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CATEDRAL DE BRASÍLIA

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UNIVERSIDADEDE ARARAQUARA – UNIARA 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
JAMES LUCIAN CARVALHO SILVA 
RAFAELA TOBIO LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 
 Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida 
Arquiteto: Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARARAQUARA - SP 
2019
CATEDRAL DE BRASÍLIA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"... como uma flor naquela terra agreste e solitária. 
Uma cidade erguida em plena solidão do descampado 
como uma mensagem permanente de graça e poesia..." 
(BRASÍLIA, SINFONIA DO ALVORADA 
VINÍCIUS DE MORAES) 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 2 
 
Sumário 
 
 
 
CONTEXTO HISTÓRICO: BRASIL NA DÉCADA DE 50 ............................................... 3 
A Segunda Metade da Década de 50 ...................................................................................... 3 
A Arquitetura Moderna Brasileira ...................................................................................... 4 
BIOGRAFIA DE OSCAR NIEMEYER ................................................................................ 5 
A Construção de Brasília ...................................................................................................... 14 
 Exilado do Brasil ................................................................................................................ 16 
 Sua Trajetória de 1980 a 2012.........................................................................................17 
A CATEDRAL DE BRASÍLIA: ANÁLISE DA OBRA......................................................20 
 História...................................................................................................................................20 
 Implantação..........................................................................................................................23 
 O Projeto Arquitetônico....................................................................................................30 
 O Projeto Estrutural......................................................................................................32 
 A Execução...............................................................................................................34 
 Iconografia.............................................................................................................36 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 3 
 
 
1. CONTEXTO HISTÓRICO: BRASIL NA DÉCADA DE 50 
 
 A década de 50 é conhecida como os “anos dourados” do Brasil ou “anos de ouro”. 
 O início da década é marcado pela chegada da televisão no Brasil. Em 18 de setembro 
de 1950 é lançada a TV Tupi em São Paulo, fundando assim o primeiro canal de televisão no 
país. No mesmo ano, o Brasil, pela primeira vez, foi sede da Copa do Mundo de Futebol e 
Getúlio Vargas é eleito presidente constitucional do Brasil. 
 No dia 20 de outubro de 1951, é inaugurada a I Bienal Internacional de Arte de São 
Paulo e em 1953 é criada a empresa estatal Petrobrás. 
Em 1954, é realizado o primeiro transplante de córneas no Brasil e no mesmo ano, o então 
presidente do país, Getúlio Vargas, se suicida. 
O final da década é marcado pelo surgimento da Bossa Nova, a primeira vitória do Brasil 
em uma Copa do Mundo de Futebol, em 1958, os avanços no cinema e teatro, a 
internacionalização da arquitetura brasileira e sobretudo, as expectativas em torno de Brasília. 
 
1.1 A Segunda Metade da Década de 50 
 
 Em outubro de 1955 é eleito como presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek. 
 O Brasil da primeira metade dos anos de 1950 sofreu convulsões políticas com o 
suicídio do presidente Getúlio Vargas e movimentações no sentido de impedir a posse 
constitucional do presidente eleito, Juscelino Kubitschek de Oliveira. 
 O governo de JK (iniciais do presidente) entrou para história do país como a gestão 
presidencial na qual se registrou o mais expressivo crescimento da economia brasileira. Na 
área econômica, o lema do governo foi "Cinquenta anos de progresso em cinco anos de 
governo". Para cumprir com esse objetivo, o governo federal elaborou o Plano de Metas, 
que previa um acelerado crescimento econômico a partir da expansão do setor industrial, com 
investimentos na produção de aço, alumínio, metais não-ferrosos, cimento, álcalis, papel e 
celulose, borracha, construção naval, maquinaria pesada e equipamento elétrico. 
 Neste plano estava previsto também o reordenamento do sistema de energia e 
transportes e o nascimento da indústria automobilística brasileira, além é claro da 
transferência da capital federal para Brasília, o que incluía toda sua construção. 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 4 
 
 O Plano de Metas teve pleno êxito, pois no transcurso da gestão governamental a 
economia brasileira registrou taxas de crescimento da produção industrial (principalmente na 
área de bens de capital) em torno de 80%. 
 A prioridade dada pelo governo ao crescimento e desenvolvimento econômico do país 
recebeu apoio de importantes setores da sociedade, incluindo os militares, os empresários e 
sindicatos trabalhistas. Porém, o acelerado processo de industrialização registrado no período 
e todos os gastos com a nova capital, não deixaram de acarretar uma série de problemas de 
longo prazo para a econômica brasileira. 
 O governo realizava investimentos no setor industrial e concretizava a construção de 
Brasília a partir da emissão monetária e da abertura da economia ao capital estrangeiro. A 
emissão monetária (ou emissão de papel moeda) ocasionou um agravamento do processo 
inflacionário, enquanto que a abertura da economia ao capital estrangeiro gerou uma 
progressiva desnacionalização econômica, porque as empresas estrangeiras (as chamadas 
multinacionais) passaram a controlar setores industriais estratégicos da economia nacional. 
 O controle estrangeiro sobre a economia brasileira era preponderante nas indústrias 
automobilísticas, de cigarros, farmacêutica e mecânica. Em pouco tempo, as multinacionais 
começaram a remeter grandes remessas de lucros (muitas vezes superiores aos investimentos 
por elas realizados) para seus países de origem. Esse tipo de procedimento era ilegal, mas as 
multinacionais burlavam as próprias leis locais. 
 Portanto, se por um lado o Plano de Metas alcançou os resultados esperados, por 
outro, foi responsável pela consolidação de um capitalismo extremamente dependente que 
sofreu muitas críticas e acirrou o debate em torno da política desenvolvimentista. 
 Quanto à população brasileira, em nenhuma outra década do século 20, a população 
cresceu tanto quanto no período de 1950 a 1960: um crescimento em torno de 35%, com o 
número de pessoas saltando de 52 para 70 milhões. 
 
1.2 A Arquitetura Moderna Brasileira 
 O modernismo arquitetônico nasce na Europa para encontrar soluções para os 
problemas gerados pelas mudanças sociais e econômicas durante a Revolução Industrial. No 
Brasil, diferentemente, ele surge sem a necessidade de solucionar problemas sociais, pois as 
obras modernistas surgem quando ainda se iniciava o processo de industrialização. 
 Além disso, o movimento moderno brasileiro pregava que o Brasil devia expressar-se 
de forma autônoma e independente dos ideais europeus. Isso marcou o movimento 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 5 
 
arquitetônico brasileiro e fez com que surgisse uma nova maneira de desenvolver projetos 
arquitetônicos, adaptando-os à nossa cultura, formas e materiais. 
 A origem da arquitetura moderna brasileira está discutivelmente atrelada ao 
movimento artístico brasileiro do início do século XX, cujo ápice e consolidaçãose deram 
com a Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu na cidade de São Paulo em fevereiro 
daquele ano. Embora longe de haver sido bem aceita àquela época pelo público, a Semana de 
22 proporcionou enfoques fundamentais para o desenvolvimento do movimento moderno 
brasileiro. Além disso, o movimento gerou uma nova fase estética que acabou integrando 
tendências que já vinham aparecendo, e não se limitou apenas a arquitetura e arte moderna, 
envolveu também aspectos ligados a áreas sociais, tecnológicas, econômicas e artísticas. 
 As obras deste estilo apresentavam como características formas geométricas definidas, 
sem ornamentos; uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício; vidros contínuos nas 
fachadas ao invés de janelas; aproveitamento do espaço do edifício etc. Seguia os cinco 
pilares da arquitetura moderna de Le Corbusier. Neste período, a arquitetura brasileira tem 
como marca um conflito entre o neocolonial - estilo dominante na arquitetura brasileira da 
época baseada na arquitetura usada em Portugal e que se manteve aqui pelos colonos 
portugueses - e o Modernismo, que começava a ganhar espaço. 
 O Estado teve papel importante na consolidação do modernismo arquitetônico 
brasileiro, pois patrocinava obras, já que buscaram o modernismo como símbolo de 
modernidade e progresso do novo Brasil que se desenvolvia, a ideia de uma nova Nação com 
uma identidade própria, a tomar como exemplo o projeto arquitetônico de Brasília. 
 E foi durante a construção de Brasília, na década de 50, que a arquitetura moderna 
brasileira, com o plano piloto de Lúcio Costa e os projetos de Oscar Niemeyer, ficou em 
evidência internacional e concretizou a ideia de um novo país. 
 
 
2. BIOGRAFIA DE OSCAR NIEMEYER 
Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares nasceu em 15 de dezembro de 1907 no 
Rio de Janeiro, no bairro de Laranjeiras, na rua Passos Manuel, que receberia no futuro o 
nome de seu avô Antônio Augusto Ribeiro de Almeida, ministro do Supremo Tribunal 
Federal. 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 6 
 
Filho de Delfina Ribeiro de Almeida e Oscar de Niemeyer Soares, Niemeyer passa a 
sua juventude sem preocupações e na boêmia, frequentando o Café Lamas, o clube do 
Fluminense e a Lapa. Em suas palavras: "parecia que estávamos na vida para nos divertir, que 
era um passeio." 
Em 1928 formou-se no ensino médio e neste mesmo ano casou-se com Annita Baldo , 
na época com 18 anos, com quem teve sua única filha Anna Maria Niemeyer, em 1930, que 
deu ao arquiteto cinco netos, treze bisnetos e quatro trinetos. Annita Baldo faleceu em 2004, 
após 76 anos de união. Dois anos depois, aos 99 anos, Oscar casou com sua secretária, Vera 
Lúcia Cabreira, de 60 anos. 
Na juventude, após seu casamento, para sustentar a família, Niemeyer começou a 
trabalhar na tipografia de seu pai. Em 1929, ele se matriculou no curso de Engenharia e 
Arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. 
Durante a Segunda Guerra Mundial Niemeyer vivencia a reforma proposta pelo recém 
nomeado diretor do curso de arquitetura, Lucio Costa. Em sua rápida passagem pela diretoria 
da ENBA entre 1930 e 1931, Lucio Costa remodelou o curso de arquitetura com base nos 
princípios modernos vigentes na Europa. Esse novo modelo repercutiu nos estudantes, cuja 
turma rendeu alguns dos grandes nomes do modernismo brasileiro. Durante o terceiro ano de 
curso, ao invés de estagiar numa firma construtora como era comum, Niemeyer decide 
trabalhar de graça no escritório de Lúcio Costa, Gregori Warchavchik e Carlos Leão, mesmo 
passando por dificuldades financeiras. Em 1934, Niemeyer se forma Engenheiro Arquiteto. 
Em 1936, aos 29 anos, Lúcio Costa foi escolhido pelo então ministro da 
educação Gustavo Capanema para projetar a nova sede do Ministério da Educação e Saúde, 
no Rio de Janeiro, cujo concurso público ganho por Archimedes Memoria havia sido 
cancelado. Embora Lucio Costa estivesse convicto da modernidade arquitetônica necessária, 
ainda lhe faltava uma hábil utilização dessa linguagem, e, portanto, ele reuniu um grupo de 
jovens arquitetos (Carlos Leão, Affonso Eduardo Reidy, Jorge Moreira e Ernani 
Vasconcellos) para projetar o edifício. Este projeto estava inserido no contexto político 
do Estado Novo, quando Getúlio Vargas, presidente do Brasil, usava a arquitetura e 
o urbanismo como ferramentas para ilustrar os novos rumos da nação em uma fase 
intermediária, que buscava se transformar de potência agrícola exportadora de café em um 
país industrializado. 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 7 
 
Ele também insistiu que o próprio Le Corbusier devia ser convidado como consultor. 
Apesar de Niemeyer não ter sido inicialmente incluído na equipe, Lucio Costa o adiciona à 
equipe após insistência do jovem arquiteto. Durante o período de estadia de Le Corbusier no 
Rio, Niemeyer foi designado a ajudá-lo com os desenhos, o que lhe permitiu um contato mais 
próximo com o mestre franco-suíço. Depois da partida de Le Corbusier, que havia produzido 
duas soluções para o edifício, Niemeyer modifica alguns aspectos de um dos esquemas, o que 
impressionou Lucio Costa a ponto de o grupo decidir levar sua proposta adiante. 
Gradualmente Niemeyer se faz importante no grupo, sendo que em 1939 assume a liderança, 
após Lucio Costa se afastar do projeto. 
O Ministério, que havia assumido a tarefa de moldar o "novo homem, brasileiro e 
moderno" foi o primeiro edifício modernista no mundo a ser patrocinado pelo Estado, numa 
escala muito maior que qualquer projeto de Le Corbusier construído até então. Concluído em 
1943, quando Niemeyer tinha 36 anos, o Ministério havia demonstrado na prática os 
elementos que viriam a ser reconhecido como a base do modernismo arquitetônico brasileiro: 
eleva-se da rua apoiando-se em pilotis, sistema de pilares de concreto que mantém o prédio 
suspenso, permitindo o trânsito livre de pedestres por baixo do mesmo (um espaço público de 
passagem). Empregou materiais locais, como os azulejos ligados à tradição portuguesa; 
revolucionou os brises-soleils corbusianos, ao torná-los ajustáveis e os relacionando com os 
dispositivos de sombreamento mouros da arquitetura colonial; cores ousadas, os jardins 
tropicais de Burle Marx, e especialmente encomendando obras de artistas, reunindo os 
maiores nomes do modernismo brasileiro, como Portinari, Alfredo Ceschiatti e Roberto Burle 
Marx. O edifício é considerado o primeiro grande marco da Arquitetura Moderna no Brasil e 
um dos mais influentes do século XX, sendo um modelo de diálogo entre estruturas baixas e 
blocos em altura (a exemplo da Lever House, em Nova Iorque). 
Em 1937, Niemeyer foi convidado por um parente para projetar um berçário para uma 
instituição filantrópica que atendia jovens mães, a Obra do Berço, que se tornaria seu primeiro 
trabalho finalizado. Neste edifício nota-se a presença dos elementos defendidos na arquitetura 
moderna e clara influência de Le Corbusier: o pilotis, a planta livre, a fachada livre, 
possibilitando a abertura total de janelas na fachada, o terraço-jardim e o brise-soleil, pela 
primeira vez utilizado na vertical. Durante a construção, o arquiteto estava fora do Brasil e, ao 
retornar, encontrou o brise instalado de forma inapropriada, sem proteger o interior contra 
a insolação. Sendo assim, Niemeyer, que nada havia cobrado pelo projeto, pagou pela 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 8 
 
execução do brise na forma em que havia projetado. O prédio da Obra do Berço foi 
inaugurado em 1938 e até 2019 a instituição ainda o ocupa. 
Em 1939, aos 32 anos, Niemeyer participa do concurso que escolheria o projeto para o 
pavilhão brasileiro na Feira Mundial de Nova Iorque. Embora Lucio Costa houvesse vencido 
o concurso por produzir um projeto em que, segundo o júri, havia grande teor nacionalista, 
Lucio Costa julgou o projeto de Niemeyer mais moderno e ousado, melhor e, portanto, propôs 
uma parceria para produzirum novo projeto. Executado em colaboração com Paul Lester 
Wiener, responsável pelo detalhamento dos interiores e stands da exposição, a estrutura era 
vizinha do pavilhão francês e contrastava com sua massa pesada por meio de sua pequena 
dimensão e delicadeza. Lucio Costa explicou que o Pavilhão brasileiro adotou uma linguagem 
de "graça e elegância", leveza e fluidez espacial, com um plano aberto, curvas e paredes 
livres, que ele chamou de "jônico", contrastando-a com a arquitetura purista dominante na 
época, que ele classificou de "dórica". Impressionado com seu design vanguardista, o 
prefeito Fiorello La Guardia concedeu a Niemeyer as chaves da cidade de Nova Iorque. Em 
uma época em que a Europa e os Estados Unidos estavam concentrando suas potências 
industriais na Segunda Guerra Mundial, o Brasil estava investindo em arquitetura, o que lhe 
colocou na vanguarda da Arquitetura Modernista internacional. 
Em 1940, aos 33 anos, Niemeyer conheceu Juscelino Kubitschek, então prefeito de 
Belo Horizonte. Kubitschek, junto com o governador Benedito Valadares, queria desenvolver 
uma área nobre ao norte da cidade chamada Pampulha e convidou Niemeyer para projetar 
uma série de prédios que se tornariam conhecidos como o "Conjunto Arquitetônico da 
Pampulha". O complexo inclui um cassino, um salão de dança e restaurante, um iate clube, 
um clube de golfe e uma igreja, os quais estão distribuídos em torno de um lago artificial. 
Uma casa de fim de semana para o prefeito também foi construída perto do lago. 
Os edifícios foram concluídos em 1943 e receberam aclamação internacional após a 
exposição "Brazil Builds", no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA). A maioria 
dos edifícios mostram abordagem particular de Niemeyer da linguagem corbusiana. No 
cassino, com sua fachada relativamente rígida, Niemeyer afasta-se dos princípios corbusianos 
e projeta volumes curvos fora do confinamento de uma grade racional.[17] Ele também explora 
o conceito de uma "promenade architecturale", na qual rampas-passarelas parecem flutuar, 
guiando as pessoas através do edifício ao mesmo tempo em que abrem a vista para a 
paisagem. 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 9 
 
O pequeno restaurante (Casa do Baile) foi construído numa ilha artificial própria e é 
composto de um bloco aproximadamente circular a partir do qual se projeta uma marquise de 
forma livre, seguindo o contorno da ilha. Embora a forma livre tenha sido utilizada até mesmo 
na arquitetura de Le Corbusier e Mies van der Rohe, a sua aplicação ao ar livre foi uma 
invenção de Niemeyer. Ela dilui a hierarquia entre interior-exterior em um nível 
anteriormente não realizado, embora o tema fosse constantemente explorado pela maioria dos 
arquitetos modernistas. Esta aplicação de forma livre, juntamente com o telhado borboleta 
usado no Iate Clube e na casa de Kubitschek tornou-se uma grande tendência na época. 
A obra-prima do complexo, porém, é considerada a igreja de São Francisco de Assis. 
Quando foi construída, o concreto armado ainda era utilizado de forma tradicional, como em 
estruturas de pilares, vigas e lajes. Perret, em Casablanca e Maillart em Zurique já haviam 
explorado a liberdade plástica do, aproveitando a geometria do arco parabólico para construir 
cascas extremamente delgadas. 
A decisão de utilizar tal abordagem econômica para a construção de uma igreja, 
revolucionária na época, com base na tecnologia inerentemente plástica do concreto para criar 
uma expressão estética. De acordo com Joaquim Cardozo, a unificação de parede e teto em 
um único elemento criou uma nova monumentalidade antivertical. A exuberância formal 
desta igreja adicionado à forte integração entre arquitetura e arte (a igreja é coberta por 
azulejos de Portinari e murais de Paulo Werneck) levou a uma interpretação quase barroca da 
obra. 
Embora alguns puristas europeus mais ortodoxos tenham criticado esse formalismo, a 
ideia de uma forma diferenciada diretamente derivada de uma razão lógica estrutural fez com 
que o prédio claramente fosse moderno sem romper completamente com o passado como era 
a tendência na época. 
Devido à sua importância na história da arquitetura brasileira e mundial, a igreja foi o 
primeiro edifício moderno a ser tombado no Brasil. Este fato não influenciou as autoridades 
conservadoras da igreja de Minas Gerais, que se recusaram a consagrar a igreja (o que só 
ocorreu em 1959), em parte por sua aparência não usual e em parte pelo painel pintado 
por Portinari, que possuía traços abstratos e onde reconhecia-se um cachorro, representando 
um lobo junto a São Francisco de Assis. 
A Pampulha, diz Niemeyer, ofereceu-lhe a oportunidade de “desafiar a monotonia da 
arquitetura contemporânea, a onda do funcionalismo mal interpretado que a limitava, e os 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 10 
 
dogmas de forma e função que havia surgido, contrariando a liberdade de plástico que o 
concreto permitia”. A experiência também permitiu as primeiras colaborações entre Niemeyer 
e Roberto Burle Marx, considerado o mais importante paisagista do século XX. Eles seriam 
parceiros em muitos projetos nos próximos 10 anos, uma colaboração que produziu alguns 
dos melhores resultados em suas carreiras. 
Com o sucesso da Pampulha e da exposição Brazil Builds, Niemeyer alcança fama 
internacional. Sua arquitetura do período desenvolveu o estilo brasileiro (Brazilian style), a 
Igreja da Pampulha e em menor parte (devido à sua linguagem primariamente corbusiana) o 
prédio do Ministério, iniciaram. Seus projetos deste período mostram preocupações 
claramente modernista, tal como no método projetual em que forma segue a função. 
Niemeyer, porém, parte do purismo estrito e manipula escala e proporção mais livremente, o 
que permitiu-lhe resolver programas e problemas complexos com plantas simples e 
inteligentes. 
Em 1947, aos 40 anos, Niemeyer voltou para Nova Iorque para integrar a equipe 
internacional encarregada de projetar a sede das Nações Unidas. O esquema número 32 de 
Niemeyer foi aprovado pelo conselho de projetistas, mas Niemeyer acabou por ceder à 
pressão de Le Corbusier, e, juntos, eles apresentaram o projeto 23/32 (desenvolvido com 
Bodiansky e Weissmann), que mantinha a disposição geral de Niemeyer, porém com a grande 
assembleia posicionado ao centro, que Corbusier julgou hierarquicamente correto. Apesar da 
insistência de Le Corbusier para desenvolver e detalhar o esquema 23/32, aprovado pelo 
conselho de administração, ele foi realizado por Wallace Harrison e Max Abramovitz. 
Esta estada nos Estados Unidos também rendeu Niemeyer o projeto para a residência 
Burton G. Tremaine, um de seus mais ousados projetos residenciais. Em meio a jardins 
exuberantes de Burle Marx, a residência apresenta um plano extremamente aberto projetado 
para uma experiência de vida total próxima do Oceano Pacífico, em Montecito, 
Califórnia. Niemeyer projetou pouco para os Estados Unidos, dada a sua filiação ao Partido 
Comunista, que em várias ocasiões o impediu de obter um visto. Isso ocorreu em 1946, 
quando ele foi convidado a dar aulas na Universidade Yale. Em 1953, aos 46 anos, Niemeyer 
foi escolhido para o cargo de reitor da Escola de Design da Universidade Harvard, mas 
novamente suas visões políticas foram uma questão problemática. 
Em 1950, Niemeyer já era autoconfiante em seu trabalho para seguir seu próprio 
caminho no cenário internacional da arquitetura moderna. Foi nessa época que Niemeyer 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 11 
 
parte da experiência dos arcos parabólicos que ele havia projetado na Pampulha para explorar 
ainda mais o seu material padrão, o concreto. Neste mesmo ano ele foi convidado para 
projetar o parque Ibirapuera em São Paulo devido as comemorações do 400º aniversário da 
cidade. O plano, que consistia de vários pavilhões porticados interligados através de uma 
gigantesca marquise de forma livre, teve que ser simplificado devidoa razões econômicas. Os 
edifícios resultantes são menos interessantes individualmente, o que transfere para as 
disposições volumétricas o papel de experiência estética dominante. Para estes edifícios 
Niemeyer desenvolveu pilotis de diversas formas, tais como aqueles em V, que se tornou 
extremamente popular. Uma variação sobre o mesmo tema foram os pilotis em W que suporta 
o Conjunto Governador Juscelino Kubitschek (1951), dois grandes edifícios que contém cerca 
de mil apartamentos. Seu projeto foi baseado num esquema anterior para o hotel-apartamento 
Quitandinha em Petrópolis, concebido um ano antes e nunca realizado. Com 33 andares e 
mais de 400 metros de comprimento, abrigaria 5.700 unidades juntamente com serviços 
comuns, tais como comércio e escolas, sendo uma versão de Niemeyer para o programa 
desenvolvido por Le Corbusier em sua Unité d'Habitation em Marselha. 
Um programa semelhante foi realizado no centro de São Paulo com o edifício 
Copan (1953-1966). Este famoso cartão-postal representa um microcosmo da população 
diversa da cidade. Sua horizontalidade, enfatizada pelos brises de concreto, juntamente com o 
fato de ser um edifício residencial, foi uma abordagem interessante para habitação popular na 
época, uma vez que em 1950 o processo de suburbanização já havia começado e os centros 
urbanos estavam sendo ocupado principalmente por empresas e corporações, geralmente 
ocupando edifícios verticais "masculinos", opostos à abordagem "feminina" de Niemeyer. Em 
1954, Niemeyer também projetou o Edifício Niemeyer na Praça da Liberdade, em Belo 
Horizonte. O edifício tem uma planta de forma totalmente livre é reminiscente do arranha-céu 
de vidro que Mies van der Rohe havia projetado em 1922, embora com uma qualidade 
material oposta à solução transparente do alemão. Na mesma praça Niemeyer projeta a 
Biblioteca Pública Estadual, também em 1954. Ainda em Belo Horizonte é responsável pelo 
projeto do Colégio Estadual Central, onde novamente Niemeyer se utiliza da técnica estrutural 
para obter resultados estéticos delicados, sem prejudicar funções programáticas. 
Durante esse período, Niemeyer projeta inúmeras residências. Entre eles estão uma 
casa de fim de semana para o seu pai, em Mendes (1949), que foi construída a partir da 
estrutura de um galinheiro existente; a residência Prudente de Morais Neto, no Rio de Janeiro 
(1943-1949), baseada no projeto original de Niemeyer para a casa de Kubitschek na 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 12 
 
Pampulha; uma casa para Gustavo Capanema (1947) (o ministro que encomendara o edifício 
do Ministério em 1935); a residência Leonel Miranda (1952), com duas rampas em espiral 
que dão acesso ao primeiro piso sobre pilotis oblíquos e com telhado borboleta. Estes projetos 
contam com a mesma fachada inclinada usada na Residência Tremaine, o que permite uma 
boa iluminação natural. Ainda em 1954 ele projetou a famosa casa Cavanelas, com seu 
telhado metálico aludindo a uma tenda e que, com a ajuda de jardins de Burle Marx, está 
perfeitamente adaptada ao sítio montanhoso. 
No entanto, a sua obra-prima residencial é considerada a casa que Niemeyer projetou 
para si mesmo em 1953. A casa das Canoas está localizada em um terreno em declive com 
vista de longe para o mar, e é desenvolvida em dois pisos: o primeiro é um pavilhão 
transparente e fluido com um telhado em forma livre suportado em finas colunas metálicas. 
Os cômodos estão localizados no andar de baixo e é mais tradicionalmente organizado. O 
projeto aproveita o terreno irregular, de modo a não perturbar a paisagem. Embora a casa seja 
bem integrada no terreno, ela não escapou de críticas. Niemeyer lembrava que Walter 
Gropius, que visitou o país como um júri na segunda Bienal de São Paulo, argumentou que 
embora bela, a casa não poderia ser pré-fabricada, para que Niemeyer respondeu que a casa 
foi projetada para sua própria família e num terreno peculiar, não um plano simples. Para 
Henry-Russell Hitchcock, a casa das Canoas foi a expressão mais extrema do lirismo de 
Niemeyer, definindo ritmo e dança como a suprema transgressão à utilidade. Mesmo 
ignorando algumas críticas, Niemeyer percebeu que tal arquitetura orgânica é de fato muito 
específica e dependente de grandes talentos e qualidade de execução para ser bem-sucedida. 
Em meados da década de 1950, Oscar Niemeyer atuou, ainda que brevemente, no 
mercado imobiliário de São Paulo, para o Banco Nacional Imobiliário (BNI). Os 
edifícios Montreal, Triângulo, Califórnia e Eiffel são fruto de seu escritório montado em São 
Paulo neste período, sob supervisão do arquiteto Carlos Lemos, também responsável pela 
finalização e acompanhamento da execução do Copan. Na mesma época, Niemeyer também 
projetou o Edifício Itatiaia, em Campinas. 
Em 1955, funda a revista Módulo, no Rio de Janeiro, uma das mais importantes 
revistas de arquitetura, urbanismo, arte e cultura da década de 50. Foi um dos grandes meios 
do arquiteto de divulgar sua obra no Brasil. Sua produção foi proibida pela ditadura militar 
em 1965 e só voltou a circular em 1975. 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 13 
 
Em 1953 a arquitetura moderna brasileira, que havia sido enormemente elogiada desde 
a exposição Brazil Builds, começou a ser alvo de críticas internacionais, principalmente das 
frentes racionalistas. A arquitetura de Niemeyer em particular foi muito criticada por Max 
Bill, arquiteto e designer suíço que havia concedido uma entrevista para a revista 
Manchete, onde atacou o uso de formas livres por Niemeyer como puramente decorativo (em 
oposição ao conjunto Pedregulho, de Affonso Reidy), seu uso de painéis murais e o caráter 
individualista de sua arquitetura, que "está em risco de cair em um academicismo antissocial 
perigoso". 
A primeira reação de Niemeyer à crítica de Bill foi de ignorar e desqualificá-la, 
seguido por um ataque baseado na atitude paternalista de Bill, que o teria impedido de 
perceber as diferentes realidades sociais e econômicas entre o Brasil e os países europeus. 
Apesar de exagerada e mal recebida, as palavras de Bill foram eficazes em trazer a 
atenção a arquitetura medíocre que estava sendo produzida por arquitetos menos talentosos, 
que utilizavam o vocabulário de Niemeyer da maneira antimoderna que Bill criticara. 
Niemeyer mesmo admitiu que por um determinado período "aceitava trabalhos em demasia, 
executando-os às pressas, confiante na habilidade e na capacidade de improvisação de que me 
julgava possuidor”. 
A Interbau de Berlim em 1957 proporcionou a Niemeyer não só a chance de construir 
um exemplo de sua arquitetura na Alemanha, mas também a oportunidade de visitar a Europa 
pela primeira vez, em 1954. O contato com os antigos monumentos do velho mundo, de 
Lisboa a Moscou, teve um impacto duradouro sobre as opiniões de Niemeyer sobre 
arquitetura, que então considerava completamente dependente das qualidades estéticas. 
Juntamente com suas análises sobre a produção brasileira da época e a recente crítica 
internacional, esta viagem levou Niemeyer a um processo de revisão de seu próprio trabalho, 
que ele publicou como um texto intitulado “Depoimento” em sua revista Módulo. Ele propôs 
uma simplificação de sua arquitetura, descartando múltiplos elementos secundários tais como 
brises-soleil, pilotis esculturais e marquises. Sua arquitetura a partir de então seria uma 
expressão da estrutura através de volumes puros. Seu método de projeto também mudaria, 
priorizando impacto estético sobre outras funções programáticas, uma vez que para ele, 
"quando a forma cria beleza, tem na própria beleza sua justificação". 
Em 1955, aos 48 anos, Niemeyer projetou o Museu de Arte Moderna de Caracas, na 
Venezuela. Esse projeto seria a materialização de sua revisão crítica, entretanto, nunca chegou 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 14 
 
a ser executado. Posicionado no topo de um penhasco com vista para centro de Caracas, o 
museu teriauma forma de pirâmide invertida que dominaria a paisagem. O edifício prismático 
e opaco quase não possuiria conexão com o exterior em suas paredes, embora seu teto de 
vidro permitiria quantidades específicas de luz natural no edifício. Um sistema eletrônico 
manteria as condições de iluminação inalteradas durante todo o dia com luz artificial 
complementar. O interior, no entanto, seria mais familiar à linguagem de Niemeyer, com o 
rampas-passarelas que ligariam os diferentes níveis e o mezanino, uma laje de forma livre que 
teria função estrutural de tirantes estabilizadores da forma piramidal. 
Esta pureza da forma e da simplicidade arquitetônica culminaria em seu trabalho em 
Brasília, onde as qualidades plásticas dos edifícios são expressas apenas por elementos 
estruturais. 
 
2.1 A Construção de Brasília 
 
“…quem for a Brasília, pode gostar ou não dos palácios, 
mas não pode dizer que viu antes coisa parecida. 
E arquitetura é isso — invenção.” 
 (Oscar Niemeyer, 2001) 
 
Convidado pelo então Presidente da República Juscelino Kubitschek para projetar a 
nova capital do Brasil, é nomeado diretor do Departamento de Urbanismo e Arquitetura da 
Novacap, empresa responsável pela construção de Brasília. É encarregado de organizar um 
concurso para escolha do plano-piloto de Brasília, participando também da comissão 
julgadora. Em 1957, o concurso público é lançado e o projeto vencedor é o apresentado 
por Lúcio Costa, seu amigo e ex-professor e patrão. Niemeyer, arquiteto escolhido por 
Juscelino, seria responsável pela concepção dos edifícios, enquanto Lúcio Costa 
desenvolveria o plano urbanístico da cidade. 
A construção de Brasília foi desafiadora. A cidade foi erigida na velocidade de um 
mandato, e Niemeyer teve de planejar uma série de edifícios em poucos meses para configurá-
la. Entre os de maior destaque estão a residência do Presidente (Palácio da Alvorada), 
o Palácio do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), a Catedral de 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 15 
 
Brasília, os prédios dos ministérios, a sede do governo (Palácio do Planalto) além de prédios 
residenciais e comerciais. 
A nova capital foi concebida, no espírito de seu fundador, como um símbolo do 
desenvolvimento do Brasil e da união nacional, como uma afirmação da grandeza e da 
vitalidade do país, de sua capacidade de empreendimento e sua confiança no futuro. 
O engenheiro calculista Joaquim Cardozo foi o responsável pelos projetos estruturais 
das obras mais complexas da nova capital, como os palácios e a catedral, solucionando os 
desafios propostos por Niemeyer. 
A determinação de Kubitschek foi fundamental para a construção de Brasília, levando 
para frente sua intenção de desenvolver o centro despovoado do Brasil (a exemplo da marcha 
do oeste norte-americana): povoar o interior e levar o progresso Brasil adentro. 
O projeto de Lúcio Costa, vencedor do concurso, punha em prática os conceitos 
modernistas de cidade: o automóvel no topo da hierarquia viária, facilitando o deslocamento 
na cidade, os blocos de edifícios afastados, em pilotis sobre grandes áreas verdes. Brasília 
possui diretrizes que remetem aos projetos de Le Corbusier na década de 1920 e ainda ao seu 
projeto para a cidade de Chandigarh, pela escala monumental dos edifícios governamentais. A 
cidade de Lúcio Costa também possui conceitos semelhantes aos dos estudos de Hilberseimer. 
Nesta nova cidade projetada, levou-se em conta a ideia da Carta de Atenas, onde todas 
as moradias seriam reunidas numa área comum. Dessa, todos os funcionários, fossem 
serventes ou parlamentares, deveriam habitar os mesmos prédios, o que foi equivocadamente 
relacionado às posições políticas de Niemeyer. 
As obras de Niemeyer em Brasília podem ser divididas em três categorias distintas: os 
palácios de pórticos, os edifícios compostos por jogos de volume simples e os edifícios 
religiosos de planta centrada. Desses três grupos, o mais inesperado, mas também o mais 
homogêneo e o mais clássico em sua inegável originalidade é, sem sombra de dúvidas, o 
primeiro. 
Em maio de 1958 inaugurou-se o primeiro templo de alvenaria em Brasília, a Igrejinha 
Nossa Senhora de Fátima. Construída em 100 dias, mostra entre tantos monumentos como 
Niemeyer manipula a escala pequena e humana. O interior possuía painéis de Alfredo Volpi. 
O Palácio da Alvorada foi o primeiro edifício público inaugurado em Brasília, em 
junho de 1958. Nesta obra Niemeyer desenha pilares em um formato inusitado. A forma dos 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 16 
 
pilares da fachada deu origem ao símbolo e emblema da cidade, presente 
no brasão do Distrito Federal. 
O Palácio do Planalto foi inaugurado no dia da transição da capital, em 21 de abril de 
1960. Durante a construção do edifício, a sede do Governo funcionou no Catetinho, um 
sobrado de madeira, nos arredores de Brasília. É um dos edifícios da Praça dos Três Poderes, 
sendo os demais o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. 
Marcante por sua arquitetura singular, a Catedral Metropolitana é uma das obras mais 
expressivas de Brasília. O acesso à nave se dá através de uma passagem subterrânea, 
intencionalmente escura e mal iluminada, visando o contraste com o interior que recebe 
iluminação natural intensa. 
O edifício do Congresso Nacional do Brasil, inaugurado em 1960, localiza-se no 
centro do Eixo Monumental, a principal avenida de Brasília. À frente há um espelho d'água e 
um grande gramado e na parte posterior do edifício se encontra a Praça dos Três Poderes. É 
um dos edifícios mais importantes do Brasil. É composto de duas semiesferas, que abrigam 
o Câmara dos Deputados e o Senado. Entre as semiesferas há dois blocos de escritórios. 
Em Brasília, Oscar Niemeyer foi responsável também pelo projeto de ampliação do 
prédio da Aliança Francesa em 1976. 
 
2.2 Exilado do Brasil 
Em 1964 viaja para Israel a trabalho e volta para um Brasil completamente diferente. 
Em março o presidente João Goulart (Jango), que assumira após o presidente eleito Jânio 
Quadros renunciar, havia sido deposto por um golpe dos militares, que assumem o controle do 
país e instauram um regime de ditadura que duraria 21 anos. O comunismo de Niemeyer lhe 
custou caro. No período da ditadura militar do Brasil, a revista Módulo, que dirigia, tem a 
sede parcialmente destruída, o escritório de Niemeyer é saqueado, seus projetos passam a ser 
recusados e a clientela desaparece. 
Em 1965, 223 professores, entre eles Niemeyer, se demitem da Universidade de 
Brasília, em protesto contra a política universitária e retaliações do Governo Militar. No 
mesmo ano viaja para França, para uma exposição sobre sua obra no Museu do Louvre. 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 17 
 
No ano seguinte, impedido de trabalhar no Brasil, muda-se para Paris. Começa aí uma 
nova fase de sua vida e obra. Abre um escritório na avenida Champs-Élysées, número 
90, recebendo comissões de diversos países, em especial da Argélia, onde desenha 
a Universidade de Constantine e, em 1970, a mesquita de Argel. 
Na França, projeta a sede do Partido Comunista Francês (doação), a Bolsa de Trabalho 
de Bobigny, o Centro Cultural Le Havre e na Itália a Editora Mondadori. Este último edifício 
foi encomendado por Arnoldo Mondadori, que havia se impressionado com o Palácio do 
Itamaraty durante uma visita a Brasília. Ao especificar que gostaria de uma colunata similar 
em seu edifício, Niemeyer atendeu ao pedido, porém utilizando arcos de contornos 
paramétricos, que poderiam cobrir vãos diferenciados, oposto aos arcos plenos do edifício de 
Brasília. No edifício milanês, todos os cinco pavimentos são suspensos na colunata, o que 
transfere às delicadas colunas muito mais cargas que no esquema do Itamaraty. 
 
2.3 Sua Trajetória de 1980 a 2012 
Niemeyer retorna ao Brasil no começo dos anos 1980, no início da abertura política, 
quando da anistia dos exilados no governoJoão Figueiredo. Na ocasião o antropólogo Darcy 
Ribeiro, amigo de Niemeyer, era vice de Leonel Brizola, ex-exilado e governador do Rio de 
Janeiro eleito em 1982. Para consolidar os projetos educacionais e culturais de Darcy Ribeiro, 
Niemeyer projeta os CIEPs e o Sambódromo do Rio de Janeiro, que possui salas de aula sob 
as arquibancadas. 
Projetou ainda na década de 1980 o Memorial JK; o Edifício Manchete; sede do Grupo 
Bloch em 1983; a Arena de Rodeios e o Parque do Peão "Mussa Calil Neto", na cidade de 
Barretos, interior de São Paulo (1984); o Panteão da Pátria em Brasília (1985) e o Memorial 
da América Latina (1987), em São Paulo. Em 1988, é criada a Fundação Oscar Niemeyer a 
fim de preservar o seu acervo de cerca de 500 trabalhos. O Memorial da América Latina, 
localizado no bairro da Barra Funda, na cidade de São Paulo, inaugurado em 18 de março de 
1989, possui o conceito e o projeto cultural desenvolvido pelo antropólogo Darcy Ribeiro. 
Em 1991, aos 84 anos, projetou o MAC Niterói, em um terreno que ele próprio 
escolheu quando andava de carro por Niterói. Considerado uma de suas grandes obras, o 
projeto do MAC integra a arquitetura com o panorama da Baía de Guanabara, a praia de Icaraí 
e o relevo do Rio de Janeiro. 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 18 
 
Em 22 de novembro de 2002 foi inaugurado o complexo que abriga o Museu Oscar 
Niemeyer, em Curitiba. Por sua forma inusitada, o museu é popularmente chamado de Museu 
do Olho ou Olho do Niemeyer. Abriga diversas exposições ao longo do ano e traz milhares de 
turistas do Brasil e do exterior. O Museu preza por sua arquitetura moderna, representando 
originalmente um pinheiro (segundo Niemeyer). 
Em 2003, Niemeyer foi escolhido para projetar seu primeiro edifício na Grã-Bretanha, 
um pavilhão provisório na Serpentine Gallery - uma galeria londrina que constrói a cada ano 
um pavilhão no Jardim do Hyde Park. Apesar de sua preferência pelo concreto, Niemeyer 
optou pela execução em aço devido ao caráter temporário da obra, que pedia uma arquitetura 
desmontável. 
No ano de 2002 é concluída a 12ª versão do projeto do Auditório Ibirapuera, projetado 
para o local desde 1952 e cujas obras são finalizadas em 2005. 
Em 15 de dezembro de 2006, com quase 50 anos de atraso, foi inaugurado o Museu 
Nacional Honestino Guimarães e a Biblioteca Nacional Leonel de Moura Brizola, que 
formam, juntas, o maior centro cultural do Brasil, denominado Complexo Cultural da 
República, na Esplanada dos Ministérios em Brasília. O Complexo, de 91,8 mil metros 
quadrados custou 110 milhões de reais ao Governo do Distrito Federal. A inauguração foi 
programada para coincidir com o 99º aniversário de Oscar Niemeyer. 
Niemeyer completou em 2007 o centésimo aniversário perfeitamente lúcido e ativo. 
Neste mesmo ano, no dia 12 de dezembro, recebeu a mais alta condecoração do governo 
francês pelo conjunto de sua obra, o título de Comendador da Ordem Nacional da Legião de 
Honra. 
Vladimir Putin, presidente da Rússia, conferiu-lhe a condecoração da Ordem da 
Amizade no dia 14 de dezembro. No mesmo ano de 2007 o Iphan tombou 35 obras do 
arquiteto, das quais 24 foram selecionadas pelo próprio Niemeyer. 
Fora do Brasil, em 2007, o arquiteto iniciou as obras do seu primeiro projeto 
na Espanha: um centro cultural com o seu nome, Centro Niemeyer, em Avilés, Astúrias. Este 
projeto foi oferecido à Fundação Príncipe das Astúrias como agradecimento pela 
condecoração que Niemeyer recebeu, em 1989 (Prémio Príncipe das Astúrias das Artes). Do 
projeto consta de cinco peças separadas e complementares: praça, auditório, cúpula, torre e 
um edifício polivalente. Foi inaugurado na Primavera de 2011. 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 19 
 
Em julho de 2008, foram inaugurados a Estação Cabo Branco e o Parque da Cidade 
Dom Nivaldo Monte em duas capitais nordestinas, respectivamente, João Pessoa e Natal. A 
Estação está localizada na Ponta do Seixas, ponto turístico da capital paraibana conhecido 
como extremo oriental das Américas, e tem como foco central "uma torre espelhada erguida 
em forma octogonal, com 43 metros de distância entre lados opostos e apoiada sobre uma 
parede cilíndrica com quinze metros de diâmetro". A Estação Cabo Branco possui área 
construída de 8.571m². Já o Parque, localizado em uma grande área verde de 64 hectares 
(640.000 m²) preservada na capital potiguar, possui um mirante de sessenta metros de altura 
de onde é possível observar toda a cidade. 
Também foi convidado a elaborar o projeto arquitetônico do novo centro 
administrativo do governo de Minas Gerais. Este centro localiza-se entre a capital mineira e 
o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins). Mais um projeto ousado que - entre 
outras edificações no local - previa uma laje de quase 150 metros apoiada em apenas dois 
pilares. 
Curvas, concreto armado e o maior prédio suspenso do mundo. A Cidade 
Administrativa de Minas Gerais é considerada o projeto mais ousado de Oscar Niemeyer. A 
obra, realizada no governo Aécio Neves, abriga as Secretarias e órgãos do Estado e foi 
inaugurada em 4 de março de 2010. 
Dar vida às formas desenhadas por Niemeyer foi um grande desafio conquistado pela 
engenharia. O conjunto abriga ao todo cinco edificações. O Palácio Tiradentes, sede do 
governo, é totalmente suspenso por cabos de aço, formando um vão livre de 147 metros no 
térreo. As secretarias foram alocadas em dois prédios idênticos com os nomes "Minas" e 
"Gerais", feitos em curva, com quinze andares cada um. Completam o cenário, um centro de 
convivência em formato redondo, com lojas, restaurantes e bancos, e o auditório JK com 490 
lugares. 
Até 23 de setembro de 2009, quando foi internado, passando em seguida por duas 
cirurgias, para retirada da vesícula e de um tumor do cólon, o arquiteto costumava ir todos os 
dias ao seu escritório em Copacabana, onde trabalhava no projeto Caminho Niemeyer, 
em Niterói, um conjunto de nove prédios de sua autoria. Até outubro de 2009, Niemeyer 
permaneceu internado no mesmo hospital, no Rio de Janeiro. Em 25 de abril de 2010, foi 
novamente internado, apresentando um quadro de infecção urinária. O arquiteto deveria 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 20 
 
participar do lançamento da edição especial da revista "Nosso Caminho", no dia 27 de abril, 
em homenagem aos 50 anos de Brasília. A festa foi cancelada. 
Poucos dias antes de completar 105 anos de idade, Oscar Niemeyer faleceu no Rio de 
Janeiro, a 5 de dezembro de 2012, às 21h55, em decorrência de uma infecção respiratória. Ele 
estava internado desde 2 de novembro, no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul da 
cidade. Seu corpo encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de 
Janeiro onde também encontra-se sepultada sua única filha Anna Maria Niemeyer, falecida 
também em 2012. 
Niemeyer se destacou por seu uso de formas abstratas e pelas curvas que caracterizam 
a maioria de suas obras, e escreveu em suas memórias: 
 
“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. 
O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, 
no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. 
De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.” 
 
 
*Trechos retirados do site Wikipédia. 
 
 
 
3. CATEDRAL DE BRASÍLIA: ANÁLISE DA OBRA 
 
“Eu não queria uma catedral como as antigas catedrais. Eu queria uma catedral que 
exprimisse o concreto. E mesmo não sendo católico me preocupei que quando alguém 
estivesse na nave, visse o espaço infinito. Mas eu procurei uma ligação que para os católicos 
é importante: a ligação da nave, da terra, com o céu.” 
(Niemeyer, 2001) 
 
3.1 História 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 21 
 
 Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, foi o primeiro monumento a ser criado em 
Brasília. Sua pedra fundamental foi lançada em 12 desetembro de 1958. Teve sua estrutura 
pronta em 1960, onde apareciam somente a área circular de setenta metros de diâmetro, da 
qual se elevam dezesseis colunas de concreto (pilares de secção parabólica) num formato 
hiperboloide, que pesam noventa toneladas. O engenheiro Joaquim Cardozo foi o responsável 
pelo cálculo estrutural que permitiu a construção da catedral. Em 31 de maio de 1970, foi 
inaugurada de fato, já nesta data com os vidros externos transparentes. 
 Na praça de acesso ao templo, encontram-se quatro esculturas em bronze com 3 
metros de altura, representando os evangelistas; as esculturas são de Alfredo Ceschiatti, com a 
colaboração de Dante Croce. No interior da nave, estão as esculturas de três anjos, suspensos 
por cabos de aço. As dimensões e peso das esculturas são de 2,22 m de comprimento e 100 kg 
a menor; 3,40 m de comprimento e 200 kg a média e 4,25 m de comprimento e trezentos kg a 
maior. 
 
 Esculturas de Anjos 
 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 22 
 
 
 Esculturas de Anjos 
 O batistério em forma ovoide teve em suas paredes o painel em lajotas cerâmicas 
pintadas em 1977 por Athos Bulcão. O campanário composto por quatro grandes sinos, doado 
pela Espanha, completa o conjunto arquitetônico. A cobertura da nave tem um vitral 
composto por dezesseis peças em fibra de vidro em tons de azul, verde, branco e marrom 
inseridas entre os pilares de concreto. Cada peça insere-se em triângulos com dez metros de 
base e trinta metros de altura que foram projetados por Marianne Peretti em 1990. O altar foi 
doado pelo papa Paulo VI e a imagem da padroeira Nossa Senhora Aparecida é uma réplica 
da original que se encontra em Aparecida – São Paulo. 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 23 
 
 
O Campanário 
 
 
 A via sacra é uma obra de Di Cavalcanti. Na entrada da catedral, encontra-se um pilar 
com passagens da vida de Maria, mãe de Jesus, pintados por Athos Bulcão. 
 
*Texto retirado do site da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. 
 
 
3.2 Implantação 
 Localizada numa praça autônoma – a Praça de Acesso – a Catedral está disposta 
lateralmente na Esplanada dos Ministérios, no local em que o urbanista Lúcio Costa a 
previu, por questões de escala e tendo em vista a valorização do Monumento, segundo o 
próprio urbanista. 
 Elementos presentes na praça: 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 24 
 
 
1 – Templo 
 Principal Templo Católico de Brasília, a Catedral é dedicada a Nossa Senhora da 
Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil e de Brasília. Constitui uma das mais expressivas 
edificações da Capital, beleza não só religiosa, nos seus significados e símbolos cristãos. Joia 
arquitetônica e artística, foi escolhida pelo povo brasiliense maravilha número um da cidade. 
2 – A Cruz no Topo do Templo 
 Na parte superior externa do Templo, onde as colunas parabólicas se unem numa laje, 
repousa expressiva cruz metálica, símbolo da Igreja Católica. Medindo 12 metros de altura, 
foi ali colocada no dia 21 de abril de 1968. Benta pelo Papa Paulo VI, guarda no seu interior 
duas relíquias: um fragmento da Cruz de Cristo e a Cruz Peitoral do primeiro Arcebispo de 
Brasília, D José Newton de Almeida Baptista. 
3 – O Espelho d’Água 
 O Espelho d’Água, sobre o qual a Catedral parece pousar, proporciona não apenas 
proteção, mas ajuda a refrigerar e garantir umidade ao ar seco do cerrado, além de refletir a 
beleza do Templo. Com 40 centímetros de profundidade e 12 metros de largura, tem 
capacidade para um milhão de litros de água. Circunda todo o Templo, ocultando a base das 
colunas e dando a impressão de que elas nascem dali. Os vidros da fachada-cobertura estão 
afastados do Espelho d’Água cerca de 50 centímetros. É por essa fresta que entra na Catedral 
a brisa do cerrado umidificada pela água do Espelho. 
4 - O Campanário 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 25 
 
 Situado à direita de quem entra, o Campanário apresenta-se de forma inovadora e 
ousada. Criado por Niemeyer para ser a Torre da Catedral, foi inaugurado em 1977, por D. 
José Newton de Almeida Baptista, então Arcebispo de Brasília. Mede 20 metros de altura e 
suporta quatro sinos de bronze, doados pelo Governo da Espanha. Três deles – Santa Maria, 
Pinta e Nina –, lembram as Caravelas de Cristóvão Colombo na descoberta da América. O 
quarto – Pilarica – é uma homenagem a Nossa Senhora do Pilar, muito cultuada naquele país. 
Desde 1987, controlados eletronicamente, os sinos tocam às seis, às doze e às dezoito horas. 
5 – A Cúpula do Batistério 
 Ainda parte do conjunto arquitetônico da Praça de Acesso, à esquerda de quem entra 
situa-se a Cúpula do Batistério – uma construção de concreto armado, de forma ovóide, que 
protege e complementa o interior da Capela onde se realizam os batizados. Uma escada de 
mármore liga a parte externa do Templo ao Batistério, o que permite acesso direto a este, sem 
que seja necessário passar pela nave da igreja. 
6 – A Cúria Metropolitana 
 Complementa o conjunto arquitetônico da Catedral o edifício da Cúria Metropolitana 
de Brasília. Obra de Niemeyer, foi inaugurado em 2007 e abriga os diversos órgãos 
administrativos da Arquidiocese, como a Chancelaria, Comissões e Departamentos. Localiza-
se na área de três mil metros quadrados posterior ao Batistério e se comunica internamente 
com a Catedral. 
7 – As Estátuas dos Evangelistas 
 
 Esculpidas por Alfredo Ceschiatti e Dante Croce, quatro estátuas de bronze, cada uma 
com três metros de altura, estão posicionadas à esquerda e à direita da entrada principal do 
Templo. Representam os quatro Evangelistas – Mateus, Marcos, Lucas e João – e o 
pergaminho que trazem à mão os identifica como os primeiros registradores da história de 
Jesus Cristo na Terra. 
 Uma tradição eclesiástica permite entender o posicionamento dado às quatro estátuas. 
Contudo, não foram encontrados registros, na história da Catedral, de que os construtores tenham 
tido essa intenção. Do lado esquerdo de quem entra estão Mateus, Marcos e Lucas, autores dos 
Evangelhos Sinóticos, assim chamados pela semelhança dos três relatos, a qual se permite, “a um só 
olho”, perceber. À direita está João, o autor do quarto Evangelho. Seus escritos apresentam traços 
que lhe são próprios e o distinguem claramente dos outros três, na estrutura, na forma e na ordem de 
relatar os acontecimentos da vida de Jesus. 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 26 
 
 
No Interior da Catedral 
A Entrada 
 
 O corpo principal do Templo, isto é, a nave, situa-se três metros abaixo do nível da 
Esplanada dos Ministérios. Para acessá-la a partir do caminho ladeado pelos Evangelistas, 
segue-se por uma galeria em declive, desenhada por Oscar Niemeyer, com características 
significativas: um corredor estreito em relação às dimensões do Templo, piso negro e paredes 
de granito da mesma cor. É assim descrita pelo próprio arquiteto: “Eu criei uma galeria escura 
de modo que, quando a pessoa chegar à nave, tem um contraste de luz: olha e vê até os 
espaços infinitos; e o corpo da igreja, esplendorosamente transbordante de luz e cor”. 
 
O Corpo Principal 
 
 À saída do túnel escuro, que faz a aproximação exterior/interior, está a nave, corpo 
principal do Templo, lugar das celebrações. É um plano circular, de setenta metros de 
diâmetro, com capacidade para abrigar quatro mil fiéis. Percebe-se, aí, sua grandeza, 
dimensão e estrutura. Parede e cúpula aparentemente unidas legam ao interior quarenta metros 
de pé direito, com paredes e piso de mármore de Carrara. A cúpula, como se vê do exterior, é 
de vidro: vitrais, cuja disposição garante iluminação natural à nave. Trinta e seis mil pedaços 
triangulares de fibra de vidro colorida, unidos por liga de chumbo e assentados em caixilhos 
de aço, formam o teto da Catedral. Sem abrir mão da transparência, os vitrais enriquecem-se 
de desenhos coloridos da vitralista francesa Marianne Peretti. A partir do corpo principal, 
duas saídas seabrem como passagem para corredores: o que está à direita de quem entra 
conduz à sacristia, às salas auxiliares e escritórios eclesiásticos e sanitários; já o da esquerda, 
leva ao Batistério. Por detrás do altar principal, duas escadas, uma de cada lado, conduzem à 
Cripta, no subterrâneo. 
 Elementos presentes em seu interior: 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 27 
 
 
 
 
1 – O Presbitério 
 Lugar central, sobrelevado – onde está o altar, a Mesa da Eucaristia –, é o espaço em 
que o sacerdote, diáconos e outros ministros exercem as funções litúrgicas. Dele fazem parte: 
 O Altar principal: Em destaque no presbitério, na sua parte central, todo em mármore 
de Carrara, foi presente do Papa Paulo VI à Catedral. 
 O grande Crucifixo: Atrás do altar principal, coloca-se um enorme crucifixo, Cruz e 
Cristo esculpidos em madeira de cedro, pelo santeiro brasileiro Miguel Randolfo Ávila, do 
estado de Minas Gerais. 
 O Ambão: À direita do altar principal, o ambão – uma coluna de mármore branco, de 
desenho adequado à Liturgia da Palavra –, é a Mesa da Palavra, de onde se faz a proclamação 
da Palavra de Deus nos livros sagrados. 
 A Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida: Padroeira de Brasília e do 
Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida tem a Catedral dedicada a ela. Guardada numa 
redoma de cristal projetada por Oscar Niemeyer, essa imagem é uma réplica da imagem 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 28 
 
original – surgida das águas do Rio Paraíba, no interior do estado de São Paulo –, a qual se 
encontra hoje na Basílica de Aparecida, no mesmo estado. Após visitar todas as capitais 
brasileiras, a imagem foi entregue à Catedral em 12 de outubro de 1967, por ocasião da 
Consagração do Templo, pelas mãos de D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta – primeiro 
Arcebispo de Aparecida e primeiro Cardeal de São Paulo. 
 Incrustadas na parte frontal do Altar, as letras JHS são um monograma do nome JESUS, um 
dos mais antigos símbolos cristãos, livremente interpretado como Jesus Hominum Salvator (“Jesus, 
Salvador dos Homens”). Na parte posterior do altar, nova incrustação retrata um peixe, outro 
símbolo cristão dos primeiros séculos do cristianismo. A palavra Ichthys (peixe em grego), é um 
acrônimo de Iesus Christus Theou Yicus Soter, “Jesus Cristo Filho de Deus Salvador”. Perseguidos, 
os cristãos se reconheciam entre si por esse símbolo. 
2 – Os Anjos 
 Da cúpula da Catedral, presos por cabos de aço, pendem três anjos. O maior pesa 
trezentos quilos e mede 4,45 metros. O médio pesa 200 quilos e tem 3,40 metros. O menor 
pesa 100 quilos e mede 2,20 metros. Esculpidos por Alfredo Ceschiatti e Dante Croce, 
lembram os 3 Arcanjos bíblicos: Miguel, Gabriel e Rafael. 
3 – O Coro 
 No corpo principal destaca-se, ainda, uma coluna branca, bastante alta, em forma de 
cone e de base elíptica, recoberta de mármore. É o local do Coro da igreja, cuja parte posterior 
abriga, na base, uma pequena loja de souvenirs e artigos religiosos. Na parte frontal, quinze 
quadros de Di Cavalcanti – renomado pintor brasileiro –, apresentam as estações da Via-
Sacra, ou Via Crucis, o caminho percorrido por Jesus, com a cruz, desde o momento de sua 
condenação até a crucificação e morte no Monte Calvário. 
4 – Coluna das Iconografias 
 Também no corpo da nave, próxima à entrada principal, encontra-se outra coluna de 
mármore branco, de forma triangular, que expõe iconografias do artista Athos Bulcão, 
apresentando os principais mistérios da vida de Jesus e da Virgem Maria. 
5 – A Cripta 
 No subterrâneo da nave, por trás do altar principal, está a Cripta, uma outra capela, 
cujo ambiente, revestido de mármore negro, gera uma penumbra que convida ao recolhimento 
e à oração silenciosa. A cripta comporta ainda um altar próprio – por trás do qual está 
colocada uma cruz com o Cristo –, e a parede posterior ao altar abriga os túmulos destinados à 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 29 
 
sepultura dos arcebispos de Brasília. Quadros de mármore fecham a entrada de cada túmulo, 
num dos quais está sepultado D. José Newton de Almeida Baptista, primeiro Arcebispo de 
Brasília (2001). Nessa Capela fica o negativo da foto do Santo Sudário de Turim (Itália), em 
tamanho natural. De acordo com a tradição católica, o Santo Sudário é o lençol que envolveu 
o Corpo sepultado do Senhor Jesus, uma fina peça de linho que exibe a imagem detalhada da 
frente e das costas do Crucificado, tal qual o descrevem as Escrituras. 
 A palavra Cripta é de origem grega e significa esconderijo. Na tradição católica, recorda as 
primeiras sepulturas dos cristãos nas Catacumbas. Assim, existem nas Catedrais. 
 
6 – O Batistério 
 Concluído em 1977, o Batistério ocupa um lugar próprio. É parte anexa em 
composição subtrativa, e está separado da nave da igreja para não comprometer a pureza e 
claridade do corpo principal. Tem forma ovóide e paredes revestidas de painéis de lajotas nas 
cores verde, azul e branca, criados por Athos Bulcão. Conecta-se com a nave por um corredor 
interno; e com a Praça de Acesso por uma escada helicoidal. Com iluminação indireta e piso 
forrado de tapetes escuros, mantém um ambiente que convida à reflexão e à contemplação da 
beleza dos significados de sua função. A pia batismal está colocada bem no centro, em plano 
mais elevado. 
7 – A Cruz Histórica 
 À esquerda de quem entra na Catedral, ao lado do Coro, está a Cruz histórica, assim 
chamada porque foi plantada no solo da capital por ocasião da Primeira Missa oficialmente 
programada para a inauguração da nova Capital, no dia 3 de maio de 1957. Presidida por D. 
Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Cardeal Arcebispo de São Paulo, a Missa foi 
celebrada junto a essa Cruz, colocada a mil cento e setenta e três metros de altitude, no lugar 
hoje situado entre o Memorial JK e a Catedral Militar. A data foi especialmente escolhida por 
ser, de acordo com o calendário litúrgico da época, dia da festa da Santa Cruz. O presidente 
Juscelino Kubistchek – fundador da cidade – em discurso na ocasião, afirmou: “Plantamos, 
com o sacrifício da Santa Missa, uma semente espiritual neste sítio que é o coração da 
Pátria”. Acrescentando: “Hoje é o dia da Santa Cruz, dia em que a Capital recém-nascida 
recebe o seu batismo cristão.” 
8 – A Pietá 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 30 
 
 Ao lado da Cruz histórica está a imagem da Pietá, abençoada pelo Papa João Paulo II. 
Réplica da obra de Michelangelo que se encontra na Basílica de São Pedro, em Roma, foi 
produzida num período de três anos pelo Museu do Vaticano, com mármore em pó e resina. 
Constitui a primeira réplica milimetricamente igual à original – feita há mais de quinhentos 
anos pelo célebre escultor italiano. Pesa seiscentos quilos e mede 1,74 metros de altura. 
 Essa réplica da Pietá, doada à Catedral pelo casal Paulo Xavier e Carmem Morum 
Xavier, chegou a Brasília no dia 21 de dezembro de 1989. 
9 – D. Bosco 
 Junto à Pietá encontra-se a imagem de Dom Bosco, que pesa duas toneladas e foi 
esculpida pelo Mestre Mauro Baldasari – artista italiano de Turim, que utilizou como matéria 
prima uma peça única de mármore de Carrara. O escultor explica os significados de sua obra: 
As mãos do santo apontam, a da direita, para a entrada da Catedral, num gesto de acolhimento 
aos visitantes; a da esquerda, para o altar, onde estão Jesus na Eucaristia e Nossa Senhora 
Aparecida, a Padroeira. O corpo esculpido com acentuada concavidade representa sua total 
doação aos jovens. Na grande peça, presa atrás da imagem, desenhos correspondem às cenas 
que representam os sonhos de D. Bosco. Dentre essas destaca-se, no lado esquerdo, a imagem 
da Catedral da cidade localizada entre os paralelos 15 e 20 do globo terrestre – sonho 
profético de Dom Bosco que previa, nesse local, o nascimento de uma nova civilização, outra 
“terra prometida”. Dom Bosco foi proclamado Copadroeiro de Brasília em 10 de junho de 
1962. 
 O Livro Tombo daIgreja de D. Bosco no Núcleo Bandeirante registra que nesta data – 
10 de junho de 1962, Festa de Pentecostes –, Nossa Senhora Aparecida e S. João Bosco foram 
proclamados Padroeira e Copadroeiro de Brasília. Houve grande manifestação. E a celebração 
– presidida por D. José Newton –, contou com a presença do Presidente da República, 
Juscelino Kubitschek, autoridades eclesiásticas, políticas e o povo de Brasília. A imagem 
verdadeira de Nossa Senhora Aparecida veio trazida do Santuário de Aparecida do Norte (São 
Paulo), para a Catedral ainda em construção, por D. Carlos Carmelo. Uma imagem de São 
João Bosco, trazida por Padre Roque Valiati Baptista – pioneiro e pároco da igreja São João 
Bosco do Núcleo Bandeirante – veio em carreata. 
10 – Os Confessionários 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 31 
 
 À esquerda da entrada principal da nave, próximos à entrada da sacristia, estão 
colocados os confessionários, em madeira, cuja originalidade e formas foram dadas pelo 
arquiteto Oscar Niemeyer. 
 
*Texto retirado do site da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. 
 
 
 
3.3 O Projeto Arquitetônico 
 Niemeyer decidiu fazer da catedral uma obra revolucionária digna da capital, da qual 
deveria ser um dos monumentos marcantes. 
 Essa estrutura inédita, iria caracterizar sozinha o edifício, já que só ela iria emergir do 
chão como um novo tipo de cúpula, pousada suavemente sobre uma catedral parcialmente 
subterrânea; dessa maneira, o arranjo interno não prejudicaria a perfeição formal externa, 
apesar da transparência absoluta que iria resultar do preenchimento do vazio deixado entre os 
montantes com placas de vidro refratário ligeiramente coloridas, encarregadas de atenuar o 
excesso de luz solar e de filtrar os raios do sol criando uma atmosfera favorável ao 
recolhimento. 
 Contudo, as dificuldades começaram quando se passou do projeto para a execução. 
Niemeyer tinha confiança absoluta nas possibilidades ilimitadas da técnica contemporânea; 
concebia o papel do arquiteto como sendo um inventor de formas, cuja validade dependia, 
antes de mais nada, de sua beleza, deixando ao engenheiro a tarefa de resolver os problemas 
criados. Nesse aspecto, ele podia contar com o gênio para cálculos e com a compreensão total 
de Joaquim Cardozo, que partilhava inteiramente de seu ponto de vista. Porém, dessa vez o 
arquiteto teve de se inclinar perante as leis do equilíbrio, que ele havia desafiado em excesso, 
fazendo certas modificações. O Anteprojeto original previa vinte e um paraboloides (logo 
reduzidos para dezesseis), fixados em dois anéis de concreto: um de 70m de diâmetro, 
repousando no chão e servindo de alicerce, o outro, quase no topo da coroa, teria sido um 
simples ponto de apoio para assegurar a rigidez do conjunto e permitir uma completa 
iluminação pelo alto; foi preciso renunciar a este anel, por uma questão de estabilidade, 
substituindo-o por uma laje situada muito mais embaixo. A leveza e transparência da estrutura 
forram com isso atenuadas, mas o efeito obtido continua sendo extraordinário. 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 32 
 
 Outro contratempo bem mais sério corria o risco de recair na obra e por longo tempo 
impediu que ela fosse concluída. A ameaça surgiu quando chegou o momento de colocar os 
vidros nessa esplêndida estrutura; todos os especialistas consultados confessaram-se 
incapazes, já que nenhuma empresa do mundo seria capaz de fundir painéis com esse tamanho 
e essa forma; ora, Niemeyer recusava-se a dividir os painéis em caixilhos múltiplos que 
teriam alterado o caráter do monumento. A discussão perdurou por muito tempo e ninguém 
sabia como a questão seria resolvida. Iria a técnica, em prazo mais ou menos curto, fazer 
progressos suficientes para ir ao encontro da visão profética do artista ou iria este inclinar-se 
perante as imposições materiais? A vontade de terminar a obra manifestada pelas autoridades, 
e o cansaço do arquiteto tornaram possível chegar a um acordo, elaborado depois de múltiplas 
pesquisas e negociações: as vidraças, colocadas em 1970, foram construídas por placas 
poligonais inseridas numa fina rede metálica, que conservava a transparência e leveza do 
conjunto. 
 Niemeyer jamais tinha ousado desafiar a técnica de modo tão completo: desta vez, 
assiste-se a uma superação das pesquisas habituais visando explorar ao máximo, com uma 
finalidade estética, as possibilidades decorrentes do progresso técnico. Antes jamais tinha 
afirmado com tanta clareza a prioridade absoluta da forma sobre todas as demais 
considerações: é verdade que mais de uma vez na própria Brasília, ele tinha sem nenhum 
escrúpulo enterrado as partes que o perturbavam e, particularmente, as partes comuns (Palácio 
da Alvorada, Brasília Palace Hotel), mas nunca tinha as mascarado integralmente; ora, desta 
vez, é o edifício inteiro que desaparece sob a terra, inclusive o corpo principal para deixar 
aparecer apenas as superestruturas que o definem: sem dúvida alguma, é uma retomada do 
princípio aplicado no Palácio do Congresso, mas sem limitar esse princípio à escala da 
perspectiva longínqua, como no caso anterior. E jamais a preocupação com uma plástica tão 
pura, tão rigorosa, tinha-se manifestado de modo tão gigante; nenhum outro monumento 
conseguiu fazer a síntese tão completa de todas as qualidades do estilo Niemeyer: mistura de 
simplicidade geral e audácia inédita, fusão de uma planta circular basicamente estática e de 
estruturas livres essencialmente dinâmicas, determinando um volume claro, ao mesmo tempo 
revolucionário e clássico, constituição de um espaço interno bem definido sem que com isso 
se colocasse uma ruptura na continuidade exterior/interior, continuidade esta que sempre foi 
uma das preocupações principais do arquiteto. Jamais, enfim, o aspecto simbólico, tão 
característico dos monumentos de Brasília, foi expresso de modo tão cativante: os elementos 
formais que definiam os palácios eram criações onde se encarnavam o espírito ideal da 
instituição a quem eram destinados; o mesmo fenômeno ocorre na Catedral, composição 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 33 
 
ascendente que se lança para o céu em um verdadeiro desprendimento das realidades 
terrestres, mas agora um símbolo concreto soma-se ao símbolo abstrato: a estrutura em forma 
de coroa estilizada com pontas aceradas lembra fortemente a coroa de espinhos de Cristo na 
Paixão. 
 
*Texto retirado do livro Arquitetura Contemporânea no Brasil de Yves Bruand 
 
 
 
3.4 O Projeto Estrutural 
 Trata-se de uma estrutura auto equilibrada, composta por 16 pilares, dispostos, em 
planta, circunferencialmente. A sustentação é feita por dois anéis de concreto armado. O 
superior, com, aproximadamente, 6,8m de diâmetro, está localizado próximo do topo dos 
pilares, absorvendo os esforços de compressão. Esse anel passa por dentro dos pilares, 
tornando-se imperceptível aos olhos do observador. Já o anel inferior, com 60,0m de 
diâmetro, ao nível do piso, absorve os esforços de tração, funcionando como um tirante, 
reduzindo as cargas nas fundações, que recebem apenas esforços verticais. Esse anel só é 
visível no interior da Catedral. A laje de cobertura não tem função estrutural, mas apenas de 
vedação (Figura 2). 
 Infelizmente, não foram localizados quaisquer registros da concepção e cálculo 
estrutural, de autoria do notável engenheiro Joaquim Cardozo, responsável pelas estruturas de 
várias edificações de Niemeyer. Informações preciosas foram obtidas no depoimento escrito 
do responsável técnico da obra para os autores deste trabalho, o arquiteto Carlos Magalhães, 
então funcionário da Novacap - Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil. Esse 
depoimento destaca que o modelo estrutural de Cardozo incluía, além do cálculo para suportar 
as cargas permanentes e sobrecargas, uma análise do efeito das cargas de vento nos vitrais, 
interagindo com os pilares, verificação um tanto sofisticadapara a época (Magalhães, 2001). 
 A concepção dos pilares é especialmente interessante. A seção é toda variável ao 
longo do comprimento e, em alguns trechos, com uma geometria particular, que se assemelha 
á um triângulo vazado. O escoramento das fôrmas dos pilares de concreto, no sistema ‘caixão 
perdido’, foi feito em estrutura metálica tubular, na forma de ‘leque’, apoiando cada coluna 
(Figura 3). Conforme antes citado, dois anéis garantem a estabilidade dos 16 pilares. O anel 
superior combate os esforços a compressão e serve como união dos pilares. O inferior 
funciona como um tirante e se subdivide em outros quatro anéis, um desses com dois metros 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 34 
 
de base, unidos por vigas e formando uma grelha circular. O fechamento dessa grelha se dá 
através de duas lajes de vedação, na parte inferior e superior. 
 
 O anel inferior de tração foi concebido de forma a permitir a transmissão exclusiva de 
esforços verticais aos blocos de fundação. O espaço entre o anel e a infraestrutura foi 
preenchido com placas de neoprene, para liberar a rotação nesses apoios. A estrutura de 
suporte dos vitrais é composta por treliças de aço tridimensionais, fixadas ao longo dos pilares 
de concreto, através de barras de aço. A estrutura do espelho d´água que circunda a Catedral é 
de concreto protendido e só foi realizada dez anos após o início das obras. Do depoimento 
escrito do arquiteto Carlos Magalhães (2001), destacam-se as informações seguintes, 
importantes para o entendimento da concepção estrutural adotada por Cardozo: 
- Fundações: 
“Tubulões escavados a céu aberto com diâmetro de 0,70m e profundidade de, 
aproximadamente, 28,00 m, com as bases alargadas. São 16 blocos ligados através de 
cintamento, apoiados em 16 grupos de tubulões”. 
- Estrutura: 
“Nos blocos de fundação nascem 16 pilares, um em cada bloco, que suportam o anel de onde 
saem as 16 colunas que marcam a estrutura da Catedral de Brasília. O anel de tração está 
separado dos pilares da infraestrutura por placas de neoprene (50cm x 50cm x 2.5cm). A 
função deste anel de tração é a de absorver os esforços horizontais transmitidos pelas 16 
colunas. O neoprene impede que qualquer movimento horizontal do anel de tração seja 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 35 
 
transmitido para os pilares da infraestrutura. As colunas emergem do anel de tração, maciças e 
delicadas, armadas com 70 vergalhões CA-50 de uma polegada. Em seguida, as suas 
dimensões vão aumentando e o cálculo estrutural criou caixões perdidos, que evitam o 
aumento exagerado do peso da peça, mantendo as dimensões estabelecidas pelo arquiteto e a 
estabilidade da construção. As 16 colunas, ao mesmo tempo em que ganham altura, se 
aproximam e depois de se tocarem voltam a subir, afastando-se uma das outras, novamente 
maciças. Nos pontos em que se tocam, as colunas se apoiam em um anel que trabalha à 
compressão e impede que elas se fechem”. 
 
*Texto retirado do artigo: CATEDRAL DE BRASÍLIA: HISTÓRICO DE PROJETO/ EXECUÇÃO E ANÁLISE 
DA ESTRUTURA de Diogo Fagundes Pessoa e João Carlos Teatini de S. Clímaco 
 
 
 
3.5 A Execução 
 A grande maioria das informações sobre a execução da obra da Catedral foi 
conseguida do depoimento de Carlos Magalhães. Outra fonte importante foi o arquivo 
histórico da Novacap (2001), onde foram obtidas informações como a procedência e o tipo de 
materiais empregados, traço do concreto de algumas peças estruturais, nomes de 
colaboradores e financiadores da Catedral, etc. 
 Segundo Magalhães, as fôrmas da estrutura de concreto, em madeira, foram 
verdadeiras “obras de arte”, de difícil concepção e execução, pois a geometria das seções era 
bastante complicada: “Para que as fôrmas das colunas pudessem ser construídas, foi 
necessário desenhar no canteiro de obras, com as dimensões reais, uma das colunas e a partir 
daí, montar aproximadamente 20 ‘cortes transversais’, a fim de que fosse possível transferir 
para o concreto a forma projetada pelo arquiteto. Sobre o escoramento, foi montado o fundo 
das colunas, depois a armação, os caixões perdidos e o complemento das armações. As fôrmas 
eram fechadas, de maneira a permitir que a concretagem fosse feita por etapas e que as 
colunas recebessem o mesmo volume de concreto a cada etapa de concretagem”. 
 O projeto de escoramento previa o uso de pilares metálicos, para sustentar a execução 
dos pilares definitivos. “O escoramento da estrutura da Catedral foi montado com tubos Mills, 
em forma de ‘leque’, apoiando cada coluna. Foram construídos 16 blocos e 80 estacas 
CATEDRAL DE BRASÍLIA 36 
 
inclinadas”, descreve Magalhães (2001). As estacas de sustentação desse escoramento foram 
cortadas no nível do piso inferior e permanecem até hoje sob o terreno da Catedral. 
 A concretagem dos pilares foi realizada em segmentos de quatro metros. O concreto 
era lançado através de guindastes e dosado na própria obra. Os materiais eram procedentes de 
diferentes regiões: o cimento de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, a areia do próprio solo 
de Brasília e a brita da região do Entorno, próxima a Sobradinho-DF. Segundo o responsável 
técnico, foi feito o controle rigoroso do concreto, com a moldagem de corpos de prova e 
ensaios pelo laboratório do engenheiro Mauricio Viegas, no Distrito Federal. Entretanto, não 
foram localizados os certificados de ensaios e os registros dos traços do concreto, obtidos da 
Novacap (2001), não apresentam a relação água-cimento. A cura foi feita através de 
molhagem contínua das formas. A desforma foi realizada cerca de 28 dias após a concretagem 
dos últimos trechos de cada pilar. 
 No projeto original, a armadura longitudinal da seção mais próxima do anel inferior de 
tração consiste em cerca de 70 barras de uma polegada de diâmetro, aço CAT-50, hoje não 
mais produzido. À medida que a seção varia, há um aumento na quantidade de barras, com o 
mesmo diâmetro, chegando a seção mais solicitada a ter mais de 90 barras de aço. Dessa 
forma, segundo Magalhães, não era possível haver trespasse, tendo sido os vergalhões unidos 
com solda de topo. Ainda segundo o responsável técnico da obra, havia um controle 
tecnológico rigoroso da solda, com amostras de soldas sendo retiradas e enviadas para análise 
no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) - São Paulo. O projeto especificava para as 
armaduras uma camada de cobrimento de concreto de espessura de cerca de 2cm, prevendo o 
uso de espaçadores. 
 
*Texto retirado do artigo: CATEDRAL DE BRASÍLIA: HISTÓRICO DE PROJETO/ EXECUÇÃO E ANÁLISE 
DA ESTRUTURA de Diogo Fagundes Pessoa e João Carlos Teatini de S. Clímaco 
 
 
 
 
 
 
 
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3.6 Iconografia 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
A Arquitetura da Década. Disponível em: 
http://culturanosanos50.blogspot.com/2009/06/arquitetura-da-decada.html. Acesso em 23, 
novembro, 2019. 
As Artes nas Décadas de 50 e 60. Disponível em: 
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=208. Acesso 
em 23, novembro, 2019. 
BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. 5º Edição. São Paulo: Editora 
Perspectiva S.A, 2010. 
Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. Disponível em: https://catedral.org.br/. 
Acesso em 23, novembro, 2019. 
Década de 50. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-
legislativa/plenario/discursos/escrevendohistoria/visitantes/panorama-das-decadas/decada-de-

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