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TCC Literatura Infanto Juvenil

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13
Helena valeria de souza
a importância da contação de histórias para a aprendizagem na educação infantil
 
São José dos Campos
2019
São José dos Campos
2019
helena valeria de souza
a importância da contação de histórias para a aprendizagem na educação infantil
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Pedagogia. 
Orientador:
São José dos Campos
2019
helena valeria de souza
a importância da contação de histórias para a aprendizagem na educação infantil
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Cidade, dia de mês de ano.
Dedico este trabalho a minha família, meus amigos, a todos que acreditaram em mim, a todas as pessoas que tem a esperança de que a educação através de nossas mãos é transformadora.
AGRADECIMENTOS 
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, que me deu a vida e todas as habilidades necessárias para que esse trabalho fosse feito, agradeço a minha família, que me deu todo o apoio e força, agradeço aos meus amigos que me ajudaram durante esse processo de todas as maneiras possíveis, agradeço aos meus professores e tutores que me orientaram da melhor maneira, agradeço a cada profissional da educação que me ensinou e me inspirou a seguir essa profissão tão admirável, agradeço a cada criança que tive contato nessa jornada, me mostrando como é lindo a transformação da aprendizagem e o amor em forma de agradecimento. Sou grata por todas essas pessoas que tornaram esse trabalho possível de ser feito.
SOUZA, Helena Valeria de. A importância da contação de histórias para a aprendizagem na Educação Infantil. 2019. 29 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) Faculdade Anhanguera, São José dos Campos, 2019.
RESUMO
	
O presente trabalho consiste na importância da contação de histórias para a aprendizagem na Educação Infantil. Através de uma pesquisa bibliográfica foi feito o estudo, tendo como objetivo geral compreender a importância da contação de histórias no desenvolvimento da criança na educação infantil. Em três capítulos será feita a reflexão acerca dos aspectos históricos da literatura infantil e contação de histórias, como a literatura infantil surgiu com a restruturação familiar e como a contação de histórias tem suma importância na formação cultural de uma sociedade; a influencia da escola e da prática pedagógica do professor para efetivar a relação da criança com a literatura e a colaboração que a família pode trazer para que a criança seja um futuro leitor que preserve a cultura existente na literatura e na contação de histórias. Considerando que a literatura infantil é precípua no desenvolvimento da aprendizagem da criança, é através da contação de histórias que ela se faz presente na vida da criança. Esse contato com os livros e a literatura se inicia em seus primeiros anos de vida e ao longo da vida, o sujeito vai se desenvolvendo como leitor. A escola, em parceria com a família pode tornar essa experiência prazerosa e efetiva.
Palavras-chave: Contação de histórias; Educação Infantil; Aprendizagem; Desenvolvimento; Literatura Infantil.
SOUZA, Helena Valeria de. The importance of storytelling for learning in Early Childhood Education. 2019. 29 sheets. Course Completion Work (Graduation in Pedagogy) Faculdade Anhanguera, São José dos Campos, 2019.
ABSTRACT
The present work is the importance of storytelling for learning in Early Childhood Education. Through a bibliographical research was done the study, with the general objective to understand the importance of storytelling in child development in early childhood education. In three chapters will be made the reflection on the historical aspects of children's literature and storytelling, how children's literature came about with family restructuring and how storytelling is of utmost importance in the cultural formation of a society; the influence of the school and the pedagogical practice of the teacher to effect the relationship of the child with literature and the collaboration that the family can bring so that the child is a future reader who preserves the culture existing in literature and storytelling. Considering that children's literature is essential in the development of children's learning, it is through storytelling that it becomes present in the child's life. This contact with books and literature begins in his first years of life and throughout life, the subject is developing as a reader. The school, in partnership with the family can make this experience pleasurable and effective.
Key-words: Storytelling; Child education; Learning; Development; Children's Literature.
 
15
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	14
2.	Aspectos históricos DA LITERATURA INFANTIL E A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS	16
3.	O PROFESSOR e a escola COMO INSTIGADORes DA APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS	21
4.	A CONTRUIBUÍÇÃO DA FAMILIA NA APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS	26
5.	CONsiderações finais	30
REFERÊNCIAs	31
1. INTRODUÇÃO
Uma história contada de uma maneira divertida e adequada é um marco na vida de uma criança. Para a criança é essencial que ela conheça o maravilhoso mundo da literatura infantil, e isso pode acontecer através das histórias contadas pelo professor ou pelos pais. Desenvolver a linguagem oral e escrita, a interação com o outro, a construção de sua identidade, são alguns dos pontos que contribuem no desenvolvimento da criança. Além de despertar o prazer pela leitura. Formar um leitor é formar um indivíduo que pode ampliar seus conhecimentos.
O foco dessa pesquisa é destacar a importância da contação de historias na educação infantil e como o professor pode ser mediador dessa relação da criança com o mundo literário que a cerca, além da contribuição que a família pode oferecer para a construção do desejo da criança em se formar um leitor, além de contribuir para que a leitura e a contação de histórias não percam sua essência e importância na sociedade. A criança ter essa relação com a literatura desde a educação infantil é essencial para seu desenvolvimento e aprendizagem. Assim ela pode desenvolver o gosto pela leitura, fortalecer suas interações com o outro, fazer relações entre fantasia e realidade e aprender de uma forma prazerosa e divertida.
Neste contexto, o trabalho consiste na importância da contação de histórias para a aprendizagem na Educação Infantil. Como a história contada de maneira adequada leva a criança a se desenvolver plenamente e como o professor e as famílias podem influenciar nesse processo. Com isso, foi desenvolvido o seguinte problema: “Qual é a importância e contribuição da contação de histórias para a aprendizagem na Educação Infantil?”.
O objetivo geral desta pesquisa é compreender a importância da contação de histórias no desenvolvimento e aprendizagem da criança na educação infantil. Dentro desse objetivo geral, encontram-se os objetivos específicos: Entender a importância das histórias infantis ao longo da história no processo de aprendizagem na educação infantil; refletir sobre o papel do professor na contação de histórias e na relação da criança com a literatura infantil e discutir a contribuição da família no incentivo a leitura e contato com os livros.
O primeiro capítulo aborda os aspectos históricos da literatura infantil e da contação de história, sua trajetória desde os primórdios, enfatizando o momento que a literatura infantil se fez presente na vida das crianças, que antes eram tratadas como o adulto, já que não existia o conceito de infância. E que a contação de histórias tem sua cultura e figuras marcadas e representadas. O segundo capítulo se trata de refletir sobre o papel do professor nacontação de histórias, como pode contribuir para que esse momento seja efetivo e prazeroso na sala de aula, como a escola pode ser um ambiente facilitador dessa mediação e a relação da criança com a literatura infantil através desse método; e o terceiro capítulo discute a contribuição da família no incentivo à leitura e contação de histórias, enfatizando a importância de resgatar práticas de leitura e contação de histórias no ambiente familiar, além de influenciar no desenvolvimento cognitivo da criança. 
A pesquisa desenvolvida define-se como descritiva e qualitativa, por meio de uma pesquisa bibliográfica. De acordo com Gil (2008), a pesquisa bibliográfica consiste em desenvolver uma pesquisa a partir de um material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos. A pesquisa é referente à importância da contação de historias na educação infantil e utiliza como base teórica autores como Zilberman (2003), Abramovich (1989), Busatto (2006), Coelho (2000), entre outros.
2. Aspectos históricos DA LITERATURA INFANTIL E A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
Na sociedade antiga não existia conceito de infância, as crianças eram inseridas nas práticas sociais dos adultos. As histórias eram para entretenimento e não tinha nenhum tipo de censura. A literatura Infantil teve início no final do século XVII, com a ascensão da burguesia, a família foi reestruturada e a criança começou a ser vista não mais como um “adulto em miniatura” e sim como um indivíduo em desenvolvimento, um ser em formação. Antes não havia infância, as crianças participavam da vida dos adultos, sem distinção. O que afetava a criança de diversas formas. De acordo com Zilberman (2003, p.15): 
Os primeiros livros para crianças foram produzidos no final do século XVII e durante o século XVIII. Antes disso não se escrevia para elas, porque não existia a “infância”... Pequenos e grandes compartilhavam dos mesmos eventos, porem nenhum laço amoroso especial os aproximava.
Com essa valorização da infância, a união familiar se tornou mais evidente, a criança agora tinha seu lugar na sociedade. O papel da família na vida da criança foi de grande importância. Os momentos de afetividade entre pais e filhos eram mediados por diversas fontes, entre elas, a contação de histórias. Os pais, avós, anciãos, lideres de tribos, entre outros assumiram papeis de narradores de histórias para as crianças, fazendo com que os laços afetivos se fortalecessem entre eles. Assim era necessário que houvessem histórias adequadas para as crianças. Esse era o desafio da literatura infantil. 
Os primeiros textos para crianças foram histórias adaptadas, ou diminuídas pelos adultos. Coelho (2000), em seu livro sobre a analise didática da literatura infantil, afirma que os textos infantis foram simplificados e adequados as condições intelectuais das crianças. Os fatos eram relatados de modo mais fantasioso, com um ar mais aventureiro, que atraísse a criança para o enredo. Coelho (2000, p.29 e 30) declara que:
Expurgadas as dificuldades de linguagem, as digressões ou reflexões que estariam acima da compreensão infantil; retiradas as situações ou os conflitos não exemplares e realçando principalmente as ações ou peripécias de caráter aventuresco ou exemplar... As obras literárias eram reduzidas em seu valor intrínseco, mas atingiam o novo objetivo: atrair o pequeno leitor/ouvinte e leva-lo a participar das diferentes experiências que a vida pode proporcionar, no campo do real ou do maravilhoso. 
Nesse contexto, a relação entre o real e o imaginário proporcionou aos adultos uma forma de adaptação para as histórias, que antes eram para entretenimento de todos. Portanto, as histórias passaram a ter a finalidade de divertir e advertir as crianças. O primeiro criador e adaptador de contos foi Charles Perrault, que reescreveu oito histórias, adequando-os para as crianças, são elas: A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, O Barba Azul, O Gato de Botas, As Fadas, Cinderela ou A Gata Borralheira, Henrique do Topete e O Pequeno Polegar. Com quase 70 anos, Perrault publicou um livro chamado “Contos de velha”, com diversas adaptações literárias, de linguagem fácil e lúdica para as crianças. 
Posteriormente, os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, fizeram com que a literatura infantil ficasse mais conhecida. Com sua visão voltada para a fé cristã e valores morais, também reescreveram muitos contos, cujo objetivo não era apenas divertir, mas ensinar valores e lições de moral. Tais histórias tinham um clímax, no qual precisaria de alguma atitude de valor moral e ético para solucionar o conflito.
Outro autor relevante para a história da literatura foi Hans Christian Andersen, que seguiu parte do padrão dos irmãos Grimm, mas acrescentando às histórias conflitos entre o bem e o mal, o forte e o fraco, bonito e feio, enfatizando o comportamento que a sociedade deveria ter. Um exemplo é a história “O patinho feio”, que relata a exclusão do animal por ser diferente.
A pata, que no princípio defendia aquela sua estranha cria, agora também sentia vergonha e não queria tê-lo em sua companhia. O pobre patinho crescia só, malcuidado e desprezado. Sofria. As galinhas o bicavam a todo instante, os perus o perseguiam com ar ameaçador e até a empregada, que diariamente levava comida aos bichos, só pensava em enxotá-lo. Um dia, desesperado, o patinho feio fugiu. Queria ficar longe de todos que o perseguiam.
Desse modo, a literatura infantil foi conquistando seu espaço e as histórias foram sendo cada vez mais adequadas e prazerosas para as crianças. Diversos autores surgiram e a literatura foi mudando seu rumo. Histórias que antes eram para ensinar lições de moral e advertir sobre possíveis perigos, se tornaram histórias de diversas finalidades, para envolver a criança no mundo amplo da literatura infantil.
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
O contador de histórias é uma figura presente desde a ancestralidade, imprescindível para a formação do futuro adulto, os contadores de história trouxeram vida para diversas histórias. Com suas técnicas para deixar o ouvinte atento e curioso, os contadores transmitiam através de suas palavras a aventura e a emoção de relatos, que na maioria das vezes eram mitos. 
Com essa transformação literária, os contadores de histórias ganham um papel importante na sociedade. Em cada lugar, em cada cultura, esses narradores conquistam seu espaço, sendo no geral, pessoas mais velhas e experientes que relatam vivências pessoais ou de “heróis” de suas comunidades, influenciando através de suas histórias e do modo como eram contadas. Presente desde o inicio das gerações, encantando, principalmente as crianças, os contadores de histórias despertavam diversas sensações nos pequenos e grandes ouvintes, amenizava medos e fazia com que o que estava acontecendo em sua volta se mais fácil e saudável de ser compreendido. Além de extrair o aprendizado de uma maneira profunda e encantadora. 
Busatto (2006) afirma que essas pessoas que contavam as histórias iam se aperfeiçoando ao longo do tempo, com situações do seu próprio cotidiano. A autora também enfatiza a participação da plateia que cerca o contador, fazendo com que o envolvimento seja amplo e a história tenha diversos caminhos a serem percorridos pelo imaginário do individuo que a conta e a ouve.
A efemeridade da ação performática também é característica da ação narrativa oral. Uma contação de histórias nunca irá se repetir, por mais que a história narrada esteja memorizada, palavra por palavra. A possibilidade de participação, não só intelectual e emocional, mas física do público, faz com que ela seja única, pois pode sofrer alterações por conta da plateia. (BUSATTO, 2006, p. 33).
Portanto, tendo como base a nova infância, a reestruturação da família e do lugar da criança na sociedade, o contador de histórias infantis desempenha um papel importante no desenvolvimento dos pequenos. Atrair a criança para o mundo mágico da literatura infantil, tornar a realidade trágica em aventura, dar asas a imaginação desse ser em desenvolvimentoé um grande desafio. O contador tem que de se permitir viver essas experiências de aventura, suspense, da fantasia, do imaginário. Abramovich (1989) afirma que contar histórias para crianças é entrar em um mundo que desperte diversos sentimentos da criança que ouve e do adulto que conta, além de ser um momento prazeroso para ambos.
Ler e contar histórias para crianças é suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões... É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, entre outras mais. É viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve, com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (Abramovich, Funny 1989 p. 17)
O mundo da fantasia e do imaginário é uma das chaves que abrem as portas do conhecimento para as crianças. É através desse imaginário que ela tem contato com a realidade do mundo em que vive. Mesclar a realidade com a fantasia é um dos aspectos presentes em histórias infantis. Desta forma, despertar sensações a partir da imaginação da criança é permitir que ela conheça o mundo a sua volta de maneira saudável e divertida que desperte o prazer pelo conhecimento. Para Costa (2013, p.27):
A literatura cria outra realidade que acreditamos ser o real, mas o faz de maneira a ressaltar no texto o caráter de fantasia, de imaginação. O uso da fantasia na literatura infantil é mais um recurso de adequação do texto ao leitor, já que a criança compreende a vida pelo viés do imaginário.
O maravilhoso é um elemento relevante na literatura destinada às crianças. Trazendo os significados simbólicos dos contos para a realidade que o homem vive, contribuindo para sua formação e amadurecimento emocional. Coelho (2000, p.54) defende que é através do maravilhoso presente na literatura infantil que:
Dá-se a evolução mais significativa do ser humano: a passagem do egocentrismo para o sociocentrismo: a do eu para o nós, a fase do eu consciente (ego) real, afetivo, inteligente, que reconhece e valoriza o outro como elemento-chave para sua própria autorrealização... É quando, inconscientemente, a criança tenta construir sua própria imagem ou identidade e se depara com muitos estímulos ou interdições aos seus impulsos, etc.
É nessa fase que os contos de fadas da literatura infantil podem contribuir decisivamente na formação da criança em relação a si mesma e o mundo que a cerca. Dessa forma, o contador de histórias veio com a função de transmitir a realidade de maneira fantasiosa para seus ouvintes. Para isso, foi necessária a conexão do narrador e sua plateia, pois ela é importante na construção e compreensão da história. A proximidade da roda, o olhar, as entonações da voz, entre outros fatores, contribuíam para que essa relação de quem conta a história e quem a ouve fosse efetiva e prazerosa.
 O contador tinha que se conectar com a história a ser contada, por esse motivo, algumas das histórias contadas, possuíam relatos da vida do contador. Busatto (2006) afirma que a contação de histórias pede olho no olho, intimidade e cumplicidade com o ouvinte. Priorizam-se espaços onde o contador possa estar o mais próximo possível do ouvinte, propondo assim, uma comunhão entre quem narra e quem ouve. 
3. O PROFESSOR e a escola COMO INSTIGADORes DA APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
O professor tem um papel formidável na construção do conhecimento da criança através da contação de histórias. O docente, junto com a escola, pode fazer uso dessa ferramenta, de modo que a aprendizagem seja plena e agradável.
3.1 A ESCOLA COMO AMBIENTE FACILITADOR DA RELAÇÃO ENTRE A CRIANÇA E A LITERATURA 
A escola como um ambiente que possibilita essa interação da criança com a literatura infantil, tendo o professor como mediador dessa interação, também desenvolve um papel importante. Sendo um espaço destinado à aprendizagem, deve oferecer a criança os recursos necessários para essa relação da criança com a literatura. Tendo como objetivo influenciar o futuro leitor com o prazer da leitura, o conhecimento adquirido através das histórias (como o inicio da alfabetização), e o convívio da criança com a sociedade em sua volta. Zilberman (2003, p.25) afirma que:
A escola tem uma finalidade sintetizadora, transformando a realidade viva nas distintas disciplinas ou áreas do conhecimento apresentadas ao estudante... E a literatura sintetiza, por meio dos recursos da ficção, uma realidade que tem amplos pontos de contato com o que o leitor/ouvinte vive cotidianamente.
De acordo com Coelho (2000) existem fases que categorizam a formação da criança como leitor. O professor deve selecionar os materiais e recursos adequados para trabalhar a literatura em sala de aula através da contação de historias. O pré-leitor abrange duas fases em que a criança se encontra na Educação Infantil.
Primeira infância (dos 15/17 meses aos três anos): A criança começa a reconhecer a realidade que a cerca, especialmente pelos contatos afetivos e pelo tato. Nessa fase a presença do adulto, nomeando brinquedos e objetos tateados pela criança é essencial. Em sala de aula, o professor pode utilizar materiais macios, com alto relevo, para que a criança inicie seu contato com o mundo natural e cultural e comece a ter noção do espaço em que vive.
Segunda Infância (a partir dos 2/3 anos): Inicio da fase egocêntrica, na qual a criança começa e descobrir a si mesma e suas necessidades. Começam a expressar suas preferências. Nessa fase é importante que os pais ou o professor orientem a criança para a brincadeira com o livro, sendo o objeto principal da mediação da criança com a literatura. Os livros adequados a essa fase devem apresentar gravuras e desenhos coloridos ou preto e branco que sejam atrativos e expressem acontecimentos que podem ser ligados com a realidade, tendo a graça e o humor que as crianças tanto apreciam.
Dessa forma, a seleção de livros de literatura infantil pode ser feita de diversas formas, mas principalmente com um caráter estético, por se assumir como arte literária, como afirma Regina Zilberman (1981).
Assim sendo, os critérios que permitem o discernimento entre o bom e o mau texto para crianças não se destoa daqueles que distinguem a qualidade de qualquer outra modalidade de criação literária. Seu aspecto inovador merece destaque, na medida em que o ponto de partida para a revelação de uma visão original da realidade, atraindo seu beneficiário para o mundo com o qual convivia diariamente, mas que desconhecia. (...) O que a ficção lhe concede é uma visão de mundo que ocupa as lacunas resultantes de sua estrita experiência existencial, através de sua linguagem simbólica. (ZILBERMAN, 1981, P. 23) 
É necessário um encontro do leitor com o livro, para que o mesmo acesse essa linguagem simbólica. Deve haver entre a criança e o livro uma relação de afeto e interesse, para que, através de uma leitura descompromissada, o aluno se envolva com a literatura e aprenda.
Além disso, a escola pode oferecer um espaço adequado para atender tais necessidades desses futuros leitores. De acordo com Soares (2014), a biblioteca, localizada na escola, precisa ser um ambiente de socialização, inúmeras atividades positivas e prazerosas de leitura podem ser desenvolvidas nela: a contação de histórias, fábulas, contos de fadas; leitura e recitação de poemas; atividades que levam a criança ainda não alfabetizada a apreciar e diferenciar diferentes gêneros. A criança pode ser ela mesma protagonista de atividades como: teatrinhos de fantoche; narração de experiências, entre outras.
Os professores que trabalham nesse local devem reconhecer que são mediadores desse trabalho na formação de leitores. Assim, uma vez arquitetada como local de leitura, a escola se converte em referência de cultura e conhecimento para o futuro leitor.
3.2 A PRÁTICA PEDAGÓGICAE A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
 
O professor enquanto contador de histórias deve estar ciente da importância da contação de histórias para o desenvolvimento da criança. Além de ser a ponte para a que o aluno se torne um leitor por prazer. O docente deve estar preparado para os desafios que serão encontrados em relação a esse método de trabalhar a literatura infantil na sala de aula.
Fiuza e Vieira (2017) afirmam que a narrativa ocupa um lugar privilegiado na formação das crianças. É por meio dela que, desde pequenos, é possível sonhar, enfrentar medos, vencer angústia e desenvolver a imaginação. Além de ser uma parte da herança cultural da humanidade. É através da prática da leitura, mediada pelo professor, que as crianças conquistam uma autonomia cada vez maior, por isso, a leitura e a contação de histórias devem ser experiências cada vez mais frequentes para as crianças.
O professor contador de histórias também precisa recuperar suas memórias, como se interessou pela leitura e como tal prática passou a ter sentido para ele. É importante o professor estar envolvido com a própria história e poder envolver seus ouvintes como contador de histórias. Além disso, deve valorizar o uso harmônico da voz, seu principal instrumento de trabalho. Abramovich (1995) afirma que:
Para contar uma história – seja qual for – é bom saber como se faz. Afinal, nela se descobrem palavras novas, se entra em contato com a música e com a sonoridade das frases, dos nomes... Capta-se o ritmo, a cadência do conto, fluindo como uma canção... Ou se brinca com a melodia dos versos, com o acento das rimas, com o jogo de palavras... Contar histórias é uma arte... E tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declamação ou teatro... Ela é o uso simples e harmônico da voz.
A autora também afirma que a contação de histórias pode ser feita com uma seleção de livros que o professor goste assim, quando chegar o momento de narrar à história, a emoção seja verdadeira. Além de focar em acontecimentos e ações, pois deixa a narrativa mais interessante para a criança. O uso da voz pode ser beneficiário para esses momentos.
Quanto mais expressiva for à leitura, melhor será a experiência com o livro, que deve ser escolhido adequadamente, e quanto melhor esse contato, mais as crianças irão gostar e irão se familiarizar com o livro e a leitura. Fox (2001) acredita que cada um de nós acha uma maneira de ler, criando identidade com o texto. A autora explica que podemos entonar a voz de maneiras diferentes, como: alto e baixo rápido e devagar, falar pausadamente, entre outros.
O professor pode ainda fazer brincadeiras com as habilidades de leitura, deixando a contação mais dinâmica e fazendo com que as crianças compreendam a estrutura do livro e as relações entre a capa, à narrativa e as ilustrações.
Livros que contém imagens têm valor na sala de aula, atraem a experiência de leitura na infância, além de promover a apreciação e o interesse. Ramos (2011) afirma que: 
Uma imagem, assim como um texto escrito pode apresentar várias camadas de leitura, o que requer daquele que examina um olhar atento e calmo, uma atenção que poderíamos chamar de flutuante, apta a captar além daquilo que se é visto em primeiro momento. (RAMOS: 2011, P. 35)
A mediação presente na leitura de livros de imagens permite ao professor despertar essa relação de interpretação da imagem no aluno, além de incentivar sua participação na contação As imagens estão cheias de sentimento e ações que compõem a história e podem desenvolver a criatividade, a espontaneidade, o simbolismo, o improviso e a capacidade de complementação leitora pela apreciação dos sentidos. O professor deve trabalhar como mediador dessas relações do aluno com a imagem e a construção participativa da história.
3.3 PROFESSOR E ESCOLA NO INCENTIVO A LEITURA
A escola e o professor tem o papel de fazer a ligação do conhecimento adquirido através da literatura e o prazer pela leitura. Deve-se formar futuros leitores que gostem de manusear, imaginar e contemplar livros de diferentes formas. Proporcionar o contato direto da criança com o texto literário e as imagens presentes no livro, é um dos passos para a descoberta do prazer pela leitura. A leitura descompromissada faz com que a criança aprenda de maneira prazerosa. Como afirma Vieira (1989):
Mesmo quando há a preocupação de indicar leituras e trabalha-las em sala de aula, poucos são os professores que se detêm no aspecto relativo à fruição, ao prazer do texto. Valoriza-se o que o autor quis dizer e não o como foi dito e o que provocou no leitor. Parece que na escola não há lugar para a emoção e o prazer, como se a união entre o conhecimento e o prazer fosse impossível. (VIEIRA, 1989, p. 52) 
O gosto por ouvir e, posteriormente, ler histórias pode ser despertado na criança pelo professor e pela escola desde a Educação Infantil. As experiências que uma história proporciona na vida e no desenvolvimento da criança é importante para seu futuro como leitor. Para isso, o professor deve executar esse momento de contar histórias, de distribuir os livros para manuseio livre da criança, de ler da maneira mais divertida possível, de aproximar a criança da literatura infantil, é de suma importância. Despertar o prazer pela leitura e a busca pelo conhecimento que a literatura infantil proporciona, é papel do professor, que deve mediar essa relação do aluno com o mundo literário a que a cerca.
 
4. A CONTRUIBUÍÇÃO DA FAMILIA NA APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS 
A literatura infantil surgiu com a reestruturação da família. Essa nova visão de infância aproximou o adulto da criança, criando laços afetivos entre ambos. No início não existiam livros para as crianças, as histórias foram adaptadas nas contações. Nas rodas com fogueiras, nas casas, os adultos contavam e encantavam crianças com suas histórias heroicas e cheias de aventura, ou seus contos com repreensão e cuidado. A família começou sua influência no desenvolvimento literário da criança a partir dessa época. 
Histórias infantis são uma ferramenta de suma importância na formação da identidade e valores da criança. Momentos de contação de histórias com a família gera um vinculo maior entre eles e reforça valores e culturas passados de geração em geração.
4.1 A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NO DESENVOLVIMENTO DA FALA DA CRIANÇA
Alguns pais já começam a ler para seus filhos ainda no útero, com seis meses, um ano de idade algumas crianças já aprenderam os sons da língua materna e já balbuciam palavras. Especialistas afirmam que podemos ler para as crianças desde os primeiros meses. A partir do momento que a criança ouve os sons transmitidos através da fala do adulto, seja com histórias curtas ou canções de ninar, ela já inicia seu desenvolvimento das habilidades de fala. Girardello (2007) afirma que
A narrativa chega cedo à vida da criança, já em seus primeiros dias de vida. Chega através do padrão musical regular dos acalantos, que, como as histórias, se abrem e fecham nitidamente, contendo em si um mundo particular...
Assim, contar histórias pode ser o momento perfeito para iniciar conversas com a criança, utilizar as palavras e imagens de livros para criar mensagens. Segundo Fox (2001), ler em voz alta e conversar sobre o livro aguça o cérebro da criança. Ajuda a desenvolver sua habilidade de concentração, a se expressar com mais facilidade e clareza e, posteriormente, resolver problemas. 
Quando a criança está balbuciando as palavras, ao ouvir uma história, ela associa o que ouve com a expressão de quem conta. Ela começa o processo de ouvir e compreender o que o adulto está falando, de acordo com as expressões faciais e corporais de quem está narrando, além da entonação da voz em determinadas partes da história. A criança observa atentamente todos os movimentos de quem está “conversando” com ela, e de uma maneira prazerosa, inicia o desenvolvimento de sua fala, através de reproduções de sons ou expressões do narrador. 
Segundo Girardello (2007), muitasvezes o olhar fascinado da criança pequena se fixa diretamente na boca de quem fala com ela, especialmente quando a pessoa “brinca de falar” com ela, através de canções, parlendas, trava-línguas ou histórias criadas para ela no calor do momento. A criança já está em plena jornada linguagem adentro, e possivelmente o que a fascina liga-se ao pressentimento de que em breve aquele domínio também será seu.
4.2 A CULTURA FAMILIAR PRESENTE NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
Em cada lugar, em cada cultura, o contador de histórias tem um nome e uma função. Comumente esses contadores são pessoas da família, avós, pais, tios, pessoas próximas, que encantam com suas histórias inventadas, relatos de suas vivencias e seu modo de contar tais histórias. Essa arte de contar histórias é presente em grande parte das famílias, que reproduzem sua cultura e tradições através de suas palavras. 
Walter Benjamin (1985), em um artigo sobre o narrador da oralidade, afirma que os narradores natos tinham senso prático e retiravam suas histórias da experiência, seja própria ou de outros, e acrescentavam mais experiência a seus ouvintes por meio das histórias, que definiu como artesanais:
A narrativa, que durante tanto tempo floresceu num meio de artesão – no campo, no mar e na cidade -, é ela própria, num certo sentido, uma forma artesanal de comunicação. Ela não está interessada em transmitir o “puro em si” da coisa narrada como uma informação de um relatório. Ela mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador, como a mão do oleiro na argila do vaso. (BENJAMIN, 1985, P.205)
Assim, a história contada pelo adulto tem sua “digital”, seja ela cultural social ou histórica, como afirma o poeta russo Kornei Chukovski (1968) que as pessoas contam as histórias e canções de que mais gostavam quando elas próprias eram crianças, de modo que quem escolhe as histórias para as crianças de hoje são as crianças de ontem. 
Abramovich (1997) argumenta que os pais tem a primeira estratégia para despertar o gosto da criança pela leitura. Uma boa estratégia consiste em dar livros adequados ao nível cognitivo das crianças, a partir da idade de seis meses. Como a criança não tem capacidade de ler sozinha, os familiares precisarão assumir o papel de contadores de histórias. Vygotsky afirma:
O estímulo à leitura deve ocorrer não somente na sala de aula, como também no contexto familiar, uma vez que a família é a base para a formação do ser humano. A criança aprende e se desenvolve com o meio em que está inserido, caso não haja interesse pelos pais, os filhos também terão dificuldades em despertar interesse pelos livros (VYGOTSKY. 2000, p. 58).
A família que tem o hábito da leitura, influencia seus filhos a serem leitores, a terem prazer pela leitura. É uma herança cultural, que passa de geração em geração, com histórias que nunca morrem, que são modificadas e adequadas a cada tempo em que se vive.
As histórias contadas com base na cultura do indivíduo fazem com que a criança entre no mundo do simbólico e represente sua realidade através da imaginação. Vygotsky (1999) afirma que a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável, do pensamento realista. Ou seja, as histórias passadas de geração em geração, com o acréscimo da cultura de cada pessoa da família, influencia na construção cultural da criança. Ela reproduz o que ouve e vê, o meio e que vive é expresso através da narrativa. Hardy (1968) afirma que:
Sonhamos através de narrativas, devaneamos através de narrativas, lembramos, desejamos, esperamos, desesperamo-nos, acreditamos, duvidamos, planejamos, revisamos, criticamos, construímos, passamos boatos adiante, aprendemos, odiamos e vivemos através de narrativas. 
Através da interação do adulto com a criança, utilizando a ludicidade das histórias, no contar e recontar da história, deixando emergir aos poucos a própria cultura, intencionalidade e motivação é que o processo de desenvolvimento de cidadania vai sendo construído inicialmente na criança. Ela entende que, posteriormente, assumirá algum daqueles papéis descritos na história, define quem são seus heróis e trabalha suas habilidades de fala e compreensão.
O ambiente em que a contação acontece também influencia na maneira que a criança vai receber a história. Em certas situações, vemos pais contando histórias para seus filhos na cama, antes de dormir, sendo assim, um momento relaxante. Outras famílias fazem grandes rodas para ouvir histórias dos avós. Esses momentos solidificam a cultura da leitura e da contação de histórias por gerações. Além de ser uma parceria com a escola e o professor, para juntos construir essa identidade leitora da criança.
Um ambiente preparado pelos pais para a leitura e contação de histórias aproxima os componentes da família de forma que as relações entre eles sejam palpáveis. A criança aprofunda seus laços e futuramente se torna um sujeito bem relacionado com seus familiares.
A família pode assumir esse papel do contador e através da oralidade abrir caminhos para que a criança possa aprender a falar, escrever, ler e pensar. Nesta perspectiva Abramovich afirma:
Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo (ABRAMOVICH, 1997,p.16)
Presentear os filhos com livros também é uma estratégia favorável para incentivar a leitura. O contato da criança com o livro desde seus primeiros anos de vida é importante para que, na escola, quando esse contato ocorrer novamente, a criança já esteja familiarizada com o livro, saiba sua finalidade e importância. Os pais podem passar esse valor ao livro para a criança. 
Freire (1987), afirma que ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém educa a si mesmo, os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo. A leitura produz sentido, ou seja, surge da vivência de cada um, é posta como prática na compreensão do mundo no qual o sujeito está inserido. A leitura deixa a criança capaz de se comunicar com seu mundo com certa facilidade. E a mediação dessa leitura de mundo feita pela família é precípua.
 Dessa forma, a família, através da contação de histórias, tem um papel importante na construção do pensamento cognitivo da criança, no desenvolvimento das habilidades de fala e compreensão, além de despertar na criança o prazer pela leitura e contação de histórias, se tornando parte de sua cultura, de sua tradição.
5. CONsiderações finais
O desenvolvimento do seguinte estudo possibilitou uma análise de como a contação de histórias na Educação Infantil pode contribuir para a aprendizagem da criança. Ter contato com a literatura e os livros desde os primeiros anos de vida é de suma importância para a criança se desenvolver em diversos aspectos de sua vida. A relação da criança com a literatura infantil pode ser mediada pelos pais e pelo professor.
Através desse trabalho foi possível acompanhar e refletir o papel da literatura infantil ao longo da história, seu papel na transformação do conceito de família e como influenciou em diversos momentos da história. Foi possível refletir a respeito da contação de histórias, que surgiu desde os primórdios e tem uma maneira de ser executada em cada cultura, além do papel do contador de histórias na sociedade enfatizando sua influencia cultural.
O estudo também possibilitou entender a função do docente ao mediar conhecimento através da contação de histórias na sala de aula, como o mesmo pode preparar o ambiente para uma boa leitura, como ele pode se preparar para assumir o papel do contador, influenciando na formação do futuro leitor. Ainda, como a escola pode favorecer essa relação da criança com a literatura, fornecendo materiais didáticos benéficos e adequados para essa relação.
Além disso, o presente trabalho permitiu que fosse considerada a importância da contribuição da família nesse momento de contato da criançacom a literatura. Os pais, avós, tios, podem assumir o papel do contador e levar a criança a refletir papeis sociais e culturais da sociedade em que está inserido, além de contribuir nas relações interpessoais do indivíduo em desenvolvimento, mostrando que a aprendizagem pode começar em casa.
Sendo assim pode-se concluir que a contação de histórias na Educação Infantil pode contribuir para a aprendizagem da criança, pois através do contato da criança com a literatura infantil ela desenvolve diversas habilidades, tais como a fala, escrita, leitura. Além de contribuir para a visão de mundo da criança, como ela enxerga o ambiente em que vive seu contexto cultural e social.
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