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UFRJ - Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes Disciplina: IMW 238 - Microbiologia e Imunologia O Curso: Odontologia Coordenador: Profa. Eliane de Oliveira Ferreira 2019/ 2º Período Data: 25/11/2019 Nome: Fabiana Dantas Turino Área de Conhecimento: Imunologia Oral Nota:__________ Estudo Dirigido 1) A polpa dental normal é um tecido conjuntivo frouxo, ricamente vascularizado e inervado, e por isso, possui elementos de vigilância para combater qualquer tipo de agressão. As células apresentadoras de antígenos (APCs) presentes na polpa normal são: Resposta: As células apresentadoras de antígenos convertem os antígenos proteicos em peptídeos e apresentam os complexos peptídeo-MHC em uma forma que pode ser reconhecida pelas células T. A conversão de proteínas nativas em fragmentos de peptídeos associados ao MHC pelas APCs é chamada processamento do antígeno. As células que realizam esse papel de apresentadoras de antígenos na polpa dental normal são: Macrófagos e células dendríticas. Ademais, há também outras células associadas ao sistema imunológico da polpa dental normal, como os: Linfócitos (T), plasmócitos e ocasionalmente eosinófilos e mastócitos. Os macrófagos e células dendríticas podem ser classificados como fagócitos, por serem capazes de fagocitar (englobar) e destruir antígenos (invasores), ou ainda podem ser denominados células apresentadoras de antígenos, por serem capazes de expor, em sua superfície, fragmentos de antígenos fagocitados para serem reconhecidos por linfócitos. Os linfócitos, por sua vez, são as células-chave no controle da resposta imune, e compõem 20% a 30% dos leucócitos circulantes no sangue dos adultos. Divididos em linfócitos T e linfócitos B, são capazes de reconhecer especificamente os antígenos, diferenciando-os dos componentes próprios do organismo. Os linfócitos T podem ser classificados em citotóxicos (CD8) ou auxiliares (CD4). Os linfócitos T citotóxicos são importantes no combate à infecção viral, uma vez que têm a capacidade de reconhecer e destruir células infectadas por vírus. Já os linfócitos T auxiliares exercem papel central no controle e desenvolvimento da resposta imune. Estas células podem ser ativadas pelo reconhecimento de corpos estranhos (antígeno) apresentados por células apresentadoras de antígenos. Após este reconhecimento, os linfócitos são ativados e induzidos a produzir proteínas, como as citocinas, que agem na ativação de outras células do sistema imune. Dentre os componentes do sistema imune ativados pelos linfócitos T auxiliares durante o processo de apresentação de antígenos, destacam-se os linfócitos B. Estas células estão geneticamente programadas para codificar receptores específicos para um determinado antígeno. Uma vez ativadas, as células B produzem e secretam, na forma solúvel, uma enorme quantidade de moléculas receptoras, que são conhecidas como anticorpos ou imunoglobulinas. (As imunoglobulinas são secretadas a partir de plasmócitos, que anteriormente eram linfócitos B no sangue, o qual ao entrarem no tecido conjuntivo da polpa dental se tornaram plasmócitos). Os eosionófilos compreendem 2% a 5% dos leucócitos sanguíneos que são capazes de fagocitar e destruir microorganismos. Além disso, liberam histaminas e aril-sulfatase, que inativam os produtos dos mastócitos. Desta forma, diminuem a resposta inflamatória. Os mastócitos armazenam potentes mediadores químicos da inflamação, como a histamina, heparina, ECF-A (fator quimiotáxico dos eosinófilos), SRS-A, serotonina e fatores quimiotáxicos dos neutrófilos. Esta célula não tem significado no sangue, sendo uma célula própria do tecido conjuntivo. Ela participa de reações alérgicas (de hipersensibilidade), na qual chama os leucócitos até o local e cria uma vasodilatação. É a principal célula responsável pelo choque anafilático. O processo de ativação da desgranulação (exocitose) se baseia na sensibilização destas células (mastócitos). 2) Cite as principais propriedades da saliva na proteção dos tecidos orais. Resposta: A saliva é uma mistura complexa de fluídos que tem como função umidificar a superfície da mucosa oral permitindo a deglutição, a fonação e a digestão do bolo alimentar por ação enzimática, é ainda um agente de neutralização de ácidos evitando a cárie dentária e outras doenças orais. Os componentes orgânicos da saliva são proteínas salivares que incluem enzimas, imunoglobulinas e outros fatores antibacterianos, mucinas, vestígios de albumina além de certos polipeptídeos e oligopeptídeos de grande importância para a saúde oral. A enzima de maior ação digestiva é a alfa amilase produzida pela glândula parótida e pela glândula submandibular. O IgA secretório é a imunoglobulina predominante e o IgM está presente em menores quantidades, possivelmente proveniente do sulco gengival. As proteínas antibacterianas mais importantes são a Lisozima, que ataca os componentes da membrana celular de certas bactérias dando origem à lise celular, e a Lactoferrina que remove os íons de ferro presentes na saliva reduzindo a quantidade disponível para o crescimento bacteriano. A Staterina é uma fosfoproteína de pequenas dimensões rica em tirosina e prolina e que possui a propriedade de inibir o crescimento dos cristais de hidroxiapatita. Existem ainda os aminoácidos livres presentes em baixas concentrações o que permite a sua utilização como meio de crescimento bacteriano e a ureia que é hidrolisada por muitas bactérias resultando em amónia e dando origem a uma subida de pH. Os constituintes inorgânicos da saliva mais comuns são o sódio, o potássio, o cloro e o bicarbonato sendo estas substâncias as maiores contribuintes para as características osmóticas da saliva. O bicarbonato é ainda o principal responsável pela capacidade tampão salivar. A concentração de flúor é semelhante à existente no plasma sendo ligeiramente mais elevada em indivíduos que consomem água fluoretada ou utilizam dentífricos fluoretados, este pequeno incremento nos níveis salivares de flúor é importante na ação anticárie. A saliva tem como principal função a digestão dos alimentos pelo amolecimento. A amilase salivar inicia a digestão do amido, mas é inativada no estômago devido ao baixo pH e a atividade proteolítica que aí decorre, esta digestão é benéfica ao ajudar na eliminação do amido, mas em contrapartida liberta maltose que as bactérias podem utilizar na formação de ácidos. Outra função da saliva é a protetora que inclui a redução da acumulação bacteriana, a remoção dos restos alimentares, a capacidade tampão e a promoção da remineralização do esmalte. A função protetora da saliva é desempenhada pela formação de uma película de glicoproteínas que cobre os tecidos orais e é responsável pela sua lubrificação, devido à sua composição em água e proteínas diluí as substâncias e facilita a sua remoção quer por deglutição quer por eliminação. A eliminação das substancias presentes na cavidade oral é mais rápida em algumas zonas desta cavidade que noutras, as áreas que estão mais próximas dos orifícios dos canais excretores, como por exemplo, os dentes inferiores anteriores e superiores posteriores, têm maior capacidade de eliminação das substâncias relacionada com a maior velocidade da película salivar. A saliva previne a desmineralização do esmalte pelo seu conteúdo em cálcio, fosfato, flúor e pela capacidade tampão, sendo supersaturada no que respeita aos minerais que formam os dentes. Esta supersaturação é responsável pela formação dos cristais de hidroxiapatita durante a fase de remineralização do processo da cárie dentária. A capacidade-tampão da saliva (CTS) é a propriedade de a saliva manter o seu pH constante a 6,9-7,0, através de seus tampões, mucinato/mucina, HCO3 / H2 CO3 e HPO4 / H2 PO4, que bloqueiam o excesso de ácidos e de bases, mantendo a integridade dos dentes e da mucosa bucal. A anidrase carbônica faz tamponamento da saliva, catalisando a reação entre CO2 e H2 O que se dissociam em HCO3, neutralizando os ácidos produzidos pelas bactérias durante o processo de fermentação. 3) Cite as principais características histopatológicas dos estágios das doenças periodontais. Resposta: Os estágios das doenças periodontais são didaticamente divididos em: Lesão inicial, Lesão precoce, Lesão estabelecida e Lesão avançada. Lesão inicial: Conforme o biofilme vai se aderindo a superfície dentária, as células epiteliais, fibroblastos e neutrófilos presentes nessa área vão reconhecer os padrões moleculares associados aos patógenos (PAMPs) e terá início à resposta imune inata. Isso levará a produção de citocinas pró inflamatórias que estarão favorecendo a quimiotaxia, e migração dos neutrófilos através dos tecidos. Além disso, vão ser liberadas aminas que servirão como vasodilatadoras, levando ao aumento desse infiltrado inflamatório. Essas citocinas levarão ao aumento da permeabilidade do epitélio juncional, que vai permitir a entrada de produtos bacterianos para o tecido conjuntivo, indo mais além desse tecido e estimulando uma resposta pró-inflamatória. Ao mesmo tempo estará favorecendo a saída desse fluxo crevicular, o que vai levar a capacidade de ativação do sistema complemento ali presente. A TNF alfa é uma das primeiras citocinas a serem secretadas nesse processo, e vai fazer com que essas células endoteliais comecem a expressar as adesinas de superfície para que os neutrófilos consigam se aderir e realizar o processo de migração tecidual - rolamento e diapedese. A ação dos neutrófilos vai acontecer principalmente na região do sulco gengival; o neutrófilo vai formar uma barreira entre o biofilme e o epitélio, impedindo a entrada de microrganismos e seus produtos no tecido conjuntivo. Porém, quando os neutrófilos chegam no sulco e a gente já tem aquele biofilme organizado eles não conseguem realizar a fagocitose de uma forma adequada, e eles entram num processo de fagocitose frustrada, que leva à exposição do seu conteúdo citoplasmático: eles possuem grânulos que contem proteínas e enzimas capazes de destruir aquele tecido, contribuindo para a destruição local do periodonto. Lesão precoce: A natureza desse infiltrado inflamatório vai mudar: vai deixar de ser dominada pelos neutrófilos e vai passar a ser principalmente composto por linfócitos e macrófagos. O epitélio juncional não possui as projeções que o epitélio oral apresenta ao tecido conjuntivo, mas conforme vai havendo esse processo inflamatório, ocorre o aumento da permeabilidade da barreira, e o epitélio juncional começa a se proliferar na direção do tecido conjuntivo, caracterizando então o surgimento dessas projeções que tentarão manter a integridade tecidual. As alterações vasculares que já estavam presentes na lesão inicial vão aumento devido a liberação das aminas e outras citocinas, e o fluido gengival acaba se tornando cada vez mais parecido com um exsudato inflamatório; passa a conter diversas citocinas que já estavam sendo secretadas ali e existe um aumento na quantidade de proteínas e enzimas do sistema complemento. Com a crescente permeabilidade, vai aumentando a passagem de produtos patogênicos, que conseguem atingir com mais facilidade o tecido conjuntivo, fazendo com que a resposta pró inflamatória continue a ser exacerbada. Lesão estabelecida: A lesão estabelecida também vai ter seu infiltrado inflamatório alterado: passa a ser dominada pelas células B e pelos plasmócitos, que correspondem a resposta imune humoral. Os linfócitos T também estarão presentes, mas em menor quantidade. O epitélio vai se tornando cada vez mais permeável e o tecido conjuntivo fica mais exposto, e é isso que torna o tecido tão sangrante à sondagem, pois com o epitélio ulcerado, o tecido conjuntivo fica exposto ao meio oral, além do aumento do plexo vascular. Lesão avançada: A lesão avançada é histologicamente parecida com a lesão estabelecida, dominada pelas células B e plasmócitos, mas vamos observar uma grande perda tecidual, em que o osso vai começar a ser reabsorvido e o tecido conjuntivo vai ser progressivamente destruído. Os fibroblastos presentes no tecido conjuntivo vão ser estimulados pelas citocinas pró inflamatórias a expressarem as metaloproteinases, que vão ter a capacidade de clivar o colágeno em moléculas de menor tamanho, para que os fibroblastos e outras células consigam fagocitar essas moléculas. Com isso, há a degradação da matriz extracelular, dando espaço para o infiltrado inflamatório. Já a absorção óssea é um processo que ocorre fisiologicamente: constantemente o osso está sendo remodelado; existe uma reabsorção por causa dos osteoclastos e a deposição óssea pelos osteoblastos. Esse mecanismo vai estar acontecendo pela interação de moléculas secretadas pelos osteoblastos e outras células. O mecanismo o qual vai haver a ativação dos osteoclastos e consequente reabsorção óssea é através da produção do RANKL. O RANKL é um ligante do RANK, que é expresso pelos osteoblastos e outras células inflamatórias. Os pré osteoclastos têm um receptor RANK em sua superfície, então quando o RANKL se liga a esse receptor ocorre a ativação dos osteoclastos, produzindo ácidos e hidrolases que vão desmineralizar essa matriz óssea e depois vão degradar a matriz orgânica que fica. Existe uma forma de tentar equilibrar isso através da osteoprogerina, um receptor solúvel também capaz de se ligar ao RANKL. Ou seja, quando existe uma grande liberação de osteoprogerina ela se liga ao RANKL, que acaba não conseguindo se ligar com tanta facilidade a esses pré osteoclastos, favorecendo a deposição óssea em detrimento da reabsorção. Porém, quando há o processo inflamatório acontecendo, a interleucinas 1 e a TNF alfa vão ter a capacidade de estimular a produção do RANKL, não só pelos osteoclastos, mas vai estar sendo expresso também pelas células B e T. Portanto, quando vai aumentando a reação inflamatória, os níveis de interleucinas aumentam e favorecem a reabsorção óssea. Bibiografia: Questão 1 http://labs.icb.ufmg.br/lbcd/prodabi5/grupos/hugo_deise_liza/pagina/apc.htm https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/celulas-envolvidas-na- imunologia/1720 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/plasmocitos/31092 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/mastocitos/11398 Questão 2 Saliva e saúde oral - Revisão de literatura – Revista portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial - Volume 41, Número 4 – Ano 2000 Componentes salivares associados à prevenção da cárie dental – Revisão de literatura - Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo - 2016 Questão 3 Transcrição da Aula 9 - Imunologia das doenças periodontais – Microbiologia Oral http://labs.icb.ufmg.br/lbcd/prodabi5/grupos/hugo_deise_liza/pagina/apc.htm https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/celulas-envolvidas-na-imunologia/1720 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/celulas-envolvidas-na-imunologia/1720 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/plasmocitos/31092 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/mastocitos/11398
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