo, que busca sensações extremas, que prontamente viola normas e obrigações sociais, sem qualquer sentimento de vergonha, culpa ou remorso” (HARE; NEUMANN, 2005, p. 57, apud COSTA, 2019). 16 Segundo Hare (1991, apud GENOVEZ; LEMOS; SARDINHA, 2019), as principais características de um psicopata são a falta de empatia, não sentimento de culpa, mentiras, trapaças, manipulações, dificuldade em cumprir normas sociais e impulsividade, sendo que o mesmo que não é considerado um TPAS, apresenta características mais amplas como além da falta de empatia, arrogânciae vaidade excessiva, assim fica claro que indivíduos que apresentam TPAS têm maior predisposição a psicopatia. 3.2 CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO Organização empresarial, é quando um grupo visa de forma específica um objetivo, sendo composta de funções e com uma estrutura organizacional hierárquica, legal e que pode ter ou não fins lucrativos, sendo pautada pela lógica e pela racionalidade, garantindo que os processos de gestão ocorram com clareza e transparência. (BONDARIK; CARVALHO; PILATTI, 2005), as organizações empresariais são, portanto, consideradas essenciais para a existência em sociedade e para o desenvolvimento humano. Não poderíamos imaginar uma sociedade complexa como nos é apresentada à sociedade ocidental ou mesmo considerar a existência de uma cultura ocidental sem a existência das organizações empresariais. De acordo com Balducci; Kanaane (2007, apud TURRIONI; SILVA, 2016), o clima organizacional é um reflexo da junção entre a cultura organizacional e os valores individuais dos colaboradores. Organizações com clima organizacional negativo e inadequado sofrem problemas, tais como, baixa motivação, depressão, apatia, sentimentos que podem prejudicar a saúde física e mental do colaborador levando a queda de produtividade, por isso, a necessidade de manutenção do clima positivo. Segundo Torres (2012), às organizações não funcionam sozinhas, necessitam das pessoas para dirigi-las, impulsioná-las e dinamizá-las. As organizações dependem das pessoas e estas constituem a unidade básica das organizações. No entanto, a variabilidade humana é enorme e cada pessoa é um fenômeno multidimensional, sujeito à influência de muitas variáveis. À medida que as organizações aumentam os recursos, o número de pessoas e os níveis hierárquicos também aumentam sendo diretamente 17 proporcional o distanciamento entre as pessoas. Esta distância pode despoletar o aparecimento de um conflito entre os objetivos pessoais e organizacionais, havendo diminuição de interações diretas entre o topo e a base da pirâmide. São cada vez mais complexas, sistemas vivos em constante dinâmica, segundo Chiavenato (2004, apud TORRES 2012). Sendo assim, o clima e a cultura organizacional estão diretamente ligados e relacionados com a produtividade dos colaboradores, assim como também com a saúde emocional e física, sendo um reflexo da junção entre a cultura organizacional e os valores individuais dos colaboradores (TURRIONI; SILVA, 2016). De acordo com a compreensão da personalidade psicopática e do que se trata uma organização, é perceptível que empresas que possuem o clima e a cultura de intrigas, que não possuem, missão, visão e valores bem definidos, assim como também que não pautam sua ética perante os colaboradores, que mascaram os assédios morais e não cobram postura adequada de seus profissionais, tendem a tornar fácil a atuação do psicopata corporativo (TURRIONI; SILVA, 2016). Segundo Sina (2017), as políticas de crescimento empresarial baseadas na teoria que os fins justificam os meios, as empresas com fraca estruturação administrativa, filosófica e ética tendem a fomentar as atitudes psicopáticas e supervalorizar colaboradores que surgem com soluções mágicas, capacidade de persuasão, controle das emoções e indiferença aos sentimentos alheios, características que aos psicopatas são inatas. 3.3 CARACTERÍSTICAS NARCISISTAS NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL O narcisismo é caracterizado pelo indivíduo com excesso do apreço de si mesmo, onde tendem a ter um padrão comportamental invasivo e de grandiosidade, com necessidade de admiração e falta de empatia. O sujeito com esse transtorno apresenta um sentimento grandioso de sua própria importância; superestimar suas capacidades e exageram suas realizações, parecendo orgulhoso ou arrogante. As características-chave do narcisista são, portanto: exibicionismo, vaidade, arrogância e autossuficiência, Raskin; Terry, (1988, apud COSTA, 2019). 18 O narcisismo é compreendido como o estágio no qual as pulsões parciais, até então isoladas reuniram-se numa unidade e simultaneamente acharam o ego como objeto. Segundo Freud (1914), o estado da libido deveria aplicar-se com exclusividade a expressão que Jung usa indiscriminadamente: introversão da libido. Os argumentos de Freud (1914), se baseiam numa ideia de aparelho psíquico regido pelo Princípio de Prazer que funciona sob a prerrogativa de um escoamento de excitação. Costa (2019), No entanto, o narcisismo vem sendo definido por um colapso entre uma identidade grandiosa e uma insegurança dissimulada. O narcisista parece enaltecer suas competências, mesmo quando se pode verificar que há um exagero. Seu reforço parece ser mais motivado por uma satisfação do ego do que por ganhos instrumentais ou materiais, como ocorre com o psicopata e com o maquiavélico. As características-chave do narcisista são, portanto: exibicionismo, vaidade, arrogância e autossuficiência, Raskin; Terry (1988, apud COSTA, 2019). De acordo com o DSM V (2014), às pessoas com esse transtorno creem ser superiores, especiais ou únicas e esperam que os outros as reconheçam como tal. Podem sentir que são somente compreendidas por outras pessoas especiais ou de condição elevada, e apenas com elas devem se associar, podendo atribuir qualidades como “únicas”, “perfeitas” e “dotadas” àquelas com quem se associam. Quando encontrados os traços narcísicos no líder em um âmbito organizacional, é perceptível tamanho crescimento hierárquico em pouco tempo. Sendo esse crescimento dado, devido ao seu poder de persuasão, manipulação e a necessidade de poder, onde, dedicam – se meticulosamente ao trabalho, visando sempre suas metas e objetivos pessoais, deixando seus momentos de “lazer” de lado em busca de um resultado mensurável e esplêndido (COSTA, 2019). 3.4 ASPECTOS COMPORTAMENTAIS DO PSICOPATA NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL Os psicopatas quando encontrados no âmbito organizacional, geralmente são identificados por apresentarem altos níveis de assertividade e 19 baixos índices de atenção, sendo-os vistos com simplicidade, altruísmo, complacência e modéstia, e buscam excitação nas atividades, refletindo positivamente em alta competência nas organizações, ordem, esforço e autodisciplina, assim como também, estilo de apresentação, criatividade, bom pensamento estratégico e capacidade de comunicação(SILVA, 2014, apud COSTA, 2019). Para Sina (2017), o cenário organizacional é favorável para pessoas com personalidade psicopática, eles buscam posições de liderança que oferecem bons salários, status e poder. Em um primeiro momento agem de forma habilidosa buscando contato com colegas que possam lhe trazer algum tipo de vantagem, depois de forma cínica disputam o poder sem qualquer escrúpulo e ética. Demolinari (2010) Os psicopatas costumam agir com muita habilidade no contexto empresarial. O número de psicopatas burocratas em cargos de liderança ou de “colarinho branco” é significativo. Um estudo feito por Babiak Hare (2006), demonstrou as táticas utilizadas por esses indivíduos para entrar no meio corporativo, com ações clínicas, inescrupulosas e antiéticas na disputa de cargos, salários e poder. Esse plano pode ser resumido em cinco etapas: Etapa I – Ingresso na empresa Essa fase corresponde às entrevistas, em que o psicopata mostra-se seguro, cativante e assertivo. Utiliza de todo seu potencial sedutor para atingir o objetivo único de impressionar o entrevistador e se parecer com uma pessoa perfeita para aquele cargo. Etapa II – Avaliação do ambiente Uma vez empregado, o psicopata procura descobrir, de forma rápida, quem tem voz ativa na empresa; quem são as pessoas que podem influenciar, ou seja, faz cuidadosamente o mapeamento do ambiente. Depois, constrói relações pessoais, por vezes até íntimas, com funcionários influentes.Etapa III – Manipulação De modo intencional, o psicopata espalha falsas informações para que seja visto de forma positiva perante a chefia, enquanto os demais sejam vistos de maneira negativa. Semeia desconfiança entre funcionários, fazendo o jogo da manipulação em que coloca um contra o outro, falando mal e difamando. 20 Mantém, com os demais, contatos individuais isolados e evita situações de reunião onde precisaria se posicionar perante o grupo. Etapa IV – Confrontação Depois de usar as pessoas em benefício de sua ascensão, o psicopata abandona aqueles que não podem ser mais úteis aos seus interesses; porém, estrategicamente, antes de abandonar, em geral, ele humilha suas vítimas. Dessa forma, as pessoas que foram exploradas são as que menos se dispõem a revelar sua experiência. Fase V: Ascensão Depois de colocar líderes e chefias uns contra os outros, e tirar proveito dessa situação, o cenário está vulnerável e propício para o golpe, que vem de forma quase natural. Nesse momento, geralmente o psicopata toma o lugar do seu superior, que costuma ser demitido ou rebaixado de cargo ou de função, (BABIAK; HARE, 2006). Quando encontrados em altos cargos, os psicopatas buscam lacunas nas leis para evitar e/ou reduzir impostos, sendo que sempre que for possível, tentam manipular os preços em busca de benefício próprio, sem preocupar – se com investidores e empregados. Geralmente envolvem as corporações em que estão empregados com práticas ilegais como com a parte financeira, contábil e administrativa, podendo vir a ter implicações futuras. São capazes de mentir e manipular em busca do atingimento de suas metas e objetivos pessoais, são extremamente articulados, podendo fraudar documentos, notas fiscais, e até mesmo cometer fraude absoluta contra a empresa com a qual presta serviço (COSTA, 2019). Os psicopatas estão sempre buscando os cargos como de liderança, gerência, diretoria, e isso se dá pois estão sempre na busca insaciável de poder, seja ele perante algo ou alguém. Quando o psicopata traz as características narcisistas no âmbito organizacional, eles tendem a trazer características como a inovação, a habilidade para atrair seguidores, a condução do negócio para ganhar poder e glória, sendo essa a imagem que traduz a concepção de grandes líderes, e que são elementos que podem torná-los bem-sucedidos no ambiente organizacional. Os altos traços de Narcisismo são mais evidentes em executivos que cometeram crimes do colarinho branco (SILVA, 2014, apud TURRIONI; SILVA, 2016). 21 As características de um psicopata podem ser facilmente confundidas com as necessidades impregnadas na empresa, pois, como possuem um grau de assertividade focado em resultados, uma agressividade para tomadas de decisões impopulares, habilidade para atuar sob fortes pressões, entre outras características que tornariam o candidato ideal para uma vaga de liderança, gestão ou cargo que possui um certo grau hierárquico maior (D’SOUZA et al., 2019). Segundo Costa (2019), o psicopata apresenta uma forte característica de delegar funções as quais exigem um trabalho mais pesado, investimento de tempo e necessidade real de dedicação, e isso se dá pela sua facilidade de persuadir, onde, com isso consegue mascarar – se e manipular os diversos níveis de organização, aparentando assim, que é um profissional dedicado, e consequentemente tendo mais tempo hábil para planejar seus objetivos. Sendo assim, para o psicopata não existe nada que sirva de empecilho para burlar regras, roubar e ou desmoralizar pessoas para conseguir seus objetivos, ele fará o que for necessário e sempre com um sorriso no rosto, preocupando – se apenas com a sua imagem, pois precisa estar acima de qualquer suspeita. Demolinari (2010), após tantas demonstrações de afeto, fica quase impossível não se render ao seu encanto. Aos poucos, o psicopata vai se infiltrando na vida de uma pessoa, fazendo parte do seu círculo de amizades, frequentando sua casa e aproveitando cada informação enquanto aguarda silenciosamente o momento do ataque. Estas são as premissas de um psicopata: seduzir, jogar e atacar. O psicopata que exerce uma função de liderança é uma pessoa que pode estar perfeitamente integrada às condições organizacionais da contemporaneidade. Sua aparente motivação, capacidade de assumir riscos e esconder habilidosamente suas fraquezas faz com que ele não apenas seja confundido com um líder eficaz (BABIAK; HARE, 2006), mas também que algumas de suas características sejam valorizadas no ambiente corporativo em geral. Sina (2017), os bancos são locais para o desenvolvimento dessa devastadora doença, já que os funcionários lidam com o poder que o dinheiro dá. Ou seja, os psicopatas quando citados no âmbito organizacional, sempre estará em destaque o seu desejo incontrolado pelo poder, assim como a sua 22 necessidade de competitividade, pois assim pode trabalhar com os seus jogos psicológicos e exacerbar toda a sua vaidade. Um ambiente em que os psicopatas gostam de transitar também, são as empresas que estimulam a concorrência entre os funcionários, trazendo assim, um ótimo cenário para o surgimento de novos predadores a fim de poderem chegar aonde querem. Sina (2017), o jogo do psicopata se alicerça na autopromoção baseada no esforço alheio, ou seja, subir a qualquer preço, nas costas de suas vítimas, sendo eles desprovidos de remorso, culpa e ou sentimento de empatia. Os comportamentos que podem gerar conflitos dentro de um ambiente organizacional, se tornam propícios para que o psicopata desenvolva suas atitudes. Ou seja, ele vai utilizar da discórdia e do desconforto encontrado no ambiente, para arrumar lacunas onde ele possa se promover em cima, excluindo que tais comportamentos negativos possam interferir na vida pessoal ou até mesmo no ambiente organizacional de terceiros. Os psicopatas são extremamente articulados, precisos e agem friamente em busca de suas satisfações pessoais (SILVA, 2008). Ou seja, os psicopatas além de terem todo o seu poder de persuasão, eles utilizam de seus conhecimentos da manipulação para sempre falarem o que as pessoas querem e precisam ouvir, se tornando verdadeiros predadores em busca de seus objetivos, sendo assim, uma arma letal para o ambiente social em que convive. Ele é portador de uma maldade nociva, ou seja, ele sabe que está fazendo o mal, e faz isso de propósito, não precisando chegar à fatalidade de alguém, mas prejudicando – a de forma severa e diversificada. Para Babiak Hare (2006), os indivíduos com personalidade psicopática têm a cognição intacta, ou seja, têm plena ciência dos seus atos e sabem exatamente que estão infringindo regras sociais, para ele a deficiência dessas pessoas está no campo das emoções. Para Silva (2014, apud TURRIONI; SILV, 2016), baseada na escala de Hare discorre sobre algumas características consideradas chave e que sinalizam a personalidade psicopática: Características relacionadas aos sentimentos e aos relacionamentos interpessoais: superficialidade e eloquência; egocentrismo e megalomania; 23 ausência de sentimento de culpa; ausência de empatia; mentiras, trapaças e manipulação; pobreza de emoções. Características relacionadas ao estilo de vida e ao comportamento antissocial: impulsividade; autocontrole deficiente; necessidade de excitação; falta de responsabilidade; problemas comportamentais precoces; comportamento transgressor. Ou seja, o psicopata possui um padrão de vida transgressora que comumente é confundida de forma equivocada com os outros criminosos, porém, o que lhe diferencia dos demais criminosos, é a característica marcante de não sentir emoções, assim como também, o não sentimento de culpa, remorso entre outras características já citadas. 3.5 PSICOPATA NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL Segundo TurrioniSilva (2016), o psicopata corporativo para atingir seus objetivos não mede consequências e nem tão pouco se preocupa em manter uma postura positiva diante dos colegas que ele julga não mais precisar em sua escalada rumo ao topo. O psicopata corporativo não considera dificuldade usar, manipular, jogar uns contra os outros, humilhar e trapacear, para ele o importante é a ascensão e o poder, com esse comportamento inescrupuloso eles influenciam negativamente o clima organizacional, causando danos muitas vezes irreversíveis a equipe e a empresa. Sendo assim, é perceptível que pessoas com características psicopáticas existentes no âmbito organizacional, causam transtornos e através de atitudes antissociais e antiéticas buscam alcançar altos cargos, a falta de empatia e a facilidade em manipular e intimidar colegas são suas maiores armas. Segundo Clark (2011, apud TURRIONI; SILVIA, 2016), quando o psicopata é identificado, geralmente já houve danos à equipe, ao clima organizacional, a empresa como um todo e reverter esses danos, e essa é tarefa extremamente complexa. Em uma linguagem mais empresarial, as consequências do psicopata no âmbito organizacional se tornam visível quando há certos conflitos em que a gestão de pessoas consegue captar como indicadores de um clima negativo podendo citar: turnover alto, absenteísmo, conflitos, reclamações no serviço 24 médico. “psicopatas não vão ao trabalho, eles vão à caça” (SILVA, 2014, p.102, apud TURRIONI; SILVA, 2016). Psicopatas corporativos têm sido caracterizados como oportunistas, egocêntricos, manipuladores e cruéis, ainda que também sejam autossuficientes, ambiciosos e encantadores Boddy, 2005 (apud CAMPELO; SOUSA, 2016). Para Babiak Hare (2006), são profissionais que usam diversas formas de manipulação, deixando marcas negativas em seus contatos profissionais. Costa (2019), diz que o psicopata corporativo pode até atingir cargos elevados e ser bem-sucedido profissionalmente, mas aqui se defende uma concepção da condição como essencialmente patológica e com presença de comportamento anti social, embora não necessariamente de natureza criminosa. Apesar de ser uma questão relevante, que causa estragos financeiros e emocionais na vida de muitas pessoas, os estudos sobre psicopatia corporativa e liderança organizacional ainda são bastante limitados, especialmente fora da América do Norte e, sobretudo, no Brasil. Sendo assim, é perceptível que a presença de um psicopata no ambiente organizacional tende a trazer malefícios à corporação. Tendo em vista uma perspectiva humanizada, a falta de empatia, união, comprometimento, ética e o individualismo do psicopata, auxilia para um ambiente organizacional de intrigas, mentiras, corrupções e manipulações. 25 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS A seguir será apresentada a análise de dados feita através dos documentos obtidos para a execução do trabalho, trazendo os objetivos explorando os conceitos e a didática dos estudiosos que apresentam um conhecimento mais aprofundado frente ao tema. Sendo utilizados os autores: Babiak; Hare (2006); Genovez, Lemos; Sardinha, (2019); D’souza et al. (2019); Mecler, (2015); Campelo; SousA (2016); Silva (2008); Turrioni; Silvia (2016); Demolinari (2010). 4.1 PERFIL DO PSICOPATA NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL Segundo Costa (2019), o psicopata corporativo mente, explora e manipula os outros, o que não reflete um funcionamento cognitivo e psicossocial saudável e gera consequências desastrosas para o ambiente organizacional. Babiak; Hare (2006), trazem que sua aparente motivação, capacidade de assumir riscos e esconder habilidosamente suas fraquezas, faz com que ele não apenas seja confundido com um líder eficaz, mas também que algumas de suas características sejam valorizadas no ambiente corporativo em geral. Demolinari (2010), traz que habitualmente, as pessoas tendem a associar psicopata e assassino em série, quando a maioria deles sequer é fisicamente violenta, seu objetivo pode ser apenas a busca do dinheiro, poder, fama ou, simplesmente, um cargo de visibilidade dentro de uma organização, sentindo-se atraídos exatamente pelo moderno, aberto e flexível mundo corporativo. Os psicopatas costumam agir com muita habilidade no contexto empresarial. O número de psicopatas burocratas em cargos de liderança ou de “colarinho branco” é significativo. De acordo com Silva (2014, apud TURRIONI; SILVA, 2016), na ânsia de crescimento em curto espaço de tempo, algumas empresas perdem seus alicerces morais, e tendem a valorizar pessoas com características inescrupulosas, para a autora, existem empresas e instituições psicopáticas. (MECLER, 2015), traz que no ambiente corporativo, o sujeito com essa faceta tem tudo para fazer sucesso. É carreirista e pode passar por cima do que é de quem for preciso para chegar ao topo. Marqueteiro por natureza, ninguém vende 26 tão bem o próprio peixe quanto ele. Na hora de apresentar um projeto, impressiona por fazer os outros acreditarem que aquela é “a” ideia é que só ele é capaz de realizá-la. Demolinari (2010), ressalta a ausência de medo e de consciência que faz com que a personalidade psicopática seja tão ardilosa. Essas características credenciam esses indivíduos à infração de normas externas sem qualquer culpa ou escrúpulos. Babiak; Hare (2006, p. 256), afirmam que: “O clima empresarial de hoje, acelerado, competitivo e muitas vezes caótico, promove o estímulo que os psicopatas buscam e dá cobertura suficiente para seu comportamento manipulativo e abusivo”. Sendo assim, é compreensivo que o psicopata possui um perfil transgressor e manipulador, o qual visa exclusivamente seus objetivos, não apresentando ter medo e ou empatia, caso seja necessário mentirá, enganará, irá fraudar documentações e prejudicar severamente a vida de outrem. 4.2 CARACTERÍSTICAS DO NARCISISMO NO PSICOPATA ORGANIZACIONAL Hare 1970 (apud Costa 2019), traz como relação entre a psicopatia e o narcisismo, a frieza na forma em que age, seja ela comportamental quanto emocional, assim como também, problemas de autocontrole (impulsividade), sendo peculiar ao psicopata a imprudência e a busca por sensações. Segundo (GENOVEZ; LEMOS; SARDINHA, 2019), o indivíduo psicopata é extremamente inteligente, apresenta se de forma atraente, não possui delírios, é autoconfiante em suas palavras, possui egoísmo exagerado, incapaz de seguir um plano de vida, tendo uma vida sexual desenfreada. Ou seja, para o psicopata não importa a consequência que levará seus atos no fim, não há sentimento de culpa. estudos sobre os traços de Narcisismo apontam que a visão, o carisma, a inovação, a habilidade para atrair seguidores, a condução do negócio para ganhar poder e glória e a imagem que traduz a concepção de grandes líderes são elementos que podem torná-los bem-sucedidos no ambiente organizacional (D’SOUZA et al., 2019) Podendo assim, partir de um pressuposto de que quanto o psicopata encontra – se no ambiente organizacional e apresenta tais traços do narcisismo, 27 apresentará também, esta conduta de autovalorização, uma capacidade intensificada na conquista de altos cargos, assim como também, no poder de sedução, manipulação. Segundo D’Souza et al, (2019), a autoridade, a autossuficiência e a superioridade são positivas para o desempenho organizacional, além de elementos cognitivos como inteligência, criatividade, competência e capacidade de liderança. Mecler (2015), traz como resposta que o narcisista, de maneira bem simples, é aquele cidadão que chega e pergunta: “Sabe com quem está falando?” É alguém que se considera acima do bem e do mal, tão especial que não precisa seguir regras. Para o indivíduo narcisista, a recompensa é o privilégio de conviver com ele. Uma pessoa com estilo narcisistase vangloria do que fez e do que imagina ter feito. Tem propensão a viver no mundo da imaginação, onde a glória, a fama e o reconhecimento fazem parte do cotidiano. Seu currículo narrado será sempre melhor do que o real: qualquer pequeno feito ganha ares de vitória épica. O narcisista é sempre rodeado de muitas pessoas, mantendo um grupo de influência devido a seu carisma, porém, seu afeto é sempre voltado para algum interesse próprio, buscando sempre extrair algo que vá se beneficiar. Segundo Mecler (2015), quem convive com um narcisista deve manter o pé firme na realidade e entender que o indivíduo com esse estilo não escolhe um ou outro para demonstrar seus traços patológicos de personalidade. Ele não reconhece suas dificuldades, por isso fica indignado quando alguém sugere qualquer tratamento. Além disso, mesmo se reconhecesse a necessidade de se tratar, não haveria ninguém à altura para desempenhar esse papel. As características e comportamentos apresentados por este perfil, tendem a trazer grandes e severas consequências negativas ao ambiente organizacional assim como também, para as pessoas que os rodeiam, pois, fazem com que prejudiquem a relação entre empresa e funcionários. 4.3 REPERCUSSÕES DO PSICOPATA NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL O psicopata no âmbito organizacional, possui uma característica de se camuflar como um bom profissional, sendo ágil, sagaz, comprometido, e com o lado racional extremamente aguçado. De acordo com Sina (2017), as empresas 28 constituem cenário favorável para ação desses indivíduos que se sentem atraídos por cargos de liderança e poder, eles usam as atividades profissionais para manipular e controlar as pessoas em função dos seus objetivos. A presença de um psicopata no ambiente de trabalho, não é fácil de ser identificada, pois, ele possui um forte domínio no que diz respeito a manipulação. Para Sina (2017), o cenário organizacional é favorável para pessoas com personalidade psicopática, eles buscam posições de liderança que oferecem bons salários, status e poder. Em um primeiro momento agem de forma habilidosa buscando contato com colegas que possam lhe trazer algum tipo de vantagem, depois de forma cínica disputam o poder sem qualquer escrúpulo e ética. O psicopata traz fortes características de sedução, buscando construir relações com os colegas influentes dentro da empresa, manipulando pessoas e fatos, de forma camuflada e disfarçado de amigo. De acordo com Silva (2008), na ânsia de crescimento em curto espaço de tempo, algumas empresas perdem seus alicerces morais, e tendem a valorizar pessoas com características inescrupulosas, para a autora, existem empresas e instituições psicopáticas. Segundo Campelo;Sousa (2016), os psicopatas corporativos podem ser compreendidos como pessoas manipuladoras que procuram apenas o benefício próprio para que, de forma impiedosa, alcancem seus objetivos, sem qualquer preocupação com o próximo. o psicopata semeia a discórdia entre colegas, espalhar falsas notícias, usa os colegas como ferramentas da sua estratégia de ascensão; na fase da confrontação o psicopata abandona as pessoas que considera não ter mais utilidade em sua estratégia e passa a humilhá-las, essa é a arma para que esses colegas fragilizados se mantenham em silêncio sobre o que sabem a respeito dele; na fase de ascensão, o psicopata alcança seus objetivos e obtém a posição desejada dentro da empresa, geralmente através de demissões e rebaixamento de cargo de seu antigo chefe (TURRIONI; SILVA, 2016). Ainda por Turrioni; Silva (2016), a cultura e o clima organizacional estão diretamente relacionados com a produtividade dos colaboradores, com a saúde emocional e física. O psicopata corporativo para atingir seus objetivos não mede consequências e nem tão pouco se preocupa em manter uma postura positiva diante dos colegas que ele julga não mais precisar em sua escalada rumo ao 29 topo. Daynes (2012, apud TURRIONI; SILVA, 2016), afirma que de forma dissimulada o psicopata corporativo pode roubar a carteira do colega, invadir computadores, falar mal do colega para o chefe, analisar cada membro da equipe para obter vantagem da pessoa certa. Segundo Silva (2008), as políticas de crescimento empresarial baseadas na teoria que os fins justificam os meios, as empresas com fraca estruturação administrativa, filosófica e ética tendem a fomentar as atitudes psicopáticas e supervalorizar colaboradores que surgem com soluções mágicas, capacidade de persuasão, controle das emoções e indiferença aos sentimentos alheios, características que aos psicopatas são inatas. Sendo assim, de acordo com Turrioni; Silva (2016), quando o psicopata é identificado, já percebesse o vasto dano deixado no meio corporativo, dano esse podendo ser mensurado através do turnover e absenteísmo. Demolinari (2010), o psicopata não atua sozinho, ele precisa de uma vítima, escolhida com muito critério a partir de uma sensibilidade sofisticada; psicopatas são expert em selecionar bem suas vítimas. Assim, tornando – se perceptível que são inúmeras as repercussões deste perfil em um âmbito organizacional. 30 5 CONCLUSÃO Portanto, conclui – se que o comportamento do perfil estudado, é nocivo e hostil, afeta a empresa e todo o meio envolvido. Sob essa ótica, as exigências das empresas e da sociedade atual, estão favorecendo ainda mais para a proliferação deste perfil, o qual se desvincula da realidade vital dos que estão ao seu redor. Mesmo que pouco explorado, esse perfil existe e pode ser encontrado em qualquer lugar. A exploração do tema veio para desmistificar a imagem de psicopata assassino e que só se encontra em filmes e histórias, um psicopata não necessariamente precisa matar para ser um psicopata. Entendendo – se que o mesmo pode prejudicar severa e gravemente outrem, sem chegar a uma fatalidade, ação a qual pode ser demonstrada em um comportamento de manipulação, agressão verbal, física e atitudes negligentes. Vale salientar que não existe uma produção tão extensa que aborde o tema, tornando os que se encontram repetitivos, o qual se tornou dificultoso para a exploração de algo novo. Sendo assim, fica como sugestão a pesquisa de novos conteúdos para a atualização dos bancos de dados, pois algo que aborde este tema tende a se tornar enriquecedor para futuras pesquisas que seguem a mesma temática. 31 REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014 . BABIAK, P; HARE, R. D. 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