Prévia do material em texto
Mariana Garcia – Epidemiologia Clínica VALIDADE DOS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS: ERROS ALEATÓRIOS E SISTEMÁTICOS · VALIDADE · Um estudo válido é um estudo que não possui erros metodológicos. · Concepção do estudo; · Desenho do estudo; · Implementação do estudo; · Análise de dados; · “O grau de garantia dado às inferências derivadas de determinado estudo, especialmente às generalizações para além da amostra estudada, quando se consideram os métodos utilizados, a representatividade da amostra e a natureza da população de onde a amostra foi retirada.” · Validade pode ser definida como o grau no qual os resultados de um estudo são prováveis de serem verdadeiros; · É a propriedade de um estudo medir o que ele se propôs a medir. · Não existem erros sistemáticos e erros aleatórios são tão pequenos quanto possível. · Sinônimos acuidade, acurácia ou exatidão; · TIPOS DE VALIDADE · Validade interna faz inferências sobre a população-alvo, de onde a amostra foi retirada. · Validade externa quando à generalização dos resultados obtidos para uma população exterior ao universo de estudo. · HIERARQUIA · TIPOS DE VALIDADE · VALIDADE INTERNA E EXTERNA · Para uma observação clínica ser de utilidade, a validade interna é condição necessária, mas não suficiente. Validade externa responde à pergunta “supondo correto esse estudo, ELE se aplica ao meu PACIENTE?” · Evidências para decisões clínicas. · “Qual o melhor tratamento para este problema?” · “Pensando o risco-benefício, este tratamento está indicado para este paciente?” · VALIDADE X PRECISÃO · Validade ausência de erros sistemáticos; · Precisão ausência de erros aleatórios, refletem a variabilidade amostral, relacionada à inferência estatística; · DIFERENÇA ENTRE PRECISÃO E EXATIDÃO · VALIDADE E PRECISÃO · Uma associação entre variáveis epidemiológicas pode ser verdadeira ou falsa. · Razões que podem explicar uma associação epidemiológica: · Chance (erro aleatório); · Viés (erro sistemático); · Confusão; · Causa-efeito (associação); · ERRO ALEATÓRIO · Estima a probabilidade que o resultado obtido tenha se dado ao acaso; · Atinge igualmente expostos e não expostos, doentes e sadios. · Fontes variação biológica individual, erro amostral, erro de medida; · Para estima-lo, utilizamos a inferência estatística, que é o método universal de iniciar o processo de generalização dos resultados com validade interna; · Compromete a precisão. · Pode ser reduzido: · Cuidado na medida exposição efeito; · Aumentando o tamanho da amostra; · Cálculo do tamanho da amostra; · ERRO SISTEMÁTICO (VIÉS, BIAS, VÍCIO, TENDENCIOSIDADE) · Distorção dos resultados ou inferências da verdade em relação com a população; · Compromete a validade; · Tipos seleção, aferição e confundimento; · VIÉS DE SELEÇÃO · Distorcem os resultados pela forma como os participantes são recrutados ou perdidos (amostra inadequada, alta taxa de não respondentes); · Exemplos: · Viés de auto seleção (um voluntário é diferente de um não-voluntário); · Viés de afiliação (trabalhadores sadios X desempregados); · Como evitar aleatorização da amostra e diminuição das perdas; · VIÉS DE AFERIÇÃO · Ocorre quando os métodos de mensuração diferem entre o grupo de pacientes. · Exemplos esfigmomanômetro descalibrados em pesquisa sobre hipertensão arterial; · Como evitar padronização dos métodos de medida e desconhecimento da hipótese de estudo e composição do grupo (cegamento); · VÍCIOS DE CONFUNDIMENTO · É a conclusão errônea de que certo fator leva a certo desfecho, quando este desfecho se deveu a um outro fator (de confusão) desigualmente distribuído entre os grupos. · Exemplo Álcool X câncer de pulmão (deve-se controlar pelo hábito de fumar); · Como evitar restrição de categorias, randomização, emparelhamento... · ERROS NA PESQUISA AMEAÇAM O SEU ESTUDO · Erros ameaçam a possibilidade de generalização dos resultados; · Erros no desempenho e implementação; · Uma função do investigador é minimizar os erros e aumentar a possibilidade de generalização dos resultados; · ESTUDO - Com base na pergunta de pesquisa delimitamos a população alvo e o desfecho de interesse; - Podem ocorrer erros em cada uma dessas etapas; · COMPONENTES DA VALIDADE · Sensibilidade = verdadeiros positivos / total de doentes; · Especificidade = verdadeiros negativos /total de doentes; · Valor preditivo positivo = verdadeiros positivos /total de positivos no teste; · Valor preditivo negativo = verdadeiros negativos /total de negativos no teste; · PRECISÃO · É a consistência dos resultados quando a medição ou exame se repete. · É a característica que possibilita a reprodução dos resultados; · Medida pelos indicadores de confiabilidade correspondência dos resultados de um mesmo instrumento na mão de diferentes aplicadores (re-teste); · Sinônimos confiabilidade, fidedignidade, repetibilidade ou reprodutibilidade; · VALIDADE X PRECISÃO · REPRESENTATIVIDADE · Um pediatra atende crianças pobres em um posto de saúde e crianças da classe alta em seu consultório. Ele anota todos os pesos destas 4.500 crianças, em um ano, ele analisa estes dados. Esta amostra é representativa? · Problema diferentes classes sociais (nível socioeconômico); · Não consegue garantir que apenas crianças pobres procurem o posto de saúde e nem que apenas crianças de classe alta procurem o consultório (VIÉS DE SELEÇÃO). · Afeta a validade do estudo!! · Consequentemente, essa amostra NÃO é válida (sinônimos – não é representativa); · Outro problema não tenho certeza que ele é o único médico que atende crianças no posto de saúde; · Validade sinônimo de representatividade associada ao erro sistemático; · Precisão associada a erro aleatório (envolve todo o processo metodológico); · Seleção, aferição, confundimento · AMOSTRAGEM · Por que utilizar amostras? · Tempo; · Custo; · Qualidade; · Tipos de amostras: · Aleatória simples (tabela No aleatórios); · Sistemática; · Estratificada; · Conglomerados; · Proporcional ao tamanho; · Estágios múltiplos; · RELAÇÃO ENTRE ERROS, PRECISÃO E EXATIDÃO · Erros aleatórios ameaçam precisão. · Contribuídos por: · O observador; · O participante; · O instrumento; · Erros sistemáticos ameaçam exatidão. · Contribuídos por: · O observador; · O participante; · O instrumento; · ERROS ALEATÓRIOS TIPO I E TIPO II · TESTE DE HIPÓTESE · Os trabalhos científicos são realizados com objetivos bem estabelecidos, expressos por meio de afirmações que os pesquisadores desejam verificar. Tais afirmações provisórias são denominadas hipóteses. · Após formulá-las adequadamente, os investigadores realizam o levantamento dos dados e os analisam estatisticamente, buscando resultados que confirmem ou não essas hipóteses. · Como na maioria das vezes, os dados provêm de amostras, a decisão final a respeito de uma hipótese científica está associada a uma probabilidade de erro. · O erro de uma decisão não pode ser evitado, mas sua probabilidade pode ser controlada ou mensurada, obtendo-se assim uma medida de validade das conclusões obtidas. · ESTATÍSTICA · Ciência que tem por objetivo orientar a coleta, o resumo, a apresentação, a análise e a interpretação de dados; · Estatística descritiva; · Probabilidade; · Estatística inferencial; · Etapas da análise estatística: · Análise dos resultados: · TESTE DE HIPÓTESE · Suponha que um pesquisador deseje verificar se o medicamento M, utilizado no tratamento de determinado sintoma, apresenta, como efeito colateral, uma alteração nos níveis da pressão arterial sistólica (PAS). · Hipótese o medicamento não altera a pressão arterial (hipótese nula); · Como se trata de um medicamento de uso comum, o investigador não tem dificuldade em localizar pessoas que estão tomando este fármaco. · Seleciona, então, ao acaso, 60 indivíduos adultos, certificando-se de que suas pressões arteriais eram normais antes de serem medicados. · O pesquisador mede a pressão arterial nessas pessoas após elas terem ingerido o medicamento durante igual período detempo, e obtém a média de 135 mmHg. · Literatura: · Um extenso estudo realizado em adultos do Rio Grande do Sul mostrou que a pressão arterial sistólica tem, neste Estado, média igual a 128 mmHg, com desvio padrão de 24 mmHg (Achutti et al., 1985). · Com base nessas informações, pode o pesquisador concluir que o medicamento M altera a pressão arterial dos pacientes que o ingerem? · Não, primeiro eu precisaria saber qual o nível de PAM no local em que vou testar a hipótese! · Se fosse testar essa hipótese no Rio Grande do Sul chegaria a conclusão de que o medicamento M não altera a PAM (hipótese nula). · A decisão de aceitar (ou não) que o medicamento altera os níveis de PAS passa pela realização de um teste estatístico. Para realizá-lo, é necessário, inicialmente, transformar a hipótese científica em uma hipótese estatística. · HIPÓTESES ESTATÍSTICAS · São suposições feitas sobre o valor dos parâmetros nas populações. · Uma hipótese do tipo “O medicamento M altera a pressão arterial” não é uma hipótese estatística, porque não menciona o valor do parâmetro, que é a média populacional para a pressão arterial. · É apenas uma hipótese estatística!! · Uma hipótese estatística deve explicitar e comparar parâmetros. · Tipos: · As hipóteses estatísticas sempre comparam dois ou mais parâmetros, quer afirmando que são iguais quer que não o são. São de dois tipos: · 1) Hipótese nula ou de nulidade (H0): estabelece ausência de diferença entre os parâmetros. É sempre a primeira a ser formulada. · No exemplo: a hipótese nula é: H0: a média da população amostrada, de indivíduos tratados com o medicamento M (μA), é igual a média da população tomada como referência (μ0). H0: μA = μ0 · Se essa hipótese não for rejeitada, a conclusão é a de que o medicamento não altera a pressão arterial sistólica · 2) Hipótese alternativa (HA ou H1): é a hipótese contrária a hipótese nula. Geralmente, é a que o pesquisador quer ver confirmada. · No exemplo: a hipótese alternativa é: HA: a média da população amostrada (μA) difere da média da população de referência. HA: μA ≠ μ0. · VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES · A verificação das hipóteses estatísticas somente se dará se for estudada toda a população de indivíduos tratados com o medicamento, isto é, se μA for conhecida. Se o pesquisador tivesse a informação de que a PAS média de todas as pessoas que ingerem o medicamento é 132 mmHg, ele poderia afirmar com toda a certeza que o medicamento eleva em 4mmHg os níveis de PAS. · Como o mais comum é se desconhecer μA (é exatamente por isso que o pesquisador está realizando o estudo), as decisões vão ser tomadas com base nos dados obtidos em amostras e envolverão um risco máximo admitido para o erro de afirmar que existe uma diferença, quando ela efetivamente não existe (a). O pesquisador estabelece tal risco antes de realizar o teste de hipóteses. · TESTE DE HIPÓTESES · O teste de hipóteses é um procedimento estatístico pelo qual se rejeita ou não uma hipótese, associando à conclusão um risco máximo de erro. · Devido a maneira como os testes são elaborados, a hipótese testada é sempre H0. · Se for rejeitada, a alternativa é automaticamente aceita. · Se H0 não for rejeitada, HA automaticamente o é. · EXEMPLOS DE HIPÓTESES · 1. H0: não existe associação entre tabagismo e doença coronariana. · H1: existe associação entre tabagismo e doença coronariana. · 2. H0: o tempo médio de recuperação nos três procedimentos cirúrgicos é igual. · H1: o tempo médio de recuperação nos três procedimentos cirúrgicos é diferente. · 3. H0: o tratamento novo (A) é igual ao antigo (B). · H1:o tratamento novo (A) é diferente do antigo (B). · PASSOS PARA REALIZAR UM TESTE DE HIPÓTESES · CURVA NORMAL - Espero que a média da minha população esteja no MEIO. Normalmente estabelecemos um determinado desvio padrão; - O desvio é atrelado ao intervalo de confiança; - Padrão de intervalo de confiança = 95% · INTERVALO DE CONFIANÇA · Na construção dos intervalos de confiança para a média populacional, usamos informações sobre a distribuição amostral da média. · Numa distribuição normal, 95% das observações se encontram entre -1,96 e 1,96. · TESTE DE HIPÓTESES · ERROS DO TIPO I E DO TIPO II · Tanto a hipótese nula, quanto a hipótese alternativa pode ser verdadeira, mas não ambas. · O ideal seria rejeitar H0 falso, e não rejeitar H0 verdadeiro. · Isso nem sempre é possível. Temos que levar em consideração a possibilidade de erros, pois os testes estão baseados em informações de amostras. · Dois tipos de erros são possíveis: · Erro tipo I rejeitar H0 verdadeiro (falso positivo); · Rejeitar uma hipótese nula que na verdade era verdadeira; · Erro tipo II não rejeitar H0 falso (falso negativo); · A probabilidade de ocorrência destes dois tipos de erros são: · a = probabilidade de se cometer o erro tipo I chamado nível de significância. · b = probabilidade de se cometer o erro tipo II; · TESTE DA HIPÓTESE PARA A MÉDIA – EXEMPLO · A resistência à tração do ácido inoxidável produzido numa usina permanecia estável, com uma resistência média de 72 kg/mm2 e um desvio padrão de 2,0 kg/mm2. Recentemente, a máquina foi ajustada. A fim de determinar o efeito do ajuste, 10 amostras foram testadas. · 76,2 78,3 76,4 72,6 78,4 75,7 70,2 73,3 74,2 · Presuma que o desvio padrão seja o mesmo que antes do ajuste. Podemos concluir que o ajuste mudou a resistência à tração de aço? · (Adote um nível de significância de 5%); · ERRO TIPO I · Probabilidade a, geralmente a = 0,05; · Existe probabilidade de 5% de cometer o erro do tipo I; · Nível de significância do estudo; · P valor; · ERRO TIPO II · Probabilidade b, geralmente b = 0,20; · TIPOS DE ACERTOS · Não rejeitar H0, quando H0 é verdadeira · Nível de confiança 1- α · Se α=0,05, 1- α=0,95 · A probabilidade de não encontrar diferença entre os tratamentos, quando ela de fato não existe, é de 95% · Rejeitar H0, quando H0 é falsa · Poder do estudo 1-β · Se β=0,20, 1- β=0,80 · A probabilidade de encontrar diferença verdadeira entre os grupos de tratamento é de 80% · RRELAÇÃO ENTRE a, b e n (TAMANHO DA AMOSTRA) · Para erros do tipo I com consequências sérias, diminuir α; · Para α fixo, aumento em n causa redução em β, ou seja, amostra maior reduz a chance de não encontrar diferença entre os tratamentos, quando na realidade, ela existe; · Para tamanho n fixo de amostra, diminuição de α acarreta aumento em β e vice-versa, aumento em α acarreta diminuição em β; · Para reduzir α e β, devemos aumentar n (tamanho da amostra). · VALOR DE P, INTERVALO DE CONFIANÇA E PODER*** · O valor de p representa a probabilidade de se observar uma diferença entre os grupos como a que foi encontrada no estudo, quando na verdade essa diferença não existe (erro do tipo I falso positivo a); · Nível de significância. · Quanto menor o valor de p, maior a evidência contra a hipótese nula. · O poder é a probabilidade de identificar uma diferença quando ela é real. · O poder é influenciado por: · Natureza do teste estatístico; · Nível de significância; · Tamanho da amostra; · Diferença esperada no efeito dos dois tratamentos. · O tamanho amostral deve propiciar um poder elevado; · Estudos para detectar efeitos pequenos necessitam amostras maiores. · Estudo sem significância estatística (p > 0,05); · Se poder for baixo, nada se pode concluir (a amostra foi insuficiente); · Se poder for alto, pode-se concluir que os efeitos são semelhantes (não rejeitar H0); · O valor de p não indica se o efeito de uma intervenção é forte ou fraco (isso é dado pelo RR); · Ele apenas indica a probabilidade de se observar determinado efeito quando este se deve ao acaso; · O valor de p é influenciado pelo tamanho da amostra; · Estudos com amostras maiores tem estimativas mais precisas (menor intervalo de confiança) e maior poder (probabilidade de detectar um efeito quando este existe). Muito cuidado!! Tenho que entender o valor de p para entender o que ele significa!!!1