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Resumo de Sociologia J. e J.

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Sociologia Jurídica e Judiciária.
Aula 1: Sociologia Jurídica e Judiciária como Ciência Social. 
Objetivos da aula: Definir o campo da Sociologia Jurídica e Judiciária e a concepção sociológica do Direito como fato social; reconhecer os aspectos sociais do fenômeno jurídico de acordo com a teoria tridimensional do Direito; identificar a importância da disciplina no rol das Ciências Sociais e para o aprimoramento do Direito.
Introdução: O direito é considerado um mecanismo de defesa; Reprodução/Instrumento de construção de legitimidade e pacificação social. A autonomia da disciplina é reconhecida como ciência, com objeto próprio (Direito como fato social), métodos e leis.
Conceito sociológico do Direito: O Direito tem sua origem nos fatos sociais, que são mutáveis. O Direito é um fenômeno cultural, apenas existente nas sociedades humanas. A ideia do Direito se relaciona com as noções de conduta e de organização. 
De acordo com Cavalieri Filho:
“A sociedade humana é, portanto, o meio em que o Direito surge e se desenvolve, pois, a ideia do Direito liga-se à ideia de conduta e de organização, provindo da consciência das relações entre os indivíduos”.
i. Sociedades humanas: Evolução social, criação cultural, raciocínio e organização sociocultural.
ii. Sociedades de animais: Natureza biológica e instintos.
Nas sociedades humanas, há atividades, de cooperação e concorrência e em ambas pode ocorrer conflitos de interesses.
i. Cooperação: Convergências de interesses.
ii. Concorrência: Paralelismo de interesses.
Função social do Direito: 
i. Prevenir conflitos: Através de estabelecimento de regras de conduta.
ii. Compor conflitos: Promovendo justiça nos casos concretos, o Direito resolve conflitos.
iii. Manter o controle social: O Direito assegura a conformidade de comportamento dos indivíduos a um conjunto de regras e princípios a eles impostos.
iv. Sustentar a regulação social: O Direito mantém um conjunto de pressões diretas ou indiretas exercidas sobre os membros individuais ou coletivos de um grupo ou de uma sociedade. O objetivo é corrigir seus desvios de comportamento, de expressão ou de atitude em relação a regras e normas adotadas pelo grupo social ou pela sociedade em questão.
Origem da Sociologia Jurídica:
Parte da tese de que o Direito é um fato social/função da sociedade. Sociólogos consideram que o Direito possui fonte única: a vontade do grupo social. A Sociologia Jurídica deve pesquisar, portanto, o fato do Direito, cuja manifestação não depende da lei escrita, mas sim da sociedade, que produz esse fato e cria relações jurídicas. Partindo disso, foram desenvolvidas 2 abordagens da Sociologia Jurídica. São elas: 
i. Abordagem positivista – Sociologia do Direito: a Sociologia Jurídica não pode ter uma participação ativa dentro do Direito. Se o Direito corresponde “à lei e às relações entre as leis”, tudo o que não representar a legislação fica fora da ciência jurídica. A Sociologia Jurídica pode, sim, estudar e criticar o Direito, mas não pode ser parte integrante dessa ciência. Seu papel é de observador neutro do sistema jurídico.
ii. Compor conflitos: a Sociologia NO Direito adota uma perspectiva interna com relação ao sistema jurídico. Seus adeptos contestam a exclusividade de um método jurídico tradicional, afirmando que a Sociologia Jurídica deve interferir ativamente na elaboração, no estudo dogmático e, inclusive, na aplicação do Direito. Não há uma ciência jurídica autônoma, porque, além dos métodos tradicionais, o Direito também emprega – ou deve empregar – métodos próprios das Ciências Sociais. 
Aspectos sociais do fenômeno jurídico: teoria tridimensional do Direito:
O fenômeno jurídico possui três dimensões, o que significa que pode ser estudado sob três pontos de vista: o da justiça, o da validade e o da eficácia.
Trata-se da teoria tridimensional do Direito, desenvolvida pelo jurista Reale e, depois, por muitos outros estudiosos. 
Direito (Fenômeno jurídico): Fato (A sociologia jurídica tem o Direito como fato social), valor (A filosofia do Direito dedica-se ao Direito em seu aspecto valorativo) e norma (A ciência do Direito se preocupa com a norma).
a. Justiça: A questão da justiça é objeto do estudo dos filósofos do Direito, que examinam a chamada idealidade do Direito, cujas bases são:
A justificação do sistema jurídico atual; A busca dos melhores princípios de organização social; As relações entre Direito e moral; As relações entre normas positivas e ideais de justiça; As relações entre o Direito e a verdade.
b. Validade: A análise das normas formalmente válidas – ou seja, o estudo interno do Direito positivo – interessa ao dogmático ou intérprete do Direito, que busca:
Identificar as normas legais; Encontrar o sentido de cada elemento do ordenamento jurídico; Solucionar os problemas de conflito entre normas; Adaptar as normas aos problemas concretos.
Nesse caso, o objeto do conhecimento é a normatividade do Direito.
c. Eficácia: Esta terceira dimensão está relacionada à eficácia das normas jurídicas e corresponde ao campo de análise da Sociologia Jurídica. Trata-se do objeto de estudo dos sociólogos do Direito, cuja função é analisar a realidade social do Direito.
Não se esqueça de que as três dimensões do fenômeno jurídico apresentadas anteriormente estão relacionadas entre si. Por exemplo, se a sociedade avalia que uma lei é injusta, esta tende a ser revogada ou, na pior hipótese, tende a não produzir efeitos práticos, o que a tornará ineficaz.
Observações do vídeo aula: Sociologia Jurídica é a ciência que estuda o direito como fenômeno social – ser. A sociologia judiciária analisa atos dos magistrados, advogados, promotores, serventuários, etc. 
Justiça: Interessa aos filósofos do Direito.
Validade: Estudo das normas formalmente válidas.
Eficácia: Interessa aos sociólogos do Direito. 
A função do sociólogo do direito é analisar a realidade social do Direito.
Ex. De fato social: Moda.
Ciência do Direito: Se preocupa com a normatividade do direito positivo, o dever ser, estuda o direito como norma.
Sociologia Jurídica: Se preocupa com o direito vivo, que se passa conforme a vontade do homem, o ser.
Filosofia Jurídica: Procura identificar a essência do direito, os valores aos quais corresponde, o poder ser.
Aula 2: Litigiosidade social e formas de composição de conflitos.
Direito = Instrumento de socialização: O direito é o modo mais formal de controle social. Seu papel é de socializar, pois sua presença e sua atuação só são necessárias quando as barreiras que a sociedade ergue contra a conduta antissocial são ultrapassadas, quando a conduta social se aparta da tradição cultural – Originada da educação. Como o modo de impor as normas morais e de trato é mais brando, criou-se o Código Penal para punir, de maneira severa, a transgressão a esse mínimo de regras éticas e imposições sociais proibitivas – aquelas de que, sob hipótese alguma, a sociedade pode abrir mão. Sendo assim, como instrumento de socialização em última instância, o Direito cumpre uma função conservadora do status quo. Além disso, serve para legitimar o poder político e favorecer seu domínio sobre a opinião pública.
Funções do Direito: Do ponto de vista do funcionalismo clássico, sua função é resolver conflitos. Primeira e principal função de prevenir conflitos, que afetam o equilíbrio e a paz social. Prevenir conflitos através do adequado disciplinamento das relações sociais nas atividades de cooperação e concorrência. Compor conflitos através do critério jurídico.
Critérios de Composição: 
i. Composição voluntária: Se estabelece pelo mútuo acordo das partes. Surgindo o conflito, as partes discutem entre si e o resolvem da melhor maneira possível. Quanto à forma, a composição voluntária pode ser pura e mista: A conciliação e a arbitragem não são, a rigor, formas puras de composição voluntária, uma vez que sempre contarão com a interferência de um terceiro – o conciliador ou o árbitro. São, todavia, formas mistas que estimulam e valorizam a participação dos litigantes na composição do conflito.
ii.Composição autoritária: Cabe ao chefe do grupo, o poder de compor os conflitos de interesses que ocorrem entre os indivíduos que se encontram sob sua autoridade. Tal critério foi muito usado nas sociedades antigas. Já nas modernas, ainda prevalece no meio familiar.
iii. Composição jurídica: Para que a composição seja jurídica, tem de ser realizada através de um critério anteriormente estabelecido e perfeitamente enunciado para conhecimento de todos, que atenda à universalidade dos casos que se apresentarem dentro do mesmo tipo.
 Este critério apresenta, portanto, as seguintes características: Anterioridade; Publicidade; Universalidade.
Meios alternativos de Composição: 
i. Conciliação: Forma de resolução de controvérsias na relação de interesses, administrada por um conciliador investido de autoridade ou indicado pelas partes. Cabe a ele: Aproximar as partes; controlar as negociações; aparar as arestas; sugerir e formular propostas; apontar vantagens e desvantagens. Seu principal objetivo deve ser sempre a composição do litígio pelas partes.
i. Mediação: Ela age como facilitadora, catalisadora, pois, através de sua habilidade e da arte de mediar, ajuda as partes a encontrarem a solução para suas pendências.
i. Arbitragem: Forma de solução de conflitos, prevista em lei, que pode ser utilizada quando estamos diante de um impasse decorrente de um contrato. Para isso, as partes nomearão árbitros.
Vazio Normativo: Quando as normas estatais não atingem a sociedade como um todo, em um vazio normativo, podem surgir fontes (muitas vezes negativas) para suprir o vácuo de poder deixado pelo Estado.
Escola Monista: Esta doutrina entende que somente o grupo político oficial pode criar as normas de Direito. Para os monistas, somente o Estado possui monopólio tanto da violência legal – prender, condenar, executar – quanto da produção do Direito – Direito positivo. Em outras palavras, não existe outra fonte de produção do Direito que não a estatal. Essa é a posição dos positivistas e dos marxistas. Hans Kelsen defendia que: O Direito é o Estado, e o Estado é o Direito.
Escola Pluralista: O pluralismo jurídico surge com uma alternativa à insuficiência da crítica jurídica tradicional. Essa doutrina levanta a possibilidade da existência de uma pluralidade de ordenamentos em um mesmo espaço temporal e geográfico. A crítica do Direito se preocupou em mostrar seus efeitos como instrumento de dominação. O pluralismo considera que todo grupo social de certa consistência ou expressão pode criar normas de funcionamento, que, ultrapassando o caráter de simples regulamentos, adquirem a atribuição de verdadeiras regras jurídicas. O advento do Direito alternativo busca resgatar a possibilidade transformadora do jurídico, colocando-a a serviço da libertação naquelas sociedades marcadas pela desigualdade e pela exclusão social. O pluralismo jurídico diz respeito ao efeito da lei na sociedade ou, mesmo, ao efeito da própria sociedade sobre as leis. A ideia é construir uma relação mais complexa e interativa entre formas oficiais e extraoficiais de sistematização do Direito. Esse novo pluralismo aponta para a existência de vários campos de produção do Direito que não somente o Estado. Em outros termos, o Direito não se reduz apenas à lei.
Observações do vídeo aula: Composição jurídica é realizada através de normas. Conflito é um elemento permanente na sociedade. Critérios de composição voluntária: legítima defesa, estado de necessidade e exercício regular do direito.
Aula 3: Eficácia das Normas Jurídicas e Efeitos Sociais.
As questões relacionadas com a eficácia do Direito são particularmente importantes para a Sociologia Jurídica e Judiciária. Em outras palavras, tanto a definição quanto as dimensões da eficácia da lei apresentam aspectos que interessam ao estudo dos sociólogos do Direito.
Eficácia e ineficácia social:
Em vigor há 10 anos, a Lei nº 4.597/2005 – Lei do Pitbull – virou um gatinho manso nas mãos dos donos de cães ferozes. A lei permite que cães das raças pitbull, fila, doberman e rotweiller circulem a qualquer hora do dia, desde que usem focinheira, enforcador e que estejam acompanhados por maiores de 18 anos.
No último sábado, por exemplo, por volta das 15 horas, o comerciante Joaquim Manuel de Oliveira, de 34 anos, morador de Copacabana, no Rio de Janeiro, passeava no Parque do Cantagalo, na Lagoa, com sua pitbull de 5 anos totalmente à vontade.
Ele foi franco:
– Para evitar problemas, eu só estava saindo de madrugada – quando a lei, revogada pela atual, proibia os passeios diurnos. Mas é só andar pela Zona Sul para ver que a quantidade de dobermans e de rotweillers passeando à luz do dia – a maioria sem focinheira – é a mesma de antes da lei.
Validade da norma jurídica:
De forma geral, VÁLIDO é aquilo que é feito com todos os seus elementos essenciais. Em Direito, para que um ato ou negócio seja considerado válido, tem de revestir-se de todos os elementos essenciais que a lei prevê. Faltando um deles, o negócio será inválido, nulo. Portanto, a validade decorre sempre de o ato ter sido executado com a satisfação de todas as exigências legais.
De acordo com Hans Kelsen, a validade da norma jurídica é sua existência específica. Sua capacidade de legalmente obrigar a conduta de seus destinatários – a sociedade em geral – representa um conjunto de requisitos que comporta três aspectos já analisados sob a ótica da Ciência do Direito: a validade formal, fática e ética. Validade e eficácia são conceitos interligados, mas não necessariamente são correspondentes.
Sendo assim, podemos classificar a norma por sua:
i. Validade formal: Uma norma jurídica será válida se preencher os requisitos formais e materiais. Formalmente, a validade depende de a autoridade possuir poder normativo e exercer esse poder conforme o estabelecido na Constituição ou nas leis.
ii. Eficácia: Com base na visão positivista, a eficácia é uma consequência da validade.
Eficácia jurídica X eficácia social:
É importante distinguir da eficácia jurídica o que muitos autores chamam de eficácia social da norma.
Eficácia Jurídica:
A eficácia social refere-se ao(s):
· Cumprimento efetivo do Direito por parte de uma sociedade;
· “Reconhecimento” do Direito pela comunidade;
· Efeitos que uma regra opera através de seu cumprimento, mais especificamente.
Em tal acepção, eficácia social é a concretização do comando normativo, sua força realizadora no mundo dos fatos. Deliberadamente, ao estudar a capacidade de produzir efeitos, deixou-se de lado a ideia de cogitar, de saber se estes efetivamente se produzem.
A efetividade defende não a eficácia jurídica como possibilidade da aplicação da norma, mas a eficácia social e os mecanismos para sua real aplicação.
Eficácia das Normas Jurídicas: Nem sempre a norma produz o efeito esperado pelo legislador, a norma é criada de um jeito, mas ela repercute socialmente de outro.
i. Quanto aos efeitos da norma: Qualquer repercussão social provocada pela norma constitui um efeito social.
ii. Quanto à eficácia da norma: É o grau de cumprimento da norma na prática.
Contribuição para a eficácia da norma – fatores sociais:
i. Participação dos cidadãos.
ii. Coesão social.
iii. Adequação da Norma.
iv. Contemporaneidade.
Contribuição para a eficácia da norma – fatores instrumentais:
i. Divulgação dos conteúdos da norma a população.
ii. Conhecimento da norma por seus destinatários.
iii. Perfeição técnica da norma – clareza da redação, brevidade, precisão do conteúdo, sistematicidade.
Efeitos Positivos da Norma: Quando a norma é eficaz, ela produz:
i. Função de Controle Social.
ii. Função Educativa.
iii. Função Conservadora da Norma.
iv. Função Transformadora da Norma.
Efeitos Negativos da Norma:
i. Antecipação da lei a realidade: Não vai de acordo com a realidade.
ii. Misoneísmo: Reação negativa a novidade - resistência a novas leis.
iii. Desatualização da Lei: Quando a lei é anacrônica, quando ela já caiu em desuso.
Norma jurídica formalmente válida:
A norma eficaz é aquela que tem força para realizar os efeitos sociaispara os quais foi elaborada – seja o cumprimento da norma, seja a sanção imposta em caso de descumprimento.
Resultados contrários acontecem quando:
A lei é ineficaz, ou seja, ultrapassada e desatualizada socialmente. A autoridade se omite em aplicá-la. Falta estrutura adequada para sua aplicação. 
Aula 4: Sociedade Brasileira e Instituições de Direito – Legislativo.
Sistema eleitoral: O sistema eleitoral é baseado no voto direto e secreto. Em outras palavras, o eleitor vota, diretamente e de maneira sigilosa, no candidato ao cargo a ser preenchido, já que seu voto não pode ser divulgado a terceiros.
Constituição garantia e dirigente:
A atual Constituição Federal possui diversas normas que permitem classificá-la como:
· CONSTITUIÇÃO GARANTIA: Tipo clássico de constituição que protege as liberdades individuais e coletivas, bem como limita o poder do Estado. 
Exemplos: Magna Carta inglesa (1215); Constituição norte-americana (1787); Constituição francesa (1791).
· CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE: Constituição que possui normas programáticas e diretrizes para seu cumprimento por parte do Poder Público. Tais diretrizes orientam a utilização do poder, o progresso social e econômico, bem como a política a ser seguida pelos órgãos estatais e pela sociedade como um todo. Esse tipo de constituição estabelece um plano diretivo que tem por finalidade a evolução política.
Atribuições dos três Poderes:
Outra característica do Estado constitucional moderno é o estabelecimento da separação entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário por meio de um sistema de freios e contrapesos que evita a predominância de um Poder sobre os demais.
· Poder Executivo: No caso do sistema presidencialista de governo adotado pela Constituição Brasileira de 1988, ao Poder Executivo – exercido pelo presidente da República com o auxílio dos ministros de Estado – cabe a função de praticar os atos de chefia de Estado – representar a nação –, de governo e de administração.
· Poder Legislativo: No contexto da divisão de Poderes estabelecida pelo constitucionalismo moderno, o papel do Poder Legislativo é fundamental, pois a este cabe, entre outras funções, a elaboração das leis e a fiscalização dos atos dos demais Poderes da União.
As leis são elaboradas de forma abstrata, geral e impessoal, pois são feitas para todas as pessoas e não devem atender a interesses ou a casos individuais.
Atribuições do Congresso Nacional:
O Congresso Nacional exerce sua atribuição legislativa sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
· As questões tributárias – arrecadação e distribuição de recursos públicos;
· O planejamento das ações de governo – por meio das leis orçamentárias e de planejamento, que definem como os recursos públicos federais serão gastos;
· Organização do território nacional – particularmente com relação às áreas dos Estados, ouvidas as Assembleias Legislativas;
· Criação de órgãos públicos, cargos e empregos públicos federais;
· Telecomunicações e radiodifusão;
· Questões monetárias etc.
Processo de escolha dos legisladores:
Os representantes de todos os níveis dos Poderes Legislativo e Executivo são escolhidos diretamente através do voto. São considerados válidos os votos nominais aos candidatos – por nome escolhido – e os votos nas legendas – partidos –, nas eleições proporcionais e majoritárias. Os votos nulos e em branco são descartados.
Quadro atual do sistema eleitoral brasileiro:
Como funciona o voto proporcional: Nominal e legenda, nos candidatos ou no partido.
Quem são os legisladores: Vereadores, Deputados estaduais e federais e os Senadores.
Como funciona o voto majoritário: É dado a candidatos no sistema de eleição majoritária, no qual o vencedor é o que obtém a maioria dos votos.
O que é reforma política?
Há muito tempo, refletimos sobre a necessidade de uma reforma política no Brasil. O tema é alvo constante de debates entre especialistas e pessoas que discutem sobre os destinos da política partidária do País. Na verdade, este é um assunto importante para todos os brasileiros – especialistas ou não – e, em particular, para os estudiosos do Direito. Trata-se de um conjunto de propostas para a reorganização do sistema político brasileiro que não foi modificado na Assembleia Nacional Constituinte (1987/1988).
O debate sobre a reforma política configurou-se em torno de alguns pontos. São eles:
· A reorganização ampla das regras do sistema político e da forma de financiamento de campanha;
· A criação de novas instituições capazes de aumentar a participação e os diferentes padrões de interação entre instituições representativas e participativas.
Atualmente, estes são os principais tópicos de discussão sobre a reforma política no Brasil: 
i. Financiamento público de campanhas: Destinação de recursos públicos a campanhas eleitorais e a partidos políticos, proporcionalmente à representatividade desses partidos no parlamento.
ii. Lista fechada: Sistema de votação de representação proporcional, no qual os eleitores votam apenas em partidos, e não nos candidatos.
iii. Cláusula de barreira: Também conhecida como cláusula de exclusão ou de desempenho, trata-se de um dispositivo que restringe ou impede a atuação parlamentar de um partido que não alcança um percentual de votos determinado.
iv. Proposta de um Sistema Nacional de Participação Social: O Decreto nº 8.243/2014 instituiu a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). O texto estabelece objetivos e diretrizes relativos ao conjunto de mecanismos criados para compartilhar com a sociedade civil decisões sobre programas e políticas públicas.
De acordo com o governo, o objetivo é fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo, bem como a atuação conjunta entre a administração pública federal e a sociedade civil.
Organização do Estado: Atualmente, em função da complexidade das sociedades e do expressivo número de cidadãos habilitados a participar do processo democrático, a experiência da democracia direta não é mais possível. No Estado moderno, a democracia é representativa, isto é, os cidadãos escolhem, por meio do voto, os representantes que decidirão os assuntos públicos nos âmbitos dos Poderes:
· Executivo – presidente da República, governador de Estado e prefeito;
· Legislativo – senador, deputado federal, deputado estadual e vereador.
Apesar da escolha periódica dos representantes, a fonte de todo poder legítimo permanece nas mãos dos cidadãos, conforme indica o Artigo 1º da Constituição Federal, Parágrafo único:
“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente [...]”.
Aula 5: Funções essenciais à realização de justiça e sociologia das profissões.
Conflito de interesse: Chamado de litígio, quando chega no judiciário, o litígio se transforma em lide, quando submetido ao juiz para apreciação, solução.
Função social do Poder Judiciário: A questão do Judiciário é alvo de estudos e debates não só no Brasil, mas também em outros Estados Democráticos, na medida em que a solução definitiva dos conflitos sociais passa pela decisão judicial. Nesse contexto, apoia-se o conceito de fuga dos tribunais, que envolve dois aspectos:
Como um dos Poderes do Estado, o Poder Judiciário tem sua autonomia na esfera da competência que a Constituição lhe atribui, mas a lei votada no Legislativo é obrigatória para o Judiciário – salvo as inconstitucionais.
Função jurisdicional:
A função jurisdicional corresponde ao poder de formular e tornar efetiva a norma concreta que deve regular determinada situação jurídica. Trata-se, ao mesmo tempo, de poder, função e atividade. Vejamos:
I. Poder: Capacidade de decidir imperativamente e de impor decisões.
II. Função: Promoção da pacificação dos conflitos de interesses entre os jurisdicionados por meio do Direito e do processo.
III. Atividade: Complexo de atos jurídicos praticados no processo pelo juiz, que exerce o poder conferido a ele por lei e cumpre suas funções.
Divisão do Judiciário:O Judiciário está dividido em dois grandes grupos. São eles:
· Federal: De acordo com os Artigos 106 e 109 da Constituição, ao Poder Judiciário Federal compete apreciar todas as causas de interesse da União ou de seus desdobramentos administrativos – autarquias e empresas públicas – como autoras, rés ou simples interessadas. Dele fazem parte os tribunais federais, eleitorais, trabalhistas e militares.
· Estadual: De acordo com o Artigo 126 da Constituição, ao Poder Judiciário Estadual compete apreciar todas as demandas que envolvem conflito de interesse entre particulares, bem como as causas em que há interesse dos próprios Estados, Municípios e seus desmembramentos administrativos.
Conselho Nacional de Justiça:
Com previsão constitucional, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem-se revelado um marco na busca da eficiência do Poder Judiciário. De acordo com o Artigo 103-B da Constituição, ao CNJ compete:
I - Zelar pela autonomia do Poder Judiciário; [...]
II - Receber e conhecer das reclamações contra qualquer dos membros ou órgãos do Poder Judiciário [...];
III - Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade;
IV - Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano. [...]
Instrumentos humanos de realização da ordem jurídica:
A magistratura é elemento essencial no Estado Democrático de Direito. Por isso, não pode haver democracia sem uma magistratura consciente de seu papel social. Em outras palavras, não pode haver democracia sem esse poder que, por atribuição constitucional, desempenha a relevante função de garantir o respeito aos direitos fundamentais do cidadão. Vamos conhecer os sistemas seletivos adotados para o recrutamento de juízes:
· Sistema eletivo (por votação):
Vantagens: Este sistema é mais democrático, rápido e econômico. Nesse caso, há controle sobre o desempenho do juiz por parte da população.
Desvantagens: Os critérios políticos podem influir na votação e, nem sempre, os melhores candidatos são eleitos.
· Sistema da nomeação:
Vantagens: Rapidez e economia.
Desvantagens: Este sistema é antidemocrático, pois não dá oportunidades iguais a todos.
· Concurso público:
Vantagens: Este sistema é mais democrático.
Desvantagens: Este sistema é, porém, mais oneroso, pois exige uma comissão de alto nível para realizar o concurso, além de ser mais demorado.
Garantias constitucionais da magistratura:
Nos Estados modernos, as garantias asseguradas aos magistrados variam de Constituição para Constituição, de modo que possam exercer suas funções livremente. As garantias da magistratura podem ser:
· Institucionais – aquelas que repercutem funções atípicas e que servem para proteger a magistratura contra a pressão dos outros órgãos. Entre estas garantias, estão a autonomia orgânico-administrativa e a autonomia financeira.
· Funcionais – aquelas conferidas aos juízes, que estão estabelecidas no Artigo 95 da Constituição.
Para fins de compreensão da lei, são garantias funcionais:
· Vitaliciedade – os magistrados não podem ser demitidos senão em virtude de sentença do próprio Judiciário;
· Inamovibilidade – o Executivo não pode remover o magistrado senão por motivo de promoção;
· Irredutibilidade – relativa a subsídio.
Ministério Público:
O Ministério Público (MP) é considerado o quarto poder constitucional e, na Carta Magna, aparece em capítulo especial: Capítulo IV - Das funções essenciais à Justiça.
São funções do MP:
· Defender a sociedade fiscal da lei – custus legis;
· Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e dos interesses difusos e coletivos;
· Promover a ação de inconstitucionalidade;
· Exercer o controle externo da atividade policial;
· Defender os direitos humanos.
Defensoria Pública:
A Defensoria Pública é uma instituição que, ao lado da Advocacia, da Advocacia Pública e do Ministério Público, é essencial à jurisdição. São atribuições da Defensoria Pública:
· Orientação jurídica e defesa, em todos os graus, dos necessitados –aqueles que comprovarem insuficiência de recursos;
· Isenção ao preparo de pareceres e consultoria.
Advocacia: A Advocacia é atividade essencial para a administração da Justiça. O advogado possui a capacidade de postular os interesses das pessoas em juízo ou fora dele, além de prestar assessoria e consultoria.
Deficiências do Judiciário: Entre as origens dos problemas do Poder Judiciário em relação ao acesso à Justiça e à democratização, estão:
· O despreparo técnico de juízes;
· As deficiências na elaboração das normas jurídicas;
· O desaparelhamento do Judiciário;
· A prática de um sistema abusivo de recurso;
· O excessivo apego ao formalismo, com dedicação à vertente romanista do Direito que já deveria estar vencida.
As causas dessa situação problemática do Judiciário brasileiro merecem uma abordagem sistemática por parte de diversos sociólogos e juristas.
Aula 6: Fatores de transformação sócio jurídica e opinião pública.
Fatores de transformação soció jurídica e opinião pública:
Para ser instrumento eficaz ao bem-estar e progresso social, o Direito deve estar sempre adequado à realidade, refletindo as instituições e a vontade coletiva. Sua evolução deve expressar um esforço do legislador em realizar a adaptação de suas normas ao momento histórico. Os fatores que influenciam a vida social, provocando-lhe mutações, produzirão igual efeito no setor jurídico, determinando alterações no Direito Positivo. Esses fatores, chamados sociais e também jurídicos, funcionam como motores da vida social e do Direito. Fatores jurídicos são, pois, elementos que condicionam os fenômenos sociais e, em consequência, induzem transformações no Direito. Não obstante ser este o caminho científico, Georges Ripert, impressionado com as distorções que se passam na gênese da lei, declarou: "O Direito nasce na luta e pelo triunfo dos mais fortes [...]. O mais forte sai vencedor de um combate cujo prêmio é a lei. Assim, o jurista declara gravemente que “a lei é a expressão da vontade geral. Ela não é nunca senão a expressão da vontade de alguns”.
O Direito e a realidade se influenciam. Portanto, o Direito precisa acompanhar as diversas oscilações sociais, uma vez que é para a sociedade que o Direito está a serviço e foi criado. Desse modo, constata-se a existência de certos fatores que ocorrem na sociedade e que repercutem diretamente na esfera jurídica. Tais fatores, que podem ter diversas origens, influenciam a sociedade e impõem mudanças efetivas no quadro de leis, seja de forma acelerada ou lenta.
Então, é correto afirmar que o Direito (formação e evolução) não é resultado da simples vontade do legislador. O Direito se encontra subordinado à realidade social a quem acompanha, ou seja, a presença de determinados fatores impulsiona a produção legislativa e a própria sociedade, definindo suas diversas estruturas. Assim, o direito enquanto instrumento de bem comum e do progresso social deve estar sempre adequado à realidade, refletindo as instituições e a vontade coletiva.
Fatores de transformação do Direito: Esses fatores funcionam como motores da vida social e do Direito. Exemplos: Econômicos, políticos, culturais e religiosos.
Mudança social e direito:
O Direito concebido como ciência social deve acompanhar as mudanças que ocorrem na sociedade, a fim de tutelar novos direitos ou prevenir novos conflitos, apontando solução para os conflitos inevitáveis. Isto porque, como um produto cultural, o Direito, é influenciado e reflete a realidade social, econômica e política que o envolve. À medida que a sociedade se vai renovando, novas leis surgem para legitimar essas mudanças. Esses novos arranjos normativos são a prova de que, embora moroso, o direito sempre acompanha as novas facetas sociais. No entanto, é de se notar que, em relação a alguns fatos da sociedade, apesar da mudança social já caminhar a passos largos, certas decisões são fundadas em normas e regras obsoletas.Mas isso não quer dizer que elas devem ser postas de lado, ou que se deve permitir que sejam descumpridas, pelo contrário, devem ser adequadas à nova realidade. Em síntese o que se pode afirmar é que, ainda que a produção normativa não caminhe na mesma velocidade das mudanças sociais (o que é um fato!), ela desempenha um papel fundamental para a consolidação e o reconhecimento dessas mudanças.
Participação popular e opinião pública: Este tópico envolve dois aspectos:
· O Direito utilizado como instrumento controlador dos comportamentos é eficaz, pois na vida não se pode prescindir de regras;
· O Direito como efetivador de justiça, sob o ponto de vista de cada cidadão, tem se demonstrado inoperante.
Opinião pública: É o pensamento predominante do grupo sobre uma determinada pessoa ou questão. É o juízo coletivo adotado e exteriorizado por um grupo. A opinião pública não é a soma nem a síntese da opinião de todos, é um novo produto, uma nova realidade. Representa a tendência geral, mas sem ser, necessariamente, a opinião de todos os membros nem a opinião de qualquer pessoa em particular. A opinião pública nos países de livre manifestação de pensamento constitui elemento decisivo de interação social.
Tem especial importância, pois age como um verdadeiro termômetro, revelando ao legislador e demais autoridades que atuam na área jurídica o sentimento social em torno de questões sociais relevantes e indicando as mudanças necessárias nas leis e instituições jurídicas.
A opinião pública formada em torno do Judiciário foi no sentido de considerá-lo deficiente, emperrado e moroso. Há uma grande parcela que considera os tribunais ou juízes influenciáveis pelos poderosos, ou passíveis de corrupção, e, portanto, parciais, assunto da maior gravidade a merecer especial atenção, sob pena de uma desmoralização cada vez maior da instituição.
A opinião pública sobre o Direito e sua utilidade social e suas instituições:
Muito embora o Direito seja considerado e aceito como a forma mais eficaz de controle social em sua organização e aplicação, sofre um questionamento cada vez maior da opinião pública quanto a sua equidade. Para muitos, o Direito é um meio do qual se valem os mais fortes, as classes dominantes da máquina estatal, para se manterem no poder contra os oprimidos. Outros entendem que ele se presta a manobras que o desvirtuam completamente, e que isso é uma constante.
Aula 7: Movimentos Sociais - Cidadania, Etnodiversidade, Gênero e Direitos Humanos.
Movimentos sociais – MS: O conceito de Movimentos sociais envolve dois aspectos:
a) Ação coletiva de um grupo organizado para alcançar mudanças sociais por meio do embate político, conforme seus valores e ideologias.
b) Objetivar a mudança, a transição ou mesmo a revolução de uma realidade hostil a certo grupo ou classe social.
Para se compreender os movimentos sociais deve-se pensar em valores e crenças comuns para a ação social coletiva. É importante considerar se as estruturas sociais nas quais se manifestam os MS fariam explodir os conflitos já postos pela estrutura social geradora.
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST: Você teve oportunidade de aprender na disciplina História do Direito Brasileiro, que o acesso à terra, em nosso país, a partir da edição da Lei de Terras, de 1850, foi dificultado para os pobres. E que, a partir do advento da Lei de Terras, começou o fenômeno da grilagem de terras pelos próprios latifundiários (falsificação de títulos de propriedade).
A Lei de Terras garantia mão de obra livre aos grandes proprietários, pois restringia o acesso à terra mediante a compra. Isto porque as terras ainda não ocupadas passavam a ser propriedade do Estado e só poderiam ser adquiridas por meio da compra nos leilões mediante pagamento a vista e não mais por meio da posse.
Sem a aprovação da Lei de Terras, possivelmente, escravos libertos e imigrantes europeus, ao invés de trabalharem nas grandes lavouras, dirigir-se-iam para o interior do país em busca de terras desocupadas para tomar posse.
A criação desta Lei garantiu os interesses dos grandes proprietários do Nordeste e do Sudeste que estavam iniciando a promissora produção do café e, certamente, contribuiu para a formação de grandes concentrações latifundiárias e da injusta distribuição de terras no Brasil, que levou ao aparecimento do MST.
Cidadania:
O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que significa "cidade". Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente articulada – um país – e que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de uma constituição. Ao contrário dos direitos humanos – que tendem à universalidade dos direitos do ser humano na sua dignidade –, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas concepções mais antigas, possui um caráter próprio e possui duas categorias: formal e substantiva.
· Cidadania formal: A cidadania formal é, conforme o direito internacional, indicativo de nacionalidade, de pertencimento a um Estado-Nação, por exemplo, uma pessoa portadora da cidadania brasileira. Em segundo lugar, na ciência política e sociologia o termo adquire sentido mais amplo, a cidadania substantiva é definida como a posse de direitos civis, políticos e sociais. Essa última forma de cidadania é a que nos interessa.
· Cidadania substantiva: A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem a partir do estudo clássico de T. H. Marshall – Cidadania e classe social, de 1950 – que descreve a extensão dos direitos civis, políticos e sociais para toda a população de uma nação. Esses direitos tomaram corpo com o fim da Segunda Guerra Mundial, após 1945, com aumento substancial dos direitos sociais – com a criação do Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) – estabelecendo princípios mais coletivistas e igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva participação da população em geral foram fundamentais para que houvesse uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e civis alçando um nível geral suficiente de bem-estar econômico, lazer, educação e político. 
Etnodiversidade: A expressão etnodiversidade foi inicialmente utilizada pelo Partido Verde alemão, em 1994 por Tibor Rabóczkay, significando a presença de diversas etnias e "raças" em um mesmo país, ou mesmo território. Sua inspiração é a analogia com "biodiversidade". 
· Etnodiversidade no Brasil: É inegável que o Brasil, desde seu descobrimento e sua colonização, se encontra profundamente vinculado à diversidade. Seja a Biodiversidade, por conta das inúmeras espécies encontradas em sua fauna e flora, seja pela etnodiversidade, ou seja, a diversidade das nações indígenas, diversidade dos imigrantes, diversidades regionais, mestiços etc.
Assim a etnodiversidade brasileira resulta da presença de vários povos indígenas, descendentes de imigrantes de variadas origens (europeus, asiáticos), além da forte contribuição de povos africanos.
Da etnodiversidade brasileira se origina a grande capacidade de adaptação do brasileiro.
Questões de gênero: As relações de gênero se revelam como elementos indispensáveis para a compreensão da sociedade. Inegavelmente, o conceito institucionalizado de gênero contribui para a justificação das desigualdades sociais entre homens e mulheres que nada tem a ver com o biológico.
A identidade de gênero ou sexual é um conceito extremamente complexo, composto por componentes conscientes e inconscientes.
Direitos Humanos no Brasil: Os direitos humanos estão consolidados na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no título que trata dos princípios fundamentais, no título sobre os direitos e garantias fundamentais e, por último, no art. 225, sobre o meio ambiente, sem eliminar outros artigos que possam conter matéria dos direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais se dividem em: individuais, coletivos, de grupos e difusos.
· Direitos individuais: Os direitos individuais têm como sujeito ativo um indivíduo humano, que, quando verificar que teve a supressão, ou melhor, quando houverperturbação de seu direito por autoridade pública, ou outra que atue em lugar da pública, poderá impetrar habeas corpus (art. 5° LXVII CF/88) quando verificar que há impedimento no seu direito de livre circulação (ir e vir – e ficar), habeas data, quando houver necessidade de retificação de registro ou para que seja prestada informação que sobre ele constem nos bancos de dados (art. 5°, LXXII, a, b CF/88). O sujeito individual poderá, ainda, solicitar a providência da segurança (art. 5°, LXIX CF/88) quando a perturbação de seu direito líquido e certo não for de matéria do habeas corpus nem do habeas data.
· Direitos coletivos: Os direitos coletivos são aqueles que envolvem a coletividade como um todo, uma sociedade. Por essa natureza, quando há a turbação de algum direito fundamental é dever do Ministério Público promover a ação cabível, uma vez que esse órgão é o responsável pela defesa dos interesses da coletividade. Dessa forma, o Ministério Público poderá promover ação civil pública para defesa do patrimônio público e social, do meio ambiente e outros interesses conforme art. 129, III, não sendo vedado a interposição desse remédio por outras pessoas segundo o §1º do mesmo artigo. A Constituição vigente foi inovadora ao permitir a proposição de mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX CF/88) por partido político com representação no Congresso Nacional ou por qualquer organização não governamental constituída há mais de um ano.
· Direitos de grupos: Direitos de grupos são direitos individuais “homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum” (art. 81, parágrafo único, III, do Código de Defesa do Consumidor).
· Direitos difusos: Os direitos difusos são aqueles, conforme definição do Código de Defesa do Consumidor: “transindividuais de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato” (art. 81, parágrafo único, I do Código de Defesa do Consumidor).
Aula 8: Transformações nas relações sociais e econômicas do cotidiano e desvio social.
Consumo e consumismo: Temos que admitir que não há como fugir do consumo. Ele significa nossa própria sobrevivência e não passamos um único dia sem adquirir algum bem. A grande questão é que nos dias de hoje precisamos adquirir bens não somente para suprir nossas necessidades de alimentação, vestuário, lazer, educação, abrigo, mas também e, talvez, principalmente, para alimentar desejos artificialmente criados por uma sociedade dominada pelo mercado.
O mercado estimula o consumo dos bens, vinculando-o à realização pessoal, à felicidade, ao prazer de viver e nos induz a consumir usando essa ilusão de alcançar tais valores.
A vida atual nos empurra ao consumo. Já se foi o tempo em que as pessoas faziam suas próprias roupas, cultivavam seus próprios alimentos, utilizavam os animais como meio de transporte e levavam uma vida pacata, mais preocupados com sua ligação com a divindade para garantir um lugar no paraíso ou com seus laços familiares e de vizinhança.
Isso significa que consumimos muitas coisas que, ainda que sem essa consciência, nos são impostas: é, por exemplo, a roupa da moda (que muda a cada semana), para não ficar para trás, porque todo mundo usa. Então, consumimos, não porque precisamos, mas porque somos induzidos a consumir, e, cada vez mais. Aqui surge o consumismo.
Entre ter e o ser: Na sociedade moderna, o consumo é altamente estimulado não somente pelos meios de comunicação em massa, como também pelo governo, que busca estimular o crescimento econômico, e a consequente geração de empregos e tributos, mas nem todos tem acesso aos bens de consumo.
Consumir é preciso, viver não é preciso!
Muito mais do que pessoas que compram muito e adquirem bens que não precisam, o consumismo representa o modelo atual de sociedade, do desperdício e dos valores que imperam. O consumismo se refere a um modo de vida voltado cada vez mais ao consumo de bens ou serviços e sua relação com prazer, sucesso, felicidade, que todos os seres humanos almejam e, frequentemente, é observado nas mensagens comerciais dos meios de comunicação de massa.
Acontece que vivemos em uma sociedade capitalista e de classes.
Sociologia Jurídica e Desvio Social - O fenômeno global: Enquanto existir o homem, existirá crime. Porém, há o que classificamos por crime global, uma presente ameaça à economia no âmbito internacional e nacional também. Para a sociedade como um todo. São exemplo de redes criminosas globais:
· Máfia norte-americana, a italiana (Camorra) e russa (Solntsevskaya Bratva);
· cartéis colombianos;
· redes criminosas nigerianas;
· tríades chinesas;
· o maior cartel de drogas do México, o Sinaloa;
· E a Yakuza.
São exemplos de crimes globais:
· tráfico de drogas; tráfico de pessoas e de animais; contrabando de armas; contrabando de mercadorias diversas – materiais radioativos e etc.; sequestro;
Assim, temos que a economia do crime, ou seja, os esquemas financeiros complexos e redes de comércio internacional exigem sofisticação e um mínimo de complacência, senão cumplicidade dos respectivos Estados.
Caráter transnacional das organizações criminosas: Nas últimas décadas, as organizações criminosas vêm assumindo um caráter cada vez mais transnacional em suas operações, muito devido à própria tendência globalizante da economia e em razão das novas tecnologias de comunicações e transportes. Em relação aos lucros globais originários de todos os tipos de atividades ilegais globais, esses foram orçados, àquela época, em nada menos que US$ 750 bilhões ao ano. Imagine em quanto estará esse valor nos dias de hoje?
Para Castells (1999), a globalização gerou uma grande revolução na estratégia institucional do crime organizado. O autor exemplifica afirmando que esconderijos seguros ou relativamente seguros vêm sendo encontrados em todo o planeta: “pequenos (Aruba), médios (Colômbia), grandes (México) ou enormes (Rússia)”, entre muitos outros.
Além disso, a grande mobilidade e extrema flexibilidade das redes lhes permite livrar-se dos ordenamentos jurídicos nacionais e dos procedimentos rigorosos necessários à cooperação entre as polícias dos diversos países.
Aula 9: Participação política na sociedade global e Direito.
Nesta aula trataremos de questões muito atuais e que dizem respeito à situação contemporânea, diante das formas atuais de produção e implementação do Direito. Esta situação é confusa e complexa, pois há, ainda, a permanência das formas de produção normativas tradicionais, mas ao lado dessas surgem tipos de produção normativa “pós-modernas”, na medida em que constituem uma superação da concepção moderna do Direito e do Estado.
A mundialização do direito e a busca de uma comunidade de valores:
"A mundialização do direito se limita a construir uma comunidade econômica ou prenuncia uma verdadeira comunidade mundial de valores? “
"O direito do comércio se judicializa com a criação do órgão de apelação junto à OMC, ao passo que ainda não existe uma corte mundial de direitos humanos".
O direito da sociedade globalizada:
De acordo com Alves, Santos et al. (2013), “o ordenamento jurídico estatal está perdendo sua exclusividade e centralidade, embora, como coloca Faria (2002), ainda seja a referência básica para os cidadãos comuns. O Direito estatal passa a ser parte de um polissistema, pois concorre e convive com normatividades paralelas ou justapostas, que revelam o desenvolvimento de uma regulação jurídica à margem e, até mesmo em alguns casos, contrária ao Direito positivo estatal, deixando de ser o eixo de um sistema normativo único. Assim, a regulação social, atualmente, pode ser dividida em tradicional e contemporânea:
· Regulação social tradicional: A tradicional, de origem moderna, tem como característica o pressuposto de que a regulação social se faz pelo Direito, sendo que este é exclusividade do Estado.
· Regulação social contemporânea: A regulação contemporânea ou pós-moderna traz novos pressupostos: a regulação social não precisa obrigatoriamente passar pelo Direito e o Estado perde terreno em sua soberaniaatravés do Direito. Ou seja, o Direito estatal perde terreno em favor de normas alternativas de regulação social e de solução de conflitos.
O Direito do novo campo de poder é dual:
Segundo Alves, Santos et al. (2013), “de um lado tem-se o Direito estatal deprimido sob o açoite das políticas de desregulação, do outro, tem-se a fortificação das regras ditadas pelo mercado. Ou seja, “... os campos antes regimentados pelas normativas estatais ou geral públicas se abrem assim a regulamentações pactuadas entre sujeitos privados ou entidades corporativas (caso do direito laboral) mais ou menos à margem das instituições públicas propriamente ditas.” (2002, p. 268).
Ou, como coloca Santos, tem-se além do Direito positivo estatal duas outras instâncias: a supraestatal e a infraestatal:
· Supraestatal: No plano supraestatal, os mecanismos do sistema mundial desenvolvem leis que se sobrepõem à normatividade estatal (seria a lei do mercado meta estatal de que fala Capella)”.
· Infraestatal: Já no plano infraestatal, encontram-se ordens jurídicas locais com ou sem base territorial, regendo determinadas categorias de relações sociais e interagindo, de múltiplas formas, com o direito estatal’”. (2002, p. 171).
Neoliberalismo expressão ideológica da globalização: Em seu texto intitulado Globalização e participação política, Valmir Lima de Almeida considera que “a participação política dos indivíduos na sociedade global apresenta-se como um caminho, uma das principais vias alternativas, para o alcance da inserção social e da diminuição das desigualdades econômicas reveladas pela globalização. O processo de globalização em marcha acabou com os limites geográficos, mas não eliminou a fome, a miséria e os problemas políticos de milhões de globalizados que vivem (ou sobrevivem) abaixo da chamada linha da pobreza absoluta. Afastados dos centros das decisões pelos princípios excludentes do neoliberalismo, os indivíduos, limitados na própria capacidade de compreensão dos conceitos neoliberais, não encontram pontos de referência para tornarem-se agentes de influência política no processo global”.
O neoliberalismo é mostrado como expressão ideológica da globalização. São evidenciados os efeitos políticos que a doutrina neoliberal provoca nos indivíduos, quando imposta no contexto da globalização como uma evolução natural da sociedade, com um aprimoramento cultural do próprio homem. Revela-se, ao contrário do que apregoam os princípios neoliberais, que as diferenças sociais na globalização se acentuam quanto maior for o nível alienante de exclusão social que esteja incluído o indivíduo.
Luta pela mundialização do Direito: ''A mundialização do Direito se limita a construir uma comunidade econômica ou prenuncia uma verdadeira comunidade mundial de valores?''. Quem indaga é a Francesa Mireille Delmos-Marty. A mundialização não remete apenas ao direito nascido da globalização econômica, mas também à universalização dos direitos do homem, fundada na declaração 'universal' de 1948.
O Direito num mundo globalizado: Temos que considerar que: 
· O direito se produz também através do associativismo social, do conflito social e dos resultados desses conflitos.
· O direito é produto da dinâmica social, de trocas socioculturais e não somente um produto da vontade soberana.
Aula 10: Movimentos Sociais - Cidadania, Etnodiversidade, Gênero e Direitos Humanos.
A sustentabilidade ambiental consiste em várias ações, diretas e indiretas, que buscam o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, o bem estar social e a preservação do meio ambiente, ou seja, trata-se do consumo responsável dos recursos naturais.
A importância da preservação ambiental: Vamos falar de preservação ambiental, utilizando alguns trechos de um texto muito esclarecedor: “Com o grande crescimento populacional e industrial, o consumo e a demanda por riquezas naturais e minerais têm atingido níveis cada vez mais críticos. E com tanta exploração, é normal que o planeta responda de maneira agressiva, seja através de mudanças climáticas ou de outros desastres naturais”.
Por uma educação ambiental: “Entende-se por educação ambiental a disseminação de informações sobre o meio ambiente e a importância de preservá-lo, sendo fundamental que o ser humano entenda sua relação de causa e consequência com a natureza e se conscientize de que ao destruí-la estará destruindo a sua própria existência. Resumindo, educação ambiental nada mais é do que a metodologia utilizada pela sociedade para a construção de valores, conhecimentos e atitudes voltadas para a sustentabilidade ambiental e, consequentemente, para a melhoria na qualidade de vida. A importância da educação ambiental dá-se em vários processos, sendo essencial nos primeiros anos escolares, uma vez que as crianças já crescerão com a devida consciência e, desse modo, as novas gerações não depredarão os recursos oferecidos. No entanto, não basta incentivar a produção e o consumo “verde”, é necessário que haja punição às práticas que vão contra a preservação do planeta."
Exclusão social como um dos frutos do Neoliberalismo: Exclusão social passou a ser usado para denominar o fenômeno integrante de uma “nova questão social” (Rosanvallon, 1995; Castel, 1991, 1998), problemática específica do final de século XX, cujo núcleo duro foi identificado na crise do assalariamento como mecanismo de inserção social. Essa crise, por sua vez, era oriunda de mudanças no processo produtivo e na dinâmica de acumulação capitalista gerando a diminuição de empregos, inviabilizando essa via de constituição de solidariedades e de inserção social, constituindo os ’inválidos pela conjuntura’ e provocando fraturas na coesão social. A exclusão foi então percebida como uma marca profunda de disfunção societal que assume uma multiplicidade de formas.
Neoliberalismo e globalização – A fórmula da exclusão social:
Almeida (2001) afirma que o “neoliberalismo é mostrado como expressão ideológica da globalização. São evidenciados os efeitos políticos que a doutrina neoliberal provoca nos indivíduos, quando imposta no contexto da globalização como uma evolução natural da sociedade, com um aprimoramento cultural do próprio homem. Revela-se, ao contrário do que apregoam os princípios neoliberais, que as diferenças sociais na globalização se acentuam quanto maior for o nível alienante de exclusão social que esteja incluído o indivíduo”.
Observações da vídeo-aula: 
· O Estado precisa garantir a lei e a ordem.
· A 1ª e a 2ª G.M. foram por causa de disputa de mercado.
· O liberalismo ainda de não dar certo, ainda gerou duas grandes guerras mundiais. 
· Neoliberalismo: O Estado não deve intervir, só na lei e ordem, ele deve ser mínimo.
· Neoliberalismo defende: O livre mercado é a melhor forma de enriquecimento dos indivíduos; a não intervenção estatal na economia; a adoção de taxas de câmbio totalmente flexíveis no mercado internacional, ou seja, o livre mercado entre as nações.
· Ao contrário do que apregoam os princípios neoliberais, as diferenças sociais na globalização se acentuam quanto maior for o nível alienante de exclusão social.

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